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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO ROMANO

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Manual Elementar de Direito Romano 
 
 
Texto original em francês, de domínio público, do 
Manuel Elementaire de Droit Romain de René Foignet, 
editado em Paris em 1947, traduzido, adaptado e 
atualizado por Hélcio Maciel França Madeira, para uso 
escolar. 
Foignet foi um célebre autor de manuais de 
vulgarização nos diversos ramos do direito, com 
considerável sucesso entre os estudantes franceses do 
meado do século XX, especialmente pela capacidade 
didática de sistematização do conhecimento. Esta 
versão, renovada e adaptada, é destinada especialmente 
aos estudantes brasileiros do século XXI, resguardados 
os direitos de tradução e adaptação. 
Os textos novos da adaptação são apresentados em 
azul. 
 
 
 
Introdução Geral 
 
Tradicionalmente, o Direito Romano é definido como “o conjunto de 
regras jurídicas que estiveram em vigor em Roma e nos territórios 
submissos à dominação romana, desde a fundação de Roma (754 a.C.) até 
a morte do imperador Justiniano (565 d.C.)”. 
 
Sob uma perspectiva histórica ampla, o Direito Romano é um sistema 
de princípios, conceitos e regras jurídicas que tiveram origem na Antiga 
Roma e que se perpetuam até o presente dos povos que os mantém 
vigentes ou por continuidade histórica ou por recepção intelectual, 
formando o contemporâneo Sistema Jurídico Romanista. 
 
Justificativa de seu Estudo 
 
O estudo do Direito Romano é interessante por diversas razões: 
 
I. Do ponto de vista prático. As leis romanas, em vigor sob 
Justiniano, formaram por séculos a legislação de uma grande parte da 
Europa, incluindo a Península Ibérica e a atual região de Portugal, berço do 
direito brasileiro. Elas formaram grande parte do direito escrito, como 
preencheram as lacunas dos períodos mais costumeiros da história lusitana. 
Mesmo com a redação das Ordenações do Reino de Portugal (séculos XV a 
XVII) mantiveram-se presentes como importante fontes do direito e dos 
estudos jurídicos. Depois da redação de nosso primeiro Código Civil, de 
1916, ainda que elas não fossem mais suscetíveis de aplicação direta, 
mantiveram-se como um conjunto de informações científicas organizadas e 
aptas para auxiliar a interpretação das novas normas brasileiras, bem como 
de diversos países modernos (e.g. da Argentina ao México, de Portugal à 
Rússia). 
 
II. Do ponto de vista da técnica jurídica. O estudo do Direito Romano 
é uma excelente escola para a formação do denominado espírito jurídico. Os 
juristas romanos, sobretudo os da época clássica, fizeram da interpretação 
das leis uma arte realmente superior, deixando modelos de discussões 
jurídicas. Ensinam-nos até hoje a distinguir, em cada causa judicial, quais 
são as questões jurídicas nela presentes, quais os princípios que a regem, 
quais os conceitos jurídicos que se aplicam. Notório é o seu auxílio na 
Teoria Geral do Direito e, especialmente, no Direito Civil. Em menor 
dimensão, é relevante para a compreensão do Processo Civil e Penal, da 
Ética Jurídica, do Direito Penal, do Direito Tributário e do Direito 
Internacional. 
 
III. Do ponto de vista histórico e filosófico. De todas as legislações da 
Antigüidade, nenhuma é tão conhecida como a dos romanos. A duração de 
sua história (por mais de doze séculos) permite-nos seguir cada instituição 
jurídica em todos os cursos de sua evolução, desde as origens mais remotas 
até a esmerada forma final. Ao abrigar as grandes mudanças da história 
instituições jurídicas em sua própria história, o Direito Romano apresenta-se 
como disciplina de interesse geral permanente da humanidade. 
 
Como estudar o Direito Romano 
 
Esta própria concepção histórica e filosófica indica-nos o método mais 
conveniente para estudar o direito romano. Não devemos estudá-lo como 
estudamos o direito brasileiro, ou seja, buscando em cada caso a norma 
vigente em seu último estágio, na sua final e acabada versão. Mas devemos 
fazer um estudo histórico, isto é, procurar para cada instituto como ele 
nasceu, como e sob quais influências ele transformou-se nos diferentes 
períodos de sua história; como se extinguiu ou como sobreviveu aos tempos 
de Justiniano. O ensino do Direito Romano é, assim, uma exposição 
histórica do conjunto de instituições jurídicas romanas. 
 
História do Ensinamento do Direito Romano 
 
O método de estudo que seguimos, dito método histórico, não foi o 
adotado ao longo da história. 
 
Os Glosadores – Irnério, professor da Escola de Bologna no século XI, 
foi quem inaugurou o método de interpretação literal dos textos do 
Imperador Justiniano, sem qualquer preocupação prática. Deu origem à 
importante corrente universitária medieval, a Escola dos Glosadores, que 
estudava o Direito Romano por meio da elaboração de notas (glosas) às 
margens dos antigos textos latinos, então renascidos no seio universitário. 
 
Os Comentadores – No final do século XIII, surgiu, com Bártolo, a 
Escola dos Comentadores, que passou a estudar os textos justinianeus e 
extrair deles longas interpretações ou comentários, que apresentavam os 
princípios dos quais se retiravam as conclusões lógicas para serem 
aplicadas à prática do direito. Adotaram no ensino, portanto, o metódo 
exegético. 
 
Cujácio e o método histórico – No Renascimento surgiu, sob a 
influência de Cujácio, um método mais cientifico, o método histórico, 
baseado na história das instituições. Compreende-se que o direito de 
Justiniano não é um conjunto homogêneo e que merece uma crítica 
histórica para que possa ser aproveitado para a prática. A História será, 
desde então, um bom auxílio para a exegese. Esta concepção garantiu a 
continuidade da aplicação prática do Direito Romano no início da Idade 
Moderna em boa parte da Europa, especialmente na França, mas com a 
exclusão de Portugal, que seguiu o método bartolista até o século XVIII. 
Hoje, não mais se constituindo como direito com força obrigatória, seu 
estudo não deve ser motivado pela aplicação imediata de seus resultados. A 
análise e a interpretação dos textos jurídicos latinos restam-nos, sobretudo, 
como um meio de traçar a evolução das instituições jurídicas e de 
reconhecer a existência de um permanente sistema jurídico universal.

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