Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE TEÓFILO OTONI ENGENHARIA CIVIL LUANA MARQUES DE OLIVEIRA RELATÓRIO – VISITA TÉCNICA À PEDREIRA MATTAR Processos para obtenção de agregados TEÓFILO OTONI 2017 LUANA MARQUES DE OLIVEIRA RELATÓRIO – VISITA TÉCNICA À PEDREIRA MATTAR Processos para obtenção de agregados Relatório técnico apresentado à professora Ana Paula Moura, referente à disciplina Materiais de Construção I, do Curso Engenharia Civil, Faculdade Presidente Antônio Carlos. TEÓFILO OTONI 2017 INTRODUÇÃO e objetivos Relatório referente à visita técnica à Pedreira Mattar-Teófilo Otoni, realizada no dia 25 de março de 2017, conduzida pelo Professor José Carlos com auxílio do encarregado geral Márcio da empresa Grupo Pedreira Mattar. O objetivo da presente visita foi apresentar aos alunos todo o processo de produção dos agregados (miúdos e graúdos), desde a lavra e detonação, extração da rocha, processo de britagem e classificação dos agregados até a disposição e distribuição dos produtos finais. Desde a antiguidade as civilizações tem feito uso de rochas para desenvolvimento de seus sistemas e estruturas, um grande exemplo são as pirâmides do Egito que tinham como objetivo abrigar com segurança o corpo mumificado e os pertences dos faraós e sacerdotes daquela época, as mesmas foram construídas simetricamente há mais de dois mil e quinhentos anos e se encontram preservadas até os dias atuais sem grandes perdas. Com passar do tempo aprimoram-se as técnicas de extração de rochas e os processos de tratamento, os quais hoje são largamente utilizados e de extrema importância, principalmente na área da construção civil; encontramos pelo país diversas empresas que trabalham com a extração, tratamento e distribuição dos produtos moldados a partir da rocha bruta, desde pedras in natura (produto da primeira detonação) até pó de pedra (areia artificial ou areia industrializada). Embora seja um processo muito comum nos dias atuais, a exploração de rochas traz consigo muitos impactos ambientais, entre eles: processos erosivos na região de retirada do material, poluição sonora gerada pela detonação de dinamites e pelo maquinário pesado (britadores, esteiras, escavadeiras, perfuratriz e caminhões) no local de extração, dano ao ecossistema, etc. Portanto é necessário um alto controle e sobretudo um estudo do impacto ambiental que será gerado na região da extração, bem como um plano corretivo para os danos causados, conforme regem as leis de mineração. O início da extração depende de um plano de pesquisa muito eficaz (investigação da viabilidade do local, levantamentos e estudos geológicos e de engenharia, estudos ambientais) e com justificativas plausíveis para que os devidos órgãos responsáveis pela exploração mineral no Brasil concedam a permissão para a abertura de uma lavra experimental. Posteriormente à permissão, todo o planejamento de funcionamento, como projetos de engenharia, projetos ambientais e planos de emergência devem estar conforme a especificação pela legislação federal relacionada ao meio ambiente no setor mineral; cumprindo-se todos os requisitos então é habilitada a concessão da lavra e autorizada a implantação e operação do empreendimento. Todo processo para dar-se início à extração encontra-se no Manual de Normas e Procedimentos Para Licenciamento Ambiental no Setor de Extração Mineral, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, com o Programa de Proteção e Melhoria da Qualidade Ambiental e com o IBAMA. Para que a pedreira continue em operação funcional todas as licenças ambientais, autorizações, permissões e concessões exigidas precisam estar em dia e conforme as leis que regem o processo de mineração brasileiro, ficando submetida às fiscalizações pelos respectivos órgãos competentes: O art. 23 da Constituição Federal de 1988 estabelece a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Art. 23 estabelece a estabelece a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). PROCESSOS DE PRODUÇÃO DA PEDREIRA Lavra e Detonação A lavra é o terreno de mineração e é de onde são feitas as detonações e extrações das rochas. Existem lavras a céu aberto e subterrâneas, a jazida da Pedreira Mattar encontra-se a céu aberto e o acesso a ela se dá por meio de estradas abertas que levam aos diversos bancos que dividem a jazida verticalmente. A rocha explorada é a Gnaisse, uma rocha de origem metamórfica, considerada uma das mais antigas do mundo e comumente usada para obtenção de agregados devido à sua grande variação mineralógica. Composta por diversos minerais, mais de 20% de feldspato potássico, plagioclásio, e ainda quartzo e biotita. A primeira etapa da extração é a retirada da terra depositada sobre a rocha, também conhecida como estéril mineração ou decapeamento. A retirada é feita para reduzir os riscos de contaminação do material explorado; geralmente escavadeiras e caminhões limpam e transportam esse solo que não pode fazer parte da mineração. Figura 1. Vista da Lavra Para que a detonação aconteça, é traçado um plano de fogo que se trata das informações e orientações seguras e adequadas para manuseio do explosivo que fará o desmonte de rochas. A Pedreira Mattar faz de uma a duas detonações por mês, essa etapa é terceirizada e um engenheiro de minas é contratado e fica responsável pelo serviço, porém outra opção é a própria empresa ser responsável pelo plano de fogo, desde que cumpram com as normas para armazenamento, manuseio do explosivo e cálculos para o desmonte de rochas. A detonação começa do topo da lavra e a escavadeira joga as pedras brutas para baixo, fazendo com que as pedras maiores reduzam de tamanho antes mesmo de passarem pelos britadores. A próxima etapa é realizada pela perfuratriz que perfura as rochas verticalmente nos lugares estabelecidos pelo plano de fogo, onde posteriormente são colocados os explosivos e é realizada a perfuração. Britagem e Classificação dos Agregados As pedras extraídas na detonação são coletas por caminhões para começar o processo de britagem. A britagem resulta na moagem das pedras que são reduzidas de maneira gradual e bem definidas; na Pedreira Mattar elas passam por quatro britadores que as quebram em rochas menores gradualmente. O primeiro processo acontece no Britador 1, também chamado Britador de mandíbulas, nele são trituradas as pedras vindas direto da detonação (pedras in natura) e o resultado que temos é a pedra amarroada (ou pedra de mão) muito utilizada em calçamentos e gabiões para contenção de encostas; assim segue o processo até que a rocha passe por todos os britadores e atinja a medida de pó de pedra. Cada britador tem suas peneiras reguladas, filtrando as pedras de acordo com seu tamanho com base nas medidas comerciais que a pedreira oferece (pó de pedra, brita 0, brita 1, brita 2, pedra amarroada). Figura 2. Pedra britada passando pelas esteiras. Produtos oferecidos pela Pedreira Mattar A empresa Grupo Pedreira Mattar oferece os seguintes produtos finais para comercialização: PÓ DE PEDRA: “Material proveniente do britamento de pedra, de dimensão nominal máxima inferior a 0,075 mm.” (NBR 7225, 1993, pg. 4). Também conhecido como areiaartificial ou areia industrial é obtida no quarto britador. A empresa fornece areia seca (fabricada diretamente da rocha e hidratada posteriormente sem passar pelo processo de lavagem) e areia lavada (passa pelo processo de lavagem para diminuir o grau de contaminação). BRITA 0 : Obtida no terceiro britador, também conhecida como pedrisco, é a menor das britas e usada geralmente para acabamentos em geral, chapiscos, lajes pré-molduradas, etc., apresenta dimensões de 4,8 mm a 9,5 mm. BRITA 1: Obtida no terceiro britador, é o produto mais utilizado na construção civil, muito apropriada para fabricação de concreto de uso geral e também de grande porte, apresenta dimensões de 9,5 mm a 19,0 mm. BRITA 2: Obtida no segundo britador, muito utilizada na construção de fundações e pisos mais grossos, em concretos que precisem de uma maior resistência. Apresenta dimensões de 19,0 mm a 25,0 mm. PEDRA AMARROADA: Obtida no primeiro britador, usada geralmente para confecção de gabiões de contenção e para calçamentos, apresenta dimensões > 76,0 mm. Figura 3. Disposição dos produtos finais conclusão A visita técnica à Pedreira Mattar possibilitou conhecer todo o processo de produção de agregados, desde a extração da rocha, carregamento, processos de britagem e filtragem aos produtos finais e sua distribuição. A interação entre o conhecimento adquirido na sala de aula e sua aplicação torna-se imprescindível para a formação do estudante e futuro profissional da área da construção civil. A exploração mineral é um fator muito importante para o desenvolvimento do país, porém traz consigo diversos impactos ambientais, por esse motivo as empresas envolvidas nesse ramo são cobradas para que todos os planos ambientais preventivos e corretivos estejam conforme as normas e leis que regem a mineração brasileira. referências BAUER, L.A. Falcão; DIAS, João Fernando. Materiais de Construção. Vol. 1, 5ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgado em 5 de outubro de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em 01 de abr. 2017. BRANDT, Wilfred et al. Manual de normas e procedimentos para licenciamento ambiental no setor de extração mineral. Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA/IBAMA, 2001. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/MANUAL_mineracao.pdf>. Acesso em 01 de abr. 2017. VISA CONSULTORES. Licenciamento de Pedreiras. Moçambique: IMAGINE VIRUTAL, 2012. Disponível em: <http://visaconsultores.pt/servicos.php?cat=4&code=39>. Acesso em 02 de abr. 2017.
Compartilhar