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INSTITUTOS DESPENALIZADORES

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TRANSAÇÃO PENAL
A lei da transação penal é prevista na Lei dos Juizados Especiais (Lei Federal n. 9.099/95). Esta lei tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
O critério de infração de menor potencial ofensivo está previsto no artigo 61 da Lei n. 9.099/95, que tem como critério maior que, somente será considerado infração de menor potencial ofensivo quando a pena máxima não for superior a 2 anos. Ou seja, crimes ou contravenções penais que não tenham pena máxima superior a dois anos.
A transação penal tem como objetivo evitar que seja instaurada uma ação penal contra um suposto autor de um fato delituoso. Desde modo, antes de oferecida uma queixa-crime (pelo particular) ou denúncia (pelo Ministério Público), é garantido ao suposto infrator a oportunidade de lhe ser aplicada de imediato pena não privativa de liberdade (arts. 72 e 76 da Lei n. 9099/95), o que lhe livra de responder uma ação penal e, sem admitir culpa, cumpre penas alternativas, tais como prestação de serviços à comunidade, pagamento de determinado valor para instituição de caridade, entre outros.
Assim, a transação penal tem o objetivo de desburocratizar o processo penal, fazer com que a justiça criminal seja mais rápida, evitando que o suposto infrator enfrente um processo criminal que poderá culminar com uma condenação, com todas as consequências negativas que uma condenação criminal pode trazer a um indivíduo, como gerar mais antecedentes e reincidência, suspensão dos direitos políticos pelo prazo de cumprimento da pena, etc.
É importante salientar que a aceitação da transação penal não é reconhecimento de culpa pelo suposto infrator, até porque, mesmo que em seu íntimo saiba que não é culpado, simplesmente faz esse acordo para não correr o risco de sair condenado ao final ou passar pelas agruras do processo criminal.
Uma vez aceita a transação penal, o beneficiário (suposto infrator) não vai poder desfrutar novamente dos benefícios desse instituto pelo prazo de 5 anos.
Porém, há, todavia, casos em que, mesmo se tratando de delito de menor potencial ofensivo, não caberá transação penal. São eles:
1. Quando o suposto infrator tiver sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva.
2. Quando não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, restando não ser suficiente a adoção da medida.
Além disso, não se aplicam as disposições da Lei n. 9.099/95 no âmbito da Justiça Militar (art. 90 da Lei n. 9.099/95) e aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95.
Apresentado esse contexto, extrai-se que a transação penal é uma medida despenalizadora; busca evitar a aplicação de pena privativa de liberdade; todavia, não é ela pura e simplesmente meio de se evitar que um suposto autor de infração penal se submeta a um processo criminal, pois há critérios para que ele possa ser agraciado com o instituto. 
Ademais, a transação penal gera no suposto infrator a sensação de responsabilidade de não cometer novos delitos, haja vista que, se os cometer, não poderá ser beneficiado novamente em 5 anos.
Dentro do raciocínio apresentado, pode-se perceber que a transação penal é um meio muito importante para evitar que se abarrote ainda mais a justiça de processos que podem ser resolvidos mais rapidamente e, também, para que haja uma reeducação do suposto infrator no sentido de que se corrija para não correr o risco de, cometendo novo fato delituoso, submeter-se a um processo criminal.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
A suspensão condicional do processo tem o objetivo, da mesma forma que a transação penal, de gerar despenalização e dar celeridade ao processo criminal.
Dentro desse contexto, a suspensão condicional do processo é cabível a autores de atos infracionais que cometem crimes que tenham pena mínima não superior a um ano, não importando qual seja a pena máxima, de acordo com o que reza art. 89 da Lei n. 9.099/95.
Assim, após recebida a denúncia pelo magistrado, feita a proposta pelo Ministério Público, está sendo aceita pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este poderá suspender o processo, submetendo o autor do fato a período de prova, sob as seguintes condições (art. 89, parágrafo 1º da Lei n. 9.099/95):
I. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II. Proibição de frequentar determinados lugares;
III. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; e
IV. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades
Além destas condições, o juiz poderá especificar outra a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (art. 89, parágrafo 2º da Lei n. 9.099/95). Neste ponto, se o Ministério Público entender por necessário e conveniente alguma outra condição que não esteja disciplinada acima, pode solicitar ao juiz que a especifique dentro do disciplinado no parágrafo 2º do art. 89.
Na hipótese de, no curso do prazo, o beneficiário vir a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano, a suspensão será revogada (art. 89, parágrafo 3º da Lei n. 9.099/95). Nesta situação, a revogação é obrigatória.
Entretanto, a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal ou descumprir qualquer outra condição imposta (art. 89, parágrafo 4º). Caso isso ocorra, o juiz vai analisar o caso concreto e verificar a necessidade de revogação ou não.
Se o beneficiário cumprir as condições impostas sem revogação dentro do prazo estabelecido, o juiz declarará extinta a punibilidade (art. 89, parágrafo 5º).
 SURSIS
É a suspensão da execução da pena privativa de liberdade imposta sob determinadas condições. Visa reeducar criminosos, impedindo que os condenados a penas reduzidas sejam privados de sua liberdade.
São requisitos para a concessão do sursis:
I. Sentença condenatória a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos;
II. Impossibilidade da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
III. Não reincidência em crime doloso e circunstâncias judiciais favoráveis.
 
| art. 77 a 82 do Código Penal |
| art. 696 a 709 do Código de Processo Penal |
LIVRAMENTO CONDICIONAL
 
O livramento condicional é o benefício legal ao apenado que mais se destaca, proporcionando ao que a ele faz jus, mediante critérios objetivos e subjetivos e cumprimento de determinadas condições, a antecipação de sua reinserção ao convívio social, cumprindo parte da pena em liberdade. O pedido de livramento é dirigido ao juiz da execução, que ouve o Ministério Público e o Conselho Penitenciário, e concede o benefício se atendidos os requisitos do art. 83 do Código Penal.
 
Requisitos e Condições
Requisitos:
I. Têm direito ao benefício o condenado a penas privativas de liberdade iguais ou superiores a dois anos;
II. Tenha cumprido mais de 1/3 da pena;
III. Não ser reincidente em crime doloso;
IV. Ter bons antecedentes
V. OU: que tenha cumprido mais da metade da pena se for reincidente em crime doloso;
VI. OU: que tenha cumprido mais de 2/3 da pena se condenado por crime de tráfico de drogas ou crime hediondo ou equiparado (Lei n. 8.072/90) e que não seja reincidente em crimes dessa natureza;
VII. Que tenha bom comportamento;
VIII. Bom desempenho no trabalho a ele atribuído na prisão;
IX. E que seja apto a se sustentar honestamente fora daprisão e que tenha reparado, sendo possível, o dano causado.
 
De acordo com o parágrafo único do art. 83 do Código Penal, se o condenado cometeu crime doloso com violência ou grave ameaça à pessoa, o livramento ficará condicionado à constatação de que o apenado tenha condições pessoais que façam presumir que não voltará a delinquir.
 
Condições:
I. Que o condenado arrume uma ocupação lícita em tempo razoável;
II. Que comunique periodicamente ao juiz sua ocupação;
III. Que não mude seu domicílio sem autorização do juízo da execução;
IV. Que se recolha em casa nos horários fixados;
V. Que não frequente determinados lugares impróprios
 
O juiz, ainda, a requerimento ou representação do Ministério Público, da Defensoria Pública ou do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições do livramento, observadas as disposições dos arts. 137 e 144 da Lei de Execução Penal.
O procedimento de livramento é realizado em “cerimônia” especial no estabelecimento prisional na presença dos demais presos (com o objetivo de incentivá-los a também assumir uma postura para que façam jus ao benefício), com leitura da sentença, dos requisitos e das condições, e perguntando ao preso se ele aceita. O apenado liberado receberá documento que comprova seu livramento, bem como cópia das condições a serem cumpridas.
De acordo com os arts. 86 e 87 do CP, o livramento condicional será revogado se o liberado cometer crime na vigência do benefício, ou por conta de condenação superveniente por crime anterior, não podendo ser novamente concedido o benefício, de acordo com o art. 88, no caso da primeira hipótese, ou se descumprir as condições do livramento. Tendo cumprido o período de prova sem revogação, será declarada a extinção de sua pena. O agente preso provisoriamente também poderá, de acordo com o caso, ser liberado condicionalmente se presentes os requisitos objetivos.

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