Buscar

Impacto ambiental causado por frigoríficos e abatedouros na produção animal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO - PARANÁ 
 
 
 
 
 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O IMPACTO DA PRODUÇÃO ANIMAL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE 
CAUSADO POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS BOVINOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
 2013 
 
FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO – PARANÁ 
 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O IMPACTO DA PRODUÇÃO ANIMAL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE 
CAUSADO POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS BOVINOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO INTEGRADOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANIELE MAGGIONI CHEFER 
ANA CAROLINA DOS SANTOS OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
 2013 
Resumo: com o constante aumento populacional a demanda por alimentos 
tanto de origem animal quanto de origem vegetal vem aumentando cada dia 
mais. Com isso a produção animal tem se intensificado e se aprimorado dia 
após dias, mas assim como tudo, essa intensificação de produção tem seu lado 
positivo e seu lado negativo. O lado negativo é extremamente relacionado com 
os impactos ambientais, pois assim como tudo, para conseguir um produto final 
a carne deve passar por diversos processos de industrialização, processos 
esses que desde o abate até a comercialização geram resíduos que lançados 
na natureza seu impacto é relativamente grande. 
Palavras-chaves: Impacto ambiental; Abate; Bovinos; Frigorífico; Abatedouro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Introdução ________________________________________________ 6 
2. Carne bovina ______________________________________________ 7 
3. Frigoríficos x Abatedouros __________________________________ 8 
4. Abate ____________________________________________________ 8 
5. Resíduos gerados _________________________________________ 11 
 5.1. Efluentes líquidos _____________________________________ 14 
 5.1.1. Lagoa de estabilização _____________________________ 15 
 5.2. Resíduos gerados por curtumes __________________________ 19 
 5.3. Resíduos sólidos _____________________________________ 20 
6. Conclusão _______________________________________________ 21 
7. Referências ______________________________________________ 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de figuras 
 
Figura 1. Fluxograma básico do abate de bovinos ___________________ 10 
Figura 2. Fluxograma típico de graxaria – produção de sebo e de farinhas de 
carne e/ou de ossos __________________________________________ 11 
Figura 3. Fluxograma de resíduos do processo produtivo da empresa ___ 13 
Figura 4. Consumo de água em abatedouros e frigoríficos –bovinos _____ 14 
Figura 5. Esquema de uma lagoa anaeróbica ______________________ 16 
Figura 6. Lagoa de estabilização ________________________________ 17 
Figura 7. Esquema de uma lagoa facultativa _______________________ 18 
Figura 8. Esquema de uma lagoa de maturação. ____________________ 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
 A carne que passa por um tratamento frigorífico tem agregado a ela um 
valor mercadológico, pois passa a ter maior durabilidade e qualidade deixando 
de ser um produto altamente perecível (OLIVEIRA et al, 2007). 
O aumento das atividades no setor de abate de bovinos tem como um 
dos principais fatores o crescimento populacional e explosão demográfica 
(TAVARES et al, 2012). Entende-se por impacto sócio ambiental a correlação 
funcional que se estabelece entre a dinâmica de crescimento desencadeada 
por um dado empreendimento e a realidade/ambiência onde ele se insere que, 
por sua vez, dispõem de potencialidades, fragilidades e conflitos. Nessas 
condições, pode-se identificar o fenômeno reconhecido como impacto sócio 
ambiental, tal como prevê a legislação ambiental aplicável (Arcadis Tetraplan 
S.A, 2006). 
O aumento populacional reflete de forma direta no aumento do consumo 
de carne e consequentemente na preocupação com meio ambiente, em 
relação ao aumento de geração de resíduos e dejetos que poluem o ar, a água 
e o solo (TAVARES et al, 2012). 
Está ocorrendo uma mudança de perfil deste setor industrial, onde 
alguns frigoríficos passaram de pequenas empresas regionais e de 
administração familiar, a grandes conglomerados capazes de elevar o Brasil ao 
posto de maior exportador de carne bovina do mundo. 
Desta maneira o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA–, na 
Resolução No. 001/86, que regulamenta o licenciamento ambiental, define 
impacto ambiental como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas 
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou 
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: 
a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e 
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a 
qualidade dos recursos ambientais” (Arcadis Tetraplan S.A, 2006). 
Por esta razão devem-se realizar investimentos contínuos em pesquisa 
e desenvolvimento de soluções. Para tanto se busca a melhoria na eficiência 
dos processos produtivos do setor, adotando novas tecnologias e métodos 
ambientalmente mais limpos, utilizando metodologias para o aumento da 
eficiência no uso de água e energia, redução na geração de resíduos sólidos, 
efluentes líquidos, compostos orgânicos voláteis e reuso de recursos, entre 
outros (OLIVEIRA et al, 2007). 
 O objetivo deste trabalho é demonstrar os impactos ambientais 
gerados pela produção de carne bovina no Brasil, ou seja, o impacto ambiental 
causado por frigoríficos e abatedouros. 
 
2. Carne bovina 
 
 Desde os primórdios da civilização, a carne faz parte da alimentação 
humana, o que levou a civilização moderna à produção em larga escala e ao 
abate de animais (PACHECO, 2004). 
 O Brasil detém o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, ficando 
atrás apenas da Índia, muito embora esse país não utilize a pecuária bovina 
com fins comerciais. Com o maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil 
possui um efetivo de animais de 200 milhões (DIAS, et al, 2011),Considerando-
se uma população de cerca de 185,2 milhões de habitantes para este ano, tem-
se mais de um bovino por habitante, no Brasil (PACHECO, 2008), superando, 
neste quesito, os rebanhos chinês e indiano, sendo também o maior exportador 
de carne bovina (Dias, et al, 2011). 
 As maiores regiões produtoras estão no Centro-Oeste (34,24%), 
seguidas pelo Sudeste (21,11%), Sul (15,27%), Nordeste (15,24%) e Norte, 
com 14,15% do rebanho nacional (PACHECO, 2008). 
 O segmento industrial da cadeia produtiva de carne bovina compreende 
dois setores distintos, o produtivo e o de abate. As empresas que normalmente 
atuam no abate de animais são os abatedouros e os abatedouros-frigroríficos 
com processamento e industrialização de carnes (DIAS, et al, 2011). 
 A partir de 2001, o Brasil tornou-se um grande exportador mundial de 
carne bovina, quando também passou a predominar a exportação de carne “in 
natura” sobre a carne industrializada. Vários são os fatores para o aumento das 
exportações, dentre eles a baixa cotação do real, os baixos custos de produção 
(comparados aos do mercado externo) e a ocorrência da BSE (mal da “vaca 
louca”) em outras regiões do mundo (PACHECO, 2008), surgimento de um 
número crescente de abatedouros (DIAS, 2011). 
 Por outro lado, alguns entraves também aconteceram como as barreiraslevantadas pela Rússia às exportações de carne brasileira e os recentes e 
frequentes episódios relativos à febre aftosa (PACHECO, 2008). 
 O abate de bovinos, assim como de outras espécies animais, é realizado 
para a obtenção de carne e de seus derivados, destinados ao consumo 
humano (DIAS, 2011). 
 
3. Frigoríficos x Abatedouros 
 
 A atividade de abate pode ser dividida em unidades de negócio do setor. 
Quanto à abrangência dos processos que a realizam, as indústrias são 
divididas em frigoríficos e abatedouros (FERNANDES, et al, 2008). 
 Entende-se por abatedouro o estabelecimento dotado de instalações 
adequadas para o abate de quaisquer das espécies de açougue, visando ao 
fornecimento de carne ao comércio interno, com ou sem dependências para 
industrialização. Deve dispor, obrigatoriamente, de instalações e 
aparelhamento para o aproveitamento completo e perfeito de todas as 
matérias-primas e preparo de subprodutos não comestíveis (DIAS, et al, 2011). 
 Frigoríficos podem ser divididos em dois tipos: os que abatem os 
animais, separam sua carne, suas vísceras e as industrializam, gerando seus 
derivados e subprodutos, ou seja, fazem todo o processo dos 
abatedouros/matadouros e também industrializam a carne; e aqueles que não 
abatem os animais – compram a carne em carcaças ou cortes, bem como 
vísceras, dos matadouros ou de outros frigoríficos para seu processamento e 
geração de seus derivados e subprodutos – ou seja, somente industrializam a 
carne (PACHECO, 2008); 
 
4. Abate 
 
 Quando se fala de abate de bovinos alguns cuidados devem ser 
tomados, pois existem etapas neste processo que são consideradas críticas 
para a contaminação de carcaças com microorganismos (SARCINELLI, et al, 
2007). O abate de bovinos, assim como de outras espécies animais, é 
realizado para a obtenção de carne e de seus derivados, destinados ao 
consumo humano (PACHECO, 2008). 
 Para realizar um bom abate os animais não devem ser estressados 
desnecessariamente, a sangria realizada deve ser eficiente, evitando as 
contusões da carcaça. O abate deve ser seguro e higiênico para os operadores 
(SARCINELLI, et al, 2007). 
 As instalações completas para o abate envolvem: currais e anexos 
(currais de chegada e seleção curral de observação e departamento de 
necropsia); rampa de acesso à matança (com chuveiro e seringas); área de 
atordoamento (boxe de atordoamento e área de vômito); sala de matança com 
subseções (sangria, esfola, evisceração, toalete, seções de miúdos); sala de 
desossa; expedição e setor de utilidades (instalações frigoríficas, caldeira, 
abastecimento de água, estação de tratamento de efluentes, lavagem de 
caminhões); áreas anexas (processamento de subprodutos: farinha de sangue 
e de osso, sebo, triparia, bucharia, couro, entre outras) (GERBER, et al, 2003). 
 Segundo Pacheco, 2004, as etapas de abate são: 
Recepção nos Currais: após a chegada dos animais no frigorífico, estes são 
divididos em lotes para serem abatidos. 
Lavagem dos Animais: nesta etapa, é realizada uma lavagem dos animais 
por bicos aspersores localizados no curral antes de se passar à fase seguinte. 
Atordoamento: realizado por meio mecânico. Posteriormente, o animal é 
pendurado, pela traseira, em um transportador aéreo e lavado para remoção do 
vômito. 
Sangria: por meio de corte dos grandes vasos do pescoço, é feita a retirada do 
sangue, que é recolhido em uma canaleta própria. 
Remoção do Couro: realizada manualmente ou por máquina, quando também 
são retirados a cabeça e mocotós. 
Evisceração: a carcaça é aberta com serra elétrica manual e as vísceras são 
retiradas. Após lavagem, utilizando água quente, as carcaças são 
encaminhadas às câmaras frigoríficas ou a desossa. 
Desossa: as carcaças são divididas em seções menores e cortes individuais 
para comercialização. 
 
 
Figura 1. Fluxograma básico do abate de bovinos 
Fonte: SARCINELLI, et al, 2007 
 
 
 
 
 
 
 
5. Resíduos gerados 
 
 
 O conceito de resíduo surge através dos tempos, da evolução da 
população, onde apareceram os primeiros desequilíbrios ambientais 
promovidos pelo homem, junto com estes desequilíbrios, caracterizados tanto 
(1) contém proteínas solúveis que podem ser recuperadas; outros efluentes líquidos podem ser gerados, por ocasião de limpezas da 
área e de equipamentos e de lavagens dos caminhões / veículos que trazem as matérias-primas 
COV’s = compostos orgânicos voláteis, responsáveis por odores desagradáveis. 
Figura 2. fluxograma típico de graxaria – produção de sebo e de farinhas de carne 
e/ou de ossos 
Fonte: PACHECO, 2006. 
pelas alterações físicas e pela intensidade das extrações no ambiente natural, 
quanto pelos “restos” deixados, frutos de sua sobrevivência e de seu 
“desenvolvimento” (HENZEL, et al, 2009). 
 Como consequências das operações de abate para obtenção de carne e 
derivados originam-se vários subprodutos e/ou resíduos que devem sofrer 
processamentos específicos: couros, sangue, ossos, gorduras, aparas de 
carne, tripas, animais ou suas partes condenadas pela inspeção sanitária, etc. 
(QUARTAROLI, et al, 2009). Todos podem ser recuperados, mas nem sempre 
sua recuperação é viável (PACHECO, et al, 2004). 
 A ideia usual de resíduo, lixo ou “o que sobra”, decorre da agregação 
aleatória de elementos bem definidos que, quando agrupados, se transformam 
em uma massa sem valor comercial e com um potencial de agressão ambiental 
variável segundo a sua composição. Um agravante a esta situação está na 
participação, cada vez maior, de materiais “artificiais” e tóxicos na massa de 
resíduos, material estes oriundos dos processos de produção da atualidade na 
constante busca pelo aumento de produtividade, sem considerar a influência 
destes no agravamento da crise ambiental do planeta (HENZEL, et al, 2009). 
 Normalmente, a finalidade do processamento e/ou da destinação dos 
resíduos ou dos subprodutos do abate é função de características locais ou 
regionais, como a existência ou a situação de mercado para os vários produtos 
resultantes e de logística adequada entre as operações. Por exemplo, o 
sangue pode ser vendido para processamento, visando a separação e uso, ou 
comercialização de seus componentes (plasma, albumina, fibrina, etc), mas 
também pode ser enviado para graxarias, para produção de farinha de sangue, 
usada normalmente na preparação de rações animais. De qualquer forma, 
processamentos e destinações adequadas devem ser dadas a todos os 
subprodutos e resíduos do abate, em atendimento às leis e normas vigentes, 
sanitárias e ambientais (PACHECO, 2007). 
 Todos os compostos orgânicos podem ser degradados 
anaerobicamente, e mostrando-se mais eficiente e mais econômico para 
dejetos facilmente biodegradáveis. Para tratamento dos efluentes de frigoríficos 
o mais apropriado é o sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas 
facultativas (anaeróbias) (QUARTAROLI, et al, 2009). 
 Segundo HENZEL et al (2009), se tratando de gerenciamento dos 
resíduos frigoríficos a orientação básica é praticar sempre os “Rs”, de forma 
cíclica ou periódica, nesta ordem: 
 Reduzir a geração de resíduos (nos processos produtivos e operações 
auxiliares); 
 Reusar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los, sem quaisquer 
tratamentos); 
 Reciclar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los após quaisquer 
tratamentos necessários). 
 
 
Figura 3. Fluxograma de resíduos do processo produtivo da empresa 
Fonte: HENZEL, et al, 2009 
5.1. Efluentes líquidos 
 A consequência do surgimento de um número crescente de abatedouros 
é o aumento da quantidade e complexidade dos resíduos lançados nos 
mananciais de água doce, desencadeandosérios problemas ecológicos e 
episódios com graves consequências para a saúde do ser humano (DIAS, et al, 
2011). 
 Em abatedouros, assim como em vários tipos de industrias, alto 
consumo de água acarreta grandes volumes de efluentes líquidos. Estes 
efluentes caracterizam-se principalmente por: alta carga orgânica, devido à 
presença de sangue, gordura esterco, conteúdo estomacal não-digerido e 
conteúdo intestinal; alto conteúdo de gordura; altos conteúdos de nitrogênio, 
fósforo e sal (SILVA, 2011). 
 Os frigoríficos, de modo geral, lançam seus efluentes, devidamente 
tratados ou não, em corpos hídricos (PACHECO, et al, 2004). Em frigoríficos, 
assim como em vários tipos de indústria, o alto consumo de água acarreta 
grandes volumes de efluentes - 80 a 95% da água consumida são 
descarregadas como efluente líquido (QUARTAROLI, et al, 2009). 
Tipo de unidade Consumo (l/cabeça) 
Abate 1.000 
Completa (abate, industrialização 
da carne, graxaria) 
3.864 
Abate 500 – 2.500 
Abate + Industrialização da carne 1.000 – 3.000 
Abate 389 – 2.159 
Abate + Graxaria 1.700 
Abate 700 – 1.0001 
 
 
 
 O efluente dos matadouros possui uma elevada vazão e grande carga 
de sólidos em suspensão, nitrogênio orgânico e uma DBO5 de 4.200mg/L, 
dependendo do reaproveitamento ou tratamento do efluente. Devido à sua 
constituição, esses despejos são altamente putrescíveis, começam a se 
decompor em poucas horas, formando gases mal-odorantes que tornam difícil 
Nota: 1 – uma referência de boas práticas (um “benchmarking) 
Figura 4. Consumo de água em abatedouros e frigoríficos –bovinos 
Fonte: QUARTAROLI et al (2009) 
a respiração nos arredores dos estabelecimentos, causando incômodos à 
população local (PACHECO, et al, 2004). 
 Segundo, QUARTAROLI, et al, 2009, efluentes caracterizam-se 
principalmente por: 
 Alta carga orgânica; 
 Alto conteúdo de gordura; 
 Flutuações de pH em função do uso de agentes de limpeza ácidos e 
básicos; 
 Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal; 
 Teores significativos de sais diversos de cura e, eventualmente, de 
compostos aromáticos diversos (no caso de processos de defumação de 
produtos de carne); 
 Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria). 
 Os efluentes da linha verde são compostos pelo conteúdo estomacal e 
pelo resíduo de vísceras brancas, juntamente com a água utilizada para a 
limpeza dos currais e dos caminhões de transporte dos animais. A linha 
vermelha contém o efluente dos resíduos da graxaria e a água de limpeza das 
salas de abate. O efluente líquido restante após a separação de sólidos e 
gorduras, provenientes das linhas verde e vermelha, é reunido e encaminhado 
a lagoas de estabilização, onde após inertizado é lançado no corpo receptor. 
Nestas lagoas de estabilização ocorre a decomposição anaeróbica, sem a 
presença de oxigênio, da matéria orgânica presente no efluente, gerando como 
produto final grande quantidade de metano (CH4), que é liberado na atmosfera 
(SCHENINI, et al, 2012). 
 
5.1.1. Lagoa de estabilização 
 
 A lagoa de estabilização constitui um método difundo no tratamento de 
despejos que apresentam grandes variabilidades de matéria orgânica 
(DORNELLES, 2009). 
 As lagoas de estabilização são classificadas em três categorias de 
acordo coma a atividade metabólica predominante na degradação da matéria 
orgânica, sendo elas: anaeróbica, facultativas e de maturação ou anaeróbias, 
com variantes de acordo com a intensificação do processo (FRINCK, 2011). 
 Dentre suas vantagens, podem-se citar o baixo custo de manutenção, 
operação e a capacidade de trabalhar com sobrecargas hidráulicas e 
orgânicas. A necessidade de grandes áreas para a implantação é o que, torna 
esse sistema uma operação desvantajosa (DORNELLES, 2009). 
 As lagoas anaeróbicas têm como principal função a estabilização parcial 
da matéria orgânica (DBO e DQO) e são projetadas para receber altas cargas 
orgânicas, fazendo com que a taxa de consumo de oxigênio seja muito superior 
à de reprodução, envolvendo, portanto, apenas a participação de bactérias 
facultativas e estritamente anaeróbicas. Suas profundidades variam de 3,5 a 5 
metros e seus tempos de detenção variam de 3 a 5 dias (FRICK, 2011). 
 
 Figura 5. Esquema de uma lagoa anaeróbica 
Fonte: FRINCK, 2011. 
 
 
 
 A digestão anaeróbica é um processo de tratamento biológico a 
efluentes bastante concentrado em matéria orgânica e leva à produção de 
biogás convertido em energia elétrica e térmica, efetuada na ausência de 
oxigênio. Além disso, origina um efluente que deverá ser sujeito a depuração 
mais profunda, devido à presença de matéria sólida e de carga orgânica ainda 
elevada (DORNELLES, 2009). 
 As lagoas facultativas operam com condições aeróbicas próximas a 
superfície e anaeróbicas ao fundo da lagoa, onde a matéria orgânica é 
sedimentada. A oxidação na parte superior se dá através da atividade 
fotossintética das algas e da ação de bactérias e, no fundo, a matéria orgânica 
sedimentada é estabilizada por bactérias anaeróbicas e facultativas, liberando 
gases como o metano. Em relação a eliminação de patogênicos, elas são 
melhores que as anaeróbicas. Seus tempos de detenção variam de 15 a 45 
dias e sua profundidade de 1,5 a 2 metros (FRINCK, 2011). 
Figura 6. Lagoa de estabilização. 
Fonte: PACHECO, 2004 
 
 
 
 Os Processos Anaeróbios são bastante apropriados para depurar 
despejos provenientes de matadouros e frigoríficos, dada a natureza dos 
despejos. Altas Cargas de DBO e de sólidos em suspensão características 
próprias destes despejos, são requisitos básicos para o sucesso do tratamento 
anaeróbio (SCARASSATI, 2003). 
 As lagoas de maturação ou aeróbicas são utilizadas para tratamento e 
desinfecção de descargas orgânicas leves provenientes de outras lagoas e têm 
como principal função a remoção de organismos patogênicos e de nutrientes, 
principalmente, pela volatilização da amônia e a participação de fosfato. São 
mais rasas, com profundidades entre 0,5 a 1,5 metros, permitindo a eficaz ação 
dos raios ultravioletas sobre os microorganismos presentes em toda a coluna 
d’água. O tempo de detenção hidráulico nestas lagoas fica entre 2 e 4 dias 
(FRINCK, 2011). 
Figura 7. Esquema de uma lagoa facultativa. 
Fonte: FRINCK, 2009. 
 
 
 
5.2. Resíduos gerados por curtumes 
 
 A unidade processa hoje, em média 2800 peles por dia. O sistema é 
dividido em duas partes, linha amarela (sem cromo) e linha azul (com cromo) 
(NAGEL, et al, 2005). Após a esfola, o couro – chamado “couro verde” – pode 
seguir diretamente para os curtumes, ser retirado por intermediários ou, 
também, pode ser descarnado e salgado no próprio abatedouro (DORNELLES, 
2009). 
 Os efluentes de ambas as linhas (amarela e azul) ao chegarem à 
estação de tratamento, passam por peneiras rotativas, separadamente. Em 
seguida, o efluente da linha amarela é encaminhado para dois 
flotodecantadores de quatro células, onde ocorre a retirada do sobrenadante 
gorduroso, encaminhado para a indústria de adubo, e o líquido, para um dos 
tanques homogeneizadores (NAGEL, et al, 2005). 
 As águas residuárias de curtumes são altamente poluídas. Além de 
substâncias putrescíveis, contêm ainda sais tóxicos, álcalis e compostos de 
enxofre. Os resíduos sólidos possuem características orgânicas, e a presença 
de cromo e sulfeto são fatos que limitam a sua utilização Outro componente 
Figura 8. Esquema de uma lagoa de maturação. 
Fonte: FRINCK, 2011. 
com alta taxa de poluição é o sulfeto de sódio e cal utilizado para desprender 
pêlos e outras partículas fibrosas da pele (NAGEL, et al, 2005).5.3. Resíduos sólidos 
 
 Desde os primórdios da humanidade, a história dos resíduos sólidos 
aparece como um subproduto das atividades dos homens. Desde então, a sua 
composição física e química tem variado de acordo com a evolução cultural e 
tecnológica da civilização (SILVA, 2001). 
 Muitos resíduos de abatedouros podem causar problemas ambientais 
graves se não forem gerenciados adequadamente. O manejo, o 
armazenamento e a disposição inadequados, tanto dos resíduos principais da 
produção, quanto dos resíduos secundários, por exemplo, em áreas 
descobertas e/ou sobre o solo sem proteção e/ou sem dispositivos de 
contenção de líquidos, podem contaminar o solo e as águas superficiais e 
subterrâneas, tornando-os impróprios para qualquer uso, bem como gerar 
problemas de saúde pública (DIAS, et al, 2011). 
 Muitos resíduos de frigoríficos podem causar problemas ambientais 
graves se não forem gerenciados adequadamente. A maioria é altamente 
putrescível e, por exemplo, pode causar odores se não processada 
rapidamente nas graxarias anexas ou removida adequadamente das fontes 
geradoras no prazo máximo de um dia, para processamento adequado por 
terceiros (PACHECO, 2006). 
 Animais mortos e carcaças condenadas dever ser dispostos ou tratados 
de forma a garantir a destruição de todos os organismos patogênicos. Todos os 
materiais ou partes dos animais que possam conter ou ter contatos com partes 
condenadas pela inspeção sanitárias são condenadas de alto risco e devem 
ser processadas nas graxarias (DORNELLES, 2009). Os resíduos sólidos 
possuem características orgânicas, e a presença de cromo e sulfeto são fatos 
que limitam a sua utilização (NAGEL, et al, 2005). 
 Alguns resíduos sólidos gerados nas operações auxiliares e de 
utilidades, também precisam ser considerados e adequadamente gerenciados 
para minimizar seus possíveis impactos ambientais. Dentre esses restos, 
podem estar: resíduos da estação de tratamento de água como lodos, material 
retido em filtros, eventuais materiais filtrantes e resinas de troca iônica; 
resíduos da estação de tratamento de efluentes líquidos tais como material 
retido por gradeamento e peneiramento, material flotado (gorduras/escumas), 
material sedimentado – lodos diversos (DORNELLES, 2009), grande 
quantidade de resíduos são gerados pelo descarte de embalagens de produtos 
intermediários, materiais não aproveitados e, também, o lixo proveniente de 
setores administrativos. A utilização de tecnologias limpas tende a reduzir a 
geração de materiais não aproveitados, conhecidos como rejeitos, bem como 
das embalagens e outros materiais (RIBEIRO, 2005). 
 
6. Conclusão 
 Com o aumento da população a demanda por alimentos tem se tornado 
cada vez maior, e por este motivo a produção animal tem se intensificado de 
maneira assustadora, mas atingindo seu objetivo relacionado à alimentação 
mundial. 
 Ligado extremamente a isto, os alimento de origem animal devem 
passar por processos de industrialização, processos este que quando 
relacionado a rebanho de confinamento, direcionados a produção de carne, 
tem o inicio em frigoríficos e abatedouros. 
 Os abatedouros produzem carnes, mas não fazem a industrialização da 
mesma, já os frigoríficos fazem a obtenção da carne e sua industrialização, 
porém ambos no final de seus processos geram resíduos que afetam o 
ambiente gerando muitas vezes impactos ambientais quase que irreversíveis. 
Os principais problemas gerados por estes estabelecimentos estão 
relacionados aos efluentes líquidos e os efluentes sólidos, que são jogados 
sem tratamento em mananciais ou em aterros sem preparo para seu 
recebimento. 
 Ainda existem áreas dentro de um frigorifico ou abatedouro que também 
geram alguns resíduos como são os exemplos das graxarias e das unidades de 
curtumes. 
 Desta maneira é necessário que estes estabelecimentos adotem 
maneiras que minimizam os impactos ambientais gerados pelo processamento 
de alimentos de origem animal, como por exemplo, a adoção de lagoas de 
estabilização para o tratamento de efluentes líquidos que são produzidos desde 
o momento que o animal chega e ficam alojados nos currais até o momento em 
que o produto final seja embalado para a sua comercialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Referências 
 
 
SCHENINI, P.C.; ROSA, A.L.M.; RIBEIRO, M.M.A. O Mecanismo de 
Desenvolvimento Limpo como Atrativo ao Investimento Ambiental: Estudo de 
Caso em um Frigorífico de bovinos. III SEGeT – Simpósio de Excelência em 
Gestão e Tecnologia, 2012. 
 
FERNANDES, A. C. Tratamento de efluentes em indústrias frigoríficas por 
processos de anaerobiose, utilizando reatores compartimentados em forma de 
lagoas. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade 
Estadual de Goiás – UEG, Unidade de Morrinhos, como requisito parcial para 
a obtenção do Título de Especialista no Curso de Pós Graduação Gestão 
Ambiental, 2008.

Continue navegando