Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO - PARANÁ MEDICINA VETERINÁRIA LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA O IMPACTO DA PRODUÇÃO ANIMAL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE CAUSADO POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS BOVINOS CAMPO MOURÃO 2013 FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO – PARANÁ MEDICINA VETERINÁRIA LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA O IMPACTO DA PRODUÇÃO ANIMAL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE CAUSADO POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS BOVINOS TRABALHO INTEGRADOR DANIELE MAGGIONI CHEFER ANA CAROLINA DOS SANTOS OLIVEIRA CAMPO MOURÃO 2013 Resumo: com o constante aumento populacional a demanda por alimentos tanto de origem animal quanto de origem vegetal vem aumentando cada dia mais. Com isso a produção animal tem se intensificado e se aprimorado dia após dias, mas assim como tudo, essa intensificação de produção tem seu lado positivo e seu lado negativo. O lado negativo é extremamente relacionado com os impactos ambientais, pois assim como tudo, para conseguir um produto final a carne deve passar por diversos processos de industrialização, processos esses que desde o abate até a comercialização geram resíduos que lançados na natureza seu impacto é relativamente grande. Palavras-chaves: Impacto ambiental; Abate; Bovinos; Frigorífico; Abatedouro. SUMÁRIO 1. Introdução ________________________________________________ 6 2. Carne bovina ______________________________________________ 7 3. Frigoríficos x Abatedouros __________________________________ 8 4. Abate ____________________________________________________ 8 5. Resíduos gerados _________________________________________ 11 5.1. Efluentes líquidos _____________________________________ 14 5.1.1. Lagoa de estabilização _____________________________ 15 5.2. Resíduos gerados por curtumes __________________________ 19 5.3. Resíduos sólidos _____________________________________ 20 6. Conclusão _______________________________________________ 21 7. Referências ______________________________________________ 23 Lista de figuras Figura 1. Fluxograma básico do abate de bovinos ___________________ 10 Figura 2. Fluxograma típico de graxaria – produção de sebo e de farinhas de carne e/ou de ossos __________________________________________ 11 Figura 3. Fluxograma de resíduos do processo produtivo da empresa ___ 13 Figura 4. Consumo de água em abatedouros e frigoríficos –bovinos _____ 14 Figura 5. Esquema de uma lagoa anaeróbica ______________________ 16 Figura 6. Lagoa de estabilização ________________________________ 17 Figura 7. Esquema de uma lagoa facultativa _______________________ 18 Figura 8. Esquema de uma lagoa de maturação. ____________________ 19 1. Introdução A carne que passa por um tratamento frigorífico tem agregado a ela um valor mercadológico, pois passa a ter maior durabilidade e qualidade deixando de ser um produto altamente perecível (OLIVEIRA et al, 2007). O aumento das atividades no setor de abate de bovinos tem como um dos principais fatores o crescimento populacional e explosão demográfica (TAVARES et al, 2012). Entende-se por impacto sócio ambiental a correlação funcional que se estabelece entre a dinâmica de crescimento desencadeada por um dado empreendimento e a realidade/ambiência onde ele se insere que, por sua vez, dispõem de potencialidades, fragilidades e conflitos. Nessas condições, pode-se identificar o fenômeno reconhecido como impacto sócio ambiental, tal como prevê a legislação ambiental aplicável (Arcadis Tetraplan S.A, 2006). O aumento populacional reflete de forma direta no aumento do consumo de carne e consequentemente na preocupação com meio ambiente, em relação ao aumento de geração de resíduos e dejetos que poluem o ar, a água e o solo (TAVARES et al, 2012). Está ocorrendo uma mudança de perfil deste setor industrial, onde alguns frigoríficos passaram de pequenas empresas regionais e de administração familiar, a grandes conglomerados capazes de elevar o Brasil ao posto de maior exportador de carne bovina do mundo. Desta maneira o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA–, na Resolução No. 001/86, que regulamenta o licenciamento ambiental, define impacto ambiental como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais” (Arcadis Tetraplan S.A, 2006). Por esta razão devem-se realizar investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento de soluções. Para tanto se busca a melhoria na eficiência dos processos produtivos do setor, adotando novas tecnologias e métodos ambientalmente mais limpos, utilizando metodologias para o aumento da eficiência no uso de água e energia, redução na geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos, compostos orgânicos voláteis e reuso de recursos, entre outros (OLIVEIRA et al, 2007). O objetivo deste trabalho é demonstrar os impactos ambientais gerados pela produção de carne bovina no Brasil, ou seja, o impacto ambiental causado por frigoríficos e abatedouros. 2. Carne bovina Desde os primórdios da civilização, a carne faz parte da alimentação humana, o que levou a civilização moderna à produção em larga escala e ao abate de animais (PACHECO, 2004). O Brasil detém o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, ficando atrás apenas da Índia, muito embora esse país não utilize a pecuária bovina com fins comerciais. Com o maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil possui um efetivo de animais de 200 milhões (DIAS, et al, 2011),Considerando- se uma população de cerca de 185,2 milhões de habitantes para este ano, tem- se mais de um bovino por habitante, no Brasil (PACHECO, 2008), superando, neste quesito, os rebanhos chinês e indiano, sendo também o maior exportador de carne bovina (Dias, et al, 2011). As maiores regiões produtoras estão no Centro-Oeste (34,24%), seguidas pelo Sudeste (21,11%), Sul (15,27%), Nordeste (15,24%) e Norte, com 14,15% do rebanho nacional (PACHECO, 2008). O segmento industrial da cadeia produtiva de carne bovina compreende dois setores distintos, o produtivo e o de abate. As empresas que normalmente atuam no abate de animais são os abatedouros e os abatedouros-frigroríficos com processamento e industrialização de carnes (DIAS, et al, 2011). A partir de 2001, o Brasil tornou-se um grande exportador mundial de carne bovina, quando também passou a predominar a exportação de carne “in natura” sobre a carne industrializada. Vários são os fatores para o aumento das exportações, dentre eles a baixa cotação do real, os baixos custos de produção (comparados aos do mercado externo) e a ocorrência da BSE (mal da “vaca louca”) em outras regiões do mundo (PACHECO, 2008), surgimento de um número crescente de abatedouros (DIAS, 2011). Por outro lado, alguns entraves também aconteceram como as barreiraslevantadas pela Rússia às exportações de carne brasileira e os recentes e frequentes episódios relativos à febre aftosa (PACHECO, 2008). O abate de bovinos, assim como de outras espécies animais, é realizado para a obtenção de carne e de seus derivados, destinados ao consumo humano (DIAS, 2011). 3. Frigoríficos x Abatedouros A atividade de abate pode ser dividida em unidades de negócio do setor. Quanto à abrangência dos processos que a realizam, as indústrias são divididas em frigoríficos e abatedouros (FERNANDES, et al, 2008). Entende-se por abatedouro o estabelecimento dotado de instalações adequadas para o abate de quaisquer das espécies de açougue, visando ao fornecimento de carne ao comércio interno, com ou sem dependências para industrialização. Deve dispor, obrigatoriamente, de instalações e aparelhamento para o aproveitamento completo e perfeito de todas as matérias-primas e preparo de subprodutos não comestíveis (DIAS, et al, 2011). Frigoríficos podem ser divididos em dois tipos: os que abatem os animais, separam sua carne, suas vísceras e as industrializam, gerando seus derivados e subprodutos, ou seja, fazem todo o processo dos abatedouros/matadouros e também industrializam a carne; e aqueles que não abatem os animais – compram a carne em carcaças ou cortes, bem como vísceras, dos matadouros ou de outros frigoríficos para seu processamento e geração de seus derivados e subprodutos – ou seja, somente industrializam a carne (PACHECO, 2008); 4. Abate Quando se fala de abate de bovinos alguns cuidados devem ser tomados, pois existem etapas neste processo que são consideradas críticas para a contaminação de carcaças com microorganismos (SARCINELLI, et al, 2007). O abate de bovinos, assim como de outras espécies animais, é realizado para a obtenção de carne e de seus derivados, destinados ao consumo humano (PACHECO, 2008). Para realizar um bom abate os animais não devem ser estressados desnecessariamente, a sangria realizada deve ser eficiente, evitando as contusões da carcaça. O abate deve ser seguro e higiênico para os operadores (SARCINELLI, et al, 2007). As instalações completas para o abate envolvem: currais e anexos (currais de chegada e seleção curral de observação e departamento de necropsia); rampa de acesso à matança (com chuveiro e seringas); área de atordoamento (boxe de atordoamento e área de vômito); sala de matança com subseções (sangria, esfola, evisceração, toalete, seções de miúdos); sala de desossa; expedição e setor de utilidades (instalações frigoríficas, caldeira, abastecimento de água, estação de tratamento de efluentes, lavagem de caminhões); áreas anexas (processamento de subprodutos: farinha de sangue e de osso, sebo, triparia, bucharia, couro, entre outras) (GERBER, et al, 2003). Segundo Pacheco, 2004, as etapas de abate são: Recepção nos Currais: após a chegada dos animais no frigorífico, estes são divididos em lotes para serem abatidos. Lavagem dos Animais: nesta etapa, é realizada uma lavagem dos animais por bicos aspersores localizados no curral antes de se passar à fase seguinte. Atordoamento: realizado por meio mecânico. Posteriormente, o animal é pendurado, pela traseira, em um transportador aéreo e lavado para remoção do vômito. Sangria: por meio de corte dos grandes vasos do pescoço, é feita a retirada do sangue, que é recolhido em uma canaleta própria. Remoção do Couro: realizada manualmente ou por máquina, quando também são retirados a cabeça e mocotós. Evisceração: a carcaça é aberta com serra elétrica manual e as vísceras são retiradas. Após lavagem, utilizando água quente, as carcaças são encaminhadas às câmaras frigoríficas ou a desossa. Desossa: as carcaças são divididas em seções menores e cortes individuais para comercialização. Figura 1. Fluxograma básico do abate de bovinos Fonte: SARCINELLI, et al, 2007 5. Resíduos gerados O conceito de resíduo surge através dos tempos, da evolução da população, onde apareceram os primeiros desequilíbrios ambientais promovidos pelo homem, junto com estes desequilíbrios, caracterizados tanto (1) contém proteínas solúveis que podem ser recuperadas; outros efluentes líquidos podem ser gerados, por ocasião de limpezas da área e de equipamentos e de lavagens dos caminhões / veículos que trazem as matérias-primas COV’s = compostos orgânicos voláteis, responsáveis por odores desagradáveis. Figura 2. fluxograma típico de graxaria – produção de sebo e de farinhas de carne e/ou de ossos Fonte: PACHECO, 2006. pelas alterações físicas e pela intensidade das extrações no ambiente natural, quanto pelos “restos” deixados, frutos de sua sobrevivência e de seu “desenvolvimento” (HENZEL, et al, 2009). Como consequências das operações de abate para obtenção de carne e derivados originam-se vários subprodutos e/ou resíduos que devem sofrer processamentos específicos: couros, sangue, ossos, gorduras, aparas de carne, tripas, animais ou suas partes condenadas pela inspeção sanitária, etc. (QUARTAROLI, et al, 2009). Todos podem ser recuperados, mas nem sempre sua recuperação é viável (PACHECO, et al, 2004). A ideia usual de resíduo, lixo ou “o que sobra”, decorre da agregação aleatória de elementos bem definidos que, quando agrupados, se transformam em uma massa sem valor comercial e com um potencial de agressão ambiental variável segundo a sua composição. Um agravante a esta situação está na participação, cada vez maior, de materiais “artificiais” e tóxicos na massa de resíduos, material estes oriundos dos processos de produção da atualidade na constante busca pelo aumento de produtividade, sem considerar a influência destes no agravamento da crise ambiental do planeta (HENZEL, et al, 2009). Normalmente, a finalidade do processamento e/ou da destinação dos resíduos ou dos subprodutos do abate é função de características locais ou regionais, como a existência ou a situação de mercado para os vários produtos resultantes e de logística adequada entre as operações. Por exemplo, o sangue pode ser vendido para processamento, visando a separação e uso, ou comercialização de seus componentes (plasma, albumina, fibrina, etc), mas também pode ser enviado para graxarias, para produção de farinha de sangue, usada normalmente na preparação de rações animais. De qualquer forma, processamentos e destinações adequadas devem ser dadas a todos os subprodutos e resíduos do abate, em atendimento às leis e normas vigentes, sanitárias e ambientais (PACHECO, 2007). Todos os compostos orgânicos podem ser degradados anaerobicamente, e mostrando-se mais eficiente e mais econômico para dejetos facilmente biodegradáveis. Para tratamento dos efluentes de frigoríficos o mais apropriado é o sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (anaeróbias) (QUARTAROLI, et al, 2009). Segundo HENZEL et al (2009), se tratando de gerenciamento dos resíduos frigoríficos a orientação básica é praticar sempre os “Rs”, de forma cíclica ou periódica, nesta ordem: Reduzir a geração de resíduos (nos processos produtivos e operações auxiliares); Reusar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los, sem quaisquer tratamentos); Reciclar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los após quaisquer tratamentos necessários). Figura 3. Fluxograma de resíduos do processo produtivo da empresa Fonte: HENZEL, et al, 2009 5.1. Efluentes líquidos A consequência do surgimento de um número crescente de abatedouros é o aumento da quantidade e complexidade dos resíduos lançados nos mananciais de água doce, desencadeandosérios problemas ecológicos e episódios com graves consequências para a saúde do ser humano (DIAS, et al, 2011). Em abatedouros, assim como em vários tipos de industrias, alto consumo de água acarreta grandes volumes de efluentes líquidos. Estes efluentes caracterizam-se principalmente por: alta carga orgânica, devido à presença de sangue, gordura esterco, conteúdo estomacal não-digerido e conteúdo intestinal; alto conteúdo de gordura; altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal (SILVA, 2011). Os frigoríficos, de modo geral, lançam seus efluentes, devidamente tratados ou não, em corpos hídricos (PACHECO, et al, 2004). Em frigoríficos, assim como em vários tipos de indústria, o alto consumo de água acarreta grandes volumes de efluentes - 80 a 95% da água consumida são descarregadas como efluente líquido (QUARTAROLI, et al, 2009). Tipo de unidade Consumo (l/cabeça) Abate 1.000 Completa (abate, industrialização da carne, graxaria) 3.864 Abate 500 – 2.500 Abate + Industrialização da carne 1.000 – 3.000 Abate 389 – 2.159 Abate + Graxaria 1.700 Abate 700 – 1.0001 O efluente dos matadouros possui uma elevada vazão e grande carga de sólidos em suspensão, nitrogênio orgânico e uma DBO5 de 4.200mg/L, dependendo do reaproveitamento ou tratamento do efluente. Devido à sua constituição, esses despejos são altamente putrescíveis, começam a se decompor em poucas horas, formando gases mal-odorantes que tornam difícil Nota: 1 – uma referência de boas práticas (um “benchmarking) Figura 4. Consumo de água em abatedouros e frigoríficos –bovinos Fonte: QUARTAROLI et al (2009) a respiração nos arredores dos estabelecimentos, causando incômodos à população local (PACHECO, et al, 2004). Segundo, QUARTAROLI, et al, 2009, efluentes caracterizam-se principalmente por: Alta carga orgânica; Alto conteúdo de gordura; Flutuações de pH em função do uso de agentes de limpeza ácidos e básicos; Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal; Teores significativos de sais diversos de cura e, eventualmente, de compostos aromáticos diversos (no caso de processos de defumação de produtos de carne); Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria). Os efluentes da linha verde são compostos pelo conteúdo estomacal e pelo resíduo de vísceras brancas, juntamente com a água utilizada para a limpeza dos currais e dos caminhões de transporte dos animais. A linha vermelha contém o efluente dos resíduos da graxaria e a água de limpeza das salas de abate. O efluente líquido restante após a separação de sólidos e gorduras, provenientes das linhas verde e vermelha, é reunido e encaminhado a lagoas de estabilização, onde após inertizado é lançado no corpo receptor. Nestas lagoas de estabilização ocorre a decomposição anaeróbica, sem a presença de oxigênio, da matéria orgânica presente no efluente, gerando como produto final grande quantidade de metano (CH4), que é liberado na atmosfera (SCHENINI, et al, 2012). 5.1.1. Lagoa de estabilização A lagoa de estabilização constitui um método difundo no tratamento de despejos que apresentam grandes variabilidades de matéria orgânica (DORNELLES, 2009). As lagoas de estabilização são classificadas em três categorias de acordo coma a atividade metabólica predominante na degradação da matéria orgânica, sendo elas: anaeróbica, facultativas e de maturação ou anaeróbias, com variantes de acordo com a intensificação do processo (FRINCK, 2011). Dentre suas vantagens, podem-se citar o baixo custo de manutenção, operação e a capacidade de trabalhar com sobrecargas hidráulicas e orgânicas. A necessidade de grandes áreas para a implantação é o que, torna esse sistema uma operação desvantajosa (DORNELLES, 2009). As lagoas anaeróbicas têm como principal função a estabilização parcial da matéria orgânica (DBO e DQO) e são projetadas para receber altas cargas orgânicas, fazendo com que a taxa de consumo de oxigênio seja muito superior à de reprodução, envolvendo, portanto, apenas a participação de bactérias facultativas e estritamente anaeróbicas. Suas profundidades variam de 3,5 a 5 metros e seus tempos de detenção variam de 3 a 5 dias (FRICK, 2011). Figura 5. Esquema de uma lagoa anaeróbica Fonte: FRINCK, 2011. A digestão anaeróbica é um processo de tratamento biológico a efluentes bastante concentrado em matéria orgânica e leva à produção de biogás convertido em energia elétrica e térmica, efetuada na ausência de oxigênio. Além disso, origina um efluente que deverá ser sujeito a depuração mais profunda, devido à presença de matéria sólida e de carga orgânica ainda elevada (DORNELLES, 2009). As lagoas facultativas operam com condições aeróbicas próximas a superfície e anaeróbicas ao fundo da lagoa, onde a matéria orgânica é sedimentada. A oxidação na parte superior se dá através da atividade fotossintética das algas e da ação de bactérias e, no fundo, a matéria orgânica sedimentada é estabilizada por bactérias anaeróbicas e facultativas, liberando gases como o metano. Em relação a eliminação de patogênicos, elas são melhores que as anaeróbicas. Seus tempos de detenção variam de 15 a 45 dias e sua profundidade de 1,5 a 2 metros (FRINCK, 2011). Figura 6. Lagoa de estabilização. Fonte: PACHECO, 2004 Os Processos Anaeróbios são bastante apropriados para depurar despejos provenientes de matadouros e frigoríficos, dada a natureza dos despejos. Altas Cargas de DBO e de sólidos em suspensão características próprias destes despejos, são requisitos básicos para o sucesso do tratamento anaeróbio (SCARASSATI, 2003). As lagoas de maturação ou aeróbicas são utilizadas para tratamento e desinfecção de descargas orgânicas leves provenientes de outras lagoas e têm como principal função a remoção de organismos patogênicos e de nutrientes, principalmente, pela volatilização da amônia e a participação de fosfato. São mais rasas, com profundidades entre 0,5 a 1,5 metros, permitindo a eficaz ação dos raios ultravioletas sobre os microorganismos presentes em toda a coluna d’água. O tempo de detenção hidráulico nestas lagoas fica entre 2 e 4 dias (FRINCK, 2011). Figura 7. Esquema de uma lagoa facultativa. Fonte: FRINCK, 2009. 5.2. Resíduos gerados por curtumes A unidade processa hoje, em média 2800 peles por dia. O sistema é dividido em duas partes, linha amarela (sem cromo) e linha azul (com cromo) (NAGEL, et al, 2005). Após a esfola, o couro – chamado “couro verde” – pode seguir diretamente para os curtumes, ser retirado por intermediários ou, também, pode ser descarnado e salgado no próprio abatedouro (DORNELLES, 2009). Os efluentes de ambas as linhas (amarela e azul) ao chegarem à estação de tratamento, passam por peneiras rotativas, separadamente. Em seguida, o efluente da linha amarela é encaminhado para dois flotodecantadores de quatro células, onde ocorre a retirada do sobrenadante gorduroso, encaminhado para a indústria de adubo, e o líquido, para um dos tanques homogeneizadores (NAGEL, et al, 2005). As águas residuárias de curtumes são altamente poluídas. Além de substâncias putrescíveis, contêm ainda sais tóxicos, álcalis e compostos de enxofre. Os resíduos sólidos possuem características orgânicas, e a presença de cromo e sulfeto são fatos que limitam a sua utilização Outro componente Figura 8. Esquema de uma lagoa de maturação. Fonte: FRINCK, 2011. com alta taxa de poluição é o sulfeto de sódio e cal utilizado para desprender pêlos e outras partículas fibrosas da pele (NAGEL, et al, 2005).5.3. Resíduos sólidos Desde os primórdios da humanidade, a história dos resíduos sólidos aparece como um subproduto das atividades dos homens. Desde então, a sua composição física e química tem variado de acordo com a evolução cultural e tecnológica da civilização (SILVA, 2001). Muitos resíduos de abatedouros podem causar problemas ambientais graves se não forem gerenciados adequadamente. O manejo, o armazenamento e a disposição inadequados, tanto dos resíduos principais da produção, quanto dos resíduos secundários, por exemplo, em áreas descobertas e/ou sobre o solo sem proteção e/ou sem dispositivos de contenção de líquidos, podem contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas, tornando-os impróprios para qualquer uso, bem como gerar problemas de saúde pública (DIAS, et al, 2011). Muitos resíduos de frigoríficos podem causar problemas ambientais graves se não forem gerenciados adequadamente. A maioria é altamente putrescível e, por exemplo, pode causar odores se não processada rapidamente nas graxarias anexas ou removida adequadamente das fontes geradoras no prazo máximo de um dia, para processamento adequado por terceiros (PACHECO, 2006). Animais mortos e carcaças condenadas dever ser dispostos ou tratados de forma a garantir a destruição de todos os organismos patogênicos. Todos os materiais ou partes dos animais que possam conter ou ter contatos com partes condenadas pela inspeção sanitárias são condenadas de alto risco e devem ser processadas nas graxarias (DORNELLES, 2009). Os resíduos sólidos possuem características orgânicas, e a presença de cromo e sulfeto são fatos que limitam a sua utilização (NAGEL, et al, 2005). Alguns resíduos sólidos gerados nas operações auxiliares e de utilidades, também precisam ser considerados e adequadamente gerenciados para minimizar seus possíveis impactos ambientais. Dentre esses restos, podem estar: resíduos da estação de tratamento de água como lodos, material retido em filtros, eventuais materiais filtrantes e resinas de troca iônica; resíduos da estação de tratamento de efluentes líquidos tais como material retido por gradeamento e peneiramento, material flotado (gorduras/escumas), material sedimentado – lodos diversos (DORNELLES, 2009), grande quantidade de resíduos são gerados pelo descarte de embalagens de produtos intermediários, materiais não aproveitados e, também, o lixo proveniente de setores administrativos. A utilização de tecnologias limpas tende a reduzir a geração de materiais não aproveitados, conhecidos como rejeitos, bem como das embalagens e outros materiais (RIBEIRO, 2005). 6. Conclusão Com o aumento da população a demanda por alimentos tem se tornado cada vez maior, e por este motivo a produção animal tem se intensificado de maneira assustadora, mas atingindo seu objetivo relacionado à alimentação mundial. Ligado extremamente a isto, os alimento de origem animal devem passar por processos de industrialização, processos este que quando relacionado a rebanho de confinamento, direcionados a produção de carne, tem o inicio em frigoríficos e abatedouros. Os abatedouros produzem carnes, mas não fazem a industrialização da mesma, já os frigoríficos fazem a obtenção da carne e sua industrialização, porém ambos no final de seus processos geram resíduos que afetam o ambiente gerando muitas vezes impactos ambientais quase que irreversíveis. Os principais problemas gerados por estes estabelecimentos estão relacionados aos efluentes líquidos e os efluentes sólidos, que são jogados sem tratamento em mananciais ou em aterros sem preparo para seu recebimento. Ainda existem áreas dentro de um frigorifico ou abatedouro que também geram alguns resíduos como são os exemplos das graxarias e das unidades de curtumes. Desta maneira é necessário que estes estabelecimentos adotem maneiras que minimizam os impactos ambientais gerados pelo processamento de alimentos de origem animal, como por exemplo, a adoção de lagoas de estabilização para o tratamento de efluentes líquidos que são produzidos desde o momento que o animal chega e ficam alojados nos currais até o momento em que o produto final seja embalado para a sua comercialização. 7. Referências SCHENINI, P.C.; ROSA, A.L.M.; RIBEIRO, M.M.A. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo como Atrativo ao Investimento Ambiental: Estudo de Caso em um Frigorífico de bovinos. III SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2012. FERNANDES, A. C. Tratamento de efluentes em indústrias frigoríficas por processos de anaerobiose, utilizando reatores compartimentados em forma de lagoas. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual de Goiás – UEG, Unidade de Morrinhos, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista no Curso de Pós Graduação Gestão Ambiental, 2008.
Compartilhar