Buscar

Sistemas de Produção Leiteiros e Dejetos Animais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
38
Módulo 2: 
Sistemas de Produção 
Leiteiros e os 
Dejetos de Animais
No primeiro módulo do curso conhecemos algumas tecnologias de 
tratamento de dejetos de animais e seus benefícios econômicos e 
ambientais. Agora, no Módulo 2, vamos caracterizar os sistemas de 
produção de leiteiros e os dejetos de animais, trazendo uma série de 
informações importantes sobre o uso racional da água, dos volumosos 
e concentrados. 
 
Fonte: CNA Brasil / Foto: Bento Viana.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
39
Acompanhe os assuntos de cada aula: 
Aula 1 | 
Bovinocultura 
leiteira e 
tratamento dos 
dejetos
• Panorama e 
perspectiva 
da cadeia 
produtiva do 
leite no Brasil
• Alternativas 
ambientais para 
o tratamento 
dos dejetos
• Os regimes de 
confinamento e 
a produção de 
dejetos
Aula 2 | 
Caracterização 
dos sistemas 
de produção de 
bovinos leiteiros
• Características dos 
sistemas de gado 
leiteiro confinado
• Sistema de 
produção em free 
stall
• Sistema de 
produção em 
Compost Barn
Aula 3 - 
Caracterização 
dos dejetos de 
bovinos leiteiros
• O que são dejetos
• Classificação dos 
dejetos
• Quantidade 
de dejetos 
produzidos pelos 
bovinos leiteiros
• Parâmetros e 
características 
dos dejetos
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
40
Aula 4 | 
Consumo de água 
pelos bovinos 
leiteiros
• Importância 
da água na 
bovinocultura 
leiteira
• Requerimento 
diário de água 
dos bovinos
• Fatores que 
influenciam o 
consumo de 
água
Aula 5 | Métodos 
de racionalização 
do uso da água
• Distribuição da 
água no planeta
• Métodos de 
racionalização 
do uso da água 
na bovinocultura 
leiteira: prevenção 
dos desperdícios, 
coleta da água da 
chuva e reuso da 
água
• Mensuração do 
consumo de água
Aula 6 | Impacto 
da alimentação 
na produção de 
dejetos
• Impacto 
ambiental da 
fermentação 
ruminal
• Grupos de 
alimentos na 
bovinocultura 
leiteira
• Nutrição de 
bovinos e 
produção de 
metano
Siga em frente para conferir a primeira aula!
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
41
Aula 1: 
Bovinocultura 
leiteira e 
tratamento dos 
dejetos
A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes atividades 
econômicas do País. Veja alguns números para ter uma dimensão 
do negócio: 
 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
42
Crescimento da produção leiteira
A Embrapa Gado de Leite, jun-
tamente com algumas empre-
sas do segmento, destaca que 
o crescimento da produção lei-
teira será sustentado mais pe-
las melhorias na gestão das fa-
zendas e na produtividade dos 
animais, do que pelo número 
de vacas em lactação (BRA-
SIL, 2018; ZOCCAL, 2018). 
Ou seja, há uma tendência de 
ganhos em escalas por meio de 
incorporação de tecnologias e 
melhorias na gestão (BRASIL, 
2018).
Acompanhe na tabela a seguir o panorama e a perspectiva da produção 
de leite no País.
 
Tabela 1 – Produção anual, importação, exportação e consumo de leite 
no período entre 2016 e 2028. Dados expressos em milhões de litros. 
 
Ano Produção Importação Exportação Consumo
Consumo 
per capita 
de lácteos 
(litros/
habitante)
2016 33.656 1.880 236 35.301 171
2017 34.490 1.270 137 34.624 167
2018 35.277 1.271 141 36.317 -
2022 38.526 1.274 157 39.606 -
2028 43.399 1.280 182 44.586 -
Fonte: adaptado de Brasil (2018) e Carvalho, Rocha e Gomes (2018), com dados do IBGE; MDIC/Aliceweb; Em-
brapa Gado de Leite.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
43
Alternativas para o tratamento 
de dejetos
Embora a produção de leite seja uma atividade que proporciona relevante 
desenvolvimento econômico e social, os animais produzem resíduos alta-
mente poluentes. Desse modo, é necessário desenvolver, validar, implan-
tar e monitorar alternativas viáveis de tratamento de dejetos (efluentes). 
Acompanhe duas dessas alternativas:
Atualmente, a digestão anaeróbia dos dejetos 
provenientes da produção agropecuária se des-
taca como uma forma de promover tanto a gera-
ção de energia elétrica, quanto um produto final 
que pode ser utilizado como fertilizante.
A digestão anaeróbia por meio de biodigestores 
é um processo para uma produção mais susten-
tável do ponto de vista da reciclagem de resídu-
os (os quais antes se caracterizavam por ser al-
tamente poluentes), gerando energia alternativa 
e fertilizante orgânico.
Digestão 
anaeróbia
A compostagem aeróbia dos dejetos – seja no 
local onde os animais ficam alojados, como no 
caso do Compost Barn, seja separadamente, 
como na compostagem mecanizada, quando os 
dejetos são coletados e encaminhados para um 
sistema independente – representam outras al-
ternativas tecnicamente viáveis de transformar 
os dejetos brutos em biofertilizantes.
Compvostagem 
aeróbia
Estas duas alternativas agregam sustentabilidade ao 
negócio!
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
44
Regimes de confinamento e produção 
de dejetos
Os animais em sistemas de 
produção de leite podem per-
manecer em regime de confi-
namento, semiconfinamento 
ou livres a pasto.
Contudo, diferentemente do 
que ocorre na bovinocultura 
de corte, mesmo nos casos 
em que estão semiconfina-
dos e livres a pasto, os bovi-
nos leiteiros ficarão confina-
dos por pelo menos algumas 
horas durante o dia no local 
destinado à ordenha.
 
Assim, parte dos dejetos produzidos em unidades leiteiras tendem a ficar 
concentrados no curral ou na sala de ordenha, sendo possível encami-
nhá-los para algum sistema de tratamento. 
Lá na fazenda Rio Novo
Em muitas propriedades, a geração dos resíduos na 
bovinocultura de leite advém principalmente do esterco 
puro e/ou diluído com água, recolhido na sala de orde-
nha, e do esterco acrescentado à cama dos estábulos. 
E lá na fazenda Rio Novo não é diferente.
Isso significa que todas as propriedades que trabalham 
com gado de leite de forma intensiva produzem diaria-
mente um determinado volume de dejetos de animais 
que demandam um tratamento e destino coerente com 
a sua escala.
Ao mesmo tempo em que essa situação exige uma so-
lução, representa também uma oportunidade! Por que, 
então, não unir o útil ao agradável?
Semiconfinamento 
Os bovinos permanecem em piquetes 
durante uma parte do dia.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
45
Na próxima aula, falaremos um pouco mais sobre os sistemas de produ-
ção de bovinos leiteiros no Brasil. Vamos lá?
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
46
Aula 2: 
Caracterização dos 
sistemas de produção 
de bovinos leiteiros
Os sistemas de produção de bovinos leiteiros mais utilizados no Brasil são a 
criação a pasto – com ou sem suplementação – e os sistemas confinados.
Criação a pasto.
Sistemas confinados
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
47
Aqui, neste curso, vamos abordar os sistemas confinados pelo fato de 
deixarem um acúmulo de dejetos em um mesmo local da propriedade e 
estes demandarem tratamentos adequados. Os mais utilizados são o se-
miconfinamento, o free stall e o Compost Barn.
Lá na fazenda Rio Novo
O Compost Barn vem crescendo em importância aqui no 
Brasil, pois muitos produtores que antes trabalhavam a 
pasto agora estão confinando os animais para ganhar 
escala e, além disso, passaram a utilizar a antiga área de 
pastoreio para a produção de grãos e forragem.
E é essa estratégia que pretendo adotar na proprieda-
de Rio Novo!
Sistemas confinados
A principal característica dos sistemas de gado leiteiro confinado é o for-
necimento do alimento exclusivamente no cocho. A base da alimentação 
são os alimentos conservados, como as silagens de milho e sorgo, fenos e 
gramíneas de alta qualidade balanceados com concentrados.
No Cerrado brasileiro, os rebanhos são for-
mados por animais híbridos ou puros das 
raças Girolando, Holandês, Gir leiteiro, Guzerá 
leiteiro, Jersey,entre outras.
Mão na terra
A alta quantidade de dejetos produzidos por unidade de 
área, característica dos sistemas confinados, pode ser 
considerada um problema ou uma oportunidade, já que 
é possível transformar esses efluentes para posterior 
utilização dos coprodutos derivados.
Eu prefiro enxergar essa situação como uma oportuni-
dade! Mas é bom que se saiba: manejar esses dejetos é 
um desafio que envolve conhecimento técnico e inves-
timentos.
Continue comigo nesse curso para adquirir esses co-
nhecimentos!
Híbridos 
Cruzados.
Efluentes
Resíduos 
provenientes 
das atividades 
humanas.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
48
Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você 
pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:
• Gado de leite: O produtor pergunta, a Embrapa res-
ponde. Coleção 500 perguntas - 500 respostas” – 
Fala sobre a caracterização dos sistemas de produção 
de bovinos leiteiros. 
Sistema de produção em free stall
O primeiro sistema de produção que iremos abordar é o free stall. Ele sur-
giu nos Estados Unidos, na década de 1950, e de lá se expandiu com rapi-
dez para os outros países devido à facilidade de produção de um grande 
volume de leite em uma área restrita. Este modelo chegou ao Brasil e se 
tornou comum a partir da década de 1980.
Esse sistema é caracterizado 
por um galpão coberto onde 
os bovinos têm acesso a ali-
mentação em uma área res-
trita para este fim, bem como 
a uma área dedicada a exercí-
cios e descanso das vacas, em 
baias individuais forradas com 
material de cama.
Os animais têm acesso livre às 
baias – daí o nome “free stall” –, 
onde eles descansam, embora não se permita que eles se virem.
Quando deitadas, as vacas 
permanecem com o úbere e as 
pernas dentro da baia, enquan-
to os dejetos são excretados 
em um corredor de limpeza.
O corredor de limpeza é onde 
os dejetos são depositados 
para posterior remoção e tra-
tamento. Recomenda-se que 
tenha declividade entre 1% a 
Material de cama 
Palha, areia, maravalha, 
material emborrachado.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
49
1,5% para facilitar o escoamento. A remoção dos dejetos nesse corredor 
pode ser mecanizada com o uso de trator com lâmina frontal ou por uma 
lâmina que automatiza a limpeza (raspador).
Quando o gado leiteiro é mantido no sistema free 
stall, o esterco pode ser manejado nas formas líquida, 
semissólida e sólida. No entanto, o ideal para evitar a 
emissão de gases na atmosfera é fazer o tratamento 
do dejeto fresco, evitando que se decomponha a céu 
aberto.
Nesta situação ideal, os efluentes brutos são coletados, 
homogeneizados e tratados na forma líquida.
 
Sistema de produção em 
Compost Barn
O segundo sistema de produ-
ção que abordaremos é o Com-
post Barn.
Esse é um sistema utilizado 
para bovinos leiteiros com base 
em uma área de descanso co-
letivo coberta e livre de divisó-
rias para as vacas se movimen-
tarem, com a cama constituída 
de material orgânico.
No Compost de Barn, o piso do 
galpão é coberto com matéria 
orgânica, de modo que os bovinos não tenham contato permanente com 
a superfície de concreto.
Efluentes brutos 
Urina, fezes e água.
Material orgânico 
40 cm de cama.
Material orgânico 
Serragem ou maravalha, por exemplo.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
50
 
Neste sistema, é fornecido mais espaço para as vacas do que no free stall, 
pois não existem divisórias delimitando o espaço para cada animal.
As características deste siste-
ma são a necessidade de ma-
terial para a cama e de revol-
vimento diário do composto, 
para permitir a aeração.
As fezes e a urina dos animais 
são misturadas com o material 
da cama, por isso o nome do 
sistema, pois ocorre um pro-
cesso de compostagem a par-
tir dessa mistura.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
51
Lá na fazenda Rio Novo
Lembra quando lhe falei que estamos planejando im-
plantar o Compost Barn lá na fazenda Rio Novo?
Quando dei essa ideia para o meu avô, o Sr. Antônio, ele 
ficou bastante empolgado. Mas foi só eu virar as costas 
que as dúvidas começaram a surgir... O espaço para o 
galpão nós já temos, então ele resolveu perguntar para 
o Marcos, técnico do SENAR que presta assistência nas 
propriedades daqui da região, como deveria ser a tal 
“cama”...
O Marcos enviou uma explicação bem completa. Confira!
Mas, vô, pode contar comigo também! Afinal, dessa téc-
nica eu entendo!
Dica do Técnico 
Oi, Seu Antônio. Tudo bem com o senhor?
Essa é uma dúvida importante.
A cama pode ser feita de diferentes materiais, como, por exemplo: 
maravalha, serragem, casca de arroz, de café, de amendoim...
O mais importante é que o material usado não deve ter uma de-
composição muito rápida, e nem muito demorada. Se não, o resul-
tado da compostagem não vai ser tão bom.
Depois de um certo tempo de uso, a mistura formada pelo mate-
rial da cama e pelos dejetos dos animais é retirada, gerando um 
biofertilizante.
E olha que interessante: esse biofertilizante pode ser usado na sua 
própria fazenda ou, então, ser comercializado, gerando mais uma 
fonte de renda pra vocês.
Estou torcendo aqui pra implantarem esse sistema! Podem contar 
comigo pro que precisarem! Um grande abraço! 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
52
Fora da área de compostagem, há também:
• a área de alimentação, onde estão os bebedouros e comedouros;
• o curral de espera;
• a sala da ordenha.
Os efluentes brutos destas áreas, 
no entanto, devem ser recolhidos e 
tratados por outro sistema, pois não 
formam o composto.
 
 
De olho nos valores
O seu Antônio também estava preocupado com os custos para 
implantar o Compost Barn.
Calma, vô... Nesse sistema, os custos iniciais com instalações são 
menores quando comparados aos do free stall.
Além disso, o Compost Barn ainda pode minimizar as despesas 
com o manejo de dejetos e reduzir a necessidade de água, quan-
do comparado com outros sistemas intensivos.
Efluentes brutos
Fezes, urina, água residuária.
Os relatos dos produtores que adotaram este sistema 
destacam que o bem-estar das vacas é superior, 
pois elas permanecem em um ambiente confortável 
e apresentam menos problemas de cascos, o que 
resulta em aumento na produção de leite e outros 
índices de desempenho, como a longevidade. 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
53
Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você 
pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:
• “Compost Barn: um novo sistema para a atividade 
leiteira”.
Na próxima aula, vamos caracterizar os dejetos de bovinos leiteiros.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
54
Aula 3: 
Caracterização dos 
dejetos de bovinos 
leiteiros
O termo dejeto é utilizado para des-
crever não apenas o material excre-
tado pelos animais, mas também:
• a cama utilizada que escoa junto 
da urina e das fezes;
• a água de consumo desperdiça-
da dos bebedouros;
• a água da lavagem das instala-
ções;
• o alimento desperdiçado;
• os pelos.
 
Os dejetos podem ser classificados em quatro categorias de acordo com 
sua porcentagem de sólidos, o que determina seu grau de consistência. É 
essa consistência dos dejetos que vai determinar qual será a melhor forma 
de manejo. Veja:
Material excretado pelos animais
Urina e fezes.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
55
Quadro 1 – Classificação dos dejetos conforme sua porcentagem de 
sólidos e características de manejo.
Fonte: elaborado com dados de Lorimor e Powers (2004).
Quantidade de dejetos produzidos
O Marcos, técnico do SENAR, está nos ajudando com o 
tratamento dos dejetos na fazenda Rio Novo. E meu vô 
fez uma pergunta interessante a ele: quanto de dejeto 
o gado produz por dia?
Além de responder com uma mensagem esclarecedo-
ra, o Marcos ainda nos encaminhou uma tabela com-
pleta para facilitar o cálculo.Leia a mensagem e consulte a tabela!
Classificação Sólidos Características
Líquido Até 4% Podem ser manuseados como um líquido, utilizando equipamento de irrigação.
Pastoso 4-10%
Podem requerer bombeamento. Dejetos de 
vacas leiteiras misturados com a água de 
limpeza da sala de ordenha geralmente são 
pastosos.
Semissólido 10-20%
Muito comum em sistemas de produção 
leiteira. São dejetos muito sólidos para 
serem bombeados e muito líquidos para 
serem retirados com uma pá carregadeira. 
Por isso, pode ser necessário adicionar 
água para o manuseio.
Sólido 20% ou mais
Podem ser manuseados com pá 
carregadeira ou garfo.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
56
Dica do Técnico
Olha, Seu Antônio...
A quantidade de dejetos produzida diariamente pelos 
bovinos leiteiros pode variar bastante entre uma pro-
priedade e outra.
Isso ocorre porque a quantidade produzida depende de 
muitos fatores, como o programa alimentar e a compo-
sição da dieta dos animais. Dietas à base de forragem, 
por exemplo, geram maior volume de dejetos do que 
dietas à base de grãos.
Depende, também, da composição genética do reba-
nho, da idade dos animais, da produtividade das va-
cas, do conforto ambiental (que impacta no consumo 
de água), da sazonalidade, do manejo da propriedade...
É por isso que eu digo que o ideal é medir e monitorar 
os dejetos produzidos na própria propriedade.
Mas não vou te deixar na mão, Seu Antônio. Vou te 
contar como esse valor pode ser estimado.
Alguns estudos realizados por pesquisadores da Em-
brapa mostraram que uma vaca leiteira elimina o equi-
valente a 9% do seu peso vivo por dia. Desse volume 
total, 60% são fezes com teor de água de 85%.
É bom considerar, também, que esses valores são mais 
expressivos nos sistemas de produção em confinamen-
to, porque você tem uma grande quantidade de ani-
mais gerando resíduos em um espaço muito limitado.
Tô te encaminhando uma tabela com umas estimativas 
mais detalhadas. Dá uma olhada aí e, se tiver dúvida, 
me dá um toque!
Veja a tabela encaminhada pelo Marcos:
Dica do Técnico 
Olha, Seu Antônio...
A quantidade de dejetos produzida diariamente pelos bovinos 
leiteiros pode variar bastante entre uma propriedade e outra.
Isso ocorre porque a quantidade produzida depende de muitos 
fatores, como o programa alimentar e a composição da dieta dos 
animais. Dietas à base de forragem, por exemplo, geram maior 
volume de dejetos do que dietas à base de grãos.
Depende, também, da composição genética do rebanho, da idade 
dos animais, da produtividade das vacas, do conforto ambiental 
(que impacta no consumo de água), da sazonalidade, do manejo 
da propriedade...
É por isso que eu digo que o ideal é medir e monitorar os dejetos 
produzidos na própria propriedade.
Mas não vou te deixar na mão, Seu Antônio. Vou te contar como 
esse valor pode ser estimado.
Alguns estudos realizados por pesquisadores da Embrapa mos-
traram que uma vaca leiteira elimina o equivalente a 9% do seu 
peso vivo por dia. Desse volume total, 60% são fezes com teor 
de água de 85%.
É bom considerar, também, que esses valores são mais expres-
sivos nos sistemas de produção em confinamento, porque você 
tem uma grande quantidade de animais gerando resíduos em um 
espaço muito limitado.
Tô te encaminhando uma tabela com umas estimativas mais de-
talhadas. Dá uma olhada aí e, se tiver dúvida, me dá um toque!
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
57
Animal
Peso DT Água Densidade ST SV DBO Conteúdo de nutrientes
(kg) (kg) (%) (kg/m3) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg N) Kg (P2O5) (K2O)
Bezerra 68,0 5,4 88 1041 0,64 0,54 0,09 0,03 0,004 0,02
113,4 9,1 88 1041 1,09 0,91 0,14 0,05 0,01 0,04
Novilha 340,2 20,4 88 1041 3,04 2,59 0,31 0,10 0,04 0,10
453,6 27,2 88 1041 4,04 3,45 0,42 0,14 0,05 0,14
Vaca em 
lactação 453,6 50,3 88 993 6,49 5,49 0,76 0,33 0,17 0,18
635,0 70,3 88 993 9,07 7,71 1,06 0,46 0,24 0,26
Vaca seca 453,6 23,1 88 993 2,95 2,49 0,34 0,14 0,05 0,11
635,0 32,2 88 993 4,13 3,49 0,47 0,19 0,07 0,15
771,1 39,5 88 993 4,99 4,22 0,58 0,23 0,08 0,18
Vitela 113,4 3,0 96 993 0,12 0,05 0,02 0,01 0,01 0,02
Tabela 2 – Produção e características dos dejetos de bovinos leiteiros 
(valores em animal/dia). As características reais dos dejetos podem variar 
em torno de 30% dos valores tabelados, devido à genética, à dieta, ao 
desempenho dos animais e ao manejo da propriedade.
DT = dejetos totais; ST = sólidos totais; SV = sólidos voláteis; DBO = demanda bioquímica de oxigênio (oxigênio 
utilizado na oxidação bioquímica da matéria orgânica em cinco dias, a 20 ºC)
Fonte: Adaptado de Lorimor e Powers (2004).
Mão na terra
Vamos a um exemplo prático.
Considere um sistema free stall com 100 vacas em lac-
tação, as quais apresentam peso médio de 450 kg, pro-
duzindo 50 kg/dia de esterco cada uma (dejetos totais).
Se forem adicionados a esse volume a água de consu-
mo que foi desperdiçada, a água de lavagem da orde-
nha, entre outros, estima-se a produção de até 100 kg/
dia de efluentes brutos.
Isso totaliza cerca de 10.000 kg/dia (ou 10 m3/dia) a 
serem coletados, estocados, tratados, transportados 
e utilizados!
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
58
Analisando os parâmetros dos dejetos
Vamos analisar alguns dos parâmetros que aparecem na Tabela 2, refe-
rentes às características dos dejetos de bovinos de leite:
A quantidade de nitrogênio presente nos deje-
tos tem grande importância poluidora, uma vez 
que esse elemento é indispensável para o cresci-
mento de algas, podendo causar eutrofização de 
lagos e represas.
Além disso, o nitrogênio presente nos processos 
de conversão de amônia em nitrato, e de nitra-
to em nitrito, implica no consumo de oxigênio 
dissolvido na água. Por sua vez, o nitrogênio na 
forma de amônia livre é tóxico para os peixes, e 
na forma de nitrato está associado a doenças.
Quantidade de 
nitrogênio
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é o 
parâmetro mais comum para mensurar o poten-
cial de poluição de resíduos orgânicos.
Esse parâmetro envolve a medida de oxigênio 
dissolvido utilizado pelos microrganismos na 
oxidação da matéria orgânica. 
Demanda 
 bioquímica de 
oxigênio
A quantidade de sólidos voláteis nos dejetos é 
um dos parâmetros mais relevantes para estimar 
a produção de biogás.
Os sólidos voláteis representam a fração orgâni-
ca do material que será fermentada no biodiges-
tor para produzir o biogás.
Quantidade de 
sólidos voláteis
Eutrofização 
Adição excessiva de nutrientes no corpo d´água, fazendo com que organismos que 
se alimentam desses nutrientes cresçam rapidamente, como é o caso das algas.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
59
Além desses parâmetros, temos, ainda, a capacidade de produção de 
metano (B0), que compreende a máxima produção de metano possível a 
partir de determinada biomassa.
As médias e os intervalos mínimos e máximos para a capacidade de pro-
dução de metano de diferentes espécies, de acordo com dados da litera-
tura, estão descritos na tabela a seguir.
Tabela 3 – Capacidade de produção de gás metano de acordo com a 
categoria animal.
Categoria
B0 (m3 de metano/kg 
de sólidos voláteis)
Volume mínimo Volume médio Volume máximo
Suínos 0,32 0,38 0,44
Bovinos 
de leite 0,10 0,15 0,21
Bovinos 
de corte 0,12 0,17 0,23
Fonte: adaptado de Mito et al. (2018).
Nosso próximo assunto será o consumo de água pelos bovinos leiteiros.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
60
Aula 4: 
Consumo de água 
pelos bovinos 
leiteiros
O nutriente mais importante para os bovinos leiteiros é a água, pois ela 
está envolvida nos processos de:
• digestão e metabolismo;
• eliminação de elementos 
não aproveitáveis por meio 
da urina, das fezes e da 
respiração;
• controle da temperatura 
corporal.
 
Além disso, a água é o prin-
cipal elemento constituinte 
do leite, perfazendo cerca de 
90% desse produto.
Requerimento diário deágua
O requerimento diário de água dos bovinos varia significativamente 
devido a vários fatores, tais como: tamanho do animal, genética, fase de 
crescimento, ingestão de matéria seca na dieta, produção diária de leite, 
temperatura e umidade relativa do ar e ingestão de sódio.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
61
Além desses fatores, é necessá-
rio considerar que a temperatura 
da água e aspectos de qualidade 
que afetem o sabor e odor tam-
bém influenciam o consumo diário de água pelos bovinos.
Fatores que influenciam o consumo de água
Bovinos leiteiros 
 
Fonte: Adaptado de Palhares (2013).
 Você deve ter percebido que o consumo de água para a dessedentação é 
influenciado por muitos fatores. No entanto, se o produtor não tiver con-
dições de mensurar esse volume na sua própria condição, é recomendado 
utilizar valores de referência de acordo com as categorias de animais que 
compõem o seu rebanho. A tabela abaixo apresenta essas informações.
 
Aspectos de qualidade 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
62
Tabela 4 – Consumo de água de dessedentação* por 
bovinos leiteiros.
Categoria animal Litros de água/dia
Vaca em lactação 64
Vaca e novilha no final da gestação 51
Vaca seca e novilha gestante 45
Bezerro lactente (a pasto) 12
*Considerando intervalos de temperatura entre 21 °C e 32 °C.
Fonte: Adaptado de Palhares (2013).
Mão na terra
São muitos os fatores, mas posso te garantir que o prin-
cipal fator que influencia o livre consumo de água é o 
conteúdo de matéria seca na dieta.
Alimentos com alta umidade, como silagens ou pasta-
gens, têm altos teores de água. Já o feno, por exemplo, 
tem baixos teores.
É impossível estruturarmos um projeto de produção de 
leite sem antes nos certificarmos sobre o fornecimento 
de água em quantidade e qualidade para atender não 
apenas aos animais, mas também aos processos de hi-
gienização das instalações.
Na sequência, veremos alguns métodos de racionalização do uso da 
água nas propriedades leiteiras.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
63
Aula 5: 
Métodos de 
racionalização do 
uso da água
Antes de pensarmos em qualquer sistema de tratamento de dejetos, deve-
mos adotar medidas com a finalidade de reduzir a produção dos efluentes. 
Nesse sentido, é fundamental focar no uso eficiente do alimento e da água.
A água
A água é um recurso natural 
limitado e essencial para qual-
quer atividade agropecuária. 
Portanto, deve receber atenção 
especial dos produtores, técni-
cos e funcionários.
As fontes de água utilizadas em 
propriedades rurais podem ter 
três origens: pluvial, subterrâ-
nea ou superficial. As fontes 
subterrâneas são os lençóis 
freáticos. As fontes superficiais 
são formadas pelos rios, lagos, 
canais etc.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
64
Distribuição da água no planeta
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
65
Lá na fazenda Rio Novo
É por isso que lá na fazenda Rio Novo eu recomendo: 
vamos deixar a água de boa qualidade para atividades 
mais nobres, dessa maneira reduzindo a demanda so-
bre as nascentes de água (subterrânea) e, consequen-
temente, contribuindo para a conservação dos recur-
sos hídricos.
Métodos de racionalização
Os métodos de racionalização do uso da água na bovinocultura leiteira 
devem compor o rol de medidas ligadas à sustentabilidade ambiental.
Cabe destacar aqui três medidas passíveis de serem implantadas na rea-
lidade brasileira, com o objetivo de economizar água e reduzir o volume 
de dejetos produzidos. São elas: a prevenção dos desperdícios, a coleta 
da água da chuva e o reúso da água (reaproveitamento).
Prevenção dos desperdícios
O excesso de diluição do dejeto que posteriormente deverá ser tratado re-
presenta um fator antieconômico. Alguns cuidados são necessários para 
evitar a diluição dos dejetos, como:
• desvio da água da chuva do sistema de tratamento;
• diminuição dos desperdícios nos bebedouros;
• aperfeiçoamento da limpeza das 
instalações, promovendo a ras-
pagem dos dejetos antes da uti-
lização de água.
Os bebedouros devem oferecer água em quantidade e qualidade para 
saciar a sede dos bovinos, mas não devem apresentar vazamentos.
 
Raspagem dos dejetos
Limpeza a seco.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
66
Devem ser dimensionados con-
siderando:
• o período de máximo consu-
mo, que geralmente ocorre 
nos meses mais quentes do 
ano;
• o número de animais por lote; 
• o tipo de dieta fornecida.
Mão na terra
Existem diversos modelos de bebedouros disponíveis, 
com diferentes capacidades de armazenamento.
O mais importante é que consigam suprir a exigência 
diária de água dos animais e sejam mantidos limpos e 
sem vazamentos!
Outras formas de eficazes de economia de água são:
• optar, sempre que possível, pela limpeza a seco por meio da raspagem 
do piso em substituição à lavagem com fluxo contínuo;
• realizar a lavagem das instalações e equipamentos utilizando água 
quente, pois facilita a remoção de gordura;
• efetuar a limpeza das instalações destinadas ao confinamento de bo-
vinos com sistemas de água de alta pressão com baixa vazão (lava-
jatos);
• fazer uso de produtos detergentes.
Coleta da água da chuva
A captação da água da chuva é um processo simples que tem sido ado-
tado cada vez mais frequentemente nas propriedades rurais.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
67
Consiste em conduzir a água captada dos telhados das casas e dos 
galpões, por meio de calhas e encanamentos, até cisternas ou outro tipo 
de reservatório.
O uso que pode ser dado depende da qualidade da água coletada. As-
sim, quanto mais for investido em tecnologia de coleta e armazenamen-
to, maior será a qualidade da água e as possibilidades de uso e destino. 
 
A utilização da água para fins mais nobres, como para a dessedentação 
dos animais e higienização dos equipamentos de ordenha, dependerá da 
não contaminação dessa água com microrganismos patogênicos. In-
dependentemente disso, a propriedade poderá utilizar a água da chuva 
para outros fins, como para a lavagem das instalações.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
68
Mão na terra
O armazenamento da água da chuva pode ser feito de 
várias formas: em cisternas construídas no solo ou por 
meio do uso de materiais como mantas, fibra de vidro, 
alvenaria etc.
Para dimensionar a cisterna, deverá ser considerada a 
precipitação local, a demanda de consumo de água, a du-
ração do período seco e a área de superfície de captação.
Veja algumas vantagens do aproveitamento da água da chuva:
• é gratuito;
• gera economia na utilização da água potável. Por exemplo: a água da 
chuva substitui a água potável na lavagem dos pisos;
• tem baixo custo o sistema de captação (tanto em investimento e quan-
to em manutenção);
• oferece possibilidade de uso para inúmeras atividades na propriedade, 
dependendo da qualidade da água armazenada na cisterna (como, por 
exemplo, na agricultura);
• colabora com a segurança hídrica da propriedade.
Reúso da água
A água residuária é aquela descartada após utilização em diversas ativi-
dades ou processos, seja ela tratada ou não. Os efluentes resultantes do 
biodigestor também são classificados como água residuária.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
69
De forma geral, a vazão de águas residuárias geradas na criação de ani-
mais depende:
• do número de animais con-
finados;
• da quantidade de água des-
perdiçada nos bebedouros;
• da quantidade de água usa-
da na higienização das ins-
talações e no transporte hi-
dráulico dos dejetos;
• da existência ou não de sis-
temas de isolamento para 
evitar a incorporação de 
águas pluviais.
Já a água de reúso é a água residuária que se encontra dentro dos pa-
drões exigidos para sua utilização nos fins pretendidos. As característi-
cas químicas e físicasdas águas residuárias são bastante variáveis, pois 
dependem da digestibilidade e da composição da dieta, além da idade 
dos animais. 
A reutilização de águas residuárias é um método 
de gestão sustentável dos recursos hídricos nas 
propriedades rurais e aparece como um substituto ao 
uso de águas de boa qualidade.
Lá na fazenda Rio Novo
Nas propriedades produtoras de leite aqui no Brasil, uma 
das formas de reúso mais frequentes é o reúso da água, 
após o tratamento do biodigestor, para lavagem dos pi-
sos e tubulações dos dejetos. Ou seja, a reutilização é fei-
ta naqueles processos menos exigentes de qualidade da 
água. E é isso o que pretendo fazer na fazenda Rio Novo.
É muito importante destacar que a água de reúso não 
deve ser utilizada para a limpeza da sala de ordenha ou 
de equipamentos. Já alertei o seu Antônio quanto a isso...
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
70
Um estudo realizado pela Em-
brapa Gado de Leite constatou 
que, com o reúso, é possível 
obter uma economia de água 
na ordem de 82,5% a 86,0%.
O consumo estimado de água 
em sistemas que fazem lim-
peza hidráulica dos pisos do 
curral é de 200 a 250 litros/
unidade por animal/dia. 
Mensuração do consumo de água
A mensuração do consumo de água é um procedimento importante. A 
utilização de hidrômetros é uma forma simples de realizar essas medições.
Se soubermos qual é o consumo regular da propriedade e compararmos 
com a demanda dos animais e a quantidade de água necessária nos de-
mais processos de produção, os registros podem nos indicar se há vaza-
mentos no sistema ou alto consumo por alguma particularidade.
Tudo aquilo que se mede passa a ser gerenciado. O 
impacto ambiental e econômico da mensuração do 
consumo de água e das medidas corretivas deve ser 
uma motivação para os técnicos e pecuaristas. 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
71
Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você pode 
consultar os seguintes materiais na biblioteca do curso:
• Comunicado Técnico nº 78 (“Reaproveitamento de água re-
siduária em sistemas de produção de leite em confinamen-
to”) – Trata sobre métodos de racionalização do uso da água 
na bovinocultura leiteira;
• Cartilha “Gestão da Água na Suinocultura” – Trata sobre 
métodos de racionalização do uso da água na suinocultura. 
Na sequência, conheceremos os impactos da alimentação na produção 
de dejetos de bovinos leiteiros. Siga em frente!
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
72
Aula 6: 
Impacto da 
alimentação na 
produção de dejetos
A principal caraterística da alimentação dos ruminantes é o marcante im-
pacto da fermentação ruminal. Ela é resultado do processo evolutivo de 
milhares de anos que permite a estas 
espécies, dotadas de quatro estômagos, 
o processamento de alimentos fibro-
sos, ricos em celulose, o que contribui 
para a produção de alimentos nobres, 
como o leite e a carne. Nós humanos, 
por exemplo, não temos a mesma capacidade de consumir esses tipos de 
alimentos fibrosos.
Devido a esta fermentação, no entanto, um grande número de bovinos 
confinados em pequenas áreas aumenta os riscos de ocorrência de pro-
blemas ambientais. Portanto, adotar programas adequados de nutrição, 
alimentação e manejo é fundamental para reduzir esses riscos.
Formulação da dieta
O excesso de nutrientes na dieta não é assimilado nem para a manuten-
ção do animal, e nem para a produção de leite. Esse excedente é elimina-
do nas fezes e na urina, o que contribui para a poluição ambiental e au-
mento do custo de produção – por meio dos nutrientes desperdiçados. 
 
Alimentos fibrosos
Pastos, silagem, feno e palhadas.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
73
Portanto, a dieta elaborada 
para cada fase do ciclo de 
produção de leite deve ser 
formulada de acordo com os 
melhores padrões científicos 
e fornecida de maneira ade-
quada, proporcionando me-
nores volumes 
de dejetos.
Nesse sentido, devem ser 
considerados os produtos e 
as tecnologias utilizadas na 
ração que melhoram o de-
sempenho e a eficiência na 
conversão do alimento em leite.
Mão na terra
A melhor conversão alimentar é aquela em que os nu-
trientes fornecidos estão nas quantidades mais próxi-
mas às necessidades dos animais, nem de forma escas-
sa e nem em excesso.
Assim, proporcionalmente, haverá maior produção de 
leite e menor consumo de alimentos, o que significa me-
nor perda de nutrientes para o ambiente na forma de 
fezes, urinas e gases. Além disso, o sistema de aprovei-
tamento dos dejetos não será sobrecarregado.
Grupos de alimentos
Os bovinos confinados são alimentados com dois grupos de alimentos:
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
74
Alimentos volumosos
Os alimentos volumosos são compostos por mais de 
18% de fibra bruta e apresentam baixo valor energéti-
co, ou menos de 60% de nutrientes digestíveis totais.
Exemplos: forrageiras, silagens (milho, sorgo, capim, 
cana-de-açúcar), fenos, restos culturais e resíduos de 
agroindústrias.
 
Alimentos concentrados
Os alimentos concentrados possuem menos de 18% de 
fibra bruta e apresentam alto valor energético, ou mais 
de 60% de nutrientes digestíveis totais.
Exemplos: concentrados energéticos (menos de 20% 
de proteína bruta), que são os grãos e cereais (milho, 
sorgo, trigo, arroz, melaço, polpa cítrica); raízes e tu-
bérculos (mandioca, batata); óleos de origem vegetal; e 
concentrados proteicos (mais de 20% de proteína bru-
ta), que correspondem às oleaginosas (farelo de soja, 
farelo e caroço de algodão, farelo de amendoim).
 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
75
As dietas com mais alimentos concentrados reduzem as emissões de 
metano entérico pelos animais e favorecem o meio ambiente.
Já a produção de forragens conservadas está associada a um impacto 
ambiental variável, em função das etapas executadas durante o processo 
de geração do alimento.
O uso de tratores e implementos mais eficientes é um 
método que contribui para mitigar as emissões de gases 
do efeito estufa (GEEs) na agricultura. Isso porque o 
consumo de combustíveis fósseis, fator responsável pelo 
impacto ambiental, acaba sendo reduzido.
Alimentação dos bovinos e produção 
de metano
Uma nutrição adequada propicia o aumento das taxas de passagem e 
de fermentação e a diminuição do tempo em que o alimento permanece 
no rúmen do animal. Essas condições reduzem a quantidade de hidro-
gênio disponível para a produção do gás metano.
A manipulação da dieta dos ruminantes é uma alternativa para a dimi-
nuição da produção de metano, bem como para a redução das perdas 
energéticas pelo animal. Alguns dos fatores que interferem na liberação 
de metano pelos bovinos incluem:
Sempre que reduzimos as perdas durante os 
processos de conservação, estamos sendo mais 
eficientes. E este é o objetivo a ser perseguido! 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
76
• o nível de ingestão de alimento;
• o tipo de carboidrato ingerido;
• o processamento da forragem;
• a adição de lipídios;
• a manipulação da microflora ruminal, incluindo o uso de ionóforos. 
A redução da produção do metano (CH4) está associada à dimi-
nuição das populações de protozoários no rúmen dos animais, já 
que estes são conhecidos por produzir hidrogênio e ter relação 
simbiótica com as bactérias metanogênicas.
Dessa forma, ao diminuir a população de protozoários no rúmen 
ocorre a consequente diminuição de transferência de hidrogê-
nio entre protozoários e bactérias metanogênicas, o que reduz a 
produção de metano.
No entanto, as mudanças na composição da dieta, que provo-
cam a diminuição da população de protozoários, também podem 
gerar distúrbios prejudiciais ao animal.
Com esse assunto, finalizamos o Módulo 2 do curso. No terceiro e último 
módulo, teremos uma abordagem mais prática, focando no tratamento 
de dejetos de bovinos leiteiros propriamente dito.
A utilizaçãode aditivos alimentares como ionóforos, 
extratos de plantas, ácidos orgânicos, probióticos e 
enzimas reduzem as perdas e o impacto ambiental. 
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
77
Atividade de 
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apre-
sentados até aqui. 
As atividades aqui na apostila servem apenas para você 
ler e respondê-las com mais tranquilidade. 
Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá 
as questões. Você terá duas tentativas e só desbloque-
ará o próximo módulo depois que:
(1) acertar as questões; ou
(2) usar todas as suas tentativas.
 
 
Questão 1
No que diz respeito ao sistema Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) O galpão Compost Barn possui alojamentos individuais para cada 
vaca, onde elas permanecem deitadas sobre uma cama que pode 
ser de palha ou maravalha.
b) A principal característica do sistema Compost Barn é a utilização de 
uma cama de material orgânico que cobre toda a superfície de solo 
do galpão.
c) Nesse sistema, a cama de material orgânico pode ficar em contato 
direto com o solo e ter entre 50 e 70 cm de altura.
d) A área de alimentação onde ficam bebedouros e comedouros loca-
liza-se dentro da área de Compost Barn. Nesse mesmo local é feito 
o aproveitamento de água e de alimento desperdiçados a fim de 
auxiliar o próprio processo de compostagem.
Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais
78
Questão 2
Sobre a caracterização dos dejetos de bovinos leiteiros, assinale a alterna-
tiva correta.
a) Ao saber qual a raça do animal e o tipo de alimentação, é possível 
estimar com precisão a quantidade diária de dejetos produzidos.
b) A importância do nitrogênio (N) como elemento poluidor presente 
nos dejetos de animais é limitada a ocasionar aumento nos gases 
de efeito estufa e prejuízo à camada de ozônio.
c) Dejetos de bovinos leiteiros têm maior capacidade de produção de 
metano do que dejetos de bovinos de corte. Ao mesmo tempo, de-
jetos de bovinos de corte e de leite produzem mais metano do que 
dejetos de suínos.
d) O termo “dejeto” é utilizado para descrever a urina e as fezes dos 
animais, mais a cama utilizada (que escoa junto da urina e fezes), o 
desperdício da água de consumo pelos bebedouros, a água da lava-
gem das instalações, o alimento desperdiçado e os pelos.
Questão 3
Sobre os métodos de racionalização do uso da água na bovinocultura lei-
teira, assinale a alternativa correta.
a) O produtor deve optar pela lavagem em fluxo de água contínuo, que 
é preferencial à limpeza a seco, pois a água de lavagem será apro-
veitada para a diluição dos dejetos que serão tratados.
b) A captação da água da chuva é um processo simples, que tem o ob-
jetivo de direcionar a água dos telhados diretamente para a diluição 
dos dejetos e a limpeza dos pisos das instalações.
c) O número de animais confinados e a quantidade de água desper-
diçada e usada para limpeza e no transporte dos dejetos são fato-
res que influenciam na quantidade de águas residuárias geradas na 
criação.
d) As águas de reúso podem ser utilizadas para a lavagem de pisos, 
nas tubulações de dejetos, na sala de ordenha e lavagem de equi-
pamentos. Propriedades que utilizam água de reúso podem econo-
mizar até 40% de água.
	_Hlk10806751

Continue navegando