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Lesão e morte celular 
 
Nathalia Fuga – Patologia 
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Lesão e morte celular 
 
1 Definição de Patologia 
2 Lesão celular 
A – Reações ao estresse persistente e à lesão celular 
B – Lesão Reversível 
 - edema 
 - esteatose 
C – Lesão Irreversível 
 - necrose 
 - apoptose 
3 Gangrena 
 
1 – Definição 
Patologia é o estudo dos transtornos das moléculas, células, tecidos e funções 
que ocorrem nos organismos vivos em resposta a agentes lesivos ou eventos carenciais. 
Essas respostas muitas vezes comprometem a saúde, levando à doença. 
Dentre os agentes causadores de doença, podemos citar: microorganismos 
patogênicos, formas variadas de energia (radiação, calor), privação de proteínas, 
influência de fatores genéticos. 
Alguns processos de defesa, como a inflamação, representam uma forma de 
defesa do organismo para salvar a vida do indivíduo. Em alguns casos, esses 
mecanismos neutralizam o agente lesivo e não ocorre a doença de forma clinicamente 
detectável. Em outros casos podem ocorrer reações. 
Quando as respostas não são eficientes ocorre o aparecimento de sinais 
(alterações visíveis) e sintomas (anormalidades sistêmicas). Portanto, as reações que 
ocorrem em resposta a um agente lesivo podem variar de despercebidas até graus 
variáveis e podem ser benéficas ou danosas. 
 
2 – Lesão celular 
 
Apesar do ambiente em que vivemos apresentar muitas variações, como 
temperatura, umidade atmosférica, pressão atmosférica, o ambiente onde nossas células 
estão, o interstício, apresenta poucas alterações. Isso ocorre porque somos dotados de 
mecanismos capazes de proteger e regular as atividades vitais. 
 
Em algumas situações, como uma demanda por maior trabalho das fibras 
musculares, pode ocorrer adaptação celular a esse meio hostil. Estas adaptações podem 
ocorrer em situações normais como a gravidez (hiperplasia dos ácinos mamários), 
menopausa (atrofia do endométrio) ou situações anormais, como ocorre na hipertensão 
arterial, por causa do aumento da resistência vascular periférica e que produz hipertrofia 
cardíaca. Caso este estímulo nocivo seja mais intenso ou mais prolongado, a capacidade 
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A resposta celular depende do tipo da agressão, sua duração e sua intensidade. 
 
As consequências da agressão à célula dependem do tipo celular, estado e adaptabilidade da 
célula agredida. 
Em resposta a um estresse persistente a célula morre ou se adapta. 
 
As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais componentes 
celulares, levando a alteração de uma ou mais funções celulares. 
adaptativa da célula é excedida e ocorre lesão celular, que pode ser reversível ou 
irreversível. 
 
 - lesão celular reversível: ocorre quando a célula agredida pelo estímulo 
nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-
se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. 
 - lesão celular irreversível: ocorre quando a célula torna-se incapaz de se 
recuperar depois de cessada a agressão, caminhando para a morte celular. 
 
As principais causas de lesão celular são: 
1) Privação de oxigênio (hipóxia ou anóxia) - asfixia, altitudes extremas 
2) Isquemia - obstrução arterial. 
3) Agentes físicos - trauma mecânico, queimaduras, radiação solar. 
4) Agentes químicos - álcool, medicamentos, poluentes ambientais, venenos. 
5) Agentes infecciosos - vírus, bactérias, fungos. 
6) Reações imunológicas - doenças auto-imunes, reação anafilática. 
7) Defeitos genéticos - anemia falciforme. 
8) Alterações nutricionais - obesidade, má-nutrição. 
 
Os mecanismos de lesão celular podem ser: 
1) Depleção do ATP 
Quando ocorre diminuição do ATP (por anóxia, isquemia, envenenamento), 
ocorre falha nas bombas de sódio e potássio, que são localizadas na 
membrana celular, levando a entrada de Na e água, o que causa edema 
intracelular. Esse é o início da falência celular, pois todos os mecanismos 
dependentes de energia são afetados, podendo ocorrer morte celular. 
2) Lesão mitocondrial 
Lesões celulares frequentemente são acompanhadas por alterações 
morfológicas das mitocôndrias. As mitocôndrias são lesadas por diversos 
mecanismos, e essas lesões podem levar a morte celular por diminuição na 
produção de energia. 
 
 
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3) Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio 
A homeostase do cálcio é indispensável para a manutenção das funções 
celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a célula 
e seu acúmulo no citoplasma. O cálcio promove a ativação de diversas 
enzimas que promovem a inativação do ATP (ATPases), lise das membranas 
celulares (fosfolipases), lise das proteínas estruturais e das membranas 
(proteases) e fragmentação da cromatina (endonucleases). 
4) Acúmulo de radicais livres do oxigênio 
Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de 
pequena quantidade de radicais livres, que tem potencial lesivo para as 
células. Estas possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes 
radicais livres (vitamina C, catalase, superóxido-dismutases, glutation 
peroxidase, ferritina, ceruloplasmina). Porém um desequilíbrio neste sistema 
(aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a lesões 
celulares. 
5) Defeitos na permeabilidade das membranas 
A perda da permeabilidade seletiva das membranas celulares causa uma série 
de transtornos à célula, permitindo a entrada ou escape de substâncias. Esta 
lesão pode ser causada por falta de energia (isquemia) ou por lesão direta por 
toxinas, vírus, substâncias químicas, fragmentos do complemento, etc. Os 
mecanismos bioquímicos envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de 
fosfolipídios das membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, 
subprodutos da fragmentação dos lipídios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Na clínica atrofia é conhecida como diminuição do volume e/ou da função de um órgão. É 
necessário estabelecer a diferença de atrofia de um órgão e atrofia celular. A atrofia de um órgão pode 
ocorrer por atrofia reversível das células que compõe esse órgão ou pela perda irreversível dessas 
células. 
A hipertrofia de um órgão pode ser 
causada por aumento do tamanho das células 
(hipertrofia celular), pelo aumento do número de 
células (hiperplasia) ou por ambos. 
 
A – Reações ao estresse persistente e à lesão celular 
 A resposta celular à uma lesão subletal pode levar a uma adaptação celular ao 
meio adverso em que ela está inserida. A célula pode apresentar diferentes respostas 
adaptativas: 
 
1) Atrofia: é uma resposta adaptativa em que a célula diminui de volume e paralisa 
suas funções diferenciadas, reduzindo sua necessidade de energia ao mínimo. 
As causas de atrofia são: 
- redução da demanda funcional: 
imobilização de um membro, tempo 
prolongado em leito. 
- suprimento inadequado de oxigênio: a 
interferência no suprimento sanguíneo de 
uma determinada área é conhecida como 
isquemia. Quando ocorre uma isquemia 
total, temos morte celular, entretanto 
quando ela é parcial, ocorre a atrofia por 
diminuição de oxigenação e consequentemente de produção de energia. 
- nutrientes insuficientes: a inanição ou a desnutrição levam a atrofia, 
principalmente muscular. 
- interrupção dos sinais tróficos: alguns tecidos respondem a ação de determinados 
hormônios. No caso da retirada da glândula que produz essehormônio, podemos ter 
atrofia. Por exemplo: o câncer prostático é altamente responsivo a testosterona, o 
uso de antagônicos desse hormônio faz com que ele regrida. 
- envelhecimento: com a idade, o tamanho de todos os órgãos parenquimatosos 
tende a diminuir (atrofia senil). 
 
 
2) Hipertrofia: é uma resposta aos sinais tróficos ou a uma demanda funcional e 
gera aumento do volume da célula acompanhado por maior capacidade funcional. A 
hiperplasia pode ocorrer por diferentes causas: 
- Hipertrofia fisiológica (hormonal): por 
exemplo, durante a adolescência uma maior 
produção de hormônios sexuais leva à 
hipertrofia dos órgãos sexuais, o uso de 
esteroides leva à hipertrofia muscular. 
 - Maior demanda funcional: essa demanda pode ser fisiológica ou não. O aumento do 
tamanho e da força muscular após o exercício físico repetitivo é um exemplo 
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Hipertrofia e hiperplasia não são mutuamente excludentes, ao contrário, quase 
sempre ocorrem concomitantemente. 
fisiológico, entretanto o aumento do tamanho do coração devido à hipertensão é 
patológico. 
 
 
3) Hiperplasia: é um aumento 
no número de células de um 
órgão ou tecido, e suas 
causas podem ser: 
 - Estimulação hormonal: pode ser 
fisiológico ou não. No caso de tumores 
produtores de hormônios podemos ter 
respostas hiperplásicas. 
- Maior demanda funcional: um 
exemplo é a residência em grandes 
altitudes. Uma diminuição nos níveis de oxigênio da atmosfera leva à hiperplasia 
compensatória dos precursores de eritrócitos aumentando o número de eritrócitos 
circulantes. 
- lesão celular crônica: a lesão crônica como inflamação crônica, e ou exposição crônica 
a agentes químicos e físicos resulta em resposta hiperplásica. Por exemplo, um calçado 
apertado pode levar à hiperplasia da pele do pé (calos). 
 
 
4) Metaplasia: é a conversão de um tipo de célula diferenciada em outro 
tipo. É bastante comum a substituição de células do esôfago, no caso de refluxo 
crônico, por células de mucosa glandular do tipo gástrico. Essa é uma adaptação 
que visa proteger as células da lesão provocada pelo ácido gástrico. Não é por ser 
adaptativa, que a metaplasia não é lesiva. A metaplasia de células escamosas 
protegem os brônquios da fumaça tóxica do tabaco, mas também compromete a 
produção de muco e de cílios, prejudicando a função. Além disso, a metaplasia 
pode favorecer as neoplasias. A metaplasia é reversível. Quando um fumante 
abandona o tabagismo o epitélio metaplásico retorna ao normal. 
 
5) Displasia: refere-se ao crescimento e maturação desordenados dos 
componentes celulares de um tecido. Pode ocorrer variação no tamanho e na forma 
das células; aumento, irregularidade e hipercromatismo dos núcleos; arranjo 
desordenado nas células do epitélio. A displasia é uma lesão pré-neoplásica no 
sentido de que é uma fase necessária na evolução até o aparecimento das várias 
fases do câncer. Em alguns órgãos, chega-se a estabelecer a displasia como uma 
dessas fases. No entanto, em oposição ao câncer, as células displásicas não são 
completamente autônomas e o aspecto do tecido pode se reverter para o normal. 
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A lesão celular reversível pode levar ao acúmulo de água no interior da célula (edema) ou a o 
acúmulo de gordura no interior da célula (esteatose). 
A lesão celular irreversível leva à morte celular por dois mecanismos: necrose e apoptose 
(morte celular programada). 
 
6) Depósito intracelular ou 
inclusão celular: é o acúmulo de 
substâncias no interior da célula. Essas 
substâncias podem ser normais ou 
anormais, endógenas ou exógenas, 
lesivas ou inócuas. 
- nutrientes: como gordura e 
glicogênio podem ser armazenados 
para uso posterior. 
- substâncias não metabolizadas, 
como partículas exógenas (sílica e 
carbono inalados, pigmentos de 
tatuagem, acúmulo de partículas de 
carvão inalas no pulmão - antracose) e pigmentos endógenos insolúveis (lipofuscina 
e melanina). 
- Sobrecarga de componentes corporais normais, como ferro, cobre, colesterol. 
- Proteínas anormais que podem ser tóxicas quando retidas na célula (por 
exemplo, corpúsculo de Lewy na doença de Parkinson). 
 
B – Lesão celular reversível 
 A lesão reversível ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre 
alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se quando o 
estímulo nocivo é retirado ou cessa. 
 
 Como consequência das lesões celulares reversíveis temos: 
1) Edema celular que ocorre quando a célula é incapaz de manter o seu 
equilíbrio iônico, ocorrendo entrada e acúmulo de sódio e água na célula. Ao 
microscópio ótico nota-se aumento do tamanho da célula, que geralmente 
torna-se arredondada e com citoplasma pálido, às vezes percebendo-se 
pequenos vacúolos. O núcleo mantém-se na sua posição normal. Ocorre 
principalmente nas células tubulares renais e nas células miocárdicas. 
Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados, pálido 
e túrgido. 
 
2) Esteatose ocorre por hipóxia, agressão por toxinas ou alterações 
metabólicas. Neste caso formam-se vacúolos pequenos ou grandes de 
gordura no citoplasma, que podem deslocar o núcleo para a periferia da 
célula. Ocorre principalmente nos hepatócitos e células miocárdicas. 
Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados, mole, 
amarelado. 
 
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B – Lesão celular irreversível 
A lesão celular irreversível ocorre quando a célula torna-se incapaz de se 
recuperar depois de retirado o estímulo agressivo, caminhando para a morte celular. 
 As lesões celulares irreversíveis levam a célula a dois possíveis mecanismos: necrose 
ou apoptose. 
 
1) Necrose são as alterações que ocorrem após a morte celular em um 
organismo vivo. É sempre patológica e habitualmente provoca inflamação no local 
afetado. Estas alterações podem ser inicialmente vistas ao microscópio eletrônico, 
posteriormente ao microscópio ótico e finalmente a olho nu. 
As membranas das células necróticas perdem a sua integridade, ocorrendo 
extravasamento de substâncias contidas nas células. Isto tem importância clínica, pois 
algumas delas são especialmente abundantes em determinados tipos celulares. Estas 
substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas 
como evidência de morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por 
exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB) acham-se presentes ou 
elevadas no sangue periférico, onde podem ser dosadas, constituindo assim importante 
método diagnóstico. 
A necrose causa inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos 
mortos e posterior reparo. Durante este processo inflamatório acumulam-se leucócitos 
na periferia do tecido lesado, que liberam enzimas úteis na digestão das células 
necróticas. O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das células necróticas 
por suas próprias enzimas (autólise) ou de enzimas derivadas dos leucócitos (heterólise). 
As alterações citoplasmáticas consistem em aumento da acidofilia, 
citoplasmólise, retração e vacuolização. As alterações nucleares consistem em 
cariopicnose (retração do núcleo e aumento da basofilia nucleares), fragmentação do 
núcleo e cariólise (lise da cromatina). A célula perde o contorno, a coloração diferencial 
e ocorre descamação patológica. 
 
- Classificação das necroses quanto ao aspecto: 
De acordo com a causa da necrose e com o tecido lesado o seu aspecto podevariar. 
 a) Necrose por coagulação (= isquêmica): causada por isquemia do local 
(venenos de ação local, queimadura). É frequentemente observada nos infartos 
isquêmicos, como infarto do miocárdio. Há perda da nitidez dos elementos nucleares e 
manutenção do contorno celular devido à permanência de proteínas coaguladas no 
citoplasma, sem haver rompimento da membrana celular. Ocorre desnaturação das 
proteínas e das enzimas, não ocorrendo autólise. Apresenta coloração branca ou cinza e 
aspecto firme. 
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b) Necrose por liquefação: o tecido necrótico fica limitado a uma região, geralmente 
cavitária, havendo a presença de grande quantidade de neutrófilos e outras células 
inflamatórias (os quais originam o pus). É comum em infecções bacterianas. Pode ser 
observada nos abscessos e no sistema nervoso central, bem como em algumas 
neoplasias malignas. 
c) Necrose caseosa: tecido esbranquiçado, granuloso, amolecido, com aspecto de 
"queijo friável". Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta 
predominantemente por proteínas e lipídios. É comum de ser observada na tuberculose, 
em neoplasias malignas e em alguns tipos de infarto. Na sífilis, por ter consistência 
borrachóide, é denominada de necrose gomosa. 
d) Necrose fibrinóide: o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, acidofílico, 
semelhante à fibrina. Pode aparecer na ateroesclerose, na úlcera péptica etc. 
e) Necrose gangrenosa: provocada por isquemia ou por ação de microrganismo. Pode 
ser úmida ou seca, dependendo da quantidade de água presente. A úmida 
frequentemente envolve a participação de bactérias anaeróbias, as quais promovem uma 
acentuada destruição protéica e putrefação. Comum em membros inferiores e em órgãos 
internos que entraram em contato com o exterior, como pulmões e intestino. 
f) Necrose enzimática: ocorre quando há liberação de enzimas nos tecidos; a forma 
mais observada é a do tipo gordurosa, principalmente no pâncreas, quando pode ocorrer 
liberação de lipases, as quais desintegram a gordura neutra dos adipócitos desse órgão. 
g) Necrose hemorrágica: quando há presença de hemorragia no tecido necrosado; essa 
hemorragia às vezes pode complicar a eliminação do tecido necrótico pelo organismo. 
O tecido necrótico pode evoluir para calcificação distrófica, cicatrização ou mesmo 
regeneração. 
2) Apoptose é também chamada de morte celular programada em virtude do seu 
mecanismo envolver a degradação do DNA e das proteínas celulares segundo um 
programa celular específico. Nesta forma de morte celular não há vazamento de 
proteínas através da membrana celular, ocorrendo fagocitose da célula apoptótica sem 
inflamação local. A apoptose pode ser fisiológica ou patológica. 
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A lesão celular é resultado de qualquer alteração bioquímica ou estrutural que comprometa a 
capacidade funcional normal de uma célula. Ela tem graus variáveis, e pode ser reversível ou 
irreversível. Agressões mais intensas ou prolongadas podem levar a alterações celulares 
reversíveis como a esteatose. Estas alterações são chamadas reversíveis, pois caso o estímulo 
agressor seja retirado ou cesse, as células retornam ao seu estado normal, funcionalmente e 
morfologicamente. 
Caso o estímulo agressor seja mais prolongado ou mais intenso, ocorre lesão celular 
irreversível, culminando com a morte da célula. 
Exemplos de apoptose fisiológica são a destruição programada de células 
durante a embriogênese e a involução mamária após a lactação. A apoptose patológica 
ocorre em condições tais como hepatite por vírus (hepatócitos apoptóticos), atrofia 
acinar após a obstrução de ductos glandulares e destruição de células lesadas por 
radiação. 
Morfologicamente as células apoptóticas diminuem de tamanho, exibem 
cromatina condensada formando agregados próximo à membrana nuclear. A seguir há 
formação de corpos apoptóticos (fragmentos celulares), percebendo-se finalmente a 
fagocitose das células ou de seus fragmentos por macrófagos. 
Mudanças na membrana plasmática das células apoptóticas que passam a 
expressar determinadas substâncias químicas (fosfatidilserina), as tornam precocemente 
alvo de fagocitose pelos macrófagos, sem a liberação de substâncias que produziriam 
inflamação local e, portanto maior lesão tecidual. 
 
 
 
 
3 – Gangrena 
Forma de evolução de necrose resultante da ação de agentes externos sobre o 
tecido necrosado. As formas de gangrena variam suas características conforme a 
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velocidade de instalação do processo, as causas e o aspecto morfológico final do quadro 
(grau de hidratação dos tecidos necróticos). 
a) Gangrena seca – resulta da desidratação da região atingida quando em 
contato com o ar, 
também chamada 
de mumificação 
(aspecto de 
pergaminho). Tem 
cor escura, azulada 
ou negra, pode 
aparecer nas pontas 
dos dedos, ponta do 
nariz e artelhos em 
decorrência de lesões vasculares (diabetes). 
 
b) Gangrena úmida- decorre da invasão de microorganismos anaeróbicos 
produtores de enzimas que liquefazem o tecido e liberam gases, favorecendo 
assim a formação de bolhas no tecido. Ocorre em necrose de tubo digestivo, 
pulmão e pele (regiões úmidas). A absorção dos produtos da gangrena pode 
levar a choque séptico. 
 
 
c) Gangrena gasosa - secundária a contaminação do Clostridium que produz 
enzimas proteolíticas e lipolíticas e gases em grande quantidade, 
favorecendo a formação de bolhas gasosas. Foi muito comum na segunda 
guerra.

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