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AULA 2 alunos - Dir. Agrario

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DIREITO AGRÁRIO
4º PERÍODO 
DIREITO – IESA/CNEC
PROFESSOR: RÔMULO DA SILVA MENEZES
REFORMA AGRÁRIA
	A história da propriedade rural no Brasil pode ter como marco o Tratado de Tordesilha, de 07/06/1494, firmado entre D. João e D. Fernando e Isabel, homologado por bula papal, pacificando as rivalidades entre os reinos de Portugal e Espanha.
	Com a descoberta do Brasil, Portugal sentiu necessidade de colonizar as novas terras, com o claro intuito de fortalecer a segurança do reino, incentivar o seu povoamento e aumentar a sua riqueza. Assim foi enviado ao nosso País Martin Afonso de Souza, na condição de Governador-Geral, com poderes para doar a posse de terras aos que nelas produzissem, sob pena de retomada; surgindo dessa forma o donatarialismo.
	Como a mencionada forma de exploração não surtiu efeitos foi implantada as capitanias hereditárias, dizendo que estas tentativas pela Coroa Portuguesa serem as primeiras formas de reforma agrária.
	Terras Devolutas e Ação Discriminatória:
	Terras devolutas: 
Conceito art. 3º da Lei nº 601/1850.
	Processo Discriminatório:
	- conceito da Lei nº 601/1850: estremar o domínio público do particular;
	
	Como já se viu, terras devolutas são terras públicas, em decorrência da própria origem da propriedade no País. Mas, como se adota o princípio de consolidação do direito de propriedade somente através do registro público, evidentemente que surgiu a necessidade de se discriminar tais áreas, tornando-as passíveis de inserção no registro de imóveis. Surgindo a Lei nº 6.383/76 que estabeleceu regras para discriminar as terras devolutas da União.
	Segundo a respectiva lei o processo discriminatório pode ter origem administrativa ou ser instaurado judicialmente. Em qualquer das formas por ser o INCRA o representante da União (art. 11 do Estatuto da Terra) este é o titular da proposição.
PROCESSO ADMINISTRATIVO: a Presidência do INCRA cria uma Comissão Especial de 3 membros com a finalidade específica de discriminar terras devolutas da União. Formada esta, inicia-se o processo administrativo propriamente dito, com a apresentação de memorial descritivo da área apontada como devoluta, intimando-se os interessados por edital para que em 60 dias se manifestem a respeito, abrindo-se-lhes prazo de defesa e produção de prova. Ausentes de dúvidas, que as terras são efetivamente devolutas, o Presidente da Comissão Especial determinará seu registro no Registro de Imóveis competente.
PROCESSO JUDICIAL: de discriminação de terras devolutas tem o rito sumário do Código de Processo Civil e será proposto na Justiça Federal, diante do interesse da União. A petição inicial será instruída com memorial descritivo do imóvel; os interessados serão citados e poderão responder e produzir provas. A apelação da sentença que discrimina a terra devoluta tem apenas efeito devolutivo, o que faculta sua imediata execução, que corresponde à demarcação da área. O Ministério Público da União é presença obrigatória no processo.
Conceito de Reforma Agrária:
	O Estatuto da Terra em seu art. 1º, § 1º, conceitua o que se deve entender por reforma agrária, quando menciona
	Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade	
	Do conceito estabelecido pelo legislador, logo se extrai a conclusão de que reforma agrária é, acima de tudo, distribuição de terras, mas não apenas isso. As terras serão distribuídas, porém com duas finalidades básicas: a busca de justiça social e o aumento de produtividade.
Terras passíveis de Reforma Agrária:
	A desapropriação de terras pela União, para fins de reforma agrária, tornou-se possível no direito positivo brasileiro através do art. 147, § 1º, CF/1946, pela redação que lhe deu a EC 10/64, que foi o marco de surgimento do direito agrário no País. E a implementação ordinária desse dispositivo veio com o Estatuto da Terra.
	Uma vez que as terras passíveis de reforma agrária, na visão estatutária, eram as seguintes:
	Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público, nas áreas prioritárias, recairão sobre:
        I - os minifúndios e latifúndios;
        II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto;
        III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a pôr em prática normas de conservação dos recursos naturais;
        IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem logrado atingir seus objetivos;
        V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros;
        VI - as terras cujo uso atual, estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico.
	A especificação de terras passíveis de reforma agrária, estabelecida pelo Estatuto da Terra, tinha um leque muito grande de possibilidades. No entanto, a maior ênfase foi dada às áreas de minifúndios e de latifúndios. Estas, correspondendo àquelas terras de tamanhos inferiores a um módulo rural, que podem se enquadrar entre 2 e 120 hectares, dependendo de sua localização geográfica e tipo de exploração nela verificada. Já os latifúndios seriam aquelas superiores a 600 módulos rurais.
	Mas devido o insucesso da reforma agrária após a edição do Estatuto da Terra, em 1987 foi promulgado o Decreto-Lei nº 2362, restringindo às propriedades acima de 1.500 hectares, na zona da SUDAM – Superintendência para Desenvolvimento da Amazônia - , de 1.000 hectares, para aquelas da região da SUDECO - Superintendência para Desenvolvimento do Centro-Oeste -, de 500 hectares, para a região da SUDENE - Superintendência para Desenvolvimento do Nordeste – e de 250 hectares para o restante do País, acentuando ainda, como segundo pressuposto, a condição de improdutivas.
	A Constituição Federal de 1988 modificou os critérios de desapropriação, tendo como regra geral que toda a área que não cumpra a sua função social será desapropriada, conforme o art. 184. Entretanto, veio o art. 185, que tornou insuscetíveis de desapropriação a pequena e a média propriedade, desde que o proprietário não possua outra, e a propriedade produtiva. Logo, restam áreas passives de reforma agrária apenas as grandes propriedades improdutivas.
	A Lei nº 8.629/03, no seu art. 4º, definiu pequena propriedade como aquela de área inferior a 4 módulos fiscais; média propriedade, aquela de área superior a 4 até 15 módulos fiscais. Evidentemente que a lei não conceituou a que seria uma grande propriedade, sendo facilmente inferível de ser aquela área superior a 15 módulos ficais.
	O conceito de módulo fiscal, instituto originalmente criado para calcular o ITR, está na atualidade abandonado em seu mister pela Lei nº 8.847/94, que estabeleceu novas regras para o ITR e retornou para o hectare, é encontrável na análise dos arts. 49 e 50 da Lei 4504/64, e que pode ser definido como o resultado encontrado pela divisão da área aproveitável de uma propriedade com o módulo fiscal padrão existente em todo município.
	Exemplo: propriedade de 100 ha, com área aproveitável de 80 ha, situada no município cujo padrão de módulo fiscal prévio estabelecido pelo INCRA seja de 10 ha por módulo, ter-se-á, portanto, uma área de 8 módulos fiscais; logo, na definição legal, uma média propriedade e por isso insuscetível de desapropriação para a reforma agrária. Como segundo temos uma propriedade rural de 100 ha, com um excelente aproveitamento de 90 ha, situada em município que prefixou o módulo fiscal em 5 ha. O resultado é uma propriedade com 45 módulos fiscais e, dessa forma, uma grande propriedade rural para efeitos de desapropriação para fins de reforma agrária.
	O conceito de propriedade produtiva, como elemento econômico para se reconhecer como insuscetível de desapropriaçãouma propriedade rural, é encontrável no art. 6° da Lei 8.629/93,
	Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.
		
	E no § 1° do mesmo artigo, diz que o grau de utilização da terra não pode ser inferior a 80% entre a área passível de aproveitamento e a efetivamente utilizada. Quanto ao conceito de eficiência na exploração, estabelece a lei grau 100% para todos os tipos de atividades agropastoris, não podendo ser inferior àqueles índices regionais.
	Em suma, uma propriedade será considerada produtiva se explorar 80% de sua área aproveitável com eficiência de 100% da média do que se produz regionalmente.
O procedimento de desapropriação para Reforma Agrária
	A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, prevista no art. 184 da CF, assim o princípio do devido processo legal desapropriatório, garantia constitucional ao indivíduo proprietário mesmo de uma grande propriedade improdutiva, de só se ver privado de seu imóvel rural mediante regramento específico, tem nestas leis suas regras procedimentais.
	Competência: diz a lei e a CF que a competência para desapropriar, por interesse social, para fins de reforma agrária, é da União, através de seu órgão executor da reforma agrária, o INCRA.
	Logo, os Estados e Municípios não podem desapropriar imóveis rurais para fazer reforma agrária, mas eles podem adquirir por compra, imóveis rurais e os distribuir conforme entenderem.
	O processo judicial tramitará na vara da Justiça Federal.
	A CF não recepcionou o Estatuto da Terra no tocante ao processo de desapropriação, já que criou estrutura prórpia no Título VII, Capítulo III – Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, estabelecendo princípios inequívocos quanto à competência federal.
	Prévio procedimento administrativo: não basta o INCRA pretender desapropriar esta ou aquela grande propriedade improdutiva, para que possa imediatamente ajuizar a ação desapropriatória. Há necessidade de um prévio procedimento administrativo, instaurado no próprio órgão, para que ele possa aferir se efetivamente o imóvel é grande e improdutivo, nos termos da Lei n° 8.629/93, procedimento este que culminará com decreto do Presidente da República, declarando o imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária.
	Decreto desapropriatório: a cópia desse decreto, publicado no Diário Oficial da União, se constituirá em prova do bom direito do poder expropriante, para o ajuizamento de medida cautelar de vistoria e avaliação, preparatória da ação de desapropriação propriamente dita.
	Diante da importância do direito em discussão e em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa, e ainda que o laudo daí resultante servirá de prova para a propositura da ação de desapropriação, que esta comunicação deve se operar na pessoa do proprietário como regra.
	Prazo para ajuizamento da ação de desapropriação: a Lei Complementar n° 76, o seu art. 3°, estabelece que a ação de desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, será ajuizada no prazo de 2 anos, contados da publicação do decreto declaratório no Diário Oficial da União. 
	Conteúdo da petição inicial desapropriatória:	 a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, é uma ação especial e por isso tem requisitos próprios.
	A sua petição inicial, conforme o art. 5° da Lei Complementar n° 76, além do conteúdo exigível para qualquer ação previsto no Código de Processo Civil, exige que contenha ela a oferta do preço e seja instruída com os documentos constantes nos incisos do respectivo dispositivo.
	A LC 88/93 acrescentou dois outros documentos como indispensáveis: a) o comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária correspondente ao valor ofertado para pagamento da terra nua e b) o comprovante de depósito em banco ou outro estabelecimento no caso da inexistência de agência na localidade, à disposição do juízo, correspondente ao valor ofertado para pagamento das benfeitorias úteis e necessárias.
	Oferta do preço, como requisito para propositura da ação desapropriatória, é explicável como obediência ao princípio constitucional de que, embora sendo possível a retirada da propriedade privada pelo poder público, isso somente se realizará, mediante justa e prévia indenização, em títulos da dívida agrária, para a terra nua, e em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, nos termos do art. 5°, XXIV e 184 CF. Deve ser observado que ainda não é o depósito do preço. É apenas uma oferta, pois ele pode não ser aceito judicialmente. Essa oferta de preço deve corresponder ao que for apurado na prévia vistoria e avaliação, realizada administrativamente pelo INCRA.
	Texto do decreto declaratório de interesse social para desapropriação: deve acompanhar a inicial, pois é através dele que fica demonstrada a declaração de vontade pública de retirar a propriedade privada. E esta vontade tem de respeitar o princípio da publicidade, art. 37 CF. Logo, é documento essencial para a propositura da ação de desapropriação em análise.
	Certidão atualizada de domínio e de ônus real do imóvel e a certidão cadastral do imóvel servem para indicar quem é o proprietário do imóvel, se sobre ele existe algum ônus real e qual sua condição cadastral no INCRA.
	Laudo de vistoria e avaliação serve para demonstrar judicialmente que a propriedade imóvel nele apontada é grande e improdutiva e, ainda, para fixar a existência de todas as circunstâncias nele encontradas, como minudentemente descreve a própria lei, ou seja, a desapropriação está sendo realizada tomando por base dados técnicos, e não empíricos, do imóvel.
	Petição inicial desapropriatória em juízo: estando a petição inicial em ordem, será distribuída a um juiz federal da situação do imóvel que, de plano, ou em 48 horas: a) mandará intimar o autor na posse do imóvel; b) determinará a citação do expropriado para contestar o pedido e indicar assistente técnico, se quiser e c) expedirá mandado ordenando a averbação de ajuizamento da ação no registro de imóvel expropriando, para conhecimento de terceiro.
	A determinação de imissão imediata na posse do imóvel é alteração criada pela LC 88, eis que o dispositivo anterior submetia a oferta do preço ao prévio crivo judicial. A justificativa propalada pelo Governo Federal para a criação deste dispositivo é de que, pela sistemática anterior, a imissão de posse pelo INCRA se tornava muito demorada, o que impedia o desenvolvimento da reforma agrária.
	Sabemos que o Poder Judiciário é independente nos precisos termos constitucionais, e não pode sofrer ingerência na sua função de dizer o direito. Evidentemente que, se houver correspondência entre o preço ofertado e depositado e aquilo que a CF chama de indenização prévia e justa do imóvel desapropriado, em respeito ao princípio da presunção de verdade onde se embasam as declarações de vontade da administração pública, é de ser deferida a liminar imissiva de posse.
	Embora se a determinação legal não prevalecerá se o processo desapropriatório estiver eivado de vícios formais, como depósito insuficiente da oferta de preço, inicial desacompanhada de documentos exigidos por lei e houver dúvida quanto a natureza do imóvel passível de desapropriação.
	Formação do contraditório: a LC 76/93 estabelece que a citação do expropriando será feita na pessoa do proprietário do bem ou de seu representante legal, ressalta que, sendo ele espólio e inexistindo inventariante, ela será feita na pessoa do cônjuge sobrevivente ou na de qualquer herdeiro ou legatário que esteja na posse do imóvel (art. 7º, § 2º).
	Como fica a situação da figura do companheiro? 
	Ainda, só serão citados os confrontantes que, fundamentalmente, tenham contestado as divisas do imóvel no processo administrativo de desapropriação.
	A lei possibilitacitação via postal, através de carta com aviso de recebimento.
	A LC 88/96 instituiu a possibilidade de o juiz designar audiência de conciliação, com o intuito de abreviar o processo desapropriatório, para isso intimado as partes e o Ministério Público para data previamente estabelecida. Uma vez havendo acordo será homologado e terá força de sentença para posterior registro imobiliário.
	A defesa dos interessados: sendo a desapropriação para reforma agrária de interesse social, a LC 76/93 estabeleceu a possibilidade de ampla defesa, mas com a expressa ressalva de exclusão quanto ao interesse social declarado. (art. 9º) Logo, a defesa deverá ser apenas oposta quanto ao valor da indenização, eis que vedada qualquer discussão sobre o interesse social. 
	Mas se o ato administrativo declaratório de interesse social for irregularmente expedido, como por exemplo, declarando a propriedade rural como grande e improdutiva, na definição dos arts. 4º e 6º da Lei 8629/93, evidente que a declaração está viciada. 
	Podemos evocar a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal. 
	Qual o valor considerado justo para que se possa indenizar a terra nua expropriada? Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os aspectos do art. 12 da Lei 8.629/93.
	 A fase instrutória da desapropriação: na regra geral apenas se discute o quantum a indenizar na fase instrutória, e excepcionalmente, a existência de algum vício no ato administrativo que declarou o interesse social do imóvel, estabelecendo o legislador que no tocante ao quantum cingiria apenas aos pontos impugnados no laudo de vistoria e avaliação que acompanhou a inicial.
	Sentença desapropriatória: como não se pode discutir no processo de desapropriação, o interesse social declarado por decreto do Presidente da República, a sentença, por óbvio, transmitirá, no primeiro momento, a propriedade do particular para a União e, no segundo momento, fixará o valor da indenização correspondente aos TDAs, quanto à terra nua, e em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, valendo-se o juiz de qualquer meio de convecimento, inclusive pesquisa de mercado.
	O valor da indenização deverá corresponder ao valor apurado na data da perícia, corrigido monetariamente até a data do efetivo pagamento, se evidentemente se louvá-lo nesta prova.
	Embora a lei não determine, a jurisprudência é pacífica em fazer integrar ao valor da indenização também o pagamento dos juros compensatórios e dos juros moratórios. Aqueles, de 12% ao ano, a partir da imissão da posse, como uma forma de compensar o proprietário pelo não-uso da terra. Estes, de 6% ao ano, agora a partir do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão, compreendendo eles uma forma de compensação pela demora no pagamento.
	Os juros compensatórios e os juros moratórios são plenamente cumuláveis, consoante decisões pacíficas da jurisprudência, pois incidem sobre fatos diferenciados.
	Efeitos da apelação na ação desapropriatória: a regra geral disposta pelo CPC é que toda a apelação tenha duplo efeito, suspensivo – que tudo aquilo que foi decidido na sentença está suspenso até nova decisão pelo órgão recursal – e devolutivo que o processo será devolvido por inteiro ao segundo grau de jurisdição.
	Entretanto a sentença de desapropriação para fins de reforma agrária sofre algumas modificações.
Quanto ao ato de desapropriação em si mesmo, ou seja, a passagem da propriedade do domínio privado para o domínio público. Como não é possível a discussão sobre o mérito do interesse social declarado nesse ato, conforme vedação imposta pelo art. 9º da LC 76, o conteúdo sentencial que transmite a propriedade não estará sujeito à apelação.
Se haver vícios no ato desapropriatório e devidamente alegado na contestação, por via de consequencia a sentença deverá enfrentá-lo, e se não admitir a alegação de defesa, ensejerá apelação que necessariamente deverá ser aceita em efeito suspensivo, pois, se paira dúvida sobre a propriedade a desapropriar, o princípio constitucional que lhe protege surge como uma muralha na pretensão pública.
A segunda consequencia da sentença é a indenização. E mesmo para essa, a apelação terá efeito meramente devolutivo, se interposta pelo expropriado, e suspensivo, se interposta pelo expropriante. Trata-se de um privilégio do Estado, jusitificável, nesse caso, pela necessidade social de conseguir terras para implementar a reforma agrária.
Reexame necessário ou recurso de ofício: a LC 76 excepcionou a regra ao estabelecer no seu art. 13, § 1º, que somente haverá sujeição obrigatória ao duplo grau de jurisdição se a diferença entre o preço oferecido na inicial e a condenação fixada na sentença for superior a 50%, significando que, se a diferença for inferior, o privilégio da Fazenda Pública deixará de existir.
Ministério Público Federal: será indispensável a presença e intervenção do MPF, art. 18, § 2º da LC 76/93.
Distribuição das terras desapropriadas para a Reforma Agrária.
O ato administrativo desapropriatório por interesse social, para fins de reforma agrária, portanto é complexo e não se exaure na tão-só transmissão de domínio. Há de haver, obrigatoriamente, a distribuição das terras desapropriadas.
O prazo e os beneficiários da distribuição de terras na reforma agrária – a Lei n° 8.629/93 fixou no art. 16 o prazo de 3 anos, contados da data do registro do título traslativo do domínio, para que o INCRA, que é o órgão federal encarregado da reforma agrária, destine as terras aos beneficiários, estabelecendo, agora no art. 19, ordem de preferência.
Se no referido prazo o órgão governamental responsável pela reforma agrária não distribuir as terras, teria o proprietário expropriado direito de nulificar o ato administrativo.
Títulos da dívida agrária: A CF, no seu art. 184, estabeleceu que a desapropriação para fins da reforma agrária teria como correspondente indenização o pagamento em títulos da dívida agrária. Como o próprio nome diz, trata-se de título público com finalidade específica para fins de custear a reforma agrária e que deve conter 
A denominação Título da Dívida Agrária.
A quantidade de títulos;
A data do lançamento,
O valor nominal em real.
Esses títulos podem ser transferidos mediante ordem do alienante e do alienatário à instituição financeira que o represente no sistema de liquidação e custódia, vedado seu fracionamento. Vencem juros de 6% ao ano ou fração pro rata e correção monetária mensal.
	
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