Buscar

[Livro] - Como Conquistar e Manter um Emprego - Vladimir Crivelini

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Como Conquistar
 e Manter
 Um Emprego
 VLADIMIR CRIVELINI
 2
AGRADECIMENTOS 
 
 Gostaria de agradecer a todos que contribuíram para a 
formação de minha experiência profissional e aos que me inspiraram, 
de alguma forma, na síntese e estruturação desse singelo guia 
prático. 
 Agradeço especialmente a minha esposa e filhas, que me 
permitiram dedicar uma parcela do nosso tempo de convívio na 
elaboração do presente texto, ainda a meus pais, irmãos, familiares, 
amigos, colegas de trabalho e de estudos pela bagagem 
proporcionada. Gostaria também de registrar minha consideração aos 
companheiros do Lar Espírita Vinha de Luz, na cidade de Jundiaí (SP), 
com quem pude aprender boa parte daquilo que tento retransmitir 
nas próximas páginas. 
Obrigado! 
 
 
 3
SUMÁRIO 
 
I. Introdução 
II. Os Verdadeiros Tesouros 
III. Panorama do Mercado de Trabalho 
IV. Identificação de Habilidades e Vocação 
V. Definição de Metas e Autorrealização 
VI. Como Surge Uma Vaga e Seus Pré-Requisitos 
VII. Processo Seletivo: 
a) Currículo 
b) Entrevistas 
c) Dinâmicas de Grupo 
d) Testes Psicotécnicos 
e) Redação 
f) Provas de Conhecimento Teórico e Prático 
g) Concursos Públicos e Vestibulares 
VIII. Controle do Orçamento Familiar 
IX. Períodos de Vacas Magras e Automotivação 
X. Períodos de Mudança e Transição 
XI. O Que se Espera no Dia a Dia do Trabalho 
XII. A Relevância de Como Se Executar Uma Tarefa 
XIII. Mensagem Ao Empregado Macaco Velho 
XIV. A Era da Comunicação 
XV. A Inteligência Emocional 
XVI. A Importância do Fator Humano e Valores Morais 
XVII. Considerações Finais 
XVIII. Apêndice - Comparativo de Oportunidades de Trabalho 
XIX. Bibliografia 
 
 
 4
Capítulo I 
INTRODUÇÃO 
 
 Nos momentos mais difíceis e angustiantes de minha vida 
profissional, eu gostaria de ter recebido pelo menos algumas das 
dicas e orientações abordadas a seguir. Infelizmente, só pude contar 
com essas informações muitos anos mais tarde da data oportuna, 
pois só foram adquiridas ao longo da minha vivência, da experiência 
prática tanto na condição de Candidato a Emprego quanto na de 
Selecionador/Empregador e do trabalho voluntário no 
encaminhamento de pessoas ao mercado profissional. 
 
 Questões intrigantes e desconcertantes aparecem durante a 
vida toda: Qual carreira devo seguir? O que é importante mencionar 
no meu currículo? Como me comportar numa entrevista? E agora, o 
que eles realmente esperam de mim? Por que meu chefe não me 
recompensa com um aumento salarial? Depois de tanta dedicação 
meu emprego está ameaçado? O que falta para minha realização 
profissional? Será que devo rever tudo e começar de novo? 
 
Na hora de dormir, quando coloco a cabeça no travesseiro e 
faço um rápido exame de consciência, pesando os bons e maus atos 
praticados no dia, sinto a obrigação moral de compartilhar com os 
menos favorecidos o (pouco) conhecimento que pude acumular até o 
momento. 
 
Dentro dessa linha de pensamento, meu sentimento de dever 
fica mais forte quando lembro uma mensagem de Fénelon (Argel, 
1860): “O trabalho desenvolve a inteligência e exalta a dignidade do 
homem, facultando-lhe dizer, altivo, que ganha o pão que come, 
enquanto a esmola humilha e degrada. (...) Devemos dar esmola 
quando for preciso; mas, tanto quanto possível, devemos transformar 
a esmola em salário”. Complementa ainda o autor Geziel Andrade na 
obra Capital e Trabalho: “Se a esmola é uma forma de se distribuir 
benefícios sociais e de se praticar a caridade cristã, a contratação de 
pessoas para a execução de serviços produtivos, tornando-as aptas a 
receber o correspondente pagamento de salários como recompensa 
pelo emprego dos talentos e habilidades pessoais, deve ser 
prioritária”. 
 
Temos ainda o sábio ditado popular: “Ao invés de darmos o 
peixe, é melhor ensinarmos a pescar”, cuja essência está em se 
garantir ao assistido a oportunidade do mérito, do merecimento por 
atingir a meta desejada através do esforço próprio, bastando para 
isso apenas um “empurrãozinho”. Assim, guardadas as devidas 
proporções e restrito às minhas limitações, esse livro procura ajudar 
o interessado a identificar suas capacidades e habilidades, ter uma 
 5
visão geral dos diversos setores de atividade e respectivas 
oportunidades, focalizar seus objetivos pessoais, compreender o que 
se passa na cabeça do recrutador na fase de seleção e do superior 
direto no dia a dia, reduzir dúvidas e inseguranças nas tomadas de 
decisão, além de aumentar a autoestima e motivação do candidato, 
mesmo diante de seguidos reveses. 
 
 Devo avisar de antemão que o presente livrete não tem 
nenhuma fundamentação acadêmica, pretensão doutrinária, 
embasamento psicológico, precisão jurídica quanto à legislação 
vigente ou qualquer outro compromisso técnico formal, sendo tão 
somente um guia prático baseado em experiências pessoais que 
talvez possa ser de alguma utilidade ao leitor esforçado. Aliás, 
quando eu me referir ao leitor daqui em diante, minha intenção é 
abranger indistintamente tanto homens quanto mulheres, sendo 
adotada a forma masculina apenas para atender as regras usuais da 
Gramática. 
 
O texto é prioritariamente direcionado às pessoas menos 
favorecidas, que normalmente sofrem maiores restrições de acesso à 
Educação e regalias correlacionadas, ou seja, justamente àquelas que 
encontram mais dificuldades de ingresso no mercado de trabalho 
formal. Mesmo assim, considerando a quantidade de páginas escritas 
e as probabilidades da Estatística, eu gostaria de dizer às demais 
pessoas, inclusive às de grande qualificação técnica e que almejam 
cargos mais gabaritados, que há boa chance de encontrarem ao 
menos uma coisa verdadeiramente útil ao longo desse guia, desde 
que tenham paciência e perseverança na leitura. 
 
Desde já agradeço sua atenção e o voto de confiança 
manifestado. Se esse livro realmente ajudar um só leitor que seja a 
melhorar sua situação profissional, ele já terá valido a pena, ainda 
que eu deseje o sucesso de todos! 
 
 
 
 6
Capítulo II 
OS VERDADEIROS TESOUROS 
 
Um conceito importante que merece ser abordado logo de início 
é o relacionado à SORTE. Apesar de querermos nos enganar em 
muitas ocasiões, o fato é que não existe a sorte pura e isoladamente: 
 
Sorte = Preparação + Oportunidade 
 
Traduzindo a equação matemática acima, temos que sorte é 
uma combinação de preparação mais oportunidade, ou seja, é o 
conjunto de todos os esforços e ações que fizemos em prol da meta 
que desejamos alcançar aliado ao surgimento na linha do tempo da 
situação que nos possibilita colocar o plano em prática. 
 
Assim, logo de cara, podemos ter a convicção de que a 
oportunidade é meramente uma questão de tempo e que apenas é 
necessário termos a paciência de esperar seu dia aparecer: pode 
demorar um pouco mais ou um pouco menos, mas é certo que a 
oportunidade sempre bate à nossa porta! Aliás, se observarmos com 
atenção (e sinceridade), concluiremos que isso ocorre muito mais do 
que uma vez e de forma cíclica. 
 
 O grande problema está na outra parcela da equação: o motivo 
da sempre reclamada falta de sorte é que nós não cuidamos 
devidamente da nossa preparação, isto é, nós negligenciamos 
justamente a única parte que nos cabe na referida equação. Não 
adianta nada o cavalo aparecer selado na nossa frente se nós não 
formos capazes de montar nele e sair cavalgando! E olha que isso 
acontece várias vezes ao longo das nossas vidas! 
 
Temos sempre que ter a humildade de reconhecer que nosso 
sucesso e felicidade dependem exclusivamente de nossas próprias 
obras, ou melhor, do conjunto de nossos esforços para fazer o que é 
certo, digno e honesto. Temos liberdade de escolha para plantarmos 
o que quisermos, porém devemos estar cientes de que só 
conseguiremoscolher exatamente o que tivermos plantado. Apesar 
de todos nós estarmos sujeitos à Lei Natural do Progresso, que é 
universal, progredir é uma responsabilidade individual e 
intransferível; cada um deve fazer a sua parte e ninguém pode 
crescer e evoluir no lugar de outro. 
 
Ainda que já esteja evidente a necessidade do mérito, ou seja, 
de nos dedicarmos para fazermos por merecer aquilo que desejamos, 
quero voltar o foco para um ponto anterior (e essencial) na discussão 
da sorte: a meta! Mais uma vez, não adianta reclamarmos da (má) 
sorte se não soubermos claramente o que realmente queremos. O 
 7
estrategista Henry Alfred Kissinger marcou uma frase célebre sobre o 
assunto: "Se você não sabe para onde vai, todos os caminhos o 
levarão a lugar nenhum". Portanto, devemos sempre nos perguntar o 
que esperamos dessa vida, definir objetivos com base nas respostas 
obtidas, estabelecer prioridades, analisar os requisitos de cada etapa 
da meta e – principalmente – canalizar todos os nossos esforços 
necessários a sua concretização. 
 
É fundamental fazermos um planejamento estratégico da nossa 
vida, pois é isso que vai nortear nossos passos. 
 
Vamos imaginar um exemplo para ilustrar a coisa: se durante 
minha adolescência eu definir como objetivo profissional que eu 
quero me tornar um Médico, devo reconhecer de antemão que isso 
requer diploma Superior. Logo, já devo estar consciente de que 
estarei obrigado a concluir o Ensino Médio, uma vez que o 2º Grau 
completo é pré-requisito para os exames vestibulares de nível 
Superior. Como viabilizar meus estudos até lá deve estar considerado 
no planejamento: se meus pais poderão bancá-lo, se terei que 
trabalhar durante o dia (em que tipo de serviço) e estudar à noite, 
etc. Mais do que isso, devo ter claro na cabeça que terei que estudar 
seriamente e por longo período de tempo, não só para passar de ano, 
mas para aprender mesmo, tendo em vista o alto grau de 
competitividade dos vestibulares pretendidos. Se o “bicho” já 
começar a pegar nesse ponto, isto é, se eu tiver certeza que meu 
nível intelectual é baixo em relação à média geral a ponto de ser 
muito difícil reverter esse quadro através de muita dedicação, ou 
simplesmente se eu reconhecer que não sou “chegado” aos estudos e 
que não estou disposto a mudar isso, então é melhor reavaliar a 
meta traçada. Vestibulares (que seriam as oportunidades) aparecerão 
todos os anos, agora se eu não praticar o estudo dedicado (que seria 
a preparação que me cabe) eu nunca serei aprovado para uma 
faculdade de medicina, apesar de ficar sempre tentado a terceirizar a 
culpa pelo insucesso (azar, olho gordo de alguém, restrições dos pais 
e tantas outras ladainhas, pois nesse campo nossa criatividade é 
sempre muito fértil!). 
 
Dito isso, posso finalmente falar dos verdadeiros tesouros das 
nossas vidas. Se pararmos para uma reflexão séria, vamos concluir 
que só existem 3 coisas que podemos conquistar de modo 
permanente e irreversível, que ninguém pode nos tirar, e que nossa 
alma pode carregar mesmo após a morte do corpo físico: nosso 
conhecimento, nossa inteligência e nossa condição moral. 
 
Perdemos tempo durante a vida inteira na busca de poder 
(fama, prestígio, badalação, etc.) e da posse de bens materiais (casa, 
carros, joias, utensílios, etc.), porém isso tudo não ultrapassa a 
barreira do túmulo, se é que dura até lá! 
 8
 
Nessa linha de pensamento, peço licença autoral para citar 2 
mensagens que julgo muito pertinentes, a primeira atribuída ao 
monge tibetano Dalai-Lama, quando perguntado sobre o que mais o 
surpreendia na humanidade: 
 
 "O que mais me surpreende são os homens. Perdem a saúde para juntar 
dinheiro. Depois, perdem dinheiro para recuperar a saúde. 
 E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que 
acabam por não viver nem o presente, nem o futuro. 
 E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem 
vivido". 
 
O segundo texto é atribuído ao publicitário brasileiro Nizan 
Guanaes, discorrendo sobre sua definição de sucesso para uma 
turma de formandos numa faculdade paulista: 
 
"Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para 
paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. 
Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que 
seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos. 
 
Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. 
 
Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo 
realizar, que o dinheiro virá como consequência. Quem pensa só em dinheiro não 
consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. 
 
Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos 
pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não 
o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi 
construído antes, na alma. 
 
A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o 
diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um 
milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu 
não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, 
meu filho". 
 
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. 
Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em 
fortuna. 
 
Meu segundo conselho: Pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar 
em todos é a melhor maneira de pensar em si. 
 
Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e minoria morre de 
medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres 
vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega 
a viver como Homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico 
Paraguassu. 
 
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "seja quente, ou seja frio, não 
seja morno que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta de 
Laodiceia: seja quente, ou seja frio, não seja morno que eu te vomito: É preferível 
o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi 
grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra 
o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. 
 9
 
Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue 
fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Tendo 
consciência de que cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é 
um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você 
foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e 
caminhar sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de 
possibilidades na outra. 
 
Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da 
vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que 
vivem a dizer: eu não disse! Eu sabia! Toda família tem um tio batalhador e bem 
de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que aguentar aquele outro tio muito 
inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. 
 
Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que 
fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na 
segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não 
sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem 
trabalhar. 
 
Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for 
preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do 
demônio, e constrói prodígios. Brasil, este país de malandros e espertos,da 
vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. 
Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em 
menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os 
espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. 
 
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque 
você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto 
eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas. 
Mas o tempo, que é mesmo senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, 
e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não 
conhecerão. 
 
E isso se chama sucesso". 
 
Voltando aos 3 verdadeiros tesouros, devemos pensar com 
carinho se efetivamente poderemos desenvolver algum deles através 
das metas traçadas no planejamento pessoal discutido 
anteriormente. Como referência para reflexão, destaco novamente 
cada um deles e alguns modos de desenvolvimento: 
 
• Nossa inteligência, que é estimulada pelo trabalho de 
qualquer espécie, ou seja, por tudo aquilo que desafia nossa 
capacidade de raciocínio, tanto na fase de planejamento 
quanto na de execução, na busca de superação de 
adversidades e solução de problemas de toda natureza (nesse 
contexto não falamos apenas do trabalho remunerado, apesar 
de ser este o objetivo do presente livrete, segundo as razões 
mencionadas na Introdução); 
 
• Nosso conhecimento, que adquirimos com a vivência e 
estudo. O simples transcorrer da nossa idade, em suas várias 
 10
fases, já nos possibilita uma razoável bagagem de 
aprendizado. Além disso, a pesquisa e leitura nos abreviam a 
acumulação de conhecimento, visto que, por exemplo, os 
livros nos disponibilizam de imediato a síntese de informações 
que seus escritores podem ter levado longos anos para obter; 
 
• Nossa condição moral, que podemos desenvolver com a 
prática do bem, na busca do convívio harmonioso com aqueles 
que nos rodeiam, demonstrando afetividade, respeitando a 
autoestima alheia, tendo a capacidade de nos colocarmos no 
lugar do outro para entendermos seu ponto de vista e tendo 
um comportamento ético. Em suma, o melhor parâmetro para 
sabermos se estamos agindo da forma correta é tratarmos o 
outro do mesmo modo como nós mesmos gostaríamos de ser 
tratados. 
 
Assim como não existe a sorte pura e simples, também não 
devemos acreditar em acaso, destino, casualidade, aleatoriedade, ou 
determinismo. Na criação divina, tudo se encadeia de maneira 
perfeita segundo os princípios da justiça, do amor e da igualdade. 
Todos somos criados na mesma condição inicial, tal como fichas em 
branco, sobre as quais cada um deve preencher seu “currículo” 
perante Deus através de suas escolhas e ações praticadas, que 
constituem o conjunto de nossas obras. Nós nascemos, literalmente, 
para aprender e colocar em prática aquilo que aprendemos. 
 
Os tesouros de que dispomos no presente momento são, 
portanto, o fruto de nossos próprios esforços atuais ou anteriores, já 
que nada cai do céu de graça nem há privilegiados ou renegados. 
 
Para concluir com uma mensagem de esperança e evidenciando 
como tudo sempre se correlaciona com precisão e justiça, lembro que 
tanto a quantidade e frequência das oportunidades abordadas 
inicialmente, quanto à qualidade de nossa preparação aumentam na 
proporção do desenvolvimento do nosso conhecimento, inteligência e 
condição moral, e que tudo isso depende única e exclusivamente de 
nós mesmos! 
 
 
 
 11
Capítulo III 
PANORAMA DO MERCADO DE TRABALHO 
 
Logo no início dos trabalhos voluntários que tenho desenvolvido 
junto a pessoas carentes numa casa beneficente de minha cidade, 
pude perceber que a grande maioria das pessoas não tem uma noção 
abrangente das diversas opções disponíveis no mercado de trabalho, 
ou então desconhecem as vantagens e dificuldades inerentes a cada 
ramo de atividade. Como isso é crucial para montarmos nosso plano 
de vida profissional e estabelecermos nossas metas, conforme 
discutido no capítulo anterior, tentarei agora clarear o assunto sob 
aqueles aspectos, começando pelo Comparativo de Oportunidades de 
Trabalho constante do Apêndice (Capítulo XVIII). Por razão de seu 
tamanho, a planilha só pode ser apresentada ao final desse livro, 
porém recomendo fortemente que o leitor não deixe de analisá-la 
com bastante atenção, pois ela sintetiza, de forma bastante simplista, 
um panorama de oportunidades de trabalho segmentado por ramo de 
atividade. 
Lembro-me dos meus tempos de escola, quando se dividia, 
para fins didáticos, o conjunto das atividades econômicas em 3 
grandes setores: 
• Primário, abrangendo Agricultura, Pecuária, Extrativismo 
Vegetal, Caça, Pesca e Mineração; 
• Secundário, representado pela Industrialização e Construção 
Civil; 
• Terciário, envolvendo a Comercialização de Produtos em geral 
e a Prestação de Serviços. 
Isso ainda continua bastante válido para fins de apuração do 
Produto Interno Bruto – PIB, mas para os propósitos desse manual, 
vamos deixar de lado as oportunidades de emprego no Setor 
Primário, já que o trabalho no campo, em minas e no mar apresenta 
características muito peculiares (que fogem do meu conhecimento), 
além de não representar a atual aspiração da maioria dos candidatos 
a emprego. 
Vamos então nos restringir aos Setores de Atividade 
Secundário (Indústria) e Terciário (Comércio e Serviços), destacando 
dentro desses últimos as opções de vagas no Funcionalismo Público e 
Serviço Militar, que apresentam características bastante 
interessantes, mas que normalmente são esquecidas na hora de 
analisarmos todas as alternativas disponíveis no mercado de 
trabalho. 
 Vale anotar logo de início que o quadro apresentado não 
corresponde a nenhum estudo oficial, nem representa parâmetros 
absolutos ou definitivos, sendo tão somente uma síntese ilustrativa 
baseada na experiência do autor. Os Exemplos não constituem uma 
lista exaustiva, isto é, não esgotam todas as possibilidades. A Faixa 
de Salários só serve para podermos comparar o universo de salários 
 12
de uma modalidade com o de outra. Os Benefícios Obrigatórios 
são os normalmente previstos para os trabalhadores com registro em 
carteira para contratos por prazo indeterminado nos respectivos 
segmentos. As Vantagens mais Frequentes não constituem uma 
regra, mas sim benefícios complementares mais comumente 
oferecidos pelos empregadores como atrativos extras. O Grau de 
Escolaridade Exigido bem como os demais critérios de seleção 
elencados também não são condição rígida ou imutável. 
 Feitas as considerações iniciais, vou me valer da técnica de 
análise vertical e horizontal (tradicionalmente aplicada a balanços 
patrimoniais e demonstrações financeiras) a fim de esmiuçarmos o 
quadro comparativo. 
 Começando pelo enfoque das colunas, visualizamos claramente 
que o Setor Terciário, isto é, do Comércio e principalmente dos 
Serviços, apresenta o maior campo de empregos a ser explorado. A 
terceirização da economia é uma tendência internacional do mundo 
globalizado. A mecanização na Agricultura e Pecuária bem como a 
automação e reengenharia na Indústria causaram desemprego 
nesses setores, com a consequente migração dessa mão de obra 
majoritariamente para o Setor de Serviços. Obviamente, essa 
acomodação não foi voluntária nem planejada na maioria dos casos, 
obrigando muitos trabalhadores a partirem para os serviços 
autônomos, trabalho doméstico, abertura de microempresas ou 
pequenos comércios, além do famigerado trabalho informal, sem 
registro em carteira, na mais variada e criativa forma de “bicos”, com 
intuito de se obter alguma fonte de renda até que algo melhor 
aparecesse. 
 Se por um lado o Setor de Comércio e Serviços apresenta essa 
flexibilidadede absorver mão de obra, inclusive com baixa 
qualificação, dando oportunidades de renda a muita gente, por outro 
ele pode apresentar riscos em longo prazo, quando não cobrir os 
benefícios legais (dentre eles eu destaco o FGTS e as coberturas 
previdenciárias de auxílio doença e acidente, aposentadoria normal e 
por invalidez, pensão por morte), nem oferecer vantagens como 
alimentação e convênio médico particular. 
 O maior objetivo desse livrete é o de possibilitar meios ao leitor 
de evitar o trabalho informal (sem carteira assinada), pois esse não 
dá nenhuma garantia ao trabalhador, o expõe a condições insalubres 
e até perigosas cotidianamente para conseguir seu sustento no 
presente, sem lhe reservar nenhuma segurança em momentos de 
doença, invalidez e velhice. 
 Tratando dos Exemplos do quadro, iniciando pela Indústria, 
cabe destacar que não mencionamos o nome dos cargos (o que 
exigiria uma listagem enorme), mas sim os departamentos de 
trabalho, que já são diversos e permitem enxergar a natureza dos 
serviços. De maneira análoga, citamos apenas alguns tipos de 
estabelecimentos do Comércio, das Empresas de Serviços e Lazer / 
Entretenimento. Quanto ao Funcionalismo Público e Serviço Militar, 
 13
nos limitamos ao âmbito das repartições, lembrando que eles via de 
regra têm tantos departamentos quanto às empresas em geral, e 
muitas vezes, até alguns outros típicos de Estado. 
 A Faixa de Salários, que aqui é abordada apenas 
qualitativamente, sempre nos desperta uma atenção especial, já que 
ainda somos extremamente ligados às questões materiais. Nesse 
ponto, quero abrir um parêntese, e frisar um conceito que considero 
extremamente importante: quando pensamos em remuneração, não 
podemos nos limitar tão somente ao valor do salário, temos que levar 
conta todos os outros benefícios e demais vantagens possibilitadas 
pelo emprego em questão, pois isso traz uma enorme diferença no 
nosso bolso ao final das contas. Assim, recomendo sempre que as 
colunas Faixa de Salários, Benefícios Obrigatórios e Vantagens mais 
Frequentes sejam analisadas conjuntamente. 
Ao longo dos anos, vi muitas pessoas penando para conseguir 
um emprego e, após consegui-lo, largarem tudo por outro que 
(teoricamente) rendia mais. Para ilustrar, comento o caso de uma 
jovem com filho recém-nascido que arranjou um emprego (após 
inúmeras tentativas) numa loja de um shopping center e o 
abandonou após algumas semanas. Fui conversar com moça para 
saber o que tinha acontecido e ela me explicou que estava ganhando 
(apenas) um salário mínimo e ainda a patroa ficava o tempo todo 
pegando no seu pé. Agora ela podia ganhar até 50% a mais 
mensalmente. Eu questionei como “até” mais e ela esclareceu que 
tinha optado por ser tornar revendedora autônoma e, assim, a nova 
renda dependeria de quantos produtos ela conseguisse vender. Como 
ela estaria trabalhando na rua de porta em porta, perguntei então 
como ela iria conseguir manter um bom volume de vendas nos dias 
de frio e chuva: ela não havia pensado nisso. Continuando, eu a 
lembrei de que, como autônoma, ela não teria 13º salário nem direito 
a FGTS, também não poderia tirar férias remuneradas, pois quando 
ela quisesse descansar estaria deixando de vender. Recordei ainda a 
ela que, na condição de autônoma, ela só teria as coberturas 
previdenciárias de auxílio doença, aposentadoria e salário 
maternidade, entre outros, caso passasse a contribuir 
individualmente ao INSS no montante de 20% de sua renda auferida 
a cada mês. Indaguei finalmente se ela tinha algum benefício extra 
no antigo serviço da loja: sim, vale-transporte, cesta básica e 
convênio médico. Bem, quanto às duas primeiras vantagens, ela 
mesma já sentiu na pele como sua falta reduz a renda líquida; quanto 
a um bom convênio médico para quem tem família numerosa e filhos 
pequenos, ah, isso não tem preço! 
Outra conclusão óbvia, a partir do quadro apresentado, é que 
não existem milagres nem mágicas: quanto maior a remuneração 
oferecida, maior é a Relação de Candidatos por Vaga e 
consequentemente maior o Risco de Desemprego, além de a 
qualificação exigida também ser bem maior. 
 14
Ainda quanto às Faixas de Salário, em geral a Indústria paga 
bons salários, frequentemente bem superiores ao mínimo vigente, em 
razão de abarcar profissões regulamentadas com salário normativo 
considerável, além de ter de respeitar os pisos salariais definidos em 
Convenções ou Acordos Coletivos firmados com fortes sindicatos 
representativos das respectivas categorias. O Comércio, Empresas de 
Serviços e Lazer / Entretenimento também chegam a oferecer altos 
salários, mas numa menor proporção em relação à Indústria. Os 
Profissionais Liberais também ganham bem, mas obrigatoriamente 
necessitam de diploma Superior, estão sujeitos à renda variável e às 
mesmas considerações já mencionadas quanto ao trabalho 
autônomo. Finalmente, o Funcionalismo Público e o Serviço Militar 
também oferecem salários bastante atrativos, só que o ingresso 
nessas carreiras depende de concorridíssimos concursos públicos, o 
que significa muito estudo e disciplina. 
Quanto aos Benefícios Obrigatórios e Vantagens mais 
Frequentes, já falei que devem ser analisados como salários 
complementares. Novamente, a Indústria costuma apresentar o 
melhor pacote de regalias ao trabalhador. O que também é digno de 
destaque é que o Funcionalismo Público e o Serviço Militar oferecem o 
que parece ser a coisa mais cobiçada no mercado conturbado de 
hoje: a estabilidade (relativa) de emprego, isto é, a garantia de que o 
servidor não poderá ser dispensado por simples mau humor do chefe 
ou ainda por qualquer tipo de retração do mercado. Isso não significa 
que o servidor público concursado nunca poderá ser demitido, mas é 
bastante tranquilizador saber que a perda do emprego só acontecerá 
se o trabalhador motivar uma justa causa, ou seja, apenas se ele 
tiver cometido uma grande besteira. 
O Grau de Escolaridade Exigido é algo que tem aumentado 
sistematicamente nos últimos anos e constitui um reflexo da lei de 
oferta e demanda: como tem havido muito mais candidatos a 
emprego do que vagas para absorvê-los, os selecionadores podem se 
dar ao luxo de exigir mais do que seria o essencial para a função, 
sempre na busca de pegar a melhor mão de obra disponível no 
momento. Assim, ter diploma de 2º Grau completo é requisito 
indispensável para a grande maioria dos cargos atuais, tanto para um 
Ajudante Geral numa fábrica, quanto para uma Auxiliar de Limpeza 
numa prestadora de serviços ou para uma atendente de balcão no 
comércio. É claro que ainda existem oportunidades para as pessoas 
de baixa escolaridade, mas são sempre as de baixos salários e piores 
condições de trabalho, o que nos obriga a uma constante reciclagem 
e complementação dos estudos. 
Currículo e Entrevistas são métodos universais de seleção de 
candidatos e dificilmente nos safamos deles, motivo pelo qual serão 
abordados mais detidamente no capítulo que trata do Processo 
Seletivo. Cabe aqui destacarmos 2 coisas. Primeiro, eu recomendo 
que todo profissional mantenha seu currículo devidamente atualizado 
(mesmo que algumas carreiras não o exijam), porque é na confecção 
 15
dele que nos damos conta de quais são nossas efetivas qualificações 
e experiências que podem nos tornar atrativos ao mercado de 
trabalho (e normalmente é aí que começamos a perceber que não 
somos tão bons quanto julgávamos ser). O segundo ponto de 
destaque é que o Funcionalismo Público em geral e os principais 
Cargos Militares não exigem entrevista para seleção dos candidatos, 
o que é bastante interessante para as pessoas que se sentem vítimas 
de preconceito ou discriminação de qualquer natureza. Ao leitor que 
se assustou com esse último comentário, devo falar abertamente que 
em pleno século XXI ainda existem muitos entrevistadores que 
rejeitamcandidatos em razão de critérios subjetivos não diretamente 
relacionados às atividades requeridas pelo cargo a ser exercido, tais 
como: 
• Sexo: mulheres são evitadas em determinados cargos ou, 
quando aceitas, muitas vezes recebem salários inferiores aos 
colegas; homossexuais por sua vez são bastante 
discriminados; 
• Aparência: tipo de cabelo, uso de roupas exóticas ou 
provocantes, exibir tatuagens, ou piercings; 
• Origem étnica: ser descendente de negros, hispânicos, 
orientais, árabes ou índios; 
• Aspectos físicos: apresentar estatura ou peso fora dos 
padrões convencionais, ser portador de alguma deficiência; 
• Preferência religiosa: ser crente, umbandista, testemunha de 
Jeová ou ser seguidor de qualquer outra seita diferente da 
adotada pelo entrevistador; 
• Aspectos sociais: muitas empresas não contratam fumantes 
e, em geral, candidatos que apresentem indícios de 
alcoolismo, uso de drogas, ou antecedentes criminais são 
sumariamente descartados. 
 
Falando de casos práticos de preconceito, observo que poucas 
vezes se veem negros ou mulheres assumindo elevados cargos de 
comando nas organizações e me lembro até de um antigo 
administrador que limitava a ascensão de suas funcionárias, alegando 
que cargo de chefia para mulher ele não daria nem mesmo para sua 
própria mãe. 
Finalizando, confesso que eu mesmo já fiz pré-julgamentos 
discriminatórios ao entrevistar candidatos, como num processo 
seletivo para a vaga de Ajudante de Produção: o rapaz apresentava 
qualificações suficientes para o trabalho, porém eu estava tentado a 
descartá-lo só porque ele era gordo (por conta disso, eu 
arbitrariamente supunha que ele não aguentaria o tranco dos 
pesados trabalhos braçais requeridos). Mesmo na dúvida, eu resolvi 
dar uma chance ao fulano pela boa vontade demonstrada na 
entrevista (ele era um pai de família desempregado há algum tempo, 
com bom currículo, que parecia estar muito empenhado a agarrar 
com dedicação qualquer nova oportunidade de trabalho que lhe fosse 
 16
oferecida). A moral da história é que em menos de 6 meses ele 
mereceu ser promovido a Operador Auxiliar e pouco tempo depois já 
exercia satisfatoriamente as funções técnicas e também de liderança 
de equipe como Operador de Máquina. 
 
Dinâmicas de Grupo, Testes Psicotécnicos e Provas de 
Conhecimentos são critérios de seleção menos usuais, geralmente 
adotados para cargos mais gabaritados envolvendo capacidade de 
liderança e/ou qualificação técnica mais aprofundada. Esses tópicos 
também serão abordados no capítulo do Processo Seletivo, mas já 
vale o alerta de que os selecionadores ultimamente têm pegado gosto 
por essas coisas, incluindo essas fases eliminatórias até para alguns 
cargos menos complexos: como exemplo, tenho visto aplicarem 
cumulativamente dinâmicas de grupo, testes psicotécnicos, provas de 
matemática e redação para a contratação de operadores de 
telemarketing, uma profissão com remuneração pouco superior ao 
salário mínimo, bastante em moda hoje em dia (são aqueles 
trabalhadores que passam a jornada inteira ao telefone, ligando na 
casa das pessoas para tentar vender produtos e serviços, ou então 
recebendo reclamações em centrais de Serviço de Atendimento ao 
Consumidor – SAC). 
 
Risco de Desemprego e Relação de Candidatos por Vaga 
Como regra natural, quanto maiores os atrativos para um 
determinado cargo, maior será a procura por ele e, por consequência, 
maior será também a facilidade de o empregador substituir o 
trabalhador que não esteja atingindo o resultado esperado. Assim, o 
número de candidatos por vaga está diretamente relacionado ao risco 
de desemprego, demandando o contínuo esforço e aprimoramento do 
trabalhador para se manter empregado. É claro que há algumas 
profissões que exigem conhecimento ou treinamento tão específicos a 
ponto de garantir uma tolerância um pouco maior por parte do 
empregador, mas não tenha dúvidas de que este sempre conseguirá 
encontrar um bom candidato disponível no mercado para substituir 
alguém com desempenho insuficiente. Convém mais uma vez 
salientar a peculiaridade prevista em lei para o Funcionalismo Público 
e Serviço Militar, com provimento via concurso, nos quais a demissão 
só pode ocorrer por justa causa mediante processo administrativo 
interno, com respeito ao contraditório e ampla defesa. 
 
Características Mais Exigidas 
 Obviamente, as características indicadas no quadro de 
oportunidades não são as únicas requeridas, são simplesmente as 
mais significativas para o perfil das respectivas áreas de atuação, 
segundo o ponto de vista do autor. 
Existe uma gama enorme de qualidades que são demandadas 
para qualquer cargo, tais como responsabilidade, zelo, perseverança, 
etc. Por outro lado, trabalhos em empresas exigem ainda a 
 17
capacidade de o indivíduo saber se entrosar em equipes de trabalho, 
atividades de comércio demandam sempre uma boa lábia por parte 
do vendedor, carreiras com provimento por concurso público atraem 
candidatos inteligentes e estudiosos, e assim por diante. 
 18
Capítulo IV 
IDENTIFICAÇÃO DE HABILIDADES E VOCAÇÃO 
 
 Um dos fatores determinantes do sucesso é enfatizarmos 
nossos pontos fortes e tentarmos minimizar nossos pontos fracos. 
Primeiramente, então, é interessante puxarmos a “brasa para nossa 
sardinha”, procurando direcionar nosso campo de atuação para nossa 
zona de conforto, isto é, para atividades compatíveis com nossas 
melhores capacidades e habilidades. Por outro lado, devemos 
incessantemente cuidar das nossas fraquezas, buscando o nosso 
desenvolvimento como um todo, diminuindo nossas vulnerabilidades 
para nos tornarmos mais competitivos no mercado. 
É incontestável que sempre teremos maior probabilidade de 
êxito quando estivermos exercendo tarefas relacionadas às nossas 
melhores potencialidades. Nessa linha ainda, quando conseguimos 
fazer algo direito, bem feito, ficamos animados, satisfeitos e 
confiantes, aumentando nossa motivação em continuar a fazê-lo, 
entrando assim num ciclo virtuoso de sucesso. 
 Na outra ponta, quando nos afastamos da nossa zona de 
conforto, vamos ficando cada vez mais temerosos na execução de 
tarefas: qualquer pequeno erro vai minando nossa autoconfiança, 
com efeitos progressivos e desastrosos como bola de neve. Lembre-
se sempre que “errar é humano, mas persistir no erro é burrice” (se 
não for coisa pior). 
 Portanto, a melhor coisa a fazer é realizarmos uma minuciosa 
autoanálise, buscando identificar as áreas em que somos bons, que 
conseguimos atuar de forma eficiente e que sentimos prazer em fazê-
lo. Aqui cabe um gancho, para falarmos sobre vocação. 
 Todos nós temos tendências e aptidões inatas, que nada mais 
são do que o fruto das experiências acumuladas anteriormente pela 
nossa alma. Os próprios dicionários definem vocação como sendo 
uma “disposição natural do espírito, inclinação, propensão ou talento 
para qualquer estado, ofício, profissão, etc”. Assim, nós já trouxemos 
para essa vida algumas habilidades razoavelmente desenvolvidas, 
tais como inclinação para a música, para a culinária, para as artes, 
para as ciências, para a oratória, para a pintura, para cálculos 
matemáticos, para trabalhos manuais, para esportes, para a política, 
para atividades intelectuais, para a medicina, etc. 
Se olharmos com atenção à nossa volta, invariavelmente 
perceberemos pessoas manifestando um determinado dom desde a 
mais tenra idade. É comum nos depararmos com crianças precoces 
que tocam instrumentos musicais como adultos, outras que sabem 
mexer sozinhas em computadores e equipamentos eletrônicos 
sofisticados, que têm facilidade para escrever textos elaborados, que 
manifestam raciocínio lógico aguçado, que demonstram grande 
criatividade para inventos, que denotam notável senso de 
organização e limpeza, etc. Essas tendências inconscientessão um 
 19
bom indicativo daquilo que já fomos e para onde podemos prosseguir 
de forma natural. 
 Caso você ainda tenha dúvidas sobre quais são suas reais 
aptidões e potencialidades, hoje existem inúmeros testes vocacionais 
disponíveis na Internet, jornais e revistas, além da possibilidade de 
consulta a profissionais do ramo, que poderão nortear a escolha da 
profissão mais alinhada a seus dotes e características pessoais. 
 É lógico que você sempre será o senhor de suas decisões, tendo 
livre arbítrio para escolher um novo caminho a qualquer momento, 
fazer uma redefinição de rota e buscar novos conhecimentos e 
desafios, visando a uma formação cultural eclética, diversificada. 
Desbravar o novo sempre demanda maior energia, maiores 
sacrifícios, mas o mérito é também redobrado. 
 Eu gostaria apenas de alertá-lo para não confundir sonhos com 
vocações, muito menos impor para si sonhos e projetos que não são 
os genuinamente seus, mas sim de seus pais, familiares ou outras 
pessoas próximas. Sonhos são valiosos enquanto planificação de um 
objetivo maior, na busca de aprimoramento contínuo, enquanto meta 
que nos esforçamos por alcançar, impulsionando-nos à frente. 
Sonhos podem se tornar prejudiciais quando abandonamos o 
pragmatismo, o senso de realidade e os pés no chão, principalmente 
quando passamos a ambicionar algo muito distante sem que 
canalizemos nossos esforços para atingi-lo passo a passo. Se você 
não estiver efetivamente disposto a correr atrás dos seus sonhos, é 
melhor reavaliar a meta! Do contrário, quem você estará enganando? 
 
 
 
 20
Capítulo V 
DEFINIÇÃO DE METAS E AUTORREALIZAÇÃO 
 
De início, é interessante avaliarmos o ponto de vista de Charles 
Chaplin sobre o tema: 
“Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com 
paixão. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a 
quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso 
da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos 
daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos.” 
 
Nesse ponto, então, espero que você esteja consciente para 
discernir e escolher a melhor profissão a seguir, aquela que mais se 
encaixa com seu perfil, que você teria maior facilidade ou 
naturalidade para lidar no dia a dia, que o deixaria mais à vontade e 
feliz. Agora que você está definindo a sua meta, o alvo a ser atingido, 
você deve montar cuidadosamente as estratégias para chegar até lá: 
analise atentamente os requisitos exigidos pelo mercado para tal 
carreira e compare (honestamente) com suas qualificações pessoais; 
veja se será necessário complementar a sua escolaridade, se você 
terá que fazer algum novo curso técnico ou profissionalizante, se terá 
que desenvolver ou mesmo mudar seus padrões de comportamento, 
se será preciso fazer uma verdadeira reforma íntima, etc. Mãos à 
obra! 
Se você já está empregado, porém planeja mudar seus rumos, 
haja com prudência, sem tomar decisões precipitadas. Agora se você 
ainda está procurando emprego, não cometa o erro de esperar pela 
vaga perfeita, nem de querer começar por cima. O que importa, de 
fato, é iniciar sua vida profissional, primeiro passo para sua 
autossuficiência e independência financeira. Além disso, currículo com 
o campo Experiência Profissional em branco não traz vantagem 
competitiva para ninguém e pode até significar sinal de apatia, inércia 
ou comodismo por parte do candidato. 
Nesse sentido, durante meus trabalhos voluntários de 
orientação profissional, vi muitos casos de pessoas carentes, que 
estavam em busca de emprego, mas que se recusavam a aceitar 
determinadas oportunidades que surgiam por acharem que o salário 
era baixo, ou serviço era muito pesado, ou era abaixo de suas 
qualificações, ou que o patrão era muito exigente, ou que o local era 
distante, ou que os colegas eram invejosos, etc. Um pouco é sempre 
melhor do que nada e mais vale um passarinho na mão, do que dois 
voando. Não querer trocar seis por meia dúzia é compreensível, mas 
deixar de pegar um emprego que garanta um pouco para ficar parado 
em casa, sem renda e com contas para pagar, é um contrassenso! 
 Uma vez iniciada a sua vida profissional, você pode a qualquer 
momento trilhar novos caminhos, conforme discutido anteriormente. 
Além disso, é errônea a ideia de que a passagem por empregos 
 21
menos nobres pode manchar seu currículo, pois isso só evidencia sua 
responsabilidade, retidão de caráter e fibra, qualidades sempre 
meritórias de quem se esforça para se sustentar por meio das 
próprias pernas. 
 Vale frisar que a nossa trajetória profissional é bastante 
dinâmica e que estamos constantemente tentando conciliar nossos 
sonhos, com nossas habilidades e tendências naturais, com as 
oportunidades tangíveis do mercado e com o nosso sentimento de 
realização pessoal. 
 A fim de ilustrar como nossos parâmetros vão se modificando e 
amoldando ao longo do tempo, vou exemplificar com meu caso 
pessoal, destacando as várias guinadas ocorridas: quando criança, eu 
era fascinado por naves e robôs e, como diziam que o Engenheiro 
Eletrônico é quem criava tais coisas, era isso que eu pretendia ser 
quando crescesse; na pré-adolescência, comecei a virar fã de 
esportes e cheguei a acreditar que eu poderia ser Jogador de 
Basquete tal qual os astros que eu acompanha nas quadras e na 
televisão; durante o colegial, percebi que minha estatura mediana e 
habilidades triviais não me permitiriam um diferencial favorável no 
Basquete Profissional, sendo melhor eu me dedicar aos estudos, em 
que eu costumava ter um desempenho relativamente destacado; 
como todo rapaz, fui pegando gosto por automóveis e, como eu me 
identificava com as disciplinas da área de Exatas (Física, Matemática 
e Química), resolvi prestar vestibular para a carreira de Engenheiro 
Mecânico; ao final do curso de Engenharia, comecei a estagiar numa 
indústria de autopeças e já senti a dificuldade de me sobressair 
naquele ambiente populoso e disputado do ramo automobilístico; 
meu primeiro grande emprego foi então numa multinacional do setor 
de embalagens; trabalhei por vários anos num setor corporativo de 
investimentos e apoio técnico às unidades fabris do grupo; durante 
esse período, fiz pós-graduação em Administração de Empresas como 
preparativo para cargos mais elevados na estrutura organizacional; 
nesse sentido, mudei daquela atividade eminentemente técnica para 
um cargo de comando na gerência operacional do chão de fábrica, 
vivenciando agitados anos, principalmente no tocante à gestão de 
centenas de funcionários de diversos setores produtivos; concluí 
então que precisaria dar novos rumos à minha vida profissional, já 
que vinha me desgastando muito ao executar atividades com 
demandas não condizentes com minhas melhores qualidades e 
aptidões naturais; analisando minuciosamente minhas características 
pessoais frente as diversas oportunidades do mercado de trabalho, 
resolvi finalmente aprender Contabilidade, Direito e demais matérias 
correlatas para poder me tornar Auditor-Fiscal, trabalho cuja 
natureza técnica e investigativa se encaixa perfeitamente com meu 
perfil e tem me proporcionado a tão desejada segurança e realização 
pessoal. 
 22
 Falando de autorrealização, é oportuno comentarmos a 
hierarquia de necessidades definida pelo psicólogo Abraham Maslow, 
que dizia que “o ser humano deve ser tudo aquilo que puder ser; 
deve ser verdadeiro com sua própria natureza”. Segundo sua teoria, 
as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis: 
primeiro vêm as necessidades fisiológicas (ar, água, comida, 
excreções, sono, sexo), que constituem a base da pirâmide de 
necessidades idealizada por Maslow; logo acima, vêm as 
necessidades de segurança (proteção, moradia, saúde, família, 
emprego, religião); subindo na escala,aparecem as necessidades 
sociais (amizade, afeto, amor, sentimento de grupo, integração na 
comunidade); o penúltimo nível é o das necessidades de estima 
(reconhecimento, aprovação, respeito, status, poder, prestígio); 
finalmente, no cume da pirâmide, surge a necessidade de 
autorrealização, em que o indivíduo procura desenvolver todos os 
seus potenciais e tornar-se tudo aquilo que pode ser segundo seu 
senso de moralidade. 
 Ao terminar esse capítulo, transcrevo uma receita de bem viver 
definida por Lair Ribeiro: “Sucesso é conseguir o que você quer. 
Felicidade é querer o que você conseguiu”. 
 23
Capítulo VI 
COMO SURGE UMA VAGA E SEUS PRÉ-REQUISITOS 
 
 Agora que você já está formando convicção de qual caminho 
seguir, é interessante abordarmos como as vagas pretendidas podem 
surgir e ter uma ideia de como os empregadores definem o perfil 
ideal do candidato a ser contratado. 
 
 As vagas aparecem basicamente de 3 formas: 
• Abertura de novas vagas, geradas quando se cria uma 
empresa, um setor, ou cargo, ou ainda se amplia o 
quantitativo do efetivo frente a maior demanda de trabalho; 
• Vacância de cargo pré-existente, por promoção do último 
ocupante, aposentadoria, afastamento por doença ou 
invalidez, ou falecimento; 
• Demissão ou exoneração do último ocupante do cargo. 
 
Obviamente, dentre as situações acima, a última é a que mais 
causa apreensão para os futuros candidatos, pois induz a pensar que 
existia uma premente demanda que não vinha sendo atendida 
satisfatoriamente. Isso é sinal de que poderá haver grandes 
expectativas e fortes cobranças. É lógico que a vaga pode ter surgido 
por mero pedido de demissão por parte do antigo funcionário, porém, 
por precaução, é melhor estarmos preparados para tudo. 
O caso da vacância é aparentemente o mais tranquilo, 
principalmente quando sabemos que nosso antecessor saiu por 
promoção, o que indica que a empresa tem reais perspectivas de 
carreira para seus colaboradores. Um único cuidado que eu gostaria 
de recomendar aqui é o seguinte: quando você está vindo de fora 
para assumir um cargo mais graduado (e cobiçado) na nova 
organização, tenha muito jogo de cintura para lidar com os ciúmes e 
maus olhos de antigos funcionários que ambicionavam ocupar o cargo 
em questão e foram preteridos pela atual administração, pois 
poderão tentar “puxar o seu tapete”. 
Por último, as vagas recém-criadas apresentam a vantagem de 
poderem ser moldadas à cara do novo ocupante, que terá boa 
flexibilidade para impor uma linha de atuação mais próxima de suas 
preferências e inclinações naturais. A desvantagem é que nem o seu 
chefe saberá direito o que esperar de você e sua avaliação de 
desempenho poderá se tornar muito subjetiva, caso suas atribuições 
estejam vagas ou abstratas. Eu mesmo experimentei essa situação 
durante meu primeiro contato na indústria: ainda muito inexperiente, 
assumi a primeira vaga de estagiário criada no setor de Engenharia 
da Qualidade, porém não fui suficientemente hábil para demarcar 
meus espaços e me tornar um membro imprescindível para o 
departamento, acabando por não conseguir ser efetivado como 
Engenheiro ao final da faculdade. Hoje avalio que situações daquele 
 24
tipo podem ser plenamente resolvidas com base na postura 
comportamental, mostrando-se iniciativa e personalidade. 
 
Vamos agora simular a abertura de uma vaga e a definição de 
seus requisitos através de um caso hipotético. Para que você sinta na 
pele alguns problemas e complicações que são enfrentados pelos 
patrões, chefes ou demais cargos de comando e entender o que 
passa na cabeça deles na hora de contratar alguém, vamos pensar 
numa empresa comercial bastante comum e conhecida por todos: um 
supermercado. 
 A fim de nos situar, vamos primeiramente tentar identificar os 
departamentos e tipos de emprego que podem existir num 
supermercado: na Entrada e Estacionamento, normalmente há o 
pessoal de segurança e às vezes até manobristas para os 
automóveis; na Padaria, temos os padeiros especializados, 
confeiteiros e auxiliares; no Açougue há os mestres de corte das 
carnes e também seus auxiliares; no Recebimento ou Almoxarifado 
temos os conferentes das mercadorias que chegam e os funcionários 
que fazem a descarga dos caminhões; no Controle de Estoque, há os 
repositores de produtos nas prateleiras e os remarcadores de preços 
nas etiquetas ou gôndolas; nas Lanchonetes, temos cozinheiros e 
ajudantes; nos Caixas, há os operadores de caixa e os 
empacotadores de produtos; em Suprimentos, temos os compradores 
técnicos e negociadores com fornecedores em geral; em Custos, 
temos contadores e analistas; na Manutenção, encontram-se os 
especialistas em Mecânica, Elétrica e Civil; na Conservação e 
Limpeza, sempre existem faxineiras e ajudantes gerais; na 
Administração, temos ainda os encarregados de setor, supervisores e 
gerentes. Lembre agora que todas essas funções devem ser 
harmonicamente distribuídas em turnos de trabalho que cubram as 
24 horas diárias. 
Bem, é muito provável que ainda tenhamos esquecido alguma 
atividade essencial ao cotidiano de um supermercado (eu 
particularmente só conheço o ramo dos supermercados como 
consumidor), mas acredito que você já possa estar surpreso quanto à 
quantidade e diversidade dos empregos existentes: a maior parte dos 
funcionários a gente nem vê quando vai às compras! 
Com o contexto geral um pouco mais claro na nossa mente, 
vamos imaginar agora que você, leitor, é o Encarregado dos setores 
de Caixas, Açougue e Padaria, e comanda um grupo de 38 
funcionários, somando-se os turnos da manhã, tarde e noite. As 
atribuições e competências de cada cargo variam bastante e, por 
conta disso, os respectivos salários também são diferentes 
(inventamos salários na unidade de moedas por mês, só para fins de 
referência e comparação). Sua equipe está assim distribuída: 
 
 25
Salário do Cargo
(em moedas/mês) 1º Turno 2º Turno 3º Turno Total
Caixas
Operador de Caixa 1.000,00 6 6 4 16
Empacotador 400,00 3 3 2 8
Subtotal 9 9 6 24
Açougue
Açougueiro Mestre 800,00 1 1 1 3
Auxiliar de Açougueiro 600,00 1 1 2
Ajudante Geral 400,00 1 1 1 3
Subtotal 3 3 2 8
Padaria
Padeiro-Confeiteiro 700,00 1 1 1 3
Ajudante Geral 400,00 2 1 3
Subtotal 3 2 1 6
TOTAL 15 14 9 38
Quantidade de Funcionários
 
 
A premissa que sempre acontece é que o número de 
funcionários de que você dispõe é até um pouco inferior à demanda 
de serviços a serem realizados, porém, por racionamento de custos, é 
com isso que sua equipe tem que se virar no momento. 
Agora vamos começar a tratar dos problemas do dia a dia: 
1º) Francisco, seu auxiliar de açougueiro no turno da manhã, 
que você vinha treinando para substituir o açougueiro mestre que vai 
se aposentar em breve, recebeu uma tentadora proposta para 
trabalhar num açougue de seu próprio bairro com salário mensal de 
900 moedas. Ele vem avisar você que deixará o supermercado, caso 
não seja promovido agora para açougueiro titular, logicamente com 
aquele de 900 moedas por mês. O que você faz? Vai perder o 
substituto virtual para o titular que está prestes a se aposentar? Você 
então tenta argumentar com Francisco, explica que no momento as 3 
vagas de açougueiro (1 por turno) estão ocupadas, mas que sua vez 
deverá surgir num futuro muito próximo. O rapaz retruca, lembra que 
hoje está ganhando apenas 600 moedas, tem chance de ganhar 900 
em outro lugar e você está tentando convencê-lo a esperar por mais 
tempo, para atingir no máximo as 800 moedas no supermercado. Ele 
então lhe pergunta que “vantagem Maria leva”? Você destaca as 
perspectivas de crescimento em outros departamentos da loja e diz 
ainda que vai ver o que pode ser feito coma Gerência. O Gerente 
(seu chefe) frisa que não pode mudar a política salarial da empresa 
para agradar um determinado funcionário com expectativas acima 
das usuais de mercado; alerta-o ainda que, caso Francisco esteja 
irredutível, a demissão deve acontecer a pedido dele e não por 
iniciativa da empresa (para não ensejar multa sobre o saldo de seu 
FGTS). Bem, a novela ainda poderia ir longe, mas vamos assumir que 
o desfecho foi que o rapaz realmente pediu demissão e você ficou 
com um auxiliar a menos no turno da manhã do açougue. Como 
 26
paliativo, você pôs o ajudante geral do setor para fazer às vezes do 
auxiliar de açougueiro que saiu, pagando o devido salário substituição 
(num resumo simplório, a Consolidação das Leis Trabalhistas- CLT 
preconiza que o substituto tem direito a receber o mesmo salário do 
empregado substituído). No quadro geral, surgiu então uma vaga de 
ajudante a ser reposta, conforme abaixo: 
 
1º Turno 2º Turno 3º Turno Total
Açougue
Açougueiro Mestre 1 1 1 3
Auxiliar de Açougueiro X 1 1
Ajudante Geral 1 1 1 3
Subtotal 2 3 2 7
Quantidade de Funcionários
 
 
2º) Malaquias, o padeiro que trabalha sozinho no terceiro turno, 
voltou a tomar suas cachaças e, consequentemente, a apresentar 
problemas. Dessa vez, ele deixou queimar uma fornada inteira de pão 
de centeio e ainda xingou um cliente que havia reclamado a falta do 
referido produto. O que você faz com o cara? Aquela ideia de 
transferi-lo para um turno diurno – para ficar sob seus olhos – ele 
continua relutando a aceitar, pois alega que perderia o adicional 
noturno na sua remuneração já “insuficiente”. Parece que ele nunca 
se emenda, mesmo após suas broncas. Você vai passar mais uma vez 
a mão na cabeça dele, tendo que se justificar pessoalmente com o 
gerente geral quanto às perdas e reclamações causadas por 
funcionários da sua equipe? Você resolve dar um basta e demite 
Malaquias. Vai ficar sem pães à noite? Não, tem de haver alguém no 
terceiro turno. Assim, você decide transferir o experiente padeiro da 
manhã para o turno da noite. Quem vai fazer os pães de manhã? Um 
dos dois ajudantes do 1º turno será elevado à condição de padeiro, 
sendo auxiliado pelo outro colega. Será que os novatos darão conta 
do recado, justamente no horário de maior demanda na Padaria? 
Bem, você percebe que vai precisar acompanhar bem de perto o 
cotidiano desse remanejamento, que estará sujeito a reajustes. 
Surge mais uma vaga de ajudante, conforme o novo quadro do setor: 
 
1º 2º 3º Total
Padaria
Padeiro-Confeiteiro 1 1 X 2
Ajudante Geral 2 1 3
Subtotal 3 2 0 5
Funcionários por Turno
 
 
3º) Isabel, sua melhor operadora de caixa no turno da manhã 
está no final de gravidez e vai se afastar por 4 meses em licença-
maternidade. Você não consegue vislumbrar nenhum substituto 
imediato para a moça dentro da sua equipe, muito menos no setor de 
Caixas, onde existe grande discrepância entre as funções de operador 
 27
de caixa (cargo de confiança com razoável nível intelectual) e 
empacotador (piso da categoria). Você pensa então em emprestar 
temporariamente a auxiliar de contabilidade do setor de Custos, 
porém, ao saber que ela ganha 30% a mais do que suas operadoras 
de caixa, você é levado a abandonar essa alternativa para não abrir 
precedentes para eventual pedido de equiparação salarial entre os 
citados cargos. Diante desse contexto, você leva o caso à apreciação 
de seu superior, recomendando a contratação temporária de uma 
nova operadora de caixa. Resultado: o gerente nega seu pedido e 
ainda lhe dá um “puxão de orelhas”, dizendo que você deve planejar 
e administrar melhor seu pessoal, que ele não iria autorizar a entrada 
de gente de fora para um cargo essencial e de confiança dentro da 
estrutura da empresa só porque você não havia sido capaz de treinar 
e desenvolver seus funcionários para serem polivalentes, ou seja, 
versáteis e eficientes em diferentes posições. Depois dessa, você 
“enfia a viola no saco” e vai expor às demais operadoras do 1º turno 
a necessidade de maior dedicação enquanto durar o afastamento de 
Isabel. Uma delas lhe pergunta por que não dar uma oportunidade 
para Marieta (uma empacotadora que havia sido contratada segundo 
a recente exigência de possuir 2º Grau completo), que vinha se 
sobressaindo no trabalho por ser muito atenciosa e educada no trato 
com os clientes, além de ter fama de ser ótima em Matemática. 
Assim, você acata a sugestão de seu grupo, coloca Marieta 
temporariamente como operadora de caixa, ao mesmo tempo em que 
se abre uma nova vaga de empacotadora. 
 
1º Turno 2º Turno 3º Turno Total
Caixas
Operador de Caixa 5 6 4 15
Empacotador 3 3 2 8
Subtotal 8 9 6 23
Quantidade de Funcionários
 
 
 4º) Pedro e Paulo, empacotadores do turno da tarde que já 
haviam sido advertidos anteriormente por se ausentarem do local de 
trabalho para bater papo com colegas de outros setores durante o 
expediente de serviço, agora brigaram em frente aos fregueses do 
supermercado porque um falou mal da namorada do outro. Você, já 
bastante irritado com tais desvios de comportamento, demite os 
rapazes sumariamente, abrindo-se mais 2 vagas para empacotador 
no 2º turno dos Caixas: 
 
1º Turno 2º Turno 3º Turno Total
Caixas
Operador de Caixa 5 6 4 15
Empacotador 3 1 2 6
Subtotal 8 7 6 21
Quantidade de Funcionários
 
 
 28
E então, você gostou de ser chefe por alguns instantes? 
Realmente a vida nos cargos de comando não é tão agradável e 
glamorosa como costumamos imaginar. A toda hora surge um 
abacaxi na sua mão que deve ser descascado sem demora, sob pena 
das coisas se agravarem. 
 Após as simulações de experiências acima, você já deve ter 
notado que as questões administrativas são bastante dinâmicas e não 
possuem uma solução única, de tal modo que a tomada de decisão 
por parte do administrador acaba se baseando na análise das 
circunstâncias atuais, perspectivas futuras e bom senso. 
Outra conclusão muito importante é que o sonho de qualquer 
empregador é ter funcionários-coringa, que não só tenham as 
qualificações para exercer o cargo para o qual inicialmente foram 
contratados, mas que também possam assumir outras atribuições tão 
logo isso seja necessário. Assim, quando o bom administrador vai 
definir o perfil ideal e exigências para preenchimento de uma 
determinada vaga, ele está pensando à frente, nos prováveis 
remanejamentos, acumulações de cargo e promoções que 
acontecerão no futuro. 
É pelas razões acima e pelo fato de normalmente haver muito 
mais oferta de mão de obra qualificada do que demanda (muita gente 
boa desempregada) que as empresas “carregam” nos pré-requisitos 
para cada vaga aberta: a escolaridade exigida é cada vez maior, 
experiência na função passa a ser fator decisivo, cursos de 
Informática, de tecnologia e de línguas são mais do que desejáveis, 
características pessoais de flexibilidade, iniciativa, espírito de equipe 
e polivalência são extremamente valorizadas, etc. 
É por isso tudo também que o trabalhador deve estar 
constantemente aprendendo e se reciclando ante as novas práticas 
do mercado a fim de manter sua empregabilidade. Quem estaciona é 
atropelado pelo turbilhão de inovações, uma vez que o mundo atual 
da competição globalizada vive no ritmo das comunicações 
instantâneas e exige melhorias contínuas. 
 
 29
Capítulo VII 
PROCESSO SELETIVO 
 
A) Currículo 
O curriculum vitae consiste no resumo das qualificações, 
habilidades e experiências profissionais de um aspirante a emprego, 
isto é, seu instrumento de apresentação ou “cartão de visita”. Ainda 
que sua estrutura de informações seja costumeiramente padronizada, 
seu conteúdo, as ênfases dadas e o estilo de linguagem permitem 
conhecer alguns traços da personalidade de seu dono, mesmo que 
suas características pessoais não estejam ostensivamenteapresentadas. 
A elaboração do currículo pelo candidato até sua efetiva 
entrega ao contratante ou selecionador constitui a primeira fase da 
esmagadora maioria dos processos seletivos, conforme já abordado 
no quadro de oportunidades de trabalho. Assim, algumas implicações 
desse fato merecem ser exaustivamente comentadas. 
A primeira e mais óbvia é que você simplesmente não existe 
para nenhum selecionador ou empregador (e por isso nunca será 
contratado) até que você consiga fazer seu currículo efetivamente 
chegar às mãos dele. Cabe um esclarecimento quanto ao enfoque 
dado às palavras utilizadas no presente contexto: quando nos 
referimos ao empregador, estamos simbolizando a pessoa ou 
empresa que detém uma vaga a ser preenchida e que vai conduzir 
por si mesma todas as etapas do processo seletivo; o termo 
selecionador representa o recrutador terceirizado ou agência de 
emprego normalmente contratada pelo empregador para conduzir as 
primeiras peneiras da seleção. Em ambos os casos, sua missão é 
fazer seus dados chegarem até a pessoa certa, quer seja através de 
envio do currículo pelo correio, via Internet, entrega em mãos ou por 
meio de algum amigo que já esteja trabalhando lá. Se o empregador 
for uma empresa que não esteja aceitando currículos no momento, 
você pode ainda ir até o local e se oferecer para o simples 
preenchimento de uma ficha cadastral, ou ao menos preencher a tal 
ficha no site da empresa na Internet. O importante nessas horas é 
demonstrar interesse e empenho para tentar cativar o potencial 
patrão. 
Hoje os currículos enviados por meio de arquivo digital são 
muito mais fáceis de serem armazenados e mantidos pelos 
empregadores para posterior consulta; por isso, convém enviar o 
currículo tanto impresso em meio papel quanto em formato digital 
(CD ou anexo a uma mensagem eletrônica). Aliás, antes de remetê-
lo, é prudente pedir a alguém de sua confiança que revise o texto, 
não só para corrigir eventuais erros de Português, mas também para 
avaliar se as frases estão claras e refletem o sentido que você quis 
dar. Nesse ponto, seja humilde aceitando críticas e sugestões. 
 30
O segundo ponto de destaque é que precisamos estar sempre 
muito bem informados quanto às oportunidades do mercado de 
trabalho que vão surgindo, a fim de conseguirmos enviar nosso 
currículo dentro do prazo estipulado. Precisamos estar bastante 
atentos quanto às empresas que estão com vagas abertas, os 
principais requisitos exigidos, os ramos de atividade que mais têm 
contratado nos últimos tempos, onde se pagam os melhores salários 
e benefícios, quais as principais firmas na composição do faturamento 
da região, em que setores os sindicatos são mais atuantes, quais as 
novas tendências do mercado, etc. 
O despreparo dos candidatos em relação a informações 
estratégicas da vida profissional é muito mais comum do que se 
imagina. Como testemunho, eu mesmo reconheço hoje que 
desconhecia a maior parte das excelentes oportunidades de trabalho 
existentes na minha região à época da minha formatura em 
Engenharia Mecânica (quando cheguei a ficar desempregado por 
longos 7 meses): eu não tinha noção do poderio econômico do 
parque industrial local em relação ao contexto estadual e 
simplesmente nunca tinha ouvido falar de inúmeras empresas 
tradicionais de médio e grande porte situadas na minha cidade e 
adjacências dentro do meu campo de atuação. 
Considerando os recursos de mídia atuais, com uma imensa 
variedade de jornais, revistas especializadas, TVs regionais e com o 
advento da Internet, sem falar no balcão de empregos disponível no 
Posto de Atendimento ao Trabalhador - PAT existente em muitas 
cidades, hoje mais do que nunca é inadmissível que um candidato 
permaneça alienado ou alheio ao que acontece a sua volta. Nesse 
sentido, infelizmente ainda encontro candidatos que nunca abriram 
ou mesmo nem sabem o que é um Caderno de Classificados de 
Empregos e outros que não têm ânimo (ou boa vontade) para sair 
distribuindo seu currículo pelos quatro cantos. Desse jeito fica muito 
difícil a efetivação num emprego, a não ser que alguma alma caridosa 
venha oferecê-lo à sua porta! 
Outra questão que talvez já lhe tenha saltado à mente é que 
seu currículo deve estar previamente pronto, devidamente atualizado 
e com um número razoável de cópias à sua disposição, porque 
geralmente não existe muito tempo hábil entre a notícia da abertura 
de uma vaga e o prazo final para envio de seus dados. Deixar tudo 
para a última hora é um grande passo na direção da perda da 
oportunidade, ou ainda de envio de dados desatualizados ou até 
inconsistentes (o que tem vida curta). O ideal é manter seu currículo 
em arquivo de computador para que possa ser alterado, anexado a e-
mails ou impresso a qualquer necessidade. 
Conforme eu já havia comentado anteriormente, o exercício de 
se elaborar ou atualizar um curriculum vitae é um momento muito 
importante na sua vida profissional, pois é aí que você enxerga se 
tem mesmo “bala na agulha”, isto é, competências, habilidades, 
talentos, conhecimentos, enfim, as qualificações necessárias e 
 31
suficientes para torná-lo atrativo ao mercado. Dito de outra forma, 
esse é o momento da constatação prática de sua empregabilidade. A 
essa altura, se você estiver procedendo a sua autoanálise de maneira 
criteriosa e honesta, muito provavelmente suas reflexões o levarão à 
conclusão da necessidade de retomar os estudos, concluindo os anos 
escolares eventualmente faltantes, de fazer uma (nova) faculdade, 
pós-graduação, mestrado, doutorado ou MBA (sigla, em Inglês, para 
Master in Business Administration, ou, em Português, Mestre em 
Administração de Negócios), de se inscrever num curso de idiomas 
(Inglês, Espanhol, Alemão, Japonês, etc), em treinamentos 
técnicos/profissionalizantes dentro da área de atuação pretendida, 
em cursos de Informática (indispensáveis atualmente), de rever 
alguns pontos de vista e posturas até então adotadas. Em última 
análise, você perceberá que nunca poderá ficar parado no tempo, 
porque no mundo competitivo de hoje só sobrevivem aqueles que 
estão continuamente se reciclando e atualizando. Aos demais, 
sobram os baixos salários ou o desemprego. 
A confrontação do nosso currículo, ante o perfil exigido nas 
vagas que vão surgindo nos classificados de emprego, leva-nos ainda 
à constatação de que uma formação profissional mais generalista, 
eclética, diversificada, é normalmente mais eficaz do que a alta 
especialização num determinado assunto. É a eterna problemática de 
se depositar todos os ovos na mesma cesta, pois o risco de se perder 
tudo acaba ficando muito alto. Em outras palavras, você pode 
descobrir um nicho de mercado, virar um grande especialista no 
assunto e ganhar bastante dinheiro com isso por vários anos; o ruim 
é que, quando a maré piora e você perde aquele tipo de emprego de 
âmbito restrito, você enfrenta muitas dificuldades em se recolocar 
nos mesmos patamares anteriores, acabando obrigado a mudar de 
ramo e muitas vezes tendo que partir do zero (tudo de novo). 
Outro complicador a ser debatido é que não basta seu currículo 
chegar às mãos certas: ele tem, acima de tudo, que ser interessante 
e atraente a ponto de colocá-lo positivamente em evidência aos olhos 
do empregador frente os demais aspirantes ao cargo. É que, 
primeiramente, seu currículo tem que vencer o cotejamento no 
esquema Passa x Não Passa entre suas qualidades apresentadas e os 
Requisitos Obrigatórios estabelecidos para a vaga (exemplos: idade 
mínima e/ou máxima, formação escolar até determinado grau, ser 
casado, morar na região tal, possuir conhecimentos avançados em 
Informática, etc). Se você não possui uma das exigências 
obrigatórias, seu currículo já é imediatamente descartado. Embora 
alguns selecionadores gentilmente prometam que ele vai ficar 
mantido em arquivo para futurasconsultas, isso na prática só 
acontece para dados digitais: os papéis vão impiedosamente para o 
lixo. 
Só que nem todos os currículos que satisfazem a primeira 
peneira serão chamados para entrevista ou novos testes, porque aí o 
número de participantes já deve ser bem mais limitado (3, 5, ou um 
 32
pouco mais, dependendo do total de pessoas a serem contratadas). 
Ilustrando com um processo seletivo hipotético, digamos então que, 
de um universo de 300 currículos recebidos, 54 candidatos satisfazem 
as exigências essenciais; porém apenas 6 poderão ser chamados para 
entrevistas, até finalmente se chegar aos escolhidos para as 2 vagas 
existentes. Como ficar entre os 6 melhores dentre os 54 pré-
aprovados? É hora então de se destacar, diferenciar dos demais 
através do preenchimento dos Requisitos Desejáveis (por exemplo: 
experiência de tantos anos no ramo, Inglês fluente, pós-graduação ou 
especialização em determinado assunto, disponibilidade para viagens, 
boa aparência, facilidade de comunicação verbal, etc). 
Perceba que pequenas qualidades passam a ser decisivas nessa 
etapa para tirá-lo do lugar comum e colocá-lo em evidência para sua 
continuação no processo de seleção. É por isso que seu currículo deve 
explicitar claramente tudo de bom que você pode oferecer para o 
trabalho pretendido. Qualquer informação relevante a seu favor deve 
ser incluída, porém não perca a noção do bom senso: evite fazer o 
selecionador perder tempo com dados de pouca importância nessa 
fase, nem “encha linguiça”. O currículo deve ser objetivo, refletindo 
as melhores características do candidato de maneira clara e enxuta. 
Seu conteúdo não deve ocupar mais do que duas páginas, mesmo 
para profissionais com vasta experiência e qualificações profissionais. 
Neste caso, deve-se resumir as informações em termos de 
relevância, sintetizando aquelas de maior impacto. 
 
Podemos então falar da estrutura básica de um currículo, que é 
muito parecida com a de uma ficha cadastral: a diferença básica 
entre eles é que a ficha cadastral tem formato pré-definido e 
direcionado às informações específicas de interesse da empresa, 
sendo normalmente mais resumida do que um currículo, onde se tem 
mais liberdade no desenvolvimento do conteúdo (dá para se 
aprofundar mais um determinado item e citar outros pontos 
interessantes não perguntados ou sem campo para citação numa 
ficha). A estrutura universalmente utilizada contempla os seguintes 
campos principais: 
 
1. IDENTIFIFICAÇÃO: seu nome inteiro e sem abreviações, data 
de nascimento com o destaque da idade atual (para que o 
selecionador não tenha que fazer contas), estado civil (casado, 
solteiro, viúvo, número de filhos, etc), endereço completo (incluindo 
o CEP), números de telefone fixo e/ou celular e endereços eletrônicos 
(e-mails) atualizados, onde positivamente se consiga fazer contato 
com você; muita atenção nesse ponto porque, do contrário, você 
pode ter a sorte de ser procurado, mas o azar de não ser localizado 
e, portanto, descartado. Antigamente se informavam também os 
números de RG, CPF, carteira profissional e outras banalidades que 
hoje só são solicitados no caso de efetiva contratação, pois não 
constituem diferencial durante o processo seletivo (além das 
 33
formalidades burocráticas, acho que só servem para pesquisa de 
eventuais antecedentes criminais, restrições de crédito e processos 
trabalhistas). 
 
2. OBJETIVO: é o alvo que você está buscando alcançar, 
podendo se referir ao cargo propriamente dito (ex: Técnico de 
Segurança do Trabalho, Gerente de Loja, Operador de 
Telemarketing), ou à área de atuação pretendida (ex: setor de 
Vendas, Administrativo, Comércio Varejista, etc). Tenho visto que os 
profissionais que atuam na área de Recursos Humanos (hoje também 
chamada de Gestão de Pessoas) costumam recomendar a inclusão 
desse item num currículo, pois facilita a vida do selecionador em 
termos de triagem e direcionamento dos incontáveis dados recebidos. 
Entretanto, é bom que se diga, esse tópico requer alguns cuidados 
por parte do candidato: o primeiro e mais óbvio é que você terá que 
revisar seu currículo original (matriz) a cada vez que quiser enviá-lo, 
adaptando-o ao caso particular da nova vaga anunciada; o segundo é 
a conscientização de que, toda vez que você especifica o cargo ou 
área de interesse, você automaticamente está se excluindo de outras 
oportunidades eventualmente existentes. Considerando esse caráter 
restritivo, para quem está começando sua vida profissional sem 
carreira definida e topando qualquer trabalho, acredito que o campo 
Objetivo deva ser omitido ou, quando muito, colocado de maneira 
genérica e mais abrangente possível. 
 
3. FORMAÇÃO ESCOLAR E ACADÊMICA: indicação de todos os 
estudos em andamento ou já concluídos nos bancos escolares, nas 
faculdades ou universidades, as pós-graduações, os cursos de 
especialização, mestrado, doutorado e MBA. É evidente que esse 
campo do currículo já começa possibilitar ao selecionador a separação 
do joio e do trigo em termos qualitativos, pois até a Identificação só 
dava para filtrar por idade, sexo, estado civil e local de moradia. Por 
isso, nesse ponto você deve não só preencher os requisitos mínimos 
da vaga, mas também demonstrar algo a mais. Se a sua formação é 
fraca e você ainda está parado com os estudos, sua bola está 
murchando! 
Para quem só tem o Ensino Fundamental ou Médio, convém 
identificar claramente a última série concluída, ou que atualmente 
está sendo cursada com o respectivo horário de aulas (exemplos: 
cursando a 3ª. série do Segundo Grau no período noturno, concluída 
até a 7ª. série do Ensino Fundamental). 
Aqueles que já alcançaram o nível Superior não precisam 
mencionar os dados escolares (pois estão subentendidos), mas 
devem certamente explicitar cada curso de graduação ou posterior 
(ex: graduação em Engenharia Mecânica, pós-graduação em 
Administração de Empresas, especialização em Enfermagem, etc), o 
nome da instituição de ensino (ex: Universidade Estadual de São 
Paulo – USP) e mês/ano de conclusão ou colação de grau (se o curso 
 34
está em andamento, indique o ano, semestre ou módulo em que se 
encontra no momento). 
 
4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: é o resumo de todas as 
atividades de trabalho já desenvolvidas pelo candidato, com 
detalhamento de cada empresa empregadora, período de atuação, 
cargos ocupados, as respectivas tarefas exercidas e principais 
resultados obtidos. Em regra, essa listagem deve ser feita em ordem 
cronológica decrescente: começa com o emprego mais recente e vai 
voltando no tempo até o mais antigo (essa prioridade pressupõe que 
você foi se desenvolvendo ao longo dos anos, passando a 
desempenhar atividades cada vez mais complexas, e que sua 
situação atual é a que melhor reflete suas capacidades). Exemplo: 
• Indústria Alfa S/A (de set/20XX até hoje) – empresa 
multinacional de origem alemã no ramo de eletroeletrônicos, 
com cerca de XXX colaboradores, situada em Três Coquinhos 
da Serra (SP). 
Cargos Ocupados: Gerente de Manutenção (jul/20XX até 
hoje) e Engenheiro Eletricista (de set/20XX a jul/20XX). 
Principais Atividades: gerenciamento das equipes de Elétrica, 
Mecânica e Civil, estabelecimento e coordenação do 
programa de manutenções preventivas, controle da 
requisição de peças em geral, pesquisa e implantação de 
novas tecnologias, fortalecimento da relação entre clientes e 
fornecedores internos. 
Resultados Obtidos: redução de XX% nos custos de 
manutenção, diminuição em XX% das paradas de máquinas 
para intervenções corretivas, redução de horas extras. 
 
Dentro desse contexto, pode parecer que o período trabalhado 
em cada cargo ou empresa é pouco importante diante das atividades 
exercidas e resultados obtidos, porém os selecionadores adoram 
analisar essa informação, pois ela reflete o

Continue navegando

Outros materiais