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1 DINÂMICA ATMOSFÉRICA FIGURAS DE CONTROLE DO TEMPO NA AMÉRICA DO SUL I - INDÍVIDUOS ISOBÁRICOS São sete os principais indivíduos isobáricos: 1. Anticiclones semifixos oceânicos (Atlântico e Pacífico) 2. Anticiclone permanente dos Açores. 3. Anticiclone migratório Polar. 4. Depressão do Chaco. 5. Depressão do Mar de Weddel 6. Depressão equatorial: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) Os anticiclones permanentes e os semifixos oceânicos são os centros de ação por excelência, da circulação sul americana. São centros de ação de origem dinâmica, positivos, associados à faixa de altas pressões subtropicais do hemisfério sul. Ora se aproximam do continente, bem como oscilam em latitude aproximadamente entre 23°S (inverno) e 32° S (verão). Os dois centros de divergência atmosférica dos anticiclones semifixos (o do Atlântico e o do Pacífico) constituem as fontes das principais massas de ar tropicais marítimas. O do Atlântico afeta de modo especial o Brasil, uma vez que pelo sentido anti-horário da emissão, tende sempre a avançar sobre o território brasileiro, onde não encontra nenhum obstáculo de relevo significativo. Já no Pacífico, além da tendência de se afastar do continente, pela mesma razão, quando se aproxima deste, tem sua propagação para o interior, barrada pela cordilheira dos Andes. O anticiclone permanente dos Açores corresponde, no Atlântico Norte, às altas subtropicais do hemisfério norte e, embora esteja muito afastado, interfere na circulação de nosso continente. Durante o inverno do hemisfério norte, ele desloca-se para o sul e produz os alísios de Nordeste, que afetam a porção oriental da América do Sul. O anticiclone migratório polar cria-se graças ao acúmulo de ar frio oriundo dos turbilhões polares sobre os oceanos nas latitudes subpolares. Este anticiclone migra para o 2 norte, no sentido do equador, avançando através do corredor das planícies interiores que dão acesso à Amazônia, indo atingir, comumente, latitudes de 10 S e até mais baixas. Alí vai produzir o conhecido fenômeno da friagem. Na realidade, a trajetória do anticiclone migratório polar ocorre em três espaços: pelas planícies interiores, pelo litoral atlântico e pelo litoral pacífico. Sobre o litoral ele se bifurca desde a origem, em dois grandes ramos, por obra da Cordilheira dos Andes, pelas vertentes atlântica e pacífica. Não raro se define mais no litoral atlântico. Quando o ar polar pacífico extravasa por sobre a parte meridional menos elevada dos Andes, para a Patagônia, reforça-o, avançando de forma muito mais vigorosa, até atingir latitudes quase equatoriais. Tal avanço é responsável pelas chuvas de outono-inverno no litoral Nordeste do Brasil. Por conta dessa bifurcação originam-se as massas de ar Polar Atlântica e Polar Pacífica. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) constituída pela grande Depressão Equatorial tem uma atuação particularmente definida sobre os oceanos, entre as células anticiclonais dos dois hemisférios e o cinturão de "doldruns”, freqüentemente localizados sobre a Amazônia Ocidental, resultado do enfraquecimento na convergência dos ventos alísios de NE e SE. Este sistema de baixa pressão equatorial, sujeito às variações sazonais de intensidade das frentes polares dos dois hemisférios, está exposto a importantes flutuações, especialmente no verão austral, quando inflete para o interior do continente, alcançando latitudes bem mais altas. Provoca chuvas em toda região norte, parte do Nordeste e parte do Centro-Oeste, e dão origem às massas Equatoriais Continentais e Marítimas. A depressão do Mar de Weddel corresponde ao cinturão de baixas pressões subpolares de ação negativa onde se formam os turbilhões ciclonais que vão alimentar o anticiclone migratório Polar. A depressão do Chaco constitui o mais notável dos centros negativos da América do Sul, sobretudo para o Brasil. É comumente interpretado como um centro de origem térmica, uma vez que se define especialmente no verão. A depressão do Chaco, porém, não poderá ser explicada apenas pelo aquecimento do continente. Sua gênese está ligada a importantes componentes dinâmicos. A vizinhança da Cordilheira dos Andes e sua influência na trajetória 3 das correntes superiores da atmosfera e a acentuação das condições de frontogênese da Frente Polar Atlântica desempenham papel significativo na sua formação. Este centro de ação negativa, ligado à ondulatória da Frente Polar Atlântica, tem fundamental importância na atração dos sistemas intertropicais para o sul. Aí se origina a massa Tropical Continental. II - MASSAS DE AR As principais massas de ar responsáveis pelas condições climáticas da América do Sul, originadas nos grandes centros de ação, podem ser assim apresentadas: 1. Massas Equatoriais Segundo o local de origem, distinguem-se aí quatro massas de ar, sendo três marítimas e uma continental, a saber: a) Equatorial Continental (Ec). Essa massa se forma sobre o continente aquecido onde dominam as calmarias ou ventos fracos (doldruns). No verão, o continente é o centro aquecido (baixa pressão) para o qual fluem os ventos oceânicos de norte e de leste. Caracteriza-se pela acentuada ascensão provocada pelo aquecimento continental. A falta de subsidência superior lhe empresta um caráter de instabilidade convectiva, cuja umidade relativa é elevada, por força da extensão bacia hidrográfica Amazônica, da imensa floresta equatorial e das altas temperaturas equatoriais, responsáveis pelo aumento significativo da evaporação e da evapotranspiração. Tende a avançar ora para ESE de a, podendo atingir o sul do Brasil, especialmente no verão, em sintonia com o recuo da Frente Polar Atlântica, nesta época do ano enfraquecida. b) Equatorial Atlântica (Ea). Constituída pelos alísios de SE, se forma no Atlântico, e assegura bom tempo. Pode-se instabilizar no litoral do Brasil, por conta da descontinuidade térmica que permite a ascensão conjunta das duas camadas dos alísios, causando fortes chuvas equatoriais. 4 Ainda de origem marítima, podemos registrar mais duas massas de ar, separadas entre sí (inclusive a primeira), pela massa continental e pelas calmas equatoriais (doldruns). c) Equatorial Pacífica (Ep). Oriunda da zona dos alísios de SE do anticiclone dinâmico do Pacífico Sul, com características idênticas à Ea. d) Equatorial Norte (En). Originada nos alísios de NE do anticiclone dos Açores. 2. Massas Tropicais A zona tropical é uma zona de ventos variáveis e divergentes das calmarias subtropicais, ou seja, dos anticiclones semifixos do Atlântico e do Pacífico, onde se originam os ventos alísios. Limitam-se ao sul com as massas polares e se estendem ao norte até a zona dos alísios de SE no hemisfério sul. Atuam nesta zona as seguintes massas de ar: a) Tropical Atlântica (Ta) Forma-se na região marítima quente do Atlântico Sul, recebendo por isso muito calor e umidade na superfície. O movimento do ar nessa região é determinado pelo anticiclone subtropical, bastante persistente. O ar é muito uniforme na superfície, com muita umidade e calor. A umidade absorvida do oceano se limita também à camada superficial. Entrementes, devido a presença de uma corrente marítima quente na costa da América do Sul, essa massa de ar recebe grande aquecimento sobretudo no verão, quando a temperatura da corrente é maior, tornando-se, por sua vez, instável. b) Tropical Continental (Tc). Essa massa de ar adquire maior importância durante o verão, ou melhor, ao final da primavera ou ao início do outono. Se forma sobre a depressão térmica do Chaco. Sua regiãode origem é uma zona de baixa pressão, estreita, quente e árida, a leste dos Andes e ao sul do trópico de capricórnio. É responsável por tempo estável, quente e seco. 5 3- Massas Polares No clima da América do Sul, destaca-se a massa Polar Atlântica (Pa) que origina-se nas regiões subantárticas e avança em direção às latitudes mais baixas pela vertente atlântica da Cordilheira dos Andes, sendo eventualmente reforçada pelo ar pacífico (massa Polar Pacífica - Pp) quando ultrapassa a Cordilheira dos Andes na região da Patagônia. Desempenha papel muito significativo na variação das condições do tempo no Brasil Meridional, onde é responsável pelas ondas de frio severas, nos meses de inverno, e determina a ocorrência de geadas ou nevadas (não muito freqüentes) em pontos isolados; No litoral nordeste do Brasil provoca pancadas ocasionais de chuvas, acompanhadas de trovoadas, geralmente no outono- inverno. E no norte do país, a friagem. III - FRENTES A vanguarda da Massa Polar Atlântica constitui a Frente Polar Atlântica (FPA), dotada de grande mobilidade, flutuando com intensidade diferente no decorrer do ano. A disposição do eixo da FPA é geralmente orientada no sentido WNW para ESE, com sua chegada precedida pelas "ondas de calor de Nordeste", e com o céu encoberto por nuvens de convecção dinâmica (cúmulos e cúmulos-nimbos). Outros elementos de características frontais (perturbações atmosféricas), que compõem a dinâmica climática da América do Sul, são as Correntes de Nordeste e Correntes de Leste, vórtices ciclônicos de Altos Níveis, CCMs e Linhas de Instabilidade. As Correntes de Nordeste originam-se das ondulações das Massas de ar Ec e Tc, dinamizadas pelo centro depressivo do Chaco e determinam instabilidades e fortes trovoadas nos meses de verão. As Correntes de Leste correspondem aos avanços sobre o continente da Massa de ar Tropical Atlântica e provoca instabilidades no verão, nas regiões costeiras, em virtude do aquecimento resultante do contato com o continente. No inverno, ocorre o aparecimento de bom tempo. Os VCANS são um conjunto de nuvens que, nas imagens de satélites, têm a forma aproximada de um círculo girando no sentido horário. Formam-se no Oceano Atlântico entre 6 novembro e março. Chove na sua periferia e no centro há inibição de formação de nuvens. Tempo de vida, entre 7 a 10 dias. Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs) são aglomerados de nuvens que provocam chuvas fortes e de curta duração, entre a primavera e o verão, formando-se no período noturno. Vida de 10 a 20 horas. Linhas de instabilidade são bandas de nuvens, geralmente do tipo cumulus, organizadas em forma de linha; - Associadas à convecção pela quantidade de radiação solar incidente; - Podem ser incrementadas pela ZCIT; - Provocam chuvas de fevereiro a março, com maior intensidade à tarde e início da noite.
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