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FICHAMENTO: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. “Os fascismos”

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FH - UFG
Thales Fernandes
Prof. Dr. David Maciel
FICHAMENTO: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. “Os fascismos”. In: REIS FILHO, Daniel A.; FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste (orgs.), O século XX: o tempo das crises. Volume 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 109-164.
Para o estudo, depois da Segunda Guerra Mundial se teve a abertura de arquivos; porém problemas teóricos e éticos: o fascismo se tornou novamente um movimento de massas. “Em muitas cidades de importantes países, sinagogas, cemitérios, bares gays, estrangeiros e lugares de memória do Holocausto são ultrajados.” (p. 111) 
E a direita parlamentar ora apoia, ora se afasta.
Neofascismo diferenciado do fascismo histórico apenas para fins didáticos. 
Fascismos: movimentos de extrema-direita do início da década de 1920 até 1945. Vem do regime italiano de 1922, servindo de modelo para os outros. Fascio: “feixe de varas carregado pelos litores, na antiga Roma, e com os quais se aplicava a justiça”(p. 112). Utilizado pelos jacobinos da revolução francesa representando a liberdade e no Risorgimento como unidade nacional. Foi utilizado pelos trabalhadores sicilianos entre 1893-94, e pelos intervencionistas de esquerda, que apoiavam a entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial. 
Migração do símbolo dos movimentos de esquerda aos de extrema-direita (direita ultranacionalista). 
Após os anos 80, o fascismo deixa de ser visto apenas do ponto de vista histórico, mas passa a ser analisado como teoria, conceitual. 3 razões para isso: 1) após 50 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, há publicações de arquivos referentes ao fascismo por vários países; 2) a reunificação alemã pós-1989 possibilitou a abertura e devolução de arquivos especificamente fascistas; 3) o ressurgimento do fascismo como movimento de massas obrigou os pesquisadores a analisá-lo. 
Após a liquidação da Alemanha Nazista em 1945, os estudos procuravam “estabelecer a natureza mais ou menos fascista de regimes como o da Itália, Hungria, Croácia, Eslováquia ou Romênia [...]” (p. 114). Japão, Espanha e Portugal eram esquecidos, por causa da Guerra Fria. “[...] culpabilizar um conjunto muito amplo de países poderia afastar as antigas eleites políticas do poder e favorecer a sovietização dos países em questão” (p. 114). Era necessária a unidade nacional ante o inimigo comunista. 
Caso Maurice Papon: ajudou os alemães durante a ocupação nazista, depois com a libertação da França se tornou prefeito de Córsega, e em 1958, nomeado chefe de polícia pelo general De Gaulle, foi responsável pelo brutal massacre de 200 argelinos. Foi ministro do Orçamento a convite de Valéry Giscard d’Estaing e só foi julgado em 1998.
O esquecimento surgia como projeto de recuperação política da Europa dilacerada. Na Itália e na França, existiu uma perfeita continuidade administrativa do fascismo para a “democracia”. Foram culpados pela legislação de 1946 dos EUA apenas os altos escalões. 
177 ações de espancamento e maus tratos a estangeiros pelo exército federal alemão Bundeswehr e simpáticos ao 3º Reich. Rearmamento alemão a partir da Guerra da Coreia e da Guerra Fria teria trago aos quartéis simpatizantes ao nazismo. 
Helmut Kohl e Ronald Reagan em cemitério militar alemão, com túmulos lado a lado da Wehrmacht e SS. 
Wehrmacht comprovadamente ativa no Holocausto, na morte de milhares de civis e de 3,3 milhões de prisioneiros russos por fome, frio e maus-tratos. 
Fascismo associado exclusivamente à história da Alemanha.
Explicações simplistas do fenômeno nazista, com uma demonização da história alemã, como com Daniel Goldhagen. 
Anos 20, T. Turati e Carlo Treves, na Itália, analistas do fascismo. Um fascismo antiproletário e outro anti-liberal. 
Hoje a maioria dos estudiosos concorda em dois pontos: 1) fascismo como fenômeno histórico universal possível; 2) necessidade téorica de garantir uma autonomia de sua teoria em relação aos fenômenos históricos que o envolvem. A primeira rejeita a exclusividade do fenômeno à Alemanha; é um regime autoritário, antiliberal, antidemocrático e anti-socialista, com especificidades nacionais.
Teoria do totalitarismo: oposição liberal italiana entre 1923 e 1925, negativização de uma expressão proposta pelo próprio Mussolini. 
Giovanni Amendola (1882-1926) líder liberal. 
Hermann Rauschining (1887-1982).
American Philosophical Society, 1940, tradição liberal e parlamentar anglo-saxã. EUA/URSS, na Guerra Fria, visto como uma continuidade da luta contra o fascismo e pela democracia, transformando o conceito em uma arma política da chamada New Right norte-americana. Karl Friedrich, Hanna Arendt, Raymond Aron e outros continuaram usando o conceito. 
As massas são descritas como elementos passivos, dando enfoque no líder e no aparato estatal. 
Seja no funcionalismo (engrenagens do regime) ou no intencionalismo (exército coerente com a vontade do líder), o papel da massa, dos trabalhadores em especial, é largamente negligenciado. Participação mecânica ou militância fanática!
Década de 90: ressurgência do fascismo. Ciência política liberal vê a hipótese de ressurgência do neofascismo como uma invenção dos dogmáticos de esquerda, “declarando-se em seguida perplexos quando as ruas de Dresden, Milão ou Paris são ocupadas por milhares de jovens neofascistas” (p. 121). 
Teia de identidades e colaboração entre fascismos, muitas vezes superando adversidades históricas e nacionais, como entre a Itália e o fascismo croata, húngaro e austríaco ou entre a Alemanha e Itália. Perfil comum dos regimes, com coerenência externa e interna.
Resistência ANTIFASCISTA: reunião de liberais, católicos, comunistas e socialistas, devido ao discurso unificado do fascismo.
Divisão entre nações democráticas e nações fascistas.
Mas cada fascismo reinvidicava suas especificidades históricas e nacionais. Historicismo, busca de raízes nacionais. Apropriação depravada de Herder, Fichte, Hegel ou Nietzsche pelos ideólogos do fascismo. Todos se apoderaram da história e a utilizaram de forma anacrônica. 
“Hungarismo”. Singularidades como um traço comum do fascismo. Malversação da história. 
Fascismo fenomenológico. 
Método do autor comparativo dentro do constructo de um modelo, analisando as experiências fascistas. Minimum fascista. Ex: fascismo padrão (Itália) até um fascismo radical (Alemanha), com variações intermediárias. 
“Muitas vezes, [...] movimentos fascistas que não chegaram ao poder apresentaram um perfil fascista mais bem desenhado do que regimes estabelecidos”. (p. 125)
Os regimes fascistas, na maioria das vezes, chegaram ao poder por meio de pactos e alianças com camadas conversadoras, abrindo mão de algumas premissas iniciais. Portando o fascismo era limitado pelas demais forças conservadoras. 
“É o caso, por exemplo, do abandono da proposição da Segunda Revolução, por Mussolini, ou ainda do anticlericalismo do fascismo italiano, trocado pela concordata com o papa; ou, ainda, da eliminação da ala radical do nazismo, com o assassinato de Ernst Röhm e a extinção da SA, por Hitler, em troca de apoio do exército e do grande capital.” (pp. 125-126)
O autor considera três situações básicas: 1) os fascismos que só existiram enquanto movimentos ou partidos (Ação Francesa, Parti Populaire Français, British Union of Fascist, Guarda de Ferro e etc.); 2) os que chegaram ao poder mas que desaguaram em regimes autoritários, onde eram minoritários ou foram controlados por outras forças conservadoras (Franco e Salazar); 3) os que tomaram o poder e o monopolizaram total ou substantivamente, inclusive eliminando grupos conservadores que os apoiavam inicialmente (Alemanha, Itália, Hungria, Croácia, etc) e foram eliminados com a derrota em 1945.
Pierre Ayçoberry: “o fascismo é aquilo que ele faz e diz sobre si mesmo”.
Supera o fazer político do liberalismo e avança, sem pudor, onde o marxismo estanca; transcendência teórica liberal ou mítica, ou a transcendência prática, proposta pelo marxismo. 
O fascismo acusa o parlamentarismoliberal (e as formas liberais de organização e representação) de originar a crise contemporânea; falência do liberalismo e caráter desagregador deste; fascismo sucessor e único herdeiro de um sistema que não consegue manter a coesão nacional.
JONS, NSDAP, Manifesto Integrista Tradicionalista Espanhol…
Coesão nacional; restauração da “ordem e hierarquia”; política mística religiosa. “O corporativismo é, assim, indissoluvelmente ligado à chamada doutrina social da Igreja.” (p. 131).
Nobert Elias: religião social, mantida e operada pelo Estado. 
Considera culpada a Revolução Francesa (também pela emancipação dos judeus). 
Críticas à burguesia no e as barganhas no parlamento (este visto como igual a bolsa de valores). 
Estado visto de forma harmoniosa, sem contradições em seu interior; reconhecimento da luta de classes mas superada pelo Estado orgânico. 
Führer, líder, dono de todo o direito e intérprete de um vago conceito de bem-estar da comunidade popular.
Estado possui uma liberdade inédita de repressão; unidade entre partido e Estado.
Enraizado na comunidade étnica.
“Grande parte do ordenamento jurídico do Estado fascista era herança do Estado liberal, mas de tal forma deturpado ou vilipendiado que mal se reconheciam as formas constitucionais anteriores.” (p. 134)
Führerprinzip: poderes ilimitados e irresponsáveis, sem regramento. Não era autocracia nem absolutismo. Surge como uma policracia, “com fontes autônomas de poder, com objetivos muitas vezes conflitantes, reunidos em torno de uma doutrina que serve de argamassa, gravitando em torno de uma personalidade autoritária e carismática, o líder nacional.” (p. 135)
Hierarquia suprema.
Romantismo do mundo medieval: organização da sociedade por corporações, inexistindo a liberdade pessoal.
Bolchevismo/marxismo visto como desagregador, identificado com o judaísmo, internacionalismo sem-pátria.
“Em suma, o liberalismo é o elemento causal da crise e sua existência originaria, permanentemente, as condições de desagregação da sociedade. O bolchevismo é a doença oportunista, parasítica, da sociedade liberal.” (p. 137)
No fascismo o Estado então garante a existência da comunidade nacional. Ideia-força: raça, nação ou império.A destruição do Estado liberal se torna assim não só política, mas também catarse.
Estado corporativo; o liberalismo trata o fascismo como ausente de teoria política, enquanto o marxismo da III internacional o via como capitalismo monopolista de Estado. O fascismo devolve uma identidade ao sujeito, mesmo que esta seja irracional. Nacional acima da sociedade civil. Recuperar a integridade do homem pela Tradição. Relação com um modo de viver.
Legião do Arcanjo São Miguel (1927) e Guarda de Ferro (1930) romenas, identificavam a vida urbana moderna, dominada pelos judeus, a fonte de dissolução e corrupção. 
Destruição da ordem social liberal-burguesa. União entre capital e trabalho. Estado supraclassista. Criação de organizações nacionais com patrões e empregados. 
Na Noruega o discurso ía mais pelo lado da burguesia; na Itália e Alemanha pendia mais pro lado dos trabalhadores; organizações de trabalhadores atreladas ao Estado. Festas e diversões públicas para dar a impressão de melhoria na condição do trabalhador.
“A interferência permanente do Estado na vida privada dos cidadãos era parte integrante da mentalidade fascista, e um espaço vazio para a livre organização, mesmo que fosse um time de futebol, não era bem-visto” (p. 144)
A relação direta entre trabalhador/patrão não se dava de fato, mas sim entre partido/patrão. Economia anticrise: fordismo e formas de intervenção econômicas. Autarquia.
Regime de produtores, tratando não-produtor, o senhor do dinheiro e da mercadoria como parasita e antinacional. Mantinha-se dessa forma um discurso anticapitalista e socializante, por isso os partidos utilizavam-se do termo socialista como o partido Nazi, por exemplo; eliminou-se os mais radicais anticapitalistas como o Ernst Röhm. 
Enquanto o marxismo pretende-se científico, o fascismo apelava para valores místicos, inquestionáveis; “De um lado, devemos marcar claramente que nem toda crítica anticapitalista é de esquerda: os grupos aristocráticos, a pequena burguesia, os reacionários românticos e mesmo o Vaticano - nas suas encíclicas - criticaram o capitalismo; de outro lado, o objetivo do fascismo foi sempre a construção do Estado potência, em que o novo homem fascista, o super-homem roubado e vilipendiado de Nietzsche, era apenas a argamassa” (p. 147)
Assim como o fascismo era um instrumento anticrise, os Planos Quinquenais soviéticos e o New Deal de Roosevelt também eram, mesmo que por meios totalmente diferentes.
Só na Alemanha, embora nos fascismos houvesse anti-semitismo, que o ódio aos judeus tomou aspecto de política de Estado, objetivo nacional. 
Zeev Sternhell, fascismo: desconfiança perante o outro e violência como resposta.
Judeu e cigano: universais, cosmopolitas, falam línguas distintas, impedem a homogeneidade e coesão nacionais (caso clássico da Alemanha). Os comunistas e anarquistas: o partido, a luta de classes, a ênfase na transcendência prática (a libertação econômica) dividem a nação, impedem a coesão nacional, logo enfraquecem o Estado (caso clássico da Itália). 
Homogeneizador, valores absolutos e eliminação violenta da diferença. 
Holocausto>Alteridade.
Judeu, conforme Neumann: estrangeiro, identificavam-se com o capitalismo e, ao mesmo tempo, com o comunismo (Marx, Trotski, Zinoviev, etc.), eram largamente a avant garde literária, musical, artística em geral, possuíam uma religião específica e eram infiéis. Mas nos impérios anteriores, Hohenzollern (1871-1918) e Weimar (1919-1933), tinham papel de relevo e importância na sociedade e no Estado. 
Incapacidade de amar.
O fascista não ama a si mesmo e não reconhece o amor no outro.
A educação autoritária (violento/repressivo e agressivo/distanciado) cria uma “tipo com consciente coisificado” (Adorno), uma “anulação do ego” (Neumann).
Homem apaixonado pelas máquinas. 
Relações ritualizadas com o outro; eu regressivo, déficit de relação libidinal, o pai grande (o líder que substitui a tudo).
Práticas didático-repressivas dos exércitos e polícias civis contemporâneos, ponto de partida para personalidades autoritárias.
Estado fascista: Estado sado-autoritário. Masoquistas consigo mesmo, sádicos com os outros.
“O link fundamental entre o individual e o coletivo residiria no medo (Neumann), na alienação (Marx) ou no mal-estar (Freud) onipresente no homem da sociedade industrial de massas, regida por uma ordem heteronômica, individualista e competitiva.” (p. 154)
Papel das trincheiras fundamental na formação desta personalidade autoritária. 
Jogos de Berlim de 1936, estátuas enormes e muitos símbolos. 
Poder falocrata e opressão à homossexualidade. Erotismo associado ao nervosismo, histeria e ausência de autocontrole, qualidades todas consideradas femininas. “Somente o fascismo seria o portador de uma moralidade capaz de forjar o novo homem, o bárbaro do futuro.” (p. 159)
Fascismo diferente do conservadorismo (parlamentar e tolerante), do reacionarismo (restaurador e autoritário), dos autoritarismos militares ou partidários, o fascismo é metapolítico, incorpora a nação, numa concepção de mundo única, excludente e terrorista.
No liberalismo, “o ato mecânico na linha de montagem tinha seu correspondente no ato mecânico do voto.” (p. 161)
Não busca melhorar as condições mateiriais, distribuindo a riqueza; mas sim salvar o coletivo frente ao outro, assumindo um caráter reativo e defensivo.

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