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Ensaio acerca do romance Nove noites, de Bernardo Carvalho.

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ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Para terminar a disciplina de Literatura Brasileira IV, você vai entregar ao seu professor um ensaio, de pelo menos cinco páginas em Times New Roman 12, espaço 1,5 e margens 3,3,3,3, sobre o romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, abordando qualquer ou quaisquer traços da literatura contemporânea estudados aqui.
As tendências contemporâneas que percebemos do gênero literário têm os nomes de Milton Hatoum e de Bernardo Carvalho como os que mais se destacam. Neste mesmo viés da literatura, podemos citar como temáticas que servem como “pano de fundo” os dramas existenciais, denúncia política e social, marginalidade, minorias, problemas da vida urbana e rural, erotismo, violência, drogas, lirismo, sonho e fantasia, sendo estes elementos que irão subsidiar o complexo painel da vida brasileira contemporânea. 
Essa ficção intimista desenvolve-se no sentido da indagação interior, da introspecção psicológica, dos problemas da alma, do destino, da consciência, da conduta da personalidade humana diante de si mesma ou diante dos outros homens. Preocupa-se com problemas psicológicos, morais, religiosos, metafísicos, mas também com os de convivência. Enfatiza a vida urbana, aliando-se à introspecção e à análise de costumes.
Comenta o crítico Manuel da Costa Pinto a respeito da ficção mais recente: A ficção brasileira contemporânea está concentrada em solo urbano. E, assim como acontece nas grandes metrópoles, é difícil encontrar um eixo que a defina. Não existe homogeneidade de estilos, no máximo uma afinidade temática – que às vezes pode ser surpreendente. Assim, se os autores da Geração de 90 frequentam os mesmos lugares inóspitos que os escritores da periferia – ruas deterioradas, botecos esquálidos, casas traumatizadas pelo desemprego, pela violência e pela loucura –, há uma percepção geral do isolamento e da vulnerabilidade do sujeito moderno (e urbano). Essa percepção pode tomar a forma de fragmentos de Dalton Trevisan, das narrativas “instáveis” de Bernardo Carvalho e Chico Buarque ou dos nomadismos de João Gilberto Noll. Em todos eles, permanece como experiência de fundo o desenraizamento proporcionado pela cidade. (Op. Cit., p.82)
De Bernardo Carvalho pode-se citar o romance Nove noites, que mistura ficção e realidade para contar a história de um etnólogo norte-americano. São vários mistérios que se enlaçam na narrativa, em que o leitor partilha a crise existencial das personagens. Bernardo Carvalho “atiça” a mente do leitor através de especulações acerca das tramas existentes na narrativa. É como se as tramas da obra acontecessem de maneira subjetiva, suscitando o leitor a criar especulações. 
A história é dividida em duas partes – há o relato da vivência de Quain entre os índios; e a investigação do narrador, em busca de pistas que expliquem a morte do etnólogo, uma vez que há uma mistura entre os fatos supracitados. A narrativa baseia-se na investigação do caso de suicídio de Quain, etnólogo americano que praticou o ato poucos dias após deixar uma aldeia indígena no interior do Brasil.
A narrativa não possui uma estrutura fixa, pois os relatos todos envolvidos na trama vão se modificando a partir das mais variadas interpretações produzidas pelo leitor. Contesta-se a partir desse pressuposto que os relatos contidos na obra vão se dialogando e se completando entre si. São vários mistérios que se interligam, e adensam a narrativa, em que o leitor partilha a claustrofobia e evasão de identidade das personagens, buscando interligar as várias partes desta intensa investigação pelo ocorrido no Xingu.
A obsessão pelo fato ocorrido no Xingu revela um trauma do próprio narrador, que teria convivido na infância com os índios: 
		“a representação do inferno (...) fica no Xingu da minha infância” (p. 60). 
Interessado em averiguar os fatos decorridos com o etnólogo, o narrador vai em busca de informações no Xingu, não só interpretando fatos, mas, também, criando uma história sob este panorama, sendo que neste local acaba por relembrar fatos de sua infância, uma vez que o mesmo teve o Xingu como “pano de fundo” do seu passado.
Os retrospectos que o narrador faz ao seu passado são impressões articuladas com a visão estabelecida a partir do presente, através da ótica de um outro eu. Apesar de a obra Nove noites manter como base depoimentos e entrevistas com personagens históricos e ainda vivos, o relato dos acontecimentos, de modo geral, é dosado pela subjetividade, marca impregnada pelo próprio autor, como mostra no final da obra que trata-se de uma obra ficcionista:
“Nenhuma dessas pessoas tem responsabilidade pelo conteúdo ou pelo resultado final da obra” (p. 179). 
A memória textual individual vinculada à memória textual coletiva, juntas, estabelecem uma interlocução com o estilo de um sujeito que se apropria de vozes, ecos passados dentro de sua metaficção. “O que lhe conto é uma combinação do que ele me contou e do que eu imaginei. Assim também, deixo-o imaginar o que nunca poderei lhe contar ou escrever.”
Os relatos da obra Nove noites deparam-se com as verdades superficiais, fragmentadas, errantes e, diante da incerteza, a possibilidade de uma outra realidade torna-se inevitável; realidade essa apoiada na ficção. O narrador encontra-se consciente da superficialidade da verdade sobre a morte de Quain, mesmo “lidando com papéis de arquivos, livros e anotações de gente que não existia”. 
Existe a consciência de que os documentos todos não são suficientes na investigação para decifrar que motivos acarretaram o suicídio do etnólogo. Diante da impossibilidade de compreensão, de entendimento, a criação do romance aproxima-se da morte de Buell Quain e torna-se uma saída para um enigma ainda não solucionado.
Uma outra característica marcante na obra de Bernardo de Carvalho, bem como em muitas obras da nossa Literatura Brasileira, é a evidenciação de traços nacionais e realistas, como o autor mostra a vida dos índios, e a partir destas descobertas vai mostrando a comparação entre as culturas, bem como os tipos sociais, quando vai até o Xingu para dar início às suas investigações incessantes, dosando ficção e realidade neste obra de cunho literário/jornalístico. 
De fato, a obra possui uma profundidade introspectiva enorme, onde o leitor está na busca em se conhecer, saber mais sobre si e sobre os demais que lhe rodeiam, buscar características intimistas de cada ser humano e como todos estes traços podem ser exaltados, tanto no próprio íntimo, como em coletividade. 
REFERÊNCIAS
www.solar.virtual.ufc.br (Acesso em 21/05/2017)
CEREJA, William Roberto. Português Linguagens. Ed. Saraiva, 2010.
ABAURRE, Maria Luiza. Português – Contexto, Interlocução e Sentido. Ed. Moderna, 2010.
http://www.4shared.com/get/yz-s0jInce/Bernardo_Carvalho_-_Nove_Noite.html

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