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Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH

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POPULAÇÃO BRASILEIRA DESCONHECE O SIGNIFICADO DO TDAH
Apesar de ser um mal comum, poucos conhecem o tratamento
Milhares de crianças, adolescentes e adultos, portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, também conhecido como TDAH, e seus familiares, padecem diariamente em virtude do impacto adverso gerado pela presença do transtorno não tratado. E pior, na maior parte dos casos, tanto a família como o portador sequer ouviu falar do TDAH. E a vida dessas pessoas segue arrastada , cheia de tropeços e dificuldades, ano após ano, sem que nenhuma medida seja tomada, até porque é muito comum as pessoas acreditarem que a vida é assim mesmo, que o sofrimento faz parte da vida, e que viver não é fácil. Mas o que não era nem cogitado é que toda aquela vida difícil e ruim pudesse ser a retratação de um estado de adoecimento, e o melhor, com todas as chances de um tratamento bastante eficaz.Lamentavelmente, o desconhecimento do TDAH ainda é muito grande, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Essa ideia de que as nossas crianças e os nossos adolescentes são hipermedicalizadas é uma ideia errônea acerca do TDAH e que não retrata a nossa realidade. As pesquisas mostram que só um pequeno percentual de crianças é medicado no Brasil e ainda assim, que a maior parte delas é submedicada, ou seja, tomando subdoses do medicamento específico, o metilfenidato, que é o medicamento padrão ouro e de alto poder de eficácia para o tratamento do TDAH. Vale dizer que o metilfenidato é um medicamento aprovado pelo FDA e ANVISA para o tratamento do TDAH em crianças maiores de seis anos. No Brasil, temos o metilfenidato com os nomes comerciais de Concerta e Ritalina. 
O primeiro, de ação prolongada, e o segundo, com duas apresentações, uma de ação rápida e outra de ação prolongada. 
Assim, no intuito de se saber o real grau de conhecimento do TDAH no Brasil, um grupo brasileiro de especialistas de referência em TDAH, realizou uma pesquisa em todos os estados, tanto nas capitais como em cidades do interior (Jornal Brasileiro de Psiquiatria, volume 56, suplemento 1 2007; 9-13). A conclusão foi muito aquém do esperado, ou seja, todos os participantes revelaram ideias equivocadas e não respaldadas cientificamente sobre o TDAH, fato que possivelmente contribui para um maior atraso nos diagnósticos e tratamentos adequados. A pesquisa foi dividida entre a população geral, entre os educadores, entre os psicólogos e entre médicos (neurologistas e pediatras). Mais de cinquenta por cento de todos os grupos acharam que o TDAH seria causado por problemas de educação por pais ausentes e sem limites. E mais da metade dos grupos concordaram que o TDAH poderia ser tratado só com psicoterapia ou através de esportes. Diante de tantos mal-entendidos, torna-se urgente a criação de meios de divulgação cientificamente validados para toda a sociedade de um modo geral, sobre o que é o TDAH, como ele se manifesta no dia-a-dia e como lidar com o transtorno em casa e na escola ou no trabalho. Hoje, já se sabe que uma educação sem regras e limites não causa TDAH, para alívio dos papais e das mamães que durante tantas décadas foram culpabilizados por serem a causa do transtorno em seus filhos. O que ocorre é que, sendo o TDAH uma condição biopsicossocial, o mesmo vai depender da interação de fatores genéticos (90% predominantes) e ambientais, desde que a pessoa tenha predisposição genética para o TDAH. O que pode ocorrer em alguns casos é que se a dinâmica familiar for muito desestruturada, essa condição pode servir de gatilho para o aparecimento dos sintomas de TDAH, mas nunca a sua causa. 
CÉREBRO DE PORTADORES DE TDAH É MENOS DESENVOLVIDO
O desenvolvimento emocional de pessoas com TDAH é 30% mais lento
Algumas regiões do cérebro dos portadores de TDAH estão menos desenvolvidas e mais imaturas do que no cérebro de pessoas sem o transtorno. Hoje, já é sabido que o desenvolvimento emocional de pessoas com TDAH é 30% mais lento que o de pessoas não portadoras. 
Pesquisas com genética molecular indicam que o TDAH está associado a disfunções de neurotransmissores, principalmente do sistema dopaminérgico e noradrenérgico (SANDBERG, 2002). Os estudos genéticos são direcionados para a identificação de genes que regulam os sistemas dopaminérgicos, noradrenérgico e de outros neurotransmissores (CASTELLANOS, et al., 2002).
Não há um gene específico que explique as disfunções dos NT, mas a interação de vários genes está envolvida na função de NT diferentes (herança poligênica) (VOELLER, 2004), sendo mais estudados aqueles referentes ao transportador da dopamina (WALDMAN et al., 1998; COMINGS et al., 2000, 2000b; COMINGS et al.,2005). Portanto, é consenso que nenhuma alteração em um só sistema de neurotransmissores seja responsável por uma síndrome tão heterogênea quanto o TDAH. 
Os exames de neuroimagem tendem a mostrar que o cérebro de crianças não portadoras de TDAH não funciona de forma idêntica ao da criança com TDAH, que têm um desenvolvimento cerebral mais imaturo, e que não existe nenhuma evidência até o momento, que garanta que os exames de neuroimagem possam diagnosticar a hiperatividade. (ROHDE ET AL, 1999). Essa também é a posição da Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência e do Comitê para Assuntos Científicos da Associação Médica Norte-Americana. 
Os exames de neuroimagem são úteis na pesquisa das funções cerebrais de déficit de atenção e hiperatividade, mas não fornecem dados definitivos. A maioria dos estudos sugere que o TDAH está associado a alterações do córtex pré-frontal e de suas projeções a estruturas subcorticais. Pesquisas recentes de neuroimagem têm avaliado em detalhes o circuito fronto-estriatal, sobretudo na região do córtex pré-frontal, caudado e globo pallido (HENDREN,2000). Outros, mostram que também há alteração em córtex parietal posterior direito. Portanto, poderíamos chamar o TDAH de um transtorno fronto-subcortical (SCHMITT, 2000). 
As principais alterações neuropsicológicas encontradas no TDAH são as de prejuízos em testes de atenção, de aquisição e de função executiva. O TDAH envolve também um déficit do comportamento inibitório e das funções executivas a ele relacionadas (BARKLEY,1997). Estudos indicam um envolvimento das catecolaminas, sugerindo que um baixo turnover de dopamina e/ou noradrenalina possa estar relacionado com a fisiopatologia do TDAH.
APRENDA A OBSERVAR O COMPORTAMENTO DO SEU FILHO
Rebeldia, preguiça, falta de atenção ou de força de vontade?
Alguns sintomas são nítidos e podem revelar que o seu filho pode ser portador de TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Uma condição neurobiológica frequente, acometendo ambos os sexos e todas as idades, com prevalência de 5 a 10% de crianças em idade escolar em todo o mundo. 
O que há alguns anos poderia parecer rebeldia, preguiça ou falta de interesse e força de vontade, foi identificado há quase um século e hoje sabemos que se trata de um transtorno provocado por alterações no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais. 
Ao contrário do que se imaginava, o TDAH não é uma condição inocente e benigna . Em virtude do significativo impacto adverso causado ao longo da vida, em que se pese, entre outros, o sentimento de fracasso precoce relatado por grande parte de seus portadores, o TDAH é uma condição séria que exige diagnóstico precoce e tratamento correto. Vários pacientes relatam que passaram anos sendo chamados de preguiçosos, desmiolados , sem futuro , no mundo da lua , a mil por hora , etc., tanto por conta dos problemas escolares que apresentavam como pela dificuldade que tinham em obedecer a seus pais, professores e de seguirem regras. Em casos como esses, a vida costuma evoluir de modo disfuncional e desadaptativo, muito aquém do esperado, com o aparecimento de múltiplas sequelas emocionais, insucessos crônicos, sob uma espiral decrescente de vida.
Como posso saber quem tem o TDAH? 
O TDAH tem três grandes eixos sintomatológicos, o de desatenção, o de hiperatividadee o da impulsividade. Quem apresentar alguns dos sintomas abaixo, causando sofrimento, prejuízos e queda no rendimento diário e na qualidade de vida, pode ter o TDAH e deve ser submetido a uma avaliação médica.
Sintomas mais comuns de desatenção:
Frequentemente: não presta atenção a detalhes, erra por descuido nos deveres escolares ou outras atividades, dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos, parece não escutar o que lhe falam, não obedece a instruções passo-a-passo, não completa deveres ou tarefas, dificuldade de se organizar em trabalhos ou atividades, evita ou reluta em envolver-se em tarefas que exigem esforço mental prolongado (deveres escolares ou trabalhos de casa), perde objetos necessários para suas atividades (brinquedos, deveres escolares, lápis, livro, óculos, celular, etc.), se distrai facilmente devido a estímulos externos, esquece-se frequentemente de suas atividades diárias, entre outros. 
Sintomas mais comuns de hiperatividade e impulsividade: Frequentemente: mexe as mãos ou os pés ou se revira na cadeira, se levanta em sala de aula ou em outras situações nas quais o esperado é que ficasse sentado, corre ou sobe em locais inadequados (em adolescentes ou adultos, pode se limitar a uma sensação subjetiva de inquietação), dificuldade em brincar ou praticar qualquer atividade de lazer sossegadamente, está sempre muito ocupado ou age como se estivesse "elétrico", fala em excesso, responde precipitadamente antes de ouvir a pergunta toda, dificuldade em esperar sua vez, interrompe ou se intromete na fala dos outros, entre outros.
Outros sintomas comuns:
Autoestima baixa, sonolência diurna, pavio-curto, explosões afetivas, estado emocional pode oscilar várias vezes ao dia, prejuízo nas funções executivas (planejar, focar, decidir, realizar trabalhos e metas, etc.), dificuldade de autocontrole, de inibir comportamentos inadequados, dificuldade de gerenciamento do tempo e de se motivar para iniciar o dia e para tarefas de baixa motivação ou de recompensa tardia. 
Como tratar? 
O tratamento é fundamentalmente medicamentoso e o medicamento de primeira linha é o metilfenidato (padrão-ouro), que tem alto poder de eficácia e é aprovado pelo FDA e ANVISA. É realizado pelo médico, geralmente o psiquiatra especialista em saúde mental da infância e adolescência (ou o neurologista ou pediatra especializados no assunto). Pode incluir a psicoeducação, orientação e suporte a pais e educadores, feitos por psicólogo. Em alguns casos, é necessário um tratamento mais abrangente, com a intervenção de psicopedagogo e ou de fonoaudiólogo. Parcerias indesejáveis Em 2/3 dos casos, o TDAH não vem sozinho. 
Outras condições psiquiátricas aparecem no curso da doença, dificultando o diagnóstico e prognóstico, como os transtornos do humor (depressão, distimia, transtorno do humor bipolar), transtornos de ansiedade (ansiedade generalizada, ansiedade de separação, medos e fobias, enurese noturna) tiques, Síndrome de Tourette, transtorno obsessivo compulsivo, transtornos de aprendizagem (dislexia, discalculia, disortografia), transtorno opositivo desafiador, transtorno de conduta, abuso de álcool e ou drogas. 
Essas parcerias, chamadas de comorbidades, precisam ser tratadas em paralelo ao tratamento do TDAH. No mundo inteiro, existem associações altamente respeitadas com o objetivo de estudar e divulgar o TDAH. No Brasil, temos a ABDA - Associação Brasileira de Déficit de Atenção, com sede no Rio de Janeiro. 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
SAIBA COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM TDAH
O transtorno, se não tratado, pode causar muito sofrimento
Fiquei observando a minha cliente. Ela estava irritada, sem graça, começou a revirar a bolsa toda e foi tirando coisas lá de dentro e foi tirando e foi tirando, até que... Ufa! Ela achou a cadernetinha de anotações onde ela escrevia todas as suas dúvidas para me falar durante a consulta. Ela dizia que a mente dela dava brancos, que ela sempre se esquecia de tudo e que por isso ela escrevia tudo. Mas infelizmente, logo em seguida, mais uma vez, ela queria achar alguma coisa e não achava... Era a vez do óculos. Sem óculos ela não enxergava nada. 
Ela foi ficando muito irritada porque não achava o óculos, e chorou que nem criança querendo uma bala. O óculos estava na cabeça dela. Eu fiquei imóvel, vendo todo aquele sofrimento. Quando eu lhe disse que seu óculos estava em sua própria cabeça, ela chorou mais ainda, de alívio e de sofrimento, e de vergonha e humilhação. Deixou a cadernetinha no braço do sofá ao lado onde ela estava sentada e passou a falar de sua vida, que desde sempre ela foi assim, cabeça de vento, cabeça oca, cabeça de abóbora, maluca, etc.
 
E o pior de tudo é que ela passava muitos vexames na frente dos colegas, pois até a professora se irritava com ela. Seus lápis, de tanto cair no chão, não tinham ponta, as canetas mordidas, os cadernos todos desenhados com florezinhas e um monte de manchas roxas pelo corpo, porque estabanada que nem era, batia e se machucava toda hora. Chegava atrasada a todos os compromissos, saía sempre atrasada de casa, sempre aos berros querendo saber aonde tinha deixado alguma coisa. Ela cresceu assim. Entre risos e lágrimas, entre sonhos e fracassos. Era desacreditada por todos, já tinha pego a fama de maluquinha. Foi muito difícil tratar essa paciente. Ela não conseguia ouvir. Não entendia o que eu falava. No ASRS-18, um questionário de DDA e TDAH para adolescentes e adultos, ela preencheu todos os critérios da parte de desatenção e quase todos da parte de hiperatividade e impulsividade. 
Na história familiar, ela me disse que a mãe era desastrada que nem ela, que gostava de fazer piadas e que não conseguia botar ordem na casa. De tanta bagunça, o pai foi embora de casa. E foi o pai que mandou a minha paciente me procurar. Porque ela mesma, de tão desatenta que era, nem se tocou que ela poderia ter um transtorno ou um problema que tivesse tratamento. Chamei o pai e expliquei a ele tudo sobre o DDA/TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ele ficou perplexo: - Eu sabia que elas (a ex-mulher e a filha) tinham alguma coisa, que aquilo não podia ser normal! Mas a minha paciente não gostou de receber esse diagnóstico e ficou repetindo que não tinha problema mental nenhum. E só aceitou fazer uma terapia. Remédio, nem pensar! Cheguei a fazer uma tentativa, chamei a mãe e foi uma tragédia. 
A mãe era agitada, dispersa no trabalho. Não conseguiu me ouvir e saiu dizendo que a filha era aquilo mesmo, que era mal de família... Todo o meu discurso, toda a minha psicoeducação, tudo o que eu falei, sumiu dentro de suas mentes desatentas, inquietas e impulsivas. Hoje, quatro meses depois, a minha paciente está começando a perceber quantas coisas ela faz e fala por impulso, sem pensar e nas tantas perdas que já sofreu por conta disso... Hoje, também, ela já consegue ouvir, já aceitou ler alguns folders que eu lhe dei, já acessa alguns sites e já não se irrita quando eu falo no TDAH.
Hoje ela já sabe que existe um remédio super eficaz para aliviar todo aquele sofrimento. E que ela pode ficar diferente de sua mãe, mais calma, menos impulsiva, mais atenta. Hoje, ao sair da consulta, deixou o celular, que havia caído do seu colo, na poltrona. Depois voltou pra pegar e disse pra mim: é, eu acho que eu tenho TDAH mesmo... e foi embora pensativa.
 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
 
O ADOLESCENTE E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO TDAH
O sucesso é o resultado de foco e metas bem definidas
O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade apresenta modelos neurobiológicos distintos. Um deles é o da disfunção executiva ou síndrome disexecutiva, onde o TDAH cursa com comprometimento deáreas cerebrais responsáveis pelas funções executivas. Mais especificamente, a região anterior do lobo frontal (região pré-frontal) é a responsável pelas funções executivas, que vão desde a capacidade do indivíduo planejar e desenvolver estratégias para a resolução de problemas à realização de metas de vida, o que exige, entre outras habilidades, a flexibilidade de comportamento, integração de detalhes num todo coerente e o manejo de múltiplas fontes de informação, todos coordenados com o uso de conhecimento adquirido.Funções executivas são, na verdade, todos os comportamentos voltados para a realização de um objetivo ou de uma tarefa. Praticamente, quase tudo na vida é função executiva. Estabelecer prioridades, estar motivado para iniciar o dia, planejar-se com antecedência para o dia seguinte, ter o autocontrole e auto-regulação das emoções, colocar suas idéias em uma ordem lógica para que sejam bem sucedidas, botar um plano em prática monitorizando o comportamento passo a passo, olhar à frente e ver se o seu projeto está saindo conforme o esperado ou mudar o seu rumo caso avalie ser necessário, frear comportamentos inadequados, manejar adequadamente o tempo, lidar bem com os estresses normais da vida diária, aprender com os erros, entre outros, são exemplos de função executiva. 
Sabemos que o amadurecimento das regiões cerebrais responsáveis pelas funções executivas só se completa por volta dos 20 anos de idade. Ora, então como ficam as crianças pequenas, com essas regiões cerebrais ainda tão imaturas?! Crianças em idade pré-escolar e escolar (portadoras ou não de TDAH) usam as funções executivas de seus pais, professores, babás, etc., que funcionam todo o tempo como função auxiliar ou lobo frontal acessório dessas crianças (lembrar que o lobo frontal é a região cerebral responsável pelas funções executivas).
 
Concluímos assim que crianças pequenas não terão tantos problemas em termos de função executiva, uma vez que algum adulto sempre estará por perto para suprir tais funções, supervisionando-as todo o tempo, por exemplo, lembrando-as da hora do banho, de estudar para a prova, de comprar o presente da amiga que faz aniversário, de checar se os deveres estão bem feitos, de estudar junto, de arrumar as roupas e gavetas, etc.
E quando é que o prejuízo das funções executivas passa a ser problema, então?
 O problema começa quando a criança portadora de TDAH (o TDAH cursa com comprometimento das funções executivas) cresce e passa a ser visto pelos pais como um pequeno adulto (o filho idealizado). Quem nunca ouviu um pai ou uma mãe dizendo que seu filho (ou filha) de 10, 12 ou 15 anos já está um rapaz, uma moça, que são muito responsáveis e que já se viram sozinhos pra tudo. 
Se a entrada na puberdade é realmente um problema para as crianças de um modo geral, o que não dizer para o adolescente portador de TDAH? 
A adolescência é um período difícil (muitas transformações hormonais, biológicas) em que as pressões escolares e da vida, de modo geral, aumentam muito, cobrando desses jovens todo o tipo de coisas que muitas vezes eles ainda não se encontram prontos (biologicamente amadurecidos) para realizar. Não raramente eles passam a se sentir sozinhos e culpados, assumindo para si a responsabilidade de corresponder as expectativas de seus pais e as do mundo, quando muitas vezes eles ainda não vão ter essa condição e o pior, muitos podem não saber lidar com o sentimento de frustração, vergonha ou de incompetência que geralmente surge nessa hora.
E se os adolescentes de modo geral ainda precisam muito do apoio e suporte dos pais, mais ainda os adolescentes portadores de TDAH, que certamente apresentarão mais problemas acadêmicos e de socialização do que jovens da mesma idade, não portadores de TDAH. Pesquisas em todo o mundo mostram que adolescentes com TDAH têm muito mais chance (em relação a jovens de mesma idade sem o TDAH) de serem mais imaturos e impulsivos, com mais atitudes desafiadoras, de apresentarem maior número de repetências e de abandono da escolaridade formal, de expulsões do colégio, de quedas, fraturas e hospitalizações, de gravidez precoce e DST (doenças sexualmente transmissíveis), de mais problemas com figuras de autoridade e com a Justiça, de terem maior índice de depressão e ansiedade, de uso abusivo de álcool, drogas e tabaco precocemente, de terem um estilo de dirigir perigosamente, etc. 
Questões citadas acima merecem toda a nossa atenção, pois são tidas como questões de pior prognóstico ao longo da vida do indivíduo. Assim, os pais devem estar sempre ao lado de seus filhos nessa passagem tão delicada da puberdade para a vida adulta, estando sempre disponíveis quando eles precisarem e na medida do possível, abrindo mão das expectativas sobre eles, uma vez que isso costuma se tornar um fardo muito pesado sobre os ombros dos filhos.
CONHEÇA A INFLUÊNCIA DO TDAH NAS RELAÇÕES AMOROSAS
Muitos relacionamentos terminam por conta de um mal que poderia ser tratado
Durante muito tempo, falar em "habitantes do mundo da lua" e "bichos carpinteiros" imediatamente nos fazia lembrar daquelas figurinhas que, merecedoras deste ou daquele apelido, incomodavam nossas vidas. Essas crianças, que sabemos hoje serem portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), têm dificuldade em controlar sua atenção, sua impulsividade e sua hiperatividade. Segundo o psiquiatra Russell Barkley, uma das maiores autoridades americanas em TDAH, a atividade cerebral que comanda a inibição do comportamento, a auto-organização, o autocontrole e a habilidade de inferir o futuro está prejudicada por um metabolismo deficiente dos neurotransmissores, levando à incapacidade de administrar eficazmente os aspectos críticos do dia a dia. Pensando desta maneira, veremos que essa definição tanto pode se referir a crianças como a adultos, e é exatamente essa a conscientização que vem ocorrendo nas últimas décadas.
 
A partir dos anos 70, os cientistas começaram a perceber que o TDAH não desaparecia com a adolescência. Na realidade, 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno carregam os sintomas para a vida adulta. Frequentemente, os sintomas básicos - desatenção, impulsividade, hiperatividade - acabam se tornando menores e menos sérios do que os problemas causados por falta de diagnóstico e tratamento na infância ou adolescência. Em adultos com TDAH, é bastante comum a instabilidade de humor, problemas no trabalho, dificuldades nas relações interpessoais, depressão, abuso de substâncias químicas e comportamento de risco como decorrência das dificuldades originadas por esse transtorno.
As Relações Interpessoais
 
Entre os vários problemas de origem neurológica ou psiquiátrica, é possível que o TDAH seja o que mais ocasione dificuldades no relacionamento homem-mulher.
 
A incapacidade fundamental de prestar atenção leva a um comportamento considerado tipicamente masculino: não ouvir, não perceber os sentimentos dos outros, não lembrar de acontecimentos ou datas importantes, não lembrar de fazer os pequenos trabalhos da casa, esquecer o horário da festa das crianças etc. Essa atitude pode parecer falta de amor e consideração. Juntando-se a isso, certa dificuldade em estabelecer intimidade, pois a hiperatividade impede de engajar tempo suficiente para criar essa intimidade, temos um adulto com TDAH facilmente rotulado de frio, insensível e egoísta, características nada desejadas em um relacionamento amoroso. A impulsividade contribui para dificultar ainda mais a situação, com decisões tomadas sem consulta à companheira, "cabeça quente" e grande rotatividade no trabalho profissional. No lado feminino, as queixas se referem ao constante "sonhar acordada", depressão e frustração em nunca conseguir desenvolver seu próprio potencial, além da sensação permanente de estar presa numa armadilha. 
Como, em ambos os casos, esses sintomas são comuns à vida de todo e qualquer casal, poucas pessoas levam em consideração a possibilidade do TDAH estar na base do problemade um casamento em dificuldade. Frequentemente, podem levá-las à beira do divórcio. Mesmo que o transtorno possa abalar a intimidade de uma relação e deixar os parceiros exaustos com o esforço de mantê-la, é possível equilibrar a situação de modo que ambos possam trabalhar juntos, ao invés de estar, constantemente, um contra o outro.
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
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Muito tem se falado atualmente sobre o TDAH. O grande interesse não é só da sociedade, mas também de pesquisadores, médicos, psicólogos e educadores, devido aos prejuízos que sabidamente o transtorno de déficit de atenção costuma ocasionar na vida de seu portador, que na grande parte das vezes desce , literalmente, o morro abaixo , num looping negativo , do tipo espiral decrescente . 
Não é à toa que, provavelmente, nenhum outro distúrbio tenha sido tão estudado nos últimos tempos quanto o TDAH, que atinge cerca de 5 a 10% das crianças em idade escolar, causando grande impacto na infância, juventude e na idade adulta. Pesquisa criteriosa feita no Brasil pela equipe do Prof. Rhode, encontrou uma incidência de 5,8% nos nossos jovens de 12 a 14 anos. 
Os estudos mostram também que aproximadamente 60 a 70% das crianças com TDAH evoluirão com sintomas da doença na vida adulta, onde a prevalência mundial para essa faixa etária (adultos) gira em torno de 4%, número bastante expressivo, por sinal. 
Uma pergunta emerge prontamente:
 
Onde estão os adolescentes e adultos portadores de TDAH? Infelizmente, a grande maioria deles nem sabe que tem o transtorno. Na verdade, a maioria nunca ouviu falar de TDAH. As pesquisas mostram que apenas uma pequena parcela dos nossos adolescentes e adulto recebe diagnóstico correto, algo em torno de 8%.
 
Dos que recebem tratamento, a maioria ainda é submedicada. Não é novidade em nenhum país do mundo, que o transtorno acomete de modo adverso a qualidade de vida, não só do portador, mas também de toda a família envolvida na situação, exigindo de todos um grande esforço para entender e lidar com os sintomas do transtorno. Não é fácil conviver com o indivíduo portador de TDAH e muito menos fácil é ser próprio portador. Tanto, que entre portadores de TDAH, o número de divórcios beira quatro vezes mais, quando comparado à população geral. As brigas são constantes, as queixas inúmeras, a falta de dinheiro quase sempre é a regra. Tudo fica decepcionante, frustrante e desanimador. Dentre as discórdias amorosas, são comuns as queixas de atrasos frequentes, mudanças de plano sem aviso prévio, esquecimentos de datas importantes (aniversário de namoro ou de casamento), falta de atenção quando o/a parceiro/a está de roupa nova, quando o computador se torna mais importante que ela, da falta de autocontrole, etc. 
Sabemos que o transtorno é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que associados ao prejuízo das funções executivas, característicos do TDAH, geralmente transformam a vida do portador em um verdadeiro caos, às avessas , não raro levando o indivíduo a querer fazer tudo e ao mesmo tempo, o que os deixa com muitas tarefas iniciadas e inacabadas, causando um grande sentimento de frustração, irritabilidade, impotência, entre outros. 
S., 29 anos, dois de casada, trabalha como agente administrativa há oito meses em um órgão público, após ter pedido demissão do emprego para ficar em casa estudando (o que levou mais de quatro anos) até passar em um concurso público. Nesses quatro longos anos, conta S., teve que enfrentar a cara feia do marido, que precisou fazer hora extra no trabalho três vezes por semana, para poder dar conta do aumento dos gastos na família. Segundo S., o marido não a compreende, é injusto e impaciente. Por sua vez, o marido se defende, dizendo que S. fez vários vestibulares, custou a se decidir qual profissão queria, só concluindo a faculdade após ter trancado outras duas que havia passado e iniciado, anteriormente. - E agora, depois de tanto sacrifício para ter o diploma, eu acho que ela deveria trabalhar na sua profissão e ir estudando em paralelo , desabafou ele, mostrando-se cansado da instabilidade da esposa e das brigas que cada vez eram mais constantes em casa. Ficou evidente que o esposo tinha as suas razões também. O problema maior é que S. só conseguiu passar para um concurso de 2º grau, onde o salário era muito pequeno. 
E S. estava muito insatisfeita, deprimida, irritada, chorando sem parar e dizendo que odiava aquele trabalho monótono e burocrático. S. foi me procurar no consultório para me pedir uma licença, pois há mais de três semanas que tem chegado atrasada e que está com o serviço todo por fazer.
 E como se não bastasse, para completar , disse que o marido estava frio e estranho há algum tempo e que ela achava que ele a estava traindo com outra mulher (muita lágrima & muito choro rolaram nas sessões de S.). E é por caminhos íngremes e sinuosos assim que o portador do TDAH anda e tropeça. Tropeça e cai. Cai, se machuca e se fere, numa espiral decrescente de vida. 
E as histórias se repetem, sempre trazendo à baila vidas que não fluem como poderiam, o potencial que não consegue ter sido aproveitado plenamente (apesar da inteligência) como deveria, a vida sem dinheiro apesar de já ter feito tanta coisa, o salário tão baixo, pra quem estudou tanto, e por aí vai. 
Sabe, aquele/a adolescente que tranca a faculdade para fazer um intercâmbio e que volta sem vontade de retomar os estudos? 
Ou aquele rapaz/moça que para os estudos e vai trabalhar como garçom/babá nos EUA e volta com uma atrás e outra na frente? Aquele/a adolescente que se forma, aos trancos e barrancos, mas diz que não gosta do que fez e que por isso não vai trabalhar na profissão? Aquele sujeito que interrompe os estudos, mesmo que pagando o preço de trabalhar duro em qualquer coisa, só pra calar a boca dos pais? O filho/a que trabalha pouco e ganha pouco e que nunca consegue o suficiente para se sustentar, vivendo anos e anos na casa dos pais? O/A adolescente que bebe/fuma em excesso desde nova? É claro que o TDAH não é o responsável por todos esses casos, e que nem todos os portadores de TDAH apresentam evoluções assim, mas fique atento! Sempre que um profissional atender casos semelhantes aos citados acima, é imperioso que se faça uma triagem para o TDAH. Porque é maios ou menos assim que muitos jovens e adultos poderão evoluir na vida. Lembrar que o TDAH é uma das condições que geram uma ou várias limitações na vida. 
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OS CONFLITOS QUE A TDAH GERA EM ADOLESCENTE E ADULTO
Tratar o mal é mais fácil do que tentar escondê-lo
Nos dias de hoje, com milhares de pesquisas científicas feitas sobre o TDAH ao longo do mundo, fica inadmissível que um profissional deixe passar um portador de TDAH sem diagnóstico correto. Fique claro que o TDAH/DDA deixa sequelas emocionais crônicas em seu portador, como sentimento de fracasso precoce, baixa autoestima e autoconfiança, sentimento de humilhação, instabilidade, descrença de si próprio, autocomiseração, entre outros tantos. 
Pensando nas crianças com TDAH, contribui para dificultar a vida delas o fato da vida fluir sob um ritmo tão acelerado e bem diferente do passado. As crianças modernas são bombardeadas por múltiplos estímulos e informações provenientes de veículos de comunicação como a televisão, o computador e a mídia em geral. Elas são superestimuladas a cumprirem uma agenda cheia e que exige um comportamento acelerado. Quando o ideal seria justo o contrário, ou seja, elas poderem desenvolver o autocontrole para executar uma tarefa de cada vez. Outro fato relevante é que muitas crianças e adolescentes vivem confinados em apartamentos, são transportados porveículos (quase nunca andam a pé) e muitas escolas não possuem espaço livre para correr, pular, brincar e extravasar energia, tão importante para quem possui o transtorno. Portanto, eles encontram mais dificuldade para acompanhar as exigências de um mundo cada vez mais competitivo, tornando-se alvo de atenção dos pais e educadores e não raro, são cada vez mais considerados problemáticos e o pior, são rotulados de incompetentes, irresponsáveis, preguiçosos e tantos outros adjetivos negativos que fazem a autoestima desabar de modo vertiginoso, surgindo desmotivação ou até mesmo depressão ou outro problema emocional ou psiquiátrico, ao que chamamos comorbidade.
 
A presença de comorbidades, no caso do TDAH, é a regra, e não a exceção. No TDAH, as comorbidades mais importantes são os transtornos de ansiedade, os transtornos do humor, o uso abusivo de álcool e ou drogas, os transtornos de conduta, a postura opositiva, os transtornos de aprendizado, os tiques, etc. O TDAH é reconhecido oficialmente por todos os países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, seus portadores são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola. O TDAH é um transtorno neurobiológico, fundamentalmente de causa genética, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Sabemos que pessoas que possuem o Transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade têm dificuldades em prestar atenção, controlar suas emoções e as atividades excessivas. Existem três tipos de TDAH, o desatento, o hiperativo e o tipo combinado (desatento e hiperativo). A falta de atenção sustentada é um problema. Por exemplo, a pessoa não mantém a atenção por muito tempo numa reunião, ao ler e ao escrever, parece que está no mundo da lua, se distrai com qualquer estímulo externo e não sabe de que ponto parou para reiniciar, e em consequência muda de atividade frequentemente, deixando as coisas por terminar. Também perde muitos objetos por causa da sua desorganização.
 
A hiperatividade é caracterizada pela dificuldade que a pessoa tem de esperar sua vez numa fila ou de falar na sua hora, interrompendo conversas. Fala sem parar e mexe-se constantemente, apresenta problemas para dormir, é impaciente e irritável e parece que está sempre a mil por hora.
A impulsividade se traduz pela dificuldade em inibir comportamentos inadequados. Costuma-se falar e tomar atitudes sem pensar, o que muitas vezes cria problemas de relacionamento e até rejeição por parte das pessoas. Primeiro agem, para depois refletirem. Sofrem muito mais acidentes de carro e costumam dirigir perigosamente, em alta velocidade, além de apresentar mais problemas no trabalho e não gostarem de se submeter a regras e rotinas. 
É bom lembrar que tais comportamentos podem fazer parte da vida de qualquer pessoa, ou seja, que sintomas isolados não fazem o diagnóstico do TDAH. Só quando os sintomas estão presentes de forma exagerada e prejudicial em vários setores da vida (escolar, familiar e social) é que pode-se pensar na possibilidade de TDAH. Quem nunca viu uma criança super agitada que não para quieta, com uma energia ilimitada e que age sempre sem pensar? Seu comportamento é impulsivo e desafiador, ela se arrisca constantemente criando muitos problemas por onde passa. Não respeita as regras e não consegue esperar por recompensas. E aquela criança que é desatenta, sonhadora, que não consegue arrumar seus pertences, parece que não ouve quando se fala com ela, também é impopular, pouco motivada, retraída e com dificuldades no aprendizado? Essas e outras podem ser situações bastante comuns no mundo do TDAH da criança. 
É crucial que programas informativos sejam elaborados para os pais, familiares e Educadores, para que o diagnóstico seja feito ainda na infância, pois caso contrário, mais jovens padecerão dos sintomas do transtorno e consequentemente, mais e mais adultos também. 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
VOCÊ SABE RECONHECER OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES DO TDAH?
Quanto mais rápido diagnosticado, menor é o sofrimento
Não é mais novidade que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade acomete cerca de 4% dos adultos em todo o mundo e que é o transtorno mental mais auto- diagnosticado nessa população. 
Também não existem mais dúvidas no meio científico de que o TDAH e considerado um transtorno grave, crônico e que acomete de modo adverso a vida de seus portadores, levando a sérios comprometimentos na sua qualidade de vida, em todos os setores, fazendo com que a vida prossiga ao longo de uma extensa espiral decrescente.
 
Mas, quais são os sintomas do TDAH no adulto? Atualmente seguimos os critérios do DSM-IV TR (abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - Quarta Edição revisada), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington em (1994), e que corresponde à quarta versão do DSM e é a principal referência de diagnóstico na prática clínica para os profissionais de saúde mental dos Estados Unidos da América e outros países. É comumente usado no Brasil também. Só que os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade encontrados no DSM-IV foram elaborados para crianças e alguns critérios não se adaptam muito bem para os adultos, embora saibamos que os sintomas do TDAH em adultos são, em grande parte, uma extensão dos problemas da criança. Para facilitar a avaliação do adulto com TDAH, foi traduzida uma versão para o português de um questionário de TDAH para adultos, o ASRS-18, que é a versão validada no Brasil.
 (Referência: Mattos P.e cols. Adaptação Transcultural para o Português da Escala Adult Self-Report Scale (ASRS 18 versão 1.1) para avaliação de sintomas do TDAH em adultos. Revista Brasileira de Psiquiatria).
Importante lembrar que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional. Entendemos que o ASRS é um questionário que é uma das ferramentas para o diagnóstico do TDAH e que consiste em 18 perguntas, as nove primeiras sendo direcionadas para os sintomas de desatenção e da décima à décima primeira, voltadas para os sintomas de hiperatividade e impulsividade. 
Diferente da criança, a tendência é não se valorizar a necessidade de ao menos 6 sintomas de cada grupo mas sim priorizarmos a gravidade do sintoma, se ele causa comprometimento importante na vida da pessoa e se ele gera sofrimento significativo. Caso um ou dois sintomas no adulto causem sofrimento intenso na maior parte dos dias, o caso vai merecer uma avaliação criteriosa para o TDAH. 
No caso do ASRS-18, respondemos cada pergunta dentro dos critérios: 
- Nunca, 
- Raramente, 
- às vezes, 
- Frequentemente ou 
- Muito frequentemente.
Após responder cada uma das perguntas, vemos a frequência que corresponde como a pessoa se sentiu e se comportou nos últimos seis meses. 
1. Com que frequência você comete erros por falta de atenção quando tem de trabalhar num projeto chato ou difícil? 
2. Com que frequência você tem dificuldade para manter a atenção quando está fazendo um trabalho chato ou repetitivo? 
3. Com que frequência você tem dificuldade para se concentrar no que as pessoas dizem, mesmo quando elas estão falando diretamente com você? 4. Com que frequência você deixa um projeto pela metade depois de já ter feito as partes mais difíceis? 
5. Com que frequência você tem dificuldade para fazer um trabalho que exige organização? 
6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração, com que frequência você evita ou adia o início? 
7. Com que frequência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho? 
8. Com que frequência você se distrai com atividades ou barulho a sua volta? 
9. Com que frequência você tem dificuldadepara lembrar de compromissos ou obrigações? 
10. Com que frequência você fica se mexendo na cadeira ou balançando as mãos ou os pés quando precisa ficar sentado (a) por muito tempo? 
11. Com que frequência você se levanta da cadeira em reuniões ou em outras situações onde deveria ficar sentado (a)? 
12. Com que frequência você se sente inquieto (a) ou agitado (a)? 
13. Com que frequência você tem dificuldade para sossegar e relaxar quando tem tempo livre para você? 
14. Com que frequência você se sente ativo (a) demais e necessitando fazer coisas, como se estivesse com um motor ligado? 
15. Com que frequência você se pega falando demais em situações sociais? 
16. Quando você está conversando, com que frequência você se pega terminando as frases das pessoas antes delas? 
17. Com que frequência você tem dificuldade para esperar nas situações onde cada um tem a sua vez? 
18. Com que frequência você interrompe os outros quando eles estão ocupados? 
Conheça os resultados do questionário com o artigo:
SAIBA DIAGNOSTICAR O TDAH
Aprenda quais são os sintomas e os tratamentos
Como avaliar: 
Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9) E/OU os itens de hiperatividade-impulsividade da parte B (1 a 9) tiver várias respostas marcadas como Frequentemente ou Muito Frequentemente, existem chances do indivíduo ser portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma das partes). 
Não podemos esquecer que outros critérios são necessários para se fazer o diagnóstico. Por isso é muito importante saber que não podemos fazer diagnóstico de TDAH apenas com os sintomas descritos no ASRS-18. 
Outros critérios precisam ser levados em conta como: 
Critério A: Sintomas do questionário.
Critério B: Alguns desses sintomas devem estar presentes desde precocemente (para adultos, antes dos 12 anos). 
Critério C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., no trabalho, na vida social, na faculdade e no relacionamento conjugal ou familiar). 
Critério D: Há problemas evidentes por conta dos sintomas. 
Critério E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele. 
Entretanto, existem outros sintomas comuns observados com frequência na prática clínica diária e que não constam na lista de sintomas do DSM-IV, como os listados abaixo: 
1- Baixa autoestima.
É comum adolescentes e adultos com TDAH terem uma impressão muito ruim sobre si mesmos. Eles têm a impressão correta de que não desenvolveram todo o seu potencial. Notam que são diferentes, que não conseguem acompanhar o grupo na escola pela desatenção, inquietude, irritabilidade e impulsividade, sendo geralmente vítimas de retaliação ou apelidos. Eles geralmente têm depressão, o que aumenta mais a baixa autoestima. Muitos adultos não têm uma capacidade bem desenvolvida de perceber a si mesmos, com uma impressão que não condiz com a realidade. 
2- Sonolência diurna. 
Mesmo após uma boa noite de sono. É visto em crianças, jovens e adultos e a família fica surpresa como pessoas tão agitadas conseguem dormir como pedra , até no banco de trás do carro, por exemplo. 
3- Pavio curto. 
A capacidade de não explodir ou de não engolir sapo mesmo quando estas atitudes seriam necessárias, fica muito diminuída pela impulsividade e irritabilidade que o TDAH acarreta. 
4- Necessidade de ler mais de uma vez para fixar o que leu. 
Fazem uma leitura automática , ou seja, lêem sem entender a ideia global ou sem memorizar os temas importantes, apesar de compreenderem as palavras. 
5- Dificuldade em levantar e se ativar para começar o dia.
6- Adiamento crônico das coisas. 
7- Mudança de interesse o tempo todo. No início, as coisas são muito empolgantes e interessantes e logo se tornam chatas. 
8- Intolerância a situações monótonas ou repetitivas. 
9- Busca frequente por coisas estimulantes, diferentes (buscadores crônicos) 
10- Variações frequentes de humor. 
Russell Barkley, pesquisador de referência mundial em TDAH, descreve em seu recente livro as queixas mais frequentes de adultos portadores de TDAH : 
1) Desempenho escolar/ocupacional fraco relacionado com: 
Deficiências na atenção prolongada para leitura, trabalho burocrático, palestras, etc. 
Pouca compreensão da leitura 
Aborrecimento fácil com tarefas ou materiais tediosos 
Pouca organização, planejamento e preparação Procrastinação até iminência de prazos Impaciência subjetiva 
Pouca capacidade de iniciar e manter esforços em tarefas desinteressantes 
Distração fácil quando o contexto exige concentração 
Dificuldade para permanecer em um espaço ou contexto confinado, como reuniões prolongadas Impulsividade nas decisões 
Grande dificuldade para trabalhar sem supervisão Grande dificuldade para escutar instruções com cuidado 
Pouca capacidade de seguir instruções ou tarefas Mudanças de trabalho impulsivas e frequentes, demissões frequentes 
Baixas notas acadêmicas envolvendo habilidade Atraso frequente para o trabalho/compromissos Sentido fraco de tempo, uso do tempo deficiente Dificuldade para pensar de forma clara e para usar julgamento sensato 
Autodisciplina geralmente fraca 
Menos capacidade de perseguir objetivos do que outras pessoas 
2) Poucas habilidades interpessoais 
Dificuldades para fazer amigos.
Problemas maritais significativos, maior probabilidade de se divorciar 
Comentários impulsivos a outras pessoas Sentimento súbito de raiva ou frustração 
Abuso verbal para com outras pessoas Descumprimento de compromissos 
Considerado autocentrado e imaturo pelos outros Não costuma considerar importantes as necessidades ou atividades de outros 
Pouca capacidade de ouvir 
Dificuldade para manter amizades ou relacionamentos íntimos 
3) Problemas emocionais: Auto estima baixa Distimia Temperamento impaciente Propensão a perturbação emocional Desmoralização com fracassos crônicos, geralmente desde a infância Transtorno de ansiedade generalizada Pouca regulação das emoções 
4) Comportamento antissocial: 
Transtorno de personalidade antissocial pleno Dependência/abuso de substâncias 
Mente e furta com mais frequência 
Histórico de agressão física contra outras pessoas Maior probabilidade de realizar atividades ilícitas 
5) Problemas com o comportamento adaptativo Dificuldades crônicas no emprego 
Geralmente, menos formação educacional do que outras pessoas em seu nível de capacidade cognitiva 
Dificuldades financeiras, não quitação de contas no prazo, compras impulsivas e dívidas excessivas Maus hábitos na direção, acidentes de trânsito, multas, suspensões carteira com frequência Considera-se menos adequado na paternidade/maternidade quando tem filhos Dificuldade para organizar/manter a casa. 
Pouca capacidade para cuidar do lar 
Rotinas pessoais e familiares mais caóticas 
Menos preocupações com a saúde, descuido com exercícios, dieta, controle peso 
Estilo de vida sexual mais arriscado 
Menor chance de usar contraceptivo no ato sexual, maior % gravidez precoce e DST 
Mais parceiros sexuais que pessoas não portadoras de TDAH 
(Russell A. Barkley & cols, 2008) 
Vemos como são abrangentes os sintomas do TDAH no adulto, o que torna o seu diagnóstico um desafio, exigindo a presença de profissionais experientes para tanto. 
Em 2011, talvez já tenhamos os critérios oficiais para o diagnóstico do TDAH em adultos, com o lançamento da DSM-V. 
Conclusão: 
A investigação científica sugere que os sintomas de TDAH podem persistir na idade adulta, com um impacto significativo nas relações interpessoais, na carreira profissional e mesmo na segurança pessoal dos indivíduos que apresentam esse transtorno. Por ser essa doença frequentemente mal compreendida, muitos portadores não são corretamente tratados e, como consequência, nunca chegam a atingir seu potencial máximo. 
Em parte, isso se deve ao fato de que esta doença é de difícil diagnóstico, especialmente em adultos. A Escala de AutoAvaliação de TDAH em Adultos (ASRSV1.1) e seu sistema de classificação foram desenvolvidos em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Grupo de Trabalho sobre TDAH em Adultos, que incluiu a seguinte equipe de psiquiatras e pesquisadores: Lenard Adler, Médico Professor Associado de Psiquiatria e Neurologia Escola Médica da Universidade de Nova York Ronald Kessler, PhD Professor, Departamento de Planejamento de Cuidados de Saúde (Health Care Policy) Escola Médica da Universidade de Harvard Thomas Spencer, Médico Professor Associado de Psiquiatria Escola Médica da Universidade de Harvard A ASRS pode ser usada como um instrumento de diagnóstico de pacientes adultos com TDAH. 
As informações provenientes deste diagnóstico poderão indicar a necessidade de uma avaliação clínica mais aprofundada. As perguntas da ASRS V1.1 são compatíveis com os critérios diagnósticos do DSM-IV e referem-se às manifestações dos sintomas de TDAH em adultos. O conteúdo do questionário reflete a importância que o DSM-IV atribui aos sintomas, incapacitação e história clínica para o correto diagnóstico.
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou TAB (Transtorno Afetivo Bipolar)
Às vezes fica tudo tão parecido...
Vou contar uma parte da consulta de um dos meus pacientes. Ele me achou pelo site e já veio com o diagnóstico pronto: TDAH. E veio para se tratar. De fato, ele respondeu muito frequentemente para quase todas as perguntas do ASRS-18.
Eu vou tentar reproduzir um trecho de uma de nossas consultas: A minha mãe morreu de doença bipolar. Eu sempre fui conhecido como polvolino ou polvilho, sabe por quê? Por causa daquele biscoito..., sabe aquele biscoito Globo, que a gente come na praia, que neguinho vende nas ruas quando o trânsito está parado ou engarrafado? Ele esfarela todo! E eu era assim, por onde eu passava, eu deixava um monte de marcas, um monte de farelos, por onde eu ia, todo mundo sabia... eu era estabanado desde pequeno, tinha um troço dentro de mim que não parava quieto, eu andava pela casa e toda hora eu derrubava uns bibelôs da mamãe e ela ficava transtornada! Não parecia a minha doce e triste mãe, que vivia jogada naquela maldita cama pelo menos uns 300 dias do ano... ainda bem que eu era rápido, quando eu derrubava os enfeites da mamãe eu saía correndo, ia pra casa da vizinha, tia Lany, e me escondia no banheiro da empregada!
Do banheiro da tia Lany eu ouvia os grunhidos da mamãe, os berros dela, e logo depois os barulhos das coisas que ela mesma quebrava dentro de casa, por causa da raiva que entrava dentro dela... os anos foram passando e chegou o dia que meu pai largou a casa. 
Pegou uma sacola e uma mala e botou tudo o que ele conseguiu. Beijou a minha testa, mandou eu tomar conta da minha mãe e me pediu desculpas, disse que não dá mais pra aturar a doida da sua mãe, ela está insana, palavras dele. Sequei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, estavam quentes, de tanta raiva que eu senti dele. 
Corri pra procurar o Aurélio, queria ver direito o que era insana. Fiquei com ódio do meu pai. 
Naquele dia eu quebrei tudo dentro de casa, gritei e xinguei até cair no chão, sem forças. Acordei apavorado com sangue no meu braço, da maldita jarra que eu joguei contra a parede e que me cortou.
Minha cabeça parecia um avião. Um avião em pane, claro. Custei a ficar normal. Quando vi o estrago que eu tinha feito em casa, fiquei sem força nas pernas, minha vista escureceu e eu achei que ia desmaiar. Fui me arrastando pelo chão até a porta da sala. Eu tinha que fugir.
Quando a minha mãe visse tudo aquilo ela ia acabar comigo. Quando ela soubesse que meu pai não voltaria mais, ela poderia me matar com aquele cinto desgraçado. Ela ia me matar. Naquele dia eu não fui pra tia Lany. Tinha que ir pra mais longe. Passei aquela noite sentado no banco da rodoviária, até o dia amanhecer. Da rodoviária até a minha casa andando a pé levava uma hora mais ou menos, mas eu estava tão agitado, tão apressado, que levei uns vinte minutos até chegar em casa. 
Deu um bloqueio em mim quando eu cheguei na esquina de casa. Fiquei uns trinta minutos parado olhando para o meu prédio. Parecia tudo calmo. Calmo?
 Ah, essa palavra nunca existiu no meu vocabulário... pra encurtar o meu sofrimento, a minha raiva, o meu medo e a minha culpa, eu acabei sabendo que a minha mãe tinha tentado se matar e que tinha sido levada para um hospital. 
Nos seis meses seguintes eu fui obrigado a ir morar com a minha tia. Era outra insana, nervosa, esquisita e muito chata! Só falava gritando, berrava o tempo todo. Quando ela saía pra trabalhar, parecia um paraíso... Meu Deus, quem inventou escova de dente e escola? Eu sempre odiei escola! A escola era o meu martírio, o meu holocausto, o lugar onde eu paguei todos os meus pecados, todas as minhas culpas! A única coisa que prestava era a Estelinha, lábios gordinhos e róseos... hum, era só o que prestava e era a única coisa que fazia as minhas pernas entrarem naquela maldita sala de aula... nossa, como eu sofri! 
Gozado, o dia parecia dividido. Um lado ensolarado, colorido. O outro lado, nuvens negras, sombrias, abutres. Minha cabeça parecia um pião desgovernado. Nada encaixava com nada. De repente, um barulho da porta que se abriu e eu me lembro como se fosse hoje, um homem grande, todo de branco, entrou pela porta com a minha mãe pelo braço. Pensei que ia morrer. De medo, sei lá. Mas foi esquisito porque nem eu corri pra abraçá-la e nem ela correu pra me abraçar. 
Ficamos dois túmulos. Ela deu um sorriso amarelo pra mim e muito depois estendeu os braços. Parecia que tinha uns dez anos que eu não via a mamãe. Ela estava velha e acabada. Olhava para o nada, tremia de leve, parecia abobalhada. Nunca mais voltei naquele lugar.
Dois anos depois, a tia Lany foi me procurar na casa da minha tia. Não falou nada e só me abraçou e não parava de chorar. Mamãe morreu, tia? Ela morreu, não é?Vi a minha mãe no velório. Quase esmurrei o velho do meu pai, aquele assassino! Ainda teve o despautério de chorar! Quis lavar a honra da minha mãe, quis muito acabar com o velho, mas alguma coisa em mim me segurou. 
Dei um beijo na testa da mamãe e saí dali correndo. Estava com falta de ar. E hoje, Dra., eu estou aqui porque eu acho que eu venho tendo umas coisas parecidas com as coisas que a mamãe tinha... 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
METILFENIDATO, PADRÃO OURO PARA O TRATAMENTO DO TDA, TDAH
Sintomas confundem e levam pacientes a se medicar de forma errada
Infelizmente, o DDA ou TDA ou TDAH ainda é pouco conhecido na população em geral. Prova disso é a reformulação contínua que o transtorno vem sofrendo há décadas.
Já foi chamado de Transtorno no Defeito Moral, Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Hiperatividade. 
Atualmente, é conhecido como TDAH = Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O TDAH é o transtorno mental crônico mais frequente em crianças sendo o problema mais encontrado nos ambulatórios especializados em saúde mental da infância e adolescência.
O TDAH é muito frequentemente diagnosticado em algum parente da criança, ou seja, é muito comum que o pai ou a mãe "se veja" apresentando os sintomas do TDAH durante a coleta da história da criança. É muito comum também que um ou mais irmãos apresentem o problema. Por isso o especialista precisa estar atento na hora de colher a história familiar daquela criança. 
O TDAH é um transtorno super bem estudado em todo o mundo, tendo inúmeros trabalhos comprovadamente científicos em todo o mundo. Estudos de acompanhamento mostram que o TDAH é um transtorno que começa na infância ou até início da adolescência e que costuma evoluir com impacto adverso na vida do sujeito, causando sérios comprometimentosna qualidade de vida em quase todas os seus setores.
Mas o bom profissional sabe muito bem que os sintomas nucleares do TDAH são muito comuns na população como um todo. Afinal, quantos de nós já não ficamos desatentos, inquietos, e agimos por impulso? É importante que o profissional conheça muito bem as características de cada etapa do desenvolvimento infantil, afinal, os pré-escolares principalmente, são ativos, levados, e isso não quer dizer que eles tenham o TDAH!
Muitas vezes o TDAH é um diagnóstico de exclusão, uma vez que outros problemas psiquiátricos costumam surgir ao longo da evolução do TDAH. Não é raro atendermos crianças e jovens ansiosos apresentando os mesmos sintomas do TDAH. Idem, para os transtornos depressivos. Como diagnosticar de modo correto?
Nesse momento entra a importância do profissional ser experiente e minucioso, buscando fazer um bom diagnóstico diferencial dos transtornos emocionais. É sempre indicado o tratamento dos sintomas ansiosos e depressivos primeiro, para depois avaliarmos se é indicado o uso do metilfenidato - ritalina ou concerta. Igualmente para o transtorno bipolar, transtorno de conduta e outros. 
É importante que o profissional saiba usar o metilfenidato nas doses corretas. É muito comum vermos crianças submedicadas, com subdoses da ritalina ou concerta, e consequentemente, sem a melhora esperada dos sintomas.
Doses que variam entre 0,6 a 0,9 mg/kg/dose são as mais indicadas. É imprescindível que a família receba orientações e todo o apoio de como ela deva proceder com a criação do seu filho dali pra frente.
Daí, a Psicoeducação ser imprescindível. Dependendo da gravidade do quadro, da presença ou não de comorbidades, torna-se importante uma psicoterapia para o portador. Regras claras são fundamentais. Limites coerentes também. Prestar atenção para aqueles que ficam se desculpando em nome da doença. Não é por aí... Leitura de sites, blogs, artigos de fontes confiáveis é importante, fortalece a manutenção do tratamento. Trabalhar a questão da continuidade do tratamento, pois é comum que pacientes fazendo uso do metilfenidato com sucesso, interrompam o tratamento.
 Trabalhar a conscientização do paciente e de sua família é muito importante nesse sentido. Afinal, todos sabemos que se tratar não é tarefa fácil, ainda mais quando se trata de um problema crônico... Mas vale a pena todo o investimento no tratamento do TDAH, pois o TDAH não tratado ou não tratado de modo correto geralmente evolui para um quadro pleno ou até "residual" na vida adulta, atrapalhando as funções executivas, afetivas e sociais do sujeito, que não entende como ele pode ser tão criativo, inteligente, já ter feito tantas coisas na vida, e não ter conseguido nada, ou como aqueles que não conseguem fluir com o sucesso pessoal esperado. Valorizar os grupos de apoio a portadores e familiares também leva a um upgrade familiar, criando maiores condições de resiliência por parte da família e para o próprio portador.
Lembrar que o TDAH não é doença de criança e que ele não desaparece na juventude. Simplesmente os sintomas, até então externalizantes, se internalizam, dando uma falsa impressão de que o problema acabou.
Sites como o da ABDA - Associação Brasileira de Déficit de Atenção é um site confiável e que deve ser lido. 
Acessem: http://www.tdah.org.br ou http://www.tdahemfoco.com.br 
Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência. 
Para saber mais, acesse: www.evelynvinocur.com.br 
TDAH NA ESCOLA
Saiba como lidar com crianças difíceis
"Um dos principais problemas observados no processo pedagógico são os comportamentos inadequados de alguns alunos nas diversas atividades escolares. O despreparo dos docentes para lidar com os conflitos que surgem nas salas de aula também contribui para a configuração do quadro. Além disso, geralmente, a proposta educacional da escola prevê um único tipo de enquadramento dos alunos no processo pedagógico. Por não se adequarem ao padrão pedagógico convencional, é comum que alunos com TDAH reajam negativamente, ficando inadequados". (Faustino Reis e Pompêo de Camargo, 2006).
Não há dúvidas quanto à importância do ambiente escolar para a formação e qualidade de vida da criança. A responsabilidade das Instituições de Ensino vai muito além do cumprimento do conteúdo programático exigido. Escola e Educador precisam estar atentos e comprometidos com o aluno, saber o seu nome, quem são seus pais, como ele se comporta na aula e assim por diante. 
Somente conhecendo bem o aluno o professor poderá detectar precocemente qualquer mudança de comportamento ou algo estranho que ele venha a apresentar, inclusive nos casos de maus-tratos, onde a criança pode chegar machucada na escola ou simplesmente mudar o comportamento, ficando desatenta, inquieta ou sonolenta na aula.
A Escola tem a obrigação de proteger o aluno, mas ela precisa contar com profissionais preparados para lidar com questões delicadas, como é o caso de crianças portadoras de transtornos mentais. Os programas de apoio à família são altamente eficazes, reforçam o "vínculo família-escola" e promovem a saúde escolar, levando a um aumento significativo do comprometimento entre professor e aluno. 
É urgente que cada escola tenha um profissional qualificado para mediar "situações-problemas", tão logo ocorram. Quando uma criança causa problemas em sala, podemos nos deparar com situações "desconfortáveis", como é o caso de crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que são geralmente inquietas, impulsivas e desatentas, deixando o professor sem saber o que fazer. Escolas mal informadas não sabem que a condição é um transtorno mental que precisa ser diagnosticado o quanto antes, uma vez que o tratamento precoce é bastante eficaz.
Entretanto, como falamos anteriormente, situações diferentes são frequentes no TDAH, agravando o quadro e complicando o tratamento. Cerca de 30% dos casos não se beneficia do tratamento medico sozinho. A criança vai precisar da avaliação e tratamento com outros profissionais. Também não podemos dispensar o tratamento aos pais, para reorganizar a dinâmica familiar que muitas vezes é caótica nesses casos. Igualmente, a avaliação dos professores daquela criança é preciosa e não pode ser dispensada.
Mas parece que às vezes fica mais fácil achar que o filho é preguiçoso, rebelde e teimoso ou botar a culpa nos pais ou na escola. A verdade é que não sabemos lidar com crianças difíceis. Vamos arregaçar as mangas e ir à luta, pois as crianças precisam de nós, do nosso empenho e de que acreditemos num futuro melhor para elas.
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
TDAH CAUSA ISOLAMENTO E PRECONCEITOS AO LONGO DA VIDA
O mal deixa seus portadores fragilizados e inferiorizados
O profissional da área de saúde mental tem recebido em seu consultório um número cada vez maior de crianças, adolescentes e adultos com queixas de ordem emocional e ou comportamental associadas principalmente a problemas de atenção e ou aprendizagem. 
Crianças dispersas e com dificuldades escolares e de sociabilização até então eram vistas na grande maioria dos casos, como consequentes à educação permissiva e sem limites pelos pais, ou por pais protetores em excesso, ou até mesmo por falta de umas "boas palmadas" ou problemas do próprio sistema educacional. De qualquer forma, a consequência sempre era mais ou menos a mesma: criança super rotulada, vivenciando o preconceito "na pele" acabava apresentando a "síndrome da desmoralização" e do "desamparo aprendido", secundárias ao fato de se sentir (e ser vista como) uma criança-problema, diferente, sem futuro, "uma criança desacreditada" dentro de seu próprio meio...
 
São crianças que sentem a dordo fracasso e da solidão muito precocemente e que sentem humilhação, vergonha e impotência diante de seus pares, cada qual seguindo a vida, enquanto para elas, a vida se mostrando cheia de muralhas intransponíveis... 
À medida que os anos vão passando, essa sensação "de ser desacreditado" associada à percepção de "ser menos", vai fazendo com que essa criança ou esse jovem ou esse adulto acabe achando mesmo que "ele não vale a pena de ser investido" ou seja, ele opta por "jogar os panos" e tal qual aos outros, acaba por não acreditar mais em si mesmo, gerando aquilo que chamamos de "síndrome do desamparo aprendido": a própria criança já "não se leva mais à sério", e cada vez mais vão aumentando os "rombos" e as sequelas emocionais em seu psiquismo, com consequente devastação em sua autoestima, autoconfiança e autoimagem. 
Ora, vamos nos colocar no lugar de uma pessoa que não está conseguindo enxergar aquilo que lê - tudo fica embaçado e turvo. Ou como alguém que tenta entender como se resolve uma determinada tarefa e que não está conseguindo entender. Se essa condição ocorrer quase todo dia, ao final de um tempo, certamente essa pessoa vai ficar com pavor da tal situação. E é assim que muitas crianças e muitos jovens acabam por desistir da escola, não concluindo sua escolarização. Muitos pais costumam dizer: - O meu filho não aprende nada porque ele não gosta de estudar! E eu sempre respondo com veemência: NÃO!! O seu filho não gosta de estudar porque ele não está conseguindo aprender !!!! 
Hoje em dia sabemos que um grande número de pessoas que apresentam sintomas como os descrito acima, tem chance de ser portador do TDAH transtorno do déficit de atenção e hiperatividade condição ainda pouco conhecida e que vem sendo muito estudada e melhor entendida nos últimos anos, com o avanço da neurociência, da genética e dos estudos de neuropsicologia e cujo tratamento é bastante eficaz. A maioria das crianças, jovens e adultos quando corretamente tratados, passam a gostar de estudar e ler. E uma vez que passam a aprender, passam a gostar de estudar. E as chances de uma vida mais plena e mais feliz ficam muito mais concretas. 
Resumindo, o TDAH ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma condição neurobiológica, de inicio precoce, bastante prevalente em crianças de idade e adolescentes, com prevalência em torno de à 5 a 10% da população escolar. Quando não tratada precocemente, pode evoluir de modo adverso, numa espiral decrescente. Na prática, vemos que a vida do portador de TDAH que não é tratado, tem grandes chances de evoluir com insucessos crônicos e autoestima baixa. Por isso, hoje em dia, é inadmissível que um paciente portador de TDAH seja atendido pelo médico sem que seja feito o diagnóstico de TDAH. É super importante o diagnóstico precoce e o tratamento correto. É bom lembrarmos que crianças e jovens não tratados, vão evoluir com sintomas na vida adulta em cerca de 50 a 60% dos casos. 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
A IMPORTÂNCIA DE TRAÇAR OBJETIVOS E METAS DE VIDA NO TDAH
Saber lidar com o distúrbio já é o início do tratamento
Você possivelmente vai ficar entusiasmado com a possibilidade de ver seus sintomas diminuindo. Você, estando motivado, pode querer desfrutar de todas as melhoras de uma só vez. VÁ COM CALMA! Já ouviu aquele ditado que diz que o apressado come cru e que o devagar também é pressa? 
Na busca pela conquista de metas é fundamental que você tenha muita calma, para investir a sua energia em definir o seu projeto de vida. No tocante a metas, é importante que você atinja uma meta por vez. É essencial que você a conquiste, curta a sua vitória por tê-la concluído e então, e só depois, é que você deverá passar à próxima meta.
E assim por diante. Respeite o seu tempo. Você terá a satisfação de ver a melhora do seu desempenho laborativo, na vida social e afetiva. Consequentemente, você sentirá a melhora do seu autocontrole, além de um reforçamento sobre a sua vontade e determinação. É irreal ter expectativas de conseguir tudo de uma vez só.
Como conseguir?
 
Siga as instruções abaixo: A experiência mostra que devemos nomear as metas, dando a cada uma delas uma nota, de zero (muito fácil de ser alcançada) até 10 (muito difícil de ser alcançada).
Sete dicas que auxiliam na conquista de objetivos e metas de vida 
Comece com um rápido sucesso escolha uma meta que você sinta ser fácil de ser concluída. Esse rápido sucesso vai te ajudar a realimentar a roda do sucesso . No início, nunca tente uma meta difícil de ser concluída. Ao contrário, pratique bem nas metas mais fáceis de serem atingidas pois isso aumentará e muito, a sua autoestima e autoconfiança.
Identifique pontos de alta motivação o que realmente você gosta de fazer? O que realmente faz o seu coração brilhar ? É difícil perseguir objetivos que não sejam motivadores para você. Portanto, pelo menos inicialmente, escolha metas que você realmente deseje alcançar, e que você sinta que irá conseguir com facilidade.
Saiba priorizar suas metas. É imprescindível que você sinta-se entusiasmado e satisfeito com as metas que você delineou. Ponha sempre as suas metas em um papel. Certifique-se de ter usado o critério das prioridades, escolhendo as metas mais importantes e que fazem mais sentido pra você, mantendo sempre a motivação na mente.
Reduza as expectativas Não tenha altas expectativas. Tenha boas perspectivas. Visão de future. Determinação e persistência. Quando você alcança e conclui tudo muito rapidamente, pode haver algum sentimento de desapontamento. Se você conseguir manter as suas expectativas mais realistas , o sentimento de vitória e sucesso costumam ser maiores e muito gratificantes. 
Siga o passo-a-passo. 
Pequenos passos de cada vez fracione as suas metas em metas menores, que normalmente são melhor e mais facilmente administráveis. Lembre-se de que mesmo as metas mais gigantescas e quase impossíveis de serem alcançadas , são conseguidas sim, sempre gota a gota , passo-a-passo.
Desenvolva um plano de ação, um diário de estratégias - liste os passos necessários para que cada meta seja concluída. 
Use o formato de tabela associando o seu cronograma. Certifique-se de deixar espaços (horários) em branco no seu plano de ação. Seja flexível. Caso você não consiga cumprir o seu plano de ação num dia em particular, não se desespere. Não permita que todo o plano fracasse por causa de um tropeço. No espaço deixado para esses imprevistos, você poderá refazer a sua proposta novamente. Tente até conseguir. Caso não consiga, repense sua programação. Pode ser que ela ela esteja acima de suas possibilidades para o momento em questão. Reveja suas expectativas. De qualquer modo, em última instância, refaça seu plano a partir do ponto não atingido, seguindo-se dali pra frente, com metas mais fracionadas. É como desenvolver táticas, ou seja, um plano B e um plano C, se necessário. Esse é o caminho do sucesso.
 Reavalie o seu progresso regularmente e promova autoelogios sempre - certifique-se de se elogiar e se gratificar o mais
precoce e frequentemente quanto possível, a cada progresso feito. Não economize premiações deixando para usá-las somente quando todo o projeto for alcançado. Fracione também os elogios e autopremiações bem como os reforçadores positivos ao longo de todo o percurso, ao longo do todo o seu projeto. Comemora cada etapa! Curta sozinho, com parentes ou amigos, tire fotos, faça registros sobre o seu momento de sucesso e sinta-se vitorioso por cada etapa concluída!
Estabeleça metas inteligentes
Quando estabelecer metas, escolha METAS INTELIGENTES, ou seja, metas que sejam específicas, mensuráveis, assumidas, realísticas e com tempo definido.
 
Metas Específicas exclusivas para o propósito a ser atingido
Mensuráveis uma meta é mensurável quando podemos determinar claramente se o progresso está sendofeito em sua direção
Assumidas quando você conversa com você mesmo ou com um amigo e concorda com a meta e se compromete a executá-la
Realísticas metas que podem ser alcançadas, alcançáveis
Com tempo definido meta que pode ser concluída dentro de um tempo razoável, a médio prazo. 
(Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência.)
DISTÚRBIO RESPIRATÓRIO É COMUM NO TDAH
É preciso ficar atento, pois a criança respira mal enquanto dorme
O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é caracterizado por uma gama de problemas relacionados à falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas são causados por alterações no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais que funcionam mais lentamente, causando dificuldades à criança em sua vida diária. 
O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, ou seja, é fortemente influenciado por fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais, que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 10% da população 
ao longo da vida. O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir drasticamente os conflitos sociais, familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas crianças e seus familiares. 
Estudos mostram que através de um diagnóstico e tratamento corretos, um grande número dos problemas como repetência escolar, abandono dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser adequadamente tratado ou até mesmo evitado. Sabemos que a presença outras patologias são a regra no curso do TDAH e não a exceção. Por isso devemos ficar atentos a problemas auditivos, visuais, transtornos de aprendizagem, distúrbios da coordenação motora, transtornos psiquiátricos diversos entre outros. 
Problemas do sono estão presentes em percentual razoável nessas crianças, sendo comum a sonolência excessiva durante a tarde. Por isso, é fundamental a investigação sobre dos distúrbios obstrutivos respiratórios do sono em crianças com TDAH, uma vez que o problema dificulta as crianças de prestarem atenção e aprenderem o conteúdo das disciplinas escolares como os outros alunos. 
Além disso, elas ficam agitadas ou às vezes apáticas, por conta do problema respiratório. O uso da telerradiografia é norma lateral como auxiliar no diagnóstico dos Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono em Crianças com TDAH foi desenvolvido pela Unicamp SP e realizado em crianças com distúrbios de aprendizagem. Quando respiramos com dificuldade, a respiração alterada leva ao que chamamos de dessaturação, ou seja, prejuízo da oxigenação em áreas do cérebro como a área pré-frontal, que é a área mais comprometida no TDAH, agravando ainda mais o quadro.
Como a criança não dorme bem, pode prejudicar a atenção, a conduta e o aprendizado. Por isso é importante a família e os professores terem informações sobre esse assunto e ficarem atentos aos alunos. Especialistas em TDAH precisam fazer uma triagem da parte respiratória em toda criança diagnosticada como tal. Se elas apresentam o problema, é importante diagnosticar se elas têm também os Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono, ou os dois.
Avaliação odontológica é fundamental também, pois a criança pode ter atresia dos maxilares, o que acaba fragmentando a passagem do ar pelas vias aéreas e diminuindo o espaço de passagem do ar. Temos sempre que perguntar se a criança dorme bem, se ela ronca e se respira pelo nariz. Crianças que dormem de barriga para cima ficam com a ponta da língua baixa e não no céu da boca e podem ficar com a via aérea muito reduzida, até mesmo fechada em direção à garganta, a adenóide, as amígdalas e os maxilares. 
Importante também a avaliação da úvula, amígdalas e adenóides, além de desvio de septo. Não é normal a criança roncar, falar à noite, ter refluxo gastroesofágico, ranger os dentes (bruxismo), transpiração da cabeça e do tórax (excessiva), enurese noturna (fazer xixi na cama até 7 ou 8 anos) e movimento das pernas inquietas durante o sono, ou agitar as pernas e mãos durante o dia. Também podem apresentar problemas como a rinite alérgica crônica e amigdalites que atrapalham muito a respiração. 
Como a criança não consegue respirar de forma eficiente, ela tem um sono agitado e essa reação que ela apresenta é o corpo se movimentando devido à dificuldade da respiração. A criança pode ainda ter pesadelos e acordar gritando. A identificação desses distúrbios do sono pode ser percebida logo ao nascer pelos pais, melhor verificada pelos pediatras. Os pais muitas vezes percebem as agitações do sono, mas não as relacionam com fatores que podem aumentar a hiperatividade, prejudicar a atenção e o aprendizado nas crianças com TDAH.
Também devem ser investigados os fatores como congestionamento nasal, apinhamento dental, palato ogival, lábios entreabertos, inflamação clínica das tonsilas palatinas, úvula (campainha) alongada e mau hálito.O TDAH, para ser adequadamente tratado necessita, como vemos, de uma avaliação clínica detalhada por profissional capacitado neste tipo de atendimento.
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FILHOS DE PAIS DEPRIMIDOS TAMBÉM PODEM DESENVOLVER A DOENÇA
Agressividade e indiferença dos adultos geram sensação de abandono emocional nas crianças
Um estudo realizado pela Universidade de Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos, revela que distúrbios emocionais como a depressão são, em sua maioria, reflexos de fatores genéticos que são transmitidos de pai para filho e dos valores que os pais doentes passam a seus filhos ao longo da vida.
 
Segundo os pesquisadores, filhos de pais deprimidos têm maior dificuldade de se expressar, além disso a falta de paciência, 
a agressividade e a indiferença dos adultos deprimidos geram neles uma sensação de abandono emocional que faz com que as crianças tenham medo de se aproximar afetivamente dos pais. 
Durante um ano, 100 crianças e adolescentes, com faixa etária entre 5 e 15 anos, foram observados por psicólogos de diversas especialidades e responderam a questionários sobre comportamento e expectativas sobre o futuro. 
No grupo de crianças avaliado, aquelas que tinham pais depressivos tiveram maior dificuldade de expor sentimentos e de se relacionar com os demais colegas de grupo, além de apresentarem comportamento muito semelhante ao dos pais como olhares esquivos, voz baixa, dicção lenta e pessimismo. 
Os pesquisadores afirmam que, quando detectada precocemente, a depressão pode ser tratada com sucesso, porém, como 
a maioria dos pais não consegue perceber seu próprio problema, não reconhece a mudança comportamental dos filhos e o diagnóstico acaba sendo tardio. Para os pesquisadores, o desafio agora é alertar os pais sobre tais resultados para que tratamentos em conjunto possam amenizar o problema. 
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FIQUE ATENTO À DEPRESSÃO INFANTIL. ELA PRECISA SER DIAGNOSTICADA PRECOCEMENTE
É importante ressaltarmos que os fatores psicossociais estressores contribuem para desestabilizar pessoas que aparentemente estão estáveis, mas só aparentemente, pois essa pessoa pode estar simplesmente na fase que chamamos de equilíbrio instável. Qualquer "sopro", a estrutura da pessoa se desmorona.
O meio ambiente exerce um poder muito grande sobre o emocional de pessoas em geral, sejam elas crianças, adolescentes ou adultos. Jéssica é uma menininha de dois anos, que começou a apresentar problemas de comportamento após a sua mãe entrar em mais um quadro de depressão maior. 
Sua mãe passou a apresentar o que chamamos de anedonia, ou seja, falta de prazer nas coisas que antes gostava e com isso, outras pessoas da família passaram a tomar

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