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DIREITO PENAL II AULA 6 – PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA MODELOS DE SISTEMAS PENITENCIÁRIOS Filadélfico (1790) – Prisão de Walnut: Solitary system, isolamento celular. ( isolamento + silêncio) Crítica: Altamente nefasto para a saúde psíquica do condenado. Auburniano (1818) – Prisão de Auburn: Silent system Trabalho diurno + silêncio e isolamento noturno. Crítica: Exploração do apenado pela lógica capitalista. Sistema Progressista Inglês: -Estabelece relação da duração da pena com o trabalho e o bom comportamento (sistema de pontos) Mark system (3 etapas): 1 – Isolamento + silêncio (noite) 2 – Trabalho com silêncio (dia) 3 – Liberdade condicional Sistema progressista irlandês: -Livramento condicional + colônias agrícolas ou industriais – Regime de cumprimento de pena semi-aberto Etapas: 1) isolamento + silêncio 2) trabalho (dia) + isolamento e silêncio (noite) 3)Período intermediário: trabalho em colônias agrícolas e industriais 4)Livramento condicional Crítica: Bom comportamento advém de disciplina ou dissimulação do preso. Instrumento de poder do agente penitenciário Panóptico (pan + óptiko): Modelo de arquitetura prisional Elaborado por Jeremy Bentham (séc. XVIII) Utilização da claridade (luz e contra-luz) Interno nunca sabia se estava ou não sendo vigiado Características: -Instrumento de dominação -Vinculado à disciplina como tática de poder -Ligado ao poder disciplinar PANOPTISMO Observação Sujeição Distribuição no espaço Hierarquia Vigilância Sociedade Disciplinar - As ideias expandiram-se a outras instituições: escolas, hospitais, quartéis, e atingiu toda a sociedade (sociedade disciplinar). PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA Pena: Aplica-se a imputáveis. leva em consideração a culpabilidade do agente. Pratica fato típico, ilícito e culpável. Medida de Segurança: Aplica-se a inimputáveis em razão de retardo mental total ou parcial. Leva em conta a periculosidade. Sujeito pratica fato típico e ilícito, mas é absolvido (Absolvição Imprópria). Sistema Duplo Binário: CP 1940 (texto original). Condenado poderia cumprir pena ou medida de segurança. A medida de segurança era iniciada após o condenado cumprir a pena privativa de liberdade. Sistema Vicariante: CP após a Reforma de 1984. Sujeito que pratica fato típico, ilícito, porém, não culpável. O sujeito é absolvido, mas lhe é aplicada a medida de segurança. ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA Art. 96, CP. As medidas de segurança são: I - internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Medidas de Segurança DETENTIVAS (internação) e RESTRITIVAS (tratamento ambulatorial). Art. 97, CP. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (artigo 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. O juiz tem a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável, não importando se o fato definido como crime é punido com reclusão ou com detenção. INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA MEDIDA DE SEGURANÇA Art. 171, LEP. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução. Art. 172, LEP. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária. PRAZO DE CUMPRIMENTO A medida de segurança não tem prazo certo de duração, persistindo enquanto houver necessidade do tratamento do inimputável, enquanto não cessada a periculosidade. Parte da doutrina é contrária à indeterminação do prazo da medida, de forma a limitá-lo ao prazo da pena máxima abstratamente cominada ao delito, visto ser esse o limite da intervenção estatal, seja a título de pena, seja a título de medida, na liberdade do indivíduo (princípio da proibição constitucional da prisão perpétua). Nesse sentido, a jurisprudência do STF é favorável à aplicabilidade do art. 75 do CP (limite máx. de 30 anos) por analogia in bonan partem. A doutrina mais conservadora, porém, entende que não se pode, mesmo após longos anos de tratamento, lançar o doente ao convívio da sociedade quando, por sua doença, representar um perigo a si próprio e à sociedade. Por isso os §§1o e 2o, do art. 97, do CP, dizem que: § 1º. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. DESINTERNAÇÃO OU LIBERAÇÃO CONDICIONAL Art. 97, § 3º, CP. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. Com a desinternação, o sujeito deixa o tratamento em regime de internação e dá início ao tratamento ambulatorial. Para o restabelecimento do paciente à internação ou tratamento ambulatorial não é necessário que, dentro do prazo de um ano da desinternação ou liberação, exigido pela lei, o agente tenha praticado crime, bastando que de seus atos possa ser induzida periculosidade. REINTERNAÇÃO DO AGENTE Art. 97, § 4º, CP. Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. Na insuficiência do tratamento ambulatorial, o juiz determinará, fundamentadamente, internação do paciente, de ofício. MEDIDA DE SEGURANÇA APLICADA AO SEMI-IMPUTÁVEL O semi-imputável condenado recebe uma pena. Porém, em virtude da necessidade de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade a ele aplicada poderá ser substituída pela internação ou pelo tratamento ambulatorial. Embora o artigo 98 do CP faça remissão ao 97, implicando dizer que o tratamento ambulatorial ou a internação se darão por prazo indeterminado, entende-se que, nesse caso específico, o tempo da medida de segurança jamais poderá ser superior ao tempo da condenação do agente. DIREITOS DO INTERNADO Aquele a quem o Estado aplicou medida de segurança, por reconhecê-lo inimputável, não poderá ser recolhido a uma cela de delegacia policial, ou mesmo em uma penitenciária em razão de não haver vaga em estabelecimento hospitalar próprio, impossibilitando-lhe, portanto, o tratamento adequado. Tal situação constitui constrangimento ilegal sanável inclusive mediante habeas corpus. Na absoluta impossibilidade, por falta de vagas, para a internação, deve ser aplicado o tratamento ambulatorial.
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