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Aula - Penas Restritivas de Direito

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DIREITO PENAL II
AULA 8 – PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
O 8º Congresso da ONU teve como pauta a necessidade de buscar alternativas à pena privativa de liberdade. Os índices de reincidência eram avaliados em 80%. 
Foram apresentadas as Regras de Tóquio – regras mínimas para promover o emprego de medidas não privativas de liberdade
MEDIDAS ALTERNATIVAS x PENAS ALTERNATIVAS
Alternativas penais: são todas as opções oferecidas pela lei penal a fim de que se evite a pena privativa de liberdade. Podem ser: medidas penais alternativas ou penas alternativas.
Medidas alternativas: medidas que venham a impedir a pena privativa de liberdade. Não são penas, são formas de despenalização. Ex.: ampliação das hipóteses de fiança, facilitação da progressão de regime, etc. Podem ser:
consensuais: Dependem da concordância do acusado (ex: suspensão condicional do processo, reparação civil do dano extintiva da punibilidade.
Não consensuais: sursis (suspensão condicional da pena) e o perdão judicial.
PENAS ALTERNATIVAS
Qualquer opção sancionatória prevista na lei penal para evitar a pena privativa de liberdade. Constituem verdadeiras penas, compreendendo: a pena de multa e as penas restritivas de direitos. Podem ser:
Consensuais: dependem da aquiescência do réu. Ex.: pena não privativa de liberdade (multa ou restritiva de direitos) aplicada na transação penal).
Não consensuais: independem de consenso. Dividem-se em:
b.1) Diretas: são aplicadas diretamente pelo juiz sem passar pela pena de prisão, como a pena de multa prevista no tipo penal.
b.2) Substitutivas: quando o juiz fixa a pena privativa de liberdade, e depois a substitui pela pena alternativa. 
PENA ALTERNATIVA x PENA SUBSTITUTIVA
Para Prado, pena alternativa não se confunde com pena substitutiva.
Pena alternativa: espécie originária de pena que pode ser aplicada pelo juiz desde o início.
Pena substitutiva: o juiz deve aplicar a pena originária para depois substituí-la.
CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
a) Genéricas: admitem a aplicação substitutiva em qualquer infração penal, sem exigência específica. 
	Ex.: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade, limitação de fim de semana.
b) Específicas: sua aplicação está restrita a determinados delitos cometidos no exercício de certas atividades ou a delitos culposos.
	Ex.: interdição temporária de direitos
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS x PENAS ACESSÓRIAS
CP de 1940 admitia as penas acessórias, dentre elas, perda da função pública, interdições de direitos e a publicação da sentença. Admitindo sua cumulação com a pena privativa de liberdade – principal.
As penas restritivas de direitos são autônomas, e não acessórias. São aplicadas como substitutivas das penas privativas de liberdade. 
LEI Nº 9.714/98
Antes de seu advento, além da pena de multa, previa outras 5 penas alternativas: prestação de serviços à comunidade, limitação de fim de semana, proibição do exercício de cargo ou função, proibição do exercício de profissão e suspensão da habilitação para dirigir veículo. Com a nova lei foram criadas mais 4. 
Trata-se de um rol taxativo que não permite ao juiz criar novas sanções substitutivas.
Desta forma, hoje o Código Penal contempla, além da pena de multa, outras 9 penas alternativas:
a) Prestação de serviços à comunidade
b) Limitação de final de semana
c) 4 hipóteses de interdição temporária de direito: 
c.1) proibição do exercício de cargo, função pública ou mandato eletivo
c.2) proibição do exercício de profissão ou atividade
c.3) suspensão da habilitação para dirigir veículo
c.4) proibição de freqüentar determinados lugares
d) Prestação pecuniária em favor da vítima
e) Prestação pecuniária inominada
f) Perda de bens e valores
Parte da doutrina afirma que apenas a interdição temporária de direitos tem o caráter de restringir direitos. Outras como a prestação de serviços à comunidade e a limitação de final de semana são substitutivos penais que visam evitar os efeitos deletérios da pena privativa de liberdade de curta duração, mas incidem também sobre a liberdade.
Objetivos da nova lei:
Diminuir a superlotação dos presídios e reduzir os custos do sistema prisional;
Favorecer a ressocialização do apenado;
Reduzir a reincidência;
Preservar os interesses da vítima.
1. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
Prevista no art. 43, I CP, consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz. 
O valor pode variar de 1 salário mínimo a 360 salários mínimos.
§ 1º - o valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
§ 2º - se houver aceitação do beneficiário a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza (p.e. entrega de gêneros alimentícios).
Pena restritiva pecuniária x Pena de multa
	A multa não pode ser convertida em pena privativa de liberdade. As penas alternativas pecuniárias podem ser convertidas em pena de prisão.
2. PERDA DE BENS E VALORES
Prevista no art. 43 II CP. É feita em favor do Fundo Penitenciário Nacional e terá como teto – o que for maior – o valor do prejuízo causado ou do montante obtido, pelo agente ou por 3º, pela prática do crime. 
Se for interpretado em sentido extensivo, ou seja, abarcando os bens licitamente obtidos pelo agente, será na prática uma pena de confisco geral, e portanto dotada de inconstitucionalidade, por violar os princípios da personalidade e da individualização da pena.
A perda de bens e valores opera após o trânsito em julgado da sentença, sem necessidade de processo de execução. 
Tem o objetivo de impedir que o réu tenha benefícios da prática da infração penal.
3. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE OU A ENTIDADES PÚBLICAS
Prevista no art. 46, § 1º e 2º CP. Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado para ser cumpridas em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos, em programas comunitários ou estatais.
O trabalho não será remunerado (art. 30 LEP) e será atribuído ao condenado conforme suas aptidões.
É aplicável a condenações superiores a 6 meses. As tarefas deverão ser cumpridas em razão de 1 hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada de trabalho (art. 46, § 3º). 
O § 4º prevê que se a pena substituída for superior a 1 ano é facultado ao condenado cumprir a pena de prestação de serviços em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada pelo juiz. 
Não estender esse benefício aos condenados a pena entre 6 meses e 1 ano é completamente desarrazoado.
A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente ao juiz da execução relatório das atividades do condenado, bem como, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar, q qualquer tempo (art. 150 LEP).
4. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS
Podem ser (art. 47 CP):
Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
Proibição de freqüentar determinados lugares.
a) Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo
	É aplicável apenas àqueles que apresentam um comportamento incompatível com os deveres que lhe são inerentes, não podendo ser aplicada aos que não o fazem (art. 56 CP).
	O condenado a crime contra a Administração Pública (p.e. peculato culposo, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, prevaricação, etc.) poderão ter sua pena privativa de liberdade substituída pela interdição temporária de direitos, desde que a pena não seja superior a 4 anos.
	b) Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público
Estáprevista no art. 47, II CP. Ocorre quando a profissão, atividade ou ofício exige para o seu exercício regular o preenchimento de certos requisitos (ex.: curso superior ou técnico, registro, etc), pois devem ser fiscalizados e controlados pelo poder público. 
	Esta pena restritiva pode ser aplicada também aos autores de delitos próprios, tais como maus-tratos (art. 136 CP), violação de sigilo profissional (art. 154 CP), falsidade de atestado médico (art. 302 CP), dentre outros.
	Não afastam a aplicação de sanções de natureza extrapenal, tais como a suspensão de exercício profissional imposta pela OAB ou CRM, p.e. 
c) Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo
	Prevista no art. 47 III CP, para hipóteses de crime culposo de trânsito (art. 57). Distingue-se da inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para prática de crime doloso, que é efeito da condenação (art. 92 III CP).
	Parte da doutrina afirma que essa pena restritiva de direitos é inconstitucional, quando aplicada a quem necessita da habilitação para prover recursos para sua subsistência ou de sua família. 
A suspensão de autorização ou de habilitação não poderá substituir a pena privativa de liberdade quando o agente não possuir autorização ou habilitação quando da prática delituosa.
O atual Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97) ao cominar a pena de suspensão da habilitação cumulativamente com a pena de prisão exclui a possibilidade de substituição desta pela interdição temporária de direitos. Assim, com os efeitos do novo CTB, apenas a perda da autorização para dirigir veículo permanece como possível sanção substitutiva. 
Autorização = exigência do antigo CTN (sem exames/provas).
Habilitação = exigência do CTN atual (Requer exames/provas).
d) Proibição de frequentar determinados lugares
	Previsto no art. 47 IV CP, acrescido da Lei 9.714/98. 
	Parte da doutrina considera a referência genérica “determinados lugares”, a serem estipulados pelo juiz, uma violação ao princípio da legalidade e ao direito de ir e vir. 
5. LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA
Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 h diárias, em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Neste período poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atividades educativas (arts. 48 CP; 152 LEP).
É vista como alternativa positiva para possibilitar a convivência do apenado com a família, permitir boas condições para o trabalho e evitar o contato com as condições do ambiente carcerário. Entretanto, a inexistência de instalações adequadas compromete sua viabilidade prática.
O estabelecimento tem a obrigação de mensalmente encaminhar relatório, além de comunicar, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado (art. 153 LEP).
SUBSTITUIÇÃO
A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos é condicionada por requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do CP.
Requisitos objetivos (art. 44, I):
A pena privativa de liberdade deve ser igual ou inferior a 4 anos e o crime não deve ter sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.
O crime deve ser culposo, qualquer que seja a pena aplicada.
Requisitos subjetivos (art. 44, II e III):
O réu não deve ser reincidente em crime doloso.
Se a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e circunstâncias, indiquem que a substituição seja suficiente.
CONVERSÃO
Trata-se de incidente que se aplica na execução da pena, podendo ter liberativo ou detentivo.
A conversão visa tornar mais digna a execução da pena em atenção ao interesse público e na dependência exclusiva da conduta e condições do condenado.
Na conversão de caráter LIBERATIVO, ainda que o condenado não seja inicialmente beneficiado pela substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos é possível que isso ocorra durante o cumprimento da pena. 
Se houver condenação, por outro crime, à pena privativa de liberdade, o juiz da execução poderá optar pela conversão, se for possível aplicar a pena substitutiva anterior (art. 44, § 5º). 
São necessários 4 requisitos (art. 180 LEP):
1 - A pena privativa de liberdade, no entanto, não pode ser superior a 2 anos.
2 – que o condenado esteja cumprindo a pena em regime aberto.
3 – que tenha sido cumprido pelo menos ¼ da pena.
4 – que os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem a conversão é recomendável.
Em seu caráter DETENTIVO, a conversão aplica-se caso o condenado transgrida injustificadamente qualquer das restrições exigidas para a pena restritiva de direitos aplicada. Neste caso, será necessariamente convertida em pena privativa de liberdade (ver art. 181, §§).
Ocorrendo a conversão, computa-se na duração total da pena privativa de liberdade a ser executada o tempo de pena cumprido efetivamente na pena restritiva inicialmente aplicada. 
Porém, observa-se o prazo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão. Esta previsão é muito criticada por parte da doutrina.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS : RHC 55684 RS 2015/0008655-4
EXECUÇÃO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE LIBERDADE. AUSÊNCIA DE OITIVA DO CONDENADO PARA POSSÍVEL JUSTIFICAÇÃO. NECESSIDADE.
 Na linha da jurisprudência desta eg. Corte, convertida a pena restritiva de direitos em privativa de liberdade, sem a prévia oitiva do condenado em audiência de justificação, e sendo expedido mandado de prisão, resta configurado o constrangimento ilegal (precedentes). Recurso ordinário provido para anular a decisão que converteu a pena restritiva de direitos em privativa de liberdade, devendo outra ser proferida, mas com a prévia oitiva do condenado em audiência de justificação.

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