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Aula - Pena de Multa

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DIREITO PENAL II
AULA 9 – PENA DE MULTA
INTRODUÇÃO
O patrimônio é um bem jurídico que também pode ser atingido por penas (além da liberdade). As penas que incidem sobre o patrimônio são chamadas patrimoniais, e quando impostas em dinheiro, pecuniárias. 
Conceito: segundo Carrara, a pena pecuniária é “toda diminuição de nossas riquezas sancionada pela lei como punição de um delito”. 
No Direito Penal brasileiro a única pena pecuniária é a multa VIc da CF e 49 CP). 
NATUREZA JURÍDICA DA MULTA
É reconhecida há muito tempo, quase unanimemente como pena. Está, portanto, submetida aos princípios básicos do Direito Penal como: legalidade, individualização da pena, e devido processo legal.
Está definida no art. 49, caput, CP:
	“consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa”.
Não pode ser transmitida a herdeiros do réu ou a terceiros.
	A Lei 9.268/96, que dá nova redação ao art. 51 CP, afastou a hipótese de conversão da multa em pena privativa de liberdade.
PENA MULTA x MULTA ADMINISTRATIVA
A multa administrativa ou fiscal constitui “toda imposição pecuniária a que se sujeita o administrado a título de compensação do dano presumido da infração”.
A pena pecuniária (multa) deve ser despida de qualquer idéia de indenização, bem como diferenciar-se desta.
TRAJETÓRIA HISTÓRICA
Direito penal grego
	A vingança privada foi superada pela composição pecuniária voluntária (séc. VII a.C.). 
	A lei penal fixava os limites para a aplicação da pena de multa, possibilitando sua conversão em pena de prisão, em caso de insolvência.
Direito penal romano
	A sanção pecuniária foi largamente utilizada. A composição pecuniária de caráter obrigatório substitui a vingança privada na Lei das XII Tábuas (séc. V a.C.). A multa aparece tanto no Direito Público quanto no Direito Privado, mas sempre como pena principal.
Direito penal germânico
	Era baseado nas vinganças de sangue, que apenas em etapas mais avançadas, com o fortalecimento do poder estatal, foi sendo substituída pela composição voluntária. 
Direito penal medieval (a partir do séc. III)
	A composição surge também para limitar a vingança privada. O Estado, com o tempo, torna-se um poder público homogêneo e avoca para si o jus puniendi.
A PENA DE MULTA NO DIREITO BRASILEIRO
Nas sociedades indígenas brasileiras antes do domínio português imperava a vingança privada. Os índios utilizavam critérios semelhantes à Lei de Talião, e também a composição, com caráter de indenização. Porém, as leis da metrópole se impuseram totalmente.
No Brasil colônia a lei penal estava contida no Livro V das Ordenações Filipinas, onde a multa já figurava como pena principal e acessória. 
O Código Criminal do Império de 1830 deu à pena de multa tratamento inovador ao prever que a “pena de multa obrigará os réus ao pagamento de uma quantia pecuniária que será sempre regulada pelo que os condenados puderem haver em cada dia pelos seus bens, empregos ou indústria”. Surge o sistema de dias-multa.
O primeiro Código Penal da República (1890) tratou a multa em moldes semelhantes. O código estabeleceu a conversão da pena de multa em prisão, que ficaria sem efeito caso o condenado, ou alguém por ele pagasse ou prestasse fiança idônea.
O Código Penal de 1940 não mantém o sistema de dias-multa, preferindo o sistema fixo de cominação abstrata da pena pecuniária. Prevê em cada caso o mínimo e o máximo da multa. 
Quanto ao pagamento passou a admitir: pagamento parcelado e dilatação do prazo.
A multa não poderia incidir sobre os recursos indispensáveis à manutenção do indivíduo e de sua família, podendo ser aumentada até o triplo (para além do máximo) se for considerada ineficaz. 
O CP 1940, ao contrário dos de 1830 e 1890, afasta a possibilidade de conversão da multa em prisão pelo simples fato do não-pagamento. 
SISTEMAS DE COMINAÇÃO PENAL
Durante um certo período histórico, a pena pecuniária foi taxada de anti-social (desigual), pois se atinha apenas à gravidade do delito, não considerando a natural diferença de situação econômica entre os condenados. 
A ideia de proporcionalidade da pena de multa aos recursos efetivos do condenado não é nova, mas veio crescendo no último século. 
Temos portanto três principais sistemas que buscam o propósito de tornar a multa proporcional às condições do apenado: sistema clássico; sistema temporal de multa; sistema de dias-multa. 
SISTEMA CLÁSSICO OU TRADICIONAL
É o sistema segundo o qual o juiz, em uma única operação, condena a um determinado valor, proporcional à gravidade da infração e a situação econômica do réu. A lei penal prevê os limites mínimo e máximo da multa, deixando discricionariedade ao entendimento do juiz. 
Este sistema é criticado por permitir um tratamento desigual e injusto, uma vez que admite a conversão da pena de multa em pena privativa de liberdade. 
SISTEMA TEMPORAL DE MULTA
A pena de multa é fixada em um número preciso de dias, semanas ou meses correspondentes a cada delito. O magistrado deverá efetuar o cálculo com base nas condições econômicas do autor, reservando-lhe um mínimo indispensável para sua manutenção e de sua família. 
O pagamento da multa não é feito de uma vez, mas admite o parcelamento. 
A maior crítica que este modelo recebe é devido ao fato de a aplicação da multa ter impacto muito desigual para réus de condição socioeconômica baixa e alta.
SISTEMA DE DIAS-MULTA
É uma construção brasileira. Surge no Código Criminal do Império em 1830.
Consiste em determinar a pena de multa não uma soma em dinheiro (quantidade fixa), como no sistema tradicional, mas por um número de unidades artificiais (dias-multa), segundo a gravidade da infração.
Cada dia-multa equivalerá a certo valor pecuniário, variável de acordo com a situação econômica do réu. 
Primeiro o juiz estabelece um número determinado de dias-multa, de acordo com a culpabilidade do autor. Posteriormente, em conformidade com a condição econômica do réu, arbitra o dia-multa em um valor definido. 
É um critério duplo: culpabilidade do autor + condição econômica do autor.
Deve-se observar o mínimo necessário para a subsistência do réu e seus familiares.
Arbitrando o valor da multa de acordo com a renda diária do condenado, reduz-se a possibilidade de insolvência. 
Este sistema não admite a conversão da pena de multa em pena privativa de liberdade na hipótese de não-pagamento. 
PENA DE MULTA NO CÓDIGO PENAL
Com a reforma do CP 1940 promovida pela Lei 7.209 de 1984, foi restituído o sistema de dias-multa. 
O Código Penal atual prevê que “a pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário, da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa” (art. 49, caput CP). 
Conforme as circunstâncias e mediante requerimento do condenado, o juiz pode permitir o pagamento em parcelas mensais (art. 50, caput CP e art. 169 LEP).
Na fixação da pena de multa o juiz deverá atentar principalmente para a situação econômica do réu (art. 60 CP), podendo ser aumentada até o triplo se for considerada ineficaz (art. 60, § 1º CP).
O valor do dia-multa não pode ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo mensal vigente, nem superior a 5 vezes esse salário (art. 49, § 1º CP). 
Com a reforma de 1984 a pena de multa passa a ser concebida como medida de política criminal alternativa, como substitutivo da pena privativa de liberdade de até 6 meses, observados os critérios dos incs. II e III do art. 44: 
	1- o réu não ser reincidente
	2- a culpabilidade, os antecedentes e a conduta do apenado, bem como os motivos e circunstâncias do crime indiquem que essa substituição será eficiente.
A Lei 9.714/98 passa a prever que a multa substitutiva pode ser aplicada para hipóteses de imposição de pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 ano (art. 44, § 2º).
MULTA E PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DE CURTA DURAÇÃO
A pena privativa de liberdade é muito criticada em razão de não a finalidade a que se propõe. Mesmo assim, continua sendo o eixo central do sistema penal.
 
O problema torna-se aindamais grave nas hipóteses de pena de prisão de curta duração. Ao invés de contribuir para a ressocialização, estimulam aspectos criminógenos. 
 A pena de multa vem a ser a medida de política criminal alternativa mais importante e mais frequente.
VANTAGENS DA PENA DE MULTA
Possui caráter aflitivo, pois impõe ao delinquente uma privação. Possui efeito intimidatório.
É flexível, podendo ser adaptada às condições econômicas e pessoais do condenado.
Não degrada o condenado nem sua família.
Em caso de erro judiciário comprovado, é a mais reparável das penas.
É econômica, pois significa contenção de gastos públicos e arrecadação de recursos.
DESVANTAGENS DA PENA DE MULTA
Nem todos podem pagar, mas todos podem ser privados da liberdade.
Afeta os familiares do condenado e pode ser paga por terceiros.
Pode incitar novos crimes para que o condenado adquira condições de pagá-la.
Atinge desigualmente os condenados, e não possui caráter reformador.
	No entanto, seus inconvenientes não superam as vantagens.

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