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RESUMOS DIREITO TRIBUTÁRIO EXAME XXII.pdf.pdf 1

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RESUMOS - DIREITO TRIBUTÁRIO
EXAME XXII DA OAB 
De acordo com a
Lei 13.254 de 13 de janeiro de 2016. 
Lei 13.259 de 16 de março de 2016.
Lei 13.315 de 20 de julho de 2016.
Os princípios tributários funcionam como pilares de sustentação do Direito Tributário,
principalmente quando estamos tratando dos princípios constitucionais tributários. 
Os princípios servem como fundamento para interpretação e aplicação do direito (art. 108, II e
III, do CTN).
2.1 Princípio da legalidade
A legalidade é a base de todo Estado Democrático de Direito, sendo vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
O nosso constituinte, ao tratar de matéria reservada à lei complementar, trouxe no texto da
Constituição Federal a expressão “lei complementar” de forma expressa. Ex.: “Lei complementar
disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis” (art. 59, parágrafo único,
da CF).
Devemos lembrar ainda que a lei complementar será aprovada por maioria absoluta de seus
membros (art. 69 da CF).
O Código Tributário Nacional foi recepcionado pela CF/88 como lei complementar, só
podendo ser alterado por outra lei complementar.
O art. 150, I, da Constituição Federal determina que é vedado, aos entes políticos, a instituição
ou majoração de um tributo sem lei que o estabeleça, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da legalidade ou estrita legalidade.
Cumpre salientar que a Constituição permite que se institua ou majore tributo por lei delegada,
entretanto, o art. 68 da CF assim prescreve:
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso
Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo
e os termos de seu exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
emenda.
Seguem alguns exemplos clássicos, de competência de lei complementar, que o examinador
costuma perguntar com frequência:
Lei
Complementar
“Art. 146. Cabe à lei complementar:
I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de
arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
observado que:
I – será opcional para o contribuinte;
II – poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;
III – o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos
respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;
IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado
cadastro nacional único de contribuintes.”
Lei
Complementar
“Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir
desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual
objetivo.”
Lei
Complementar
“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:”
Lei
Complementar
“Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;”
Lei
Complementar
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(...)
§ 1º O imposto previsto no inciso I:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito
Federal;
II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou
arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
III – terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;”
Lei
Complementar
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
(...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
XII – cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à
circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos
mencionados no inciso X, a;
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior,
de serviços e de mercadorias;
 
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a
sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de
bem, mercadoria ou serviço.”
Lei
Complementar
“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(...)
III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
(...)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
I – fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II – excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.”
Lei
Complementar
“Art. 161. Cabe à lei complementar:
I – definir valor adicionado para finsdo disposto no art. 158, parágrafo único, I;
II – estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente sobre os critérios de
rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio socioeconômico entre Estados e
entre Municípios;
III – dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação das participações
previstas nos arts. 157, 158 e 159.”
Lei
Complementar
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
obedecido o disposto no art. 154, I.”
2.1.1 Exceções ao princípio da legalidade
Em face da necessidade de atuação por parte do Estado em situações emergenciais, pontuais,
extremamente relevantes e urgentes, a CF permite, em casos específicos, exceções à rigidez do
princípio da legalidade.
Dentre elas, encontra-se a possibilidade de o Poder Executivo alterar as alíquotas, dentro dos
limites estabelecidos em lei, do II (Imposto de Importação), IE (Imposto de Exportação), IOF
(Imposto de Operações Financeiras) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Trata-se de impostos com função extrafiscal, ou seja, função regulatória, necessitando de uma
atuação imediata do Estado, não podendo se submeter ao burocrático e demorado processo
legislativo, sob pena de prejuízos ainda maiores.
Apenas para recordar, sabemos que o Poder Executivo não tem entre as suas principais
atribuições a de legislar, porém, em casos excepcionais acaba por legislar em face da autorização
constitucional, temos como exemplo os decretos.
Para entendermos essa exceção prescrita pela Constituição Federal, basta imaginarmos o
preço de um carro importado, ou seja, para eu importar um carro pagarei o mesmo preço que se
comprasse um carro nacional.
No exemplo supra, resta claro que teremos um grande problema na indústria nacional e no
comércio dos veículos nacionais, uma vez que o carro importado vem com itens de série muito mais
atrativos que o carro nacional.
Desta forma, natural que o consumidor prefira o carro importado ao nacional, o que poderá
ocasionar uma crise no mercado interno, não podendo o nosso Estado submeter-se ao burocrático e
demorado processo legislativo para alterar as alíquotas do imposto de importação. Assim sendo,
dentro dos limites estabelecidos em lei, o Poder Executivo altera a alíquota do II, mediante decreto,
ou seja, do dia para a noite.
Nesse mesmo sentido, temos a necessidade, muitas vezes, de alteração imediata das alíquotas
do IPI (proteção à indústria), IE (proteção ao mercado interno) e IOF (proteção à economia), por
terem a função extrafiscal (regulatória).
Outra exceção ao princípio da legalidade são as medidas provisórias, que: “Em caso de
relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional” (art. 62 da CF).
Com a EC n. 32/2001 foi estabelecida a seguinte regra (art. 62, § 2º, da CF): medida
provisória que implique instituição e majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II,
IV, V, e 154, II, só produzirá efeito no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei
até o último dia do exercício anterior.
Uma restrição importante, com relação à utilização de medidas provisórias em matéria
tributária, refere-se à impossibilidade de utilização da mesma para o conteúdo que esteja reservado
à lei complementar (art. 62, § 1º, III, da CF).
2.2 Princípio da isonomia ou igualdade
O princípio da igualdade está previsto no art. 150, II, da CF, no qual é proibido aos entes
federados “instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles
exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”.
Podemos dizer que se trata de um desdobramento do princípio da igualdade esculpido no art.
5º da CF, aplicando-se de forma específica no direito tributário.
2.3 Princípio da irretroatividade
A Constituição consagra este princípio em seu art. 150, III, a, enunciando que, sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios cobrar tributos “em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência
da lei que os houver insti ​tuído ou aumentado”.
A lei tributária só pode alcançar fatos futuros, fatos ainda não ocorridos.
É neste sentido a posição do STF ao se pronunciar na ADI 712-MC (Rel. Min. Celso de
Mello), entendendo que “o princípio da irretroatividade da lei tributária deve ser visto e
interpretado, desse modo, como garantia constitucional instituída em favor dos sujeitos passivos da
atividade estatal no campo da tributação. Trata-se, na realidade, à semelhança dos demais
postulados inscritos no art. 150 da Carta Política, de princípio que – por traduzir limitação ao
poder de tributar – é tão somente oponível pelo contribuinte à ação do Estado”.
Excepcionalmente aplica-se em matéria tributária o princípio da retroatividade.
O Código Tributário Nacional, em seu art. 106, determina as hipóteses em que a lei aplica-se a
ato ou fato pretérito, a saber:
I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde
que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua
prática.
Em face da possibilidade da retroatividade, em caso excepcional, é que o STF vem se
posicionando no sentido de que o princípio da irretroatividade não é absoluto. Senão, vejamos o
disposto na ADI 605-MC/DF:
O princípio da irretroatividade “somente” condiciona a atividade jurídica do estado nas hipóteses expressamente previstas pela
Constituição, em ordem a inibir a ação do Poder Público eventualmente configuradora de restrição gravosa (a) ao status
libertatis da pessoa (CF, art. 5º, XL), (b) ao status subjectionais do contribuinte em matéria tributária (CF, art. 150, III, a) e (c)
a segurança jurídica no domínio das relações sociais (CF, art. 5º, XXXVI). Na medida em que a retroprojeção normativa da le i
“não” gere e “nem” produza os gravames referidos, nada impede que o Estado edite e prescreva atos normativos com efeito
retroativo. As leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem, “ordinariamente”, dispor para o futuro. O
sistema jurídico-constitucional brasileiro, contudo, “não” assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o
princípio da irretroatividade. A questão da retroatividade das leis interpretativas (ADI 605-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello).
O STF pacificou o assunto, quanto ao imposto de renda, ao editar a Súmula 584, determinando
que “ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no
exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração”.
2.4 Princípio da anterioridade do exercício financeiro
O exercício financeiro em direito tributário coincide com o ano civil, ou seja, vai de 1º de
janeiro a 31 de dezembro.
A Constituição Federal, em seu art. 150, III, b, proíbe que a União, Estados, DistritoFederal e
Mu​nicípios cobrem tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, tendo efeito imediato as mudanças tendentes a diminuir a carga tributária,
salvo se a lei dispuser de forma contrária.
Muitos doutrinadores e magistrados referem-se a ele como o princípio da não surpresa, uma
vez que visa uma garantia ao contribuinte, especialmente de não ser pego de surpresa com aumento
de carga tributária no meio de um exercício financeiro, podendo planejar previamente a sua carga
tributária.
A Constituição Federal prevê exceções ao princípio da anterioridade, a saber: Imposto de
Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto
sobre Operações Financeiras (IOF); Empréstimo Compulsório em caso de guerra ou calamidade
pública, Contribuições Sociais, restabelecimento das alíquotas do ICMS monofásico-combustível,
Imposto Extraordinário, restabelecimento das alíquotas do CIDE-combustível.
Lembramos que a norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não
se sujeita ao princípio da anterioridade, podendo ser exigido imediatamente (Súmula Vinculante 50
do STF).
2.5 Princípio da anterioridade dos 90 dias (noventena ou nonagesimal)
Visando resguardar ainda mais o contribuinte, a EC n. 42/2003 introduziu a alínea c ao art.
150, III, da Constituição Federal, a saber: “antes de decorridos noventa dias da data em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b”.
Na realidade, salvo as exceções, o referido princípio passou a ser aplicado à maioria dos
tributos. Lembrando que a noventena ou nonagesimal já existe no art. 195, § 6º, da CF, sendo
aplicada somente às contribuições sociais.
Enquanto a noventena ou nonagesimal prescrita no art. 150, III, alínea c, prevê o prazo de 90
dias nos casos de instituição ou aumento de um tributo, a nonagesimal ou noventena prescrita no art.
195, § 6º, prescreve o mesmo prazo de 90 dias referente aos casos de instituição e modificação das
contribuições sociais.
Novamente, a Constituição Federal prevê exceções ao princípio da anterioridade nonagesimal
ou noventena a saber: Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF), Imposto Extraordinário, Empréstimo Compulsório em caso de guerra
ou calamidade pública, imposto de renda e alteração da base de cálculo do IPVA e do IPTU.
Um aspecto importante a ser observado foi o posicionamento adotado pelo STF no RE
584.100, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 25-11-2009, a saber:
A Lei paulista 11.813/2004 apenas prorrogou a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei
paulista 11.601/2003. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da CF somente deve ser utilizado nos casos de criação ou
majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já aplicada anteriormente.
Para melhor guardarmos as exceções ao princípio da anterioridade previstas na Constituição,
vejamos o quadro a seguir:
Exceções à anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, b)
Exceções à anterioridade dos 90 dias – noventena ou
nonagesimal (art. 150, III, c)
Imposto de Importação (II) Imposto de Importação (II)
Imposto de Exportação (IE) Imposto de Exportação (IE)
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
Empréstimo Compulsório em caso de guerra ou calamidade pública
(art. 148, I, da CF)
Empréstimo Compulsório em caso de guerra ou calamidade
pública (art. 148, I, da CF)
Restabelecimento das alíquotas do CIDE-combustível (art. 177, §
4º, I, b, da CF)
Imposto de Renda
Restabelecimento das alíquotas do ICMS monofásico-combustível
(art. 150, § 4º, VI, c, da CF)
Fixação da base de cálculo do IPVA
Imposto Extraordinário (art. 154, II, da CF) Imposto Extraordinário (art. 154, II, da CF)
Produtos Industrializados (IPI) Fixação da base de cálculo do IPTU
Lembramos que a norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não
se sujeita ao princípio da anterioridade, podendo ser exigido imediatamente (Súmula Vinculante 50
do STF).
2.6 Princípio da anterioridade das contribuições sociais (noventena ou
nonagesimal)
O art. 195, § 6º, da Constituição Federal determina que as contribuições sociais de que trata
este artigo só poderão ser exigidas depois de decorridos 90 dias da data da publicação da lei que
as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
Por ocasião do julgamento do RE 169.740, a Suprema Corte fixou o entendimento de que “o
prazo da anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6º, da Constituição) deve ter como termo a quo a
edição da MP n. 63/89 somente em relação àqueles dispositivos que foram repetidos no momento
de sua conversão na Lei n. 7.787/89. Na hipótese de mudança ou introdução de novos dispositivos
no momento da conversão, a contagem do termo da noventena deve ter início com a edição desta
lei” (RE 169.740, Rel. Min. Moreira Alves).
2.7 Princípio da vedação do confisco
O art. 150, IV, da Carta da República veda a utilização de tributo com efeito confiscatório, não
podendo a atividade estatal ser exacerbada ao ponto de confiscar a propriedade do contribuinte.
O grande problema é definir quando o tributo se torna confiscatório. Segundo o Ministro Celso
de Mello, “não há uma definição constitucional de confisco em matéria tributária. Trata-se, na
realidade, de um conceito aberto, a ser formulado pelo juiz, com apoio em seu prudente critério,
quando chamado a resolver os conflitos entre o Poder Público e os contribuintes” (ADI 1075
MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello).
O STF ao julgar o RE 91.707/MG entendeu que referido princípio também poderia ser
aplicado às multas. O recurso extraordinário teve a seguinte ementa: “ICM. Redução de multa de
feição confiscatória. Tem o STF admitido a redução de multa moratória imposta com base em lei,
quando assume ela, pelo seu montante desproporcionado, feição confiscatória” (RE 91.707/MG,
Rel. Min. Moreira Alves).
Por fim, o STF firmou o posicionamento que as multas fixadas em 100% ou mais do valor do
tributo devido, são confiscatórias (RE 657.372-AgR/RS).
2.8 Princípio da capacidade contributiva
A capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da CF) diz respeito à possibilidade de pagar ou não
tributos, tendo o seguinte regramento pela Constituição Federal a saber:
Sempre que possível, os impostos terão caráter pes ​soal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte ,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Uma questão tormentosa é o alcance do princípio da capacidade contributiva, uma vez que a
Constituição Federal faz alusão somente aos impostos de caráter pessoal.
Muitos doutrinadores defendem que o referido princípio somente pode ser aplicado aos
impostos de caráter pessoal, posição esta contrária à do STF, que entende que o mesmo pode ser
aplicado a todos os tributos, inclusive aos reais, uma vez que a Constituição utiliza a expressão
sempre que possível (RE 720.945-AgR/SP ).
São considerados impostos pessoais aqueles que levam em consideração as condições
pessoais do contribuinte, como o Imposto de Renda.
Os impostos reais levam em consideração a matéria tributária, unicamente, sem interferir com
qualquer valoração em relação às condições pessoais do contribuinte.
2.9 Princípio da liberdade de tráfego
O art. 150, V, da CF/88 determina que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios “estabelecer limitações ao tráfego de pessoasou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público”.
O referido princípio visa proibir que os entes políticos limitem o tráfego de pessoas e bens
dentro do território nacional.
Analisando o texto constitucional, verificamos que o mesmo excepcionou a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
Ao julgar a ADI 800/RS, o Rel. Min. Teori Za ​vascki entendeu que o pedágio não tem natureza
jurídica de taxa, mas sim de preço público e, consequentemente, não se sujeita ao princípio da
legalidade estrita.
Uma das grandes discussões seria a possibilidade de cobrar o pedágio na falta de estradas
alternativas. O STF ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas irá se posicionar logo uma vez
que foi aceito o RE 645.181-RG/SC, sendo inclusive reconhecida a repercussão geral pelo STF,
estando o mesmo pendente de julgamento:
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. UTI​LIZAÇÃO DE VIAS CONSERVADAS PELO PODER PÚBLICO.
NÃO DISPONIBILIZAÇÃO DE ESTRADAS ALTERNATIVAS. LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS OU BENS.
PRESENÇA DA REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL DISCUTIDA. Possui repercussão geral a
questão constitucional alusiva à possibilidade de cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público nos
casos em que não são disponibilizadas estradas alternativas (RE 645.181 RG/SC, Rel. Min. Ayres Britto).
Para finalizar, o STF ao editar a Súmula 545 entendeu que “preços de serviços públicos e
taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua
cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”.
2.10 Princípio da uniformidade geográfica
O art. 151, I, da CF determina que é vedado que a União institua um tributo que não seja
uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação ao
Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do País.
O STF no RE 344.331 acabou por colocar fim à celeuma sobre a discricionariedade para
aplicação da parte final do dispositivo, entendendo que:
“A Constituição na parte final do art. 151, I, admite a “concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país”. A concessão de isenção é ato discricionário, por meio do
qual o Poder Executivo, fundado em juízo de conveniência e oportunidade, implementa suas políticas fiscais e econômicas e ,
portanto, a análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário (RE 344.331/PR, Rel. Min. Ellen Gracie)”.
2.11 Princípio da não discriminação baseada na procedência ou destino
Princípio previsto no art. 152 da Constituição Federal determina que os Estados, Municípios e
o Distrito Federal estão proibidos de estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Nesse sentido já se posicionou o STF na ADI 1.655 ao entender que:
No mérito, a vedação constitucional de tratamento desigual a contribuintes que estão em situação equivalente não foi observada
pelo legislador estadual, ao editar a lei ora atacada. Um exame mais aprofundado, após o deferimento da medida liminar, revela
não ser possível, no universo dos proprietários de veículos destinados ao transporte escolar, que somente os filiados a
determinada cooperativa alcancem a isenção do IPVA. Acerca do princípio da isonomia a que se refere o art. 152 da
Constituição Federal, e da observância a ele devida, bem resumiu os termos de sua abrangência Sacha Calmon Navarro, ao
explicitar que o “princípio da igualdade da tributação impõe ao legislador não discriminar entre os iguais, que devem ser tratados
igualmente” (ADI 1.655/AP, Rel. Min. Mauricio Corrêa).
2.12 Princípio da não cumulatividade
O princípio da não cumulatividade visa evitar a cobrança de tributos, conhecido como efeito
cascata, efetuando-se a compensação dos créditos das etapas anteriores.
O princípio da não cumulatividade é um dos limitadores ao poder de tributar do Estado, vez
que incorporado aos direitos dos contribuintes. Opera a compensação do tributo pago na entrada da
mercadoria com o valor devido por ocasião da saída, evitando-se a sua cumulação.
Atualmente, o STF tem se posicionado no sentido da impossibilidade de crédito de IPI com
relação a insumos isentos, não tributados ou alíquota zero (RE 783958-AgR/RS, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski).
A não cumulatividade do IPI está prevista constitucionalmente no art. 153, § 3º, II: “será não
cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas
anteriores”.
A não cumulatividade do ICMS está prevista no art. 155, § 2º, I, ao dispor que: “I – será não
cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal”.
Outro ponto relevante é a análise do princípio da não cumulatividade em relação às
contribuições sociais incidentes sobre o faturamento ou receita.
A EC n. 42, de 19-12-2003, introduziu o § 12º no art. 195 da CF, determinando que “a lei
definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos
incs. I, b, e IV do caput, serão não cumulativas”.
Atualmente, em razão do texto constitucional, temos dois regimes para o PIS/COFINS, o
cumulativo e o não cumulativo.
2.13 Princípio da progressividade
Para muitos doutrinadores o princípio da progressividade estaria vinculado ao princípio da
capacidade contributiva.
Atualmente, o STF tem entendido e autorizado a aplicação de alíquotas progressivas para
outros impostos com base no art. 145, § 1º, da Constituição Federal, bem como, que a
progressividade vale para todos os tributos e não somente para os impostos, senão vejamos o
entendimento proferido no RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski:
Recurso extraordinário. Constitucional. Tributário. Lei estadual: progressividade de alíquota de imposto sobre transmissão causa
mortis e doação de bens e direitos. Constitucionalidade. Art. 145, § 1º, da Constituição da República. Princípio da igualdade
material tributária. Observância da capacidade contributiva. Recurso extraordinário provido.
A Constituição Federal, prescreve a possibilidade de progressividade ao IR (art. 153, § 2º, I),
IPTU (art. 156, § 1º, I) e ITR (art. 153, § 4º, I).
2.14 Princípio da vedação de isenção heterônoma
A Constituição Federal, em seu art. 151, III, veda a União de instituir isenções de tributos de
competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Outrossim, o art. 150, § 6º, determina que:
Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante
lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias
supraenumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155,
§ 2º, XII, g.
Seguem algumas considerações sobre o tema:
A) Possibilidade de os tratados internacionais concederem isenções de tributos estaduais e
municipais
A celeuma foi resolvida no RE 229.096/RS, senão vejamos:
1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países
signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O art.
98do CTN “possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios” (voto do eminente Ministro Ilmar
Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º,
da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República
não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção
heterônoma, vedada pelo art. 151, III, da Constituição (RE 229.096/RS, Rel. Min. Ilmar Galvão).
Porém, a matéria está novamente no STF para ser analisada no RE 460.320/PR, Rel. Min.
Gilmar Mendes.
B) Possibilidade de a União conceder isenção do ISS nas exportações de serviços, cabendo
à lei complementar excluir da sua incidência
A referida exceção encontra-se no art. 156, § 3º, II e III, da CF que assim prescreve: “§ 3º Em
relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (...) II –
excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior; III – regular a forma e as
condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados”.
2.15 Princípio da seletividade
A seletividade do IPI está prevista na CF, em seu art. 153, IV e § 3º, I, que assim determina: “I
– será seletivo, em função da essencialidade do produto”.
Já a seletividade do ICMS está prevista na CF, em seu art. 155, § 2º, III, da seguinte forma: “III
– poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços”.
Analisando o texto constitucional, verifica-se que o referido princípio é aplicado de forma
facultativa com relação ao ICMS, conforme preceitua o inc. III do § 2º do art. 155 da Constituição
Federal e, obrigatoriamente com relação ao IPI, conforme disposto no inc. I do § 3º do art. 153 da
Constituição Federal.
Através do referido princípio, o poder constituinte tentou tornar mais acessível a toda a
sociedade produtos, mercadorias e serviços essenciais ao nosso dia a dia, de forma que os preços
dos mesmos não fossem onerados pela carga tributária e, consequentemente, permitindo que a maior
parte da sociedade pudesse ter acesso a eles.
2.16 Princípio da transparência fiscal
O art. 150, § 5º, da CF/88 dispõe que a lei determinará medidas para que os consumidores
sejam informados e orientados acerca dos impostos que incidam, especialmente, nas mercadorias e
serviços.
2.17 Princípio da não concessão de privilégios a títulos federais
Previsto no art. 151, II, da Constituição Federal, veda a União “tributar a renda das obrigações
da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas
obrigações e para seus agentes”.
3. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
3.1 Definição
Para elucidar o tema, nada melhor que a transcrição do posicionamento do STF na ADI 712-
MC, ao manifestar-se que:
O exercício do poder tributário, pelo Estado, submete-se, por inteiro, aos modelos jurídicos positivados no texto constitucional
que, de modo explícito ou implícito, institui em favor dos contribuintes decisivas limitações à competência estatal para impor e
exigir, coativamente, as diversas espécies tributárias existentes. Os princípios constitucionais tributários, assim, sobre
representarem importante conquista político-jurídica dos contribuintes, constituem expressão fundamental dos direitos individuais
outorgados aos particulares pelo ordenamento estatal. Desde que existem para impor limitações ao poder de tributar do estado,
esses postulados têm por destinatário exclusivo o poder estatal, que se submete à imperatividade de suas restrições (ADI
712/DF, Rel. Min. Celso de Mello).
3.2 Competência privativa
A competência privativa ou exclusiva é aquela quando apenas uma pessoa (ente político) pode
tributar sobre determinado fato, vejamos os exemplos a seguir: União (art. 153 da CF), Estados e
Distrito Federal (art. 155 da CF) e Municípios (art. 156 da CF).
3.3 Competência residual
Competência residual é o poder de instituir outros impostos não previstos na Constituição
Federal, sendo a referida autorização exclusiva da União.
Os impostos discriminados na CF para a União são exemplificativos, enquanto que os dos
Estados, Municípios e Distrito Federal são taxativos.
Porém, para que a União possa exercer essa competência, em especial a disposta no art. 154, I,
da CF, deverá observar as regras impostas, a saber: “I – mediante lei complementar, impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição”.
Por fim, não podemos esquecer o disposto no art. 195, § 4º, da CF, a saber: “A lei poderá
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
obedecido o disposto no art. 154, I”.
3.4 Competência comum
Competência cumulativa ou comum, inserta no art. 145, II e III, da Constituição da República,
é aquela atribuída a uma ou mais entidades políticas.
3.5 Competência extraordinária
A competência extraordinária da União, vem esculpida no art. 154, II, da CF, que assim
prescreve: “II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente,
cessadas as causas de sua criação”.
3.6 Competência concorrente
Competência concorrente permite aos três níveis de governo legislar sobre direito tributário,
conforme previsto no art. 24 da CF, senão vejamos: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre (...)”.
3.7 Competência supletiva
Permite aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios editarem normas complementares,
conforme disposto no art. 24, § 2º, da Constituição Federal, senão vejamos: “§ 2º A competência da
União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.”
3.8 Características da competência tributária
Os arts. 7º e 8º do CTN, ao regrarem a matéria, acabam por trazer algumas características da
competência tributária, senão vejamos:
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executa r
leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra ,
nos termos do § 3º do art. 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a
conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha
conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar
tributos.
Art. 8º O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a
Constituição a tenha atribuído.
Não existe prazo para o exercício da competência tributária, por ser uma competência
legislativa. Assim, a competência para legislar sobre o direito tributário é incaducável.
Um exemplo tradicional em nossa Constituição Federal, dessa facultatividade, em face do não
exercício até os dias atuais, é a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) de competência
da União.
A competência tributária é indelegável, tendo cada pessoa política sua própria competência
tributária, não podendo ser transferida sequer por lei, afinal de contas as mesmas já exercem uma
competência delegada pela Constituição Federal.
Assim, diferentemente, a capacidade tributáriaativa é delegável.
Concluindo, a competência tributária é:
a) privativa;
b) incaducável;
c) de exercício facultativo;
d) inampliável;
e) irrenunciável; e
f) indelegável.
Em face de todo o supraexposto a respeito da competência tributária, devemos lembrar a
diferença entre bitributação e bis in idem:
Bitributação
Estamos diante de mais de um ente tributando (cobrando) pelo mesmo fato gerador. Exceção à regra é o disposto no
art. 154, II, da CF, ao permitir que “na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação”.
Bis in idem
Estamos diante da tributação por mais de uma vez do mesmo ente tributante, ou seja, o mesmo ente me cobra mais
de uma vez pelo mesmo fato.
3.9 Capacidade tributária
O art. 7º, § 3º, do CTN determina que não constitui delegação de competência o cometimento,
a pessoa de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
A competência diz respeito à aptidão para instituir tributos e a capacidade tributária ativa diz
respeito à aptidão para cobrar tributos.
Portanto, a capacidade tributária ativa é delegável por lei (editada pela entidade tributante),
podendo uma terceira pessoa arrecadar os tributos. Ex.: ITR (art. 153, § 4º, III) “será fiscalizado e
cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do
imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal”.
4. IMUNIDADES
4.1 Conceito
Conforme nos ensina o doutrinador Hugo de Brito Machado, “A imunidade é o obstáculo
decorrente de regra da Constituição à incidência de regra jurídica de tributação. O que é imune não
pode ser tributado. A imunidade impede que a lei defina como hipótese tributária aquilo que é
imune. É limitação da competência” 1.
O art. 150, VI da CF assim prescreve:
“VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem
como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser.”
4.2 Imunidade recíproca
A referida imunidade veda a instituição de impostos, pela União, Distrito Federal, Estados e
pelos Municípios sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros (art. 150, VI, a).
Trata-se de uma verdadeira cláusula pétrea, que visa proteger o pacto federativo, sendo neste
sentido o julgamento da ADI 939-MC/DF, Rel. Min. Sydney Sanches.
Porém, devemos tomar cuidado com a disposto no art. 150, § 3º, da CF, uma vez que exclui a
aplicação da referida imunidade com relação “ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados
com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel”.
4.3 Imunidade das autarquias e fundações públicas
A imunidade recíproca estende-se às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes (art. 150, VI, § 2º, da CF).
4.4 Imunidade da empresa pública e sociedade de economia mista segundo o
entendimento do STF
No RE 354.897/RS, o relator Ministro Carlos Velloso definiu que as empresas públicas
prestadoras de serviço público diferenciam-se das que exercem atividade econômica.
No caso da Empresa de Correios e Telégrafos o STF firmou o entendimento de que estaria
albergada pela imunidade recíproca do art. 150, VI, a, uma vez que realiza serviço público de
prestação obrigatória e exclusiva do Estado.
Como senão bastasse, com a ampliação dos serviços fornecidos pela Empresa de Correios e
Telégrafos com serviços que não são tipicamente postais, os Municípios começaram a questionar a
incidência do ISS, tendo o STF se pronunciado a favor da imunidade para todos os serviços no RE
601.392 a saber:
Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3.
Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas
exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência
com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art.
150, VI, a, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido.
Ainda com relação à Empresa de Correios e Telégrafos, quando do julgamento do RE
773.992/BA, de relatoria do Min. Dias Toffoli e, onde foi reconhecida a repercussão geral, o STF
entendeu que os imóveis pertencentes ao mesmo estão albergados pela imunidade tributária, não
havendo que se falar em cobrança de IPTU.
Outro caso marcante foi o do RE 363.412-AgR, em que o STF decidiu que a Infraero, empresa
pública federal, está abrangida pela imunidade, uma vez que a mesma exerce serviços de
infraestrutura aeroportuária, sendo matéria de reserva constitucional de monopólio estatal (art. 21,
XII, c, da CF), pois a Infraero realiza os referidos serviços por outorga da União (RE 363.412--
AgR/BA, Rel. Min. Celso de Mello).
Por fim, o STF tem se posicionado no sentido de reconhecer a imunidade às Sociedades de
Economia Mista que prestam serviços de saúde desde que o capital social seja majoritariamente
estatal, senão vejamos a ementa do RE 580.264/RS:
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito
fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e
serviços que, em face de sua prestação pelo Estado mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2. A
prestação de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que
a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e
serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do incis o
VI do art. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com repercussão geral (RE
580.264/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa).
4.5 Imunidade dos templos de qualquer culto
Segundo a nossa Constituição Federal (art. 150, VI, b), a imunidade atingirá os templos de
qualquer culto, sendo que as vedações expressas no inc. VI, alíneas b e c, compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
indicadas.
A grande polêmica está no alcance desta imunidade, ou seja, será que a mesma abrange os
imóveis, aplicações financeiras, lanchonetes, livrarias etc.
Analisando o § 4º do art. 150 da CF/88, esta imunidade alcança somente o patrimônio, a renda
e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos templos, aquelas inerentes à natureza
da entidade.
O Plenodo STF no RE 325.822 entendeu que:
A imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o
patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. O § 4º do
dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inc. VI do art. 150 da Constituição Federal (RE
325.822/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão).
Ademais, a Súmula 724 do STF assim dispõe: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da
Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais
entidades”.
Por fim, devemos nos lembrar de que a referida imunidade alcança somente os impostos, não
alcançando as demais espécies tributárias.
4.6 Imunidade dos partidos políticos e suas fundações
Os partidos políticos são o reflexo da democracia, tendo a nossa Constituição adotado o
sistema multipartidário.
O art. 1º da CF é claro ao determinar que a República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como um de seus fundamentos o pluralismo político, uma vez que
todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.
Assim sendo, a referida imunidade visa dar uma maior segurança ao pluripartidarismo, uma
vez que poderíamos ter um determinado governante que instituísse um determinado imposto
elevadíssimo, que somente os grandes partidos políticos teriam condições de efetuar o pagamento e
alguns partidos, os menores, estariam prejudicados com a referida tributação, chegando à extinção
e, consequentemente, em afronta ao fundamento constitucional do pluralismo político.
Sendo de suma importância atender ao disposto no art. 17 da CF, bem como ao disposto na Lei
n. 9.096/95 e suas alterações.
Outrossim, devemos sempre nos lembrar do disposto no art. 150, § 4º, da CRFB: “§ 4º As
vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”.
Por fim, não podemos nos esquecer da Súmula Vinculante 52 do STF a saber: “Ainda quando
alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado
nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.”
4.7 Imunidade dos sindicatos dos trabalhadores
Os sindicatos dos trabalhadores atuam protegendo os trabalhadores dos possíveis abusos do
empregador.
Porém, para terem direito à referida imunidade, devem ser preenchidos os requisitos,
conforme entendimento proferido pelo STF quando do julgamento do RE 281.901-AgR/SP, de
Relatoria do Ministro Néri da Silveira:
ICMS. Imunidade tributária que alcança os materiais relacionados com o papel. Art. 150, VI, d, da Constituição Federal.
Precedentes. Agravo regimental em que se pretende o reexame da matéria, com base na alínea c do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal, por se tratar de entidade sindical de trabalhadores. Acórdão do Tribunal de origem que, com base em
elementos probatórios dos autos, assentou que as impressões gráficas realizadas pelo Impetrante estão dissociadas de sua
atividade essencial. Inviabilidade de reexame dos fatos e provas da causa em sede de recurso extraordinário. Súmula 279.
Por fim, não podemos nos esquecer da Súmula Vinculante 52 do STF a saber: “Ainda quando
alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado
nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.”
4.8 Imunidade das instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos
As instituições de educação e assistência social auxiliam e completam as atividades dele, do
Estado, sendo um verdadeiro aliado, que muitas vezes possui dificuldades para fornecer as
referidas atividades à sociedade.
A ideia é que o texto da referida imunidade seja interpretado de forma extensiva, ou seja, deve
ser albergado pelo referido benefício, todos os impostos pertinentes à atividade das instituições de
educação e assistência social. Outrossim, não basta ser uma entidade de assistência social e colocar
no seu estatuto ou contrato social que não possui fins lucrativos, é necessário que haja o
reconhecimento de entidade beneficente, obtendo-se o Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social – CEBAS (Lei 12.101/2009 e Lei 12.868/2013).
Quanto ao CEBAS, o STJ se posicionou contrário à referida exigência. Pedimos a vênia para
transcrever uma passagem da ementa proferida quando do julgamento do AgRg no Ag em REsp
187.172/DF, tendo como Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho:
“Condicionar a concessão de imunidade tributária à apresentação do certificado de entidade de assistência social, quando a
perícia técnica confirma o preenchimento dos requisitos legais, implica acréscimo desarrazoado e ilegal de pressupostos não
previstos sequer em lei, mormente quando o próprio texto constitucional prevê como condicionante apenas a inexistência de
finalidade lucrativa para que o sujeito seja contemplado com o benefício fiscal”.
Outrossim, as referidas instituições ainda devem atender a três condições (verificar os
requisitos nos arts. 9º e 14 do CTN):
a) não pode haver distribuição de patrimônio ou de rendas às pessoas que compõem a
instituição ou a terceiro;
b) os recursos devem ser utilizados no país para as finalidades sociais; e
c) as instituições devem manter a escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos
de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
Cabe ressaltar, o resultado do julgamento do RE 767.332, onde foi reconhecida a repercussão
geral e, o STF confirmou a imunidade com relação ao IPTU dos imóveis das instituições
educacionais sem fins lucrativos (RE 767.332 RG/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes).
Outro ponto importante sobre a imunidade é a existência ou não de direito adquirido. A
jurisprudência do STF é firme no sentido de que não existe direito adquirido com relação à
imunidade tributária:
Embargos de declaração no recurso ordinário em mandado de segurança. Conversão dos embargos declaratórios em agravo
regimental. Ausência de impugnação dos fundamentos da decisão agravada. Renovação do Certificado de Entidade Beneficente
de Assistência Social (CEBAS). Inexistência de direito adquirido. Constitucionalidade da exigência do cumprimento de
condições para renovação do certificado. Precedentes. Agravo regimental não provido. 1. Não cabimento de embargos de
declaração contra decisão monocrática. Embargos convertidos em agravo regimental. 2. Não tem êxito o agravo regimental que
deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão singular (art. 317, § 1º, do RISTF). Precedentes. 3. A jurisprudência
da Corte é firme no sentido de que não existe direito adquirido a regime jurídico de imunidade tributária. A Constituição Federa l
de 1988, no seu art. 195, § 7º, conferiu imunidade às entidades beneficentes de assistência social desde que atendidos os
requisitos definidos por lei. Não há imunidade tributária absoluta. Precedentes. 4. O cumprimento das exigências para a
atribuição da proteção conferida pela imunidade tributária deve ser aferido no período imposto pelo sistema jurídico e deve esta r
de acordo com os critérios estabelecidos para a atual conjuntura, observando-se a evolução constante da sociedade e das
relações pessoais. 5. Agravo regimental não provido (RMS 27.382-ED/DF, Rel. DiasToffoli, j. 8-10-2013).
Por fim, não podemos nos esquecer da Súmula Vinculante n. 52 do STF a saber: “Ainda
quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis
seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas”.
4.9 Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão
A referida imunidade, segundo o disposto no art. 150, VI, d, da Constituição Federal e
entendimento anteriores do STF, atingirá os papéis destinados à sua impressão, senão vejamos:
“livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”
Porém, recentemente, em decisão proferida no processo SL 818, O STF entendeu pela
manutenção da liminar deferida pelo Tribunal Estadual de Minas Gerais, o qual suspendeu a
exigência do ICMS, fundamentado na referida imunidade constitucional.
Em face do desenvolvimento tecnológico e modernização, cabe trazer ao presente tema se a
referida imunidade abrangeria os atuais e-books, ou seja, os livros eletrônicos em que as páginas
impressas são substituídas por CD-ROMs e disquetes.
A sociedade necessita de um posicionamento do Poder Judiciário sobre o assunto, por isso o
STF aceitou a repercussão geral no RE 330.817/RJ, ainda sem data para julgamento, mas que dará a
correta interpretação à norma constitucional que trata da referida imunidade, especialmente nos dias
atuais em que a política mundial está voltada para o meio ambiente.
A jurisprudência dos tribunais estaduais tem se inclinado no sentido da concessão da
imunidade, porém, devemos aguardar o julgamento do RE 330.817/RJ sobre a matéria.
4.10 Imunidade musical
A EC n. 75 acabou por ampliar o rol do art. 150, VI, da Constituição Federal, acrescentando a
alínea e, a saber: “fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”.
4.11 Imunidade das contribuições sociais
Com relação ao exato significado do termo isenção, constante do art. 195, § 7º, da Constituição
Federal, que dispõe: “São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em lei”, pode-se afirmar
que o texto constitucional está errado, pois estamos tratando de uma hipótese de imunidade.
A referida questão já foi enfrentada e pacificada pelo STF, bastando que as referidas entidades
atendam às exigências estabelecidas em lei (RMS 22.192/DF, Rel. Min. Celso de Mello).
4.12 Imunidades específicas
Ao longo do texto constitucional podemos verificar outras imunidades tributárias. Assim
sendo, resolvemos elaborar o quadro a seguir para facilitar os estudos.
Tributo Fundamentação
IPI Art. 153, § 3º, III – “não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior”.
ITR
Art. 153, § 4º, II – “não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário
que não possua outro imóvel”.
Contribuições
sociais e de
intervenção
no domínio
Art. 149, § 2º, I – “não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação”.
econômico
Impostos
federais,
estaduais e
municipais
Art. 184, § 5º – “são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”.
ICMS
Art. 155, § 2º, X – “não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e
prestações anteriores;
b) sobre operações que destinem a outros Estados o petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita.”
ICMS –
provedores
de acesso à
internet e
habilitação de
telefonia
celular
Súmula 350 do STJ – “O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular”.
Súmula 334 do STJ – “O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet”.
ITBI
Art. 156, § 2º, I – “não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa
jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil”.
Impostos em
geral (exceção
do II, IE e
ICMS)
Art. 155, § 3º – “à exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum
outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País”.
Contribuições
sociais
Art. 195, II – “do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201”.
Taxas
Art. 5º, XXXIV, b – “a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal”.
5. TRIBUTO
5.1 Conceito
A definição de tributo está prevista no art. 3º do CTN, tratando-se de uma receita pública
derivada e compulsória, se não vejamos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Assim sendo temos:
a) Compulsória – obrigatória.
b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir – cheque, processo eletrônico etc.
c) Que não constitua sanção de ato ilícito – tributo não é sanção, penalidade.
d) Instituída em lei – observância ao princípio da legalidade.
e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada – a administração pública
não possui margem de liberdade para decidir se cobra ou não o tributo, deve exercer a atividade
visando à satisfação do crédito tributário.
Ademais, “a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais
características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação”
(art. 4º do CTN). Portanto, o fato gerador caracteriza cada tributo, sendo irrelevante eventual erro
do legislador quando da denominação do tributo, não prejudicando a sua legalidade.
5.2 Espécies tributárias
Temos várias classificações na doutrina e na jurisprudência sobre as espécies tributárias. Para
que possamos ter uma melhor compreensão da matéria, adotaremos a classificação feita pelo
Ministro Carlos Velloso quando do julgamento do RE 138.284, em que temos a seguinte
classificação: a) impostos; b) taxas; c) empréstimo compulsório; d) contribuição de melhoria; e)
contribuições (sociais gerais, seguridade social, seguridade social residual, previdenciárias
próprias, contribuição de intervenção no domínio econômico, contribuição de interesse de
categorias profissionais e custeio do serviço de iluminação pública).
5.2.1 Impostos
O art. 16 do CTN é claro ao dispor que o imposto é um tributo não vinculado, que independe
de qualquer atividade estatal específica, sendoutilizado para custear atividades gerais, universais e
abstratas, não visando à satisfação de interesse ou benefício individual, mas, sim, geral de toda a
coletividade.
Já o art. 167, IV, da CF determina que são vedadas:
a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.
Cabe ressaltar o decidido pelo STF no RE 585.535 ao entender que “a Lei paulista 9.903, de
30-12-1997, apenas impôs a divulgação, pelo chefe do Executivo, do emprego dos recursos
provenientes do aumento da alíquota de 17 para 18%, previsto no mesmo diploma. A proibição de
vinculação de receita de impostos prevista no art. 167, IV, da CF, impede a fixação de uma prévia
destinação desses recursos, o que não se verificou no presente caso” (RE 585.535, Rel. Min. Ellen
Gracie).
Os impostos podem ser classificados em reais e pessoais, progressivos ou regressivos, diretos
ou indiretos, cumulativos e não cumulativos, fixos ou variáveis, senão, vejamos:
Impostos
pessoais
Visam aos aspectos subjetivos do devedor, possuem características pessoais. Ex.: Imposto de Renda (IR) e
Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF, ainda não instituído).
Impostos
reais
Incidem sobre a coisa, levando-se em conta aspectos materiais. Ex.: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
(ITR), Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
(ITBI).
Impostos
progressivos
Aumenta-se a alíquota em face do aumento da base de cálculo. Ex.: Imposto de Renda (IR).
Impostos
regressivos
Diminui-se a alíquota à medida que aumenta a base de cálculo.
Impostos
diretos
O próprio sujeito passivo é quem suporta o ônus financeiro (paga) do tributo.
Impostos
indiretos
Temos o chamado contribuinte de direito, nos moldes da legislação, que transfere a terceiros o ônus financeiro,
conhecido como contribuinte de fato. Atenção: no dia a dia é praxe os prestadores de serviços, comerciantes etc.,
colocarem no preço final do serviço e da mercadoria o tributo e, nesse caso, podemos dizer que o contribuinte de
fato acaba sendo o consumidor final.
Impostos
cumulativos
Seria o famoso efeito cascata, incidindo várias vezes. São os tributos plurifásicos.
Impostos não
cumulativos
O contribuinte credita ou compensa os valores da operação anterior.
Impostos
fixos
Possuem um valor determinado e certo.
Impostos
variáveis
Para serem apurados dependem de uma alíquota e uma base de cálculo, o que faz com que o seu valor varie
conforme a alteração dos elementos.
Impostos
proporcionais
“O imposto cuja alíquota é invariável e se aplica sobre base de cálculo variável” (VIII Exame de Ordem Unificado
– questão 28).
5.2.2 Taxas
As taxas podem ser instituídas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos à sua disposição. Contudo, não podem ter base de cálculo própria de impostos (art. 145, §
2º, da CF).
É por todo oportuno mencionar a Súmula Vinculante 29 do STF, a saber: “é constitucional a
adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”.
Nos moldes do art. 77 do CTN, as taxas podem ser cobradas pela utilização efetiva ou
potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição. As taxas possuem como fato gerador uma atividade plenamente vinculada a uma atuação
estatal.
Assim sendo, temos:
Utilização
efetiva
Serviço realmente utilizado pelo contribuinte.
Utilização
potencial
Quando o serviço, sendo de utilização compulsória, seja posto à sua disposição mediante atividade
administrativa em efetivo funcionamento.
Específico Quando possa ser destacado em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas.
Divisível Quando suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada um dos usuários.
A taxa judiciária diz respeito à utilização de um serviço público, não se confundindo com a
taxa do poder de polícia por ser sempre uma atividade prestacional.
O fato gerador (acontecimento no mundo real) da taxa do poder de polícia é uma atividade do
Estado específica e relativa ao contribuinte. O art. 78 do CTN definiu o poder de polícia da
seguinte forma:
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade ,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público con​cer​nente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
Continuando, o parágrafo único determina que:
considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de
poder”.
O STF tem se posicionado no sentido de que o poder de polícia é presumido em favor do
fisco, ou seja, compete ao contribuinte o ônus da prova da ausência da contraprestação.
Nesse sentido foi o julgamento do RE 588.322/RO, senão vejamos:
Recurso Extraordinário 1. Repercussão geral reconhecida. 2. Alegação de
inconstitucionalidade da taxa de renovação de localização e de funcionamento do Município de
Porto Velho. 3. Suposta violação ao art. 145, inciso II, da Constituição, ao fundamento de não existir
comprovação do efetivo exercício do poder de polícia. 4. O texto constitucional diferencia as taxas
decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e
divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A regularidade do
exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e
fiscalização. 6. À luz da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, a existência do órgão
administrativo não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de
localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo
exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente. Precedentes. 7. O Tribunal de Justiça de
Rondônia assentou que o Município de Porto Velho, que criou a taxa objeto do litígio, é dotado de
aparato fiscal necessário ao exercício do poder de polícia. 8. Con​figurada a existência de
instrumentos necessários e do efetivo exercício do poder de polícia. 9. É constitucional taxa de
renovação de funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do poder de
polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício,
tal como verificado na espécie quanto ao Município de Porto Velho/RO 10. Recurso extraordinário
ao qual se nega provimento (RE 588322/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento: 16-6-2010,
Órgão Julgador: Tribunal Pleno).
Por fim, vejamos o que dispõe na Súmula Vinculante 19 do STF: “A taxa cobrada
exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinaçãode
lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da CF”.
5.2.3 Contribuição de melhoria
A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo que pode ser instituída pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, sendo
instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo
como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado (art. 81 do CTN).
Portanto, estamos tratando de um tributo vinculado, uma vez que depende de uma
contraprestação estatal, sendo a valorização imobiliária um dos requisitos para a cobrança da
mesma.
Nesse sentido já se posicionou o STF no AgIn 694.836-AgR/SP ao determinar que a
contribuição de melhoria incide sobre o quantum da valorização imobiliária e, a sua base de
cálculo é a diferença entre o valor anterior à obra pública e o valor posterior à obra pública (AgIn
694.836-AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie).
O principal objetivo é a recuperação do gasto com a obra pública. Exemplos de obras que
podem gerar a contribuição de melhoria, desde que ocorra a valorização imobiliária: a)
pavimentação asfáltica; b) melhoramentos de praças; c) aterros e embelezamentos em geral; d)
construção de campos de desportos.
Deve respeitar o princípio da anterioridade anual e o princípio da anterioridade nonagesimal
ou noventena, ambos previstos no art. 150, III, b e c, da CF/88.
5.2.4 Empréstimo compulsório
Nos termos do art. 148 da CF, a União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios apenas em dois casos: a) para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; b) no caso de investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Ressalte-se que, na hipótese de empréstimo compulsório criado para atender despesas
extraordinárias, não será necessário observar nenhuma anterioridade em razão da emergência da
medida.
Vejamos o disposto no art. 150, § 1º, da CF: “§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos
tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se
aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de
cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I”.
Com relação ao empréstimo compulsório do art. 148, II, este deverá observar ao princípio da
anterioridade do art. 150, III, b e c.
Ademais, não podemos esquecer que, os recursos provenientes do mesmo, obrigatoriamente,
serão vinculados à despesa que fundamentou a sua instituição (art. 148, parágrafo único).
Por fim, cabe lembrar que os valores recolhidos a título de empréstimo compulsório deverão
ser restituídos ao sujeito passivo.
5.2.5 Contribuições
As contribuições são espécies de tributo constitucionalmente previstas nos arts. 149, 149-A e
195 da CF, possuindo vinculação da sua receita.
Vejamos alguns exemplos das contribuições supra: PIS (Programa de Integração Social);
PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público); Contribuição Social para o
Financiamento da Seguridade Social (COFINS); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL); Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT); Contribuição ao Serviço Brasileiro
de Apoio à Pequena Empresa (Sebrae – Lei n. 8.029/90); Contribuição ao Serviço Nacional de
Aprendizado Comercial (SENAC – Decreto-lei n. 8.621/46); Contribuição ao Serviço Nacional de
Aprendizado Industrial (SENAI – Lei n. 4.048/42); Contribuição ao Serviço Social da Indústria
(SESI – Decreto-lei n. 9.403/46); Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC – Decreto-
lei n. 9.853/46); Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP – MP n. 1.715-
2/98); Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST – Lei n. 8.706/93); Contribuição
Confederativa Laboral (dos empregados); Contribuição Confederativa Patronal (das empresas);
Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE-Combustíveis (Lei n. 10.336/2001);
Con​tribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE) Remessas Exterior (Lei n.
10.168/2000); PIS/COFINS – Importação (Lei n. 10.865/2004).
5.2.5.1 Contribuições sociais
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social. Ela será financiada por toda a sociedade mediante recursos provenientes dos
orçamentos dos entes federativos e das contribuições sociais (art. 195 da CF).
Além das contribuições já elencadas pela Cons ​tituição, a lei poderá criar outras contribuições
sociais com base no § 4º do art. 195 da CF.
As contribuições sociais têm suas bases definidas na vigente Constituição, especialmente no
art. 195; nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total (art. 195, § 5º), bem como são imunes de
contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam
às exigências estabelecidas em lei (art. 195, § 7º).
Ademais, nos moldes do art. 195, § 9º, da CF, “as contribuições sociais previstas no inciso I
do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho”.
As contribuições só podem ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não se aplicando o disposto no art. 150, III, b (art. 195, §
6º), sendo exemplo de contribuições sociais para a seguridade social o INSS, COFINS e CSLL.
Outro ponto relevante sobre as contribuições sociais era o prazo de decadência e prescrição
previsto nos arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, em que a mesma prescrevia o prazo de 10 anos tanto
para prescrição como para decadência, quando o correto seria cinco anos de decadência e cinco
anos de prescrição, conforme prescrito no Código Tributário Nacional.
Os referidos artigos foram considerados inconstitucionais pelo STF, que editou a Súmula
Vinculante 8 com a seguinte redação: “São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do
Decreto-lei n. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência
de crédito tributário”.
5.2.5.2 Contribuições de interesse de categoria profissional ou econômica
(corporativas)
Estão previstas no art. 149 da CF, sendo de competência exclusiva da União, conhecidas como
contribuições corporativas, visam custear as entidades que fiscalizam e regulam as atividades
profissionais e econômicas, sendo necessárias como instrumento de atuação nas respectivas áreas.
Podemos citar como exemplos as contribuições dos sindicatos, OAB, CRM, CREA, CRECI, SESC,
SENAI, SESI, SEBRAE, SENAT, SECOOP.
Sobre o tema, o Ministro Carlos Velloso esclarece:
“Uma ressalva é preciso ser feita. É que caso há, no sistema tributário brasileiro, em que a destinação do tributo diz com a
legitimidade deste e, por isso, não ocorrendo a destinação constitucional do mesmo, surge para o contribuinte o direito de não
pagá-lo. Refiro-me às contribuições parafiscais – sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias
profissionais ou econômicas, CF, art. 149 – e os empréstimos compulsórios (CF, art. 148)”22.
5.2.5.3 Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)
O art. 149 da CF é claro em mencionar as hipóteses de incidência, base de cálculo e sua forma
de instituição, se não, vejamos:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições

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