Buscar

Direito Processual Penal I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Aula-30/05/2016
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC) – EC – Nº 45/2004.
- O IDC constitui mecanismo consagrador da federalização dos crimes graves contra os direitos humanos. Ele está previsto na CF no artigo 109, V e § 5º.
- O Incidente tem como finalidade combater a impunidade, proteger os direitos humanos e assegurar o cumprimento de obrigações internacionais; evitando assim, responsabilização em caso de omissão.
- É preciso registrar que ele não fixou competência exclusiva da Justiça Federal, mas sim subsidiária, pois a competência (primária) para julgamento de crimes graves foi reafirmada para a Justiça Estadual.
- O IDC tem caráter subsidiário, devendo ser aplicado para sua adoção o princípio da proporcionalidade (aferindo-se sua adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito, ou ponderação ou razoabilidade).
- A criação desse instituto decorreu dentre outros motivos, da percepção de que em vários casos, os mecanismos até então disponíveis para apuração e punição desses delitos demonstraram-se insuficientes e, até mesmo, ineficientes, expondo de forma negativa a imagem do Brasil no exterior.
- A princípio, as causas ligadas a direito humanos competem aos juízes estaduais. Porém, havendo grave desrespeito a tais direitos, o Procurador-Geral pode suscitar, discricionariamente, o aludido incidente.
Conceito de direitos humanos:
- São as garantias fundamentais, dentre elas o respeito à dignidade, razão pela qual pode, também, ser conceituado como direitos Naturais ou ainda aqueles indisponíveis, inalienáveis, inderrogáveis e essenciais à convivência social.
Legitimado
- A competência é do Procurador-Geral da República, somente ele pode suscitar, perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo.
Os requisitos (cumulativos os 3 primeiros) do IDC são:
A existência de grave violação a direitos humanos;
Tal direito decorrer de tratado (de direitos humanos) de que seja parte o Brasil;
O risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais (de direitos humanos);
A incapacidade (ou ineficácia) das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas;
Seja deferida por este (STJ), que apreciará, como é evidente, a gravidade da violação nessa ocasião.
O princípio da proporcionalidade no IDC
- O deslocamento de competência – em que a existência de crime praticado com grave violação aos direitos humanos é pressuposto de admissibilidade do pedido deve atender ao princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), compreendido na demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida persecução penal.
Argumentos contrários à federalização dos crimes contra os direitos humanos:
A Justiça Estadual possuiria maior capilaridade para o julgamento dos casos, por estar mais próxima dos fatos que a Justiça Federal;
A suscitação do incidente de deslocamento de competência ficaria à discrição do Poder Executivo, por meio do Procurador-Geral da República;
O incidente seria antidemocrático, porquanto deixaria ao arbítrio de alguém ou de alguma entidade, com interesse econômico político, social, ou outro, sobre determinada demanda, o poder de provocar a fixação da competência de juiz ou tribunal para julgar o litígio;
O incidente acarretaria insegurança jurídica, ao possibilitar que a avocação da causa seja postulado pelo promotor de justiça originário, violando o princípio do juízo natural;
Incidente acarretaria imprecisão, já que o jurisdicionado não saberia, previamente, qual o juízo em que seria julgado, se estadual ou federal;
A cláusula constitucional que prevê o incidente de deslocamento de competência seria de impossível concreção, por não especificar quais são as causas relativas a direitos humanos passíveis de deslocamento de competência para a Justiça Federal, o que afronta o princípio da legalidade relativamente aos crimes e às penas.
Atualmente, o Incidente é julgado pela 3ª seção do STJ. O primeiro IDC foi do Caso Irmã Dorothy Stang, em 2005, indeferido pelo STJ. Já o primeiro a ser aceito foi o caso Manoel Mattos (advogado e defensor dos direitos humanos), em 2010.
Eis os julgamentos do STJ sobre o assunto, relativamente ao caso Dorothy Stang e ao caso Manoel Mattos:
“CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO. (VÍTIMA IRMÃ DOROTHY STANG). CRIME PRATICADO COM GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA – IDC. INÉPCIA DA PEÇA INAUGURAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA. PRELIMINARES REJEITADAS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUÍZO NATURAL E À AUTONOMIA DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RISCO DE DESCUMPRIMENTO DE TRATADO INTERNACIONAL. FIRMADO PELO BRASIL. SOBRE A MATÉRIA NÃO CONFIGURADO NA HIPÓTESE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO
1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da vítima e/ou da repercussão do fato no cenário nacional ou internacional, representa grave violação ao maior e mais importante de todos os direitos do ser humano, que é o direito à vida, previsto no art. 4º, nº 1, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário por força do Decreto nº 678, de 6/11/1992, razão por que não há falar em inépcia da peça inaugural.
2. Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil que o constituinte derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que passaram para a competência da Justiça Federal, sob pena de restringir os casos de incidência do dispositivo (CF, art. 109, § 5º), afastando-o de sua finalidade precípua, que é assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil sobre a matéria examinando-se cada situação de fato, suas circunstâncias e peculiaridades detidamente, motivo pelo qual não há falar em norma de eficácia limitada. Ademais, não é próprio de texto constitucional tais definições.
3. Aparente incompatibilidade do IDC, criado pela Emenda Constitucional nº 45/2004, com qualquer outro princípio constitucional ou com a sistemática processual em vigor deve ser resolvida aplicando-se os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
4. Na espécie as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na apuração dos fatos que resultaram na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, com o objetivo de punir os responsáveis, refletindo a intenção de o Estado do Pará dar resposta eficiente à violação do maior e mais importante dos direitos humanos, o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a Justiça Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do processo criminal e atrasar o seu desfecho, utilizando-se o instrumento criado pela aludida norma em desfavor de seu fim, que é combater a impunidade dos crimes praticados com grave violação aos direitos humanos.
5. O deslocamento de competência – em que a existência de crime praticado contra grave violação aos direitos humanos é pressuposto de admissibilidade do pedido – deve atender ao princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), compreendido na demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida persecução penal. No caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que se acolha o incidente. 6. Pedido indeferido, sem prejuízo do dispostono art. 1º, inc. III, da Lei nº 10.446, de 8/5/2002” (IDC 1, Min. Rel. Arnaldo Esteves Lima. 3 Seção – STJ J 08/06/2005)
“INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇAS ESTADUAIS DOS ESTADOS DA PARAÍBA E DE PERNAMBUCO. HOMICÍDIO DE VEREADOR, NOTÓRIO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS, AUTOR DE DIVERSAS DENÚNCIAS CONTRA A ATUAÇÃO DE GRUPOS DE EXTERMÍNIO NA FRONTEIRA NOS DOIS ESTADOS. AMEAÇAS, ATENTADOS E ASSASSINATOS CONTRA AS TESTEMUNHAS E DENUNCIANTES. ATENDIDOS OS PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS PARA A EXCEPCIONAL MEDIDA.
1. A teor do § 5º do art. 109 da Constitucional Federal, introduzido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal fundamenta-se, essencialmente, em três pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas.
2. Fatos que motivaram o pedido de deslocamento deduzido pelo Procurador-Geral da República: o advogado e vereador pernambucano MANOEL BEZERRA DE MATTOS NETO foi assassinado em 24/01/2009, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer diversas ameaças e vários atentados, em decorrência, ao que tudo leva a crer, de sua persistente e conhecida atuação contra grupos de extermínio que agem impunes há mais de uma década na divisa dos Estados da Paraíba e de Pernambuco, entre os Municípios de Pedras de Fogo e Itambé.
3. A existência de grave violação a direitos humanos, primeiro pressuposto, está sobejamente demonstrado: esse tipo de assassinato, pelas circunstâncias e motivação até aqui reveladas, sem dúvida, expões uma lesão que extrapola os limites de um crime de homicídio ordinário, na medida em que fere, além do precioso bem da vida, a própria base do Estado, que é desafiado por grupos de criminosos que chamam para si as prerrogativas exclusivas dos órgãos e entes públicos, abalando sobremaneira a ordem social.
4. O risco de responsabilização internacional pelo descumprimento de obrigações derivadas de tratados internacionais aos quais o Brasil anuiu (dentre eles, vale destacar, a Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecido como "Pacto de San Jose da Costa Rica") é bastante considerável, mormente pelo fato de já ter havido pronunciamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com expressa recomendação ao Brasil para adoção de medidas cautelares de proteção a pessoas ameaçadas pelo tão propalado grupo de extermínio atuante na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco, as quais, no entanto, ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Além do homicídio de MANOEL MATTOS, outras três testemunhas da CPI da Câmara dos Deputados foram mortos, dentre eles LUIZ TOMÉ DA SILVA FILHO, ex-pistoleiro, que decidiu denunciar e testemunhar contra os outros delinquentes. Também FLÁVIO MANOEL DA SILVA, testemunha da CPI da Pistolagem e do Narcotráfico da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, foi assassinado a tiros em Pedra de Fogo, Paraíba, quatro dias após ter prestado depoimento à Relatora Especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais. E, mais recentemente, uma das testemunhas do caso Manoel Mattos, o Maximiano Rodrigues Alves, sofreu um atentado a bala no município de Itambé, Pernambuco, e escapou por pouco. Há conhecidas ameaças de morte contra Promotores e Juízes do Estado da Paraíba, que exercem suas funções no local do crime, bem assim contra a família da vítima Manoel Mattos e contra dois Deputados Federais.
5. É notória a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas, reconhecida a limitação e precariedade dos meios por elas próprias. Há quase um pronunciamento uníssono em favor do deslocamento da competência para a Justiça Federal, dentre eles, com especial relevo: o Ministro da Justiça; o Governador do Estado da Paraíba; o Governador de Pernambuco; a Secretaria Executiva de Justiça de Direitos Humanos; a Ordem dos Advogados do Brasil; a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Paraíba. 
6. As circunstâncias apontam para a necessidade de ações estatais firmes e eficientes, as quais, por muito tempo, as autoridades locais não foram capazes de adotar, até porque a zona limítrofe potencializa as dificuldades de coordenação entre os órgãos dos dois Estados. Mostra-se, portanto, oportuno e conveniente a imediata entrega das investigações e do processamento da ação penal em tela aos órgãos federais.
7. Pedido ministerial parcialmente acolhido para deferir o deslocamento de competência para a Justiça Federal no Estado da Paraíba da ação penal n.º 022.2009.000.127-8, a ser distribuída para o Juízo Federal Criminal com jurisdição no local do fato principal; bem como da investigação de fatos diretamente relacionados ao crime em tela. Outras medidas determinadas, nos termos do voto da Relatora” (IDC 2, Min. Rel. Laurita Vaz, 3 Seção – STJ, J. 27/10/2010).
LEI DO JUIZ SEM ROSTO (de decisão coletiva) – 12.94/12.
- A Lei 12.694 pretendeu estabelecer a impossibilidade ou dificuldade de identificação do magistrado que adotou este ou aquela medida de natureza cautelar, meritória ou de execução penal.
- A Lei foi criada em razão de acontecimentos graves que ocorreram no País envolvendo juízes, como, por exemplo, a morte da Juíza Patrícia Acioli em 11/08/2011.
- Embora se fale em lei do juiz sem rosto, a nova legislação criou, na verdade, um juízo colegiado.
- A figura do Juiz sem Rosto é quando a sociedade não sabe quem é o magistrado que está à frente daquele processo, assegurando a integridade física dele a fim de resguardar os atos que serão praticados no curso do processo.
- No caso da lei em análise, o Juiz natural é conhecido, bem como os outros dois que forem sorteados. Logo, não há que se falar em “Lei do juiz sem rosto” e sim em “Lei da decisão coletiva”.
- O Artigo 1º da Lei 12.694/12 permite que se crie um colegiado para decidir medidas cautelares, mérito e/ou de execução penal.
Art. 1º: Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente:
I – decretação de prisão ou de medidas assecuratórias;
II – concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão;
III – sentença;
IV – progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena;
V – concessão de liberdade condicional;
VI – transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e
VII – inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado.
- O Colegiado é formado em decorrência de um risco à integridade física do juiz em decisão fundamentada, ou seja, não pode ser criado porque o juiz acha que pode ser ameaçado, ou, simplesmente, porque está com medo do exercício da profissão. (art. 1, § 1º)
- A questão levantada pela doutrina quanto a ofensa ao princípio do Juiz Natural é resolvida pelo parágrafo segundo do artigo 1º. O juiz do processo não é afastado. Há respeito ao juiz natural, pois ele integra o colegiado.
- A Lei 12.694/12 não terá aplicação nos tribunais pela razão de já serem colegiados.
- Os parágrafos 4º e 5º da lei estabelecem o Sigilo e celeridade.
- O parágrafo 6º da Lei estabelece que eventual voto divergente não seja publicado.
- Já o parágrafo 7º prevê que a matéria deva ser regulamentada através do Código de Organização Judiciária de cada estado.
- O conceito de organizações criminosas foi definido pela Lei 12.850/13, no artigo 1º, § 1º. Como:
§ 1º: Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejamsuperiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Continue navegando