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HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL SAÚDE NO BRASIL Entender a realidade hoje necessário conhecer os determinantes históricos. Setor Saúde sofreu as influências de todo o contexto político-social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo. HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE –PREMISSAS IMPORTANTES a evolução histórica das políticas de saúde está relacionada diretamente a evolução político-social e econômica da sociedade brasileira, a lógica do processo evolutivo sempre obedeceu à ótica do avanço do capitalismo na sociedade brasileira, sofrendo a forte determinação do capitalismo internacional; a saúde nunca ocupou lugar central dentro da política do estado brasileiro, tanto no que diz respeito a solução dos grandes problemas de saúde que afligem a população, quanto na destinação de recursos direcionados ao setor; HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE –PREMISSAS IMPORTANTES Podemos afirmar que de um modo geral os problemas de saúde tornam-se foco de atenção quando se apresentam como epidemias e deixam de ter importância quando os mesmos se transformam em endemias. Epidemia – ocorrência súbita de uma determinada doença transmissível em uma determinada área geográfica, acometendo em curto espaço de tempo um grande número de pessoas. Endemia - ocorrência coletiva de uma determinada doença transmissível em uma determinada área geográfica, acometendo a população de forma permanente e contínua. HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE –PREMISSAS IMPORTANTES as ações de saúde propostas pelo governo sempre procuram incorporar os problemas de saúde que atingem grupos sociais importantes de regiões socioeconômicas igualmente importantes dentro da estrutura social vigente; e preferencialmente tem sido direcionadas para os grupos organizados e aglomerados urbanos a conquista dos direitos sociais (saúde e previdência) tem sido sempre resultante de luta dos trabalhadores brasileiros e, nunca uma dádiva do estado HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE –PREMISSAS IMPORTANTES devido a uma falta de clareza e de uma definição em relação à política de saúde, a história da saúde permeia e se confunde com a história da previdência social no Brasil em determinados períodos. a dualidade entre medicina preventiva e curativa sempre foi uma constante nas diversas políticas de saúde implementadas pelos vários governos PERÍODOS Descobrimento ao Império (1500-1889) República Velha (1889 – 1930) “Era Vargas” (1930 – 1964) Autoritarismo (1964 – 1984) Nova República (1985 – 1988) Pós-constituinte (1989...) DESCOBRIMENTO AO IMPÉRIO (1500-1889) Período Colonial colonizado - por degredados e aventureiros desde o descobrimento até a instalação do império, não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população e nem mesmo o interesse, por parte do governo colonizador (Portugal) , em criá-lo. Perfil epidemiológico - Doenças pestilentas Cenário Político e econômico - País agrário extrativista não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde; A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era enorme, para se ter uma idéia, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão (SALLES, 1971). Em outros estados brasileiros eram mesmo inexistentes. Boticários; Curandeiros; Medicina liberal; Organização da saúde Período Colonial Destinavam-se ao abrigo dos doentes, indigentes e viajantes sem assistência médica e tratamento aos problemas de saúde Chegada da Família Real Portuguesa - 1808 Saneamento da capital; Controle de navios, saúde de portos; Novas estradas; CONTROLE SANITÁRIO MÍNIMO 1829: criação da Imperial Academia de Medicina. Órgão consultivo Imperador para as questões da saúde pública Formada Junta de Higiene Pública. Saúde Pública como prática isolada, através de campanhas efêmeras. SAÚDE no Período Colonial/Imperial Não se pode falar em política de saúde pública neste período Medidas de saúde visavam minimizar os problemas de saúde pública que afetavam a produção econômica e prejudicavam o comércio internacional Saneamento dos portos Urbanização e infraestrutura nos centros urbanos de maior interesse econônmico Campanhas pontuais para debelar epidemias – 1ª foi em Recife e Olinda (1685 e 1694 – Febre Amarela) Assistência Médica – apenas as classes dominantes, população geral – medicina popular e caridade 1888: abolição da escravatura. intensificaram-se as correntes imigratórias (Itália, Espanha e Portugal) as condições sanitárias para a sua recepção e permanência no Brasil tornaram-se cada vez mais difíceis falta de políticas sociais e de saúde pertinentes eclosão de epidemias de febre amarela e peste bubônica, dentre outras. REPÚBLICA VELHA (1889 – 1930) 1889:Proclamação da República elaborou-se a Constituição que assinalava a preponderância dos grandes Estados nas decisões nacionais. O poder centralizou-se nos Estados produtores de café da região centro-sul, instalando-se a política do "café com leite". Essa Constituição incorporou a saúde como uma área de âmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuação Instalação do capitalismo no Brasil excedente econômico primeiras indústrias investimento estrangeiro. IDEOLOGIA LIBERAL: o Estado deveria atuar somente naquilo que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse fazê-lo. Organização do Setor Saúde Período da República 1889-1930 Acesso da população: medicina liberal e hospitais filantrópicos sistema de saúde - uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação Ameaças aos interesses do modelo AGRÁRIO-EXPORTADOR intervenção do Estado organização do serviço de saúde pública e campanhas sanitárias; Os serviços de saúde definidos pela necessidade econômica; predomínio das doenças transmissíveis: Febre amarela Varíola Tuberculose Sífilis Endemias rurais. Perfil Epidemiológico República Velha (1889-1930) Situação de saúde a mesma do período anterior – predominio de doenças pestilentas, condições de saneamento básico bastante precárias, várias epidemias (dificultava o recrutamento de trabalhadores na europa) As ações e programas de saúde – áreas dos portos 1902 – Rodrigues Alves – lançou o programa de saneamento do Rio de Janeiro e de combate à febre amarela em São Paulo – estimular o comércio internacional e fomentar a política de imigração - nomeou Oswaldo Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública (vinculado ao Ministério da Justiça) MODELO CAMPANHISTA Elegeu às campanhas sanitárias como modelo de intervenção de combate às epidemias rurais e urbanas, de conotação militar (modelo de inspiração americana) e ações de saneamento básico nas áreas de interesse. Foi criado um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer atividades de desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-amarela. A falta de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas pelos “guardas-sanitários” causam revolta na população. REVOLTA DA VACINA A onda de insatisfação se agrava com outra medida de Oswaldo Cruz, a Lei Federal nº 1261, de 31 de outubro de 1904 - instituiu a vacinação anti-varíola obrigatória para todo o território nacional. Surge, então, um grande movimento popular de revolta que ficou conhecido na história como a revolta da vacina. Reação popular ocorrida entre 10 e 16 de novembro de 1904 – após este episódio a vacinação se tornou opcional e com a aceitação da vacina a epidemia foi controlada. SANITARISMO CAMPANHISTA 1920 - Carlos Chagas, sucedeu a Oswaldo Cruz no comando do Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça Inovou o modelo campanhista criando programas que introduziu a propaganda e a educação sanitária como forma de prevenção das doenças Observa-se nesse período o nascimento da saúde pública – sanitarismo campanhista sob a influência de saberes fundamentados pela bacteriologia e pela microbiologia em contraponto teoria dos miamas que era utilizada para explicar o processo saúde-doença. República Velha (1889-1930) acumulação capitalista tornou possível o início do processo de industrialização no país Precárias condições de trabalho e de vida das populações urbanas surgimento de movimentos operários que resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária; Os imigrantes traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas, e desta forma procuraram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pela conquistas dos seus direitos (Greves Gerais – 1917 e 1919) Trabalhadores de ferrovias e portos criam caixas beneficentes e de auxílio mútuo 1923: Lei Elói Chaves – CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensões marco inicial da previdência social no Brasil 1923: Lei Elói Chaves (desconto no salário e renda das empresas, direito à aposentadoria, assistência médica, pensão) aplicada somente ao operariado urbano caixas deveriam ser organizadas por empresas e não por categorias profissionais A criação de uma CAP não era automática, dependia do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação. 1923: Lei Elói Chaves – CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensões administração própria para os seus fundos, formada por um conselho composto de representantes dos empregados e empregadores (3 da empresa e 2 dos empregados) o Estado não participava do custeio das Caixas, eram mantidas por : empregados das empresas ( 3% dos vencimentos); empresas ( 1% da renda bruta) 25 CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensões Além das aposentadorias e pensões , os fundos proviam os serviços funerários e médicos, e ainda eram obrigados a arcar com a assistência aos acidentados no trabalho. A criação das CAP’s deve ser entendida, assim, no contexto das reivindicações operárias no início do século, como resposta do empresariado e do estado a crescente importância da questão social. Em 1930, o sistema já abrangia 47 caixas, com 142.464 segurados ativos, 8.006 aposentados, e 7.013 pensionistas. Saúde na República Velha (1889-1930) Dicotomia da Saúde: Saúde Pública: prevenção e controle das doenças - coletiva; Previdência Social: medicina individual (assistência) - exclusiva. Crescimento da medicina liberal – utilizada pela classe dominante e com poder aquisitivo) - exclusiva. À população em geral que não tinha direito às CAPs resta apenas os serviços oferecidos pelos hospitais filantrópicos mantidos pela Igreja ou a prática popular Emerge a estruturação de dois modelos de intervenção Sanitarismo Campanhista – que envolve uma abordagem coletiva e ambiental da doença e caracteriza-se pela prática autoritária Curativo–privativista – privilegiam a abordagem individual e medicalizante dos problemas de saúde e negam a relação da doença com as condições de vida dos indivíduos e coletividades SEGUNDA REPUBLICA – ERA VARGAS 1930 - 1945 A crise mundial de 1922 a 1929 – afetou a economia brasileira - condições propícias para a Revolução de 1930 que rompe com a política do café com leite Getúlio Vargas – governa de 1930 a 1945 – que culminou no Estado Novo Fase de forte centralização política e participação estatal nas políticas públicas, que aliado às políticas populistas atribui a Getulio o apelido “Pai dos Pobres” “ERA VARGAS” (1930 – 1964) aparecimento das doenças da modernidade. Início da transição demográfica: envelhecimento da população. Perfil Epidemiológico SEGUNDA REPUBLICA – ERA VARGAS 1930 - Ministério da Educação e Saúde Pública, com desintegração das atividades do Departamento Nacional de Saúde (vinculado ao Ministério da Justiça), e a pulverização de ações de saúde a outros diversos setores como: fiscalização de produtos de origem animal que passa para o Ministério da Agricultura (1934); higiene e segurança do trabalho (1942) que vincula-se ao Ministério do Trabalho. SEGUNDA REPUBLICA – ERA VARGAS 1933 – substituição das antigas CAPs pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) entidades de grande porte abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades Os trabalhadores passam a serem organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não por empresa IAPTEC (transporte e cargas), IAPC (comerciários), IAPI (industriários), IAPB (bancários), IAPM (marítimos e portuários) e IPASE (servidores públicos). IAPs A gestão passa para o controle do estado, presidente nomeado pela presidência da república, e os representantes dos trabalhadores e patrões indicados por sindicatos pelegos O financiamento era de forma tripartite, mas o Estado era o centralizador dos recursos financeiros O modelo da assistência médica não era universal e baseava-se nos vínculos trabalhistas A assistência médica que era prerrogativa fundamental das CAPs, passa a ser um aspecto secundário IAPs A legislação do período, procurou demarcar a diferença entre “previdência” e “assistência social”, que antes não havia. Definidos limites orçamentários máximos para as despesas com “assistência médico-hospitalar e farmacêutica”. modelo de previdência que norteou os anos 30 a 45 foi de orientação contencionista Nas CAPs a assistência médica era prerrogativa principal, nos IAPs passa a ser secundária, estes priorizavam a contenção de gastos tendo em vista a política de acumulação de capital necessário ao investimento em outras áreas A Saúde Pública - 1930 A 1945 Ênfase nas campanhas sanitárias; Coordenação dos serviços estaduais de saúde dos estados de fraco poder político e econômico, pelo Departamento Nacional de Saúde (1937); Interiorização das ações para as áreas de endemias rurais, a partir de 1937, em decorrência dos fluxos migratórios de mão-de-obra para as cidades; A Saúde Pública - 1930 A 1945 Criação de serviços de combate às endemias (Serviço Nacional de Febre Amarela, 1937; Serviço de Malária do Nordeste, 1939; Serviço de Malária da Baixada Fluminense, 1940, financiados, os dois primeiros, pela Fundação Rockefeller – de origem norte- americana); Reorganização do Departamento Nacional de Saúde, em 1941, que incorporou vários serviços de combate às endemias e assumiu o controle da formação de técnicos em saúde pública. A Saúde Pública - 1930 A 1945 1941- Reorganização do Departamento Nacional de Saúde incorporou vários serviços de combate às endemias e assumiu o controle da formação de técnicos em saúde pública. 1942 – criada a fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), em convênio com órgãos do governo americano e sob o patrocínio da Fundação Rockfeller, interessados na exploração da borracha na Amazônia. Desenvolveu também ações de saúde pública nas regiões norte e nordeste A Saúde Pública - 1945-1963 Fim da 2ª guerra, deposição de Vargas e alinhamento com a política capitalista americana Política Nacional de Saúde - que se esboçava desde 1930, foi consolidada neste período Plano Salte (1948)-,que envolvia as áreas de Saúde, Alimentação, Transporte e Energia: a Saúde foi posta como uma de suas finalidades principais, mas a Saúde Pública, ainda que elevada condição de "questão social", nunca esteve verdadeiramente entre as opções prioritárias da política de gastos do governo (maior parte dos recursos foi para os transportes) 1953- MINISTÉRIO DA SAÚDE uma estrutura de caráter extremamente frágil, cabendo-lhe a menor fração do orçamento do antigo Ministério da Educação e Saúde, ou seja, um terço do imposto sobre a Educação e Saúde Não há uma efetiva preocupação em atender aos importantes problemas de saúde pública de sua competência Dedica às atividades de caráter coletivo, como as campanhas e a vigilância sanitária. Paralelamente, a assistência médica cresce e se desenvolve no âmbito das instituições previdenciárias MINISTÉRIO DA SAÚDE Dentro do ministério existia dois grupos de sanitaristas: Os que defendiam o sanitarismo campanhista e a prática higienista da Fundação SESP Os que defendiam o sanitarismo desenvolvimentista, defendiam a articulação das campanhas à promoção de assistência e articulação de ações preventivas e curativas, de acordo com as necessidades da população, a serm executadas no nível municipal. Lei Orgânica de Previdência Social sancionada em 1960 lei 3.807 a unificação do regime geral da previdência social, destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao regime da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e naturalmente os servidores públicos e de autarquias e que tivessem regimes próprios de previdência. contribuição tríplice com a participação do empregado , empregador e a União. O governo federal nunca cumpriu a sua parte, o que evidentemente comprometeu seriamente a estabilidade do sistema A Saúde Pública - 1945-1963 Fracionamento da Assistência -Medicina liberal, Hospital beneficente ou filantrópico, Hospital lucrativo (empresas médicas). Os IAPS fortalecem o modelo de assistencia médico-curativa, os institutos mais fortes constroem hospitais próprios para o atendimento aos seus segurados Algumas empresas insatisfeitas com a atuação dos Institutos, contratam serviços médicos particulares – o que mais tarde virá a ser empresas médicas ou medicina de grupos Amplia-se o modelo médico-assistencial privativista que se tornou hegemônico dos anos 60 aos 80. AUTORITARISMO (1964 – 1984) GOLPE MILITAR - 1964 Regime autoritário (21 anos); Governo autoritário e centralizador; Urbanização e industrialização crescentes; Milagre Brasileiro (1968-73); Implantou-se de modo gradual um sistema de saúde caracterizado : pelo predomínio financeiro das instituições previdencárias Burocrácia técnica que priorizava a mercantilização da saúde 44 INPS Promoveu a unificação dos IAP’s em 1966 INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) subordinado ao Ministério do Trabalho e Previdência Social aumento substancial do número de contribuintes e consequentemente de beneficiários. Acaba com a gestão tripartite, passando a gestão centralizada no ponto de vista administrativo e financeiro e com fins de capitalização INPS Até 1964 a assistência médica aos segurados era feita por uma rede própria dos institutos era impossível ao sistema médico previdenciário existente atender a toda essa população. Diante deste fato , o governo militar opta por direcionar os recursos públicos para atender a necessidade de ampliação do sistema para a iniciativa privada, com o objetivo de coopitar o apoio de setores importantes e influentes dentro da sociedade e da economia. Passa-se à contratação prioritária dos serviços privados de saúde, foram estabelecidos convênios e contratos com os médicos e hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços produzidos (pro-labore) INPS propiciou a estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e de equipamentos médico-hospitalares, formando um complexo sistema médico-industrial. 1974 - o sistema previdenciário saiu do Ministério do Trabalho, para se consolidar como um ministério próprio, o Ministério da Previdência e Assistência Social. foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) - A criação deste fundo proporcionou a remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados AÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA NO REGIME MILITAR No campo da organização da saúde pública no Brasil foram desenvolvidas as seguintes ações no período militar: Decreto Lei 200 (1967) , estabelecendo as competências do Ministério da Saúde: formulação e coordenação da política nacional de saúde; responsabilidade pelas atividades médicas ambulatoriais e ações preventivas em geral; controle de drogas e medicamentos e alimentos; pesquisa médico-sanitário; AÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA NO REGIME MILITAR 1970 - SUCAM (Superintendência de Campanhas da Saúde Pública) com a atribuição de executar as atividades de erradicação e controle de endemias, 1975 foi instituído no papel o Sistema Nacional de Saúde, que estabelecia de forma sistemática o campo de ação na área de saúde, dos setores públicos e privados, para o desenvolvimento das atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Reconhece e oficializa a dicotomia da questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do Ministério da Previdência, e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministério da Saúde. AÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA NO REGIME MILITAR poucos recursos ao Ministério da Saúde - incapaz de desenvolver as ações de saúde pública propostas - uma clara opção pela medicina curativa, que era mais cara Ministério da Saúde tornou-se muito mais um órgão burocrato-normativo do que um órgão executivo de política de saúde. 1976 - recomendações internacionais e a necessidade de expandir cobertura - Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS) - secretaria de planejamento da presidência da república, o PIASS se configura como o primeiro programa de medicina simplificada do nível Federal - vai permitir a entrada de técnicos provenientes do “movimento sanitário” no interior do aparelho de estado. O programa é estendido a todo o território nacional, o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública. MOVIMENTO SANITÁRIO O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio acadêmico no início da década de 70 como forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) 1977 - SIMPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – 2 orgãos INPS – Instituto Nacional de Previdência Social – para o pagamento de benefícios aos segurados INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - prestação de assistência médica individual e curativa aos trabalhadores urbanos e rurais Criada a LBA – Legião Brasileira de Assistência – finalidade de prestar assistência a população carente CRISE modelo econômico implantado pela ditadura militar entra em crise O modelo de saúde previdenciário começa a mostrar as suas mazelas: Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto foi incapaz de solucionar os principais problemas de saúde coletiva, como as endemias, as epidemias, e os indicadores de saúde (mortalidade infantil, por exemplo); aumentos constantes dos custos da medicina curativa, centrada na atenção médica-hospitalar de complexidade crescente; diminuição do crescimento econômico com a respectiva repercussão na arrecadação do sistema previdenciário reduzindo as suas receitas; incapacidade do sistema em atender a uma população cada vez maior de marginalizados, que sem carteira assinada e contribuição previdenciária, se viam excluídos do sistema; desvios de verba do sistema previdenciário para cobrir despesas de outros setores e para realização de obras por parte do governo federal; o não repasse pela união de recursos do tesouro nacional para o sistema previdenciário, visto ser esse tripartide (empregador, empregado, e união). CONASP - Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária 1981- ligado ao INAMPS, passa a absorver em postos de importância alguns técnicos ligados ao movimento sanitário, fiscalização mais rigorosa da prestação de contas dos prestadores de serviços credenciados, combatendo-se as fraudes, propõe a reversão gradual do modelo médico-assistencial através do aumento da produtividade do sistema melhoria da qualidade da atenção equalização dos serviços prestados as populações urbanas e rurais eliminação da capacidade ociosa do setor público, Hierarquização e criação do domicílio sanitário CONASP - Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária montagem de um sistema de auditoria médico assistencial, revisão dos mecanismos de financiamento do FAS. Sofreu oposição da Federação Brasileira de Hospitais e de medicina de grupo - viam a perda da sua hegemonia dentro do sistema e do seu status conseguiram derrotar dentro do governo com a ajuda de parlamentares o PREV-SAÚDE (Este teve como objetivos gerais, a reestruturação e ampliação dos serviços de saúde a toda população, saneamento e habitação). não impediu que o CONASP implantasse e apoiasse projetos pilotos de novos modelos assistenciais, destacando o PIASS no nordeste. ATENÇÃO MÉDICOSUPLETIVA Criada pelo setor liberal que se beneficiou do modelo médico-privativista percebendo que não poderia mais se beneficiar do setor público em crise composta de 5 modalidades assistenciais: medicina de grupo, cooperativas médicas, auto-gestão, seguro-saúde e plano de administração. Este modelo é excludente pois só atende aquela parcela da população que tem condições financeiras de arcar com o sistema AIS - Ações Integradas de Saúde Criada em 1983 a partir do CONASP - projeto interministerial (Previdência-Saúde-Educação), visava um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, procurando integrar ações curativas, preventivas e educativas ao mesmo tempo a Previdência passa a repassar 10% de sua arrecadação para as Secretarias Estaduais de Saúde propiciando a expansão dos serviços de saúde e de atenção básica, tentativa incipiente de descentralização do poder; gestão ainda no nível federal. Amplia as ações de assistência (serviços previdenciários) para a POPULAÇÃO NÃO CONTRIBUINTE. NOVA REPÚBLICA (1985 – 1988) FIM DO REGIME MILITAR movimento das DIRETAS JÁ (1985) - marca o fim do regime militar, gerando diversos movimentos sociais inclusive na área de saúde, que culminaram com a criação das associações dos secretários de saúde estaduais (CONASS) ou municipais (CONASEMS),e com a grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (Congresso Nacional,1986), Queda da mortalidade infantil e doenças imuno previníveis; Manutenção das doenças da modernidade (aumento das causas externas); Crescimento da AIDS; Epidemias de dengue (vários municípios e inclusive capitais). Perfil Epidemiológico Conceito ampliado de saúde; Reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado; Criação de um Sistema Único de Saúde; Participação popular (controle social); Constituição e ampliação do orçamento social. Difusão da proposta da Reforma Sanitária 8ª Conferência Nacional de Saúde pré-constituinte - 1986 primeira CNS a ser aberta à sociedade; representou um avanço técnico e um pacto político ao propor a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como diretrizes: a universalidade, a integralidade das ações e a participação social; além de ampliar o conceito de saúde colocando-o como um direito dos cidadãos e um dever do Estado. Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) - 1987 “Estratégia ponte” para instalação do SUS; Apresentava certos avanços organizativos: superava a compra de serviços ao setor privado; Os repasses eram feitos com base na Programação Orçamentária Integrada (POI) através de convênios do INAMPS com as Secretarias Estaduais de Saúde Criaram-se os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde; SUDS - 1987 Criaram-se os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde; Descentralização: “ESTADUALIZAÇÃO” – poder político aos estados; Tudo que era do antigo INAMPS passa agora à Secretaria Estadual de Saúde; Os investimentos começaram a ser direcionado ao setor público e não mais ao privado: 1980: público absorvia apenas 28,7%; 1987: público absorveu 54,1%. %. 1988 – NOVA CONSTITUIÇÃO 1º de fevereiro de 1987 instalou-se a Assembléia Nacional Constituinte, iniciando suas atividades sob a liderança do deputado Ulisses Guimarães. A nova Constituição foi promulgada em 5 de outubro de 1988 – conhecida como a CONSTITUIÇÃO CIDADÃ 1988 - CONSTITUIÇÃO Os principais pontos relacionados a saúde aprovados na Carta Magna de 1988 foram: o direito universal à saúde: a saúde como um dever do Estado: a constituição do SUS, integrando todos os serviços públicos em uma rede: além da preservação dos princípios aprovados pela VIII Conferência Nacional de Saúde a participação do setor privado no SUS de forma complementar. bem como a proibição da comercialização de sangue e de seus derivados. OBJETIVOS Melhorar a qualidade de atenção à saúde; Romper com o passado de descompromisso e irracionalidade técnico-administrativa; Servir de norte ao trabalho do Min. da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. SUS Apesar do SUS ter sido definido pela Constituição de 1988 , ele somente foi Regulamentado através das leis orgânicas da saúde – LOAS Lei 8.080/90 Lei 8142/90
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