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Apostila 2 Atos Unilaterais

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Professora Taís Cecília dos Santos Lima de Clares
DIREITO CIVIL
PARTE ESPECIAL DAS OBRIGAÇÕES
2- ATOS UNILATERAIS
A- Promessa de Recompensa (arts. 854 a 860 CC)
	Não se trata de promessa de contrato, mas sim de obrigação assumida com a própria declaração. Podemos citar como exemplos a recompensa prometida para quem encontrar um animal de valor ou de estimação perdido, a recompensa prometida a um trabalho apresentado em concurso público, a recompensa prometida para quem encontrar pessoas desaparecidas ou fornecer informações para a captura de bandidos, dentre outros exemplos.
	Requisitos para que a promessa de recompensa seja obrigatória: a) que lhe tenha sido dada publicidade; b) especificação da condição a ser preenchida ou do serviço a ser executado; c) indicação da recompensa ou gratificação (se a promessa não especificar a recompensa e o valor oferecido não for suficiente, aquele que preencher as condições da promessa poderá solicitar arbitramento judicial, de acordo com o vulto do serviço prestado, das despesas e do incômodo).
	A exigibilidade da recompensa independe de prévio conhecimento da mesma, bastando que o interessado tenha realizado a condição especificada. Também não é preciso capacidade para se exigir a recompensa, podendo até mesmo uma criança que, por exemplo, encontre o cachorro perdido, receber a recompensa.
A promessa de recompensa pode ser revogada antes de prestado o serviço desde que se dê à revogação a mesma publicidade dada à promessa de recompensa.
A promessa de recompensa em concursos para a apresentação de trabalhos literários, científicos e artísticos precisa vir acompanhada de prazo e os interessados que apresentem trabalhos concordam em se submeter ao veredito do juiz.
B- Gestão de Negócios (arts. 861 a 875 CC)
	Ocorre quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na administração dos negócios destes, devendo dirigir tais negócios de acordo com a vontade presumível do dono.
É um negócio sempre gratuito; não há prévia avença entre as partes e depende de ratificação (expressa ou tácita) posterior por parte do dono, a qual retroage à data em que se iniciou a gestão de negócios.
O dono do negócio, se a gestão for útil, deve cumprir com as obrigações assumidas pelo gestor bem como reembolsá-lo das despesas que teve. 
	Requisitos:
Negócio alheio
Falta de autorização do dono
Atuação do gestor na vontade presumida do dono (se atuar contra a vontade do dono, o gestor responde por tudo, inclusive por caso fortuito)
Ação limitada a atos de natureza patrimonial (outros atos exigem outorga de poderes)
Intervenção motivada pela necessidade ou utilidade, com a finalidade de trazer proveito para o dono.
Obrigações do gestor do negócio:
Comunicar a gestão ao dono do negócio (art. 864 e 865)
Utilizar a mesma diligência que teria com seu próprio negócio, indenizando o gestor por atos danosos praticados com culpa (art. 866)
Não realizar operações arriscadas, mesmo que fosse costume do dono (art. 868)
Não deixar de lado interesses do gestor em razão de seus próprios interesses (art. 868)
Obrigações do dono do negócio:
Indenizar o gestor das despesas necessárias e dos prejuízos que houver sofrido (art. 868 par único)
Cumprir as obrigações assumidas em seu nome (art. 869, 870)
Reembolsar alimentos prestados pelo gestor e despesas de enterro feitas por terceiros (art. 871 e 872)
C- Pagamento Indevido (arts. 876 a 883 CC)
É uma espécie de enriquecimento sem causa. Aquele que recebe o que não lhe era devido fica obrigado a restituir. Aquele que pagou o indevido voluntariamente deve provar que o fez por erro. A ação adequada para a restituição é a ação de repetição de indébito.
Accipiens = quem recebe
Solvens = quem paga
Enriquecimento + Empobrecimento + Ausência de Causa = Indébito
No caso de pagamento de impostos, a jurisprudência tem dispensado a prova do erro, deferindo a restituição desde que o solvens comprove a ilegalidade ou inconstitucionalidade. Também a jurisprudência tem afirmado que a correção monetária é devida desde a data do pagamento indevido, e não apenas a contar do ajuizamento da ação de repetição de indébito. Mas o CTN estabelece que os juros são devidos apenas a partir do trânsito em julgado da sentença (art. 167, parágrafo único, CTN)
O pagamento indevido pode ser: a) indébito objetivo: erro sobre a existência ou extensão da obrigação; b) indébito subjetivo: erro sobre quem paga e quem recebe (não é o verdadeiro credor ou devedor).
Accipiens de boa o má-fé (art. 878):
Boa-fé: recebe frutos, é indenizado por benfeitorias necessárias e úteis, pode levantar as benfeitorias voluptuárias e tem direito de retenção sobre elas; não responde por perda ou deterioração
Má-fé: não recebe frutos, responde por juros e deterioração; só é ressarcido das benfeitorias necessárias; não tem direito de levantar as benfeitorias voluptuárias e não tem direito de retenção.
Exceções ao direito de repetição: arts. 880, 882 (obrig. natural), 883 (ninguém pode valer-se da própria torpeza).
Recebimento indevido de imóvel (art. 879): o proprietário que fez o pagamento indevido mediante entrega de bem imóvel, somente terá direito a reivindicar o bem se o bem ainda está em poder do accipiens, ou se este o alienou a título gratuito, ou se o alienou a título oneroso e o terceiro adquirente agiu de má-fé. Se, neste último caso, o terceiro adquirente agiu de boa-fé, o proprietário não terá como reivindicar o bem, mas apenas o valor do imóvel (a lei tenta proteger os terceiros e a eficácia dos registros públicos, o que gera confiança nas relações negociais).
D- Enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886)
	Ocorre quando alguém, sem justa causa, enriquece à custa de outrem, caso em que fica obrigado a restituir o que recebeu indevidamente, corrigido monetariamente, ou a restituir a coisa determinada (ou o valor da coisa à época em que foi entregue). 
A ação para exercer este direito é denominada ação in rem verso e é subsidiária, ou seja, se houver ação específica, é esta que deverá ser utilizada e é no prazo desta ação específica que prescreverá a pretensão.
Requisitos para configurar o enriquecimento sem causa:
- enriquecimento do accipiens
- empobrecimento do solvens
- relação de causalidade entre os dois fatos
- ausência de causa jurídica (contrato ou lei) que os justifique
- inexistência de ação específica
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