Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PARTURIENTE Mecanismo do Trabalho de Parto Profª Esp. Maria Fernanda A. Figueiredo ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL Parto normal: Parto de início espontâneo, baixo risco, durante todo o processo... Objetivos: Mãe e criança saudáveis com o mínimo de intervenção compatível com a segurança. TRABALHO DE PARTO Presença de contrações uterinas a intervalos regulares que vão progressivamente aumentando em freqüência e intensidade, provocando esvaecimento e dilatação do uterino. SINAIS DE PARTO ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL Diagnóstico do TP: • ≥ 3 cm de dilatação + 2-3 cont/10 min eficientes • 2/15min + 2 sinais destes: - Apagamento cervical, - ≥ 3 cm de dilatação - Ruptura espontânea das membranas. (D) (Bloomington (MN): Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI); 2007. ICSI). OBSERVAÇÕES TRABALHO DE PARTO VERDADEIRO FALSO TRABALHO DE PARTO Contrações Regulares Irregulares (Braxton Hicks) Intervalo Decrescente Inalterado Duração Aumento gradativo Inalterado Intensidade Aumento gradativo Inalterado Alterações cervicais Dilatação e apagamento progressivo Inalterado Pólo apresentado Descida progressiva Fixo nas contrações Sem alteração ou retrocesso nas contrações Localização da dor Costas e abdome Apenas no abdome Efeitos da sedação Contrações persistem Contrações desaparecem • Padrões anômalos de FCF • Falha de progressão • Sangramento • Apresentação pélvica • Parto disfuncional • Malformação cardíaca congênita • Outras malformações fetal reconhecidas AVALIAÇÃO DO RISCO NO PARTO ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL • CIUR • Cardiopatia materna • Diabetes materno • Hipertensão materna • Gestação múltipla • Lúpus e outras colagenoses • Oligoâmnio • Mecônio espesso • Gestação prolongada ( ≥ 42 semanas) ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL ANAMNESE E EXAME OBSTÉTRICO: Identificação DUM IG Dados do TP Antecedentes PA BCF Toque Vaginal Altura Fundo Uterino Tônus A - TRAJETO B – OBJETO C – MOTOR D – POSIÇÃO MATERNA E – PSIQUE FATORES QUE INFLUENCIAM NO TP CONSTITUIDO POR 2 TRAJETOS • O trajeto duro (bacia óssea) cintura óssea que se designa pelo nome de pequena pelve, pequena bacia ou escavação • O trajeto mole (segmento inferior do útero, cérvice, vagina e a região vulvoperineal). TRAJETO TRAJETO: • Pelve • Partes Moles da cérvice • Assoalho Pélvico • Vagina • Intróito PELVE Pelve Falsa – Porção superior; Pelve Verdadeira – Sacro, Cóccix e porção inferior dos ilíacos; Estreito Superior – anel ósseo; Pelve Média Estreito Inferior TIPOS FUNDAMENTAIS DE BACIA • Ginecóide: arredondada, diâmetros transversos pouco maiores que os antero-posteriores, sacro inclinado para trás, espinhas pouco salientes, 62%, considerada a bacia normal feminina, denominada pelve feminina típica. • Andróide: diâmetros antero-posteriores maiores que os transversos, diâmetros transversos reduzidos, 11%, reúne as características da bacia masculina normal. • Platipelóide: diâmetros transversos maiores que os ântero-posteriores, 8%, bacia achatada. • Antropóide: transverso máximo muito próximo ao sacro, ficando o transverso médio pequeno (~pelve masculina), 18,5%, pontos de contato que oferece com a pelve dos antropóides superiores (gorilas) FATORES QUE INFLUENCIAM NO TP OBJETO • A CABEÇA É A REGIÃO MAIS IMPORTANTE: • CONSTITUÍDO: FRONTAL 2 OSSOS PARIETAIS 2 OSSOS TEMPORAIS OCCIPITAL OSSO PARIENTAL OSSO PARIENTAL O S S O O C C IP IT A L LAMBDÓIDE BREGMÁTICA RELAÇÃO FETO PÉLVICA Acomodação entre o feto e a passagem materna. É a relação entre o eixo longitudinal da mãe e o feto •LONGITUDINAL •TRANSVERSA SITUAÇÃO APRESENTAÇÃO É a parte que se apresenta no estreito superior da pelve verdadeira. • CEFÁLICA • PÉLVICA • CÓRMICA POSIÇÃO Constitui a relação da parte de apresentação, com os quatro quadrantes da pelve da mãe. •Dorso a Direita •Dorso a Esquerda PLANO É a relação entre as partes do feto e uma linha imaginária traçada entre as espinhas isquiáticas, determina a projeção da cabeça em direção ao assoalho pélvico. • Hod Ge • De Lee MANOBRA DE LEOPOLD •Ocorre em quatro tempos. •Tem a finalidade de identificar a apresentação e a situação fetal, ou seja, o pólo cefálico (corpo volumoso de superfície regular, resistente e irredutível), o pólo pélvico (é um corpo mais volumoso, superfície irregular, resistente, mas redutível) e o dorso (superfície resistente, contínua, plana no sentido longitudinal). 1o tempo: explorar o fundo uterino com ambas as mãos espalmadas, procurando identificar o pólo fetal; 2o tempo: investigar o lado materno em que se encontra o dorso fetal, também, com as mãos espalmadas ao longo da abdômen da mulher; 3o tempo: procurar apreender com uma das mãos o pólo que se encontra na escava e verificar sua mobilidade; 4o tempo: o profissional deve estar de costas para a mulher, investigando a escava para identificar o pólo, com as mãos espalmadas. Geralmente, o feto está em situação longitudinal (o maior eixo fetal coincide com o eixo longitudinal do útero). FATORES QUE INFLUENCIAM NO TP MOTOR (CONTRAÇÕES) • Involuntárias, intermitentes e descendentes. • Produz apagamento e dilatação cervical. • Faz com que o feto encaixe e rote. • Atua na expulsão do feto. • Deve ser avaliadas quanto à freqüência, duração e intensidade. FATORES QUE INFLUENCIAM NO TP POSIÇÃO MATERNA • Aliviam: a fadiga, aumenta o conforto e melhora a circulação; • Gravidade; • Débito cardíaco materno; • Liberdade de escolha. DIAGNÓSTICO DO TP Contrações uterinas dolorosas; Situação do colo: primíparas (2 cm de dilatação) e multíparas (3 cm de dilatação); Bolsa das águas formadas (Âmnio e Cório); Perda do tampão mucoso. FASES DO TP • Primeiro Período: Dilatação cervical; • Segundo Período: Expulsão fetal; • Terceiro Período: Dequitação; • Quarto Período: Greenberg. PRIMEIRO PERÍODO OU FASE DE DILATAÇÃO • PERÍODO MAIS LONGO E MAIS VARIÁVEL; • Objetivo: modificação da cérvice • O progresso da dilatação cervical evolui a uma velocidade cerca de 1 cm/h nas primigestas e de 1,5 cm/h nas multigestas; • A duração nas primigestas é de até 12 h e nas multigestas 8 h; • A ruptura espontânea das membranas dá-se em 80% dos casos ao final do período de dilatação ou no início da expulsão. Apagamento PRIMEIRO PERÍODO Fase Latente Fase Ativa Fase Transição Fase Latente Início do TP até 4 cm de dilatação; Contrações regulares leves a moderadas; Duração de 6 a 8 horas (primíparas) e 3 a 5 horas (multíparas); Comportamento e manifestações maternas: excitação, calma ou tensão, disponibilidade ao diálogo, cólicas abdominais e dores nas costas; Não tem necessidade de hospitalização. Fase Ativa Contrações mais fortes, intensas e frequentes (6/10’/ 30- 40”); Dilatação 4 e 8 cm; Descida do feto; Comportamento e manifestações maternas: queixosas de dor, mais sérias, solicitamajuda (anestésico, cesárea, acompanhante/mãe); Necessário internação. Fase de desaceleração ou transição Contrações mais freqüentes, intensas e longas (6/5’/ 45 a 90”); Dilatação 8 a 10 cm (completa); Relata “puxos”; Comportamento e manifestações maternas: medo de perder o controle, dor intensa, fala pouco, irritabilidade. Mecanismos do Parto: Constitui um conjunto de movimentos de adaptação do feto às diferentes formas do trajeto. Movimentos cardinais: Encaixe, descida, flexão, rotação interna, extensão, rotação externa e expulsão. Insinuação OU ENCAIXE • É a passagem da maior circunferência da apresentação fetal por meio do estreito superior da bacia. • Clinicamente, a insinuação (queda do ventre) pode ser percebida com mais evidência nas primigestas, por ocorrer quinze dias antes de entrar em trabalho de parto, enquanto nas multíparas, a insinuação ocorre durante o trabalho de parto. MECANISMO DE PARTO Descida da apresentação – É a passagem da cabeça fetal do estreito superior da bacia para o estreito inferior. Clinicamente, para avaliar o grau de descida fetal, usa-se o plano De Lee. O plano zero (ponto de partida) refere-se à descida da cabeça fetal, no nível das espinhas isquiáticas. • Acima do plano zero, a descida da cabeça é representada por -1, -2, -3 ... no plano De Lee, o que se pode considerar uma apresentação alta, quando a cabeça encontra-se no plano De Lee -3. • Abaixo do plano zero, a cabeça está em +1, +2, +3 ..., e a partir de +3 inicia-se a exteriorização da cabeça pela vulva. MECANISMO DE PARTO MECANISMO DE PARTO Plano O de De Lee Insinuação FLEXÃO Passagem pelo estreito superior e inferior pélvico; Rotação inicia nas espinhas isquiáticas; Variedade posição – fontanela lambidóide. MECANISMO DE PARTO Rotação interna da cabeça – Ocorre simultaneamente com a descida fetal e visa alinhar a sutura sagital do feto com o diâmetro antero-posterior da pelve materna. A rotação interna começa no nível das espinhas isquiáticas (plano zero De Lee), completando-se quando a cabeça fetal atinge a pelve inferior. Na ocorrência desses três tempos mecânicos, a parturiente vivencia um aumento do desconforto em razão das contrações mais intensas e da compressão da apresentação do feto no canal do parto. A enfermeira tem a responsabilidade de ajudar a parturiente a distinguir entre o medo e a antecipação da dor, o desconforto ou a dor real que ela possa estar experimentando. EXTENSÃO A cabeça atinge o períneo, ela deflete-se anteriormente MECANISMO DE PARTO • Desprendimento da cabeça – • Ocorre quando a cabeça fetal atinge o assoalho pélvico, posicionando o occipício fetal na arcada púbica e realizando um movimento de deflexão para finalmente exteriorizar-se na vulva. • À medida que ocorre a extensão, aparece primeiramente o occipital, depois a fronte, o nariz, a boca e o mento. MECANISMO DE PARTO Rotação externa da cabeça – É o movimento que a cabeça exteriorizada faz para voltar a posição anterior à rotação interna da cabeça. Trata-se de um movimento espontâneo envolvendo o pólo cefálico e também o tronco. Rotação externa dos ombros – ombro anterior primeiro. MECANISMO DE PARTO EXPULSÃO Desprendimento dos ombros e tronco – É o desprendimento do restante do corpo fetal (tronco e membros). Nesse momento, o nascimento estará completo. ADAPTAÇÕES MATERNAS SISTEMA CARDIOVASCULAR – aumento do débito cardíaco (10 a 15%); aumento da PA (10mmHg diastólica e 5 mmHg sistólica); SISTEMA RESPIRATÓRIO – aumento do consumo de oxigênio; SISTEMA GASTRINTESTINAL – motilidade e absorção diminuem e o tempo de esvaziamento gástrico aumenta; SISTEMA RENAL E URINÁRIO – redução das percepções sensoriais ou compressão dos ureteres; EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO - Aumenta temperatura corporal = aumenta perdas de líquidos e eletrólitos pela transpiração; Aumento da freqüência respiratória e a hiperventilação = perda de líquidos pela evaporação; Vômitos = perda de líquidos e eletrólitos. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM • Anamnese (Idade, Paridade, DUM, IG, DPP, Ant. Pessoais e Ant. Familiares, exames e cartão pré-natal); • Exame clínico obstétrico (SSVV, AU, Manobra de Leopold, Dinâmica Uterina, BCF, toque vaginal); • Orientações (exercícios de relaxamento, posição); • Incentivar beber líquido e esvaziar a bexiga. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Observar a ruptura da bolsa aminiótica; Mudança de posição – DLE; Estimular o banho morno. SINAIS DE ALERTA Presença de sangramento vaginal abundante ou hemorragia; Queixas de distúrbios visuais, vômitos, dor epigástrica, agitação e cefaléia; Alteração na dinâmica uterina; Alterações nos BCF. PARTOGRAMA Expressão gráfica do trabalho de parto, permitindo acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios. PARTOGRAMA 08:00 10:00 11:00 12:00 0 14:00 15:00 16:00 Y Y SEGUNDO PERÍODO OU FASE DE EXPULSÃO Tem início quando a dilatação do colo uterino se completa e se encerra com a saída completa do feto; Sinais clínicos: contrações mais intensas e duradouras, desejo de fazer força para baixo, abaulamento perineal, ruptura espontânea das membranas, sudorese facial, tremores de extremidades, gemidos e pedidos de ajuda. Pode durar uma a quatro horas nas nulíparas e 20 a 45 minutos nas multíparas. EPISIOTOMIA • Deverá ser aplicada quando houver incompatibilidade do pólo cefálico e esfíncter vulvar, seguindo-se a técnica da infiltração locoregional e a escolha da incisão de acordo com a distância do períneo. ASSISTÊNCIA ENFERMAGEM • Encorajar a parturiente a fazer força para baixo; • Observar local da punção venosa quando houver necessidade; • Verificar BCF; • Preparo da sala/ambiente; • Material para o parto e episio; • Preparo da sala de recepção do RN (berço aquecido, clamp); • Cuidado com o cordão umbilical (pinçamento e colher sangue – coombs direto e VDRL). TERCEIRO PERÍODO OU DELIVRAMENTO • Também chamado de Dequitadura, Decedura, Dequitação, que consiste no descolamento da placenta que se faz de maneira centrifuga para após totalmente livre na cavidade do útero seja expelida; • Pode durar alguns minutos a 30 minutos; A DEQUITADURA PODE OCORRER DE DUAS MANEIRAS: À Baudelocque-schultze ou face fetal À Baudelocque-duncan ou face materna DEQUITAÇÃO DESCIDA: permanência das contrações uterinas e a ação da gravidade condiciona o desprendimento das membranas e cai na vagina; EXPULSÃO: causam nova sensação de “puxos”. Ocorre a hemostasia, miotamponamento e trombotamponamento. TÉCNICA DE JACOB- DUBLIN ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Cuidados com a placenta; Verificar SSVV; Observar sangramento vaginal e a contratilidade uterina, AU e consistência; QUARTO PERÍODO OU GREENBERG Inicia-se após a completa dequitação. 1 hora pós parto; Útero passa por 4 etapas: Miotamponagem (útero se contrai, palpado entre a pube e a Cicatriz Umbilical), Trombotamponagem(formação de trombos, FU localiza-se na cicatriz umbilical), Indiferença miouterina (útero apático e corre o risco de encher de sangue) e contração uterina fixa – GLOBO DE SEGURANÇA DE PINARD. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM • Observar presença do globo de segurança de Pinard; • Observar sangramento vaginal; • Verificar SSVV 15/15 min; • Incentivar aleitamento materno; • Providenciar transferência para AC; SINAIS DE ALERTA Presença de sangramento vaginal abundante; Útero amolecido e aumentado de tamanho; Sudorese; Queda da PA; Aumento da FC. PARTO NORMAL, PARTO NORMAL, PARTO NORMAL... OBRIGADA! HUMANIZAR É UM GESTO DE AMOR E RESPEITO AO PRÓXIMO • Referências Bibliográficas • BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, Aborto e Puerpério. Assistência Humanizada à Mulher. Brasília, DF-2003. • BURROUGHS, Arlete. Uma Introdução à Enfermagem Materna. 6ª edição. Artes Médicas. Porto Alegre, 1995. • ENKIN, Murray et al. Guia para Atenção Efetiva na Gravidez e no Parto. 3ª edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2005. • KNUPPEL, Robert A. et al. Alto Risco em Obstetrícia: um enfoque multidisciplinar. 2ª edição. Artes Médicas. Porto Alegre, 1995. • LOWDERMILK, D. L; SHANNON E. P.; BOBAK I. M. O cuidado em Enfermagem Materna. 5ª ed. Artmed: Porto Alegre, 2002. • MELSON, Kathryn et al. Enfermagem Materno-infantil: Planos de Cuidados. 3ª edição. Reichmann & Affonso. Rio de Janeiro, 2002. • REZENDE, Jorge de; MONTENEGRO, Carlos Antônio Barbosa. Obstetrícia Fundamental. 9ª Ed. Guanabara Koogan . Rio de Janeiro, 2003. • SILVA, Janize C. Manual Obstétrico: guia prático para a enfermagem. 2ª ed. São Paulo: Corpus, 2007.
Compartilhar