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Estudo comparativo decretos lei e medidas provisórias 1937 EC32

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
 
 
 
 
FELIPE ALEXANDRE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO COMPARATIVO DE DECRETOS-LEI (1937) ATÉ MEDIDAS 
PROVISÓRIAS (EC 32 DE 2001) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2017
 
 
 
FELIPE ALEXANDRE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO COMPARATIVO DE DECRETOS-LEI (1937) ATÉ MEDIDAS 
PROVISÓRIAS (EC 32 DE 2001) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2017
Trabalho realizado como parte de 
avaliação da matéria de Direito 
Constitucional, do 2° ano do curso de 
Direito noturno. 
Prof° Dr.Ricardo Tuma 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 3 
2 A CONSTITUIÇÃO DE 1937....................................................................... 3 
2.1 DECRETOS-LEI NA CONSTITUIÇÃO DE 1937......................................... 4 
2.1.1 LEI CONSTITUCIONAL N. 239, DE 16 DE MAIO DE 1938........................ 5 
2.1.2 LEI CONSTITUCIONAL N. 540, DE 10 DE MARÇO DE 1942.................... 5 
2.1.3 LEI CONSTITUCIONAL N. 741, DE 30 DE SETEMBRO DE 1942............. 6 
3 DECRETOS-LEI NA CONSTITUIÇÃO DE 1967 E EC/01 1969................. 7 
3.1 DECRETO-LEI N. 314, DE 13 DE MARÇO DE 1967.................................. 8 
3.2 DECRETO-LEI N. 898, DE 29 DE SETEMBRO DE 1969........................... 8 
3.3 EMENDA CONSTITUCIONAL N. 1, DE 1969............................................. 9 
4 MEDIDAS PROVISÓRIAS NA VERSÃO ORIGINAL DA CF/88................ 11 
4.1 MEDIDA PROVISÓRIA N. 168, DE 15 DE MARÇO DE 1990.................... 11 
4.2 MEDIDA PROVISÓRIA N. 1027, DE 20 DE JUNHO DE 1995................... 12 
5 MEDIDAS PROVISÓRIAS APÓS A EC 32, DE 11 DE SETEMBRO DE 
2001............................................................................................................. 
12 
5.1 MEDIDA PROVISÓRIA N. 132, DE 20 DE OUTUBRO DE 2003................ 13 
5.2 MEDIDA PROVISÓRIA N. 621, DE 8 DE JULHO DE 2013........................ 13 
6 ESTUDO COMPARATIVO.......................................................................... 13 
6.1 DECRETOS-LEI CF/1937, DECRETOS-LEI CF/1967 E EC/01 1969......... 14 
6.2 MEDIDAS PROVISÓRIAS ORIGINÁRAS DA CF/88 E MEDIDAS 
PROVISÓRIAS APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 32, DE 11 DE 
SETEMBRO DE 2001.................................................................................. 
15 
6.3 DECRETOS-LEI E MEDIDAS PROVISÓRIAS............................................ 16 
7 CONCLUSÃO.............................................................................................. 17 
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 19 
 
3 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Este trabalho tem por escopo desenvolver um estudo comparativo entre os 
decretos-lei das constituições de 1937, 1967, 1969 (Emenda Constitucional n° 01) e 
também as medidas provisórias que tiveram origem na Constituição de 1988 e as 
medidas provisórias após atualizações com a Emenda Constitucional n° 32 de 2001. 
 Cabe ressaltar que, quando nos referimos à palavra “estudo”, é aberta uma 
multiplicidade de esferas para penetrar e esmiuçar. No entanto, nessa obra o 
caminho percorrido para comparações e estudos foi traçado no tocante a temas 
discutidos pelos objetos de estudo, a sua historicidade e, concomitantemente, as 
peculiaridades jurídicas desses institutos, que fornecem ao poder executivo o direito 
de criar leis em determinados assuntos. 
 Buscou-se trazer alguns decretos-lei e medidas provisórias das variadas 
constituições como elemento de demonstração do que ocorria no período em que 
foram criadas. Essa exposição dos fatos históricos, alinhados com as políticas 
governamentais da época, facilita a análise de suas diferenças e semelhanças nos 
diversos períodos que esta obra abrange. 
 Nesta empreitada, automaticamente se observa a evolução desses atos 
executivos, de 1937 até os tempos hodiernos. Esses atos eram outrora conhecidos 
por decretos-lei e, num viés democrático, conhecidos por medidas provisórias. 
 
2. A CONSTITUIÇÃO DE 1937 
Antes de iniciar o estudo dos decretos-lei, é importante definir de forma 
compacta o que foi a Constituição de 1937, suas origens e o que ocorria com a 
sociedade na época de sua elaboração. 
Utilizando como base de definição o trabalho realizado pela Câmara dos 
Deputados1: 
 
1
 BRASÍLIA. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Constituições Brasileiras: exposição organizada pelo 
Museu da Câmara dos Deputados, mostrando as constituições brasileiras, suas principais 
deliberações e curiosidades. 2005. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-
camara/conheca/museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes Brasileiras-PDF.pdf>. Acesso em: 17 
jun. 2017. 
4 
 
 
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do Distrito Federal 
cercaram o Congresso e impediram a entrada dos parlamentares. No 
mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase política e a entrada em vigor 
de nova Carta Constitucional. Começava oficialmente o “Estado Novo”. 
Deu-se a supressão dos partidos políticos e a concentração de poder nas 
mãos do chefe supremo. 
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas europeus, 
institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo. Ficaria conhecida 
como “Polaca”, devido a certas semelhanças com a Constituição Polonesa 
de 1935. Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade político 
partidária e anulou a independência dos Poderes e a autonomia federativa. 
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamentar, a prisão 
e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para presidente da 
República, com mandato de seis anos; a pena de morte e a censura prévia 
nos meios de comunicação. Manteve os direitos trabalhistas. A Constituição 
de 1937 vigorou por 8 anos. 
Fica evidente o caráter autoritário e centralizador do poder. Nessa 
constituição o que chama a atenção é a gama de atribuições do poder executivo, 
inclusive no que tange à elaboração de decretos-lei, como era previsto no art. 180 
da Carta Outorgada: “expedir decretos-leis sobre todas as matérias da competência 
legislativa da União, enquanto não se reunir o Parlamento Nacional”. 
 
2.1. DECRETOS-LEI NA CONSTITUIÇÃO DE 1937 
Para maior completude do estudo, torna-se necessário conceituar o que são 
decretos-lei, segundo dicionário2: “[Jurídico] Ato decretado com poder de lei e 
expedido pelo Poder Executivo quando este exerce as funções do Poder 
Legislativo.” 
A constituição de 1937 teve como uma das principais características a 
demasiada utilização de decretos. Esse uso, de certa forma, trazia à tona o real 
interesse de Getúlio Vargas, presidente da época, que possuía a hegemonia do 
poder executivo sobre os demais poderes, centralizando as ordens e realizando um 
intenso combate aos grupos esquerdistas idealizados pelo comunismo. O estudo a 
respeito dos decretos não tem a pretensão de concluir está matéria, mas sim de 
apresentar de forma geral como foram aplicadas e suas consequências. 
 
2
 Dicionário Português. Dicionário Jurídico. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/decreto-lei/>. 
Acesso em: 17 jun. 2017. 
 
 
5 
 
 
 
2.1.1. LEI CONSTITUCIONAL N. 239 DE 16 DE MAIO DE 1938 
Restabelece o art. 177 da Constituição de 10 de novembro de 1937: “O 
Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da 
Constituição, decreta; Artigo único. Fica restabelecida, por tempo indeterminado, 
a faculdade constante do art. 177 da Constituiçãode 10 de novembro de 1937. 
Rio de Janeiro, 16 de maio de 1938, 117º da Independência, e 50º da República” 3. 
A lei original previa que, no prazo de sessenta dias a contar da data desta 
Constituição, poderiam ser aposentados ou reformados de acordo com a legislação 
em vigor os funcionários civis e militares. Com este decreto fica evidentes a 
utilização da coerção estatal para mandar aposentar estes servidores caso 
cometessem algum ato que estivesse em desacordo com a política da época, o que 
forçava a máquina estatal a trabalhar de acordo com seus ideais. 
 
2.1.2. LEI CONSTITUCIONAL N. 540 DE 10 DE MARÇO DE 1942 
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 
da Constituição, decreta: 
Art. 1º O artigo 122, número 14, da Constituição fica assim redigido: 
“Art. 122. N°14 – O direito de propriedade, salvo a desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia, ou a 
hipótese prevista no § 2º do art. 166. O seu conteúdo e os seus limites 
serão os definidos nas leis que lhe regularem o exercício.” 
Art. 2º Fica redigido nestes termos o art. 166 da Constituição: 
“Art. 166. Em caso de ameaça externa ou iminência de perturbações 
internas, ou existência de concerto, plano ou conspiração, tendente a 
perturbar a paz pública ou por em perigo a estrutura das instituições, a 
segurança do Estado ou dos cidadãos, poderá o Presidente da República 
declarar em todo o território do país, ou na porção do território 
particularmente ameaçada, o estado de emergência. Desde que se torne 
necessário o emprego das forças armadas para a defesa do Estado, o 
 
3
 PORTO, Walter Costa. 1937. Coleção Constituições Brasileiras, v. 4. 3.ed. Brasília: Senado Federal, 
2012. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/137571/Constituicoes_ 
Brasileiras_v4_1937.pdf?sequence=9>. Acesso em 17 jun. 2017. 
6 
 
 
Presidente da República declarará em todo o território nacional, ou em parte 
dele, o estado de guerra. 
 § 1º Para nenhum desses atos será necessária a autorização do 
Parlamento Nacional, nem este poderá suspender o estado de emergência 
ou o estado de guerra declarado pelo Presidente da República. 
§ 2º Declarado o estado de emergência em todo o país, poderá o 
Presidente da República, no intuito de salvaguardar os interesses 
materiais e morais do Estado ou de seus nacionais, decretar, com 
prévia aquiescência do Poder Legislativo, a suspensão das garantias 
constitucionais atribuídas à propriedade e à liberdade de pessoas 
físicas ou jurídicas súditos de Estado estrangeiro, que, por qualquer 
forma, tenha praticado atos de agressão de que resultem prejuízos 
para os bens e direitos do Estado Brasileiro, ou para vida, os bens e os 
direitos das pessoas físicas ou jurídicas brasileiras, domiciliadas ou 
residentes no país.” 4 
Na legislação original, o 2° parágrafo (em destaque) não estava previsto. A 
parte mais relevante aborda a suspensão das garantias constitucionais atribuídas à 
propriedade e à liberdade de pessoas físicas ou jurídicas súditos de Estado 
estrangeiro. Esta medida visa combater, como já foi citado, os militantes contrários 
ao governo (comunistas, PcdoB, liberais), como artifício para acionar o estado de 
guerra e, sem muita burocracia, resolver seus embates penetrando nos mais nobres 
bens jurídicos do cidadão. 
 
2.1.3. LEI CONSTITUCIONAL N. 741 DE 30 DE SETEMBRO DE 1942 
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 
180 da Constituição e, Considerando que, pelo artigo 122, n. 17, da 
Constituição Federal “Os crimes que atentarem contra a existência, a 
segurança, a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia 
popular serão submetidos a processo e julgamento perante tribunal 
especial, na forma que a lei instituir;” Considerando que, para cumprimento 
do disposto citado, foi mantido o Tribunal de Segurança Nacional, instituido 
pela lei n. 244, de 11 de setembro de 1936; Considerando que, na vigência 
do estado de guerra podem ser praticados crimes sujeitos a julgamento pela 
justiça militar e também crimes cujo julgamento é da competência do 
Tribunal de Segurança Nacional; Considerando que, assim, torna-se 
necessário adequar o art. 173 da Constituição Federal à coexistência dos 
órgãos da Justiça Militar com o Tribunal de Segurança Nacional, decreta: 
Artigo único. 
O art. 173 da Constituição fica assim redigido: “Art. 173. O estado de 
guerra motivado por conflito com país estrangeiro se declarará no 
 
4
 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Informatizada - LEI CONSTITUCIONAL Nº 5, DE 10 DE 
MARÇO DE 1942 - Publicação Original. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/leicon/ 
1940-1949/leiconstitucional-5-10-marco-1942-373577-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 23 
jun. 2017. 
7 
 
 
decreto de mobilização. Na sua vigência, o Presidente da República 
tem os poderes do artigo 166 e a lei determinará os casos em que os 
crimes cometidos contra a estrutura das instituições, a segurança do 
Estado e dos cidadões serão julgados pela Justiça Militar ou pelo 
Tribunal de Segurança Nacional”5 
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas6, o Tribunal de Segurança 
Nacional foi um “tribunal de exceção instituído em setembro de 1936, subordinado à 
Justiça Militar. Era composto por juízes civis e militares escolhidos diretamente pelo 
presidente da República e deveria ser ativado sempre que o país estivesse sob 
o estado de guerra”. 
Esse decreto-lei foi de vital importância para o comando de Vargas, pelo fato 
de que os crimes que afetassem a segurança nacional ou assim fossem 
considerados pelas autoridades da época poderiam ser julgados pelo TSN. Além de 
criar leis, este governo conseguia com esses decretos administrar o judiciário de 
acordo com suas vontades. 
 
3. DECRETOS-LEI NA CONSTITUIÇÃO DE 1967 E EC/01 1969 
Para entender o contexto geral dos decretos-lei e atos institucionais que 
foram amplamente utilizados durante o governo militar, é de suma importância 
analisar o AI4 (Ato Institucional 4), que foi a ação inicial para reunir o congresso 
nacional em torno de uma discussão para elaboração de uma nova constituição 
nacional. 
Essa constituição nasceu alinhada aos desejos do governo, fornecendo todo 
amparo judicial para comandar, legislar e exercer sua força na esfera judiciária. A 
nova Carta entrou em vigor no governo do General Costa e Silva. A partir desta nova 
carta, iniciamos nossa análise dos decretos-lei. 
 
 
5
 PORTO, Op. Cit. 
 
6Fundação Getúlio Vargas. Tribunal de Segurança Nacional. Disponível em: 
<http://cpdoc.fgv.br;producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/RadicalizaçãoPolitica/TribunalSeguran 
caNacional> . Acesso em 18 jun. 2017. 
 
 
8 
 
 
 
3.1. DECRETO-LEI Nº 314, DE 13 DE MARÇO DE 1967 
Este decreto-lei teve por objetivo definir os crimes contra a segurança 
nacional, a ordem política e social e suas respectivas providências. 
 No seu art. 3°, define: “A segurança nacional compreende, essencialmente, 
medidas destinadas à preservação da segurança externa e interna, inclusive a 
prevenção e repressão da guerra psicológica adversa e da guerra revolucionária ou 
subversiva”7 
 A maior mudança neste decreto em relação à carta originária diz respeito à 
atribuição para a Justiça Militar da competência para processar e julgar militares e 
civis pela prática de crimes previstos na referida Lei de Segurança Nacional. 
 
3.2. DECRETO-LEI N° 898, DE 29 DE SETEMBRO DE 1969 
 Decreto-Lei nº 898, de 29 de setembro de 1969, que passou a ser chamado 
de Lei de Segurança Nacional, assim definida em seu art. 3°: "A segurançanacional compreende, essencialmente, medidas destinadas à preservação da 
segurança externa e interna, inclusive a prevenção e repressão da guerra 
psicológica adversa e da guerra revolucionária ou subversiva"8. 
Este Decreto-Lei nº 898/69 inovou ao inserir no ordenamento jurídico as 
penas de morte e de prisão perpétua, sanções estas previstas em quinze infrações 
ditadas pela LSN (Lei de Segurança Nacional). 
No tocante aos prazos prescricionais para os crimes apenados com prisão 
perpétua e morte, consumar-se-ia no prazo de quarenta anos, e nos demais casos o 
prazo prescricional correspondia ao dobro da pena máxima privativa de liberdade 
 
7BRASIL. Decreto-Lei Nº 314, de 13 de março de 1967. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0314.htm. Acesso em 18 jun. 2017. 
8
 BRASIL. Decreto-Lei nº 898, de 29 de Setembro de 1969. Da Aplicação da Lei de Segurança 
Nacional. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-898-29-
setembro-1969-377568-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 18 jun. 2017. 
9 
 
 
cominada ao crime, até o limite máximo de 30 anos (art. 52, parágrafo único, incisos 
I e II)9. 
Outra significativa novidade introduzida pelo Decreto-Lei nº 898/69, foi a 
inclusão, no rol de crimes contra a Segurança Nacional, dos delitos de "assalto, 
roubo e depredação" de estabelecimento de crédito ou financiamento, sob qualquer 
motivação, para os quais a legislação impunha a aplicação da pena de prisão 
perpétua, em grau mínimo, ou de morte, em grau máximo, se da prática do crime 
resultasse morte (art. 27)10. 
Além disso, as indicações de que o sistema era seguramente fechado podiam 
ser também notadas nas normas de natureza processual que davam ao 
procedimento um caráter todo especial, vez que o "encarregado do inquérito" podia 
manter o indiciado preso durante as investigações pelo prazo de 30 dias, sendo-lhe 
ainda permitido manter o preso incomunicável pelo prazo de 10 dias. Como se não 
bastasse, tal encarregado do inquérito poderia solicitar a prorrogação da prisão por 
mais 30 dias, mediante solicitação fundamentada dirigida à autoridade que o 
nomeou (art. 59 e § 1°)11. 
 
3.3. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1, DE 1969 
 Em 17 de outubro de 1969, estando em recesso o Congresso Nacional, foi 
outorgada, pela Junta Militar, a Emenda Constitucional nº 1, a qual alterou 
substancialmente a Constituição de 1967. 
Esta emenda intensificou a concentração de poder no Executivo dominado 
pelo Exército e permitiu a substituição do presidente por uma Junta Militar, apesar 
de existir o vice-presidente (na época, Pedro Aleixo). 
 Para considerável parte da doutrina e para o STF, na verdade, a EC n.º 1 de 
1969 se trata, na verdade, de nova Constituição. 
 
9
 Ibid. 
10
 Ibid. 
11
 Ibid. 
10 
 
 
 De acordo com o Supremo Tribunal Federal12, trata-se de uma 
nova Constituição devido à sua estrutura e pela imposição do modo em que os 
dispositivos anteriores na Constituição de 1967 estariam em vigor. Em tese, para a 
Suprema Corte, a Constituição de 1967 continuaria em vigor, mesmo com as 
alterações e manutenções da emenda nº. 1. 
 As três principais alterações promovidas pela citada emenda constitucional 
foram: estabelecimento de eleições indiretas para o cargo de Governador de Estado; 
ampliação do mandato presidencial para cinco anos; e extinção das imunidades 
parlamentares. 
 A Constituição de 1969 realmente só começou a vigorar com a queda do AI-5, 
em 1978. Essa carta aprofundou o retrocesso político, se comparada a Constituição 
de 1967. Incorporou em seu texto medidas autoritárias dos Atos Institucionais, 
consagrou a intervenção federal nos Estados, cassou a autonomia administrativa 
das capitais e outros municípios, impôs restrições ao Poder Legislativo. Validou o 
regime dos decretos-leis, manteve e ampliou as estipulações restritivas da 
Constituição de 1967, quer em matéria de garantias individuais, quer em matéria de 
direitos sociais. 
 Foi uma das Constituições mais rígidas da história constitucional brasileira, 
pois, apesar de conter uma longa enumeração dos direitos individuais, detinha 
poderes de supressão desses mesmos direitos. Manteve a orientação que vinha 
sendo dada desde a Constituição de 1891, em seu art. 78, ao determinar que a 
Constituição, ao enumerar os direitos fundamentais, no seu § 36 do art. 153, não 
pretende ser exaustiva. Mantendo-se filiada à orientação da “racionalização do 
poder”, marcada pela Constituição de 1934, trouxe uma enumeração dos direitos 
dos trabalhadores, que é meramente exemplificativa, tendo seu próprio texto 
excluído totalmente a taxatividade. 
 
 
 
12
 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Guia de Direito Constitucional. Constituições Brasileiras 
Anteriores a 1988. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=biblioteca 
ConsultaProdutoBibliotecaGuiaDC&>. Acesso em 18 de junho de 2017. 
11 
 
 
4. MEDIDAS PROVISÓRIAS NA VERSÃO ORIGINAL DA CF/88 
 Primeiramente, como forma de contextualização do estudo e comparação 
entre medidas provisórias e decretos-lei, cabe explanar de forma simplificada o que 
são as medidas provisórias de acordo com a Câmara dos Deputados Federais13: 
Medida Provisória (MP) é um instrumento com força de lei, adotado pelo 
presidente da República, em casos de relevância e urgência. Produz efeitos 
imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para 
transformação definitiva em lei. Seu prazo de vigência é de sessenta dias, 
prorrogáveis uma vez por igual período. Se não for aprovada no prazo de 45 
dias, contados da sua publicação, a MP tranca a pauta de votações da 
Casa em que se encontrar (Câmara ou Senado) até que seja votada. Neste 
caso, a Câmara só pode votar alguns tipos de proposição em sessão 
extraordinária. 
 De acordo com essa definição, pode-se dizer que tais medidas provisórias 
foram criadas como forma de substituição aos antigos decretos-lei, que de fato 
traziam consigo lembranças de regimes militares e autoritários como o de Getúlio 
Vargas. 
 Também, ao realizar a análise das MP (Medidas Provisórias), percebe-se que 
o art. 62 de nossa CF/88 (Constituição Federal de 1988) é um marco na história 
desse instituto transplantado do sistema constitucional da Itália. 
 A seguir estão as Medidas Provisórias que servem de exemplo para o estudo 
analítico das principais medidas provisórias criadas pelo poder executivo antes da 
emenda constitucional EC 32, de 11/09/2001. 
 
4.1. MEDIDA PROVISÓRIA No 168, DE 15 DE MARÇO DE 1990. 
 A medida n° 168 dissertou a cerca da instituição do cruzeiro e dispõe sobre a 
liquidez dos ativos financeiros, e dá outras providências. Esta MP foi convertida na 
Lei nº 8.024, de 12 de abril de 1990, representa uma característica geral das MP 
editadas nesse período, de tentativas de estabilização econômica do país. 
A medida provisória 168, de 15/03/1990, determinou a conversão dos saldos 
de cadernetas de poupança em cruzeiros até o limite de Ncz$ 50.000,00(cruzados 
 
13
 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Medida Provisória. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/comunicacao/ 
assessoria-de-imprensa/medida-provisoria>. Acesso em 19 jun. 2017. 
12 
 
 
novos) Os valores excedentes deveriam ser recolhidos ao Banco Central, sendo 
convertidos e liberados a partir de setembro de 1991 em 12 parcelas mensais, iguais 
e consecutivas. Quem possuía caderneta de poupança no período, teve seu saldo 
de até Ncz$ 50.000,00 ou de até Ncz 100.000,00, nos casos de contas‐poupança 
conjuntas, transformados em cruzeiros e imediatamenteliberados.14 
 
4.2. MEDIDA PROVISÓRIA No 1.027, DE 20 DE JUNHO DE 1995. 
 Foi criada com intuito de expressar sobre o Plano Real e o Sistema Monetário 
Nacional, estabeleceu as regras e condições de emissão do real e os critérios para 
conversão das obrigações para o real, e suas providências. 
 Esta MP foi a base legal para implementação do plano real e mais uma vez 
tentar estabilizar a economia conforme a situação em que o país se encontrava . 
 
5. MEDIDAS PROVISÓRIAS APÓS A EC 32, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 
 Em onze de setembro de 2001, o congresso termina de consolidar a Emenda 
Constitucional 32, dando nova disciplina às Medidas Provisórias. 
O principal motivador para a instituição dessa emenda foi a inequívoca 
proliferação de medidas provisórias. Assim, a Emenda Constitucional nº 32, de 
acordo com Alexandre de Moraes15, “prevendo as regras de processo legislativo, 
teve como finalidade diminuir a excessiva discricionariedade na edição de medidas 
provisórias, prevendo uma série de limitações materiais, bem como a 
impossibilidade de reedições sucessivas”. 
A seguir, dois exemplos de medidas provisórias fomentadas pós a EC 32 de 
2001. 
 
 
 
14
 MINIACI&CANTO. Plano Collor – MP 168/90 e Lei 8024/90. Disponível em: <http://www.miniaci 
canto.com/web/index.php?option=com_shared_private_space&task=showfile&fileid=1>. Acesso em 
19 jun. 2017. (p.1) 
15
 DE MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 19.ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
13 
 
 
5.1. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 132, DE 20 DE OUTUBRO 2003 
 Através da medida provisória nº 132, de 20 de outubro de 2003, 
posteriormente concretizada na forma da Lei nº 10.836, de janeiro de 2004 e 
regulamentada pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, surge 
o Programa Bolsa Família, comumente conhecido por sua sigla, “PBF”, na mesma 
seara do “Fome Zero”. 
Foi criada com intuito de oportunar a transferência de renda, caracterizada 
por um benefício financeiro direcionado pelo Governo Federal para combate das 
desigualdades que abarcam a problemática da pobreza, da fome, educação, saúde, 
educação, inclusão social, entre outros. Essa cadeia de áreas abrangidas busca, de 
certa forma, a promoção da emancipação das famílias mais atingidas pela 
desigualdade social. 
 
5.2. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 621, DE 8 DE JULHO DE 2013. 
 Essa medida discorre acerca do programa “Mais Médicos” e dá outras 
providências. Foi convertida na Lei nº 12.871, de 2013. O Programa Mais Médicos 
foi criado por meio da Medida Provisória n° 621, publicada em 8 de julho de 2013 e 
regulamentada em outubro do mesmo ano pela Lei n° 12.871, após amplo debate 
público junto à sociedade e no Congresso Nacional. 
Com isso, o programa se somou a um conjunto de ações e iniciativas para o 
aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS) e passou a contribuir para um 
salto expressivo nos patamares de acesso, qualidade e legitimidade da Atenção 
Básica no Brasil.16 
 
6. ESTUDO COMPARATIVO 
 Para concluir o trabalho de pesquisa a respeito dos decretos-lei e medidas 
provisórias do período histórico da carta magna brasileira (da CF/1937 até o 
 
16
 BRASIL. Mais Médicos: legislação. Disponível em: <http://maismedicos.gov.br/legislacao>. Acesso 
em: 19 jun. 2017. 
14 
 
 
presente momento), foi realizado um estudo com algumas comparações entre esses 
institutos, apontando similitudes entre eles e também suas divergências. 
 
6.1. DECRETOS-LEI CF/1937, DECRETOS-LEI CF/1967 E EC/01 1969. 
 O período de grandes efervescências mundiais, com a revolução russa de 
1917, 2° Guerra Mundial e Guerra Fria, não podia deixar de influenciar a 
cotidianidade da nação brasileira. Essas influências restringiram nossas cartas 
magnas e seus institutos de manifestação do poder executivo na esfera legislativa, 
os decretos-lei. 
 Em toda busca a respeito desses decretos-lei nas constituições que a 
chamavam assim, até a EC/01 1969, é notório que o conteúdo e as consequências 
objetivadas por estes exprimiam muito bem a identidade e a política do estado 
dominante, no sentido maior de perpetuar e manter a hipertrofia do poder executivo. 
 A coerção estatal sobre funcionários civis e militares através das 
aposentadorias compulsórias, como a da Lei 239 de 1938 e a do AI5 da EC/01 de 
1969, aponta para um cenário similar, com mudança somente dos atores envolvidos. 
 A Lei da Segurança Nacional, que se iniciou no governo de Getúlio e manteve 
se mais forte e mais eficiente nos governos militares, foi utilizada como base de 
política criminal, social e na formulação de diversos decretos-lei que davam a 
possibilidade de transferir para uma legislação especial os crimes contra a 
segurança do Estado, submetendo-os a um regime mais rigoroso, com o abandono 
das garantias processuais e em alguns casos a prisão perpétua e a pena de morte. 
 Essa semelhança foi vista conjuntamente nos decretos que dissertavam a 
respeito de processos de julgamentos dos crimes contra a segurança nacional, que 
no regime de Getúlio seriam julgados pela TSN (Tribunal de Segurança Nacional) e 
nos governos militares pelo STM (Superior Tribunal Militar). 
 Percebe-se que o Estado Novo de Vargas emitiu decretos-lei de grande valia 
no que diz respeito às regulamentações trabalhistas, como o decreto-lei nº 1.237, de 
2 de maio de 1939, que foi o impulso inicial para a criação da Justiça do Trabalho. 
Nos decretos militares, foi mantida essa intenção de conservar as conquistas 
15 
 
 
trabalhistas e até, durante alguns anos, a liberdade dos sindicatos. Todavia, o cerne 
de seus decretos esteve ligado à segurança nacional e também ao intento de 
realizar uma maior integração nacional, como no decreto-lei nº 1.106, de 16 de junho 
de 1970, que concerne ao programa de Integração Nacional, alterando a legislação 
do imposto de renda das pessoas jurídicas, incentivos fiscais e dá outras 
providências. 
 
6.2. MEDIDAS PROVISÓRIAS ORIGINÁRIAS DA CF/88 E MEDIDAS 
PROVISÓRIAS APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N°32, DE 11 DE 
SETEMBRO DE 2001 
 Após ocorrer transmissão do comando dos militares para os civis, foi criada a 
Constituição Federal de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, pelos seus 
ideais de proteção aos direitos fundamentais do cidadão. Junto com esta, o instituto 
das Medidas Provisórias veio com o intuito de substituir os antigos decretos-lei. 
 De forma geral, as medidas provisórias do período compreendido entre 1988 
e a EC 32 de 2001 tinham como meta atingir objetivos econômicos. Nesse lapso 
temporal, a área econômica foi o maior alvo da utilização de medidas provisórias. 
Devido às crises econômicas e à inflação por que passou o país, essa 
preponderância é até justificável. 
Contudo, nas áreas administrativa e social, segundo Abreu Jr17, 
As MPs foram utilizadas de forma bem mais ampla do que pretenderam os 
constituintes. Assim, no plano administrativo, por exemplo, diversas 
iniciativas para reestruturar o aparelho do Estado deixaram de ser 
formalizadas por lei ordinária, como deveriam, pois regulavam matérias que 
não careciam de urgência. O mesmo também aconteceu na área temática 
Homenagens, que se refere somente à MP n°105/89,editada por Sarney, 
que inscreveu os nomes de Tiradentes e Deodoro da Fonseca no Livro dos 
Heróis da Pátria. 
 Antes do EC 32 de 2001, não havia limitação temática para o instituto das 
Medidas Provisórias, como ocorria com os decretos-lei: era preciso que a 
jurisprudência limitasse o alcance das medidas provisórias. Assim, a emenda em 
comento dispôs em seu § 1º a vedação relativa às matérias como a nacionalidade, 
 
17
 ABREU JR, Diogo Alves de. Medidas provisórias: o poder quase absoluto.Brasília: Câmara dos 
Deputados, Coordenação de Publicações, 2002. (p. 44) 
16 
 
 
cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, direito penal, 
processual penal e processual civil, organização do Poder Judiciário e do Ministério 
Público, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais 
e suplementares (salvo o previsto no § 3º do art. 167)18. 
 Com o advento da EC 32, fica evidente uma grande diferença das Medidas 
Provisórias antes desta e as posteriores, principalmente no tocante aos temas. 
 Ao analisar as MPs que foram criadas antes da EC 32, percebe-se temas 
geralmente circundantes a economia, administração, regulação de mercado e 
tributos. As MPs oriundas pós-EC 32, tem de certa forma em seu âmago os ideais 
assistencialistas dos governos petistas, como, por exemplo, as já citadas MP nº 132 
e n° 621, com as temáticas do Programa Bolsa Família e o Programa Mais Médicos. 
Significativas foram as modificações introduzidas nos prazos de tramitação, 
nas consequências da não aprovação dentro do prazo e do número de 
reedições. O prazo de validade provisória foi estendido de trinta para 
sessenta dias, que é o mesmo prazo do decreto-lei italiano. O recurso à 
reedição foi limitado, admitindo apenas uma reedição. O prazo máximo de 
uma deliberação de medida provisória no Congresso, agora, é de 120 dias, 
descontados os dias de recesso parlamentar; valendo observar ainda que, 
somente as medidas editadas após a promulgação da EC nº 32/2001 
trancam a pauta, visto que as que já estavam em vigor continuam vigendo 
até que medida provisória ulterior as revogue. 19 
 
6.3. DECRETOS-LEI E MEDIDAS PROVISÓRIAS 
Há diferenças significativas entre o decreto-lei e a medida provisória, como 
ressalta Arruda Câmara (1991)20: 
a) quanto aos pressupostos para a edição, a norma que regia o decreto-lei 
utilizava-se da alternativa ou: urgência ou interesse público; a medida 
provisória possui maior rigidez normativa, pois somente pode ser editada 
em casos de urgência e relevância (cumulativos); 
b) quanto à matéria de que trata, a norma do decreto-lei restringia 
textualmente a sua edição aos seguintes assuntos: segurança nacional; 
finanças públicas, inclusive normas tributárias; criação de cargos públicos e 
fixação de vencimentos;para as medidas provisórias,a norma não o 
 
18
 BRASIL. Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc32.htm>. Acesso em 23. jun. 
2017. 
19
 ROCHA, Cibele de Fátima Morais. Medida provisória na Constituição de 1988 e a necessidade de 
sua limitação [manuscrito], 2008. (p.41) 
20
 CÂMARA, Edson de Arruda. Das medidas provisórias: sua utilização como instrumento de força e 
abuso de poder: breve análise crítica. Legislação do Trabalho e Previdência Social, São Paulo, v. 
55, n. 10, p. 1157-1159, out. 1991. 
17 
 
 
explicitava, estando as limitações dispersas por todo o texto constitucional, 
que, segundo o autor, configuraria maior rigidez para a sua edição; 
c) os atos praticados na vigência de um decreto-lei rejeitado pelo 
Parlamento são considerados válidos; já aqueles praticados enquanto em 
vigor uma medida provisória posteriormente rejeitada perde a eficácia desde 
a edição; 
d) o decreto-lei podia ser aprovado por decurso de prazo, se o Congresso 
não o apreciasse em 60 dias; no caso das medidas provisórias, o silêncio 
do Parlamento nos 30 dias de prazo implicaria a perda da eficácia de suas 
normas ex tunc. 
Em que pese a correta constatação de que as medidas provisórias possuíam 
limitações dispersas por todo o texto constitucional, não parece verossímil a opinião 
de Arruda Câmara de que haveria maior rigidez para a edição de medidas 
provisórias, se comparadas aos decretos-leis, visto que estes só poderiam tratar de 
três matérias. Fosse aquela posição fato, o Congresso Nacional não teria se 
ocupado em delimitar materialmente a edição de medidas provisórias com a 
Emenda Constitucional n° 32/2001. 
 
7. CONCLUSÃO 
Ao findar desta obra, preenchida com informação de diversas constituições, 
diferentes períodos históricos e semelhantes institutos do executivo para criação de 
leis e suas transformações, vem à tona a importância do que foi concebido como 
divisão de poderes pelo criador da teoria dos três poderes, Montesquieu21, que 
assim avalia a interferência do Poder Executivo no Legislativo: 
É uma experiência eterna que todo homem que tem poder é levado a dele 
abusar; ele vai até onde encontra limites. (..)Quando na mesma pessoa (...) 
o Poder Legislativo está reunido ao Poder Executivo, não há liberdade; 
porque se pode temer que o mesmo monarca (...) faça leis tirânicas para 
executá-las tiranicamente. 
 Com todas as análises realizadas para compreender as diferenças e 
semelhanças na utilização desses mecanismos de criação de leis, fica evidente que 
de nada adianta criar uma constituição que não seja taxativa com detalhes de como 
cada mecanismo será utilizado. Apontando na questão das medidas provisórias, ou 
 
21
MONTESQUIEU apud FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição brasileira de 1988, 
v.2. São Paulo: Saraiva, 1992. 
18 
 
 
os decretos-lei, como eram chamados antigamente, foi esse o grande problema que 
veio intrínseco com as constituições. 
O Executivo, aproveitando-se desse lato conceitual de que as medidas 
provisórias supostamente deveriam tratar de assunto urgente e relevante, que 
conferia a possibilidade de criação de leis aos presidentes, generais, ou a quem 
quer que fosse o comandante do Executivo, permitiu que esse instrumento passasse 
a ser utilizado não mais com esta função somente, mas sim como elemento de 
controle legislativo, balizado pelos interesses políticos de quem estava no comando 
do País. 
A criação da EC 32 de 2001 foi uma tentativa de retomada do equilíbrio entre 
as funções dos Poderes Executivo e Legislativo, com a decisão das Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado, ao promulgarem a EC nº 32/2001. Referida 
emenda, contudo, apesar das vedações por ela imposta, não bastou para que as 
mudanças estabelecidas pelas novas regras lograssem êxito. 
O fato é que, com as prerrogativas que possui, o Executivo pode ser visto, em 
muitos casos, como o principal legislador do país. Do ponto de vista constitucional, o 
poder legislativo dos presidentes varia e esta variação é um dos fatores a influir no 
grau de equilíbrio dos poderes Legislativo e Executivo em sistemas presidenciais. 
 
19 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1 BRASÍLIA. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Constituições Brasileiras: exposição 
organizada pelo Museu da Câmara dos Deputados, mostrando as constituições 
brasileiras, suas principais deliberações e curiosidades. 2005. Disponível em: 
<http://www2.camara.leg.br/a-camara/conheca/museu/publicacoes/arquivos-
pdf/Constituicoes Brasileiras-PDF.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2017. 
 
2 DICIONÁRIO PORTUGUÊS. Dicionário Jurídico. Disponível em: 
<https://www.dicio.com.br/decreto-lei/>. Acesso em: 17 jun. 2017. 
 
3 PORTO, Walter Costa. 1937. Coleção Constituições Brasileiras, v. 4. 3.ed. Brasília: 
Senado Federal, 2012. Disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/137571/Constituicoes_Brasileir
as_v4_1937.pdf?sequence=9>. Acesso em 17 jun. 2017. 
 
4 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Informatizada - LEI 
CONSTITUCIONAL Nº 5, DE 10 DE MARÇO DE 1942 - Publicação Original. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/leicon/1940-
1949/leiconstitucional-5-10-marco-1942-373577-publicacaooriginal-1-pe.html>. 
Acesso em 23 jun. 2017. 
 
5 Fundação Getúlio Vargas. Tribunal de Segurança Nacional. Disponívelem: 
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-
37/RadicalizaçãoPolitica/TribunalSegurancaNacional>. Acesso em 18 jun. 2017. 
 
6 BRASIL. Decreto-lei Nº 314, de 13 de março de 1967. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0314.htm>. Acesso 
em 18 jun. 2017. 
 
7 BRASIL. Decreto-Lei nº 898, de 29 de Setembro de 1969. Da Aplicação da Lei de 
Segurança Nacional. Disponível 
em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-898-29-
setembro-1969-377568-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 18 jun. 2017. 
 
8 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Guia de Direito Constitucional. Constituições 
Brasileiras Anteriores a 1988. Disponível 
em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdut
oBibliotecaGuiaDC&>. Acesso em 18 de junho de 2017. 
 
9 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Medida Provisória. Disponível em: 
<http://www2.camara.leg.br/comunicacao/assessoria-de-imprensa/medida-
provisoria>. Acesso em 19 jun. 2017. 
 
10 MINIACI&CANTO. Plano Collor – MP 168/90 e Lei 8024/90. Disponível em: 
<http://www.miniacicanto.com/web/index.php?option=com_shared_private_space&ta
sk=showfile&fileid=1>. Acesso em 19 jun. 2017. 
 
11 DE MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 19.ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
20 
 
 
12 BRASIL. Mais Médicos: legislação. Disponível em: 
<http://maismedicos.gov.br/legislacao>. Acesso em: 19 jun. 2017. 
 
13 ABREU JR, Diogo Alves de. Medidas provisórias: o poder quase absoluto. 
Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002. (p. 44) 
 
14 BRASIL. Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc32.htm>. 
Acesso em 23. jun. 2017. 
 
15 ROCHA, Cibele de Fátima Morais. Medida provisória na Constituição de 1988 e a 
necessidade de sua limitação [manuscrito], 2008. 
 
16 CÂMARA, Edson de Arruda. Das medidas provisórias: sua utilização como 
instrumento de força e abuso de poder: breve análise crítica. Legislação do 
Trabalho e Previdência Social, São Paulo, v. 55, n. 10, p. 1157-1159, out. 1991. 
 
17 MONTESQUIEU apud FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à 
Constituição brasileira de 1988, v.2. São Paulo: Saraiva, 1992. 
 
18 GIL, Otto de Andrade. Os Decretos-leis na Constituição de 1967. Disponível 
em: 
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/180779/000349396.pdf?sequen
ce=1>. Acesso em 18 jun. 2017. 
 
19 BRASIL. Medidas Provisórias – 1988 a 1991. Disponível em: < 
http://www4.planalto.gov.br/legislacao/portal-legis/legislacao-1/medidas-
provisorias/1988-a-1991>. Acesso em 19 jun. 2017.

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