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Risco da Globalização - Anthony Giddens

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CIÊNCIAS ECONÔMICAS – 2017.1
 
Anna Cláudia Farias de Andrade
Isabella Muniz de Souza
Jonathan de Freitas Sales
Renan Rechuem Lopez Martinez
Renato Nogueira de Jesus Filho 
Talita Cardoso Ferreira
Take Risks: O mundo em descontrole
Seminário para a matéria de Introdução à Sociologia – orientado pela professora Ana Lúcia.
 Introdução:
RISCO: Perigo; probabilidade ou possibilidade de perigo: estar em risco. - Etimologia (origem da palavra risco): do francês risque.
A globalização resulta em novas formas de risco, como o da natureza com a destruição da camada de ozônio e a saúde como ficar muito tempo exposto ao sol, pois é essa mesma camada que filtra os raios ultravioletas antes que cheguem a nós. O risco está estreitamente associado à inovação.
 A palavra risco só passa a ser amplamente utilizada em sociedades orientadas para o futuro, isto é, que veem o futuro como um território a ser colonizado. Risco, na modernidade, é considerado uma maneira de regular o futuro, de submetê-lo ao nosso domínio (assim como tudo aquilo que agora está em nossas mãos, devido a globalização exacerbada a qual estamos inseridos). A ideia de risco está estreitamente veiculada, em seu surgimento, à possibilidade de cálculo, estratégia. 
 O conceito de sociedade de risco se cruza diretamente com o de globalização: os riscos são democráticos, afetando nações e classes sociais sem respeitar fronteiras de nenhum tipo.
Pensadores que contribuíram para as análises de risco ao longo do tempo:
Ulrich Beck: Vive - se em meio a uma "sociedade de risco", tal como teorizada por Ulrich Beck. Entre esses riscos, o sociólogo inclui os riscos ecológicos, químicos, nucleares e genéticos, produzidos industrialmente, externalizados economicamente, individualizados juridicamente, legitimados cientificamente e minimizados politicamente.
 Durkheim: Durkheim disse o seguinte sobre a morte de Sócrates > “A liberdade filosófica teve por precursores toda espécie de heréticos que o braço secular justamente castigou durante todo o curso da Idade Média, até a véspera dos tempos contemporâneos” ¹ Aqueles que ameaçam ou abalam a unidade do corpo social devem ser punidos a fim de que a coesão seja protegida. O risco não é bem visto, devendo ser evitado, porém há aqueles que, como Sócrates, que ameaçou as elites por colocar em risco os costumes da época (ele foi acusado de não venerar os deuses da cidade e de corromper jovens atenienses), revolucionaram. “Quando reclamamos a repressão ao crime, não somos a nós que queremos pessoalmente vingar, mas a algo de sagrado que sentimos, mais ou menos confusamente fora e acima de nós.” O quadro A Morte de Sócrates (La Mort de Socrate) é uma pintura de 1787 do pintor francês Jacques-Louis David que retrata o suicídio do filósofo grego ao tomar veneno após ser condenado a morte.
 Zygmunt Bauman: Sociólogo importante do final do século XX. Cunhou o termo “modernidade líquida” que serve para definir o tempo presente (opôs-se ao termo “pós-modernidade”). Utilizou o termo “líquido” para se referir à sociedade atual e suas mudanças pois, com as tecnologias e inovações, o tempo mudou as relações humanas e sobrepôs-se ao espaço. Esse "tempo líquido" que ocorre permite efemeridade, levando ao risco, pois agora há mais incertezas e as estruturas sociais são mais flexíveis. A modernidade líquida seria "um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível". “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar".
 Anthony Giddens: sociólogo conhecido por livros acerca da modernidade, sexualidade, a estrutura de classes, família, identidade pessoal e social, além de ter sido um dos primeiros autores a usar o termo “globalização”. Seu livro “O Mundo em Descontrole” foi objeto de estudo para esse trabalho, mais especificadamente o segundo capítulo que trata sobre riscos. O sociólogo dialoga com o leitor sobre os diferentes tipos de risco, o que ele faz conosco, a relação entre globalização e risco, além de buscar historicamente o significado da palavra “risco” ao longo da história. “Suponha-se que o risco seria uma maneira de regular o futuro, de normalizá-lo e submetê-lo ao nosso domínio.” 
 RISCO NA CULTURA POP – elemento presente em sucessos cinematográficos:
 Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012): Num futuro distante, boa parte da população é controlada por um regime totalitário, que relembra esse domínio realizando um evento anual - e mortal - entre os 12 distritos sob sua tutela. Para salvar sua irmã caçula, a jovem Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se oferece como voluntária para representar seu distrito na competição e acaba contando com a companhia de Peeta Melark (Josh Hutcherson), desafiando não só o sistema dominante, mas também a força dos outros oponentes.
 O Doador de Memórias (The Giver, 2014): Uma pequena comunidade vive em um mundo aparentemente ideal, sem doenças nem guerras, mas também sem sentimentos. Uma pessoa é encarregada a armazenar estas memórias, de forma a poupar os demais habitantes do sofrimento e também guiá-los com sua sabedoria. De tempos em tempos esta tarefa muda de mãos e agora cabe ao jovem Jonas (Brenton Thwaites), que precisa passar por um duro treinamento para provar que é digno da responsabilidade.
 1984 (lançado em 1984): O Reino Unido está sob o regime socialista, controlado com mão de ferro pelo partido. Há em todo lugar telas de TV, que servem como os olhos do governo para saber o que os cidadãos fazem. No intuito de controlá-los são exibidas constantemente imagens através destas mesmas telas, relatando as batalhas enfrentadas pela Oceania em outros continentes. Winston Smith vive sozinho e trabalha para um dos departamentos do governo, manipulando informações de forma que as notícias sejam positivas para a população. Até que, um dia, ele passa a se interessar por uma colega, Julia que o leva até os arredores da cidade. Eles passam a ter um relacionamento, algo proibido pelo partido, que deseja eliminar a libido na população.
 “Algumas questões como o desenvolvimento da indústria global, alteração do clima e o aquecimento global estão ligadas ao risco, proporcionados pela globalização, porém esta concepção aparentemente simples desvenda algumas das características mais fundamentais do mundo em que vivemos agora. À primeira vista, o conceito de risco pode parecer destituído de qualquer relevância específica para os nossos tempos em relação a épocas anteriores. Afinal, não foram as pessoas sempre obrigadas a enfrentar sua razoável parcela de riscos? A vida para a maioria na Idade Média europeia era penosa, brutal e curta – como é hoje para muitos nas áreas mais pobres do mundo. Deparamo-nos aqui, porém, com algo realmente interessante. Salvo por alguns contextos marginais, na Idade Média não havia nenhum conceito de risco. Ele tampouco existia, até onde pude apurar, na maior parte das demais culturas tradicionais. A ideia de risco parece ter se estabelecido nos séculos XVI e XVII, e foi originalmente cunhada por exploradores ocidentais ao partirem para suas viagens pelo mundo. A palavra “risk” parece ter se introduzido no inglês através do espanhol ou do português, línguas em que era usada para designar a navegação rumo a águas não cartografadas. Em outras palavras, originalmente ela possuía uma orientação espacial. Mais tarde, passou a ser transferida para o tempo, tal como usada em transações bancárias e de investimento, para designar o cálculo das consequências prováveis de decisões de investimento para os que emprestavam e os que contraíam empréstimos. Mais tarde passou a designar uma ampla esfera de outras situações de incerteza. Não se pode dizer que uma pessoa está correndo risco quando um resultado é 100% certo. As culturas tradicionais não tinham um conceito de risco porque não precisavam disso. Risco não é o mesmo que infortúnio ou perigo. Risco se refere a infortúnios ativamente avaliados em relação a possibilidades futuras. A palavra só passa a ser amplamenteutilizada em sociedades orientadas para o futuro – que veem o futuro precisamente como um território a ser conquistado ou colonizado. O conceito de risco pressupõe uma sociedade que tenta ativamente romper com seu passado - de fato, a característica primordial da civilização industrial moderna” (Pag. 31-33).
 O autor deixa bem claro no texto as diferentes concepções de risco no decorrer da história, que variam bruscamente. Desde uma falta de conceito nas sociedades primitivas e na Idade Média devido ao seu forte culto às tradições, religião e destino. Diferente da época em que surgiram e foram desenvolvidas as tecnologias marítimas que propiciaram as grandes navegações. Sendo assim, o sentido de risco originalmente ganhou um aspecto espacial, mais especificamente ligado às rotas não cartografadas. Com os adventos da modernidade e da globalização, que permitiu altos fluxos de informação e capitais, se tornou a vez da conceituação de risco através do tempo cada vez mais aplicado numa lógica de cálculo de investimentos e suas consequências, época conhecida pela frase “tempo é dinheiro”. E em uma lógica ainda mais contemporânea, risco tomou um conceito mais amplo, praticamente baseado em qualquer situação de incerteza, especialmente situações globais, como as pesquisas acerca do aquecimento global, as discussões de saúde e ao meio ambiente relacionadas à produção de alimentos transgênicos e as altas dependências das economias globalizadas. Como o autor cita, "o risco é a dinâmica mobilizadora de uma sociedade propensa a mudança, que deseja determinar seu próprio futuro em vez de confiá-lo à religião, à tradição e aos caprichos da natureza". 
 Para entendermos a posição de Anthony Giddens sobre os aspectos dos positivos e negativos do risco, é necessário que nos atenhamos as diferentes formas de sistema econômico através do tempo e ao capitalismo em relação ao futuro. Nas formas anteriores de sistema econômico, não existia uma ideia formada de cálculo dos riscos (financeiros, sociais e da natureza), com isso o homem tinha uma única saída para pensar no futuro, uma forma filosófica de ver o mundo, pela fé e religião (desígnios dos deuses), pela tradição (o que era ensino pela sua família) ou pelos caprichos da natureza (o que acontecia no meio ambiente, eram consequências e atos de um divindade, como a mãe natureza). Em consequência desta imprecisão de calcular os riscos, as sociedades que vivam nesses sistemas econômicos, estagnaram-se em áreas agrícolas e rurais, e não há nem um pensamento de uma área urbana e evoluída tecnologicamente. 
 Já a sociedade capitalista moderna, com o tempo criou mecanismo para calcular os riscos, como por exemplo a contabilidade por partidas dobradas, tornando-se possível saber onde investir dinheiro para ganhar mais dinheiro. E também com os avanços tecnológicos, hoje é possível calcular riscos provenientes de fenômenos naturais, como enchentes, terremotos, furações, entre outros. A precisão de tais cálculos, contribui para criação de uma sociedade mais urbanizada, tecnológica e desprendida de conceitos filosóficos.
 Mesmo com os cálculos precisos dos riscos que a sociedade está exposta, existe alguns riscos, como os que afetam a saúde e a segurança, que desejamos reduzir o máximo possível. É por essa vontade de amenizar os riscos que foi criada a ideia de sistemas de seguros, que são considerados como sistemas de administração de riscos. Por exemplo, seguros de automóveis, planos de saúde, auxílio desemprego, INSS e aposentadoria, tem como objetivo proteger contra o que antigamente era vontade dos deuses. O seguro é o que dá coragem para que as pessoas assumam os riscos, o mesmo é considerado pelo autor como "parasita do risco e das atitudes das pessoas com relação a ele". Os sistemas de seguros oferecidos pelas empresas estatais ou privadas servem simplesmente para redistribuição o risco, há uma troca financeira do risco do indivíduo para a empresa que oferece o seguro, ou seja, o risco não desaparece. O comércio e a transferência do risco é proposital para o crescimento e a continuidade da economia capitalista. Por fim, podemos concluir que, o risco seria uma forma de controlar o futuro, porém essas tentativas de controle tendem a voltar e cair sobre nós, nos obrigando a procurar diferentes modos de se relacionar com a incerteza. 
RISCO EXTERNO E RISCO FABRICADO: O risco nada mais é que a relação com a incerteza. É caracterizado em dois tipos: Risco Externo e Risco Fabricado.
Risco Externo é experimentado como vindo de fora, das fixidezes da tradição ou da natureza, não depende do ser humano, por exemplo, os riscos provenientes da natureza externa, como as más colheitas, enchentes, pragas ou fomes. Já o Risco Fabricado é aquele criado pelo próprio impacto do conhecimento humano sobre o mundo, por exemplo, os riscos ambientais ligados ao Aquecimento Global, que são influenciados diretamente pela Globalização. No Brasil, teve o caso do rompimento da barragem em Mariana (MG), um desastre ecológico estritamente ligado à ação do homem na natureza e não a natureza por si só.
 Contudo, com o crescimento exacerbado da sociedade industrial, a Globalização e a relação do homem com a natureza vieram à transição do predomínio do Risco Externo para o do Risco Fabricado. Então, em relação aos processos de transição dos Riscos, pode-se observar o “fim da natureza” na sociedade. Ou seja, grande parte do que era natural não é mais completamente natural, mas isso não significa que o mundo físico ou os processos deixaram de existir.
 Com isso, o Risco Fabricado está muito mais presente na modernidade em comparação ao Risco Externo, porém ele não pode ser calculado – por meio da previsão atuarial, pois não é possível pra saber qual é o nível de Risco, ou seja, em muitos casos não saberá até que seja tarde demais.
Ao longo dos anos, as mudanças no pensamentos científico foram proeminentes e apresentadas para todos de forma geral, se antes, os leigos consultavam aqueles que detinham tal conhecimento (e pode-se dizer que este caso foi por séculos) e acreditavam fielmente em cada uma de suas palavras, no contexto atual, a busca é incessante. Apresentamos assim o exemplo do Aquecimento Global, que por muito tempo durante a história era entendido como mecanismo natural de auto regulagem da própria terra, onde ela própria conseguiria resfriar e aquecer a medida que for necessário, mas depois de longo anos de pesquisas cientificas, esta ideia caiu por terra – diga-se de passagem. Hoje, os congressos e fóruns mundiais apresentam as teorias de que o homem tem sua parcela, ou todo o conjunto, de culpabilidade, mas graças aos riscos e as incertezas que nos acarretam, não podemos ter certeza de nada. Com isso, é possível que citemos o argumento histórico de David Hume, que abalou a filosofia. A obra Investigações sobre o Entendimento Humano trata, essencialmente, da teoria do conhecimento, que é aquele ramo da filosofia que busca responder questões sobre a origem e a validade de tudo que podemos conhecer. A este respeito, Hume era empirista, ou seja, acreditava que todo conhecimento provém da experiência. Para Hume, tudo aquilo que podemos vir a conhecer tem origem em duas fontes diferentes da percepção:
Impressões: são os dados fornecidos pelos sentidos. Podem ser internas, como um sentimento de prazer ou dor, ou externas, como a visão de um prado, o cheiro de uma flor ou a sensação tátil do vento no rosto.
Ideias: são as impressões tais como representadas em nossa mente, conforme delas nos lembramos ou imaginamos. A lembrança de um dia no campo, por exemplo.
 De acordo com o filósofo, as ideias são menos vívidas que as impressões e, por isso, são secundárias: "(...) todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões, ou percepções mais vivas."
 Por isso, a experiência seria a base de todo conhecimento, que podemos chamar de raciocínio sobre questões de fato. Enquanto que o segundo modo dos objetos externos se apresentarem à razão é chamado relaçãode ideias.
 As ideias, por sua vez, se relacionam umas com as outras de três modos:
Semelhança (uma fotografia que nos leva a ter a ideia do fato original);
Contiguidade de tempo e lugar (o dizer algo a respeito de um cômodo de uma casa me leva a perguntar sobre os demais); 
Causalidade (ao nos recordarmos de uma pessoa ferida, imediatamente pensamos também na dor que ela deve ter sentido - o ferimento, neste exemplo, é a causa; a dor, o efeito).
Causalidade Segundo Hume, todo raciocínio empírico, sobre questões de fato, se assenta sobre relações de causa e efeito. Na proposição "A pedra esquenta porque foi exposta aos raios solares" tenho uma afirmação que parte de duas impressões sensíveis, uma tátil ("a pedra esquenta") e outra visual ("exposta aos raios solares"). O que une essas duas impressões é uma relação de causalidade: a pedra esquenta (efeito) porque foi exposta aos raios solares (causa). Portanto, para saber qual é o fundamento do conhecimento empírico, Hume precisou analisar o fundamento dessa relação causal.
 A primeira coisa que se pode dizer é que não há aqui nenhuma base lógica, dedutiva. Se tenho uma pedra em minha mão e a solto, espero que, como efeito, ela caia no solo. Mas poderia naturalmente pensar que ficasse suspensa no ar ou voasse em direção ao céu. Podem ser coisas impossíveis de acontecer, mas concebíveis pelo intelecto.
Diz Hume: "O intelecto jamais poderá encontrar o efeito numa suposta causa, mesmo pelo mais acurado estudo e exame, porquanto o efeito difere radicalmente da causa, e por isso não pode de nenhum modo ser descoberto nela (...). Uma pedra ou um pedaço de metal erguido no ar e deixado sem nenhum apoio cai imediatamente; mas quem considera esse fato a priori poderá descobrir na situação alguma coisa que sugira a ideia de um movimento para baixo e não para cima, ou qualquer outro movimento na pedra ou no metal?"
Qual deve ser, então, o fundamento da causalidade e, assim, do conhecimento empírico? Para Hume, não há nenhum, a não ser o costume, o hábito que temos, pelo fato de inúmeras vezes termos visto, anteriormente, pedras caindo no solo e o Sol nascendo a cada manhã. Esperamos que aconteça sempre a mesma relação causal devido a uma crença, de cunho psicológico e subjetivo. Nunca podemos, portanto, ter certeza do que estamos dizendo a cerca de questões de fato.
 Logo, a nossa relação com a ciência e a tecnologia podem ser consideradas diferentes daquelas características dos tempos passados. Se antes os “leigos” aceitavam todo e qualquer parecer daqueles que se diziam especialistas, hoje, não é simplesmente uma abordagem de “aceitação”, pois já estamos condicionados, graças ao processo de globalização a estar constantemente buscando mais informações acerca de todos os temas que nos interessem. Um caso simples é o do vinho tinto, primordialmente, este era considerado prejudicial à saúde, assim como qualquer outra bebida alcoólica, mas graças a inconformidade que passamos a nos inserir, assim como os cientistas dessas áreas, foram feitos inúmeros estudos pautado nesse mesmo tema, até que foi descoberto que o vinho tinto é altamente benéfico para doenças cardíacas, mas como o mundo atual é incansável no quesito de novas buscas, mais uma vez estudiosos voltaram nesse mesmo tema, e é claro que o fato dos “costumes” não pode ser deixado de lado na hora de fazer o somatório de todas essas pesquisas, pois então, mais alguns anos passaram até que mais uma descoberta foi feita, esse efeito protetor só serve para pessoas com mais de 40 anos. Outro perfeito exemplo é uma das cenas do filme Capitão Fantástico (Captain Fantastic, 2016), estrelado por Vigo Mortensen, que vive Ben, um personagem que é pai de seis filhos. A família vive isolada no meio do mato, longe das cidades urbanas e da civilização. E é ele quem orienta e educa os filhos. E essa educação é de altíssimo nível intelectual. As crianças estudam livros de física quântica, filosofia e sociologia. Além disso, eles também aprendem técnicas de sobrevivência na selva, fazem exercícios físicos diários, tocam instrumentos musicais, praticam meditação, yoga e consomem alimentos providos direto da natureza. Nessa cena, o cunhado (Steve Zahn) oferece vinho, Ben repassa para seus filhos, dizendo que não faz mal pois trata-se de uma bebida digestivo e não deve ser considerada uma droga, como o crack, por exemplo.  “Quem sabe o que novo conjunto de descobertas vai revelar?” – página 41. 
 “Alguns dizem que a maneira mais eficiente de enfrentar o crescimento do risco fabricado é limitar a responsabilidade mediante a adoção do chamado “princípio do acautelamento” (...) O princípio do acautelamento, contudo, nem sempre é útil ou mesmo aplicável como forma de enfrentar problemas de risco e responsabilidade. O preceito de ‘permanecer próximo da natureza’, ou de limitar a inovação em vez de adotá-la, nem sempre pode ser aplicado. Isto porque o equilíbrio entre os benefícios e os perigos advindos do progresso cientifico e tecnológico, e também de outras formas de mudança social, é imponderável. (...) Os riscos envolvem algumas incógnitas – ou, se posso dizê-lo assim, incógnitas conhecidas, porque o mundo tem uma tendência pronunciada a nos surpreender.” – páginas 41-42. 
 “Outra possibilidade é que genes incorporados aos produtos agrícolas para torna-los mais resistentes a pestes possam ser propagar por outras plantas – criando “superpragas”. Isso, por sua vez, poderia representar uma ameaça para a biodiversidade no ambiente. Uma vez que a pressão para cultivar e consumir produtos agrícolas geneticamente modificados é em parte movida por interesses puramente comerciais, não seria sensato sujeitá-los a uma proibição global? Mesmo admitindo que essa proibição fosse viável, as coisas – como sempre – não são tão simples” – páginas 42-43.
Quanto mais a ciência e a tecnologia interferem na vida social, mais o homem percebe e admite a existência do risco e absorve o ‘princípio do acautelamento’, em que se sustenta a incerteza científica (a dúvida). Contudo, independente da aceitação ou não desse princípio, Giddens reconhece que a atualidade está cheia de perigos criados pelo próprio homem tão ameaçadores quanto os riscos naturais. Estes riscos fabricados podem atuar tanto em esfera global, quanto podem afetar os indivíduos mais diretamente, como as questões referentes à dieta, à medicina e ao casamento, redefinindo, de qualquer modo, todas as estruturas sociais.
Conclusão:
“Mas tampouco nós, como pessoas comuns, podemos ignorar esses novos riscos – ou esperar a chegada de provas cientificas conclusivas.” (O que talvez nunca aconteça). Nossa geração não é nem mais arriscada nem menos arriscada que as anteriores, porém vivemos em um equilíbrio de riscos mal balanceado, hoje grande parte dos riscos é acarretado por nós e saber dos riscos e debater sobre eles e tentar achar uma solução são atitudes amplamente necessárias na escala global, cada país precisa do outro para manter seu equilíbrio, e cabe a nós ser cautelosos ou não sobre o alarde dos riscos. “Finalmente, é impossível adotar simplesmente uma atitude negativa em relação ao risco. O risco sempre precisa ser disciplinado, mas a busca ativa do risco é um elemento essencial de uma economia dinâmica e de uma sociedade inovadora. Viver numa era global significa enfrentar uma diversidade de situações de risco. Com muita frequência podemos precisar ser ousados, e não cautelosos, e apoiar a inovação cientifica ou outras formas de mudança. Afinal, uma raiz do termo “risk” no original português significa “ousar”. – págs. 44-45
Bibliografia:
¹ DURKHEIM. As regras do método sociológico, p. 62.
² DURKHEIM. De la división del trabajo social, p. 89.
Tania Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira. Um Toque de Clássicos, p. 76.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200009
http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/download/188/184
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/camada_ozonio/http://www.adorocinema.com/filmes/filme-145083/
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-195540/
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-1791/
https://www.dicio.com.br/risco/ 
GIDDENS, ANTHONY. Mundo em Descontrole, o que a globalização está fazendo de nós - 6°edição, 2007. 
Mundo Educação. Acidente em Mariana (MG) e seus impactos ambientais. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/acidente-mariana-mg-seus-impactos-ambientais.htm Acesso em: 24 de junho de 2017.
David Hume e o empirismo britânico: O argumento cético que abalou a filosofia - comentários por José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação. 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/david-hume-e-o-empirismo-britanico-o-argumento-cetico-que-abalou-a-filosofia.htm
http://webartigos.com/artigos/mundo-em-descontrole-anthony-giddens-resenha/101331
https://www.blahcultural.com/critica-capitao-fantastico-e-a-utopia-do-sonho-hippie-dos-anos-2000/
http://webartigos.com/artigos/mundo-em-descontrole-anthony-giddens-resenha/101331

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