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Aula 09 Produtos estruturais 2015

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS - REVISÃO 
 
Todo o engenheiro deve ter um interesse vital nos materiais disponíveis para execução de suas 
obras. Do conhecimento do comportamento dos materiais depende o sucesso da obra de engenharia. O 
conhecimento do material intervém na possibilidade de escolha, e mesmo na sua correta aplicação, com 
isenção de falhas. Alguns projetos são viabilizados graças ao desenvolvimento de novos materiais que 
ampliem as possibilidades de utilização, como ocorreu no passado com a invenção do cimento Portland e 
dos plásticos reforçados. 
 
Comportamento em serviço 
 
Um material na forma de um produto acabado possui um conjunto de propriedades - resistência, dureza, 
condutividade, densidade, cor, etc. - escolhidas para atender as exigências do projeto. Ele manterá estas 
propriedades indefinidamente, desde que não haja mudança em sua estrutura interna. Entretanto, se o 
produto for submetido a uma condição de serviço capaz de alterar sua estrutura interna, devemos esperar 
que as propriedades e o comportamento do material mudem correspondentemente. 
 
Comportamento Físico e Mecânico dos Materiais 
 
Todo o material, quando submetido a um carregamento externo sofre deformação. Estas 
deformações acontecem tanto no sentido da aplicação da carga quanto no sentido transversal. 
Elas podem ser reversíveis, isto é, quando a carga é removida o material volta ao tamanho inicial, ou 
irreversíveis. Sempre ocorre uma deformação instantânea e, dependendo do material, pode ocorrer 
uma a longo prazo. 
Vários fatores influenciam a magnitude da deformação frente a um determinado nível de 
carregamento. A temperatura é muito importante para os metais e a umidade é importante para os 
materiais porosos a base de cimento e seus derivados. 
A deformação é usualmente expressa na forma de deformação específica, ou seja, variação 
dimensional causada pelo carregamento dividida pelo comprimento inicial (sem carregamento). 
 
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Exercício 1: Uma base de medida de 50 mm é adotada num fio de cobre. O fio é tracionado até que as 
marcas da base de medida assumam a distância de 59 mm. Calcule a deformação. 
Cálculo: 
 
 
 
 
 
 
 
O conceito de tensão é fundamental na engenharia. Ela é definida como a relação entre a carga ou 
força aplicada (F) e a área resistente (F/L2, kgf/cm2, N/m2=Pa, MPa). A tensão máxima que o material 
suporta em determinadas condições de carregamento é uma característica importante de cada material. Já 
a carga que determinada peça suporta depende tanto do material quanto da sua geometria, ou seja, a 
área resistente. 
Simplificando, o problema do dimensionamento estrutural consiste na definição das áreas 
resistentes capazes de resistir a uma determinada força. 
Exercício 2: Qual a peça que está submetida à maior tensão: (a) uma barra de alumínio de 24,6 mm x 30,7 
mm de seção transversal, sob ação de uma carga de 75.000 N, ou (b) uma barra circular de aço com 
diâmetro de 12,8 mm, sob ação de uma carga de 49.000 N. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comportamento mecânico – definições importantes: 
Resistência: é uma medida do nível de tensão requerido para fazer com que o material seja rompido. 
Ductilidade: identifica a quantidade de deformação relativa permanente anterior à fratura 
Tenacidade se refere ao total de energia absorvida por um material durante a solicitação que o levou a 
ruptura. 
O engenheiro projetista elabora várias especificações para estas propriedades mecânicas. Pode 
prescrever uma alta resistência, como por exemplo em aços para tubulações. Pode também querer alta 
ductilidade visando o aumento da tenacidade. Uma vez que as duas (resistência e ductilidade) tendem a 
ser incompatíveis, o engenheiro terá sempre que fazer um balanço entre as duas visando a otimização das 
especificações. Há vários modos de definir resistência e ductilidade. Por exemplo, uma barra de aço pode 
deve ser considerada em colapso quando dobrada, ou apenas no caso em que, sendo dobrada, realmente 
atingir a fratura? A reposta, é lógico, depende das exigências do projeto de engenharia, mas o contraste 
nos mostra a vantagem de identificar pelo menos duas resistências – uma para o escoamento inicial, e 
outra para a máxima carga que um material pode suportar. 
 
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Os materiais frágeis: possuem pouco ou nenhum escoamento. Exemplo: concreto 
A descoberta da elasticidade foi extremamente importante na engenharia. A deformação elástica é 
instantânea, reversível e causa variação do volume. Um esforço de compreensão provoca um aumento no 
volume, enquanto que um esforço de compressão provoca uma diminuição do volume da peça. Ela ocorre 
pela deformação dos átomos em resposta ao esforço aplicado. Retirada a carga, os átomos retornam a 
sua posição de repouso. A deformação elástica pode ser linear (isto é, a deformação é proporcional a 
tensão aplicada) ou não linear. 
 
Segundo a Lei de Hook, a deformação é proporcional a tensão. Na prática isto ocorre limitadamente, pois 
nem sempre a elasticidade é linear. O módulo de elasticidade é a constante de proporcionalidade entre a 
tensão e a deformação. Sua unidade é (FL-2)/(LL-1), ou seja N/m2, MPa. 
O comportamento elástico linear segue a Lei de Hook. Muitos materiais podem se comportar desta 
maneira sob baixa carga. O comportamento elástico linear é comum. 
 
No regime elástico além da deformação no sentido de aplicação de carga ocorre uma deformação 
no sentido transversal. A relação entre estas duas deformações é denominada de coeficiente de Poisson. 
Para um material isotrópico o valor teórico é 0,25. 
 
Inicialmente os materiais apresentam deformação elástica. No entanto, acima de um determinado 
valor começam a ocorrer escorregamento entre os átomos do material. Estes escorregamentos dão 
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origem a deformação plástica. Como a deformação não se dá por deformação das ligações interatômicas, 
não existe variação de volume. 
Como ocorre uma mudança na posição relativa dos átomos da estrutura, as deformações são 
irreversíveis, isto é, com a retirada do carregamento a parcela de deformação plástica possui inúmeros 
empregos na produção de componentes metálicos na engenharia, como chapa dobrada, fios, etc. 
 
Enquanto as deformações plásticas e elásticas ocorrem simultaneamente a aplicação da carga em 
todos os materiais, alguns materiais usados na engenharia civil podem sofrer uma deformação adicional 
se o carregamento for mantido por tempo suficientemente longo. Trata-se da deformação lenta. Ela possui 
dois componentes: um componente elástico – dito anelástico – e um componente viscoso, denominado 
fluência. Esta deformação não implica em aumento de volume. 
A magnitude da deformação lenta depende de vários fatores, dentre eles da intensidade do 
carregamento, do período de tempo a que o material está submetido ao carregamento, da temperatura e, 
para alguns materiais porosos e higroscópicos, da umidade do ambiente. 
Os sólidos amorfos eos fluidos têm fluência mais acentuada. O concreto, mesmo armado, os 
vidros e os asfaltos são materiais que apresentam significativa deformação lente a temperatura ambiente. 
A relaxação é a perda de tensão quando um material está submetido a deformação constante. O 
mecanismo é exatamente o mesmo que ocorre na fluência. Este fenômeno é grave em aços para 
protensão, que possuem tratamentos especiais para controlar o problema. No caso de argamassas de 
revestimento, a relaxação evita que apareçam fissura durante o processo de secagem. 
 
Exercício 3: Se o módulo de elasticidade médio de um aço é 205.000 MPa, de quanto será 
estendido um fio de aço com diâmetro de 2,5 mm e comprimento inicial de 3 metros ao suportar uma carga 
de 4900 N? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O fenômeno conjunto de deformação elástica instantânea e de relaxação a longo prazo pode ser 
simulado por um mecanismo que combina uma mola e um pistão com um ponto de vazamento. 
Pressionando-se a mola instantaneamente ela se deforma elasticamente. Se mantivermos fixo o 
comprimento do sistema mola+pistão, o fluido lentamente vai escoando pelo orifício do pistão, e a tensão 
na mola vai diminuindo a medida que ela se alonga para compensar o vazamento do líquido. Este 
mecanismo de expulsão da água é fundamental na relaxação (e fluência) dos concretos. 
Os materiais também sofrem fadiga quando submetidos a esforços cíclicos, tais como ocorre em 
ponte, equipamentos mecânicos, etc. Ela afeta o concreto, polímeros, metais e cerâmica (exceto as 
vítreas). 
Sob fadiga, um material rompe, embora seja submetido a tensões muito inferiores a sua tensão de 
ruptura. Este fenômeno ocorre devido a formação e propagação de defeitos (microfissuras), que a cada 
ciclo de carga aumentam de tamanho, reduzindo a secção resistente e aumentando a tensão atuante. Nos 
metais estes defeitos iniciam, via de regra, pela superfície, daí a importância do acabamento superficial 
das peças metálicas. 
Quanto menor for a intensidade das cargas repetitivas, maior número de ciclos de carregamento o 
material pode resistir. Alguns materiais possuem uma tensão limite de fadiga, abaixo da qual não 
apresentam fadiga. Este é o caso dos metais. Já os polímeros apresentam fadiga independente do nível 
de tensão. 
 
Um impacto é definido como uma carga de curtíssima duração, instantânea. Nesta situação, a 
velocidade com que as fissuras se propagam é decisiva para a ruptura ou não da peça. A resistência à 
impacto pode ser definida como a capacidade de um material absorver energia, tanto por deformação 
plástica, como por deformação elástica. 
 
Produtos de aço para estruturas de concreto e alvenaria 
 
A norma que regulamenta e especifica a produção de barras e fios de aço é a ABNT NBR 7480 – Barras e 
Fios de Aço destinados a Armaduras para Concreto Armado: versão 1996. As barras e fios destinados a 
Armaduras para Concreto Armado (CA25, CA50 e CA60) possuem, normalmente, um teor de Carbono 
entre 0,08% e 0,50%. O termo CA é uma abreviatura de Concreto Armado. Na norma, barras são produtos 
obtidos por Laminação a Quente, com diâmetro nominal de 5,0 mm ou superior. Portanto, CA25 e CA50 
são denominados BARRAS. Os fios são produtos de diâmetro nominal inferior a 10 mm obtidos por 
Trefilação ou Laminação a frio. Todo o CA60 é denominado FIO. 
 
Vantagens e desvantagens das armaduras soldadas x armaduras amarradas 
 
Principais vantagens: 
 maior produtividade da mão de obra; 
 custos menores dos insumos de soldagem em relação ao custo do arame recozido; 
 não necessidade de soldagem de 100% dos pontos de interseção (em alguns casos, basta soldar 
cerca de 50% a 70% dos pontos); 
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 maior rigidez das peças e, portanto, maior facilidade de manuseio; 
 melhor controle dos espaçamentos dos estribos; 
 racionalização do canteiro de obras, com a disponibilização dos espaços destinados à montagem 
de armaduras: as entregas das armaduras pelas centrais de Corte e Dobra é feita parceladamente, 
à medida que a obra avança; 
 maior rapidez na execução da obra. 
Principais desvantagens: 
 baixa densidade de carga no transporte, ou seja, não aproveitamento da capacidade total, em 
peso, do veículo de transporte; 
 necessidade de planejamento da soldagem: algumas armaduras ou barras de determinadas 
armaduras ou mesmo alguns pontos de cruzamento ou pontos de interseção de barras, em razão 
de dificuldades operacionais durante a montagem final na forma, não devem ser soldados; 
 necessidade, em algumas obras, de equipamentos especiais, gruas, guinchos, etc., para 
descarregamento e/ou içamento das armaduras; 
 a soldagem de armaduras não é recomendada, por alguns calculistas brasileiros, nos casos em 
que a estrutura é submetida a cargas dinâmicas que podem provocar fratura do aço por fadiga na 
região da solda. Essas situações, entretanto, são em geral raras. 
 
 
Aços para concreto protendido 
 
O concreto tem pequena resistência à tração, da ordem de 10% de resistência à compressão. Sendo o 
concreto um material de propriedades tão diferentes a compressão e a tração, o seu comportamento pode 
ser melhorado aplicando-se compressão prévia (isto é, protensão) nas regiões onde as solicitações 
produzem tensões de tração. 
A utilização de aços de elevada resistência, como armaduras de concreto armado, fica limitada pela 
fissuração do concreto. O artifício da protensão, aplicado ao concreto, consiste em introduzir na viga 
esforços prévios que reduzam ou anulem as tensões de tração no concreto sob ação das solicitações em 
serviço. Nessas condições minimiza-se a importância da fissuração como condição determinante de 
dimensionamento da viga. 
A protensão do concreto é realizada, na prática, por meio de cabos de aço de alta resistência, tracionados 
e ancorados no próprio concreto. O artifício da protensão desloca a faixa de trabalho do concreto para o 
âmbito das compressões, onde o material é mais eficiente. Com a protensão, aplicam-se tensões de 
compressão nas partes da seção tracionadas pelas solicitações dos carregamentos. Desse modo, pela 
manipulação das tensões internas, pode-se obter a contribuição da área total da seção da viga para a 
inércia da mesma. Sob ação de cargas, uma viga protendida sofre flexão, alterando-se as tensões de 
compressão aplicadas previamente. Quando a carga é retirada, a viga volta à sua posição original e as 
tensões prévias são restabelecidas. Se as tensões de tração provocadas pelas cargas forem inferiores às 
tensões prévias de compressão, a seção continuará comprimida, não sofrendo fissuração. Sob ação de 
cargas mais elevadas, as tensões de tração ultrapassam as tensões prévias, de modo que o concreto fica 
tracionado e fissura. Retirando-se a carga, a protensão provoca o fechamento das fissuras. 
 
Vantagens do concreto protendido 
 
As resistências de concreto, utilizadas em concreto protendido, são duas a três vezes maiores que as 
utilizadas em concreto armado. Os aços utilizados nos cabos de protensão têm resistência três a cinco 
vezes superiores às dos aços usuais do concreto armado. O sentido econômico do concreto protendido 
consiste no fato de que os aumentos percentuais de preço são muito inferiores aos acréscimos de 
resistência utilizáveis, tanto para o concreto como para o aço de protensão. 
Em relação ao concreto armado, o concreto protendido apresenta asseguintes vantagens técnicas: 
 Reduz as tensões de tração provocadas pela flexão e pelos esforços cortantes. 
 Reduz a incidência de fissuras. 
 Reduz as quantidades necessárias de concreto e de aço, devido ao emprego eficiente de materiais 
de maior resistência. 
 Permite vencer vãos maiores que o concreto armado convencional; para o mesmo vão, permite 
reduzir a altura necessária da viga. 
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 Facilita o emprego generalizado de pré-moldagem, uma vez que a protensão elimina a fissuração 
durante o transporte das peças. 
 Durante a operação de protensão, o concreto e o aço são submetidos a tensões em geral 
superiores às que poderão ocorrer na viga sujeita às cargas de serviço. A operação de protensão 
constituído, neste caso, uma espécie de prova de carga da viga. 
 Uma das vantagens mais importantes do concreto protendido é a da alínea d acima. Para ilustrá-la 
pode-se criar o fato de que as pontes com vigas retas de concreto armado têm seu vão livre 
limitado a 30m ou 40m, enquanto as pontes com vigas protendidas já atingiram vãos de 250m. 
 
Matéria-prima e fabricação 
 
As cordoalhas e fios para concreto protendido têm sua origem em fio-máquina produzido com matéria 
prima especial, com baixíssimos níveis de impurezas. Outra característica principal do aço para protensão 
que o destaca fundamentalmente dos demais aços destinados às estruturas de concreto é a sua 
composição química, onde o elemento mais diferente e elevado é o carbono (0,80 a 0,85%), o qual 
confere ao aço inicialmente uma grande resistência. 
 
 
Aplicações 
 
Em lajes e vigas de edifícios residenciais e comerciais, barragens (viga de munhão das 
comportas); pontes e viadutos (aduelas, caixão perdido, vigas e transversinas, balanços 
sucessivos etc.); aeroportos (pistas, pátios de estacionamento, hangares etc.); portos (caixões 
flutuantes, cais de atracação, diques secos, plataformas marítimas de petróleo etc.); piscinas, 
estações de tratamento de esgotos, reservatórios (elevados e apoiados no solo), silos, radiers, 
pisos industriais etc.; tirantes de contenção provisórios e definitivos, em solo ou rocha; pisos 
Industriais e Comerciais; recuperação de Estruturas; galpões (vigas, lajes e telhas para cobertura 
de grandes vãos). 
 
Cordoalha especial para pontes estaiadas 
 
As pontes estaiadas (Figura 1) têm seus tabuleiros suspensos por cabos inclinados compostos por número 
variado de cordoalhas especiais, desenvolvidas para suportar ensaio individual de fadiga a 2.000.000 de 
ciclos. Recebem também três camadas de proteção contra a corrosão: galvanização a fogo, cera de 
petróleo e camada de 2 mm de polietileno de alta densidade (PEAD). 
 
Figura 1: Utilização de Cordoalha Estaiada na Rodovia dos Imigrantes – SP 
 
Treliças metálicas 
 
Introdução 
 
O sistema de lajes com treliças metálicas, comumente chamadas de lajes treliçadas, surgiu e teve larga 
utilização a partir da Segunda Guerra Mundial. Foi criado para superar algumas deficiências que as lajes 
pré-moldadas convencionais apresentavam e muito contribuiu na reconstrução dos países destruídos pela 
guerra. Hoje, essas lajes respondem por uma grande fatia dentre as opções dos pavimentos, 
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principalmente na Itália e na Espanha. No Brasil, a difusão e o crescimento do uso de lajes treliçadas se 
deram no início da década de 90. Hoje, temos as mais variadas opções em projetar lajes treliçadas, 
podendo ser formadas por vigotas ou painéis, maciças ou nervuradas, unidirecionais ou bidirecionais. 
 
Definição 
 
A treliça metálica, comumente chamada de armação treliçada, é uma estrutura formada por sistema de 
eletrofusão (caldeamento), de modo a formar duas treliças unidas pelo vértice. As diagonais proporcionam 
rigidez ao conjunto e excelentes condições de transporte e manuseio. São confeccionadas com fios CA-
60, trefilado ou laminado a frio, com baixo teor de carbono e, portanto, soldáveis, podendo a armadura ser 
lisa ou nervurada. A tendência é a utilização dos fios nervurados. 
Pode também ser utilizado o aço CA-50 a partir de diâmetro 12,5 mm, mas não é comumente utilizado ou 
encontrado no mercado. 
 
Figura 2: Funcionamento de uma laje 
 
Principais vantagens da utilização das lajes treliçadas: 
 Redução ou até mesmo à eliminação dos escoramentos, proporcionando economia de tempo, mão 
de obra e materiais. 
 Redução da possibilidade do aparecimento de fissuras, pois há maior aderência entre as vigotas e 
o concreto do capeamento (concreto moldado no local) em função do processo de fabricação, da 
geometria e da presença da armação treliçada, como pode ser visto na Figura 3. 
 
Figura 3 – Seções transversais típicas com vigota convencional e vigota treliçada. 
 Maior resistência ao cisalhamento devido à presença das diagonais que exercem a função de 
estribos. 
 Redução do número de vigas e pilares, maiores vãos e alvenarias dispostas diretamente à laje. 
 Adaptam-se muito bem a qualquer sistema construtivo: estrutura de concreto armado, alvenaria 
estrutural, estrutura metálica, lajes planas com ou sem capitéis. 
 
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Figura 4: Esquema de laje pré-fabricada de concreto utilizando treliçadas nervuradas 
 
 
Treliça metálica com função de espaçador 
 
A partir da década de 90, temos acompanhado o conceito de qualidade dos pisos industriais. A 
necessidade de qualidade quanto às características de capacidade suporte, planicidade, nivelamento e 
resistência ao desgaste tem sido cada vez mais considerada. Um dos fatores de sucesso de projeto e 
execução dos pisos industriais é o correto posicionamento não só das armaduras, que combatem à 
retração e resistem aos esforços solicitantes, geralmente em forma de telas soldadas, como também das 
barras de transferência. 
 
Telas soldadas nervuradas 
 
Definição: Tela soldada é uma armadura pré-fabricada, destinada a armar concreto, em forma de rede de 
malhas, constituída de fios de aço CA60 Nervurados longitudinais e transversais, sobrepostos e soldados 
em todos os pontos de contato (nós), por resistência elétrica (caldeamento), formando malhas quadradas 
ou retangulares. 
 
Figura 5: Produção de tela soldada – soldagem por caldeamento 
 
A tela soldada é produzida a partir do fio máquina, com baixo teor de carbono, submetido ao processo de 
trefilação, no qual, na prática, ocorrerá o encruamento a frio do aço, tornando-o mais resistente, como 
mostra a Figura 6. O encruamento total é feito por etapas, ou seja, reduções sucessivas no diâmetro do fio 
máquina. 
 
Figura 6: Esquema de trefilação 
 
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Características geométricas 
 
As bitolas dos fios CA-60 empregados nas telas soldadas vão desde 3,4 mm até 12,0 mm, com grande 
quantidade de valores intermediários. A nomenclatura dos elementos de uma tela soldada consta da 
Figura 7. 
 
Figura 7: Desenho esquemático das telas soldadas 
 
Largura – em metro (m), corresponde ao comprimento total do fio transversal com relação ao sentido de 
fabricação. 
Comprimento – em metro (m), corresponde ao comprimento total do fio longitudinal com relação ao 
sentido de fabricação. 
Espaçamento Longitudinal – em centímetro (cm), é a distância medida entre os eixos de dois fioslongitudinais. 
Espaçamento Transversal – em centímetro (cm), é a distância medida entre os eixos de dois fios 
transversais. 
Franja Longitudinal – em centímetro (cm), é a extremidade que sobra após o último fio transversal 
soldado, com comprimento igual à metade do espaçamento transversal. 
Franja Transversal – em centímetro (cm), é a extremidade que sobra após o último fio longitudinal 
soldado, com comprimento igual a 2,5 cm. 
Malha – em centímetro (cm), é a figura geométrica (retângulo ou quadrado) formada pela interseção de 
pares de fios ortogonais. 
 
Quando as telas possuírem malhas quadradas, os fios e espaçamentos e, portanto, suas áreas de aço 
serão idênticas nas duas direções, e a designação da tela receberá no início de seu nome a letra “Q”. 
Quando as telas possuírem malhas retangulares, haverá duas situações: ou ela terá maior concentração 
de fios na direção transversal na proporção de três vezes a mais que na direção longitudinal, recebendo 
no início do seu nome a letra “T”, ou ela terá maior concentração de fios na direção longitudinal nas 
proporções de três vezes, duas vezes ou uma vez e meia a mais que na direção transversal, recebendo no 
início do seu nome, respectivamente, as letras “L”, “M” e “R”. 
As telas soldadas também poderão ser produzidas com tamanhos, fios e espaçamentos diferenciados 
para atender a situações isoladas de grandes obras que envolvam expressivos volumes de aço. Essas 
telas são consideradas especiais e são identificadas com a letra “E” antecedendo as letras “Q”, “T”, “L”, 
“M” e “R”. Exemplo: “EQ138”. Para completar a designação das telas é utilizada uma numeração que 
exprime a área de aço expressa em mm²/m. 
 
Fornecimento 
 
As telas soldadas são fornecidas em rolo ou painel e se dividem em duas categorias: telas padronizadas e 
telas não padronizadas (sob projeto). As telas padronizadas possuem a largura de 2,45 m. O seu 
comprimento varia em função do fornecimento, podendo ser em rolos de 60 m e 120 m e painel de 6 m. 
As telas não padronizadas, também conhecidas como “especiais”, são produzidas com 
características específicas, levando-se em conta as necessidades do projeto com relação às suas 
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dimensões (largura / comprimento), relação entre as áreas de aço (principal / secundária), 
espaçamento entre fios (longitudinal / transversal) e comprimento das franjas (longitudinal / 
transversal). 
 
Principais utilizações 
 
O uso de telas soldadas constitui solução prática e rápida na etapa de armação das lajes de edifícios, 
pisos, pontes, tubos de seções circulares e retangulares. Em lajes de edifícios, sua utilização permite 
ganho de tempo para as obras em até um dia no ciclo de concretagem das lajes, otimizando a mão de 
obra dessa etapa, e reduz o prazo de entrega do empreendimento, resultando em economia de custos 
diretos dos canteiros de obras. 
(a) (b) 
Figura 8: Aplicação da Tela soldada em (a) lajes e (b) para fabricação de tubos 
 
Steel deck (laje mista com forma metálica) 
 
Laje composta por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto. O aço, excelente material 
para trabalhar a tração, é utilizado no formato de uma telha trapezoidal que serve como fôrma para 
concreto durante a concretagem e como armadura positiva para as cargas de serviço. 
 
 
Figura 9: Esquema de uma laje mista com forma metálica (Steel Deck) 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ISAIA, G. C. (Editor). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. Vol. 2. 
São Paulo: IBRACON, 2007. 
LIMA, F. Apostila de materiais de construção I 
VAN VLACK, L. H. Princípios de ciência dos materiais. São Paulo: Edgard Blücher, 1970. 
Site da empresa Arcelor Mittal Brasil. Disponível em: 
<http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/belgo_50_soldavel/belgo_50_soldavel.asp> 
<http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/telas_soldadas_nervuradas/telas_soldadas_nervurada
s.asp> 
<http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/telas_soldadas_nervuradas_para_tubos/telas_soldada
s_nervuradas_para_tubos.asp> 
<http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/fios_cordoalhas/fios_cordoalhas.asp 
>. Acesso em 05/03/2013.

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