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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 1 de 11 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS - REVISÃO Todo o engenheiro deve ter um interesse vital nos materiais disponíveis para execução de suas obras. Do conhecimento do comportamento dos materiais depende o sucesso da obra de engenharia. O conhecimento do material intervém na possibilidade de escolha, e mesmo na sua correta aplicação, com isenção de falhas. Alguns projetos são viabilizados graças ao desenvolvimento de novos materiais que ampliem as possibilidades de utilização, como ocorreu no passado com a invenção do cimento Portland e dos plásticos reforçados. Comportamento em serviço Um material na forma de um produto acabado possui um conjunto de propriedades - resistência, dureza, condutividade, densidade, cor, etc. - escolhidas para atender as exigências do projeto. Ele manterá estas propriedades indefinidamente, desde que não haja mudança em sua estrutura interna. Entretanto, se o produto for submetido a uma condição de serviço capaz de alterar sua estrutura interna, devemos esperar que as propriedades e o comportamento do material mudem correspondentemente. Comportamento Físico e Mecânico dos Materiais Todo o material, quando submetido a um carregamento externo sofre deformação. Estas deformações acontecem tanto no sentido da aplicação da carga quanto no sentido transversal. Elas podem ser reversíveis, isto é, quando a carga é removida o material volta ao tamanho inicial, ou irreversíveis. Sempre ocorre uma deformação instantânea e, dependendo do material, pode ocorrer uma a longo prazo. Vários fatores influenciam a magnitude da deformação frente a um determinado nível de carregamento. A temperatura é muito importante para os metais e a umidade é importante para os materiais porosos a base de cimento e seus derivados. A deformação é usualmente expressa na forma de deformação específica, ou seja, variação dimensional causada pelo carregamento dividida pelo comprimento inicial (sem carregamento). MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 2 de 11 Exercício 1: Uma base de medida de 50 mm é adotada num fio de cobre. O fio é tracionado até que as marcas da base de medida assumam a distância de 59 mm. Calcule a deformação. Cálculo: O conceito de tensão é fundamental na engenharia. Ela é definida como a relação entre a carga ou força aplicada (F) e a área resistente (F/L2, kgf/cm2, N/m2=Pa, MPa). A tensão máxima que o material suporta em determinadas condições de carregamento é uma característica importante de cada material. Já a carga que determinada peça suporta depende tanto do material quanto da sua geometria, ou seja, a área resistente. Simplificando, o problema do dimensionamento estrutural consiste na definição das áreas resistentes capazes de resistir a uma determinada força. Exercício 2: Qual a peça que está submetida à maior tensão: (a) uma barra de alumínio de 24,6 mm x 30,7 mm de seção transversal, sob ação de uma carga de 75.000 N, ou (b) uma barra circular de aço com diâmetro de 12,8 mm, sob ação de uma carga de 49.000 N. Comportamento mecânico – definições importantes: Resistência: é uma medida do nível de tensão requerido para fazer com que o material seja rompido. Ductilidade: identifica a quantidade de deformação relativa permanente anterior à fratura Tenacidade se refere ao total de energia absorvida por um material durante a solicitação que o levou a ruptura. O engenheiro projetista elabora várias especificações para estas propriedades mecânicas. Pode prescrever uma alta resistência, como por exemplo em aços para tubulações. Pode também querer alta ductilidade visando o aumento da tenacidade. Uma vez que as duas (resistência e ductilidade) tendem a ser incompatíveis, o engenheiro terá sempre que fazer um balanço entre as duas visando a otimização das especificações. Há vários modos de definir resistência e ductilidade. Por exemplo, uma barra de aço pode deve ser considerada em colapso quando dobrada, ou apenas no caso em que, sendo dobrada, realmente atingir a fratura? A reposta, é lógico, depende das exigências do projeto de engenharia, mas o contraste nos mostra a vantagem de identificar pelo menos duas resistências – uma para o escoamento inicial, e outra para a máxima carga que um material pode suportar. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 3 de 11 Os materiais frágeis: possuem pouco ou nenhum escoamento. Exemplo: concreto A descoberta da elasticidade foi extremamente importante na engenharia. A deformação elástica é instantânea, reversível e causa variação do volume. Um esforço de compreensão provoca um aumento no volume, enquanto que um esforço de compressão provoca uma diminuição do volume da peça. Ela ocorre pela deformação dos átomos em resposta ao esforço aplicado. Retirada a carga, os átomos retornam a sua posição de repouso. A deformação elástica pode ser linear (isto é, a deformação é proporcional a tensão aplicada) ou não linear. Segundo a Lei de Hook, a deformação é proporcional a tensão. Na prática isto ocorre limitadamente, pois nem sempre a elasticidade é linear. O módulo de elasticidade é a constante de proporcionalidade entre a tensão e a deformação. Sua unidade é (FL-2)/(LL-1), ou seja N/m2, MPa. O comportamento elástico linear segue a Lei de Hook. Muitos materiais podem se comportar desta maneira sob baixa carga. O comportamento elástico linear é comum. No regime elástico além da deformação no sentido de aplicação de carga ocorre uma deformação no sentido transversal. A relação entre estas duas deformações é denominada de coeficiente de Poisson. Para um material isotrópico o valor teórico é 0,25. Inicialmente os materiais apresentam deformação elástica. No entanto, acima de um determinado valor começam a ocorrer escorregamento entre os átomos do material. Estes escorregamentos dão MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 4 de 11 origem a deformação plástica. Como a deformação não se dá por deformação das ligações interatômicas, não existe variação de volume. Como ocorre uma mudança na posição relativa dos átomos da estrutura, as deformações são irreversíveis, isto é, com a retirada do carregamento a parcela de deformação plástica possui inúmeros empregos na produção de componentes metálicos na engenharia, como chapa dobrada, fios, etc. Enquanto as deformações plásticas e elásticas ocorrem simultaneamente a aplicação da carga em todos os materiais, alguns materiais usados na engenharia civil podem sofrer uma deformação adicional se o carregamento for mantido por tempo suficientemente longo. Trata-se da deformação lenta. Ela possui dois componentes: um componente elástico – dito anelástico – e um componente viscoso, denominado fluência. Esta deformação não implica em aumento de volume. A magnitude da deformação lenta depende de vários fatores, dentre eles da intensidade do carregamento, do período de tempo a que o material está submetido ao carregamento, da temperatura e, para alguns materiais porosos e higroscópicos, da umidade do ambiente. Os sólidos amorfos eos fluidos têm fluência mais acentuada. O concreto, mesmo armado, os vidros e os asfaltos são materiais que apresentam significativa deformação lente a temperatura ambiente. A relaxação é a perda de tensão quando um material está submetido a deformação constante. O mecanismo é exatamente o mesmo que ocorre na fluência. Este fenômeno é grave em aços para protensão, que possuem tratamentos especiais para controlar o problema. No caso de argamassas de revestimento, a relaxação evita que apareçam fissura durante o processo de secagem. Exercício 3: Se o módulo de elasticidade médio de um aço é 205.000 MPa, de quanto será estendido um fio de aço com diâmetro de 2,5 mm e comprimento inicial de 3 metros ao suportar uma carga de 4900 N? MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 5 de 11 O fenômeno conjunto de deformação elástica instantânea e de relaxação a longo prazo pode ser simulado por um mecanismo que combina uma mola e um pistão com um ponto de vazamento. Pressionando-se a mola instantaneamente ela se deforma elasticamente. Se mantivermos fixo o comprimento do sistema mola+pistão, o fluido lentamente vai escoando pelo orifício do pistão, e a tensão na mola vai diminuindo a medida que ela se alonga para compensar o vazamento do líquido. Este mecanismo de expulsão da água é fundamental na relaxação (e fluência) dos concretos. Os materiais também sofrem fadiga quando submetidos a esforços cíclicos, tais como ocorre em ponte, equipamentos mecânicos, etc. Ela afeta o concreto, polímeros, metais e cerâmica (exceto as vítreas). Sob fadiga, um material rompe, embora seja submetido a tensões muito inferiores a sua tensão de ruptura. Este fenômeno ocorre devido a formação e propagação de defeitos (microfissuras), que a cada ciclo de carga aumentam de tamanho, reduzindo a secção resistente e aumentando a tensão atuante. Nos metais estes defeitos iniciam, via de regra, pela superfície, daí a importância do acabamento superficial das peças metálicas. Quanto menor for a intensidade das cargas repetitivas, maior número de ciclos de carregamento o material pode resistir. Alguns materiais possuem uma tensão limite de fadiga, abaixo da qual não apresentam fadiga. Este é o caso dos metais. Já os polímeros apresentam fadiga independente do nível de tensão. Um impacto é definido como uma carga de curtíssima duração, instantânea. Nesta situação, a velocidade com que as fissuras se propagam é decisiva para a ruptura ou não da peça. A resistência à impacto pode ser definida como a capacidade de um material absorver energia, tanto por deformação plástica, como por deformação elástica. Produtos de aço para estruturas de concreto e alvenaria A norma que regulamenta e especifica a produção de barras e fios de aço é a ABNT NBR 7480 – Barras e Fios de Aço destinados a Armaduras para Concreto Armado: versão 1996. As barras e fios destinados a Armaduras para Concreto Armado (CA25, CA50 e CA60) possuem, normalmente, um teor de Carbono entre 0,08% e 0,50%. O termo CA é uma abreviatura de Concreto Armado. Na norma, barras são produtos obtidos por Laminação a Quente, com diâmetro nominal de 5,0 mm ou superior. Portanto, CA25 e CA50 são denominados BARRAS. Os fios são produtos de diâmetro nominal inferior a 10 mm obtidos por Trefilação ou Laminação a frio. Todo o CA60 é denominado FIO. Vantagens e desvantagens das armaduras soldadas x armaduras amarradas Principais vantagens: maior produtividade da mão de obra; custos menores dos insumos de soldagem em relação ao custo do arame recozido; não necessidade de soldagem de 100% dos pontos de interseção (em alguns casos, basta soldar cerca de 50% a 70% dos pontos); MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 6 de 11 maior rigidez das peças e, portanto, maior facilidade de manuseio; melhor controle dos espaçamentos dos estribos; racionalização do canteiro de obras, com a disponibilização dos espaços destinados à montagem de armaduras: as entregas das armaduras pelas centrais de Corte e Dobra é feita parceladamente, à medida que a obra avança; maior rapidez na execução da obra. Principais desvantagens: baixa densidade de carga no transporte, ou seja, não aproveitamento da capacidade total, em peso, do veículo de transporte; necessidade de planejamento da soldagem: algumas armaduras ou barras de determinadas armaduras ou mesmo alguns pontos de cruzamento ou pontos de interseção de barras, em razão de dificuldades operacionais durante a montagem final na forma, não devem ser soldados; necessidade, em algumas obras, de equipamentos especiais, gruas, guinchos, etc., para descarregamento e/ou içamento das armaduras; a soldagem de armaduras não é recomendada, por alguns calculistas brasileiros, nos casos em que a estrutura é submetida a cargas dinâmicas que podem provocar fratura do aço por fadiga na região da solda. Essas situações, entretanto, são em geral raras. Aços para concreto protendido O concreto tem pequena resistência à tração, da ordem de 10% de resistência à compressão. Sendo o concreto um material de propriedades tão diferentes a compressão e a tração, o seu comportamento pode ser melhorado aplicando-se compressão prévia (isto é, protensão) nas regiões onde as solicitações produzem tensões de tração. A utilização de aços de elevada resistência, como armaduras de concreto armado, fica limitada pela fissuração do concreto. O artifício da protensão, aplicado ao concreto, consiste em introduzir na viga esforços prévios que reduzam ou anulem as tensões de tração no concreto sob ação das solicitações em serviço. Nessas condições minimiza-se a importância da fissuração como condição determinante de dimensionamento da viga. A protensão do concreto é realizada, na prática, por meio de cabos de aço de alta resistência, tracionados e ancorados no próprio concreto. O artifício da protensão desloca a faixa de trabalho do concreto para o âmbito das compressões, onde o material é mais eficiente. Com a protensão, aplicam-se tensões de compressão nas partes da seção tracionadas pelas solicitações dos carregamentos. Desse modo, pela manipulação das tensões internas, pode-se obter a contribuição da área total da seção da viga para a inércia da mesma. Sob ação de cargas, uma viga protendida sofre flexão, alterando-se as tensões de compressão aplicadas previamente. Quando a carga é retirada, a viga volta à sua posição original e as tensões prévias são restabelecidas. Se as tensões de tração provocadas pelas cargas forem inferiores às tensões prévias de compressão, a seção continuará comprimida, não sofrendo fissuração. Sob ação de cargas mais elevadas, as tensões de tração ultrapassam as tensões prévias, de modo que o concreto fica tracionado e fissura. Retirando-se a carga, a protensão provoca o fechamento das fissuras. Vantagens do concreto protendido As resistências de concreto, utilizadas em concreto protendido, são duas a três vezes maiores que as utilizadas em concreto armado. Os aços utilizados nos cabos de protensão têm resistência três a cinco vezes superiores às dos aços usuais do concreto armado. O sentido econômico do concreto protendido consiste no fato de que os aumentos percentuais de preço são muito inferiores aos acréscimos de resistência utilizáveis, tanto para o concreto como para o aço de protensão. Em relação ao concreto armado, o concreto protendido apresenta asseguintes vantagens técnicas: Reduz as tensões de tração provocadas pela flexão e pelos esforços cortantes. Reduz a incidência de fissuras. Reduz as quantidades necessárias de concreto e de aço, devido ao emprego eficiente de materiais de maior resistência. Permite vencer vãos maiores que o concreto armado convencional; para o mesmo vão, permite reduzir a altura necessária da viga. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 7 de 11 Facilita o emprego generalizado de pré-moldagem, uma vez que a protensão elimina a fissuração durante o transporte das peças. Durante a operação de protensão, o concreto e o aço são submetidos a tensões em geral superiores às que poderão ocorrer na viga sujeita às cargas de serviço. A operação de protensão constituído, neste caso, uma espécie de prova de carga da viga. Uma das vantagens mais importantes do concreto protendido é a da alínea d acima. Para ilustrá-la pode-se criar o fato de que as pontes com vigas retas de concreto armado têm seu vão livre limitado a 30m ou 40m, enquanto as pontes com vigas protendidas já atingiram vãos de 250m. Matéria-prima e fabricação As cordoalhas e fios para concreto protendido têm sua origem em fio-máquina produzido com matéria prima especial, com baixíssimos níveis de impurezas. Outra característica principal do aço para protensão que o destaca fundamentalmente dos demais aços destinados às estruturas de concreto é a sua composição química, onde o elemento mais diferente e elevado é o carbono (0,80 a 0,85%), o qual confere ao aço inicialmente uma grande resistência. Aplicações Em lajes e vigas de edifícios residenciais e comerciais, barragens (viga de munhão das comportas); pontes e viadutos (aduelas, caixão perdido, vigas e transversinas, balanços sucessivos etc.); aeroportos (pistas, pátios de estacionamento, hangares etc.); portos (caixões flutuantes, cais de atracação, diques secos, plataformas marítimas de petróleo etc.); piscinas, estações de tratamento de esgotos, reservatórios (elevados e apoiados no solo), silos, radiers, pisos industriais etc.; tirantes de contenção provisórios e definitivos, em solo ou rocha; pisos Industriais e Comerciais; recuperação de Estruturas; galpões (vigas, lajes e telhas para cobertura de grandes vãos). Cordoalha especial para pontes estaiadas As pontes estaiadas (Figura 1) têm seus tabuleiros suspensos por cabos inclinados compostos por número variado de cordoalhas especiais, desenvolvidas para suportar ensaio individual de fadiga a 2.000.000 de ciclos. Recebem também três camadas de proteção contra a corrosão: galvanização a fogo, cera de petróleo e camada de 2 mm de polietileno de alta densidade (PEAD). Figura 1: Utilização de Cordoalha Estaiada na Rodovia dos Imigrantes – SP Treliças metálicas Introdução O sistema de lajes com treliças metálicas, comumente chamadas de lajes treliçadas, surgiu e teve larga utilização a partir da Segunda Guerra Mundial. Foi criado para superar algumas deficiências que as lajes pré-moldadas convencionais apresentavam e muito contribuiu na reconstrução dos países destruídos pela guerra. Hoje, essas lajes respondem por uma grande fatia dentre as opções dos pavimentos, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 8 de 11 principalmente na Itália e na Espanha. No Brasil, a difusão e o crescimento do uso de lajes treliçadas se deram no início da década de 90. Hoje, temos as mais variadas opções em projetar lajes treliçadas, podendo ser formadas por vigotas ou painéis, maciças ou nervuradas, unidirecionais ou bidirecionais. Definição A treliça metálica, comumente chamada de armação treliçada, é uma estrutura formada por sistema de eletrofusão (caldeamento), de modo a formar duas treliças unidas pelo vértice. As diagonais proporcionam rigidez ao conjunto e excelentes condições de transporte e manuseio. São confeccionadas com fios CA- 60, trefilado ou laminado a frio, com baixo teor de carbono e, portanto, soldáveis, podendo a armadura ser lisa ou nervurada. A tendência é a utilização dos fios nervurados. Pode também ser utilizado o aço CA-50 a partir de diâmetro 12,5 mm, mas não é comumente utilizado ou encontrado no mercado. Figura 2: Funcionamento de uma laje Principais vantagens da utilização das lajes treliçadas: Redução ou até mesmo à eliminação dos escoramentos, proporcionando economia de tempo, mão de obra e materiais. Redução da possibilidade do aparecimento de fissuras, pois há maior aderência entre as vigotas e o concreto do capeamento (concreto moldado no local) em função do processo de fabricação, da geometria e da presença da armação treliçada, como pode ser visto na Figura 3. Figura 3 – Seções transversais típicas com vigota convencional e vigota treliçada. Maior resistência ao cisalhamento devido à presença das diagonais que exercem a função de estribos. Redução do número de vigas e pilares, maiores vãos e alvenarias dispostas diretamente à laje. Adaptam-se muito bem a qualquer sistema construtivo: estrutura de concreto armado, alvenaria estrutural, estrutura metálica, lajes planas com ou sem capitéis. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 9 de 11 Figura 4: Esquema de laje pré-fabricada de concreto utilizando treliçadas nervuradas Treliça metálica com função de espaçador A partir da década de 90, temos acompanhado o conceito de qualidade dos pisos industriais. A necessidade de qualidade quanto às características de capacidade suporte, planicidade, nivelamento e resistência ao desgaste tem sido cada vez mais considerada. Um dos fatores de sucesso de projeto e execução dos pisos industriais é o correto posicionamento não só das armaduras, que combatem à retração e resistem aos esforços solicitantes, geralmente em forma de telas soldadas, como também das barras de transferência. Telas soldadas nervuradas Definição: Tela soldada é uma armadura pré-fabricada, destinada a armar concreto, em forma de rede de malhas, constituída de fios de aço CA60 Nervurados longitudinais e transversais, sobrepostos e soldados em todos os pontos de contato (nós), por resistência elétrica (caldeamento), formando malhas quadradas ou retangulares. Figura 5: Produção de tela soldada – soldagem por caldeamento A tela soldada é produzida a partir do fio máquina, com baixo teor de carbono, submetido ao processo de trefilação, no qual, na prática, ocorrerá o encruamento a frio do aço, tornando-o mais resistente, como mostra a Figura 6. O encruamento total é feito por etapas, ou seja, reduções sucessivas no diâmetro do fio máquina. Figura 6: Esquema de trefilação MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 10 de 11 Características geométricas As bitolas dos fios CA-60 empregados nas telas soldadas vão desde 3,4 mm até 12,0 mm, com grande quantidade de valores intermediários. A nomenclatura dos elementos de uma tela soldada consta da Figura 7. Figura 7: Desenho esquemático das telas soldadas Largura – em metro (m), corresponde ao comprimento total do fio transversal com relação ao sentido de fabricação. Comprimento – em metro (m), corresponde ao comprimento total do fio longitudinal com relação ao sentido de fabricação. Espaçamento Longitudinal – em centímetro (cm), é a distância medida entre os eixos de dois fioslongitudinais. Espaçamento Transversal – em centímetro (cm), é a distância medida entre os eixos de dois fios transversais. Franja Longitudinal – em centímetro (cm), é a extremidade que sobra após o último fio transversal soldado, com comprimento igual à metade do espaçamento transversal. Franja Transversal – em centímetro (cm), é a extremidade que sobra após o último fio longitudinal soldado, com comprimento igual a 2,5 cm. Malha – em centímetro (cm), é a figura geométrica (retângulo ou quadrado) formada pela interseção de pares de fios ortogonais. Quando as telas possuírem malhas quadradas, os fios e espaçamentos e, portanto, suas áreas de aço serão idênticas nas duas direções, e a designação da tela receberá no início de seu nome a letra “Q”. Quando as telas possuírem malhas retangulares, haverá duas situações: ou ela terá maior concentração de fios na direção transversal na proporção de três vezes a mais que na direção longitudinal, recebendo no início do seu nome a letra “T”, ou ela terá maior concentração de fios na direção longitudinal nas proporções de três vezes, duas vezes ou uma vez e meia a mais que na direção transversal, recebendo no início do seu nome, respectivamente, as letras “L”, “M” e “R”. As telas soldadas também poderão ser produzidas com tamanhos, fios e espaçamentos diferenciados para atender a situações isoladas de grandes obras que envolvam expressivos volumes de aço. Essas telas são consideradas especiais e são identificadas com a letra “E” antecedendo as letras “Q”, “T”, “L”, “M” e “R”. Exemplo: “EQ138”. Para completar a designação das telas é utilizada uma numeração que exprime a área de aço expressa em mm²/m. Fornecimento As telas soldadas são fornecidas em rolo ou painel e se dividem em duas categorias: telas padronizadas e telas não padronizadas (sob projeto). As telas padronizadas possuem a largura de 2,45 m. O seu comprimento varia em função do fornecimento, podendo ser em rolos de 60 m e 120 m e painel de 6 m. As telas não padronizadas, também conhecidas como “especiais”, são produzidas com características específicas, levando-se em conta as necessidades do projeto com relação às suas MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 11 de 11 dimensões (largura / comprimento), relação entre as áreas de aço (principal / secundária), espaçamento entre fios (longitudinal / transversal) e comprimento das franjas (longitudinal / transversal). Principais utilizações O uso de telas soldadas constitui solução prática e rápida na etapa de armação das lajes de edifícios, pisos, pontes, tubos de seções circulares e retangulares. Em lajes de edifícios, sua utilização permite ganho de tempo para as obras em até um dia no ciclo de concretagem das lajes, otimizando a mão de obra dessa etapa, e reduz o prazo de entrega do empreendimento, resultando em economia de custos diretos dos canteiros de obras. (a) (b) Figura 8: Aplicação da Tela soldada em (a) lajes e (b) para fabricação de tubos Steel deck (laje mista com forma metálica) Laje composta por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto. O aço, excelente material para trabalhar a tração, é utilizado no formato de uma telha trapezoidal que serve como fôrma para concreto durante a concretagem e como armadura positiva para as cargas de serviço. Figura 9: Esquema de uma laje mista com forma metálica (Steel Deck) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ISAIA, G. C. (Editor). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. Vol. 2. São Paulo: IBRACON, 2007. LIMA, F. Apostila de materiais de construção I VAN VLACK, L. H. Princípios de ciência dos materiais. São Paulo: Edgard Blücher, 1970. Site da empresa Arcelor Mittal Brasil. Disponível em: <http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/belgo_50_soldavel/belgo_50_soldavel.asp> <http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/telas_soldadas_nervuradas/telas_soldadas_nervurada s.asp> <http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/telas_soldadas_nervuradas_para_tubos/telas_soldada s_nervuradas_para_tubos.asp> <http://www.belgo.com.br/produtos/construcao_civil/fios_cordoalhas/fios_cordoalhas.asp >. Acesso em 05/03/2013.
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