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DIREITO CONSTITUCIONAL E TEORIA DA CONSTITUIÇÃO TEXTO 1 – J.J. GOMES CANOTILHO Constitucionalismo: técnica de limitação do poder estatal com fins garantísticos. Canotilho acredita na existência de diferentes constitucionalismos: inglês, francês e americano. O autor prefere falar em movimentos constitucionais e não em constitucionalismos. Esses movimentos constitucionais possuem características diferentes (próprias, nacionais), mas também pontos de aproximação entre si. O constitucionalismo antigo consiste no “conjunto de princípios escritos e consuetudinários que consolidam a existência de direitos estamentais perante o monarca” e, simultaneamente, limitam seu poder. O constitucionalismo antigo está ligado às classes, mas também à limitação do poder estatal (monarca). Quando li isso, entendi que em um certo período se lutava mais pelo direito de uma classe do que por direitos individuais propriamente ditos. O constitucionalismo moderno implicou o surgimento da constituição moderna: “ordenação sistêmica e racional da comunidade política através de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e direitos e se fixam os limites do poder político”. Conceito ideal de constituição: Ordenação jurídico-política consolidada num documento escrito. Declaração, nessa carta escrita, de um conjunto de direitos fundamentais e do respectivo modo de garantia desses. Organização do poder político segundo esquemas tendentes a torná-lo um poder limitado e moderado. A questão aqui é que nenhum modelo de constitucionalismo (americano, francês ou inglês) segue à risca esse conceito ideal. Um inglês não entende a constituição como um documento escrito. Para ele, a constituição será a “sedimentação histórica dos direitos adquiridos pelos ingleses e o alicerçamento, também histórico, de um governo balanceado e moderado”. Para um americano, ao contrário, a constituição precisa trazer um “momento de ruptura e um momento de construção”. Ao contrário dos ingleses que entendem a constituição como uma construção histórica de direitos consolidados, o americano entenderá que a constituição deve ROMPER com o antigo regime (anterior a ela) e CONSTRUIR, racionalmente, através de um Poder Constituinte, uma nova ordem. A constituição moderna pretende, portanto: 1) ordenar, fundar e LIMITAR o poder estatal; 2) Garantir direitos e liberdades individuais (aqui, contrapondo com a idéia de constitucionalismo antigo, que pretendia garantir liberdades e direitos estamentais). Nesse sentido de que cada movimento constitucional tem peculiaridades, é preciso estudar tipos de movimentos: I – modelo historicista: o tempo longo dos “jura et libertates”: O modelo historicista corresponde ao constitucionalismo inglês. Garantia de direitos adquiridos; Estruturação corporativa dos direitos, pois pertenciam aos indivíduos enquanto membros de um estamento Regulação desses direitos através de contratos de domínio. Constituição mista: poder dividido entre rei e Parlamento. II – modelo individualista: constitucionalismo francês A tradição constitucional francesa não é igual à tradição constitucional inglesa. O constitucionalismo inglês é marcado por um HISTORICISMO, por NÃO ROMPER com estruturas medievais, como a idéia de que os direitos eram dados a partir de estamentos. Na França, a liberdade era do indivíduo, não dos estamentos. A própria expressão “antigo regime” já demonstra a idéia de ruptura com o antigo e de instauração de uma realidade político-social nova. O poder constituinte é o único que poderia criar leis superiores, ou seja, as leis constitucionais. III – “nós, o povo” e os usos da história: a técnica americana da liberdade Constitucionalismo americano: POVO que reclamou seu direito de elaborar lei básica. Democracia dualista: existem decisões que podem ser tomadas pelo povo (raras) e decisões que podem ser tomadas pelo governo. As decisões do povo existem nos momentos constitucionais.
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