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Centro Universitário Internacional Uninter Douglas Tofanelli – RU 1293488 – Turma 2015/10 PORTFÓLIO UTA FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS – FASE II – 2016 PELOTAS 2016 Centro Universitário Internacional Uninter Douglas Tofanelli – RU 1293488 – Turma 2015/10 PORTFÓLIO UTA FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS – FASE II – 2016 Relatório de Portfólio da UTA Fundamentos Pedagógicos - Fase II Curso: Licenciatura em História Tutoras locais: Fernanda Sanches e Letícia Peres Feijó Centro Associado: PAP Pelotas PELOTAS 2016 A importância de a escola trazer em sua proposta o trabalho com as culturas material e imaterial global, nacional e local. Douglas TOFANELLI UNINTER Resumo Este trabalho, concebido por meio de pesquisa descritiva e tendo como método a pesquisa e a conseguinte análise de fontes bibliográficas, tem por objetivo dissertar sobre a importância da instituição escolar contemplar em seu projeto político-pedagógico as atividades com as culturas material e imaterial de nível mundial, nacional, regional e local. O texto se norteou por uma breve conceituação sobre culturas material e imaterial, exemplos das manifestações culturais do Estado do Rio Grande do Sul bem como de Pelotas, encerrando-se a dissertação com uma proposta de trabalho no ambiente escolar que aborde a temática “cultura material e cultura imaterial”. Foram utilizadas como fontes um dos livros didáticos em que se baseia a presente Unidade Temática de Aprendizagem, da disciplina “Prática Profissional: A Escola”, além de sites especializados na temática educacional e a página eletrônica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e da Prefeitura de Pelotas. Palavras-chave: Cultura imaterial. Cultura material. Escola. Introdução A título de introdução do presente trabalho, o qual versa sobre a importância de a escola trazer em sua proposta o trabalho com as culturas material e imaterial, apontando-se exemplos de expressões desses patrimônios e propostas para sua consolidação, convém debruçar-se sobre os conceitos dessas culturas. 1 Numa definição mais clássica, a cultura material pode assim ser entendida como o conjunto de artefatos criados pelo homem, combinando matérias-primas e tecnologia, o qual se distingue das estruturas fixas pelo seu caráter móvel. A noção de cultura material, que, em princípio, se aplicaria apenas a objetos isolados, poderá ser alargada de forma a abranger quase todas as produções humanas, levando a que alguns estudiosos considerem a história da tecnologia, os estudos do folclore, a antropologia cultural, a arqueologia histórica, a geografia cultural e mesmo a história da arte como subcampos de estudos de cultura material. A cultura imaterial é o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros, registros formais ou ensinamentos sistemáticos, mas sim, o conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por meio de gestos, de geração para geração. Tradição e transmissão de conhecimento são fatores essenciais para a continuidade da cultura intangível, também chamada de cultura imaterial, e para a construção da identidade um grupo, povo ou nação. O patrimônio cultural de um povo não é composto apenas por elementos materiais, mas também através de manifestações da cultura imaterial, ele é constituído de práticas, representações, técnicas, objetos e lugares do mesmo. Exemplos de bens imateriais dos diversos rincões brasileiros, que estão com o processo de registro em andamento, são a capoeira, o teatro mamulengo e o complexo cultural do bumba-meu-boi do Maranhão, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, a Farmacopéia Popular do Cerrado e o Circo de Tradição Familiar. Quando se preserva legalmente e na prática o patrimônio cultural, conserva-se a memória do que fomos e do que somos: a identidade da nação. Patrimônio, etimologicamente, significa "herança paterna". Na verdade, a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos e que se vai transmitindo de geração a geração. Tombar, de acordo com as leis, equivale a registrar, com o objetivo de proteger, controlar, guardar. Tombamento, ou tombo, provavelmente originado do latim tomex, significa inventário, arrolamento, registro. O tombamento de bens culturais, visando a sua preservação e restauração, é de interesse do Estado e da sociedade. Em que pese tratar-se de uma pesquisa sumária com exíguo espaço para, explanação e exemplificação, procurou-se pautar neste trabalho alguns exemplos de expressões das culturas materiais e imateriais do Rio Grande do Sul e, sobretudo, de Pelotas, desenvolvendo-se, também, como ponto-chave, uma proposta de linha metodológica e de conteúdo para se colocar em prática nas, instituições escolares, a abordagem dos patrimônios culturais materiais e imateriais intrinsecamente ligados às origens e à realidade social e individual dos alunos, professores, pais e demais atores da escola. Desenvolvimento 2 O conjunto de práticas e saberes transmitidos de geração em geração que diferenciam determinado povo ou região, como danças, músicas, expressões, lendas, festas, celebrações, conhecimentos e técnicas, assim como instrumentos, artefatos e lugares, carregam em si uma memória coletiva. Mesmo sem construções históricas ou obras de arte monumentais, cada povo tem formas próprias de se distinguir. Os bens materiais e imateriais que formam o patrimônio cultural brasileiro são, portanto, os modos específicos de criar e fazer (as descobertas e os processos genuínos na ciência, nas artes e na tecnologia); as construções referenciais e exemplares da tradição brasileira, incluindo bens imóveis (igrejas, casas, praças, conjuntos urbanos) e bens móveis (obras de arte ou artesanato); as criações imateriais como a literatura e a música; as expressões e os modos de viver, como a linguagem e os costumes; os locais dotados de expressivo valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral, assim como as paisagens e as áreas de proteção ecológica da fauna e da flora. Como exemplo, o Iphan inscreveu, em dezembro de 2014, o bem imaterial Tava, lugar de referência para o povo Guarani no Livro de Registro de Lugares do órgão. A proposta de registro da Tava como lugar de importância e referência cultural para os Guaranis apresentada pelos representantes das comunidades M'Byá Guarani, com apoio da Superintendência do Iphan no Estado do Rio Grande do Sul. A Tava é um bem material com significados atribuídos, pelos indígenas Guarani‐Mbyá, ao sítio histórico que abriga remanescentes da antiga Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo, situado em São Miguel das Missões-RS. Para os Guarani‐Mbyá, a Tava Miri (ou sagrada aldeia de pedra) é um local onde viveram seus antepassados, que construíram estruturas em pedra nas quais deixaram suas marcas e parte de suas corporalidades, por conter os “corpos" dos ancestrais que se transformaram em imortais. Nesses locais, vivencia-se o modo de ser e de viver Guarani-Mbyá e sua perspectiva espiritualista pela qual se permite tornar-se imortal e alcançar a Yvy Mara Ev (Terra sem Mal). 3 Em outro exemplo de patrimônio cultural material do Rio Grande do Sul, o Iphan tombou em 2011 o conjunto histórico e paisagístico de Jaguarão, que se trata de um patrimônio único no Rio Grande do Sul, com edificações coloniais, ecléticas, art déco e modernistas. O traçado viário da cidade, demasiadamente retilíneo se comparada ao das cidades coloniais brasileiras, decorre, possivelmente, da forte influência espanhola em seu desenvolvimento. Entre os bens tombados está a Ponte Internacional Barão de Mauá, uma construção do início do século XX, unindo Brasil e Uruguai. A cidade participou de acontecimentos militares da história do Brasil, como a Revolução Farroupilha, em 1835, e a Invasão Uruguaia, em 1865. Já em Porto Alegre, a Igreja de Nossa Senhora das Dores foi o primeiro tombamento realizado pelo Iphan na capital, em 1938. Mais tarde ficaram sob a proteção federal osacervos museológicos do Museu Júlio de Castilhos, o Palácio Farroupilha. A partir dos anos 1980, o Iphan reconheceu os bens representativos das áreas de imigração na capital do Rio Grande do Sul. A cidade nasceu de uma pequena colônia de açorianos, por volta de 1752, mas acolheu imigrantes de todo mundo, entre os séculos XVIII e XX, e as múltiplas expressões e origens étnicas e religiosas transformou‐a em uma cidade multicultural. Sobre Pelotas, a cidade dispõe de um grandioso patrimônio cultural, que pode ser comprovado através dos exemplares arquitetônicos e das diversas edificações tombadas ou inventariadas como patrimônio histórico e cultural. Com a mistura de etnias que caracteriza Pelotas, não é difícil de se compreender a riqueza cultural do município. Foi berço e morada de várias personalidades da cultura nacional, como o escritor regionalista João Simões Lopes Neto, de Hipólito José da Costa, do pintos Leopoldo Gotuzzo e de Antônio Caringi. Pelotas é patrimônio histórico e artístico nacional e patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul. Seu belo patrimônio cultural arquitetônico, de forte influência européia, é um dos maiores de estilo eclético do Brasil, em quantidade e qualidade, com 1300 prédios inventariados. No ano de 2006, Pelotas foi eleita, pela Revista Aplauso, como a cidade "Capital da Cultura" do interior do estado. Dentre as manifestações culturais materiais e imateriais de Pelotas, muitos dos quais tombados pelo Iphan, destacam-se as charqueadas, o título de Capital Nacional do Doce, o centro histórico da cidade, os prédios do entorno da Praça Coronel Pedro Osório, o Museu da Baronesa, o Museu Carlos Ritter, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, o Castelo Simões Lopes, o porto, a estação férrea, o Teatro Guarany, o Teatro Sete de Abril, o chafariz “As Três Meninas”, o monumento “Obelisco Republicano”, a casa natal de Ferreira Viana e a Caixa d’Água Escocesa. 4 No que concerne à importância da escola na exposição das manifestações culturais em seu currículo, fomentando a discussão entre docentes, discentes, pais e responsáveis, haja vista que os bens materiais e imateriais estão relacionados à formação da identidade da comunidade, cabe ressaltar seu relevante significado para que os atores da escola sintam-se integrados ao contexto em que vivem e refli- tam sobre a diversidade das manifestações. Enfim, como proposta de implementação da abordagem cultural material e imaterial nas escolas, sugere-se, desde o ensino fundamental, elaborar-se um projeto de “Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial e Material de Pelotas”, com foco na construção de uma consciência pautada na mudança de atitudes a fim de contribuir no processo ensino-aprendizagem, tornando-o mais participativo, interativo e significativo, e na conscientização da comunidade escolar de que a preservação dos bens culturais materiais e imateriais é essencial para que integrem e se tornem agentes transformadores de seu ambiente. Como objetivos específicos, teríamos: desenvolver atividades pedagógicas de forma interdisciplinar; utilizar meios tecnológicos de apoio ao ensino para aguçar o senso crítico acerca do patrimônio cultural local perante o acervo regional, nacional e global; identificar as variedades linguísticas locais frente à norma culta padrão e as diferenças históricas e sociais perante outras sociedades; estimular a pesquisa crítica, comparativa, tolerante e democrática das diversas expressões culturais existentes na cultura pelotense, sul-riograndense, brasileira e internacional; valorizar a cultura local por meio do contato com suas manifestações materiais e imateriais disponibilizadas por estudos em sala de aula e extraclasse. A metodologia consistiria em desenvolver as atividades de pesquisa cultural de forma dinâmica e interativa (alunos, professores, pais, comunidade local, pesquisas em ambientes virtuais, bibliotecas e diretamente no acervo cultural material e imaterial disponível); exposição das atividades desenvolvidas e apresentação dos resultados utilizando-se ferramentas tecnológicas; criação de um blog para exposição de comentários e produções; pesquisa de campo com visitas monitoradas e educativas a museus, teatros e ao patrimônio tombado da cidade; e produção de textos argumentativos em torno da temática cultural material e imaterial. Por fim, a escola deve se nortear pela ideia de que a defesa da cultura é uma das tarefas mais saudáveis de nossa sociedade e que a comunidade escolas deve ser protagonista basilar nesse processo. Urge desenvolver projetos eficazes de educação para a defesa do patrimônio cultural e suas expressões, para valorização de nossos bens culturais materiais e imateriais, conscientização de cada ator quanto ao papel que desempenha e a melhoria da vida de todos da sociedade. 5 Referências BRASIL. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em < http://portal.iphan.gov.br>. Acessado em 8 de maio de 2016. CASTRO, Janaína. É hora de valorizar nosso patrimônio cultural. Revista Escola. Editora Abril, 2010. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/ formacaocontinuada/horavalorizarnossopatrimoniocultural584455.shtml?page=2>. Acessado em 8 de maio de 2016. GROCHOSKA, Marcia Andreia. Organização escolar: perspectivas e enfoques. 2ª edição. Curitiba: Intersaberes, 2014. GUTIERREZ, Ester J. B. Barro e Sangue: mão‐de‐obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas‐1777‐1888. Pelotas: Editora Universitária, UFPEL, 2004. PELOTAS. Prefeitura Municipal de Pelotas. 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