Buscar

Patrimônio Cultural e Histórico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Patrimônio Cultural 
e Histórico
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. João Augusto Menoni Vieira
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
O Que é Patrimônio Cultural?
• Introdução;
• Memória, Identidade e Patrimônio Cultural;
• Patrimônio Cultural e Patrimônio Natural;
• Patrimônio Cultural Material e Imaterial;
• Preservação do Patrimônio Cultural e sua Trajetória no Mundo 
e no Brasil;
• Cartas Patrimoniais, Legislação e Mecanismos de Proteção 
do Patrimônio Cultural;
• Cidadania e Patrimônio Cultural.
• Distinguir o signifi cado de patrimônio cultural e histórico e de seus conceitos relacionados 
e as suas relações com a memória das comunidades;
• Compreender a diversidade de patrimônios culturais (material, imaterial, arqueológico);
• Conhecer a legislação e as políticas públicas de salvaguarda e de conservação de 
bens culturais;
• Explorar as diversas funções e usos do patrimônio cultural por meio das atividades econô-
mica, turística, de entretenimento e de geração de empregos. 
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
O Que é Patrimônio Cultural?
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Memória, Identidade e Patrimônio Cultural
O culto que se rende hoje ao patrimônio histórico deve merecer de nós 
mais do que simples aprovação. Ele requer um questionamento, porque 
se constitui num elemento revelador, negligenciado, mas brilhante, de 
uma condição da sociedade e das questões que ela encerra. (CHOAY, 
2001, p. 12)
Figura 1 – No Brasil, as ruínas do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, localizadas em São Miguel das Missões, no 
Rio Grande do Sul, inscritas na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco, em dezembro de 1983, representam importante 
testemunho da ocupação do território e das relações culturais que se estabeleceram entre os povos nativos, na maioria 
do grupo étnico Guarani, e missionários jesuítas europeus. Durante os séculos XVII e XVIII, ocorreu um processo de 
evangelização promovido pela Companhia de Jesus nas colônias da coroa espanhola na América do Sul
Foto: iphan.gov.br
A memória, conforme já ressaltava nos anos 1920 o sociólogo francês Maurice 
Halbwachs (1877-1945), deve ser entendida como um fenômeno coletivo e social, 
construído de forma conjunta e submetido a flutuações, transformações, mudanças 
constantes (POLLAK, 1992, p. 2). Halbwachs foi o criador do conceito de memó-
ria coletiva. Ela (a memória), também, de forma óbvia, é um fenômeno individual, 
íntimo, próprio da pessoa. Alguns elementos constitutivos da memória – coletiva 
ou individual – são facilmente identificáveis como, por exemplo, acontecimentos 
vividos pessoalmente e/ou vividos “por tabela”, ou seja, experimentados pelo grupo 
ou pela coletividade a qual a pessoa pertence, ainda que ela não os tenha vivido ou 
presenciado. Seria algo como uma memória herdada.
Além desses acontecimentos, a memória também é constituída por pessoas e 
personagens, que encontramos pessoalmente no decorrer da nossa vida e aquelas 
conhecidas indiretamente, que se transformam em “conhecidos”, ainda que não te-
nham pertencido ao nosso espaço ou tempo. “Não é preciso ter vivido na época do 
general De Gaulle para senti-lo como um contemporâneo”, salienta Pollak (1992, 
p. 2). Choay (2001) reforça essa ideia, afirmando que indivíduos e sociedades pre-
servam e desenvolvem as suas identidades por meio da memória.
8
9
E, por fim, temos os lugares e os objetos, ligados a uma lembrança que pode ser 
pessoal ou coletiva como a casa em que passamos nossa infância, o armazém do 
nosso tio, a escola, o museu, a casa mais antiga da cidade etc. Temos, também, os 
lugares históricos que contam a trajetória de um povo, de um herói, ou os monu-
mentos naturais, sítios e paisagens.
Cada um desses critérios de lembranças – acontecimentos, personagens, lugares e 
objetos – estão à nossa volta em livros, filmes, histórias orais, formando a nossa iden-
tidade pessoal, ou seja, quem somos. São a nossa herança. Aliás, o primeiro registro 
da nossa identidade é a certidão de nascimento. É ela que especifica oficialmente o 
nosso nome completo, onde e quando nascemos, quem são nossos pais, avós.
Pensando nisso, será que o Brasil tem uma “certidão de nascimento”? A carta de Pero Vaz de 
Caminha ao rei de Portugal Dom Manuel I, datada de 1º de março de 1500 (link a seguir), é 
considerada pelos historiadores como a “certidão de nascimento do Brasil”. O texto anuncia 
o descobrimento de uma nova terra, informa sobre a viagem, os episódios ocorridos durante 
a chegada da expedição no Brasil, impressões sobre a fauna e a flora e sobre os nativos 
(MARTINS, 2005). Redigida em forma de diário, como uma reportagem sobre os fatos ob-
servados, a carta é composta de sete folhas de papel florete, cada uma delas com quatro 
páginas, totalizando 27 de texto e uma de endereço, com medida de cerca 296 mm x 299 
mm, típica da época. Foi escrita com pena de pato, usual entre os séculos XV e XVI. A carta 
encontra-se hoje no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Confira a carta original 
de Caminha e a transcrição do texto, disponível em: Trecho inicial da carta original de Pero 
Vaz de Caminha: https://bit.ly/2I5ulJb. A transcrição do texto: https://bit.ly/1SbUC6U.
Ex
pl
or
Assim, acontecimentos, personagens, lugares e objetos nos ajudam a compreender 
a sociedade onde vivemos, e, por conseguinte, entender também como funcionam 
outras sociedades, próximas ou longínquas e em diversos períodos na história. Essa 
herança cultural adquirida cumpre um importante papel ao fornecer informações 
sobre a história de um povo, de um país, de uma região e do passado da sociedade, 
contribuindo para a formação da identidade local e para o resgate da memória, sendo 
um elo entre o cidadão e suas raízes. “Em vista disso, sua preservação torna-se fun-
damental no que diz respeito ao desenvolvimento cultural de um povo, uma vez que 
se reflete em sua formação sociocultural” (ROCHA; OLIVEIRA, 2012, p. 2).
Preservar a herança cultural, portanto, oferece às comunidades a oportunidade 
de conhecimento de suas próprias histórias e também as de outros. E como isso 
pode ser feito? Por meio do patrimônio1material, imaterial, arquitetônico ou edi-
ficado, arqueológico, artístico, religioso e da humanidade. O escritor e crítico de 
arte inglês John Ruskin (1819-1900), por volta de 1850, atribuiu à memória uma 
destinação e um valor novos em relação ao monumento histórico, sentenciando: 
“Nós podemos viver sem [a arquitetura], adorar nosso Deus sem ela, mas sem ela 
não podemos nos lembrar” (CHOAY, 2001, p. 139).
1 A palavra patrimônio tem origem nas estruturas familiares, significando um bem de herança que se recebe dos 
pais. A essa palavra, alguns adjetivos (histórico, cultural, material e imaterial) serão agregados com o tempo no 
processo de associação dos “monumentos” e “monumentos históricos” ao “patrimônio”. Para pesquisadores, o uso 
corrente da expressão “patrimônio histórico” passa a ser utilizado a partir da década de 1960.
9
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Para Ruskin, a arquitetura seria o meio para “conservar vivo um laço com o 
passado ao qual devemos nossa identidade, e que é parte do nosso ser” (CHOAY, 
2001, p. 139). Em decorrência desse pensamento, entendemos que por meio da 
materialidade, conseguimos realizar e afirmar nossa identidade cultural, podendo 
também reconstruir o passado histórico. Os conceitos de Ruskin enriqueceram o 
conceito de monumento histórico, trazendo a arquitetura doméstica, ou seja, as 
residências mais humildes ao campo da herança histórica a ser preservada.
As ideias de Ruskin contribuíram para a proteção dos monumentos históricos em escala in-
ternacional. Em 1854m ele chegou a propor a criação de uma organização europeia de prote-
ção do patrimônio cultural do continente. Confira em John Ruskin: teorias da preservação 
e suas influências na preservação do patrimônio brasileiro no início do século XX, texto 
de Flávia de Azevedo Monteiro, suas teorias que ainda se apresentam atuais e pertinentes à 
preservação do patrimônio. Disponível em: https://bit.ly/2Dniir2
Ex
pl
or
Patrimônio Cultural
Normalmente, quando pensamos em patrimônio, nossa tendência é de associá-
-lo somente ao patrimônio material como edificações, obras de arte, monumentos, 
ligados à riqueza, que são herdados ou que possuem algum valor afetivo. Entretan-
to, patrimônio se refere, também, às experiências e memórias, coletivas ou indivi-
duais dos povos como lendas, mitos, ritos, saberes e técnicas, por exemplo. Dessa 
forma, o patrimônio possui a capacidade de estimular a memória das pessoas vin-
culadas a ele, sendo alvo de estratégias que visam à sua promoção e preservação. 
A origem do conceito de patrimônio histórico e cultural, especialmente por meio 
da conservação de monumentos históricos na Europa, tem seus primeiros registros 
na Itália, mais precisamente em Roma, por volta de 1420, quando o Papa Martinho 
V restabelece a sede do papado na cidade onde deseja restituir o seu poder e o 
seu prestígio (CHOAY, 2001). Entretanto, não havia ainda qualquer ação concreta 
de preservação, apenas a tomada de consciência do valor histórico e artístico dos 
monumentos da Antiguidade.
Outro momento importante nessa trajetória ocorreu no final do século XVIII, 
com a formação dos Estados nacionais e o consequente aumento da ideia de nação 
a partir da Revolução Francesa (1789-1799). É reforçada a noção de cidadania e os 
bens patrimoniais passam a atuar como documentos da história oficial. No século 
seguinte, em 1837, na França, foi criada a primeira Comissão de Monumentos 
Históricos do país, em função de grandes destruições de bens imóveis e de arte 
ocorridas até então (CHOAY, 2001).
A noção de patrimônio histórico no momento de sua origem correspondia aos 
bens imóveis como prédios e monumentos públicos, e aos valores simbólicos que 
eles representavam (e representam). “Os valores e características culturais de um 
povo seriam então socialmente compartilhados e simbolicamente projetados sobre 
a propriedade coletiva, seu patrimônio” (SAPIEZINKAS, 2008).
10
11
Ao longo do tempo, o estudo do patrimônio cultural tem buscado a promoção, valori-
zação e a consagração daquilo que é comum a determinado grupo social no tempo e no 
espaço. Esse conceito de patrimônio, atualmente, compreende três grandes categorias:
A primeira engloba os elementos pertencentes à natureza, ao meio am-
biente; a segunda refere-se ao conhecimento, às técnicas, ao saber e ao 
saber-fazer; e a terceira trata mais objetivamente do patrimônio histórico, 
que reúne em si toda a sorte de coisas, artefatos e construções resultantes 
da relação entre o homem e o meio ambiente e do saber-fazer humano, ou 
seja, tudo aquilo que é produzido pelo homem ao transformar os elemen-
tos da natureza, adequando-os ao seu bem-estar. (TOMAZ, 2010, p. 3)
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o con-
ceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 
1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e Artístico, por Patrimônio 
Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de referência cultural e a 
definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial. 
A Constituição estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades 
para a promoção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto, man-
tém a gestão do patrimônio e da documentação relativa aos bens sob responsabili-
dade da administração pública.
A Constituição Federal de 1988 amplia a legislação relativa ao patrimô-
nio cultural e define as competências de promoção, regulamentação e 
fiscalização das práticas de preservação, atribuindo um papel mais signi-
ficativo para o âmbito da administração municipal e a participação po-
pular nos processos. A participação da comunidade na preservação do 
patrimônio cultural está prevista em lei para ocorrer de três modos pos-
síveis: na apresentação de projetos de lei, na fiscalização de execução de 
obras e na proteção direta do bem. O cidadão que tiver interesse poderá 
participar da preservação do patrimônio cultural seja sozinho, reunindo-
-se com outros no mesmo interesse ou associando-se a alguma entidade. 
(SAPIEZINKAS, 2008, p. 83-84)
Enquanto o Decreto-lei nº 25 de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto 
de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse 
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer 
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico” 
(BRASIL, 1937), o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como 
sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes 
grupos formadores da sociedade brasileira” (BRASIL, 1988).
Nessa redefinição promovida pela Constituição estão: as formas de expressão; 
os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as 
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifesta-
ções artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
11
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Confira, na íntegra, o texto do Artigo 216 da Constituição brasileira de 1988 
(BRASIL, 1988):
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza 
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portado-
res de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos 
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destina-
dos às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O poder público, com a colaboração da comunidade,promoverá 
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, 
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas 
de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da 
documentação governamental e as providências para franquear sua 
consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de 
bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma 
da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de 
reminiscências históricas dos antigos quilombos.
Patrimônio Cultural e Patrimônio Natural
O patrimônio cultural é composto por monumentos, conjuntos de construções 
e sítios arqueológicos, de fundamental importância para a memória, a identidade e 
a criatividade dos povos e a riqueza das culturas. Essa composição está definida na 
Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, elaborada 
na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência 
e a Cultura (Unesco), em Paris (França), em 1972, da qual o Brasil é signatário.
A Convenção definiu, também, que o patrimônio natural é formado por monumen-
tos naturais constituídos por formações físicas e biológicas, formações geológicas e 
fisiográficas (descrição da terra e dos fenômenos que nela se produzem), além de sítios 
naturais. Dessa forma, a proteção ao ambiente, do patrimônio arqueológico, o respeito 
à diversidade cultural e às populações tradicionais são objeto de atenção especial.
12
13
Patrimônio Mundial Cultural e Natural no Brasil
Desde o dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro passou a ser a pri-
meira área urbana no mundo a ter reconhecido pela Unesco o valor universal da 
sua paisagem urbana. Sua inscrição na categoria de Paisagem Cultural, pelo valor 
universal excepcional, foi um passo importante para consolidar as ações de prote-
ção e preservação de uma interação única entre a cultura e a natureza.
Tabela 1
Patrimônio mundial cultural no Brasil / Unesco
Unidade da 
Federação
Ano da 
inclusão
Centro Histórico de Ouro Preto (figura 2) MG 1980
Centro Histórico de Olinda PE 1982
Ruínas de São Miguel das Missões – Missões Jesuíticas Guaranis RS 1983
Centro Histórico de Salvador BA 1985
Santuário do Bom Jesus de Matozinhos - Congonhas MG 1985
Plano Piloto de Brasília - Distrito Federal DF 1985
Parque Nacional Serra da Capivara - São Raimundo Nonato PI 1991
Centro Histórico de São Luís – São Luís MA 1997
Centro Histórico de Diamantina MG 1999
Centro Histórico de Goiás - Goiás GO 2001
Praça São Francisco - São Cristóvão SE 2010
Paisagens cariocas entre a montanha e o mar - Rio de Janeiro RJ 2012
Conjunto Moderno da Pampulha - Belo Horizonte MG 2016
Cais do Valongo - Rio de Janeiro RJ 2017
Fonte: Unesco (https://bit.ly/2P Of3zv)
Figura 2 – Ouro Preto (MG) foi uma das primeiras cidades tombadas pelo Iphan, em 1938, e a primeira cidade 
brasileira a receber o título de Patrimônio Mundial, conferido pela Unesco, em 1981. O reconhecimento se 
deve, principalmente, pelo fato de a cidade ser um sítio urbano completo e pouco alterado em relação à sua 
essência:  formação espontânea a partir de um sistema minerador, seguido por uma marcada presença dos poderes 
religioso e governamental, e fortes expressões artísticas que se destacam por sua relevância internacional
Fonte: iphan.gov.br
13
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Tabela 2
Patrimônio mundial natural no Brasil / Unesco
Unidade da 
Federação
Ano da 
inclusão
Parque Nacional do Iguaçu (figura 3) PR 1986
Reservas da Mata Atlântica PR/SP 1999
Costa do Descobrimento: Reservas da Mata Atlântica BA/ES 1999
Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal MT/MS 2000
Complexo de Conservação da Amazônia Central AM 2000
Ilhas Atlânticas: Fernando de Noronha e Atol das Rocas PE/RN 2001
Reservas do Cerrado: Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas GO 2001
Fonte: Unesco (https://bit.ly/2POf3zv)
Figura 3 – Em 28 de novembro de 1986, o Parque Nacional do Iguaçu, no estado do Paraná, 
foi inscrito na Lista do Patrimônio Natural Mundial pela Unesco
Foto: iphan.gov.br
Manual de Sinalização do Patrimônio Mundial no Brasil
Para dar maior visibilidade aos sítios brasileiros declarados Patrimônio 
Mundial, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan (autar-
quia Federal, vinculada ao Ministério da Cultura) e a Unesco lançaram, em 2013, 
o Manual de Sinalização do Patrimônio Mundial no Brasil – Orientações Técnicas 
para Aplicação (confira o manual no link a seguir). O objetivo da publicação é 
estimular gestores e comunidades locais a adotarem a identidade visual do pa-
trimônio mundial na sinalização dos sítios culturais, naturais e mistos do país, 
valorizando assim a sua condição especial de detentores do título internacional 
concedido pela Unesco.
Sinalização do Patrimônio Mundial no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/2FdOcIi
Ex
pl
or
14
15
Figura 4 – Desenhado pelo designer gráfi co belga Michel Olyff , em 1978, o emblema do patrimônio mundial 
simboliza a interdependência dos bens culturais e naturais. O quadrado central é uma forma criada pelo homem e o 
círculo representa a natureza, estando os dois elementos intimamente ligados. O emblema é redondo como o mundo, 
mas simboliza também a proteção. Simboliza a adesão dos Estados-membros2 à Convenção do Patrimônio Mundial e 
serve para identifi car os bens inscritos na Lista do Patrimônio Mundial. Este símbolo está associado ao conhecimento 
que o público tem da Convenção e se constitui em um selo de credibilidade e de prestígio
Fonte: iphan.gov.br
Patrimônio Cultural Material e Imaterial
A Constituição Federal brasileira de 1988, como já vimos, ampliou a noção de 
patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material 
e imaterial (também denominados como tangível e intangível, respectivamente) e, 
também, ao estabelecer outras formas de preservação como o registro e o inventário 
de bens, além do tombamento – instrumento de proteção instituído pelo Decreto-Lei 
nº 25 (1937), relativo, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjun-
tos históricos urbanos.
Tombo: O verbo “tombar” começou a ser empregado pelo Arquivo Nacional Português 
(fundado por D. Fernando, em 1378, originalmente instalado em uma das torres da mu-
ralha que protegia a cidade de Lisboa). Com o passar do tempo, o local passou a ser cha-
mado de Torre do Tombo. Ali eram guardados os livros de registros especiais ou livros do 
tombo. No Brasil, como uma deferência, o Decreto-Lei nº 25 (1937) adotou essa expressão 
para que todo o bem material passível de preservação, por meio do ato administrativo 
do tombamento, seja inscrito no Livro do Tombo correspondente. O patrimônio material 
protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, em nível na-
cional, é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, 
conforme quatro Livros do Tombo: Arqueológico, paisagístico e etnográfico; Histórico; 
Belas artes; Artes aplicadas. O tombamento pode ser realizado nos níveis federal (Iphan), 
estadual e municipal. Um bem pode ser tombado em mais de um nível. 
Ex
pl
or
2 A expressão Estados-membros designa os Estados (no sentido de nação) que se comprometem a praticar as normas 
e recomendações aprovadas nas Convenções Internacionais.
15
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Patrimônio Cultural Material
Os bens de natureza material podem ser, por exemplo, imóveis como prédios, 
residências, pontes, ruas e até cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísti-
cos; ou bens móveis, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, docu-
mentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos. 
Desde setembro de 2018, o Brasil conta com a Política de Patrimônio Cultu-
ral Material (PPCM). A normativa atua como um guiapara ações e processos de 
identificação, reconhecimento, proteção, normatização, autorização, licenciamen-
to, fiscalização, monitoramento, conservação, interpretação, promoção, difusão e 
educação patrimonial relacionados à dimensão material do Patrimônio Cultural 
Brasileiro. Entre as novidades, há o instrumento inédito Declaração de Lugares 
de Memória, ou seja, ainda que um bem cultural tenha perdido sua integridade e 
autenticidade, em consequência da ação humana ou do tempo, o Iphan poderá 
reconhecer a importância de seus valores simbólicos.
A PPCM consolida princípios, premissas, objetivos, procedimentos e conceitos 
para a preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro de natureza material, que se 
formaram e se modificaram ao longo do tempo. A política busca, principalmente, a 
participação ativa na elaboração de estratégias e da colaboração entre as esferas do 
Poder Público e da comunidade. O documento apresenta cinco objetivos: a) quali-
ficação e ampliação das ações e atividades de Preservação do Patrimônio Cultural 
de Natureza Material; b) estabelecimento de práticas para construção coletiva dos 
instrumentos de preservação; c) institucionalização das práticas e instrumentos de 
preservação sugeridos pelo Comitê do Patrimônio Mundial; d) detalhamento dos 
entendimentos institucionais sobre termos e conceitos específicos; e) fortalecimento 
da Preservação do Patrimônio Cultural de Natureza Material de povos e comunida-
de tradicionais.
Patrimônio Cultural Imaterial
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco) define como patrimônio imaterial “as práticas, representações, expres-
sões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lu-
gares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em 
alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio 
cultural” (BRASIL, 2018a).
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito às práticas e aos do-
mínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; 
celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; nos luga-
res (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).  
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou o conceito 
16
17
de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza 
material e também imaterial.
Para atender às determinações legais e  criar instrumentos adequados ao 
reconhecimento e à preservação de bens imateriais,  o Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional – Iphan – coordenou os estudos que resultaram na 
edição do Decreto nº. 3.551, de 4 de agosto de 2000, que instituiu o Registro de 
Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio 
Imaterial (PNPI). 
Em 2004, uma política de salvaguarda mais estruturada e sistemática começou 
a ser implementada pelo Iphan a partir da criação do Departamento do Patrimônio 
Imaterial (DPI). Em 2010, foi instituído o Inventário Nacional da Diversidade Lin-
guística (INDL), utilizado para reconhecimento e valorização das línguas portadoras 
de referência à identidade, ação e memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira.
A preservação do patrimônio imaterial é realizada pelo poder público por meio 
do instrumento denominado registro – diferentemente dos bens materiais que são 
tombados. Em 2000, o governo federal instituiu o Registro de Bens Culturais de 
Natureza Imaterial e definiu um programa voltado especialmente para esses pa-
trimônios. O registro é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e 
valorização do patrimônio imaterial do Brasil, composto por bens que contribuíram 
para a formação da sociedade brasileira.
Esse instrumento é aplicado àqueles bens que obedecem às categorias estabe-
lecidas: celebrações, lugares, formas de expressão e saberes, ou seja, as práticas, 
representações, expressões, lugares, conhecimentos e técnicas que os grupos so-
ciais reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural. Ao serem re-
gistrados, os bens recebem o título de Patrimônio Cultural Brasileiro e são inscritos 
em um dos quatro Livros de Registro, de acordo com a categoria correspondente: 
Saberes, Celebrações, Formas de expressão e Lugares.
Figura 5 – A viola de cocho é um instrumento musical singular quanto à forma e sonoridade, produzido exclusivamente 
de forma artesanal, com a utilização de matérias-primas existentes na Região Centro-Oeste do Brasil. Os materiais 
utilizados na confecção da viola – esculpida em uma peça integral de madeira – incluem o fi o de algodão e a tripa 
de animais, entre outros. O Modo de Fazer a Viola de Cocho foi registrado no Livro dos Saberes, em 2005
Fonte: iphan.gov.br
17
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Figura 6 – A Feira de Caruaru – inscrita no Livro de Registro dos Lugares, em 2006 – é um lugar de memória e de 
continuidade de saberes, fazeres, produtos e expressões artísticas tradicionais que continuam vivos no comércio 
de gado e dos produtos de couro, nos brinquedos reciclados, nas figuras de barro inventadas por Mestre Vitalino, 
nas redes de tear, nos utensílios de flandres, no cordel, nas gomas e farinhas de mandioca, nas ervas e raízes 
medicinais. Sem a dinâmica e o mercado da feira, esses saberes e fazeres teriam desaparecido
Fonte: iphan.gov.br
Preservação do Patrimônio Cultural e sua 
Trajetória no Mundo e no Brasil
Importância da Unesco na Defesa do Patrimônio
No início do século XX, o mundo ocidental convivia com a devastação causada 
pela Primeira Guerra Mundial, o crescente aumento da população, o desenvolvi-
mento da indústria e o pensamento urbano e arquitetônico moderno de que era 
preciso construir e, para isso, era preciso destruir. Mas, em contrapartida, havia a 
preocupação, principalmente por parte de intelectuais, de que era preciso conser-
var e também (principalmente) restaurar o patrimônio danificado.
A partir desse momento, a preocupação com a preservação do patrimônio cul-
tural começa a se constituir mais efetivamente. Surgem as primeiras tentativas de 
normatizar técnicas e procedimentos em nível internacional, a partir de 1931, com 
a promulgação da Carta de Atenas (Grécia). O instrumento buscou estabelecer 
princípios de práticas de restauração para a intervenção em patrimônios culturais. 
A preservação do patrimônio cultural mundial começou realmente a ganhar im-
portância a partir da criação da Organização das Nações Unidas para Educação, 
a Ciência e a Cultura (Unesco), em 16 de novembro de 1945, logo após o final da 
Segunda Guerra Mundial. A agência das Nações Unidas, além de promover a paz e 
os direitos humanos com base na solidariedade intelectual e moral da humanidade, 
incentiva à cooperação entre os Estados-membros e desenvolve um programa inter-
nacional de preservação do patrimônio cultural de cada país e de defesa da diversida-
de mundial das culturas. A Unesco promove, desde então, encontros internacionais 
18
19
que resultam em “Recomendações” a serem seguidas pelos países-membros sobre os 
procedimentos para a preservação dos bens de natureza material e imaterial.
Em 1964, é assinado outro instrumento importante: a Carta de Veneza (Itália), 
que difundiu mundialmente o conceito de patrimônio e as práticas de preservação 
associadas a ele. A partir desse momento, as ideias de conservação foram estendi-
das também às cidades e à malha urbana como um todo. A partir desse momento, 
muitas diretrizes para a conservação e recuperação de bens culturais históricos 
passaram a ser definidas internacionalmente.
Brasil, Patrimônio e Revolução Francesa
“No caso brasileiro, o conceito de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tem 
o mesmo sentido dos valores enraizados na Revolução Francesa, ou seja, conferir 
identidade ao país” (TOMAZ, 2010, p. 7). A preocupação com a preservação do 
patrimônio histórico nacional, principalmente dos bens imóveis fora doâmbito dos 
museus, começa a ter um significado mais relevante a partir das primeiras décadas 
do século XX por meio de intelectuais, que denunciaram o descaso com as cidades 
históricas e a dilapidação do que seria um “tesouro” Nacional. 
Em 1916, o escritor Alceu Amoroso Lima (1893-1983) e o advogado Rodrigo 
Melo Franco de Andrade (1898-1969) viajam a Minas Gerais, anunciam a descoberta 
do barroco no Brasil3 e proclamam a necessidade de sua preservação. No mesmo 
ano, Amoroso Lima publica na Revista do Brasil o artigo Pelo Passado Nacional.
Figura 7 – O barroco no Brasil está presente na Arquitetura e nas obras do arquiteto e escultor mineiro Aleijadinho 
(Antônio Francisco Lisboa, 1738-1814). Em 1796, o artista conclui 64 esculturas de madeira que representam cenas 
da Paixão de Cristo, e três anos mais tarde, fi naliza as 12 esculturas dos profetas, localizadas no adro do Santuário 
do Bom Jesus de Matosinhos, ambas obras em Congonhas do Campo (MG)
Fonte: Wikimedia Commons
3 Influenciado pelo barroco português, o movimento brasileiro, que ganhou força a partir do século XVII, apresentou 
suas próprias características. Na arquitetura, ainda que rico em detalhes e com adornos revestidos de ouro, não 
reproduziu a pompa e o luxo da corte portuguesa.
19
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Na Constituição de 1934, apareceu, pela primeira vez no Brasil, a noção jurídica 
de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. “O Artigo 10 tinha como objetivo res-
ponsabilizar o poder público pela preservação dos monumentos de valor histórico 
ou artístico de importância nacional” (TOMAZ, 2010, p. 8). Nesse mesmo ano, 
ocorreram as primeiras tentativas reais de intervenção do poder público no sentido 
de preservar os bens de importância para a história e as artes nacionais com a 
criação da Inspetoria de Monumentos Nacionais, resultado da ampliação do Museu 
Histórico Nacional, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Cabia à Inspetoria fazer um catálogo dos edifícios de valor e interesse artísti-
co e histórico e propor ao Governo Federal torná-los monumentos nacionais por 
meio de decreto. Igualmente se procurava uniformizar as legislações estaduais de 
proteção e conservação de monumentos nacionais, guardar e fiscalizar os objetos 
histórico-artísticos.
Mas, foi em 1937, que a questão preservacionista brasileira começou a tomar 
forma com a criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(Sphan), por meio do Decreto-Lei nº 25. Estruturado por intelectuais e artistas 
brasileiros da época, principalmente pelo poeta Mário de Andrade (1893-1945), 
o órgão estava voltado especificamente à preservação do patrimônio histórico e 
artístico nacional, principalmente com a adoção do tombamento – instrumento 
de proteção instituído pelo Decreto-Lei nº 25 (1937).
A partir desse momento, definiu-se Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
como: “O conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação 
seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do 
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou 
artístico” (BRASIL, 1937, Artigo 1º).
Tomaz (2010, p. 10) salienta que, nos anos seguintes à organização do 
Sphan, as políticas de preservação do patrimônio no Brasil adotaram uma 
perspectiva “predominantemente estética em detrimento do aspecto histórico, 
deixando de incorporar conceitos da historiografia nacional e internacional 
tão relevantes para um alcance mais profundo no que diz respeito à preserva-
ção do patrimônio”.
Até o final da década de 1970, o conceito de patrimônio no Brasil estava vol-
tado basicamente à preservação de bens arquitetônicos como peças únicas e de 
forma isolada, não levando em consideração seu entorno imediato e sua inserção 
em um conjunto histórico. Entretanto, não tardou para que esse conceito fosse 
ampliado para a preservação de conjuntos arquitetônicos inteiros – urbanos e 
rurais – relevantes para a sociedade como, por exemplo, o centro histórico de 
Salvador (BA) (figura 8).
Em 1972, a Convenção do Patrimônio Mundial, como é popularmente conheci-
da, realizada em Paris, é hoje o instrumento internacional da Unesco que baliza a 
questão do patrimônio cultural, obtendo a adesão de 190 países-membros, incluin-
20
21
do o Brasil. É a comunidade internacional unida pela missão comum de identificar 
e salvaguardar sítios do Patrimônio Cultural e Natural mais significativos do mundo.
Figura 8 – O conjunto urbanístico e arquitetônico contido na poligonal do centro histórico de Salvador – declarado 
Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1985 – é um dos mais importantes exemplares do urbanismo 
ultramarino português, formado basicamente por edifícios dos séculos XVI ao XIX. Com seus becos e ladeiras, acolhe um dos 
mais ricos conjuntos urbanos do Brasil, implantado em acrópole e distinguindo-se em dois planos as funções administrativas 
e residenciais (no alto) e o porto e o comércio (à beira-mar). Entre 1938 e 1945, vários monumentos do centro histórico foram 
tombados pelo Iphan, para garantir a preservação do Largo do Pelourinho e do seu entorno imediato
Fonte: iphan.gov.br
A partir da Constituição de 1988, como vimos, o conceito voltado apenas à 
preservação de bens imóveis foi repensado, sendo então adotadas medidas de pre-
servação voltadas a outras áreas da cultura brasileira. Surgiu, assim, o registro de 
bens de natureza imaterial, instrumento que se aliou ao tombamento, que já prote-
gia bens de natureza material.t
O Brasil foi eleito, em 2017, para integrar o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, jun-
tamente com outros 11 países. O comitê é responsável pela aplicação da Convenção para a 
Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural e se reúne anualmente para, entre outras 
tarefas, julgar as candidaturas para inscrição na Lista no Patrimônio Mundial. Esta é a quinta 
vez que o país participa como membro do grupo. O Brasil também já presidiu o comitê du-
rante duas de suas reuniões anuais em 1988 e em 2010. O Comitê é um conselho integrado 
por 21 países, Estados-membros da Convenção, que têm mandatos de até seis anos. 
Ex
pl
or
Cartas Patrimoniais, Legislação e Mecanismos 
de Proteção do Patrimônio Cultural
A partir do início do século XX, observamos maior preocupação de intelectuais 
e gestores públicos com a conservação dos bens culturais a partir de Conven-
ções Internacionais realizadas em Estados-membros, de diversas partes do mun-
21
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
do, integrantes de organizações não governamentais como ONU (Organização das 
Nações Unidas), Unesco e Icomos (International Council of Monuments and Sites 
ou Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), com sede em Paris. O produto 
resultante desses encontros são documentos oficiais chamados de Cartas Patrimo-
niais, que expressam normas internacionais4 de salvaguarda e de preservação de 
bens culturais da humanidade.
Assim, cabe a cada Estado-membro adaptar-se juridicamente conforme sua re-
alidade econômica, social e cultural, para alcançar resultados reais de valorização, 
preservação e conservação do seu patrimônio, com o objetivo de transmitir às 
futuras gerações seu legado cultural. “As Cartas também sugerem revisões nos pla-
nos diretores das cidades em níveis de planejamento físico-territorial e urbanístico, 
com o intuito de proteger as edificações e os conjuntos históricos remanescentes” 
(UFRGS, 2007, p. 25).
O marco inicial nesse processo de conscientização dos Estados modernos 
para a preservação de edificações e monumentos históricos é a Carta de Atenas 
(Grécia), de 1931, produzida pelo Escritório Internacional dos Museus Sociedade 
das Nações. O documento trouxe para discussão questões sobre as principais preo-
cupações da época, que envolviam legislação, técnicas e princípios de conservação 
de bens históricos e artísticos. A Carta foi usada como referência para o desenvol-
vimento da ideia de preservação e para o direcionamentodos trabalhos de conser-
vação, restauração e intervenção, realizados até 1964, quando a Carta de Veneza 
forneceu novos entendimentos profissionais ligados à área de preservação.
Vamos conhecer um resumo das sete principais Cartas Patrimoniais nos níveis 
nacional e internacional por ordem cronológica. O Iphan apresenta, na íntegra, um 
total de 46 documentos que tratam do tema (BRASIL, [2018b]).
Cartas Patrimoniais. Disponível em: http://bit.ly/2QgnWyT
Ex
pl
or
Principais Cartas Patrimoniais 
Tabela 3
Carta de 
Veneza 1964
Conservação e restauração de monumentos e sítios
Busca evitar a deterioração de monumentos e sítios, mantendo vivas as obras de arte e o 
testemunho histórico que elas compreendem. Recomenda que os trabalhos de restauração 
sejam documentados e publicados após sua conclusão. Desmistifica a edificação histórica, 
possibilitando uma releitura de sua vocação original, tornando o prédio compatível 
às necessidades sociais e culturais contemporâneas, sem alterar suas características 
fundamentais como expressa seu Artigo 9º: “[...] todo trabalho complementar reconhecido 
como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da composição 
arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo [...]”.
4 As normas internacionais (conteúdo das Cartas Patrimoniais) não são medidas jurídicas punitivas por meio de san-
ções às infrações, como é o caso das legislações nacionais, mas recomendações adotadas pelos Estados-membros 
para o aperfeiçoamento de suas legislações em benefício da salvaguarda de seus bens culturais.
22
23
Recomendações 
de Paris – 1968
Conservação dos bens culturais ameaçados pela execução de obras públicas ou privadas
Considerando a necessidade de harmonizar a preservação do patrimônio cultural com as 
transformações exigidas pelo desenvolvimento social, político e econômico das cidades 
contemporâneas, as recomendações buscam estabelecer critérios aos Estados-membros 
da ONU, para a proteção de seus bens culturais quando expostos a situações de risco 
perante o empreendimento de obras públicas ou privadas. Considera que é dever dos 
governos assegurar a proteção e a preservação da herança cultural, recomendando que 
os Estados-membros mantenham medidas legislativas em níveis nacional e regional 
coerentes às necessidades de conservação de bens móveis e imóveis.
Convenção de 
Paris – 1972
Proteção do patrimônio mundial, cultural e natural
Tendo em vista as ameaças do desaparecimento e da destruição do patrimônio mundial e o 
decorrente empobrecimento cultural das nações, a Unesco recomenda aos Estados-membros 
identificar, proteger, conservar e valorizar os bens em seus territórios a fim de transmiti-los 
às futuras gerações. A Convenção passou a classificar esses bens em “patrimônio cultural” 
e “patrimônio natural”. Definiu, também, a necessidade de adoção de políticas globais 
que tenham como objetivo a integração desses bens na coletividade social, tornando-os 
uma extensão do indivíduo por meio de programas educacionais a fim de fortalecer o 
entendimento, a apreciação e o respeito da população por sua própria cultura. 
Recomendações de 
Nairóbi – 1976
Salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida contemporânea
Reconhece que os conjuntos históricos fazem parte do ambiente cotidiano dos seres 
humanos e constituem a presença viva do passado, representando um símbolo da expressão 
cultural local frente ao panorama da uniformização e despersonalização que enfrentam as 
cidades contemporâneas. Definiu conceitos como: a) ambiência: laços sociais, econômicos e 
culturais dos conjuntos históricos ou tradicionais com as suas comunidades; b) salvaguarda: 
identificação, proteção, conservação, restauração, reabilitação, manutenção e revitalização 
dos conjuntos históricos ou tradicionais e de seus entornos. As Recomendações visam 
possibilitar a coexistência harmoniosa entre passado e presente. No nível educacional 
define que o estudo dos conjuntos históricos deve ser incluído em todos os níveis de 
ensino a fim de despertar nos jovens a compreensão e o respeito às obras do passado, 
demonstrando o papel deste patrimônio na vida contemporânea.
Declaração do 
México – 1985
Políticas culturais
Como uma forma de adaptação à realidade mundial como um ambiente de profundas 
transformações no qual a ciência e a técnica vêm modificando o modo de vida do homem, 
a Declaração busca fortalecer as sociedades por meio da valorização da diversidade cultural 
dos povos, sugerindo a democratização cultural com vistas à soberania nacional. Sendo 
a cultura um conjunto de traços distintos que caracterizam uma sociedade, a Declaração 
considera a educação um meio por excelência para transmitir os valores culturais nacionais 
e universais.
Carta de Brasília 1995
Documento regional do Cone Sul sobre autenticidade
Países integrantes do Cone Sul – Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile – voltam ao 
tema “autenticidade”, tratado em outros encontros. Os países sul-americanos discutem 
a questão diante da situação regional de uma cultura “sincretista” (ecletismo) e de 
resistência, no qual relaciona a autenticidade e a identidade; autenticidade e a mensagem; 
autenticidade e o contexto; a autenticidade e a materialidade. Outros pontos são levantados 
como o grau e a conservação da autenticidade. A Carta reforça a ideia de autenticidade da 
identidade regional como patrimônio cultural. Essa identidade é resultado de uma cultura 
plural à qual se agregam diferentes raças e etnias, que contribuíram para a formação da 
América Meridional.
Recomendações 
de Paris – 2003
Salvaguarda do patrimônio cultural imaterial
A Unesco, reconhecendo o valor que o patrimônio cultural imaterial exerce sobre os grupos 
de indivíduos e a importância de sua salvaguarda em relação aos processos de uniformização 
cultural advindas da globalização de costumes, recomenda aos Estados-membros a adoção 
de medidas a fim de identificar e inventariar o patrimônio cultural imaterial em seus 
territórios, além da adoção de políticas educacionais como meio de reconhecimento, respeito 
e proteção desses bens.
Fonte: UFRGS, 2007, p. 26-29.
Conciliar a preservação da memória, representada pelo passado com as deman-
das contemporâneas, é um desafio presente em grande parte das Cartas Patrimo-
niais. De um modo geral, elas alertam para o debate sobre o patrimônio cultural 
23
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
com o objetivo de sua preservação e salvaguarda, reconhecendo, quase que por 
unanimidade, que o veículo principal para essa tarefa são os bancos escolares de 
todos os níveis, “pois, através da educação o homem poderá ter consciência e dis-
cernimento para reconhecer em si e nos outros povos o valor das culturas e sua 
diversidade” (UFRGS, 2007, p. 29).
Cidadania e Patrimônio Cultural
A cidadania é a garantia do exercício dos direitos do indivíduo, constituindo-se 
em um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, conforme o Artigo 1º 
da Constituição Federal, de 1988 (BRASIL, 1988). Por meio da cidadania, a pessoa 
poderá participar ativamente das decisões sociais, seja de forma direta ou indireta. De 
acordo com Penteado et al. (2014, [3] apud BONAVIDES, 2014), cidadania pode ser 
conceituada como “a qualidade, condição ou estado de um cidadão; o indivíduo no 
gozo dos direitos civis ou políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres 
para com este”. A partir dessa definição, caracteriza-se a ideia de participação do 
cidadão na construção de seu destino vinculado com o Estado.
Patrimônio cultural, por sua vez, são os bens de uma sociedade que fazem cone-
xão com suas origens e identidade. Conforme Penteado et al. (2014), o patrimônio 
cultural tem a capacidade de fazer o indivíduo se encontrar e se reconhecer e firmar 
raízes na vida em sociedade. “O patrimônio cultural reafirma a vida do indivíduo em 
conjunto e a cidadania complementa essa identidade. Quando a pessoa se vê como 
parte integrante da sociedade, consequentemente, passa a serpossuidora de direitos 
e deveres, e, ao exercê-los, exerce parcela da cidadania” (PENTEADO, 2014, [2]).
Penteado et al. (2014) lembram que grande parte da população brasileira não tem 
conhecimento sobre a possibilidade de participar ativamente da construção e manu-
tenção do patrimônio cultural do país como garante a Constituição Federal de 1988, 
no seu art. 216, § 1, onde estabelece que os cidadãos têm o direito/dever de auxiliar 
o Poder Público na criação, manutenção e uso efetivo do patrimônio cultural.
Figura 9 – A preservação da rica cultura brasileira deve ser estimulada 
e fiscalizada pelo poder público e pela população
Fonte: iphan.gov.br
24
25
Compromisso com a Preservação – Foco nos Jovens
Cabe, sem dúvida, aos gestores públicos, às instituições de ensino e às organiza-
ções da sociedade civil, em cada cidade, criar programas, condições e estratégias 
que estimulem a reflexão sobre o sentido e a importância do patrimônio cultural 
como uma as formas de cidadania. É preciso abrir caminho para que as comuni-
dades conheçam e reconheçam a preservação como uma aliada na melhoria das 
relações sociais, da condição de vida e como um dos caminhos para o desenvolvi-
mento sustentável.
A própria Constituição Federal de 1988 consagra princípios voltados à política 
de preservação do nosso patrimônio histórico-cultural a partir da cidadania cul-
tural, no qual o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e 
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e difu-
são das manifestações culturais. Outro princípio consagra a diversidade cultural 
previsto no § 1º do art. 215 (BRASIL, 1988), ao estabelecer que o Estado tem a 
obrigação constitucional de proteger as manifestações culturais populares, indí-
genas e afro-brasileiras, bem como de outros grupos participantes do processo 
civilizatório nacional.
Preve e Campos (2012, p. 177), citando Marilena Chauí (1992), lembram que 
as questões em torno da preservação do patrimônio cultural estão diretamente 
relacionadas à cidadania e ao direito de acesso à informação. “Os indivíduos têm 
o direito de ter acesso à sua própria cultura, à sua história, à memória coletiva e 
social” e salientam:
Ao definirmos a política cultural como cidadania cultural e a cultura como 
direito, estamos operando com os dois sentidos da cultura: como um fato 
ao qual temos direito como agentes ou sujeitos históricos; como um valor 
ao qual todos têm direito numa sociedade de classes que exclui uma parte 
de seus cidadãos do direito à criação e à fruição das obras de pensamento 
e das obras de arte.
Portanto, conhecer e apropriar são questões fundamentais para o fortalecimen-
to e a consolidação dos sentimentos de identidade e de cidadania de um povo. A 
participação de todas as camadas da sociedade na construção e no fortalecimento 
de seu patrimônio cultural garante a sensação de pertencimento. “É importante 
salientar-se que, enquanto o patrimônio natural é garantia de sobrevivência física 
da humanidade, que necessita do ecossistema – ar, água e alimentos – para viver, 
o patrimônio cultural é garantia de sobrevivência social dos povos, porque é pro-
duto e testemunho de sua vida.” (PREVE; CAMPOS, 2012, p. 177, apud SOUZA 
FILHO, 1977).
25
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Figura 10 – A Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfico (A) próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá, 
que sintetiza seu modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo (B). Como patrimônio imaterial, a Arte 
Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2002, 
do Iphan. No ano seguinte, recebeu da Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Fonte: iphan.gov.br
Por que a Constituição Federal de 1988 é tão importante nesse sentido? 
É que as ações preservacionistas anteriores estavam vinculadas basicamente aos 
bens culturais ligados aos setores dominantes da sociedade. Assim, foram preserva-
das as igrejas barrocas, as casas-grandes, os fortes militares, as casas de câmara e 
cadeia, “[...] em detrimento de outros bens reveladores de outros segmentos étnico-
-culturais, a exemplo de senzalas, quilombos, vilas operárias, cortiços etc.” (PREVE; 
CAMPOS, 2012, p. 178).
O reconhecimento, por parte das comunidades, de seu patrimônio cultural, seja 
ele local, regional, ou nacional, é fonte inesgotável de aprendizado e enriquecimen-
to, tanto do indivíduo, quanto da sociedade na qual ele está inserido. É a identidade 
de seu povo, assim como a valorização de si próprio e o crescimento de sua auto-
estima enquanto cidadão daquele lugar. Esse contexto, conforme Preve e Campos 
(2012, p. 179), resultará “em uma maior participação nas questões locais, sejam 
questões de cunho religioso, artístico, político, incluindo as questões voltadas para 
a preservação de sua cultura, identidade e bens comuns”.
26
27
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Patrimônio cultural e industrial: perspectivas e ações de preservação
ITAÚ CULTURAL. Patrimônio cultural e industrial: perspectivas e ações de preservação.
https://bit.ly/2GSto7X
Conheça 10 museus paulistas tombados pelo patrimônio histórico
SÃO PAULO. Conheça 10 museus paulistas tombados pelo patrimônio histórico.
https://bit.ly/2Y1mNy1
 Filmes
Carijo
Documentário sobre a metodologia de fabricação artesanal de erva-mate com o carijó 
(armação de varas onde ficam os ramos da erva-mate para que sejam dessecados pelo 
calor de um forno), suas implicações, relações e desdobramentos deste conhecimento 
ancestral, que remonta à época da dominação indígena na região Sul do Brasil, 
utilizado atualmente por agricultores familiares no Rio Grande do Sul.
 Leitura
Proteção do patrimônio histórico-cultural contra incêndios em edificações de interesse de preservação
ONO, R. Proteção do patrimônio histórico-cultural contra incêndios em 
edificações de interesse de preservação. Palestra apresentada na Fundação Casa 
de Rui Barbosa no ciclo de paletras Memória & Informação, abr. 2004, Rio de Janeiro.
https://bit.ly/2UM65AF
27
UNIDADE O Que é Patrimônio Cultural?
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 5 out. 1988. Disponí-
vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 12 nov. 2018.
_______. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Patrimônio imaterial 
[2018a]. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234>. Acesso 
em: 13 nov. 2018.
_______. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cartas 
Patrimoniais [2018b]. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/
detalhes/226>. Acesso em: 23 nov. 2018.
_______. Decreto-Lei nº 25. Organiza a proteção do patrimônio histórico e ar-
tístico nacional, 1937. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIl_03/
Decreto-Lei/Del0025.htm>. Acesso em: 12 nov. 2018.
CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Unesp, 2001.
MARTINS, A. V. A carta de Pero Vaz de Caminha: breve estudo das palavras 
gramaticais. 2005. 110 f. Monografia (Letras) – Faculdade de Ciências da Educa-
ção, Centro Universitário de Brasília, Brasília. Disponível em: <http://reposito-
rio.uniceub.br/bitstream/123456789/3461/2/20209400.pdf>. Acesso em: 06 
nov. 2018.
MEIRA, A. L. G. Políticas públicas e gestão do patrimônio histórico. In: História em 
Revista, v. 10, 2004. Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de 
Pelotas, Pelotas/RS. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/ndh/files/2017/02/10.-
-ana_meira.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2018.
PENTEADO, F. C.; LIMA, C. P. F.; DIAS, N. A. B. C.; ALVES, E. L. Cidadania 
e patrimônio cultural: diálogos socioambientais no Brasil. In: Revista de Estu-
dos Jurídicos Unesp, v. 18, n. 27, jan.-jun. 2014, n. p. Disponível em: <https://
ojs.franca.unesp.br/index.php/estudosjuridicosunesp/article/view/1294/1342>. 
Acesso em: 26 nov.2018.
PREVE, D. R.; CAMPOS, J. B. O patrimônio cultural como instrumento de forta-
lecimento da cidadania. In: Revista Tempos Acadêmicos, Dossiê Arqueologia 
Histórica, n. 10, 2012, p. 172-180. Disponível em: <http://periodicos.unesc.net/
historia/article/view/1119/1078>. Acesso em: 26 nov. 2018.
POLLAK, M. Memória e identidade social. In: Revista Estudos Históricos. Pro-
grama de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC) da Esco-
la de Ciências Sociais (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rio de Janeiro, 
v. 5, n. 10, 1992, p. 200-212. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/
index.php/reh/article/view/1941/1080>. Acesso em: 24 out. 2018.
28
29
ROCHA, T. S. F.; OLIVEIRA, L. M. Refletindo sobre memória, identidade e patri-
mônio: as contribuições do programa de Educação Patrimonial do Maea-UFJF. In: 
XVIII Encontro Regional da Associação Nacional de História (Anpuh), 21 a 27 
jul. 2012, Mariana/MG. Disponível em: <http://www.encontro2012.mg.anpuh.org/
resources/anais/24/1340766055_ARQUIVO_Artigo-Anpuh.pdf>. Acesso em: 06 
nov. 2018.
SAPIEZINKAS, A. Do patrimônio histórico ao patrimônio cultural: diálogos e in-
terações na aplicação das políticas públicas de preservação. In: Habitus, v.6, n.1, 
jan./dez. 2008, PUC Goiás, Goiânia. Disponível em: <http://seer.pucgoias.edu.br/
index.php/habitus/article/view/1997/1254>. Acesso em: 07. Nov. 2018.
TOMAZ, P. C. A preservação do patrimônio cultural e sua trajetória no Brasil. In: 
Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, vol. 7, ano VII, nº 2, Uberlândia/
MG, mai.-ago. 2010. Disponível em: <http://www.revistafenix.pro.br/PDF23/AR-
TIGO_8_PAULO_CESAR_TOMAZ_FENIX_MAIO_AGOSTO_2010.pdf>. Aces-
so em: 06 nov. 2018.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura. Patrimônio Mundial no Brasil [2018]. Disponível em: <http://www.
unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/list-of-world-heritage-in-
-brazil/#c1048555>. Acesso em: 23 nov. 2018.
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Manuais do patrimônio 
histórico edificado da Ufrgs: cartas patrimoniais e legislação. Porto Alegre: 
Editora da Ufrgs, 2007.
29

Outros materiais