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Trabalho final - Relação Professor-Aluno na Escolha de Abordagem Psicológica na Universidade Federal de Goiás

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1 
 
 
Psicologia: Teoria e Pesquisa 
 
Relação Professor-Aluno na Escolha de Abordagem Psicológica na 
Universidade Federal de Goiás 
 
Eduardo Arantes¹ 
Thais Martins² 
Karina Oliveira ³ 
Universidade Federal de Goiás 
 
 
 
RESUMO - Estudantes de psicologia enfrentam durante o curso o dilema da escolha de uma 
abordagem psicológica que norteará sua visão de mundo e proporcionará técnicas de análise e 
terapias. Devido ao direcionamento teórico dos professores já estar bem estabelecido, e 
comumente uma instituição ter predomínio de professores de uma certa abordagem, pesquisou-se 
a influência que estes professores exercem na escolha de abordagem dos alunos. A pesquisa foi 
realizada na Universidade Federal de Goiás com 24 discentes que cursavam o último ano de 
psicologia, e 9 docentes. Foi apontado por alunos o predomínio de uma abordagem específica na 
instituição. Professores e alunos consideraram a relação professor-aluno como influente no 
processo de escolha da abordagem. 
 
Palavras-chave: abordagem psicológica; relação professor-aluno; psicologia; autoridade; 
universidade. 
 
 Teacher-Student Relationship in the choice of Psychological Approach in 
the Universidade Federal de Goiás. 
 
ABSTRACT - Psychology students face during the course the dilema of the choose of a 
psychological approach that will guide their worldview and provide techniques of analysis and 
therapies. Due the theoric position of teachers is already established, and normally an institution 
have the predominance of teachers of a determinate approach, it was researched the influence 
that this teachers exert in the choice of psychological approach by the students. The research was 
applied in the Universidade Federal de Goiás in 24 students coursing the last year of psychology, 
and 9 teachers. It was pointed by the students the predominance of an specific approach in the 
institution. Teachers and students considered the teacher-student relationship as influent in the 
process of approach choice. 
 
Keywords: psychological approach; teacher-student relationship; psychology; authority; 
university. 
2 
 
 
 
 
 
 
 “ Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e 
aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. 
(...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele 
a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” 
(Fernández, 1991, p. 47 e 52). 
 
As abordagens psicológicas representam modos de ver e tratar o homem e o mundo. 
Possuem estrutura epistemológica coerente, são capazes de explicar uma grande variedade de 
fenômenos, têm eficácia comprovada e são aplicáveis a uma grande quantidade de problemas 
práticos (Faggiani, 2008). As três escolas consideradas mais importantes a partir do século XX 
dentro da Psicologia são: Behaviorismo ou Comportamentalismo, Gestalt e Psicanálise (Santos, 
Marin, Silva, & Guerra, 2010). 
Ao se optar por determinada abordagem está implícito um conjunto de práticas que serão 
utilizadas pelos futuros profissionais de psicologia, associadas a um visão de mundo, de homem 
e de sociedade, e por conta disso a escolha da abordagem teórica faz parte de um dos principais 
dilemas enfrentados pelos alunos de psicologia (Campos, Souza, Catão, & Campos, 1996). 
 No Brasil, a maior parte dos psicólogos são psicanalistas (Bastos & Gomide, 1989). Esse 
dado também se faz presente na Universidade Federal de Goiás, onde grande parte dos 
professores seguem a psicanálise (estando inclusos também aqueles que seguem a Teoria Crítica, 
onde é feita a união entre preceitos do marxismo e psicanálise e aqueles que seguem 
Psicodinâmica). Profissionais que seguem outras abordagens apresentam-se em proporções 
baixas na faculdade pesquisada. 
Os professores são extremamente importantes para a formação de qualquer 
profissional, principalmente para os (as) psicólogos (as), uma vez que são uma forma de elo 
entre aluno(a) e profissão - mostrando estudos de casos, apresentando o conhecimento sobre 
abordagens, proporcionando contato com mercado de trabalho, influenciando na opinião do 
aluno sobre determinada matéria. Devido a esses fatores, cogita-se que os estudantes 
tenderiam a seguir as abordagens predominantes entre os professores e poucos seguiriam 
abordagens marginalizadas na Psicologia. 
Batista, Amadio, Rodrigues, Santos e Palludetti (2004) no amplo estudo sobre o 
estudante de psicologia citam: 
“Campos, Souza, Catão e Campos (1996) relatam que a escolha da 
linha teórica faz parte de um dos principais dilemas que o aluno de psicologia 
enfrenta em sua formação. Já que esta também acaba sendo influenciada por 
características pessoais dos professores. Os mesmos autores concluíram que 
3 
 
20% dos alunos responderam que houve uma “razoável” influência percebida 
da relação positiva entre professor e sujeito na escolha da abordagem.” 
Silva e Botomé (1996), ao avaliarem a percepção de estudantes sobre o trabalho do 
psicólogo clínico, ressaltaram a influência da formação nas opiniões dos alunos. Indicaram que o 
curso de Psicologia acaba direcionando a percepção deles para determinadas opiniões sobre a 
própria psicologia, até mesmo a visão que o aluno terá de quem será este profissional e quais as 
suas possibilidades de atuação. Sendo assim, quanto maior a gama de informações e 
multiplicidades envolvidas no curso tanto mais os alunos poderão discriminar nuances da 
profissão e do mercado de trabalho. 
Os objetivos desse trabalho são: (a) evidenciar uma possível influência do docente na 
escolha da abordagem psicológica; (b) levantar outras possibilidades de influência nessa escolha 
(c) servir de base para futuras pesquisas sobre o assunto. 
 
Métodos 
 
Foram elaborados dois questionários, um direcionado aos estudantes (questionário A) e o 
outro direcionado aos professores (questionário B). Os questionários estão contidos em anexo. 
A Universidade Federal de Goiás conta, no ano de 2012, com 23 estudantes matriculados 
no último período de curso. Esses alunos frequentam apenas uma disciplina com exceção do 
estágio obrigatório, sendo que alguns estudantes mais antigos no curso também frequentam essa 
mesma disciplina, totalizando 30 alunos. Para o presente trabalho foram selecionadas por 
conveniência 24 pessoas dentre todas que fazem a disciplina. 
O questionário foi aplicado individualmente em 24 estudantes e 9 professores específicos 
(também selecionados por conveniência) de psicologia que lecionam na mesma universidade. 
 
Resultado e discussão 
 
Foram entrevistados 24 estudantes do último período do curso de Psicologia da 
Universidade Federal de Goiás, 22 questionários foram respondidos completamente e serviram 
como base para a pesquisa. Os estudantes tinham de 21 à 34 anos de idade. Média (24,04) DP 
(2,888) Variância (8,331). Sendo 17 do sexo feminino e 5 do sexo masculino. 
Todos os alunos afirmaram existir maior quantidade de disciplinas de uma abordagem em 
detrimento das outras. 90,1% afirmou a predominância de Psicanálise nas disciplinas, estes no 
geral afirmam que, com exceção da abordagem comportamental, todas as outras abordagens 
foram profundamente prejudicadas, principalmente as Humanistas. 81% dos alunos apontaram a 
predominância de Psicanálise em matérias não específicas de uma abordagem, como por 
exemplo, Psicologia do Desenvolvimento e Psicopatologia. 
Quanto a predominância de abordagem em uma instituição os professores consideraram 
um grande problema “A predominância é negativa, já que pode prejudicar a tomada de decisão, 
por parte do estudante, com conhecimento de causa.”. A principal causa apontada para esse fato 
vem da autonomiada instituição para elaborar seu próprio currículo “As Diretrizes Curriculares 
4 
 
Nacionais recomendam abordagem generalista para a graduação em psicologia. Entretanto, há 
relativa autonomia para a organização dos projetos de curso, particularmente nas IFES, o que 
explica certo equilíbrio na distribuição de disciplinas e professores.”. Em geral os professores 
consideraram a predominância de abordagem um problema comum nas universidades federais. 
 
Gráfico I – Abordagem dos alunos 
 
 
Na abordagem escolhida (gráfico 1) pelos alunos, psicanálise foi a principal (50%), 
seguida da comportamental (27%). 14% escolheram outras abordagens, histórico-cultural, 
cognitiva e bioenergética, foram às citadas. Duas pessoas não tinham abordagem definida (2%). 
A Tabela I comprova o ensino em abordagens tradicionais (Comportamental, Psicanálise e 
Gestalt) como mais presentes no curso e reconhecidas pelos alunos. Abordagens não tradicionais 
tendem a ser menos abordadas nas universidades. 
 
Tabela I – Abordagens conhecidas durante o curso 
Abordagem Quantidade de alunos que 
conheceram a abordagem 
durante o curso. 
Porcentagem de alunos que 
conheceram a abordagem 
durante o curso. 
Comportamental 22 100 
Psicanálise 21 95,4 
Gestalt 20 90,9 
Psicodrama 19 86,3 
Cognitiva 17 77,2 
Humanista 14 63,6 
Histórico Cultural 13 59 
Fenomenológica 12 54,5 
5 
 
Cognitiva Comportamental 9 40,9 
Transpessoal 2 9 
 
Baseados nas tabelas criadas por Campos, Souza, Catão e Campos (1996) e Batista, 
Amadio, Rodrigues, Santos e Palludetti (2004) criamos uma tabela com os principais 
participantes na construção da psicologia de forma a testar o reconhecimento ou não dos alunos 
nos nomes de cada abordagem. 
 
Tabela II - reconhecimento dos nomes importantes para a construção da psicologia 
pelos alunos. 
Pensador Quantidade de alunos que o 
consideraram importante 
para a construção da 
Psicologia. 
Porcentagem de alunos que 
o consideraram importante 
para a construção da 
Psicologia. 
Jean Piaget 21 95,4% 
Sigmund Freud 21 95,4% 
B. F. Skinner 21 95,4% 
L. Vygotsky 21 95,4% 
 Kurt Lewin 20 90,9% 
John Watson 20 90,9% 
Wilhelm Wundt 20 90,9% 
Jacob Levy Moreno 18 81,8% 
Carl Rogers 17 77,2% 
Karl Marx 15 68,1% 
Albert Bandura 15 68,1% 
Jacques Lacan 14 63,6% 
Jean P. Sartre 12 54,5% 
Abraham Maslow 12 54,5% 
Wilhelm Reich 12 54,5% 
Edmund Husserl 11 50% 
C. Levi – Strauss 9 40,9% 
Fritz Perls 8 36.3% 
Erich Fromm 8 36.3% 
Carl Jung 6 27,2% 
6 
 
Aaron Beck 5 22,7% 
 
 
Mais de 90% dos alunos reconheceram os principais nomes da: cognitiva (Piaget); 
Psicanálise (Freud); Histórico-cultural (Vygotsky); Behaviorismo (Watson e Skinner); Gestalt 
(Kurt Lewin) e do estruturalismo (Wundt). Embora, o reconhecimento dos nomes, seja uma 
avaliação bem superficial acerca do conhecimento sobre estas abordagens, este serve como 
indicativo para avaliar o quão amplo é o conhecimento destes alunos sobre certas abordagens. 
Indicando neste caso, que minimamente estas abordagens e no caso de Wundt a história da 
psicologia são ensinadas. 
Os nomes que obtiveram menos de 50% de reconhecimento são Fritz Perls, que é o 
fundador da Gestalt-Terapia. Erich Fromm da teoria crítica, Jung que rompera com a psicanálise 
freudiana criando sua própria abordagem, nomeada analítica por fim Aaron Beck, considerado o 
pai da terapia cognitiva. Isto mostra que embora houve grande reconhecimento em um primeiro 
momento de nomes relevantes para a gestalt e a cognitiva, o conhecimento acerca destas 
abordagens é limitado, uma vez que não fora reconhecido o nome de duas pessoas extremamente 
importante. 
Quanto aos dois últimos nomes não é possível afirmar que eles não conhecem estes 
nomes, embora esta seja uma possibilidade. É possível inferir que eles não são reconhecidos 
como grandes nomes na história da psicologia por estes alunos, no caso de Jung, isto pode 
ocorrder devido a ignorância de sua trajetória ou a uma forte formação freudiana em que se 
rejeita os que romperam com a psicanálise freudiana. 
De um modo geral, a tabela mostrou que é diverso o conhecimento sobre as abordagens, 
inclusive os nomes de não psicológos, mas que de alguma maneira influenciaram a psicologia ou 
determinadas abordagens, como Karl Marx e Sarte foram reconhecidas, evidenciando que o 
aprendizado destes está para além de um tecnicismo. 
 
Tabela III - Classificação de 1 (nada influente) a 5 (extremamente influente) dos fatores 
gerais pelos estudantes: 
 
Fator Média Desvio Padrão 
Família 1,4545 0,73855 
Disciplinas 3,5909 0, 95912 
Professores 3,6818 0,83873 
Estágio 3,0455 1,29016 
Mercado de Trabalho 1,8636 0,83355 
Identificação Pessoal 4,5909 0,79637 
Pesquisa e extensão 3,3182 1,52398 
Militância Política 2,0909 1,10880 
 
7 
 
Tabela IV - Classificação de 1 (nada influente) a 5 (extremamente influente) dos fatores 
gerais pelos estudantes. 
 
 
Fator Média Desvio Padrão 
Família 2,5714 1,39728 
Disciplinas 4,0000 1,32288 
Professores 4,2222 0,83333 
Estágio 3,5556 1,13039 
Mercado de Trabalho 2,2222 1,20185 
Identificação Pessoal 4,5909 1,50000 
Pesquisa e extensão 4,0000 0,86603 
Militância Política 4,0000 0,78174 
 
 
Ambos, professores e alunos, consideraram a Identificação Pessoal como o fator mais 
influente na escolha de abordagem. Nesta categoria se insere a historicidade do aluno, assim 
como valores e opiniões. A relevância do professor e das disciplinas foram em seguida os fatores 
mais reconhecidos como influentes, de modo que dependendo da relação entre o aluno e o 
professor o primeiro pode ser influenciado pela escolha de determinada abordagem, ou então 
repudiar certa abordagem. As disciplinas, reconhecidas pelo seu conteúdo, também foram 
relevantes, vale destacar que há uma relação intrínseca entre a disciplina e o professor. 
É curioso notar que os professores consideram a militância política e a pesquisa e extensão 
como mais relevantes para a escolha de abordagem do que os alunos e que reconhecem seu 
importante papel no processo de aprendizagem 
Nas questões discursivas os professores analisaram sua influência na escolha de abordagem 
pelo aluno. Todos consideraram importante em algum grau. “Acredito ser o professor fator 
importante nas escolhas do aluno. Muitas vezes o relacionamento do professor com a turma, com o aluno 
é mais importante que a própria abordagem.” Outros, confirmando as tabelas 1 e 2, destacaram a 
importância da identificação pessoal, da própria visão de mundo do aluno. “Apesar do professor ser 
bastante importante na escolha do aluno, acho que o fator principal é a história de vida. Ou 
seja, a visão de mundo e de homem que foi constuída na história pré-acadêmica do aluno. Caso 
essa visão de mundo e de homem não for clara, o professor terá um papel maior.” 
Outros ainda levantaram questões polêmicas quanto ao próprio funcionamento da instituição como 
determinante para que os professores corram atrás de “discípulos” “Um aspecto, infelizmente, muito 
comum no "currículo implícito" dos cursos de psicologia é a busca de novos adeptos entre os 
alunos, fundamentado na própria escolha do campo psicológico. A hostilidade entre os docentes 
é motivada também por enfrentamento político que têm maior afinidade com a disputa por 
espaços/recursos institucionais - é claro, vinculada a uma certa concepção do que é a psicologia 
como ciência e profissão-do que com o suporte à reflexão e à formação crítica dos estudantes.” 
 
 
8 
 
Tabela V - As causas apontadas pela preferência por determinadas matéria 
 
Causa Númerode alunos 
Professor 10 
Afinidade com o tema 9 
Prática que a matéria oferece 4 
Objetividade 2 
Coerência da matéria 1 
Debates 1 
 
Isto confirma o papel central da relação do aluno e professor para a aprendizagem, isto é, o 
professor tem papel ativo na preferência do aluno por certas matérias. Isso na psicologia, pode 
implicar a preferência por determinada abordagem. Percebe-se também que as temáticas da 
matéria são importantes, assim como o interesse do aluno pela prática. 
14 estudantes tiveram algum professor que marcou de forma positiva sua trajetória 
acadêmica, os aspectos tidos por eles como responsáveis por isso são diversos, mas podem ser 
divididos em dois grupos, o grupo A referente a questões pedagógicas, grupo B sobre o 
comportamento do docente. Como podem ser vistos nas tabelas VI e VII: 
 
Tabela VI e VII - Causas apontadas pela preferência por certo professor: 
 
Grupo A 
Causa Número de alunos
1
 
Metodologia 4 
Identificação teórica 4 
Coerência 3 
 
Grupo B 
Causa Número de alunos
1
 
Ética 2 
Visão de mundo 1 
Relação com o aluno 4 
Valores que possui 2 
Compromisso com a docência 2 
 
A tabela explicita que os fatores mais relevantes na relação aluno-professor são os 
objetivos, isto é, os fatores relacionados ao modo como o professor dá aula, a sua abordagem 
teórica que independente da matéria aparecerá minimamente em sua fala e a coerência que esse 
professor apresenta. 
 
1
 Os alunos deram mais de uma resposta 
9 
 
“As interações professor-aluno desempenham um importante papel, e mais do que 
pautadas pelas ações que um dirige ao outro, são afetadas pelas representações mútuas, ou seja, 
pelas idéias que um tem do outro” (Vasconcelos, Silva, Martins, & Soares, 2005). Embora de 
maneira unilateral, já que se trata só das percepções dos alunos, constata-se a relevância das 
ideias sobre o outro para o relacionamento. Ideias tanto da atividade docente como da postura 
ética, compromisso e a relação que estabelece com o aluno quanto de questões para além da 
docência e que se insere na pessoalidade, como a visão de mundo e valores. Portanto, o afeto está 
presente. Segundo Tassoni (2000): 
 “A afetividade que se manifesta nessa relação entre professor-aluno, 
constitui-se elemento inseparável do processo de aprendizagem e a própria 
qualidade da interação pedagógica vai conferir um sentido afetivo para o 
objeto de conhecimento”. 
 
 A partir disso é possível inferir que a partir dessa boa relação com o professor que a 
participação do aluno na aula será mais instigante, favorecendo a construção do conhecimento e 
em certa medida o interesse pela abordagem do professor. 
Dos 24 estudantes entrevistados, 12 disseram que tiveram problemas com os professores. 
Os fatores apontados pelos alunos para tal problema foram diversos, mas tal como na questão 
anterior, podem ser divididos em dois grupos, o grupo A, referentes a questões pedagógicas e o 
grupo B que se relaciona com comportamentos do professor. Tal constatação coincide com a 
pesquisa feita por Pavani e Bariani (2008). Abaixo se encontra a tabela com as respostas dadas. 
 
Tabela VII e IX – Causas apontadas pelos estudantes que os levaram a ter problemas com os 
professores. 
Grupo A: 
Causa Número de alunos 
Incompetência teórica 3 
Excesso de conteúdo 2 
Metodologia ruim 3 
Ensino enviesado em uma abordagem 2 
Desrespeito à ementa 2 
Incoerência do conteúdo com a avaliação 1 
 
Grupo B: 
Causa Número de alunos 
Arrogância 4 
Autoritarismo 2 
Falta de diálogo 2 
Prepotência 1 
 
É curiosa notar que embora a incompetência teórica tenha sido bem citada como causa 
dos problemas com os professores, o domínio do conteúdo não foi nem ao menos lembrado 
10 
 
como causa de um gostar do professor. Vale ressaltar também a relevância da metodologia, que 
foi importante tanto na determinação da boa quanto da má relação com os professores. 
 
Segundo Veiga (1989): 
 
“Dependendo da forma como organiza o trabalho pedagógico , o professor 
pode exercer um papel de negação do saber. Por outro lado pode aderir a 
uma prática utilitária e cair no praticismo, ao utilzar métodos, conteúdos e 
avaliação sem conhecer o seu referencial teórico.” ( p, 19) 
 
Nesse o principal problema apontado pelos alunos referentes ao grupo A, incompetência 
teórica, poderia ser analisada como uma prática utilitária e praticismo, muitas vezes decorrentes 
das demandas internas da instituição que faz com que professores especialistas de certas áreas ou 
abordagens ministrem disciplinas que não dominam o conteúdo. O excesso de conteúdo - assim 
como uma metodologia ruim - também se encontram nessa prática, o primeiro, sobrecarregando 
o aluno, fazendo com que o conhecimento adquirido seja superficial enquanto que o segundo 
dificulta a aprendizagem. O ensino enviesado se relaciona com a negação do saber, pois ao 
apresentar somente uma abordagem em uma matéria não específica de abordagem, nega-se o 
conhecimento sobre as outras, influenciando a escolha do aluno por esta abordagem. O 
desrespeito à ementa e a incoerência entre a avaliação e o ensino associam-se ao comportamento 
arrogante e prepotente apontado na tabela B, em que o professor se vê como autoridade máxima 
dentro de sala, de tal modo que desrespeita as resoluções do MEC e os próprios alunos. 
A análise do grupo B permite-nos afirmar que um número relevante de alunos tiveram 
problema com ao menos um professor durante sua formação devido a aspectos do 
comportamento do professor. Tal problematização enfatiza que a relação docente-dicente está 
para além de uma relação formal e profissional, a questão pessoal também é relevante nessa 
relação. A partir do momento que se supera o aspecto formal e também se foca no aspecto 
pessoal é indubitável que apareça laços afetivos, sejam eles positivos ou negativos. 
Segundo,Vera e Ferreira (2010): 
 “... a afetividade constitui um fator de grande importância no processo de 
desenvolvimento do indivíduo e na relação com o outro, pois é por meio desse outro 
que o sujeito poderá se delimitar como pessoa nesse processo em permanente 
construção. Nesse sentido, é essencial que o professor de Ensino Superior também 
esteja envolvido nesse processo, considerando a afetividade como parte do 
desenvolvimento, buscando a formação integral dos estudantes universitários e uma 
vivência positiva da aprendizagem.” 
 
Segundo o constatado nas respostas, a construção desses laços negativos fundamenta-se 
no estabelecimento de uma relação hierarquizada com o (a) aluno (a), distanciando e dificultando 
o diálogo. Isto gera um grande problema na aprendizagem, pois segundo Wallon (1986 como 
citado em Nascimento, 2004): “é pelo diálogo que o sujeito constrói sua inteligência; ao ser 
11 
 
ouvido e refletir sobre a fala do outro, tem a possibilidade de desenvolvimento, em um processo 
de permanente construção, em que modifica e é modificado pelo outro”. A partir desta falta de 
interação será criada uma relação estagnada em que o processo de aprendizagem é dificultado, 
sendo ainda intensificado pela criação de laços afetivos negativos. 
Estas relações são construídas em um ambiente de sala de aula de Psicologia, em que os 
professores possuem uma abordagem psicológica – embora não necessariamente lecionem 
diretamente sobre ela . A partir dos laços afetivos criados nessa relação o aprendizado do aluno 
será instigado ou dificultado, do mesmo modo o interesse por uma determinada abordagem, que 
pode causar desinteresse devido ao professor que a leciona ou a associação da abordagemcom 
algum professor em que o aluno não teve uma boa relação afetiva. 
 
Tabela X – Abordagens dos Professores 
 
Abordagens Professores Porcentagem 
Psicanálise 3 33,3% 
Histórico Cultural 2 22% 
Behaviorismo Radical 1 11,1% 
Marxista 1 11,1% 
Psicodinâmica do Trabalho 1 11,1% 
Teoria Crítica 1 11,1% 
 
Dos professores entrevistados 3 (33,3%) se declararam psicanalistas, em contraste aos 
50% dos alunos que seguiram pela mesma abordagem. Apenas um tem como abordagem o 
Behaviorismo (11%), enquanto 27% dos alunos seguiram essa abordagem. 
 
Considerações finais 
 
Constatou-se uma maior escolha pela Psicanálise e em seguida a Comportamental, 
psicologias de áreas não clínicas tiveram pouca adesão, como a Histórico-cultural, enfatizando 
uma maior ênfase a clínica. As abordagens com menores tradições também não ganharam 
destaque, como a Bioenergética e a Junguiana. A escolha por abordagem foi coerente com o 
reconhecimento dos nomes. 
Devemos considerar o número reduzido de professores entrevistados, que pode não 
refletir a realidade da universidade. Embora, o papel desempenhado pelos professores foi visto 
como relevante nas respostas no processo de aprendizagem, não foi possível associá-los 
diretamente a escolha de abordagem, pois a porcentagem das abordagens seguidas pelos 
professores entrevistados diferenciam da porcentagem dos alunos. 
Porém foi apontado pela maioria dos alunos as matérias de psicanálise como excessivas 
no currículo e um predomínio dessa abordagem na formação em geral. Esta também foi a 
abordagem escolhida pela maioria dos alunos. Ambos professores e alunos apontaram a 
relevância do professor na escolha de abordagem pelo aluno. Ressalta-se que mais estudos 
devem ser feitos sobre o tema, com amostras maiores e diferenciadas. 
12 
 
 
 
Referências 
 
Bariani, I. C. D. & Pavani, R. (2008). Sala de aula na universidade: Espaço de relações 
interpessoais e participação acadêmica. Estudos de Psicologia, 25, 67-75. 
 
Bastos, A. V. B., Gomide, P. I. C. (1989). O Psicólogo Brasileiro: Sua Atuação e Formação 
Profissional. Psicologia: Ciência e Profissão, vol. 9, n. 1, Brasília. 
 
Baptista, Nunes, M., Amadio, Andréia, Rodrigues, Carolina, E., Santos, Mendonça, K. &, 
Trindade, S.A (2004). Avaliação dos hábitos, conhecimentos e expectativas de alunos de um 
curso de psicologia. Psicologia Escolar e Educacional, 8(2), 207-217. 
 
Campos, L. F. L., Souza, K.C. C., Catão, E. C., & Campos, P. R.(1996). Fatores motivacionais 
na escolha de abordagens teóricas em psicologia clínica. Estudos de Psicologia, 13 (1), 41-54. 
 
Faggiani, R. (2008). Como escolher uma abordagem. Recuperado em 10 janeiro, 2013, de 
http://www.psicologiaeciencia.com.br/como-escolher-uma-abordagem-parte-1/ 
 
Fernández (1991), A. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, p. 47 e 52. 
 
Nascimento, M. L. B. P. A criança concreta, completa e contextualizada: a psicologia de Henri 
Wallon. In: ______. CARRARA, Kester. Introdução à psicologia da educação: seis abordagens. 
São Paulo: Avercamp, 2004. 
 
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