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Santarém 4 mil Anos de História

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Santarém: 4 mil anos de história
Andrei Morais
Professor de Filosofia & Literatura – Ateliê Digital/UFOPA
Hudson Melo
Graduando de Arqueologia – UFOPA
	Além de seus 354 anos, milênios permanecem desconhecidos. As atuais descobertas de nossa arqueologia apontam para quatro modelos diferentes de vida, dos nômades aos sedentários – do período paleoíndio, arcaico, formativo ao contato com o colonizador europeu. 
	O Paleoíndio ocorreu entre 12 e 7 mil anos a.p. (antes do presente), na transição entre o Plestoceno e o Holoceno, com advento de variações climáticas e ecológicas na Amazônia. Pode-se dizer que, dentro da cronologia de ocupação da região, destaca-se o sítio Caverna da Pedra Pintada (Monte Alegre), com uma datação de 11.300 anos (Paleoindian Cave Dwellers in the Amazon, Anna Roosevelt e outros). Grande parte dos utensílios domésticos dessas populações não sobreviveu ao tempo, foram destruídos pelo clima tropical e úmido. 
	Encontramos vestígios de diferentes estilos de lascamento (pontas, artefatos retocados e as milhares de microláscas), frutos de uma intensa produção de materiais feitos em pedra. Atualmente, estudos etnobotânicos indicam uma forte relação entre o nativo amazônico (período 7 a 4 mil anos a.p.) e uma série de plantas em início de domesticação (mandioca, milho e pupunha). Esta fase é conhecida como Arcaico, na qual se observa um manejo de plantas mais consciente, aliado à caça, à pesca e à coleta de recursos vegetais e aquáticos; bem como um cultivo de tipo de horticultura. Há um modelo de vida próximo do sedentarismo que produziu uma cerâmica incipiente, porém sendo a mais antiga de todas as Américas, aproximadamente 7 mil anos, localizado no sambaqui fluvial de Taperinha, antiga fazenda do barão de Santarém (s. XIX). (Sambaqui é um amontoado de conchas e ossos de peixe deixado pelas populações locais em paleorios – rios que corriam no local, funcionavam para moradia, cemitério etc.) 
	O período formativo é marcado pela constituição das sociedades pré-coloniais multiétnicas (Cronologia e conexões culturais na Amazônia, Denise Gomes). A cidade de Santarém possui dois sítios arqueológicos urbanos que possuem datas deveras antigas referentes a este período – Aldeia, com datas até 3 mil anos (Gomes); e Porto de Santarém, até 4 mil anos –, enaltecendo a cronologia de ocupação contínua até os dias atuais (Ocupação indígena na foz do rio Tapajós, Daiana Alves). Estes sítios apresentam grandes extensões de solos de Terras Pretas Amazônicas, alterados quimicamente pelas sociedades daquela época. São testemunhos complexos e ricos de grandes mudanças nas culturas nativas, tais como: a sedentarização, a produção de diferentes tipos de artefatos cerâmicos, as diversificadas maneiras de produção de alimentos e um aumento populacional indígena considerável. 
	O contato com o colonizador europeu se deu em 1541 e está documentado no relato do frei Gaspar de Carvajal (1542) e foi produzido durante a viagem de Francisco de Orellana. Em 1661, a cidade de Santarém foi fundada pelo padre João Bettendorff, sob o nome de Aldeia dos Tapajós, referência à ocupação histórica entre indígenas e europeus.

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