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AULA 1, 2 E 3-HISTÓRIA, CONCEITOS BÁSICOS E APLICAÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA Professora Evelise Moraes Berlezi PLANEJAMENTO AULA DE 20 DE FVEREIRO E 6 DE MARÇO DE 2017 Unidade I – EPIDEMIOLOGIA NOÇOES E CONCEITOS BÁSICOS Aspectos históricos e conceituais da epidemiologia Epidemiologia como campo de conhecimento, prática e pilar do planejamento e gestão da saúde coletiva. Epidemiologia descritiva: características e possibilidades de uso; distribuição das doenças no espaço e tempo. OBJETIVO DE APRENDIZAGEM - Conhecer as origens, história e as diferentes classificações da Epidemiologia para que o estudante conheça essa área de conhecimento e o potencial de aplicabilidade tanto na atuação profissional nos serviços como na academia; no campo da saúde ou no núcleo de formação. - Compreender conceitos básicos e importantes da Epidemiologia e sua aplicação prática para: o estudo das doenças, estabelecendo causa e efeito; a validação de técnicas, tratamento e métodos diagnósticos; prever os modelos da doença e distribuição; a avaliação de risco para o individuo; e a avaliação da efetividade dos serviços de saúde. METODOLOGIA DE ENSINO - Aula de 20 de fevereiro e 7 de março - Aula expositiva utilizando como recursos material áudio visual. - Participação ativa dos estudantes (avaliação formativa): para essa dinâmica no início da aula expositiva serão definidas com os estudantes 3 questões norteadoras; após a exposição reunidos em grupo (4 sujeitos) essas questões deverão ser debatidas e feita a elaboração das respostas. Após será socializadas as respostas a partir de uma dinâmica de diálogo e construção conjunta de conhecimento. 1 PONTO *** QUESTÕES NORTEADORAS 1 - Qual a importância da EPIDEMIOLOGIA no estudo das doenças e no estabelecimento de causas e efeitos? 2 - Que aspectos/conhecimentos/competências são fundamentais para a compreensão da dinâmica das doenças? Explique como ocorre a dinâmica e interação entre os determinantes do processo saúde doença. 3 - A partir de 5 exemplos demonstre a aplicação da EPIDEMIOLOGIA. Livros recomendados para aprofundamento teórico dos conteúdos QUAL O SEU CONHECIMENTO SOBRE EPIDEMIOLOGIA? COMO VOCÊ PODERIA APLICAR OS CONHECIMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA? EXPLIQUE COMO OCORRE A DINÂMICA E INTERAÇÃO ENTRE OS DIFERENTES DETERMINANTES QUE INTERFEREM NO PROCESSO SAÚDE DOENÇA. A EPIDEMIOLOGIA É IMPORTANTE PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE? ? O QUE É EPIDEMIOLOGIA? Qual o conceito atual de epidemiologia? EPIDEMIA EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA Epi = sobre Demo = população Logos = tratado Epidemiologia é portanto, o estudo de alguma coisa que aflige (afeta) a população. EPIDEMIOLOGIA CLÁSSICA: fatores de risco - prevenir e retardar a mortalidade EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA: melhoria do diagnóstico e tratamento, bem como o prognóstico de pacientes doentes Maneiras como os estudos científicos de doenças podem ser abordados: 1) nível submolecular ou molecular (biologia celular, bioquímica e imunologia) 2) nível dos tecidos e órgãos (anatomia patológica) 3) nível individual dos pacientes (clínica) 4) nível de populações (EPIDEMIOLOGIA) Uma definição precisa do termo EPIDEMIOLOGIA não é fácil sua temática é dinâmica e seu objeto, complexo. Pode-se de maneira simplificada, conceituá-la como: “Ciência que estduo o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades , danos a saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, à administração e à avaliação das ações de saúde.” (ROUQUAYROL, 2013) Concepções importantes para compreender o conceito de EPIDEMIOLOGIA (Rouquayrol,2013) 1 – A priori, independente de qualquer análise, pode ser dito que a atenção do epidemiologista está voltada para a ocorrência em escala massiva de doença ou de não doença, envolvendo pessoas agregadas em sociedades, coletividades, comunidades, grupos demográficos, classes sociais ou quaisquer outros coletivos formados por seres humanos. 3 – Considerando o conjunto de processos sociais interativos que, erigidos em sistema, definem a dinâmica dos agregados sociais, um em especial constitui o campo sobre o qual trabalha a epidemiologia: o processo saúde- doença... Definido como o “modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste e reprodução, destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular das atividades contidianas, isto é, surgimento de doenças. *** nesse contexto a expressão saúde-doença está empregado qualitativamente para adjetivar um determinado processo social. 2 – O universo dos estados particulares de ausência de saúde é estudada pela epidemiologia sob a forma de doenças infecciosas e não infecciosas e agravos a integridade física (acidentes, homicídios e suicídios). 6 – A prevenção visa o emprego de medidas de profilaxia, a fim de impedir que indivíduos sadios venham a adquirir a doença; o controle visa reduzir a incidência a níveis mínimos: a erradicação, após implantadas as medidas de prevenção, consiste na não ocorrência de doença, mesmo na ausência de quaisquer medidas de controle; isso significa a incidência zero (exemplo: varíola erradicada desde 1977) 4 – Entende-se por distribuição o estudo da variabilidade da frequência das doenças de ocorrência em massa, em função das variáveis ambientais e populacionais, ligadas ao tempo e espaço. 5 – A análise dos fatores determinantes envolve a aplicação do método epidemiológico ao estudo de possíveis associações entre um ou mais fatores suspeitos e um estado característico de ausência de saúde, definido como doença. Definindo Epidemiologia... Conceitos ao longo da história AINDA... “TUDO QUE É VERDADEIRO PODE SER EXPRESSO EM NÚMERO” (LORD KELVIN, 1824-1907) REFLETE A OBJETIVIDADE DOS MÉTODOS QUANTITATIVOS E TAMBÉM A VALORIZAÇÃO QUE A MODERNIDADE DEU A ESSES MÉTODOS. “Campo da ciência médica preocupado com o inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam a freqüência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade humana.” – MAXCY, 1951. “É o estudo da distribuição e dos determinantes da freqüência de doenças no homem.” MACMAHON E PUGH, 1970. “É o estudo da distribuição e dos determinantes da saúde em populações humanas.” - SUSSER, 1973. “Campo da ciência que trata dos vários fatores e condições que determinam a ocorrência e a distribuição de saúde, doença, defeito, incapacidade e morte entre os grupos de indivíduos.” - LEAVELL, 1976. “Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com saúde.” - PEREIRA, 1995. “ O estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas.” (Associação Internacional de Epidemiologia) Princípio básico: Os agravos à saúde não ocorrem ao acaso na população. Alicerces: Clínica, estatística e ciências sociais. “Todo agravo à saúde tem a sua epidemiologia” QUAL A IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA???? Alguns temas de Notícias OBESIDADE INFANTIL IMPORTÂNCIA PARA NUTRIÇÃO???? IMPORTÂNCIA PARA PSICOLOGIA???? IMPORTÂNCIA PARA FISIOTERAPIA???? IMPORTÂNCIA PARA FARMÁCIA???? IMPORTÂNCIA PARA ENFERMAGEM???? Epidemiologia constituia principal ciência de informação em saúde. World-Wide Web Epidemiology - Epidemiologic Épidémiologie - Épidémiologique Epidemiologia - Epidemiológico 370.000 registros. Como tudo começou... História da Epidemiologia RAÍZES HISTÓRICAS DA EPIDEMIOLOGIA Na Grécia Antiga gregos cultuavam Asclépios (Esculápio) deus da Medicina Asclépios é representado segurando um bastão com uma serpente enrolada atualmente símbolo da profissão médica e da farmácia Suas duas filhas - Panacéia e Higéia - representam o paradoxo entre a medicina individual e a medicina coletiva, predominante no pensamento ocidental até os dias atuais A “protoepidemiologia” – Hipócrates (“Dos Ares, Águas e Lugares”) Panacéia – Deusa de Todas as Curas Higéia – Deusa da Boa Saúde Panacéia representava a medicina curativa, prática terapêutica baseada em intervenções sobre indivíduos doentes, através de manobras físicas, encantamentos, preces e uso de pharmakon (medicamentos) Higéia era adorada por aqueles que consideravam a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, e buscavam promovê-la por meio de ações preventivas, mantenedoras do perfeito equilíbrio entre os elementos fundamentais: terra, fogo, ar e água Panacéia – Deusa de Todas as Curas Higéia – Deusa da Boa Saúde • Teoria dos miasmas: “envenenamento secundário às emanações pútridas originárias do solo, água e ar”. Século XVII... A TEORIA MIASMÁTICA ou teoria miasmática das doenças foi uma teoria formulada por Thomas Sydenham e Giovanni Lancini (séc. XVII). Segunda a teoria as doenças teriam origem nos miasmas: o conjunto de odores fétidos provinientes de matéria orgânica em putrefação nos solos e lençois frenáticos contaminados. Hoje é uma teoria obsoleta ao ser consensual e aceite a teoria microbiana. 1662 – John Graunt relata a distribuição social da morte em Londres, e as conseqüências mortais da peste/ Análise das estatísticas da mortalidade. “Natural and Political Observations made upon the BillsMortality” 1667 - William Petty inicia o cálculo dos custos de mortalidade. “Political arithmetic” Século XVII... Jonh Graunt era comerciante, não médico ou biólogo; tornou-se um estatístico por conta própria, e com grande êxito: foi até admitido na Real Sociedade de Ciências da Grã- Bretanha. Sua obra, Observações naturais e políticas, publicada pela primeira vez em 1662, era uma notável análise das estatísticas de mortalidade. 2. Teoria do germe: “a infecção por organismos minúsculos constitui uma causa fundamental de doença” – Jakob Henle, 1840. - Industrialização e expansão das cidades: Tuberculose/ Cólera Pierre Louis – Epidemiologia Clínica; John Snow - Epidemiologia de Campo: "... doenças transmitidas de pessoa a pessoa são causadas por alguma coisa que passa dos enfermos para os sãos e que possui a propriedade de aumentar e se multiplicar nos organismos dos que por ela são atacados...“; Louis Pasteur - Bacteriologia; Louis Villermé – Epidemiologia Social. Século XIX... SÉCULO XIX A ESTATÍSTICA SE DESENVOLVE AINDA MAIS. EM 1810 O FAMOSO ASTRÔNOMO E MATEMÁTICO FRANCÊS PIERRE-SIMON LAPLACE (1749-1827) PUBLICOU UM TRATADO SOBRE A TEORIA DA PROBABILIDADE, SUGERINDO QUE ESSA ABORDAGEM PODERIA SER ÚTIL PARA RESOLVER PROBLEMAS MÉDICOS. A FRANÇA ERA UM CENÁRIO PROPÍCIO PARA O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES CIENTÍFICAS LIGADAS À SAÚDE DA POPULAÇÃO – A REVOLUÇÃO DE 1789 TINHA ADOTADO VÁRIAS MEDIDAS SANITÁRIAS IMPORTANTES. NOME DE DESTAQUE: PIERRE CHARLES ALEXANDRE LOUIS (1787-1872) LOUIS FOI UM PIONEIRO NO USO DOS MÉTODOS MATEMÁTICOS NO ESTUDO DAS DOENÇAS. ELE INSISTIA QUE OS TRATAMENTOS DEVERIAM SER COMPARADOS. UM GRUPO DE PACIENTES TOMA UM TIPO DE REMÉDIO; OUTRO GRUPO, SIMILAR, TOMA OUTRO TIPO DE REMÉDIO – COMPARANDO OS DOIS, PODEMOS SABER QUAL É O MELHOR. JOHN SNOW (1813-1858) : CONSIDERADO O PIONEIRO DA MODERNA EPIDEMIOLOGIA. ERA ANESTESISTA. A PRÓPRIA RAINHA VITÓRIA O REQUISITOU POR OCASIÃO DOS SEUS PARTOS. O CÓLERA EM LONDRES DO SÉCULO DEZENOVE, MOTIVOU SNOW A INVESTIGAR OS CASOS E AS CASAS DOS PACIENTES, INDAGANDO DE QUE EMPRESA RECEBIAM ÁGUA. CONCLUIU QUE A ÁGUA CONTINHA ALGO QUE CAUSAVA A DOENÇA. MAS À ÉPOCA DE SNOW NINGUÉM SABIA QUE O CÓLERA ERA CAUSADO POR UMA BACTÉRIA. OUTRO PROFISSIONAL ENTUSIASMADO: LOUIS RENÉ VILLERMÉ (1782-1863) DESISTIU DA PRÁTICA CLÍNICA PARA ESTUDAR A APLICAÇÃO DA ESTATÍSTICA À SAÚDE PÚBLICA. EM TORNO DE 1828-1830 FEZ UM TRABALHO EXEMPLAR SOBRE A RELAÇÃO ENTRE POBREZA E DOENÇA (CONDUZIU AS ANÁLISES DA INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE RENDA SOBRE A MORBIDADE). WILLIAM FARR (1807-1883) UM DOS PIONEIROS DA ESTATÍSTICA DE SAÚDE NA GRÃ-BRETANHA. COMPILAVA NÚMEROS RELATIVOS À MORTALIDADE. “AS EPIDEMIAS PARECEM SE ORIGINAR A INTERVALOS EM LUGARES INSALUBRES; DISSEMINAM-SE, CRESCEM E ENTÃO DIMINUEM”. ACEITAVA A IDÉIA DE CONTÁGIO, MAS NÃO REJEITAVA OS FATORES AMBIENTAIS. INAZ SEMMELWEIS (HÚNGARO, 1818- 1865) INVESTIGOU A FEBRE PUERPERAL. CONTOU E COMPAROU. CONTOU ÓBITOS PELA FEBRE E COMPAROU EM DIFERENTES ALAS DO HOSPITAL. MÉDICOS DE VIENA ENCARREGADOS DAS NECRÓPSIAS, SEM LAVAR AS MÃOS, DEPOIS IAM PARA A SALA DE PARTO. A FEBRE SE TRANSMITIA DOS CADÁVERES PARA AS PARTURIENTES ATRAVÉS DAS MÃOS DOS MÉDICOS. LOUIS PASTEUR (1822-1895) GRANDE PASSO PARA O CONHECIMENTO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS. NÃO ERA MÉDICO, ERA QUÍMICO. A PEDIDO DE INDUSTRIAIS DO VINHO, ESTUDOU O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO. LABORATÓRIO PASTEUR: GRANDE CENTRO DE PESQUISA CIENTÍFICA VOLTADO PARA DOENÇAS HUMANAS. BACILO DA DIFTERIA, PESTE BUBÔNICA, TUBERCULOSE, MALÁRIA (PLASMÓDIO). EM 1850 FOI FUNDADA A LONDON EPIDEMIOLOGICAL SOCIETY: CONSAGROU O TERMO “EPIDEMIOLOGIA”. 3. Paradigma da caixa preta: “a mortalidade por doenças crônicas supera aquela por doenças infecciosas”. - Campanhas de Oswaldo Cruz (Peste, febre amarela e varíola) - RJ - Adolfo Lutz e Butantã – SP Estudos relacionando fumo ao câncer de pulmão; Exploração de fatores de confusão, análise de sobrevida, modelos de regressão, risco relativo, etc. Século XX... Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA . Nos anos 50: - Desenvolvimento/aperfeiçoamento dos desenhos epidemiológicos; - Substituição da Teoria Monocausal por uma tendência ecológica (multicausalidade); - Definição clara dos indicadores de saúde: prevalência e incidência; - Formalização do conceito probabilístico de risco; - Introdução da Bioestatística. Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA 1960 e 1970 . Entre os anos 1960 e 1970, houve uma verdadeira revolução na Epidemiologia com a introdução da computação eletrônica. Pode-se dizer que houve uma forte “matematização” da área. . Na década de 60 várias questões sociais, como os direitos humanos, mobilizaram o mundo inteiro e o impacto dessa mobilização repercutiu, é claro, na saúde e na educação. . John Cassel (1915-1978) contribuiu significativamente na sistematização do conhecimento epidemiológico com a teoria compreensiva da doença, fruto da integração dos Fundamentos Socioantropológicos na Saúde. Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA • Nos anos 70 e 80: Três tendências principais: - aprofundamento das bases matemáticas, - proposta de uma Epidemiologia clinica (tendência à “biologização), - reafirmação do processo saúde-enfermidade-cuidado, considerando os aspectos econômicos e políticos de seusdeterminantes, em oposição à “biologização”. - Na Europa e na América Latina surgiram abordagens mais críticas da Epidemiologia em resposta a essa tendência de “biologização” da Saúde Pública, reafirmando a influência dos determinantes sociais da saúde (DSS) no processo saúde-doença. Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA • Nos anos 70 e 80: Novos desafios surgiram: doenças antigas reapareceram e novas enfermidades despontaram, as chamadas doenças emergentes destacando, nesse contexto, a pandemia da SIDA ou AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA Algumas Aplicações: - Diversas fases do ciclo da vida; - Diversos tipos de problemas de saúde: . Epidemiologia da AIDS, . Epidemiologia das doenças infecciosas; . Epidemiologia das doenças cardiovasculares; . Epidemiologia do câncer; . Epidemiologia nutricional; . Epidemiologia das violências; . Epidemiologia do uso de substâncias psicoativas; Epidemiologia em saúde mental, em saúde bucal, na saúde do trabalhador, entre outras aplicações); . Epidemiologia aplicada ao SUS. Aula 1: Introdução à Epidemiologia FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA A epidemiologia explora a ecologia da doença humana! Fatores Biológicos DOENÇA Fatores Ambientais Fatores socioeconômicos Diversos outros fatores NO BRASIL O GRANDE REPRESENTANTE DA CHAMADA REVOLUÇÃO PASTEURIANA FOI OSWALDO CRUZ (1872-1917). ESTAGIOU EM PARIS E PARTICIPOU DA INVESTIGAÇÃO DE UM SURTO DE PESTE BUBÔNICA EM SANTOS. ASSUMIU A DIRETORIA DE SAÚDE PÚBLICA. ORGANIZOU PROGRAMAS DE COMBATE A DOENÇAS SOB FORMA DE CAMPANHAS (VACINAÇÃO ANTIVARIÓLICA). ESTA CAMPANHA GEROU PROTESTOS QUE EVOLUÍRAM PARA UMA REVOLTA CONHECIDA COMO REVOLTA DA VACINA EM 1904. Era Paradigma Abordagem analítica Abordagem preventiva Estatísticas sanitárias; primeira metade do Séc. XIX Miasma: envenenamento por emanação ruim originária do solo água e ar Demonstrar grupos de morbidade e mortalidade Drenagem, esgoto e saneamento Doenças infecciosas, final do Séc. XIX a primeira metade do Séc. XX Teoria dos germes: agentes simples relacionados em doenças específicas Isolamento em laboratórios, culturas dos locais das doenças, transmissão experimental Interromper transmissão (vacina, isolamento – quarentena- antibióticos Epidemiologia da doença crônica, metade do final do Séc. XX Caixa preta: exposição relacionada ao resultado, sem necessidade de fatores patogênicos intermediários Taxa de risco de exposição a resultados no nível individual nas populações Controle dos fatores de risco, mudança em estilo de vida, em agentes ou no ambiente DOIS TIPOS DE EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA Exame da distribuição de uma doença em uma população e observação dos acontecimentos básicos de sua distribuição em termos de TEMPO, LUGAR E PESSOAS. TIPOS TÍPICOS DE ESTUDO: Saúde comunitária (sinônimo de estudo transversal, estudo descritivo). EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA Provando uma hipótese específica acerca da relação de uma doença a uma causa, conduzindo estudos epidemiológicos que se relacionem à exposição de interesse com a doença. TIPOS DE ESTUDOS TÍPICOS: COORTE, CASOS CONTROLES. A TRIADE BÁSICA DA EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA. As três características essenciais das doenças nós observamos na Epidemiologia Descritiva. TEMPO LUGAR PESSOA TEMPO • MUTÁVEL OU ESTÁVEL? • VARIAÇÃO SAZONAL • AGRUPADO (EPIDÊMICO) OU UNIFORMEMENTE DISTRIBUIDO (ENDÊMICO). • PROPAGADO OU DE UMA SÓ FONTE. LUGAR • GEOGRAFICAMENTE RESTRITO OU DISPERSO (PANDEMICO). • RELACIONADO À ÁGUA OU A ALIMENTOS. • GRUPOS MULTIPLOS OU SOMENTE UM? PESSOA •IDADE •CONDIÇÃO SÓCIO-ECONÔMIICA •SEXO •ETINIA / RAÇA •COMPORTAMENTO Define host, agent? A TRÍADE BÁSICA DA EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA. OS TRÊS FENÔMENOS GERALMENTE AVALIADOS EM EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA SÃO: HOSPEDEIRO AGENTE AMBIENTE. HOSPEDEIRO AGENTE AMBIENTE AGENTES: •Nutrientes •Tóxicos e/ou venenos •Alérgenos •Radiação •Trauma físico •Micróbios •Experiências psicológicas • CARGA GENÉTICA • ESTADO IMUNOLÓGICO • IDADE • CONDUTA PESSOAL FATORES DO HOSPEDEIRO MEIO AMBIENTE AGLOMERAMENTO AR ATMOSFÉRICO MODOS DE COMUNICAÇÃO – fenômeno no meio ambiente que reúne o hospedeiro ao agente, tal como: • VETOR • VEÍCULO • RESERVATÓRIO Quais são os novos rumos da Epidemiologia? ÁREAS TEMÁTICAS DA EPIDEMIOLOGIA 1. Doenças infecciosas e enfermidades carenciais - alvos da epidemiologia epidemias bem evidentes - vigilância contínua, busca de agentes etiológicos - investigação de outras doenças doenças nutricionais 2. Doenças crônico-degenerativas e outros danos à saúde - da mortalidade por doenças infecciosas e carenciais, envelhecimento da população e mudança no perfil de morbidade da população ampliação do campo de estudo da epidemiologia - ausência de fator etiológico único - estudo das condições presentes anteriormente ao aparecimento do evento fator de risco 3. Os serviços de saúde - assistência aos doentes e práticas preventivas fator interveniente na ocorrência e distribuição de doenças - estudos epidemiológicos conhecer a situação, identificando problemas e investigando suas causas, e propondo soluções. EVOLUÇÃO DO ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO Doenças infecciosas e enfermidades carenciais; Doenças crônico-degenerativas; Acidentes; envenenamentos; hábito de fumar, peso ao nascer, fadiga profissional, violência urbana, consumo de drogas... Serviços de Saúde. Outras subdivisões -epidemiologia social; -epidemiologia clínica; -epidemiologia nutricional; -epidemiologia farmacológica; -epidemiologia molecular; -epidemiologia comportamental; -etc. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA NO SEC. XX HOUVE A CONSOLIDAÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA COMO DISCIPLINA DE OBJETIVOS E METODOLOGIA BEM DEFINIDOS. ESCOLAS COMO JOHN HOPKINS SCHOOL (EUA) E LONDON SCHOOL (INGLATERRA) PASSARAM A CONTAR COM O ENSINO DESTA DISCIPLINA, CUJOS HORIZONTES FORAM SE ALARGANDO. OS EPIDEMIOLOGISTAS DEVEM TER CONHECIMENTOS DE SAÚDE PÚBLICA, MEDICINA CLÍNICA, FISIOPATOLOGIA, ESTATÍSTICAS E CIENCIAS SOCIAIS. •SAÚDE PÚBLICA – devido a ênfase na prevenção de enfermidades. •MEDICINA CLÍNICA – devido a ênfase na classificação das doenças e seus diagnósticos. •FISIOPATOLOGIA – devido a necessidade de entender mecanismos biológicos básicos da doença. •ESTATÍSTICA – devido a necessidade de quantificar a frequência das doenças e sua relação com os antecedentes. •CIÊNCIAS SOCIAIS – devido a necessidade de entender o contexto social no qual a doença ocorre e se apresenta. OS PROPÓSITOS E USOS DA EPIDEMIOLOGIA Lilienfield A e Stolley: em Foundations of Epidemiology. 1. Esclarecer a etiologia. 2. Avaliar a frequência com as hipóteses de laboratório. 3. Prover as bases para prevenção. Jeremiah Morris: USES OF EPIDEMIOLOGY: 1. Entender a história da doença (e prever os modelos da doença). 2. Diagnóstico comunitário – medir a carga da doença numa comunidade. 3. Avaliação de risco para o individuo. 4. Estudos da efetividade dos serviços de saúde. 5. Completando o quadro clínico. 6. Identificação dos sintomas. 7. Seguindo pistas sobre as causas. DIFERENÇA ENTRE CIÊNCIA DELABORATÓRIO E DE CAMPO NO LABORATÓRIO: •Sempre experimental •Variáveis controladas pelo investigador •Todas as variáveis conhecidas •Fácil reprodutibilidade •Resultados validados •Significado dos resultados para seres humanos sem clareza •Pouca necessidade de manipulação estatística de dados Altamente equipado DIFERÊNÇAS ENTRE CIÊNCIAS DE LABORATÓRIO E DE CAMPO NO CAMPO: Mais observação Variáveis controladas pela natureza Algumas variáveis desconhecidas Difícil reprodução: impossível reprodução exata Resultados um pouco duvidosos Claro significado dos resultados para seres humanos Controle estatístico muito importante Trabalho intensivo EPIDEMIOLOGIA Determinantes Estudo Distribuição Estados relacionados à saúde Populações DETERMINANTES Epidemiologistas também buscam causas ou fatores que estejam associados com risco aumentado ou probabilidade de doença. Este tipo de epidemiologia movida por perguntas tais como "quem", “o que”, "onde” e "quando" e que tenta responder "como" e "por quê" é chamada epidemiologia analítica. DETERMINANTES - Descoberta de causas das variações que comumente ocorrem na distribuição de um evento - Abordagem unicausal: “uma causa, um efeito” - Abordagem multicausal: “múltiplas causas, um efeito” ou “uma causa, múltiplos efeitos” Uma possível causa Um dado efeito EXPOSIÇÃO AO FATOR DE RISCO SURGIMENTO DA DOENÇA Níveis altos de colesterol Coronariopatia EXPOSIÇÃO AO FATOR DE RISCO SURGIMENTO DA DOENÇA ESTUDO Epidemiologia é a ciência básica da saúde pública. É uma disciplina altamente quantitativa baseada em princípios de estatística e metodologia de pesquisa. DISTRIBUIÇÃO Os epidemiologistas estudam a distribuição de frequências e padrões de eventos de saúde dentro de grupos em uma população. Para isto, usam epidemiologia descritiva que caracteriza eventos de saúde em termos de tempo, lugar e pessoa. ESTADOS RELACIONADOS À SAÚDE Embora doenças infecciosas fossem claramente o enfoque primordial do trabalho epidemiológico, isto já não é mais verdadeiro. A epidemiologia, como é praticada hoje, é aplicada ao amplo espectro de eventos relacionados à saúde que inclui doença crônica, problemas ambientais, problemas comportamentais e injúrias (causas externas), além de doenças infecciosas. POPULAÇÕES Uma das características distintivas mais importantes de epidemiologia é que trata de grupos de pessoas em lugar de pacientes individuais. OBJETIVO ... embora epidemiologia simplesmente possa ser usada como uma ferramenta analítica para estudar doenças e seus determinantes, tem um papel mais ativo. Dados epidemiológicos orientam decisões de saúde pública e contribuem para o desenvolvimento e avaliação de intervenções para o controle e prevenção de problemas de saúde. Esta é a função primária de aplicação ou campo da epidemiologia. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA EPIDEMIOLOGIA 1. Todos os achados devem se referir à população 2. As doenças ou problemas de saúde não ocorrem ao acaso: a distribuição destes problemas é produto dos fatores causais, ou determinantes que se distribuem desigualmente na população – a comparação de subgrupos populacionais é essencial para a identificação de determinantes das doenças. 3. Fatores causais: estão associados com a ocorrência de doenças (causa e efeito). Fator de risco: é qualquer fator associado à ocorrência de uma doença ou problema, isto é, mais frequente entre os doentes do que não doentes. 4. O conhecimento epidemiológico é essencial para a promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA Descrever as condições de saúde da população Investigar os fatores determinantes da situação de saúde Avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde Comparar uma obsessão fundamental da epidemiologia (ex. populações, condições, casos e controles....) PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA 1. Diagnóstico de saúde comunitária 2. Monitoramento das condições de saúde 3. Identificação dos determinantes de doenças ou agravos 4. Validação de métodos diagnósticos 5. Estudo da história natural das doenças 6. Avaliação epidemiológica de serviços de saúde Os princípios metodológicos da epidemiologia têm aplicação direta no manejo clínico dos doentes e no planejamento, gerenciamento e avaliação dos serviços de saúde. 1 . DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE n Epidemiologia descritiva Faz parte do processo de diagnóstico epidemiológico a organização dos dados, de maneira a evidenciar as freqüências do evento, em diversos subgrupos da população, de modo a compara-los. 2 . INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA - Abordagem unicausal - Abordagem multicausal A epidemiologia se estrutura no conceito de RISCO. RISCO: é o grau de probabilidade dos membros de uma população desenvolverem uma determinada doença ou evento relacionado à saúde, em um período de tempo. 3. DETERMINAÇÃO DE RISCOS TIPOS DE RISCO • Nos estudos epidemiológicos, um dos objetivos é verificar até que ponto as exposições que estamos estudando podem ser responsáveis pela ocorrência das doenças. • É muito DIFÍCIL AFIRMAR QUE UMA EXPOSIÇÃO CAUSA UMA DOENÇA; ASSIM, O MAIS ACEITO É O USO DE MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO ENTRE POSSÍVEIS CAUSAS E DESFECHOS EM SAÚDE. ESTAS MEDIDAS PODEM SER DO TIPO: RAZÃO: A/B OU DIFERENÇAS: A-B AS MEDIDAS TIPO RAZÃO MAIS USADAS SÃO: - RISCO RELATIVO - RAZÃO DE CHANCES OU ODDS RATIO - RAZÃO DE PREVALÊNCIA RISCO RELATIVO É uma das medidas mais importantes nos estudos epidemiológicos. Trata-se de uma relação entre a incidência nos expostos e a incidência nos não expostos. Assim: Incidência nos expostos RISCO RELATIVO = ----------------------------------------------- Incidência nos não expostos Tabela 2x2 com as pessoas expostas e não expostas, doentes e sadias. Exposição/Doença Sim Não População Sim a b a + b Não c d c + d TOTAL a + c b + d n Incidência nos expostos (IE) = a/a+b Incidência nos não expostos (INE) = c/c+d RISCO RELATIVO = IE/INE QUANDO MAIOR QUE UM, O RR REPRESENTA UMA POSSIBILIDADE DE QUE A CAUSA, OU FATOR DE EXPOSIÇÃO EM ESTUDO, ESTEJA VINCULADA À DOENÇA EM QUESTÃO. QUANDO OS VALORES DO RR SÃO MENORES QUE UM, DIZEMOS QUE ELE FUNCIONA COMO FATOR DE PROTEÇÃO. RAZÃO DE CHANCES OU ODDS RATIO Em estudos do tipo casos e controles, utilizam-se estimadores do risco relativo ou odds ratio. A razão de odds ratio indica se a chance de desenvolver uma doença no grupo de expostos é maior/menor do que entre os não expostos. Não se refere à probabilidade (risco) mas à chance (odds) ad ODDS RATIO = ------------- bc A chance de adoecer é uma medida tipo razão, onde o numerador (probabilidade de adoecer) não está contido no denominador. Risco é uma medida de frequência tipo proporção onde o numerador está contido no denominador. Explica quantas vezes mais os expostos estão doentes, quando comparado aos não expostos, porém não mede riscos. Prevalência total = a+c/n Prevalência nos expostos (PE) = a/a+b Prevalência nos não expostos (PNE) = c/c+d Razão de prevalência = PE/PNE RAZÃO DE PREVALÊNCIA RISCO ATRIBUÍVEL OU DIFERENÇA DE RISCOS O RA informa o efeito da exposição no excesso de risco da doença no grupo de expostos em relação aos não expostos. RA = IE – INE RISCO ATRIBUÍVEL PROPORCIONAL É o RA expresso em percentual em relação à incidência nos expostos. IE - INE RAP =----------------- X100 IE COMPARAR: UMA OBSESSÃO FUNDAMENTAL DA EPIDEMIOLOGIA Indicadores que medem o risco de adoecer: incidênciae prevalência Indicadores que medem o risco de morrer: coeficientes e taxas de mortalidade. População de risco: pessoas que correm o risco de desenvolver uma doença ou agravo à saúde. Cálculo do risco Risco absoluto (ou taxa de incidência): mostra quantos casos novos da doença aparecem no grupo, em um dado período. Ex: -15 óbitos anuais por coronariopatias por mil adultos com colesterol sérico elevado - 5 casos de coronariopatias por mil adultos com colesterol sérico baixo Risco relativo: informa quantas vezes o risco é maior em um grupo, quando comparado a outro. É a razão entre duas taxas de incidências. Exemplo: RR=15/5 = 3 Interpretação: risco 3 vezes maior de mortalidade por coronariopatia entre os que têm colesterol sérico elevado, quando comparado aos que tem colesterol sérico baixo Risco atribuível (à exposição): indica a diferença de incidência entre dois grupo (ou seja, entre duas taxas de incidência) Exemplo: RA=15-5= 10 óbitos anuais por coronariopatia por 1000 adultos com colesterol sérico elevado . Interpretação: são os óbitos em excesso, atribuídos a presença de colesterol sérico elevado, nas pessoas integrantes no grupo considerado Exemplos de cálculo do risco Características clínicas Evidências laboratoriais 4 . APRIMORAMENTO NA DESCRIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO 5 . DETERMINAÇÃO DE PROGNÓSTICOS - Fator de Prognóstico - Generalização dos Resultados 6 . IDENTIFICAÇÃO DE SÍNDROMES E CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS - Observações epidemiológicas que auxiliam a identificação de doenças - Atualização permanente da Classificação Internacional de Doenças 7 . VERIFICAÇÃO DO VALOR DE PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS Sensibilidade (presença de doença - verdadeiros positivos ou enfermos) Especificidade (ausência da doença - verdadeiros negativos) Valor preditivo: positivo e negativo 8 . PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS As informações referentes à magnitude e à distribuição dos problemas de saúde, dos fatores de risco e das características da população; Os resultados de estudos epidemiológicos, que forneçam informações sobre fatores de risco e agravos à saúde, e o impacto das diversas formas de intervenção; As informações sobre os recursos financeiros, humanos e materiais 9 . AVALIAÇÃO DAS TECNOLOGIAS, PROGRAMAS OU SERVIÇOS DETERMINAÇÃO DE RELAÇÃO CAUSA-EFEITO EFETIVIDADE Grau do impacto, resultado ou efeito real – condições reais ou habituais de atenção EFICÁCIA Probabilidade de indivíduos/população de se beneficiar da aplicação de um procedimento ou técnica em condições ideais de atenção. EFICIÊNCIA Refere-se a questão economica – custo~benefício NÍVEIS DE AVALIAÇÃO 10 . ANÁLISE CRÍTICA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS - métodos de investigação – indagação científica fontes de dados – validade interna - modo de seleção – viés de seleção - variáveis que confundem a interpretação dos resultados – viés de aferição 11 - AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE SERVIÇOS DE SAÚDE Leva em conta o acesso da população aos serviços e a cobertura oferecida (p.ex: % de crianças vacinadas, proporção de indivíduos que são atingidos por determinada doença que são tratados e acompanhados; proporção de gestantes inscritas e acompanhadas pelo programa, etc.) – proporção da população coberta por diferentes programas – diretamente relacionada ao acesso... Passos: selecionar os indicadores mais apropriados, levando em conta os que se deseja avaliar quantificar metas a serem atingidas com referência aos indicadores selecionados Coletar as informações epidemiológicas necessárias Comparar os resultados alcançados em relação às metas estabelecidas Revisar as estratégias, reformulando o plano quando necessário IMPORTANTES ASPECTOS DA PRÁTICA EPIDEMIOLÓGICA -correta seleção da população do estudo; -apropriada aferição dos eventos e adequada expressão dos resultados; -controle de variáveis confundidoras; -critérios de inclusão e exclusão. EXS: ESTUDO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Assistência ao doente Práticas preventivas Distribuição e ocorrência de doenças. Exs: - Cobertura populacional; - Qualidade do atendimento; - Identificar problemas, investigar causas. EXS. DE ASSOCIAÇÕES ESTUDADAS PELA EPIDEMIOLOGIA: Leucemia na infância X exposição aos raios X durante a gestação; Trombose venosa X contraceptivos orais; Tabagismo X câncer de pulmão; Cegueira X hipovitaminose; Mortalidade Infantil X classe social. EPIDEMIOLOGIA - SABER CIENTÍFICO SOBRE A SAÚDE HUMANA, SEUS DETERMINANTES E SUAS CONSEQÜÊNCIAS 1 - Investigação epidemiológica - possibilita o avanço do conhecimento sobre os determinantes do processo saúde/doença. 2 - Desenvolve tecnologias efetivas para a descrição e a análise das situações de saúde, fornecendo subsídios para o planejamento e a organização das ações de saúde. 3 - Metodologia epidemiológica pode ser empregada na avaliação de programas, atividades e procedimentos preventivos e terapêuticos, tanto no que se refere a sistemas de prestação de serviços quanto ao impacto das medidas de saúde na população. ESTA DEFINIÇÃO PODE SER DESDOBRADA NOS SEGUINTES ASPECTOS COMPLEMENTARES: A - estuda estados particulares de ausência de saúde sob forma de doenças infecciosas (sarampo, malária, meningite etc.), não infecciosas (diabetes, cardiopatias, depressões etc.) e agravos à integridade física (acidentes, homicídios, suicídios etc.) B - o objeto da epidemiologia são as relações de ocorrência de saúde-doença em massa, envolvendo um número expressivo de seres humanos, agregados em sociedades, coletividades, comunidades, grupos demográficos, classes sociais ou outros coletivos humanos. C - a questão metodológica de como, do ponto de vista epidemiológico, se pode identificar casos de doença ou danos à saúde. D - a distribuição (variabilidade) na freqüência de doenças de ocorrência em massa, em função de variáveis ambientais e populacionais ligadas a referenciais de tempo e espaço. E - a análise de determinação envolve a aplicação do método epidemiológico ao estudo de associações entre um ou mais fatores suspeitos como causais e um determinado estado de saúde-doença. F - para cumprir seu papel de fonte de informação e conhecimento para subsidiar o planejamento, a gestão e a avaliação de políticas, programas e ações de proteção, promoção ou recuperação da saúde. A EPIDEMIOLOGIA REVOLUCIONOU A ABORDAGEM MÉDICA DA DOENÇA. LONGO CAMINHO PERCORRIDO, DESDE QUE HIPÓCRATES FORMULOU SUAS IDÉIAS SOBRE ARES E ÁGUAS. TUDO INDICA QUE ESSE CAMINHO AINDA LEVARÁ A MUITAS E IMPORTANTES DESCOBERTAS... REFERÊNCIAS MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2004. ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e saúde. 6.ed. Medsi: São Paulo, 2003. ROUQUAYROL, M. Z. & ALMEIDA FILHO, N. de. Introdução à Epidemiologia. 4 ed. Medsi: São Paulo, 2006. PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
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