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Habeas Corpus Antecedentes históricos -> o antecedente mais antigo do habeas corpus (HC) de hoje é “la manifestación de personas de la corona de aragón” (bem como a “fir- ma de derechos y agravios futuros o temidos”, preventiva), que vigoraram na Espanha de 1428 a 1592. Os Acts ingleses são de 1679 e 1816. O significado da denominação do instituto acha-se nas palavras iniciais da fór- mula “toma o corpo e venha submeter o homem e o caso ao tribunal”. Antecedentes no Brasil -> nosso HC é de 1832. Antes disso, usávamos um inter- dito - o “homine libero exhibendo”. Em 1871 foi alterado para também ser de cunho preventivo (inexistente no Direito Inglês). Previsão legal —> art. 5.°, LXVIII, CF, e arts. 647ss, CPP. Natureza jurídica e cognição -> ação autônoma de impugnação, de feição man- damental e posição constitucional, tem procedimento sumário. Cognição limita- da, veda-se dilação probatória. Isso, porém, não impede análise da prova pré- constituída, independentemente de sua complexidade. Sumariedade não se con- funde com superficialidade. Mandamento judicial - writ - o HC também tem por denominação “remédio heróico”. Objeto -> a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos frente a atos abu- sivos. Cabimento -> seguindo a sistemática do CPP, por facilidade, temos o art. 647. O HC visa garantir o direito fundamental à liberdade deambulatória (ir e vir englo- ba o permanecer!). Se já consumada a ilegalidade, diz-se “liberatório”; se imi- nente, “preventivo”. A partir das Súms. 693 e 695, STF, prevalece a ideia de seu seguimento estar ligado à afetação direta da liberdade. Contudo, o risco, mesmo que indireto (por exemplo, quebra de sigilo fiscal), sempre deve ser demonstra- do claramente. Alem disso, quanto aos casos de punição disciplinar, a leitura é outra - constitu- cional; em se cuidando de atos administrativos, ainda que militares, também eles se acham sujeitos a controle judicial - no caso, para exame de seus aspectos formais. Art. 648, I = justa causa é o suporte fático-jurídico mínimo a legitimar coação legal, seja para haver, fora a prisão ou medida cautelar diversa, inquérito policial e processo. II = toda dilação excessiva, sem exceção, deve ser levada sob critérios objetivos ao crivo do art. 5.°, LXXVIII, CF. III = competência em sentido estrito (magistrado), pois outras autoridades têm atribuições. IV = desaparecimento do suporte fático - periculum libertatis -, especialmente nas prisões cautelares (situacionais). V = a impossibilidade equivale à não admissão, impondo-se aqui reconhecer por igual um arbitramento de valor excessivo. VI = “manifestamente” deve ser lido como absoluto e induvidoso, no campo da tipicidade do ato processual, e a qualquer tempo (ler o art. 652, CPP). VII = tais causas extintivas estão no art. 107, CP, e em leis especiais. Collateral attack - o HC, além dos casos de prisão, pode ser usado como meio alternativo de ataque aos atos judiciais, mesmo decisão transitada em julgado (exs.: recebimento da denúncia ou queixa, “trancamento” do processo, ilegali- dade de prova, controle difuso de constitucionalidade, dentre outros). Isso vem sendo, no entanto, cada vez mais objeto de combate (os substitutivos de especial / extraordinário). O HC é perfeitamente aplicável a ato de particular - seja pessoa física, jurídica ou a esta assemelhada. Exs.: restrições de liberdade, internações, etc. A ilegali- dade não deve ser gritante, mas a produção antecipada de prova suficiente a convencer e as condições do detido a lhe acarretar risco. Pode também o HC ser impetrado preventivamente. A iminência é verificada num juízo de verossimilhança; ou seja, atua-se imediatamente antes da coação ser produzida. Ao invés de alvará liberatório, concede-se (sem disciplina algu- ma) o salvo-conduto. Caso típico é o das CPIs e congêneres. Competência, legitimidade e procedimento -> o HC deve sempre ser impetrado perante a autoridade judiciária superior, capaz de desconstituir a coação tida por ilegal. Na dúvida, e quanto a quem é coator ou mero executor, vale o contido no art. 649, CPP. Em relação a JECs, apesar de sua Súm. 690, tem o próprio STF entendido caber postulação ante seus respectivos TJs/TRFs, na hipótese de tur- ma recursal coatora. Outro exemplo diz respeito a integrantes do Ministério Público. A legitimidade é a mais ampla possível. Ainda se reluta em admitir a pessoa ju- rídica como paciente/impetrante; contudo, se ela pode ser parte em processo- crime... Também juízes e tribunais podem conceder HC de ofício. Vejam-se os arts. 654 e 656, CPP. A petição deve ser distribuída em 3 (três) vias. Atenção deve ser dada à nomen- clatura de cada um. Art. 662 - o pedido de informações cabe nos tribunais e não é obrigatório; aliás, dispensável com cópia integral do processo. O parquet não precisa ser ouvido antes, em primeiro grau; nos órgãos colegiados isto se dá con- forme disponham os seus respectivos regimentos internos. Veja-se a Súm. 691, STF (HCs 89.681, 91.041 e 95.009). Para liminar requerida basta o recebimento do HC, nada mais se exige. Examina-se a verossimilhança dos aspectos horizontais e verticais, devendo a decisão interlocutória cautelar demonstrar o fumus boni iuris e o periculum in mora. Julgado o mérito, tem-se concessão ou denegação da ordem - decisão mandamental. Nos tribunais, permite-se a sustentação oral, desde que requerida na peça, pois o HC é “levado em mesa” para julgamento, tendo nele preferência (Súm. 431, STF; HC 93.557, STJ; art. 201, I, RITJPR).
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