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1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO 
 PENAL 
 
Prof.ª Letícia Sinatora Neves 
Prof. Mauro Stürmer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
2 
 
 
Olá! Boas-Vindas! 
 
Este material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de 
qualidade! 
Lembre-se de que o seu sonho também é o nosso! 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
3 
 
 
1ª FASE OAB | 39° EXAME 
Processo Penal 
Prof.ª Letícia Sinatora Neves 
Prof. Mauro Stürmer 
 
 
Sumário 
 
1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal ............................................................ 4 
2. Aplicação da Lei Processual Penal .......................................................................................... 8 
3. Inquérito Policial ..................................................................................................................... 11 
4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ............................................................................ 18 
5. Ação Penal ............................................................................................................................. 21 
6. Competência e Jurisdição ................................................................................................ 28 
7. Provas .................................................................................................................................... 39 
8. Sujeitos Processuais .............................................................................................................. 47 
9. Comunicação dos Atos Processuais das Citações e Intimações ........................................... 49 
10. Prisões ................................................................................................................................. 54 
11. Medidas Assecuratórias Patrimoniais .................................................................................. 60 
12. Das Questões e Processos Incidentes ................................................................................ 65 
13. Procedimentos Penais ......................................................................................................... 70 
14. Juizados Especiais Criminais ............................................................................................... 77 
15. Sentença e Coisa Julgada ................................................................................................... 84 
16. Recursos em Processo Penal .............................................................................................. 86 
17. Ações autônomas de impugnação: Revisão Criminal, Habeas Corpus e Mandado de 
Segurança ................................................................................................................................ 100 
18. Nulidades no Processo Penal ............................................................................................ 107 
19. Lei de Execução Penal ...................................................................................................... 111 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, 
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2023. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
4 
 
1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal 
Prof. Mauro Stürmer 
@prof.maurosturmer 
 
Neste ponto do material serão apresentados, de maneira sucinta e objetiva, os mais 
importantes princípios de Processo Penal, pois, no decorrer do material, dentro de cada ponto 
da disciplina, quando necessário, será feita menção e comentário específicos. 
 
1.1. Princípio da legalidade 
Princípio muito caro ao Direito Penal e Processual Penal, pois ligado diretamente a 
segurança jurídica. No seu viés, é importante ao processo penal, assim está previsto na 
Constituição Federal: art. 5o, II, da CF, que assegura que: “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
 
1.2. Princípio da humanidade 
Art. 5o, III e XLIX, da CF: 
“ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”; 
“é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. 
Garantias processuais de que o processo penal não pode expor o homem a situações 
degradantes e torturante. 
 
1.3. Princípio do devido processo legal 
Art. 5o, LIV, afirma que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal”. 
 
1.4. Imparcialidade do juiz 
O juiz, no processo penal, situa-se entre as partes e acima delas – tendo em vista o seu 
caráter substitutivo. Certo de que ele não vai ao processo em nome próprio, jamais poderá 
haver conflito de interesse entre o Magistrado e a parte. Trata-se de uma característica 
subjetiva do órgão jurisdicional. 
Para isso estipulam-se: 
Proibição dos Tribunais e Juízes de Exceção (art. 5o, XXXVII). 
Dessas regras decorre que ninguém será processado por órgão criado após a ocorrência 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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do fato. 
 
1.5. Igualdade processual 
Nada mais é do que um desdobramento do mandamento esculpido no caput do art. 5o de 
nossa Constituição, que nos informa que todos são iguais perante a lei. Assim, em juízo, as 
partes devem ter as mesmas oportunidades. 
Devemos observar, apenas, que tal princípio pode ser atenuado, pois existem situações 
em que a defesa terá algumas prerrogativas processuais que a acusação não possuirá: 
Exemplo: 
Princípio do favor rei. O acusado goza de alguns privilégios em contraste com a 
pretensão acusatória. Exemplos: 
art. 609, parágrafo único (embargos infringentes e de nulidade); 
art. 621 e seguintes (revisão criminal). 
Somente a defesa poderá entrar com embargos infringentes ou com a revisão criminal. 
 
1.6. Contraditório 
*Para todos verem: esquema. 
 
 
1.7. Ampla defesa 
Implica o dever do Estado de proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja 
autodefesa (pessoal) ou técnica (efetivada por profissional do Direito inscrito na OAB). Implica, 
ainda, o fato de que ao Estado cabe prestar assistência jurídica e integral aos necessitados (art. 
5o, LXXIV). 
Decorre, ainda, a necessidade de se observar, como regra, a ordem natural do processo, 
 
 
As partes tem o direito de não apenas produzir provas e de 
sustentar suas razões, mas também de vê-las seriamente 
apreciadas e valoradas pelo julgador. 
 
Dessa forma elas tem o direito de ser cientificadas sobre 
os fatos ocorridos no processo (citações, intimações e 
notificações). 
 
Tal princípio foi mais uma vez prestigiado com a reforma 
de 2008 que proibiu (art. 155 do CPP) a fundamentação da 
decisão com base exclusivamente em elementos 
informativos. 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
6 
 
em que a defesa será a última a se manifestar. 
 
1.8. Da ação ou da demanda 
Cabe sempre à parte provocar a prestação da jurisdição, tendo em vista que os órgãos 
jurisdicionais são inertes. 
 
1.9. Garantia contra a autoincriminação 
Art. 5o, LXIII, da CF, com a seguinte redação: “O preso será informado de seus direitos, 
entre os quais o de permanecer calado [...]”. 
Nemo tenetur se detegere 
Ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
 
1.10. Princípio da inocência 
O princípio da inocência revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado culpado 
senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conformeart. 5o, LVII, 
CF/1988). 
 
1.11. Princípio do juiz natural 
Previsto no art. 5o, LIII, da CF/1988, significa dizer que é a garantia de um julgamento 
por um juiz competente. 
Estabelecido por regras objetivas (de competência) previamente previstas no 
ordenamento jurídico. 
Proibição de criação de tribunais de exceção, constituídos a posteriori à infração penal e 
especificamente para julgá-la. 
 
1.12. Princípio da persuasão racional ou convencimento motivado do 
magistrado 
O juiz decide com base nos elementos existentes no processo, mas deve avaliá-los por 
critérios racionais e sempre motivar suas decisões. 
Atenção! 
No Tribunal do Júri vale o sistema do livre convencimento ou íntima convicção do julgador, 
pois os jurados não são obrigados a motivar suas decisões, ou seja, não são obrigados a dizer 
o porquê condenam ou porque absolvem. 
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Processo Penal 
 
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1.13. Duplo grau de jurisdição 
*Para todos verem: esquema. 
 
1.14. Princípio do promotor natural 
Segundo a Constituição Federal, este princípio refere-se a necessidade de que o 
julgamento somente ocorra pelo juiz previamente investido na respectiva competência. 
 
Art. 5o, LIII, CF – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente. 
 
Segundo o STF, não pode haver designação casuística de um determinado membro do 
MP. Isso irá ferir o princípio do promotor natural. 
 
1.15. Razoável duração do processo 
 Garantia de todos, direito fundamental expresso em nossa CF, a razoável duração do 
processo, foi acrescida no rol do art. 5º pela EC/45. Conforme abaixo se apresenta: 
 
Art. 5, LXXVIII da CF: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
(Incluído pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) 
 
 
 
 
Consiste na possibilidade de revisão, por via recursal, das causas já 
analisadas/julgadas pelo Juiz de primeiro grau. 
 
 
Não é tratado de forma expressa nos textos legais e Constitucional, 
mas decorre da própria organização do Poder Judiciário. 
 
 
Há casos em que o mencionado princípio não é aplicável. 
JULGAMENTO PELO STF. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
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Processo Penal 
 
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2. Aplicação da Lei Processual Penal 
2.1. Conceito de processo penal 
É um conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, 
por meio da aplicação do Direito Penal objetivo. 
É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito 
Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos 
da função jurisdicional e respectivos auxiliares. 
 
2.2. Tipo de processo penal – sistemas 
Atenção! 
Adotamos no processo penal brasileiro o sistema acusatório. 
 
2.3. Lei processual no tempo 
O mais importante artigo sobre esse assunto é o abaixo transcrito: 
 
Art. 2o do CPP. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade 
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
• Ainda que prejudique a situação do réu, ela é aplicável retroativamente; 
• Isso porque é diferente da lei penal (essa sim não retroage para prejudicar o 
acusado). 
 
2.3.1. Tempus regit actum 
Atos processuais praticados sob a égide da lei antiga são considerados válidos e não são 
atingidos pela nova lei processual. 
Normas novas têm aplicação imediata. 
 
2.4. Lei processual e sua interpretação 
Interpretar é o ato pelo qual se extrai da norma o seu exato alcance. 
 
2.4.1. Espécies de interpretação 
Existe um recurso mnemônico que vai ajudar a não esquecer as espécies de 
interpretação: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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“Um (i) sujeito busca um (ii) meio de chegar a um (iii) resultado.” 
Quanto ao sujeito: 
A) Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. 
Exemplo: a própria lei explica do que é funcionário público para fins penais (art. 327 do CP). 
Atenção! 
Esta interpretação vincula os intérpretes. 
B) Doutrinária: feita pelos estudiosos do Direito. 
Atenção! 
A exposição de motivos do CP é interpretação doutrinária e não autêntica. 
C) Judicial: feita pelos órgãos do Poder Judiciário (não é obrigatória). 
 
Cuidado! 
Poderá ter caráter vinculante. Ex.: súmulas vinculantes. 
 
Quanto ao meio 
A) Gramatical / filológica: leva-se em conta o sentido literal das palavras. 
B) Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins no 
ordenamento jurídico. 
C) Sistemática: analisa a coerência da lei com as demais normas do sistema, bem como 
em conjunto com os demais princípios de Direito. 
D) Histórica: analisa as condições e fundamento da origem da norma. Busca investigar a 
sociedade na época da edição da norma. 
E) Progressiva: busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. 
 
Quanto ao resultado 
A) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente ao significado desejado pelo 
legislador. 
B) Restritiva: o legislador disse mais do que desejava dizer, cabendo ao intérprete 
restringir seu significado. 
C) Extensiva: a lei ficou aquém da vontade do legislador (disse menos do que desejava), 
cabendo ao intérprete ampliar seu significado. 
Interpretação analógica 
Muito cuidado! 
Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, 
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pessoal técnico e administrativo; 
É intra legem (dentro da lei). 
O texto traz uma cláusula genérica, após trazer uma fórmula casuística. 
Ocorre, por exemplo, no homicídio qualificado, veja: 
 
Art. 121, § 2° – Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; [...] 
IV – outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. 
 
Muita atenção quando se fala em analogia, pois: 
*Para todos verem: tabela. 
Não é forma de interpretação, mas sim de integração, pois serve para suprir lacunas 
legislativas. 
Nada mais é do que a utilização de lei para outro caso semelhante. 
Fundamento: “Onde está a mesma razão, aplica-se o mesmo direito”. 
 
Espécies de analogia 
In bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei que beneficia o réu. 
In balam partem: consiste em aplicar a um caso concreto uma lei que irá prejudicar o réu. 
Interpretação da norma processual: 
 
Art. 3o do CPP. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
2.5. Imunidades diplomáticas 
Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, 
pessoal técnico e administrativo; 
Admite-se renúncia (pelo Estado); 
Embaixadas (sede diplomática) não são consideradas extensões do território estrangeiro 
(são, porém, invioláveis). 
 
2.6. Imunidades parlamentares 
Material 
Art. 53 da CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
no 35, de 2001). 
 
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Processo Penal 
 
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Processual ou formal 
Garantia quanto à instauração do processo; 
Não ser preso (salvo flagrante delito de crime inafiançável); 
Foro privilegiado; 
Servir como testemunha. 
 
2.7. Imunidades temporárias do Presidente da República 
 Veja o que, expressamente, prevê nossa Carta Política sobre o tema: 
 
Art. 86, § 4o. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser 
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
3. Inquérito Policial 
O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito de punir, mastambém para que o indivíduo possa defender-se deste Estado. A Persecução Penal, ou seja, o 
caminho a ser percorrido pelo Estado para exercer seu direito de punir, é dividido em duas 
etapas. Uma do inquérito policial e outra da ação penal. Aqui trabalharemos a primeira etapa. 
 
3.1. Conceito 
O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo, 
preparatório, inquisitivo e sigiloso, presidido pela autoridade policial, que tem por finalidade reunir 
elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e sua autoria, a fim de 
propiciar a propositura da denúncia ou queixa-crime. 
 
3.2. Natureza jurídica 
Pessoal, sempre que for perguntado: “Qual a natureza Jurídica?” de algum instituto, na 
verdade, o que se deseja saber é: “o que é isso para o Direito”. 
Assim, percebemos que a natureza jurídica do inquérito (o que ele é para o Direito) é de 
um procedimento administrativo – não é processo, pois não se constitui de uma relação 
trilateral (delegado – parte A, parte B contrária – contraditório e ampla defesa), por isso se fala 
em investigado, que pode ser o objeto de uma investigação. 
 
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Processo Penal 
 
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3.3. Espécies de inquéritos 
 Segundo o artigo abaixo, outras autoridades, desde que autorizadas por lei, podem 
investigar. Vejamos: 
 
Art. 4o do CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território 
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades 
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
Cuidado! 
Segundo o STF, o Ministério Público poderá investigar. O fundamento encontrado pela 
Suprema Corte foi a teoria dos poderes implícitos. Tal investigação será instrumentalizada por 
meio de um PIC (procedimento investigatório criminal) e não por meio de inquérito policial. 
 
3.4. Finalidade 
Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal (MP ou ofendido) 
ingresse em juízo. 
3.5. Instauração do IP 
Colegas, estamos diante de um dos pontos mais cobrados em primeira fase. Logo, 
leia com MUITA atenção. 
A forma de início do inquérito irá depender, necessariamente, da espécie de ação 
 
 Policiais 
 Inquérito Policial 
 
Delegados de 
Polícia de Carreira 
– PC ou PF 
 Não policiais 
 
Inquéritos Parlamentares - 
Súmula 397 do STF (crime 
ocorrido na CD ou SF) 
 
Inquéritos Presididos por 
Autoridades Judiciárias ou 
do MP 
 Inquérito Civil – MP 
 
Inquéritos Policiais 
Militares – IPM 
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Processo Penal 
 
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penal. 
Ler com muita atenção o art. 5o do CPP, explicado abaixo: 
1 – Crimes de ação penal pública incondicionada 
A) De ofício – a autoridade inicia o IP sem a necessidade de que alguém o informe, toma 
conhecimento da infração sem a necessidade da ação penal, a peça inaugural é uma portaria e 
se trata de uma cognição imediata. 
B) Requisição do juiz ou do MP – o delegado age provocado pelo juiz ou pelo MP – a 
peça inaugural pode ser a própria requisição, ou pode ser uma portaria, é uma cognição 
mediata. 
Cuidado! 
É importante saber essa forma de início do inquérito para os casos de HC. Autoridade 
coatora. Perceba que nela a autoridade coatora não será o Delegado, mas sim o juiz ou promotor 
que requisitou a instauração do IP. 
C) Requerimento da vítima ou do seu representante legal – art. 5o, II, CPP 
A peça inaugural pode ser a petição da vítima, ou o delegado inaugura por portaria, trata-
se de uma cognição mediata. 
D) Flagrante – pode ser instaurado mediante prisão em flagrante. 
A peça inaugural é o auto de prisão em flagrante, trata-se de uma cognição coercitiva. 
E) Notícia formulada por qualquer do povo – A notícia pode ser anônima ou 
apócrifa? 
Notícia anônima pode fundamentar a instauração de IP, desde que se apure 
preliminarmente a viabilidade da notícia, investigue antes, realize rápida diligência para 
verificar a veracidade da notícia, se procedente, elabora-se portaria e instaura-se o IP. 
2 – Crimes de ação penal pública condicionada 
 
Art. 5o, § 4o, CPP. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação [Ação Penal Pública Condicionada], não poderá sem ela ser iniciado. 
 
3 – Crimes de ação penal de iniciativa privada 
 
Art. 5o, § 5o, CPP. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
3.6. Características do inquérito policial 
1) Instrumental: o IP tem por finalidade apurar a materialidade da infração penal e indícios 
da autoria. Ele não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para a instauração da futura 
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Processo Penal 
 
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ação penal. 
2) Obrigatório: havendo justa causa, o delegado não pode deixar de instaurar o 
procedimento investigatório, a autoridade não pode deixar de instaurar. 
E no caso de ser requerida a instauração e o Delegado indeferir? Aplica-se o artigo abaixo: 
 
Art. 5o, § 2o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: {...] 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso 
para o chefe de Polícia. 
 
3) Discricionário – os atos de investigação são da análise exclusiva da autoridade 
policial, que estudará sua conveniência e oportunidade; a discricionariedade diz respeito às 
diligências. 
Cuidado! 
No caso de o crime deixar vestígios (não transeunte), o exame de corpo de delito (art. 158 
do CPP) será obrigatório. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer 
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
4) Dispensável – se o titular da ação penal tiver provas da materialidade e indícios da 
autoria por outro meio, o IP é dispensável. 
 
Art. 39. [...] § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, 
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
 
5) Informativo – os elementos colhidos no IP servirão apenas para subsidiar a ação penal; 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
6) Escrito 
 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito 
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
7) Sigiloso 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou 
exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Porém ele não é sigiloso para: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
15 
 
• o juiz; 
• o MP – pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo promotor na ação penal – 
Súmula no 234, STJ. 
 
Súmula no 234 – A participação de membro do ministério público na fase investigatória 
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
 
● o advogado – art. 7o, XIV, do EOAB e Súmula Vinculante no 14. 
 
Art. 7, XXI (EAOB) – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, 
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes 
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva 
apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...) 
Art. 7, XIV, da Lei 8.906/1994 (EOAB) – examinar, em qualquer instituição responsável 
por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações 
de qualquer natureza, findos ou em andamento,ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
Súmula Vinculante n° 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito 
ao exercício do direito de defesa. 
 
8) Inquisitivo – não havendo acusado, mas somente suspeito, não se aplica ao IP o 
contraditório. 
Atenção! 
Segundo a doutrina, o contraditório fica postergado (diferido) para ser usado durante a 
ação penal. 
 
9) Indisponível – art. 17 do CPP. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
10) Temporário – é uma garantia constitucional, art. 5o, LXXVIII, CF – duração razoável 
do processo. 
 
3.7. Prazo do IP 
3.7.1. Regra geral 
 
Art. 10 do CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido 
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver 
solto, mediante fiança ou sem ela. 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz 
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Processo Penal 
 
16 
 
competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá 
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas 
no prazo marcado pelo juiz. 
 
Anota aí: 
• Indiciado preso – 10 dias. Improrrogável 
• Indiciado solto – 30 dias. Prorrogável 
 
3.7.2. Prazos especiais 
Lei no 5.010/1966 – prazo de conclusão do IP na Justiça Federal – art. 66: Indiciado 
preso – 15 dias, prorrogado por mais 15 dias; 
Segundo o art. 66, o preso deverá ser apresentado ao juiz para a prorrogação: Indiciado 
solto – 30 dias, prorrogáveis a critério do juiz – segue o CPP. 
Lei no 11.343/2006 – Lei de Drogas 
Indiciado preso – 30 dias, prorrogável por mais 30 dias. 
Indiciado solto – 90 dias, prorrogável por mais 90 dias. 
 
3.8. Vícios no inquérito policial 
Não sendo o inquérito policial um ato do Poder Judiciário, mas sim um procedimento 
administrativo, os vícios que existam nesta fase da persecução penal não acarretam 
nulidade processual. 
Cuidado! 
A irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um ato. É o que ocorre 
com a prisão em flagrante irregular etc. 
 
3.9. Indiciamento 
É o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal, baseado 
em indícios da autoria e prova da materialidade. 
Pergunta: seria possível o indiciamento determinado por um juiz ou promotor? 
O SFT já respondeu e disse que não. 
STF. 2ª T. – HC no 115015/SP – rel. Min. Teori Zavascki – j. em 27-8-2013 (Info 717 do 
STF). 
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica 
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Processo Penal 
 
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do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. 
 
3.10. Encerramento do inquérito policial 
Previsão legal 
 
Art. 10. do CPP. [...] § 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. 
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. [...] 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos 
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante 
traslado. 
 
Procedimentos no encerramento 
Novo art. 28 do CPP e a suspensão pelo STF: 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos 
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, 
ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão 
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei no 13.964, 
de 2019) 
§ 1o Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do 
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme 
dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 2o Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e 
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela 
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei no 13.964, 
de 2019) 
 
Importante! 
O STF (Min. Luiz Fux) suspendeu o trecho que modificou o art. 28 do CPP e estabeleceu 
regras para o arquivamento de inquéritos policiais. Com a norma, o Ministério Público (MP) 
deveria comunicar à vítima, ao investigado e à polícia no caso de arquivamento do inquérito, 
além de encaminhar os “autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei”. Para Fux, a medida desconsiderou os impactos financeiros no âmbito do MP 
em todo o país. Assim, continuamos utilizando, enquanto a decisão do STF não for revisada, a 
sistemática do revogado art. 28, abaixo transcrito: 
 
Com a suspensão do art. 28 do CPP, em face da decisão acima apresentada, o 
arquivamento na prática continua a ser realizado mediante requerimento (promoção) do 
MP e por decisão judicial. 
 
Assim: 
Se o órgão do Ministério Público, em vez de apresentar a denúncia, requerer o 
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Processo Penal 
 
18 
 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz 
obrigado a atender. 
 
Cuidado com a alteração legislativa: 
 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos 
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de 
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma 
consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. 
(Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 1o Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de 
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei no 
13.964, de 2019) 
§ 2o Esgotado o prazo disposto no § 1o deste artigo com ausência de nomeação de 
defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para 
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação 
do investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 3o Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2o deste artigo, a 
defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não 
estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva 
competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para 
acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativado 
investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 4o A indicação do profissional a que se refere o § 3o deste artigo deverá ser precedida 
de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita 
o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado 
profissional que não integre os quadros próprios da Administração. (Incluído pela Lei no 
13.964, de 2019) 
§ 5o Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos 
interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta 
do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos 
fatos investigados. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 6o As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados 
às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos 
investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela 
Lei no 13.964, de 2019) 
4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) 
Recentemente incluído no art. 28-A do CPP, vem a reforçar o objetivo do Estado Brasileiro 
de cada vez mais aderir ao Direito Penal negocial. 
Condições para sua implementação. 
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Processo Penal 
 
19 
 
Conforme o art. 28-A do CPP, para que o ANPP venha a ser possível, devem ser 
verificadas, cumulativamente, as exigências abaixo: 
a) não sendo caso de arquivamento, 
b) o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática, 
c) a infração penal ter sido praticada sem violência ou grave ameaça, 
d) pena mínima inferior a quatro anos. 
 
No caso de ter sido proposto o acordo, as seguintes condições alternativamente ou 
cumulativamente devem ser observadas: 
1) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo. 
2) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito do crime. 
3) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à 
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo 
juízo da execução. 
4) Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a 
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens 
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito. 
Além das condições anteriormente apresentadas, outra poderá será indicada pelo MP, 
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
Embora as condições acima estejam preenchidas, a lei processual vedou, 
expressamente, o ANPP em algumas situações, são elas: 
a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, pois 
ela é melhor para o investigado e terá preferência, impedindo a realização do ANPP. 
b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais 
pretéritas. Quanto a ser reincidente, não há dificuldade na compreensão, mas, quanto a ser a 
conduta do agente insignificante, a doutrina critica essa expressão. Porém, para fins de prova, a 
mesma deve ser observada. 
c) ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo. 
d) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra 
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Processo Penal 
 
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a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
 
No tocante à formalização do acordo, necessário mencionar que o juiz dele não 
participa, sob pena de nulidade. Sua participação será apenas na homologação. Assim, tal 
negociação deve ser feita entre o Ministério Público, o investigado e seu Advogado. Importante, 
também, mencionar aqui que a falta da defesa técnica (Advogado) conduz à nulidade do acordo. 
A mencionada homologação do acordo será, necessariamente, feita em uma audiência. 
Nela o Magistrado verificará a voluntariedade do investigado – que necessariamente deverá 
estar presente – e observará a legalidade do acordo. 
No caso de o juiz se negar a homologar o acordo, é possível a interposição de recurso 
em sentido estrito (RESE), na forma do previsto no art. 581, XXV, do CPP. 
Uma vez homologado judicialmente o acordo, este será devolvido ao Ministério Público 
para que o execute no juízo das Execuções. 
Importante mencionar que o legislador pensou na vítima, pois determinou que o acordo, 
uma vez homologado ou descumprido, deverá a vítima ser comunicada. 
No caso de descumprimento do acordo, o MP deverá comunicar o juízo competente e 
posteriormente oferecer a denúncia. Neste caso o MP poderá deixar de oferecer a suspensão 
condicional do processo prevista na Lei do Juizado Especial Criminal. 
Uma vez cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente 
decretará a extinção de punibilidade. 
Por derradeiro, importante não esquecer que celebração e cumprimento do acordo de não 
persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, salvo para que o mesmo 
não seja ofertado novamente no prazo de cinco anos. 
Por ser um assunto novo, a jurisprudência sobre esse instituto ainda é pouca. Todavia, 
para fins de prova, a colacionada abaixo deverá ser observada: 
 
EMENTA: Direito penal e processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Acordo 
de não persecução penal (art. 28-A do CPP). Retroatividade até o recebimento da 
denúncia. 1. A Lei no 13.964/2019, no ponto em que institui o acordo de não persecução 
penal (ANPP), é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre 
a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. 2. O ANPP se esgota na etapa 
pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não homologação 
ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. 
3. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados 
válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a 
retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos 
anteriores à Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 4. Na hipótese 
concreta, ao tempo da entrada em vigor da Lei no 13.964/2019, havia sentença penal 
condenatória e sua confirmação em sede recursal, o que inviabiliza restaurar fase da 
persecução penal já encerrada para admitir-se o ANPP. 5. Agravo regimental a que se 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
21 
 
nega provimento com a fixação da seguinte tese: “o acordo de não persecução penal 
(ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida 
a denúncia. (HC no 191464 AgR – rel. Roberto Barroso – 1ª T. – j. 11-11-2020 – Processo 
Eletrônico DJe-280 – Divulg 25-11-2020 – Public 26-11-2020) 
 
Em resumo: o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes 
da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 
5. Ação Penal 
É o direito subjetivo de pedir ao Estado-Juiz, titular exclusivo do ius puniendi (direito de 
punir), a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. 
 
5.1. Condições da ação penal 
São requisitos que irão subordinar o exercício do direito de ação. 
*Para todos verem: esquema. 
 
Condições genéricas 
1) Possibilidade jurídica do pedido – pedido na ação de estar previsto no ordenamento – 
tipicidade; 
2) Legitimidade para agir – possibilidade de ocupar o polo passivo e ativo da ação; 
3) Interesse em agir (necessidade, utilidade, adequação); 
4) Justa causa. 
Exemplos decondições específicas: 
Representação do ofendido (art. 88 da Lei do JECRIM – Lei no 9.099/1995). 
Requisição do Ministro da Justiça (art. 145 do CP). 
 Espécies 
 Genéricas 
Necessárias em 
todos os tipos de 
ação, para um 
exercício válido de tal 
direito. 
 Específicas 
Presentes apenas em 
determinadas ações. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
22 
 
5.2. Classificação da ação penal 
No processo civil a classificação das ações leva em conta o provimento jurisdicional 
invocado (ação de conhecimento, ação cautelar, ação de execução). 
No processo penal, a classificação se dá não pelo provimento, mas sim pela titularidade 
do sujeito ativo. 
 
Ação Penal Pública: 
1. Incondicionada 
2. Condicionada 
 2.1. Representação 
 2.2. Requisição 
Ação Penal Privada: 
1. Personalíssima 
2. Exclusiva 
3. Subsidiária da Pública 
Regra Geral: art. 100, Código Penal – A Ação penal será pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
5.3. Princípios da ação penal 
Pública: 
● Obrigatoriedade; 
● Indisponibilidade; 
● Oficialidade – o órgão ministerial é uma instituição Oficial – pertencente ao Estado. 
 
Privada: 
● Conveniência e oportunidade; 
● Disponibilidade – poderá desistir da Ação – perdão ou perempção; 
● Indivisibilidade – importantíssima para as hipóteses de renúncia ou perdão do 
ofendido – estudaremos a seguir. 
 
5.4. Ação penal pública 
Ação penal pública – titular é o MP – art. 129, I, CF. 
 
Art. 129, CF/1988. São funções institucionais do Ministério Público: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
23 
 
I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Pode ser classificada como: 
a) Ação penal pública incondicionada 
b) Ação penal pública condicionada 
 
Ação penal pública incondicionada 
Regra no Direito Penal 
Titular – MP 
Não está adstrita ao preenchimento de qualquer condição específica. Bastam as 
genéricas. 
Ação penal pública condicionada: a representação do ofendido. 
Quanto à representação (condição específica da ação penal) não podemos esquecer: 
Manifestação de que tem interesse na persecução penal do agente. 
Natureza jurídica – condição objetiva de procedibilidade. 
Não há formalismo. 
Não vincula o Ministério Público. 
Prazo: decadencial de seis meses. Leia o artigo abaixo: 
 
Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, 
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do 
art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
Retratação da retratação da representação (aqui a vítima autorizou, depois desautorizou 
(voltou atrás) e agora deseja autorizar a persecução penal novamente. Possível? 
Sim, até o prazo decadencial de seis meses. 
Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça 
Natureza jurídica – condição específica objetiva de procedibilidade. 
É ato político. Não vincula o Ministério Público a oferecer a denúncia. 
Prazo – não tem prazo decadencial, porém, o delito está sujeito ao prazo prescricional. 
Hipóteses: 
a) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do país (art. 7o, § 3o, b, do CP). 
b) Crimes contra a honra praticados contra o PR (art. 141, c/c art. 145 do parágrafo único). 
Muita atenção! 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
24 
 
Art. 24, § 2o do CPP. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do 
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 
 
5.5. Ação penal privada 
Classificação: 
Ação penal privada: em alguns casos, o crime atenta a um interesse particular da 
pessoa que o Estado deixa a seu cargo o início da ação penal. A legitimidade é do ofendido 
ou do representante legal. 
Espécies: 
a) Ação penal privada personalíssima – não há sucessão processual, ou seja, 
morrendo o ofendido, estará extinta a punibilidade. Temos apenas um caso em nosso 
ordenamento jurídico (art. 236 do CP) 
 
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou 
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado (somente 
ele pode ingressar com a queixa) e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
b) Ação penal privada exclusivamente privada – há sucessão processual, se o autor 
morrer, o direito de ingressar com a queixa é transmitida aos sucessores. Art. 31 do CPP – CADI 
(cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). 
c) Ação penal privada subsidiária da pública – só é cabível diante da inércia do MP, 
ou seja, se o MP não fizer nada pode se entrar com a queixa subsidiária. 
Observações: 
É possível quando houver inércia do MP 
● Direito fundamental 
 
Prazo para oferecer a denúncia (CPP) – que deve ser cumprido pelo MP (sob pena de 
autorizar a ação penal privada subsidiária): 
● Réu preso: cinco dias. 
● Réu solto: quinze dias. 
 
Poderes do Ministério Público: a ação penal privada subsidiária da pública continua a ter 
natureza jurídica de ação pública (veja o art. 29 do CPP abaixo): 
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25 
 
Art. 29. do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Ação penal – peças acusatórias 
● Ação Penal Pública: denúncia (capacidade postulatório do Promotor). 
● Ação Penal Privada: queixa-crime (capacidade postulatória do Advogado). 
Institutos previstos apenas para a ação penal privada. 
Aqui veremos a importância do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. 
Atenção! 
Esses institutos não se aplicam à ação penal privada subsidiária da pública, pois nela – 
segundo o art. 29 do CPP – o MP poderá reassumir a titularidade do MP. 
1 – Renúncia 
É um ato unilateral (não depende do outro) do ofendido ou do seu representante 
legal renunciando ao direito de promover a ação penal privada, com a consequente 
extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP). 
Só é cabível antes do início do processo. 
Renúncia concedida a um dos coautores se estende aos demais – em virtude do 
princípio da indivisibilidade. 
 
Art. 49 do CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores 
do crime, a todos se estenderá. 
 
Pode ser: 
Renúncia expressa: é aquela feita por declaração inequívoca. 
 
Art. 50. do CPP. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 
(dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o 
direito do primeiro. 
 
Renúncia tácita: ocorre diante da prática de ato incompatível com a vontade de 
processar. 
O fato de o ofendido receber indenização pelo dano causado pelo crime não implica 
renúncia expressa ou tácita do direito de queixa. 
 
Art. 104 do CP. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa 
ou tacitamente. 
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26 
 
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato 
incompatível com a vontade de exercê-lo. 
 
 
2 – Perdão – ação penal privada 
Conceito: é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir 
com o andamentodo processo já em curso, perdoando seu ofensor com a consequente 
extinção da punibilidade, o querelante deve aceitar, pois é bilateral. 
O perdão só é cabível após o início do processo e até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. 
Coautores: perdão concedido a um dos coautores, estende-se aos demais 
(indivisibilidade), mas uns poderão aceitar e outros não. 
 
Art. 51 do CPP. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que 
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
(...) 
Art. 55 do CPP. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
 
Perdão poderá ser: 
Processual: quando concedido dentro do processo. Neste caso, a aceitação poderá ser 
expressa ou tácita. Será tácita quando não houver manifestação após três dias da intimação 
(deve constar do mandado de intimação) art. 58, CPP. 
Extraprocessual: neste caso, a aceitação também poderá ser expressa ou tácita. A 
expressa, conforme o art. 59, deverá ser feita por declaração assinada pelo querelado ou por 
seu representante legal (com poderes especiais), já na aceitação tácita ocorrerá quando 
praticar ato incompatível com a intenção de prosseguir com o processo. 
Não confunda com perdão judicial! O perdão judicial é oferecido pelo juiz; o perdão do 
ofendido é concedido pelo ofendido; o perdão judicial é previsto na lei. 
 
Art. 121, § 5o, do CP. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que 
a sanção penal se torne desnecessária. 
 
Perdão e renúncia – naturezas jurídicas 
A renúncia e o perdão107 são institutos que geram a extinção da punibilidade, tudo na 
forma do art 107 do CP 
 
3 – Perempção 
 Conforme art. 107 do CP, a perempção, na forma do artigo abaixo, é causa extintiva da 
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Processo Penal 
 
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punibilidade. 
 
Art. 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal: 
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos; 
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em 
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do 
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
Ação civil – ex delicto 
É aquela oriunda de uma condenação em processo penal no qual o autor busca uma 
indenização em face do dano sofrido pelo crime do qual foi vítima. 
Artigo fundamentais: 
 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a 
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser 
efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem 
prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei no 
11.719, de 2008). 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano 
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o 
responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso 
desta, até o julgamento definitivo daquela. 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato 
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser 
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material 
do fato. 
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a 
execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a 
seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
28 
 
6. Competência e Jurisdição 
6.1. Conceitos 
Poder atribuído com exclusividade ao Judiciário para decidir um determinado litígio 
segundo as regras legais existentes. 
É o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito 
no caso concreto. 
 
6.2. Jurisdição x competência 
Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma limitação 
daquela. 
Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente 
exercer. 
 
6.3. Características da jurisdição 
Substitutividade: a jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em 
substituição as partes. 
Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciário dever ser 
provocado. 
Exceção: Concessão de HC de ofício. 
Coisa julgada: impossibilidade de decisão judicial ser revista por órgão estranho ao Poder 
Judiciário. 
 
6.4. Princípio do juiz natural 
Quando se busca fixar de maneira correta a competência, temos por objetivo respeitar o 
princípio do juiz natural (princípio de assento constitucional). 
 
Art. 5o da CF. [...] XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
 
Aplicação imediata de lei que altera competência: 
Tenha cuidado com a lei processual penal no tempo, pois, segundo o art. 2o do CPP, ela 
é aplicada imediatamente (ainda que o processo esteja tramitando). Neste caso, o juiz que deixou 
de ser competente encaminha os autos ao que passou a ser. 
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Processo Penal 
 
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6.5. Lei processual que altera as regras de competência 
 
Art. 2o. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
6.6. Competências 
Guia de fixação de competência: Aqui temos “perguntas” que devem ser respondidas para 
fixarmos corretamente a competência. 
• Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função? 
• Competência de jurisdição – qual é a justiça competente? 
• Competência territorial – qual a comarca competente? 
• Competência de juízo – qual a vara competente? 
• Competência interna – qual o juiz competente? 
• Competência recursal – para onde vai o recurso? 
Agora você fará uma leitura com bastante atenção. 
A fixação da competência por prerrogativa da função é aquela que deriva da relevante 
função pública exercida pelo autor da infração. Como regra, ela está prevista na Constituição 
Federal. Ocorre que o STF vem cada vez mais restringindo sua aplicação, tudo em respeito ao 
princípio republicano. Segundo nossa Suprema Corte: 
 
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa 
de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que 
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por 
exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado 
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância 
mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha 
sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta 
com as funções exercidas, também não haverá foroprivilegiado. Foi fixada, portanto, a 
seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
(STF. Plenário. AP no 937 QO/RJ – rel. Min. Roberto Barroso – j. 03-05-2018 – Informativo 
no 900 do STF). 
 
Em resumo: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos 
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
Previsão legal para fixação da competência: 
 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I – o lugar da infração: 
II – o domicílio ou residência do réu; 
III – a natureza da infração; 
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Processo Penal 
 
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IV – a distribuição; 
V – a conexão ou continência; 
VI – a prevenção; 
VII – a prerrogativa de função. 
 
Muito cuidado com essa decisão judicial! 
Crimes contra vida – teoria do esboço do resultado 
Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local 
onde o delito se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de execução 
(no caso de crime tentado), nos termos do art. 70 do CPP. Excepcionalmente no caso de crimes 
contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a 
consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi 
praticada a conduta (local da execução). Adota-se a teoria da atividade. (STF – RHC no 
116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T., Dje 13.8.2013.) 
 
A) Competência pelo lugar da infração 
 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último 
ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será 
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou 
devia produzir seu resultado. 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a 
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 83 do CPP abaixo 
transcrito). 
 
Novidade legislativa abaixo 
 
§ 4o Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de 
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento 
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local 
do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-
se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei no 14.155, de 2021) 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de 
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
Aqui adotamos, como regra, a teoria do resultado, pois a competência será determinada 
pelo lugar da consumação do delito. Sendo este tentado, pelo lugar do último ato de execução. 
Devemos dar muita atenção para os crimes permanentes, aqueles em que a consumação 
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31 
 
se prolonga no tempo, pois nestes casos a competência será firmada pela prevenção (art. 83 do 
CPP, abaixo transcrito). 
Por derradeiro, não se pode esquecer da recente alteração legislativa do § 4o do art. 70, 
pois agora os estelionatos por meio de depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente 
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante 
transferência de valores, a competência será do local de residência da vítima. No caso de termos 
várias vítimas, mais uma vez, adota-se o critério da prevenção (art. 83 do CPP). 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou 
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, 
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, 
e 78, II, c). 
 
B) Competência pelo domicílio ou residência do réu 
Este critério de fixação da competência é subsidiário, ou seja, será utilizado quando não 
conhecermos o local em que o crime foi praticado. No caso de a vítima possuir mais de uma 
residência, o critério será o da prevenção (art. 83 do CPP). No caso de não possuir residência 
fixa (a exemplo de um circense), a competência será o primeiro juiz que tiver conhecimento do 
fato. 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo 
domicílio ou residência do réu. 
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente 
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 
 
Foro de eleição em processo penal 
Nesta espécie de competência é possível que a vítima de um crime de ação privada 
(calúnia, difamação ou injúria, por exemplo) escolha onde irá propor a ação: se no seu domicílio 
ou no local em que o crime foi praticado. 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de 
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
Crimes dolosos contra a vida 
Segundo a Constituição Federal de 1988, os crimes dolosos contra a vida, previstos nos 
arts. 121 a 124 do CP, são de competência do Tribunal do Júri. Veja o dispositivo constitucional: 
 
Art. 5o, XXXVIII da CF – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe 
der a lei, assegurados: 
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a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
 
6.7. Causas de modificação da competência 
Agora que você já leu os dispositivos que determinam a fixação da competência, devemos 
atentar para as situações em que ela poderá ser modificada. É o que ocorre com os casos de 
conexão e continência. 
a) Conexão: 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, 
por várias pessoas reunidas (simultaneidade), ou por várias pessoas em concurso, 
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras 
(reciprocidade); 
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, 
ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; (lógica, objetiva 
e material) 
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares 
influir na prova de outra infração. (instrumental ou probatória). 
 
Conexão intersubjetiva por simultaneidade 
Diante da primeira parte do art. 76 (conexão intersubjetiva por simultaneidade), há 
conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, 
por várias pessoas reunidas” – não há liame subjetivo. 
Exemplo: diversos expectadores de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, 
praticarem depredações no estádio. 
 
Conexão intersubjetiva por concurso 
Pelo art. 76, I, 2ª parte, há conexão se as infrações forem praticadas “por várias pessoas 
em concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. É a hipótese de concurso de pessoas em 
várias infrações. 
Exemplo: quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade. 
 
Conexão intersubjetiva por reciprocidade 
Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias pessoas, 
umas contra as outras”. 
Exemplo: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas em um baile.Conexão objetiva, lógica ou material: art. 76, II 
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Nos termos do art. 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de várias 
infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir 
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”. 
 
Conexão instrumental ou probatória – art. 76, III 
Conforme o art. 76, III, “quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas 
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração”. 
b) Continência: 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (concurso de pessoas – 
cumulação subjetiva) 
II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda 
parte, e 54 do Código Penal. 
 
Continência em razão do concurso de pessoas – Art. 77, I (cumulação subjetiva) 
Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham 
cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado. 
Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos. 
 
Continência em razão do concurso formal de crimes – Art. 77, II (cumulação objetiva) 
Observação: A referência feita aos arts. 51, § 1o, 53 segunda parte e 54 do CP 
atualmente corresponde aos arts. 70, 73 e 74 do CP. 
O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta, o 
agente pratica dois ou mais crimes. 
O art. 73, 2ª parte, refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por 
acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia 
ofender, lesa outra. 
O art. 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), em 
que fora da hipótese anterior, o agente, além do resultado pretendido, causa outro. 
Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência, 
o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados. 
Agora que você entendeu o que é conexão e continência, devemos saber como resolver 
as situações apresentadas. Para tanto, temos que seguir as regras trazidas pelo art. 78 do 
CPP. 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas 
as seguintes regras: 
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34 
 
I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, 
prevalecerá a competência do júri; 
Il – no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as 
respectivas penas forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III – no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV – no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I – no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II – no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, 
sobrevier o caso previsto no art. 152. (doença mental) 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que 
não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido 
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo 
número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo 
relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no 
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença 
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua 
competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou 
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o 
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo 
competente. 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos 
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram 
perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a 
unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação 
das penas. 
 
Competência por prevenção 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou 
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, 
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, 
e 78, II, c). 
 Atenção! 
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o 
juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver 
residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da 
República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, 
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que 
tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que 
houver tocado. [...] 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, 
dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e 
julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou 
pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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6.8. Competência da Justiça Federal 
A) Órgãos da Justiça Federal 
São órgãos da Justiça Federal, segundo o art. 106 da CF: 
Tribunais Regionais Federais, 
Juízes federais. 
Cuidado! 
O STJ é um Tribunal Nacional – não faz parte da Justiça Federal. 
 
B) Competência da Justiça Militar 
JMU (art. 124 da CF) 
Julga militares e civis, 
Tem somente competência criminal. 
JME (art. 125, § 4o, da CF) 
Julga somente militares dos Estados, 
Julga crimes e questões relacionadas a punições disciplinares militares. 
 
C) Competência criminal da Justiça Eleitoral 
É fixada em razão da matéria, cabendo à Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos 
crimes eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a lei, 
eventual e expressamente, defina como eleitorais. 
Questão: Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida? 
Resposta: O crime eleitoral é julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a 
vida será julgado pelo Tribunal do Júri, porque as competências desses crimes estão 
previstas na CF. 
 
Competência dos TRFs 
I – processar e julgar, originariamente: 
● os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da 
Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério 
Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
● as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes 
federais da região; 
● os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio tribunal ou de 
juiz federal. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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Competência dos juízes federaisAtenção! 
Juiz federal não julga contravenção penal. Mesmo que ela seja praticada contra bens, 
interesses ou serviços da União. 
Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da CF/88, o 
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] 
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse (BIS) da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, 
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral; 
V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; (Incluído 
pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) 
§ 5o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda 
Constitucional no 45, de 2004) 
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra 
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; [...] 
IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar. 
 
Algumas questões pontuais sobre a competência da Justiça Federal 
1) Processos contra índios: 
 
Súmula no 140 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em 
que o indígena figure como autor ou vítima. 
 
2) Crimes contra sociedades de economia mista e empresas públicas (cuidado!): 
Crime contra sociedades de economia mista: 
BB 
Petrobras 
Súmula no 42 STJ – Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas 
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu 
detrimento. 
 
3) Crimes contra os Correios: 
Exploração direta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (casos de agências 
oficiais): Justiça Federal. 
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Franquias (agências exploradas por particulares mediante o sistema de franquias): Justiça 
Estadual. 
 
4) Fundação Pública Federal – FURG 
Justiça Federal. 
 
5) Bens tombados 
Depende de quem tombou: 
Se tombado pela União – Justiça Federal, 
Se tombado pelo Estado ou Município – Justiça Estadual. 
 
6) Desvio de verba federal por prefeito 
Súmulas nos 208 e 209 do STJ. 
● Verba já incorporada ao patrimônio do Município – o prefeito responde no Tribunal 
de Justiça do Estado. 
● Verba sujeita a prestação de contas junto ao TCU – o prefeito responde no Tribunal 
Regional Federal. 
Cuidado! 
O prefeito responde no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por crime. 
 
7) Crimes contrabando e descaminho 
Em ambos os casos, a competência será da Justiça Federal. 
A questão é saber: se do local que as mercadorias ingressaram no Brasil ou do local da 
apreensão dos bens. A resposta é obtida pela súmula abaixo: 
 
Súmula no 151 do STJ – A competência para o processo e julgamento por crime de 
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da 
apreensão dos bens. 
 
8) Crime cometido contra funcionário público federal em razão de sua função 
Se este funcionário for federal, a Justiça Federal será a competente: 
 
Súmula no 147 do STJ – Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da 
função. 
 
Atenção para o art. 109, IX, da CF! 
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Processo Penal 
 
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IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar; 
 
Navio: é a embarcação apta para a navegação em alto mar; 
Aeronave: é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no 
espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
Atenção para a súmula abaixo! 
 
Súmula no 546 do STJ – A competência para processar e julgar o crime de uso de 
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o 
documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. 
 
Exemplo: falsifico uma Carteira Nacional de Habilitação (que é um documento expedido 
pelo Estado Membro (via Detran). Utilizo para obter um benefício junto ao INSS (que é uma 
autarquia federal). A competência será da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF), pois a União foi 
prejudicada. Não importa aqui que o documento era estadual. 
Atenção especial para a Súmula no 122 do STJ: 
 
Súmula no 122 do STJ – Compete a Justiça Federal o processo e julgamento unificado 
dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 
78, II, “a”, do Código de Processo Penal. 
 
Não esqueça que NUNCA um juiz federal julgará uma contravenção penal: 
As contravenções penais não são processadas e julgadas pela Justiça Federal, conforme 
dispõe a Súmula no 38 do STJ, cabendo à Justiça Estadual a competência, ainda que praticado 
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou entidades autárquicas. 
Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção penal, 
prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo, 
não se aplicando neste caso o teor da Súmula no 122 do STJ. 
 
Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição 
de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades.”. 
 
6.9. Conflito de jurisdição 
Ocorre sempre que, em qualquer fase do processo, um ou mais juízes, 
contemporaneamente, tomam ou recusam tomar conhecimento do mesmo fato delituoso. 
Conflito positivo: quando dois ou mais juízes se julgam competentes para conhecer e 
julgar o mesmo fato; 
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Conflito negativo: quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes para conhecer e 
julgar o mesmo fato. 
 
Processamento 
a) Compete ao STJ os conflitos de competência: 
Entre quaisquer tribunais; 
Entre tribunal e juiz a ele não vinculado; 
Entre juízes vinculados a tribunais diversos. 
b) Compete ao STF os conflitos de competência: 
Entre o STJ e qualquer outro tribunal; 
Entre Tribunais Superiores e qualquer outro tribunal; 
Entre Tribunais Superior entre si. 
c) Compete aos TRFs solucionar conflitos entre: 
Juízes federais a eles vinculados; 
Juiz federal e juiz estadual investido na jurisdição federal. 
d) Na Justiça Militar da União os conflitos devem ser suscitados perante o STM. 
e) Conflitos entre TRE ou juízes eleitorais de Estados diferentes são julgados pelo TSE. 
Se for do mesmo Estado, compete ao TRE. 
 
Muita atenção! 
Entre juiz e tribunal ao qual ele está vinculado não se fala em conflito de jurisdição, é 
resolvido pela hierarquia. 
 
7. Provas 
7.1. Conceito doutrinário 
Elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, dentro de um processo 
estabelecido, visando à formação do convencimento do julgado quanto a atos, fatos e 
circunstâncias que interessam para a decisão da causa. 
Liberdade de provas 
Vige como regra, conforme art. 155 do CPP abaixo transcrito, no processo penal a ampla 
liberdade probatória. 
 
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Processo Penal 
 
40 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamentenos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
 
A exceção à ampla liberdade está no parágrafo único e refere-se ao estado das 
pessoas. Vejam: 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. 
 
7.2. Objetivo da prova 
Formar a convicção do juiz ou tribunal acerca dos elementos necessários para a decisão 
da lide. 
 
7.3. Princípios gerais da prova 
a) Princípio da autorresponsabilidade das partes: as partes assumem as 
consequências de sua inatividade, erro e atos intencionais. 
b) Princípio da audiência contraditória: toda prova admite a contraprova, não sendo 
admissível a produção por uma parte sem o conhecimento da outra. 
c) Princípio da aquisição ou comunhão da prova: a prova pertence ao processo. Não 
há prova de uma ou de outra parte. 
d) Princípio da oralidade: necessário haver predominância da palavra falada. Os 
depoimentos devem ser orais. 
e) Princípio da Concentração: deve-se buscar concentrar toda a produção de prova na 
audiência. Audiência UNA (art. 400 do CPP). 
f) Princípio da publicidade: os atos judiciais (entre os quais a produção de prova) são 
públicos. Excepcionalmente admite-se o segredo de justiça para alguns casos, legalmente 
estipulados. (Art. 93, IX, da CF) 
g) Princípio do livre convencimento motivado: as provas não recebem, previamente, 
um valor pela lei. Deve o julgador ter liberdade para valorá-las, limitando-se apenas aos fatos e 
circunstâncias constantes nos autos. 
 
7.4. Sistemas de valoração da prova 
1 – Sistema da certeza moral, da íntima convicção do juiz: permite que o juiz avalie a 
prova com ampla liberdade, decidindo ao final de acordo com sua livre convicção, sem 
necessidade de fundamentar a decisão. 
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41 
 
Cuidado! 
Como regra, não mais existe em nosso processo penal, prevalece no Tribunal do Júri – 
jurados não fundamentam a decisão. 
2 – Sistema da verdade legal, tarifado de provas: a lei atribui o valor a cada prova, 
cabendo ao juiz simplesmente fazer um cálculo aritmético. Não há convicção pessoal do 
julgador na valoração do contexto probatório, mas sim uma obediência estrita ao sistema de 
pesos e valores imposto pela lei. 
3 – Sistema do livre convencimento motivado, da persuasão racional do juiz: o juiz 
tem ampla liberdade na valoração das provas, mas deve fundamentar seu convencimento. 
Este é o sistema adotado pelo art. 93, IX, CF e art. 155 do CPP. 
 
7.5. Elementos informativos e prova: diferenças 
Anteriormente tal diferenciação era trabalhada tão somente pela doutrina, sendo que a 
partir da reforma de 2008 passou a constar também na lei (art. 155 do CPP). 
a) Elementos informativos 
São aqueles obtidos na fase investigatória, sem a participação dialética das partes; 
caracterizam-se por não haver contraditório e ampla defesa quando da sua produção. Presta-se 
para a fundamentação de medidas cautelares e também para a formação da opinio delicti do 
titular da ação penal. 
 
b) Provas 
As provas têm seu regime jurídico ligado ao contraditório judicial, são aquelas 
produzidas com a participação do acusador e do acusado e mediante a direta e constante 
supervisão do julgador. 
Cuidado! Exceção: 
Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, embora sejam produzidas na fase 
investigatória, podem ser utilizadas para fundamentar sentença condenatória, pois em relação 
a elas o contraditório é diferido. 
 
7.6. Ônus da prova 
Conceito: é o encargo que tem a parte de provar, pelos meios que em direito são 
admitidos, a veracidade do fato alegado. 
Prova da alegação incumbe a quem a fizer 
 
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Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao 
juiz de ofício: [...] (Redação dada pela Lei no 11.690, de 2008) 
 
7.7. Prova emprestada 
É aquela que foi produzida em um processo e depois será carreada para outro. Isso pode 
acontecer por certidão ou qualquer outro meio de autenticação para produzir efeitos como prova 
em outro processo. 
A prova emprestada sempre será considerada uma prova documental, ainda que no 
processo original tenha sido testemunhal ou, até mesmo, pericial. Não se admite prova 
emprestada carreada de inquérito policial. Primeiro porque ela não esteve sujeita ao crivo do 
contraditório, segundo porque nem prova ela é, e sim mero elemento informativo. 
 
7.8. Prova ilegal 
É ilegal toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais ou de princípios 
gerais do ordenamento, de natureza processual ou material. 
Prova ilegal é gênero que tem como espécies: 
a) Provas ilícitas (obtidas por meios ilícitos): quando for obtida em violação a regra de 
direito material; em regra, a obtenção da prova ilícita é obtida fora do processo; é 
extraprocessual. 
Exemplo: confissão mediante tortura; prisão de traficante e apreensão de celular com 
últimas chamadas, mensagens. 
Na prova ilícita tem-se o chamado direito de exclusão, surgiu no Direito americano e se 
materializa através do desentranhamento e da inutilização da prova. 
b) Provas legítimas (obtidas por meios ilegítimos): sua obtenção viola uma regra de 
direito processual; além disso, em regra, a ilegalidade ocorre no momento de sua produção no 
processo; é intraprocessual. 
Exemplo: juntada e leitura de documentos no plenário do júri com menos de três dias 
úteis de antecedência. 
Prova ilegítima deve ser analisada através da teoria das nulidades. 
 
7.9. Prova ilícita por derivação 
Meios probatórios que, não obstante, produzidos em momento posterior, encontram-se 
afetados pelo vício da ilicitude originário, que a ele se transmite contaminando-os por efeito de 
repercussão causal. 
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Teoria dos frutos da árvore envenenada 
Essa teoria é adotada no Brasil; STF – RHC no 90.376/RJ. 
 
Art. 157. [...] § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo 
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as 
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
 
7.9.1. Limitações a prova ilícita 
Fonte independente 
 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, 
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação 
dada pela Lei no 11.690, de 2008) 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei no 
11.690, de 2008) 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e 
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato 
objeto da prova. (Incluído pela Lei no 11.690, de 2008) 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será 
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
7.10. Princípio do nemo tenetur se detegere 
O acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo; muitos doutrinadores dizem 
que esse princípio é o direito ao silêncio; mas o silêncio é uma forma desse princípio; esse 
é o princípio que veda a autoincriminação. 
O direito ao silêncio ou de ficar calado – art. 5o, LXIII, CF. 
Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa lhe incriminar. 
 
7.11. Provas em espécie 
Exame de corpo de delito: obrigatoriedade (ainda que haja confissão do acusado). 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando 
se tratarde crime que envolva: (Incluído pela Lei no 13.721, de 2018) 
I – violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído pela Lei no 13.721, de 2018) 
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído pela 
Lei no 13.721, de 2018) 
 
Espécies de ECD: 
Impossibilidade do ECD. Supressão pela prova testemunhal. 
 
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Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os 
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 
Atenção! Questões pontuais: 
● O EDCL poderá ser feito em qualquer dia e horário. 
● A autópsia deverá ser feita pelo menos seis horas após a morte, salvo se os peritos 
entenderem (e isso deverá constar do auto) que ela pode ser realizada antes. 
● Os cadáveres serão fotogravados na posição em que se encontrarem. 
 
ECDL e lesão corporal 
Se o primeiro for incompleto, poderá ser feito outro. 
Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código 
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. 
A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
 
Perícia de laboratório 
Os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre 
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, 
desenhos ou esquemas. 
 
Crimes com rompimento de obstáculo ou escalada 
Os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por quais 
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
 
Incêndios 
Os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver 
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
 
Exame grafotécnico 
 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-
se-á o seguinte: 
I – A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se 
for encontrada; 
II – Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa 
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre 
cuja autenticidade não houver dúvida; 
III – A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que 
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existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se 
daí não puderem ser retirados; 
IV – Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a 
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a 
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que 
se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. 
 
Segundo a melhor doutrina, a previsão do inciso IV não foi recepcionada pela Constituição 
Federal, pois ele fere o princípio do nemo tenetur se detegere. 
 
Perito 
É um auxiliar da Justiça, compromissado, portador de um conhecimento técnico e sem 
impedimentos. 
Espécies: 
Oficial – 1 (concursado) 
Louvado ou não oficial – 2 
 
Não podem ser peritos: 
 
Art. 279. Não poderão ser peritos 
I – Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos nos I e IV do art. 69 
do Código Penal; 
II – Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o 
objeto da perícia; 
III – os analfabetos e os menores de 21 anos. 
 
 Atenção! 
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição 
dos juízes. 
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. 
 
Assistente técnico 
Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao 
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos 
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
 
ECDL e o juiz 
 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em 
parte. 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará 
a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
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Interrogatório 
Alterações trazidas pela Lei no 11.719/2008 
Reforçou a natureza de ser um meio de defesa. 
Passou a ser o último ato de instrução (dentro da audiência una – art. 400 do CPP). 
O STF passou a entender que esse procedimento se aplica aos processos de sua 
competência originária. 
No caso de mutatio libelli pode o juiz proceder a novo interrogatório. 
O interrogatório é ato não preclusivo (qualquer tempo) 
 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido 
fundamentado de qualquer das partes. 
 
Ausência de interrogatório 
Nulidade relativa ou nulidade absoluta? Prevalece que se trata de nulidade absoluta, 
cujo prejuízo é presumido. 
Tal prejuízo é de ordem constitucional – ampla defesa. 
Prova testemunhal 
● O depoimento deverá ser oral, não sendo possível trazer por escrito. 
● É possível, todavia, consultar apontamentos. 
● Não poderá a testemunha se eximir da obrigação de depor. 
● As testemunhas não poderão ouvir o depoimento uma das outras. 
● São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar 
o seu testemunho. 
 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes 
mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das 
indicadas pelas partes. 
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se 
referirem. 
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse 
à decisão da causa. 
 
Dispensa e proibição 
 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, 
recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda 
que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não 
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for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas 
circunstâncias. 
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício 
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, 
quiserem dar o seu testemunho. 
 
Procedimento 
Não mais vige o sistema presidencialista. 
Atualmente o sistema é o do crossexamination (inspiração americana). 
Perguntas diretas pelas partes às testemunhas 
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não 
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa 
ou importarem na repetição de outra já respondida. 
 
Questões finais 
Falso testemunho: crime previsto no art. 342 do CP. 
 
8. Sujeitos Processuais 
NÃO C-O-N-F-U-N-D-A 
A figura do assistente com a do seu advogado (capacidade postulatória). 
O assistente poderá ser admitido no processo até o trânsito em julgado da sentença. 
Receberá os autos na forma em que se encontram (cuidado: não há assistente na fase do IP). 
 
Ingresso do assistente 
É decidido pelo juiz da causa. 
Trata-se de uma decisão interlocutória (simples), segundo o CPP (art. 273) é irrecorrível. 
É necessária a oitiva prévia do RMP. 
O MP, embora deva ser previamente ouvido, não analisa a conveniência e 
oportunidadedo ingresso do assistente. Seu parecer deve ater-se a legalidade ou não do 
ato. 
No caso de codelinquência o outro agente não poderá habilitar-se como assistente, pois 
também figura no polo passivo. 
Uma vez admitido no processo o Assistente deve ser intimado de todos os atos 
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processuais – por meio de seu advogado. 
Cuidado! 
Caso intimado deixe de comparecer a algum ato, não será mais intimado para os 
demais. 
Quais recursos podem ser interpostos pelo assistente da acusação? 
Segundo o entendimento majoritário, o assistente da acusação somente pode interpor: 
Apelação 
RESE contra a decisão que extingue a punibilidade. 
Obs. 1: o assistente da acusação somente poderá recorrer se o MP não tiver recorrido. 
Obs. 2: o assistente de acusação não pode recorrer contra ato privativo do MP. 
 
Poderes do assistente 
a) propor meios de prova; 
b) formular quesitos para a perícia e indicar assistente técnico; 
c) formular perguntas às testemunhas (sempre depois do MP); 
d) aditar os articulados, ou seja, complementar as peças escritas apresentadas pelo MP; 
e) participar do debate oral; 
f) arrazoar os recursos interpostos pelo MP; 
g) interpor e arrazoar seus próprios recursos; 
h) requerer a decretação da prisão preventiva e de outras medidas cautelares; 
i) requerer o desaforamento no rito do júri. 
Qual é o prazo para o ofendido (ou sucessores) apelar contra a sentença? 
Se já estava habilitado como assistente: cinco dias (art. 593 do CPP). 
Se ainda não estava habilitado: quinze dias (art. 598, parágrafo único, do CPP). 
O prazo só tem início depois que o prazo do MP se encerra. 
 
Súmula no 448 do STF: O prazo para o assistente recorrer supletivamente começa a 
correr imediatamente após o transcurso do prazo do MP. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
49 
 
9. Comunicação dos Atos Processuais das Citações e 
Intimações 
9.1. Citações 
Trata-se do ato processual por meio do qual é comunicado à parte (acusado) que contra 
ele foi recebida uma denúncia (APPública) ou queixa-crime (APPrivada), com o objetivo de que 
ele venha a juízo defender-se. 
De acordo com o art. 363 do CPP – com a redação determinada pela Lei no 11.719/2008 
– é com citação que se tem completada a formação do processo. 
 
Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do 
acusado. (Redação dada pela Lei no 11.719, de 2008). 
 
O destinatário da citação é sempre o réu. Não pode ser citada qualquer outra pessoa em 
seu lugar, nem mesmo o Advogado, ainda que possua procuração com poderes para tanto. 
Como regra o réu é citado para apresentar resposta à acusação. 
 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, 
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para 
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei no 
11.719, de 2008). 
 
9.1.1. Espécies de citação 
Real ou Ficta (presumida) 
Real: É aquela realizada na pes-soa do réu, sendo efetivada por: mandado (cumprido por 
Oficial de Justiça no âmbito da Jurisdição do juiz da causa – carta precatória, carta rogatória, 
carta de or-dem, ofício requisitório). 
Ficta: Efetivada por meio de edital (publicado na imprensa ou fixado no átrio ou na porta 
do fórum) ou no caso de citação por hora certa. 
 
A) Citação real: por mandado 
Requisitos intrínsecos do mandado: 
 
Art. 352. O mandado de citação indicará: 
I – o nome do juiz; 
II – o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
III – o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
IV – a residência do réu, se for conhecida; 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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V – o fim para que é feita a citação; 
VI – o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; 
VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
 
Requisitos extrínsecos do mandado: 
 
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 
I – Leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se 
mencionarão dia e hora da citação; 
II – Declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. 
 
Hora e dia para o cumprimento: 
A lei processual penal é silente quanto a isto. Poderá, portanto, o Oficial de Justiça cumprir 
a qualquer dia e a qualquer hora. 
Respeitadas as inviolabilidades de domicílio. 
Réu fora da área de jurisdição do juiz processante: 
No caso de estar o réu fora da área de jurisdição do juiz da causa – mas em território 
nacional –, deverá ele valer-se da citação por precatória (art. 353 do CPP). 
Precatória é uma comunicação processual entre juízes. 
Temos: 
Juiz deprecante: quem expede a precatória (art. 354). 
Juiz deprecado: quem recebe a precatória (art. 354). 
Após o cumprimento, é devolvida ao juiz deprecante (art. 355 do CPP). 
Caráter itinerante da carta precatória: 
Segundo o art. 355, § 1o, do CPP, no caso de o réu não mais residir no território de 
jurisdição do juiz deprecado e este souber onde se encontre o destinatário da carta, deverá 
encaminhá-la diretamente. 
Carta de Ordem: 
Usada quando o Tribunal determina que o juiz de primeiro grau cumpra uma 
determinação. 
Questões pontuais 
Réu militar: não é citado por mandado, mas sim por intermédio de seu Comandante. 
(art. 358 do CPP). 
Funcionário público: deve-se, além de citar o funcionário público, oficiar a sua 
chefia para que não seja interrompida a prestação do serviço (continuidade do serviço 
público) (art. 359 do CPP). 
Réu preso: será citado pessoalmente (art. 360 do CPP). 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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Situações possíveis: 
a) O réu não é encontrado pelo Oficial de Justiça 
Citação por edital (ficta) com prazo de 15 dias (art. 361 do CPP). 
O edital deve ser: 
● publicado na imprensa oficial, 
● publicado em jornal local de grande circulação, 
● afixado no átrio do fórum. 
A citação editalícia é medida excepcional, que só pode ser adotada depois de esgotados 
todos os meios de localização. 
 
Súmula no 351 STF. É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da 
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 
 
Réu citado por edital – consequência: 
 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, (1) não comparecer, (2) nem constituir advogado, 
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar 
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão 
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei no 9.271, de 
17.4.1996) 
Súmula no 415 do STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada. 
 
b) O réu que se oculta para não ser citado 
Neste caso, deverá o Oficial de Justiça proceder à citação por hora certa. 
Tal modalidade de citação passou a ser prevista no processo penal apenas em 2008, com 
o advento da Lei no11.719 do mesmo ano. 
Previsão Legal: 
 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará 
a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 
229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil. (Redação dada 
pela Lei no 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, 
ser-lhe-á nomeado defensor dativo. 
 
Obedecerá ao regramento do Código de Processo Civil: 
Procura o acusado por duas vezes: 
● Não o encontra e suspeita de sua ocultação; 
● Intima pessoa da família ou vizinho; 
● No dia imediato comparece na hora marcada e efetua a citação. 
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Processo Penal 
 
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c) O réu está no estrangeiro – art. 368 do CPP 
Estando em lugar sabido, será citado por carta rogatória. Comunicação entre Juízes de 
países diferentes. Com o réu no estrangeiro– desde que em lugar sabido – proíbe-se o uso 
de edital e exige carta rogatória. Ocorrerá a suspensão da prescrição (até o seu 
cumprimento). A rogatória seguirá a via diplomática. 
9.2. Intimações 
 
9.2.1. Diferença entre intimação e notificação 
*Para todos verem: esquema. 
 
9.2.2. Regras gerais 
Aplica-se a elas o que foi estudado para citação (art. 370, caput). 
Ministério Público – defensor nomeado e Defensoria Pública: intimação pessoal. 
Segundo o STF, ainda que o defensor público esteja presente ao ato, terá direito a 
intimação pessoal. 
Advogado constituído, querelante, assistente: intimação pela imprensa oficial. 
No caso de intimação direta pelo Escrivão, a publicação fica dispensada. 
Não havendo imprensa oficial: escrivão, mandado, via postal (AR) ou através de outro 
meio hábil. 
 
Art. 370, § 1o. A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do 
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da 
comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. (Incluído pela Lei no 9.271, 
 
 Intimação 
 
Ciência de um ato 
já praticado. 
 
Intima-se de uma 
sentença proferida. 
 Notificação 
 
Ciência de uma 
decisão ou 
despacho que 
ordena fazer algo. 
 
Notifica-se a parte 
para juntar 
documentos. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
53 
 
de 17.4.1996) 
Art. 370, § 2o. Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a 
intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com 
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. 
Art. 370, § 3o. A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude 
o § 1o. 
Art. 370, § 4o. A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. 
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for requerida, 
observado o disposto no art. 357. 
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 
I – Leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se 
mencionarão dia e hora da citação; 
II – Declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. 
 
9.2.3. Questões relevantes de intimação x prazos 
Sempre que a intimação (seja pessoal, seja por publicação) se der em uma sexta-feira, o 
início do prazo será na segunda-feira ou no primeiro dia seguinte, no caso de feriado. 
É o teor da Súmula no 310 do STF. 
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos 
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
É o teor da Súmula no 710 do STF. 
Súmulas importantes 
 
Súmula no 310 do STF. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação 
com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira 
imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que 
se seguir. 
Súmula no 710 do STF. No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e 
não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
 
Questão que gerou muita controvérsia relaciona-se ao exato momento em que o prazo 
iniciava a correr para o MP e Defensorias. Se do ingresso dos autos no Órgão ou do “ciente” 
do Membro. 
Atualmente o STF pacificou a questão ao afirmar que “reputa-se intimado da decisão o 
MP” a partir da data “de entrega dos autos, com vista, à secretaria do órgão ou ao 
representante mesmo” (Cezar Peluso – HC 84.166/SP). 
Atenção ao artigo abaixo: 
 
Art. 798 do CPP. [...] § 1oNão se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, 
porém, o do vencimento. [...] 
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia 
útil imediato. 
 
 
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54 
 
Novidade Legislativa: 
 
Art. 798-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 
de dezembro e 20 de janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos: (Incluído pela Lei no 
14.365, de 2022) 
I – que envolvam réus presos, nos processos vinculados a essas prisões; 
II – nos procedimentos regidos pela Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha) 
III – nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado do juízo 
competente. 
Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo, fica vedada a 
realização de audiências e de sessões de julgamento, salvo nas hipóteses dos incisos I, II 
e III deste artigo. 
 
10. Prisões 
É a privação a liberdade de locomoção determinada por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade competente ou em caso de flagrante delito. 
 
Art. 5o, LXI, CF. ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
 
10.1. Espécies de prisão 
 
10.1.1. Prisão em flagrante 
 
Art. 301. Qualquer do povo poderá (facultativo) e as autoridades policiais e seus agentes 
deverão (obrigatório) prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I – está cometendo a infração penal; (próprio) 
II – acaba de cometê-la; (próprio) 
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em 
situação que faça presumir ser autor da infração; (impróprio, quase-flagrante ou irreal) 
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele autor da infração. 
 
Infrações permanentes 
 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto 
não cessar a permanência. 
 
Falta de testemunha do crime impede a prisão em flagrante? 
Não. Neste caso necessitaremos de testemunhas para presenciar a apresentação do 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
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preso a autoridade (essas testemunhas são conhecidas como fedatárias). 
Fundamento: 
 
Art. 304, § 2o. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em 
flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas 
que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. 
 
 
Procedimento – comunicações obrigatórias 
 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa 
por ele indicada. 
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao 
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de 
seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 
§ 2o No mesmo prazo (24h), será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das 
testemunhas. 
 
Cuidado! 
A não comunicação leva à prisão ilegal que deve ser relaxada (art. 5o, LXV, da CF e art. 
310, I, do CPP). 
 
Decisões possíveis do juiz 
 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e 
quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia 
com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública 
e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
(Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) 
I -relaxar a prisão ilegal; ou 
II -converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos 
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as 
medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
§ 1o Se o juiz verificar, pelo autode prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas 
condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 – Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado 
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob 
pena de revogação. 
§ 2o Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa 
armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade 
provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 3o A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência 
de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e 
penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 4o Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput 
deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará 
também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo 
da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído pela Lei no 13.964, 
de 2019) Suspensa por decisão do Min FUX na ADI 6298. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
56 
 
10.1.2. Prisão preventiva 
Cabimento e competência 
 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a 
prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante 
ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. 
Atenção! 
Até o pacote anticrime (Lei no 13.964/2019) era possível que, durante o processo, o juiz 
determinasse a prisão preventiva de ofício. Hoje, como vimos na leitura acima, não é mais 
possível. Abaixo a antiga redação: 
Redação antiga para comparação: 
 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento 
do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial. 
 
Fundamentos e requisitos 
Resumindo: 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da 
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente 
de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela 
Lei no 13.964, de 2019) 
 
Quando houver: 
1) prova da existência do crime, 
2) indício suficiente de autoria, 
3) perigo gerado pela liberdade do imputado (esse requisito também foi acrescido 
pelo pacote anticrime). 
A prisão preventiva poderá ser decretada como: 
1) garantia da ordem pública, 
2) da ordem econômica, 
3) por conveniência da instrução criminal, ou 
4) para assegurar a aplicação da lei penal. 
 
Outros fundamentos: 
 
§ 1o A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
57 
 
§ 4o). (Incluído pela Lei no 12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) 
 
Necessidade de fundamentação em fatos novos ou contemporâneos a prisão. Princípio 
da contemporaneidade 
 
§ 2o A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em 
receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que 
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
 
Casos de admissão da preventiva. Não basta que a situação se aperfeiçoe ao art. 
312 do CPP se não estiver admitida na forma do artigo abaixo: 
Atenção! 
Essas situações são alternativas e não cumulativa. Ou seja: basta uma para possibilitar a 
prisão preventiva. 
 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: 
I -nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 
(quatro) anos; 
II -se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, 
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 – Código Penal; 
III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das 
medidas protetivas de urgência; 
§ 1o Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a 
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para 
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a 
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. 
§ 2o Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de 
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação 
criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei no 13.964, de 
2019) 
 
Não admissão, motivação e revogação. Causa excludentes de ilicitude. 
 
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas 
provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos 
incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – 
Código Penal. 
 
Apesar de o art. 93, IX, da CF trazer a necessidade de motivação para todas as 
decisões judiciais, a Lei no 13.964/2019, expressamente, passou a exigir nos casos de 
preventiva, bem como elencou algumas situações em que não será considerada válida a 
fundamentação apresentada. 
 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
58 
 
motivada e fundamentada. (Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 1o Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz 
deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que 
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 2o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua 
relação com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua 
incidência no caso; (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação 
do entendimento. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
 
Revogação da preventiva – previsão legal. 
Atenção! 
Segundo a doutrina este fundamento para revogação – quando não mais é necessária a 
prisão que foi legalmente imposta – serve também para a prisão temporária. 
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, 
no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela 
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
 
Necessidade de revisão a cada 90 dias: 
 
Art. 316. Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deveráo órgão emissor da 
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, 
mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. 
 
Prisão preventiva domiciliar 
Previsão legal 
 
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua 
residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
 
Cabimento 
 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: 
I – maior de 80 (oitenta) anos; 
II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou 
com deficiência; 
IV – gestante; 
V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei 
no 13.257, de 2016) 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
59 
 
VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) 
anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei no 13.257, de 2016) 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos 
estabelecidos neste artigo. 
 
Prisão domiciliar de mulher ou gestante 
 
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável 
por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: 
(Incluído pela Lei no 13.769, de 2018). 
I – não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei 
no 13.769, de 2018). 
II – não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. 
 
Possibilidade de cumulação da prisão preventiva domiciliar com medidas 
alternativas diversas da prisão do art. 319 do CPP. 
 
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem 
prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 
deste Código. (Incluído pela Lei no 13.769, de 2018). 
 
10.1.3. Prisão temporária 
Prevista na Lei no 7.960/1992, com cabimento somente na fase do inquérito policial, 
em hipótese alguma pode ser decretada de oficial pelo juiz (se for, é ilegal e o pedido deve ser 
de relaxamento). No caso de não mais ser necessária a prisão temporária legalmente imposta, 
o pedido deve ser revogação, forte no art. 316 do CPP. 
Tal medida restritiva de liberdade só é cabível nos casos dos crimes previstos no rol 
taxativo do art. 1o, III, da Lei de Regência. Será ela decretada pelo juiz, em face da representação 
da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de cinco dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Nos casos de 
prisão temporária por crime hediondo (Lei no 8.072/1990), o prazo será de 30 dias, prorrogável 
por mais 30. O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão e o 
dia que o preso deverá ser libertado. Sua execução somente poderá ocorrer depois da expedição 
de mandado judicial. 
Uma vez decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela 
custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o 
preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou 
da decretação da prisão preventiva. O dia de início de cumprimento deve ser computado no 
prazo da prisão. Os presos temporários deverão ficar separados dos demais detentos. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
60 
 
11. Medidas Assecuratórias Patrimoniais 
11.1. Conceito 
São medidas cautelares de natureza processual, urgentes e provisórias, que tem por 
objetivo garantir a eficácia de uma futura decisão judicial. 
 
11.2. Espécies principais 
Arresto 
Sequestro 
Hipoteca legal 
Cuidado! 
Diferença doutrinária entre sequestro e arresto. 
Sequestro: retenção de um objeto específico, cuja propriedade esteja sendo discutida, 
recaindo sobre bem determinado. 
Arresto: medida acautelatória que incide sobre uma generalidade de bens. O arresto pode 
ser: 
a) arresto prévio a hipoteca; 
b) arresto de bens móveis. 
 
11.2.1. Sequestro (arts. 125 a 132 do CPP) 
Cabível para bens imóveis (art. 125) e bens móveis (art. 132). 
 
Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os 
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro. 
Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições 
previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste 
Livro. 
 
Requisitos para o sequestro 
Não se exige prova plena. Bastam indícios veementes da origem ilícita dos bens (mais 
que meros indícios e menos que prova plena). 
Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes 
da proveniência ilícita dos bens. 
 
Competência e legitimidade para requerer e cabimento (o sequestro cabe durante o 
IP) 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
61 
 
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou 
mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em 
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa. 
 
Recurso contra decisão que determina o sequestro de bens: 
Desta decisão cabe o recurso de apelação. 
Art. 593, II, do CPP. 
Jurisprudência sobre a apelação: 
 
É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra 
decisão que tenha determinado medida assecuratória prevista no art. 4o, caput, da Lei no 
9.613/98 (Lei de lavagem de Dinheiro), a despeito da possibilidade de postulação direta 
ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou valores 
constritos (art. 4o, §§ 2o e 3o, da mesma Lei). O indivíduo que sofreu os efeitos da medida 
assecuratória prevista no art. 4o da Lei no 9.613/98 tem a possibilidade de postular 
diretamente ao juiz a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou valores constritos. No 
entanto, isso não proíbe que ele decida não ingressar com esse pedido perante o juízo de 
1o instância e queira, desde logo, interpor apelação contra a decisão proferida, na forma 
do art. 593, II, do CPP. STJ. 5ª T. – REsp no 1.585.781/RS – rel. Min. Felix Fischer, j. 28-
6-2016 (Informativo no 587 do STJ). 
 
Embargos ao sequestro (tecnicamente contestação) 
 
Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado: 
I – pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os 
proventos da infração; 
II – pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o 
fundamento de tê-los adquirido de boa-fé. 
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar 
em julgado a sentença condenatória. 
 
Competência para julgar os embargos 
Juiz penal competente para o julgamento. 
Os embargos somente serão julgados após a sentença condenatória irrecorrível. 
Levantamento do sequestro 
Trata-se de uma situação que gera a perda da eficácia do sequestro: 
 
Art. 131. O sequestro será levantado: 
I – se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em 
que ficar concluída a diligência; 
II – se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure 
a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal; 
III – se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada 
em julgado. 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
62 
 
Leilão e depósito 
Após o sequestro dos bens (móveis ou imóveis), o juízo criminal (art. 133 do CPP) 
providenciará a avaliação e venda de tais bens. 
Cuidado com as alterações trazidas pelo Pacote Anticrime 
 
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a 
requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda 
dos bens em leilão público cujo perdimento tenhasido decretado. (Redação dada 
pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 1o Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado 
ou a terceiro de boa-fé. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 2o O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se 
houver previsão diversa em lei especial. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
 
Autorização para que órgãos de segurança utilizem os bens sequestrados 
 
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem 
sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de 
segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do 
sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de 
Perícia, para o desempenho de suas atividades. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 1o O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão 
da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização. 
(Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 2o Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá 
autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei no 13.964, de 
2019) 
§ 3o Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, 
o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de 
certificado provisório de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o 
qual estará isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à 
disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu 
responsável. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 4o Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de 
perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá 
determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual 
foi custodiado o bem. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
 
 
11.2.2. Hipoteca legal 
Medida que recai sobre o patrimônio lícito do réu ou indiciado. A grande diferença 
para o sequestro de imóveis é que a hipoteca recai sobre patrimônio lícito e o sequestro 
sobre ilícito. 
Objetiva uma futura ação civil ex delito (art. 91, I do CP). 
Aquela ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, para obter indenização pelo dano 
causado pelo crime (art. 91 do CP), quando existente. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
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1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
63 
 
Pressupostos 
Prova inequívoca da materialidade delitiva. 
Indícios suficientes de autoria. 
Legitimidade 
 
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido 
em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes 
da autoria. 
 
MP também possui legitimidade. Quando ofendido pobre ou houver interesse da 
Fazenda Pública. 
 
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 
e 137, se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o 
requerer. 
 
Finalidade 
Satisfação do dano ex delicto. 
Pagamento de eventuais penas pecuniárias e despesas processuais. 
Cabimento da hipoteca legal 
 
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo 
ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios 
suficientes da autoria. 
 
Especialização da hipoteca (nada mais é do que a “escolha” do bem imóvel que restará 
de fato hipotecado) 
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte estimará o valor 
da responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de 
ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramento do valor 
da responsabilidade e à avaliação do imóvel ou imóveis. 
 
Arresto prévio à hipoteca legal (art. 136) 
Ocorre nas situações em que haverá uma demora na especialização da hipoteca. 
Previsão legal. 
 
Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no 
prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. 
 
 
Arresto do art. 137 do CPP 
Medida semelhante à hipoteca legal, porém com incidência sobre bens móveis. Recai 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
64 
 
sobre bens de origem lícita (essa é a diferença para o sequestro) quando os imóveis forem 
insuficientes para garantir o pagamento. 
 
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor 
insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em 
que é facultada a hipoteca legal dos imóveis. 
§ 1o Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na 
forma do § 5o do art. 120. (avaliadas – leilão) 
§ 2o Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, 
para a manutenção do indiciado e de sua família. 
 
11.2.3. Arresto 
O arresto também é modalidade de medida assecuratória que tem por objeto o 
patrimônio lícito do agente, não se destinando, portanto, à constrição de bens adquiridos com 
o produto da infração. São duas as espécies de arresto: 
● arresto de imóveis preparatório da hipoteca legal (art. 136 do CPP); 
● arresto de bens móveis (art. 137 do CPP). 
 
(REIS, Alexandre Cebrian; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Processual Penal esquematizado. 7. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 202). 
Atenção com essa jurisprudência 
 
Para que seja autorizada a decretação da medida de arresto, não é necessário que fique 
demonstrado que o réu está praticando atos concretos de desfazimento de bens. 
Porém, é imperiosa a demonstração da plausibilidade do direito e do perigo na demora. A 
indisponibilidade dos bens não traz prejuízos desarrazoados ao réu, pois ele terá seus 
bens desbloqueados, se absolvido ao fim do processo. Assim, é possível o arresto prévio 
de bens de acusados por suposta prática de crime únicode corrupção passiva em 
concurso de agentes. STF. 1ª T. – Pet no 7.069/DF – rel. Min. Marco Aurélio, red. p/o 
acordão Min. Luís Roberto Barroso, j. 13-3-2019 (Info 933 – STF). 
 
Das exceções 
A defesa em matéria penal pode ser: 
● direta, quando se nega o fato; ou 
● indireta, quando procura-se evitar a análise do fato supostamente criminoso. 
A indireta ocorrerá por meio das exceções. Podemos defini-las como sendo “o meio pelo 
qual o acusado busca a extinção do processo, sem o conhecimento do mérito, ou o atraso em 
seu andamento” (CAPES, Curso de processo penal, 27ª ed., p. 372). 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
65 
 
12. Das Questões e Processos Incidentes 
Quanto às espécies, podem assim ser apresentadas: 
● Peremptórias: quando acolhidas, põem termo à causa, extinguindo o processo. 
● Dilatórias: quando acolhidas, apenas prorrogam o curso do processo, 
procrastinam seu fim. 
Vamos analisar cada uma das previstas no CPP: 
 
12.1. Exceção de suspeição 
Destinada a rejeitar o juiz que demonstre parcialidade ou quando existem motivos 
relevantes que ensejam suspeição de sua isenção em razão de interesses ou sentimentos 
pessoais (art. 254, CPP). 
Pode ser arguida pelas partes ou pelo MP ou o juiz pode se dar por suspeito (ex officio). 
Muita atenção, pois esta exceção deve preceder as demais, salvo quando fundada em 
motivo superveniente. Sua interposição deve ser por petição fundamentada, acompanhada de 
prova documental e do rol de testemunhas, quando necessário. 
Cuidado! Pode ser cobrado em prova: é necessária procuração com poderes especiais 
(ou é assinada também pela parte) – art. 98 do CPP. 
 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer 
das partes: 
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por 
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, 
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das 
partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Uma vez interposta a suspeição: 
O juiz pode reconhecer a suspeição, remetendo os autos ao seu substituto. Desta decisão 
não cabe recurso. 
O juiz pode declarar que não é suspeito, apresentando resposta escrita no prazo de cinco 
dias, anexando documentos e arrolando testemunhas; remeterá os autos ao tribunal de justiça 
em 24 horas. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
66 
 
No caso de não ter aceito a suspeição, chegando ao tribunal, o relator poderá rejeitar 
liminarmente a exceção, se a entender infundada; ou mandar processar a exceção. 
Poderá ser alegada contra: 
I – Juízes de qualquer instância. 
Membros do Ministério Público – cuidado com a Súmula no 234 do STJ. 
 
Súmula no 234 do STJ. A participação de membro do Ministério Público na fase 
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento 
da denúncia. 
 
II – Intérpretes, peritos, funcionários da justiça, serventuários e jurados. 
Consequência – quando declarada a suspeição, ficam nulos os atos processuais do 
processo principal. 
Outro ponto bastante questionado é se cabe exceção de suspeição contra 
autoridades policiais. 
Não. Os delegados não ensejam suspeição em razão da natureza do inquérito por eles 
presidido como procedimento preparatório da ação penal. Contudo, têm obrigação de se 
declararem suspeitos. 
 
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, 
mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
 
Existe recurso contra reconhecimento espontâneo de suspeição? 
Não. Somente é passível de correição parcial, por tumultuar a tramitação do feito. 
 
12.2. Exceção de incompetência de juízo 
Fundamenta-se na ausência de capacidade funcional do juiz. 
Pressuposto para propositura é que uma ação penal esteja em andamento, em foro 
incompetente, de acordo com as regras dos arts. 69 e seguintes do CPP. 
Caso não seja reconhecida de ofício pelo juiz, poderá ser arguida pelo réu, querelado e 
MP, não podendo ser arguida pelo autor da ação. 
Incompetência relativa pode ser arguida no prazo da resposta da acusação (art. 396 
do CPP), sob pena de preclusão e prorrogação da competência. 
Incompetência absoluta poderá ser arguida a qualquer tempo. 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
67 
 
Procedimento: 
a) Deve ser oposta junto ao próprio juiz da causa; 
b) Pode ser arguida verbalmente ou por escrito; 
c) O juiz mandará autuar em apartado; 
d) O MP deve ser ouvido a respeito da exceção, desde que não seja ele o proponente; 
e) O juiz julga então a exceção. 
 
O que poderá ocorrer? 
1 – Caso o juiz julgue exceção improcedente, cabe HC. 
2 – Caso julgue procedente, cabe RESE (art. 581, III, do CPP). 
3 – Caso remeta ao Juízo que entende competente, este poderá não concordar e suscitará 
o conflito de competência. 
4 – Julgada procedente a exceção, serão declarados nulos os atos decisórios. 
5 – Não há suspensão do processo. 
6 – Não alegada a exceção de incompetência ratione loci, ocorre preclusão (o juiz 
torna-se competente, pois prorrogada estará sua competência. Trata-se de uma competência 
relativa). 
 
12.3. Exceção de litispendência 
Ocorre litispendência quando uma ação repete outra em curso, ou seja, quando a 
imputação atribuir ao acusado, mais de uma vez, em processos diferentes, a mesma conduta 
delituosa. 
Para existir litispendência, os processos devem ter o mesmo pedido, as mesmas 
partes e a mesma causa de pedir. 
Destinada a evitar o trâmite em paralelo de dois processos idênticos. 
Acolhendo-se a exceção de litispendência, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, III, 
do CPP). 
O rito é o mesmo da incompetência. 
Não há prazo para interposição. 
Deve ser arguida no segundo processo. 
Não há suspensão do processo. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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12.4. Exceção por ilegitimidade de parte 
Abrange não apenas a titularidade do direito de ação, como a capacidade de exercício. 
A exceção poderá ser arguida quando: 
● A queixa é oferecida em caso de ação pública; 
● A denúncia é oferecida em hipótese de ação privada; 
● O querelante é incapaz; 
● O querelante não é o representante legal do ofendido; 
● Na ação privada personalíssima, quando a queixa é oferecida pelo sucessor da 
vida. 
Reconhecida a exceção, o recurso cabível é em sentido estrito (art. 581, III, do CPP). A 
exceção de ilegitimidade segue o mesmo procedimento da incompetência do juízo. 
 
12.5. Exceção de coisa julgada 
Transitada em julgado uma decisão, é impossível um mesmo processo pelo mesmo fato. 
Isso tem por objetivo evitar o odioso bis in idem. 
Importante ressaltar que a imutabilidade da coisa julgada não é absoluta no Direito Penal, 
pois existe hipótese, especialmente na revisão criminal de a coisa julgada ser revista (art. 621 
do CPP). 
Esta exceção deve ser proposta quando se verificar a identidade de demanda entre a ação 
proposta e uma outra já decidida por sentença já transitada em julgado. 
Quando proposta a ação idêntica, o juiz poderá: 
a) rejeitar a denúncia; 
b) declarar a exceção de ofício; 
c) caso o juiz não declare de ofício, poderá o MP ou o réu argui-la. 
Ela seguirá o mesmo rito, é o mesmo da exceção de incompetência. 
Fases: 
a) Pode ser arguida verbalmente em qualquer fase do processo; 
b) Juiz deve ouvir a outra parte e o MP; 
c) Deve ser autuada em separado; 
d) Se for julgada procedente, a ação principal será extinta, cabendo recurso em sentido 
estrito (art. 581, III, do CPP).e) Se julgar improcedente, processo continua e não cabe recurso, cabendo, entretanto, 
habeas corpus. 
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69 
 
12.6. Conflito de Jurisdição 
Ocorre sempre que, em qualquer fase do processo, um ou mais juízes, 
contemporaneamente, tomam ou recusam tomar conhecimento do mesmo fato delituoso. 
O conflito poderá ser: 
● Conflito positivo: quando dois ou mais juízes se julgam competentes para 
conhecer e julgar o mesmo fato; 
● Conflito negativo: quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes para 
conhecer e julgar o mesmo fato. 
Processamento (órgão competente para resolver o conflito – matéria prevista 
constitucionalmente). 
Compete ao STJ os conflitos de competência: 
● Entre quaisquer tribunais, 
● Entre tribunal e juiz a ele não vinculado, 
● Entre juízes vinculados a tribunais diversos. 
Compete ao STF os conflitos de competência: 
● Entre o STJ e qualquer outro tribunal, 
● Entre Tribunais Superiores e qualquer outro tribunal, 
● Entre Tribunais Superior entre si. 
Compete aos Tribunais Regionais Federais solucionar conflitos entre: 
● Juízes federais a eles vinculados, 
● Juiz federal e juiz estadual investido na jurisdição federal. 
Na Justiça Militar, conflitos devem ser suscitados perante o STM, já conflitos entre TRE 
ou juízes eleitorais de Estados diferentes são julgados pelo TSE. Se forem juízes eleitorais do 
mesmo Estado, compete ao TRE. 
Muita atenção! 
Entre juiz e tribunal ao qual ele está vinculado não se fala em conflito de jurisdição, é 
resolvido pela hierarquia. 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
70 
 
13. Procedimentos Penais 
Prof.ª Letícia Neves 
@prof.leticianeves 
 
13.1. Considerações iniciais 
O procedimento é a ordem, a sucessão de atos que devem ser respeitados durante o 
processo penal. O art. 394 do CPP dispõe que os procedimentos penais podem ser divididos em 
comum ou especial. 
 
13.2. Procedimento comum 
Nos termos do art. 394, § 1o, do CPP, o procedimento comum divide-se em: ordinário, 
sumário e sumaríssimo. O critério adotado para diferenciá-los é a quantidade máxima de pena 
privativa de liberdade prevista ao tipo penal, da seguinte forma: 
 *para todos verem: tabela. 
Procedimento comum (art. 394, § 1º, do CPP) 
Procedimento comum 
ordinária 
Crimes cuja pena máxima seja igual 
ou superior a quatro anos. 
Ex: art. 213 do CP - pena de 6 
a 10 anos. 
Procedimento comum 
sumário 
Crimes cuja pena máxima seja 
inferior a quatro anos. 
Ex: art. 306 do CTB – pena de 
6 meses a 3 anos. 
Procedimento comum 
sumaríssimo 
Infrações de menor potencial 
ofensivo – art. 61 da Lei nº 
9.099/1995. 
Obs: Art. 94 do Estatuto do Idoso 
(Lei nº 10.741/2003) 
Ex: art 163, caput do CP – art. 
147 do CP – pena de 1 mês a 
6 meses. 
Obs: somente aplica-se o Procedimento Comum se não houver previsão para aplicação de 
procedimento especial. 
 
É importante destacar alguns pontos, vejamos: 
Para adoção do procedimento comum, deve ser observada a existência de majorantes ou 
minorantes, as quais poderão interferir no procedimento a ser adotado. 
As disposições do procedimento comum ordinário aplicam-se subsidiariamente aos 
procedimentos especiais, sumário e sumaríssimo (art. 394, § 5o, do CPP). 
Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em 
todas as instâncias (art. 394-A do CPP). 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
71 
 
13.2.1. Procedimento comum ordinário 
O regramento que deverá ser observado está disposto nos arts. 395 a 405 do CPP.1 
Observação: 
No âmbito do Juizado Especial Criminal, o recurso cabível da rejeição da denúncia ou 
queixa é o de apelação, nos termos do art. 82 da Lei no 9.099/1995. 
No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do 
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído (art. 363, § 4o, do CPP). 
A resposta à acusação é o momento processual que o defensor poderá arguir toda a 
matéria pertinente à defesa, inclusive, apontar a necessidade de o magistrado reapreciar o 
recebimento da denúncia ou queixa, indicando a possibilidade de rejeição da peça acusatória 
(art. 395 do CPP). Trata-se de peça obrigatória, nos termos do art. 396-A, § 2o, do CPP, caso 
não seja apresentada no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz 
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias. A não 
nomeação de defensor pelo juiz para oferecimento da defesa gerará nulidade absoluta. 
Após a apresentação da resposta à acusação, ocasião em que poderá ser alegado tudo 
que interesse à defesa, o juiz decidirá pela absolvição sumária ou designará audiência de 
instrução e julgamento. 
 
O juiz absolverá sumariamente, nas hipóteses do art. 397 do CPP: 
I. existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato (ver: art. 23 do CP); 
II. existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; (ver: art. 22 do CP); 
III. que o fato narrado evidentemente não constitui crime; 
IV. extinta a punibilidade do agente. 
 
A decisão que absolve sumariamente o acusado produz coisa julgada material, logo, 
transitada em julgado não será possível modificar esta decisão. 
Não sendo caso de absolvição sumária, o magistrado designará audiência de instrução e 
 
1 A Lei no 13.964/2019 (Pacote Anticrime) introduziu no Código de Processo Penal o chamado “juiz das garantias”, delimitando 
a atuação do “juiz da instrução”. Conforme dispõe o art. 3o-B, XIV, do CPP, o juiz competente para decidir sobre a rejeição 
ou o recebimento da denúncia será o “juiz das garantias”, o qual terá a atuação encerrada com o recebimento da denúncia 
(art. 3o-C, 1ª parte, do CPP). A partir desse momento, a condução do processo competirá a um juiz criminal diferente, ao 
chamado “juiz da instrução e julgamento”, a quem incumbirá acompanhar a instrução processual e a apreciação do caso 
concreto. Entretanto, atualmente, a implementação do denominado “juiz das garantias” e as demais modificações 
decorrentes da nova estrutura processual estão suspensas, em razão de uma decisão de caráter liminar proferida pelo 
Ministro Luiz Fux, em face de quatro ações diretas de inconstitucionalidade propostas no âmbito do Supremo Tribunal 
Federal (Medida Cautelar na ADI no 6.299 e ADIs nos 6.298, 6.300 e 6.305). Por consequência, o que se tem em vigência é a 
manutenção da estrutura processual penal brasileira com apenas um juiz criminal, que será competente para apreciar a peça 
acusatória e acompanhar o processo até a sentença. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
72 
 
julgamento, nos termos do art. 400 do CPP, que deverá ser realizada no prazo de 60 dias. Na 
audiência, será observada a seguinte ordem: 
Cuidado! 
Lei Mariana Ferrer – art. 400-A do CPP 
Durante a audiência e, em especial, nas que apurem crimes contra a dignidade sexual, 
todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato devem zelar pela integridade 
física e psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, 
cabendo ao juiz garantir a observância, sendo vedado a manifestação sobre circunstâncias ou 
elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; e a utilização de linguagem, de 
informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. 
Terminado o interrogatório, não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, 
serão oferecidas alegações finais orais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela 
defesa, prorrogáveis por mais de 10 minutos, proferindo o juiz, a seguir sentença. Havendo mais 
de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. 
A regra no procedimento comum ordinário é a oralidade. Exceções em que admitimos a 
conversão das alegações orais em memoriais escritos, no prazo de cinco dias:Art. 404, parágrafo único, do CPP: se existirem diligências imprescindíveis. 
Art. 403, § 3o, CPP: complexidade da causa ou em razão do número de acusados. 
Nesses casos, serão apresentados memoriais escritos, no prazo de cinco dias. O juiz terá 
o prazo de dez dias para proferir sentença, nos termos dos arts. 403, § 3o, e 404, parágrafo único, 
fundamentando a decisão com base nos arts. 386 ou 387 do CPP. Vale destacar a ordem que 
os atos devem observar, instrução criminal – art. 394 a 405 do CPP: 
 *para todos verem: esquema. 
 
 
Importante registrar que deverá ser observado o princípio da correlação entre a 
denúncia e a sentença, a fim de se resguardar a máxima de que o acusado se defende dos 
fatos, e não da capitulação jurídica atribuída pela acusação. 
Desta forma, importante relembrar o instituto da emendatio libelli, previsto no art. 383 do 
CPP, que permite ao magistrado dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da queixa 
Ofereciment
o, Denúncia 
ou Queixa
Recebiment
o D/Q
Citação
Resposta à 
acusação
Juiz
Absolve 
sumariamente
ou 
Designa 
audiência de 
instrução e 
julgamento
Audiência 
de Instrução 
e 
Julgamento 
- art. 400 
CPP
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
73 
 
ou da denúncia, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Diferente é a 
situação quando encerrada a instrução probatória, for cabível nova definição jurídica do fato, em 
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não 
contida na acusação. Neste caso, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, nos 
termos do art. 384 do CPP, configurando o que se denomina mutatio libelli. 
 
13.2.2. Procedimento comum sumário 
O procedimento comum sumário deverá observar os arts. 396 e 397 do CPP, acrescendo 
a parte específica dos arts. 531 a 538 do CPP. É similar ao comum ordinário, com poucas 
alterações, vejamos. 
Com a resposta do acusado, o juiz analisará a possibilidade de absolvição sumária (art. 
397 do CPP). Não sendo hipótese de absolvição sumária, o juiz designará dia e hora para a 
audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 dias, ordenando a 
intimação do acusado, do seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e 
do assistente. Na audiência, será observada a seguinte ordem: após o interrogatório, será dada 
a palavra para a acusação e para a defesa, para alegações finais orais (art. 534 do CPP), por 
vinte minutos prorrogáveis por mais dez minutos para cada parte. Se existir assistente de 
acusação habilitado, a sua manifestação será após o Ministério Público, pelo prazo de dez 
minutos; sendo oportunizado igual período para manifestação da defesa. Após o magistrado 
proferirá sentença. 
No procedimento comum sumário não há previsão expressa acerca de eventuais 
diligências, mas fique atento em caso de indeferimento de pedidos, pois poderá acarretar 
cerceamento de defesa. Da mesma forma, não há previsão de conversão das alegações finais 
orais em memoriais (aplica-se a regra do art. 394, § 5o, do CPP, utilizando-se de forma subsidiária 
as regras do procedimento comum ordinário). 
Procedimento comum sumaríssimo 
O procedimento será apresentado quando realizarmos o estudo dos Juizados Especiais 
Criminais. 
 
13.3. Procedimentos especiais 
O procedimento especial é a exceção, possui regramento próprio, sendo aplicado em 
razão da prática de determinado crime (por exemplo, crimes dolosos contra a vida) ou no caso 
de acusado com foro determinado em virtude da função exercida (arts. 1o a 12o da Lei no 
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Processo Penal 
 
74 
 
8.038/1990). Esses procedimentos podem estar previstos no CPP ou na legislação especial, 
vejamos: 
a) procedimento especial para apuração dos crimes dolosos contra a vida (arts. 406 a 497 
do CPP); 
b) crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts. 513 a 518 do CPP); 
c) procedimento especial das ações penais originárias dos tribunais (arts. 1º a 12 da Lei 
nº 8.038/1990); 
d) procedimento especial da Lei de Drogas (arts. 54 a 58 da Lei nº 11.343/2006); 
e) procedimento especial dos crimes contra a honra – arts. 519 ao 523 do CPP (obs.: em 
regra, aplica-se a Lei no 9.099/1995); 
f) procedimento para os crimes contra a propriedade imaterial – arts. 524 a 530, I, CPP. 
 
13.3.1. Procedimento especial dos crimes dolosos contra a vida 
Trata-se de um procedimento especial, conforme o art. 394, § 3o, do CPP. Além da 
previsão no art. 5o, XXXVIII, da CF, o Código de Processo Penal regula os atos nos arts. 406 a 
497. 
Conforme o art. 74, § 1o, do CPP, são crimes dolosos contra a vida: a) homicídio doloso; 
b) aborto; c) induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; d) infanticídio. Obs.: o Júri julgará 
também os crimes conexos (art. 78, I, CPP). 
O procedimento dos crimes dolosos contra a vida possui duas fases bem definidas: 
Procedimento da primeira fase – judicium accusationis 
A chamada fase da acusação é muito similar ao procedimento comum ordinário. Neste 
momento há tão somente uma admissibilidade ou não de uma acusação. 
Ao receber a denúncia ou queixa, é determinada a citação do acusado, com a abertura do 
prazo para a defesa responder à acusação, no prazo de dez dias (art. 406 do CPP). Neste 
momento, a defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o 
máximo de oito, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. 
A resposta à acusação é peça indispensável também no procedimento do Júri. 
Apresentada, o juiz dará vista à acusação, pelo prazo de cinco dias, nos termos do art. 409 do 
CPP. Logo após, será designada a realização de audiência de instrução, nos termos do art. 411 
do CPP (não há possibilidade expressa em lei de o juiz absolver sumariamente antes da 
audiência de instrução, como ocorre em outros procedimentos). 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
75 
 
A audiência obedecerá a seguinte ordem: 1ª) declarações do ofendido, se possível; 2ª) 
declarações de testemunhas; 3ª) interrogatório do acusado; 4ª) debates orais; 5ª) decisão. 
Durante as alegações orais, concede-se a palavra à acusação e à defesa, 
respectivamente, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; havendo mais de um 
acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual; ao 
assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, 
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. 
Finda a primeira fase do procedimento do Júri, o magistrado poderá decidir pela 
pronúncia, impronúncia, absolvição sumária do acusado, ou pela desclassificação da infração 
penal para crime diverso da prática de crime doloso contra a vida. 
Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão remetidos ao juiz Presidente do Tribunal 
do Júri (art. 421 do CPP). 
Procedimento da segunda fase do Júri – judicium causae 
A segunda fase do Tribunal do Júri destina-se ao julgamento do acusado perante o 
Conselho de Sentença, está disposta nos arts. 422 a 497 do CPP. 
O Tribunal do Júri, em conformidade com o art. 447 do CPP, é composto por um juiz 
togado, seu presidente, e 25 jurados, sorteados entre os previamente alistados na forma do art. 
425 do CPP. Desses 25 jurados, serão sorteados 7, que formarão o Conselho de Sentença. 
No dia da sessão de julgamento, deverão comparecer, no mínimo, 15 jurados daqueles 
25 convocados (arts. 447 e 463 do CPP), para que seja feito o sorteio do Conselho de Sentença. 
Formado o Conselho, será iniciada a instrução em plenário (art. 473 do CPP). 
A instrução em plenário segue a mesma ordem que o procedimento comum ordinário 
(lembrando que, nesta segunda fase, o número de testemunhas é de cinco para cada parte – 
art. 422, CPP). A oitivada vítima e testemunhas deve observar as orientações do art. 474-A do 
CPP. 
Após a instrução, iniciam-se os debates orais, sendo concedida a palavra primeiramente 
à acusação e, após, à defesa, sendo o tempo destinado para cada parte de uma hora e meia. 
Além disso, poderá a acusação replicar e a defesa treplicar, utilizando-se do tempo de uma hora 
cada parte. Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido 
de uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica. 
Importante: 
● A decisão de pronúncia limita a acusação, não podendo, durantes os debates orais, 
a acusação ultrapassar os limites ali previstos (art. 476 do CPP). 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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● Durante os debates orais não poderão as partes, sob pena de nulidade, fazer 
referência à decisão de pronúncia ou de decisão posterior que a tenha confirmado como 
argumento de autoridade. Da mesma forma, não poderão fazer referência ao silêncio do acusado 
(art. 478 do CPP). 
● Somente poderão ser mostrados no plenário do Júri documentos juntados até três 
dias úteis antes do julgamento, dando-se ciência à outra parte, conforme determina o art. 479 do 
CPP. 
Encerrados os debates orais, o Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de 
fato e se o acusado deve ser absolvido, por meio de quesitos que serão formulados pelo juiz 
presidente (art. 483 do CPP). A sentença será proferida após o julgamento pelos jurados e com 
base na decisão tomada por maioria de votos (art. 489 do CPP). 
Em caso de desclassificação pelos jurados para outra infração que não seja da 
competência do Tribunal do Júri, o juiz presidente deverá sentenciar, conforme o art. 492, § 1o, 
do CPP. 
Ainda, em caso de condenação, é competência do juiz presidente determinar a prisão do 
condenado, se presentes os requisitos da prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. 
Destaca-se que, com a publicação da Lei no 13.964/2019 (Pacote Anticrime), foi inserida a regra 
de execução provisória de pena nos processos julgados pelo Tribunal do Júri quando a pena 
cominada na sentença condenatória for igual ou superior a 15 anos (art. 492, I, e, 2ª parte), 
sem prejuízo do conhecimento de eventual recurso a ser interposto. Entretanto, poderá ser 
concedido efeito suspensivo a esta apelação desde que observado o disposto no § 5o do referido 
dispositivo. 
 
13.3.2. Alguns apontamentos sobre os demais procedimentos especiais 
Procedimento da Lei no 11.343/2006 
Na Lei no 11.343/2006, a instrução criminal está regulada a partir do art. 55, 
caracterizando-se como um procedimento especial. Desta forma, oferecida a denúncia, o juiz 
notificará o acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de dez dias. Neste 
momento, o acusado poderá invocar todos os argumentos para defesa, especificar as provas e 
arrolar até cinco testemunhas. Se não for apresentada, o juiz nomeará defensor para oferecê-
la. 
Importante registrar que a lei determina que, recebida a denúncia, o juiz designe dia e 
hora para audiência de instrução, ordenando a citação do acusado. Na audiência de instrução, 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
77 
 
nos termos do art. 57, a lei dispõe como primeiro ato o interrogatório do acusado, após a 
inquirição das testemunhas de acusação e defesa, ao final, será oportunizada a palavra para o 
Ministério Público e para o defensor do acusado. Após os debates, o juiz proferirá sentença. 
No tocante ao interrogatório, destaca-se que o entendimento jurisprudencial atualizado do 
STF e STJ tem determinado a observância do interrogatório como último, aplicando a ordem 
prevista no art. 400 do CPP. Inclusive, caracterizando nulidade a inobservância do interrogatório 
como último ato (Informativo no 683 do STJ – REsp no 1.808.389/AM – DJe 23-11-2020 e HC no 
127.900-AM – STF). 
Crimes contra Administração Pública praticado por funcionários públicos 
Nos termos do art. 514 do CPP, nos crimes funcionais afiançáveis, após o oferecimento 
da denúncia, o réu será notificado para apresentar, no prazo de 15 dias, resposta preliminar. De 
acordo com a Súmula no 330 do STJ entende-se dispensável a resposta preliminar quando a 
ação penal estiver instruída com inquérito policial. 
Se recebida a denúncia, será o acusado citado, seguindo-se o rito comum, nos termos do 
art. 518 do CPP. 
 
14. Juizados Especiais Criminais 
14.1. Considerações iniciais 
O art. 98, I, da CF/1988 dispõe que os Juizados serão providos por juízes togados ou 
togados e leigos competentes para conciliação, o julgamento e execução de infrações de menor 
potencial ofensivo. 
Inobstante a existência de duas legislações, no âmbito do Juizado Especial Criminal 
observa-se o regramento previsto na Lei no 9.099/1995, visto que, na Lei no 10.259/2001, não há 
previsão do procedimento a ser observado (art. 1o da Lei no 10.259/2001). 
 
14.2. Conceito de infrações de menor potencial ofensivo 
Conforme o art. 61 da Lei no 9.099/1995, consideram-se infrações de menor potencial 
ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 
dois anos, cumulada ou não com multa. 
Importante: 
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Processo Penal 
 
78 
 
As contravenções não serão objeto de julgamento nos Juizados Especiais Criminais 
Federais, por força do art. 109, IV, da CF, que exclui da competência de julgamento dos juízes 
federais o julgamento das contravenções. 
 
Súmula no 38 do STJ: “Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da CF/1988, o 
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades”. 
 
Na reunião de processos, perante o juízo comum ou tribunal do júri, decorrentes das 
regras de conexão ou continência, serão observados os institutos da transação penal e da 
composição civil, conforme o art. 60, parágrafo único, da Lei no 9.099/1995. 
Obs.: as causas de aumento e diminuição de pena (majorantes e minorantes) deverão ser 
observadas para definição de competência. Assim, deverão incidir as causas de aumento que 
mais aumentem a pena e as causas que menos diminuem. Por exemplo, no caso de tentativa, 
deverá incidir a diminuição da pena máxima em abstrato no mínimo em 1/3 (art. 14, parágrafo 
único, CP). 
 
14.3. Critérios e objetivos dos Juizados Especiais 
O art. 62 da Lei no 9.099/1995 traz os critérios e objetivos que orientam os Juizados 
Especiais Criminais. Vejamos os critérios: 
Além dos critérios, os Juizados Especiais Criminais orientam-se pelos seguintes objetivos: 
celeridade, economia processual, informalidade, oralidade e simplicidade. Já os objetivos, 
manifestam-se na ideia de 
a) Reparação do dano (diferente da ação civil ex delicto), e 
b) Aplicação de pena não privativa de liberdade (sempre que possível). 
 
14.4. Competência no Juizado Especial Criminal 
Conforme o art. 63 da Lei no 9.099/1995, a competência do Juizado será determinada pelo 
lugar em que foi praticada a infração penal. 
 
14.5. Situações de remessa para o Juízo Comum 
Existem algumas situações em que a competência de julgamento no âmbito dos Juizados 
Especiais Criminais é afastada por determinação legal. Vejamos: 
Complexidade ou circunstância do caso – art. 77, § 2o e § 3o, da Lei no 9.099/1995; 
Acusado não localizado para ser citado – art. 66, parágrafo único, da Lei no 9.099/1995; 
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79 
 
Quando ocorrer conexão ou continência com delitos da competência do Júri ou crimes 
mais graves, será afastada a competência – art. 60 da Lei no 9.099/1995; 
Poderá também restar afastada a competência do JECRIM caso incida uma causa de 
aumento de pena, ultrapassando o patamar da pena máxima de dois anos; 
A Lei no 11.340/2006, no art. 41, exclui a aplicação da Lei no 9.099/1995, logo não há que 
se falar em JECRIM nos casos de violência doméstica e familiar. 
 
Art. 538 do CPP. Nasinfrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado 
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro 
procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. 
 
 
14.6. Citação no âmbito do Juizado Especial Criminal 
O art. 66 da Lei no 9.099/1995 é claro ao informar que a citação será pessoal ou por 
mandado. Logo, se o acusado não for encontrado, o processo será remetido ao juízo comum. 
A regra é que a citação seja pessoal e no próprio Juizado Especial Criminal, pois a 
pretensão legislativa é de que, inexistindo acordo entre as partes ou não tendo ocorrido a 
transação, seja determinada a citação do acusado no final da audiência preliminar, conforme 
consta no art. 78 da Lei no 9.099/1995. 
Não cabe citação por edital no JECRIM, pois, não sendo encontrado o acusado, haverá 
remessa ao juízo comum. 
 
14.7. Fase preliminar 
A fase preliminar ao processo está prevista nos arts. 69 a 76 da Lei no 9.099/1995. Nesta 
fase, fica evidenciado o caráter consensual do Juizado, visto que inclui a possibilidade de 
composição civil dos danos ou a aceitação da proposta de transação penal como medidas 
despenalizadoras, que evitariam a propositura da ação penal. 
Termo circunstanciado – art. 69 da Lei no 9.099/1995 
A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência de uma infração de menor 
potencial ofensivo lavrará o chamado termo circunstanciado, que conterá de forma simplificada 
o relato dos acontecimentos, indicações de eventuais testemunhas e, se for possível, o exame 
de corpo de delito (neste momento pode ser dispensado). 
Não se imporá prisão em flagrante para o autor do fato que se comprometer a comparecer 
aos atos perante o Juizado Especial Criminal. 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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Audiência preliminar 
De acordo com os arts. 70 e 71, a audiência ocorreria imediatamente, porém, na prática, 
o que ocorre é a remessa do termo circunstanciado ao JECRIM, para após ser marcada uma 
data para audiência, sendo as partes intimadas a comparecerem. 
Na audiência preliminar, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade de composição civil 
ou de aceitação da transação (art. 72 da Lei no 9.099/1995). 
A composição civil dos danos constitui um acordo de natureza civil, que, se realizado 
pelas partes no caso de ação penal privada ou pública condicionada à representação, 
resultará na extinção da punibilidade. Nos casos de ação penal pública incondicionada, a 
composição dos danos não gera nenhuma consequência no tocante à punibilidade, dando-se 
continuidade ao trâmite legal. 
Em caso de não haver a composição civil, ou sendo o caso de ação penal incondicionada, 
e, em qualquer situação não caracterizar possibilidade de arquivamento, será oferecida a 
proposta de transação, ainda na audiência preliminar, que se trata de uma proposta de aplicação 
de pena restritiva de direito ou pena de multa para evitar que haja processo penal. 
A transação penal evita o processo e não gera reincidência ou maus antecedentes. 
Todavia, há a exigência de preenchimento dos seguintes requisitos: 
● O autor do fato não poderá ter usufruído de outra transação nos últimos cinco anos; 
● Não pode ter sido condenado definitivamente a crime anterior por pena privativa de 
liberdade; 
● As circunstâncias, como antecedentes, conduta social, personalidade, devem 
indicar a possibilidade da medida. 
O cumprimento da transação penal resulta na extinção da punibilidade, já o 
descumprimento resulta na retomada da situação no momento que parou, podendo, inclusive, 
ser oferecida ação penal (Súmula Vinculante no 35 do STF). 
Da decisão que aplica a transação caberá recurso de apelação (arts. 76, § 5o, e 82, da 
Lei no 9.099/1995). 
Não sendo obtido qualquer acordo, prosseguirá a audiência preliminar e, no final, será 
oferecida a denúncia ou queixa-crime, em regra oralmente, depois reduzida a termo, no 
momento será realizada no próprio JECRIM a citação do acusado (art. 78 da Lei no 
9.099/1995), se possível. Neste momento, inicia-se o procedimento sumaríssimo. 
Atente-se para o fato de que a audiência preliminar, como o próprio nome remete, 
precede a fase processual, logo somente haverá procedimento sumaríssimo se não houver 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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adoção de nenhuma das medidas anteriores. 
 
14.8. Procedimento sumaríssimo (fase processual) 
Após o oferecimento oral da acusação, será reduzida a termo, e o acusado, caso presente 
na audiência, será citado pessoalmente, no Juizado Especial Criminal, e imediatamente 
cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da 
qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus 
advogados. Caso o acusado não esteja presente, será citado na forma do art. 66 da lei, por 
mandado a ser cumprido pelo Oficial de Justiça. 
No dia da audiência de instrução e julgamento (art. 81 da Lei no 9.099/1995), a sucessão 
dos atos segue a seguinte ordem: 
1. Proposta de composição ou transação, se não tiverem sido propostas; 
2. Palavra ao defensor para responder à acusação; 
3. Juiz decidirá se recebe ou não a denúncia ou queixa; 
4. Em caso de recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e 
defesa; 
5. Após, o acusado será interrogado, se presente; 
6. Debates orais (acusação e defesa); 
7. Sentença. 
As principais diferenças entre os demais procedimentos são as seguintes: no caso do 
sumaríssimo, a resposta à acusação é oral; a citação é feita antes do recebimento da acusação, 
em audiência e na forma oral; se o juiz optar por rejeitar a denúncia ou queixa, caberá o recurso 
de apelação, nos termos do art. 82 da Lei no 9.099/1995. Inclusive, o prazo da apelação neste 
procedimento é dez dias. 
 
14.9. Recursos e ações impugnativas no âmbito do Juizado Especial 
Criminal 
Recursos de apelação 
Conforme o art. 82 da Lei no 9.099/1995, da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e 
da sentença caberá apelação. Também será cabível apelação na hipótese de concessão da 
transação (art. 76, § 5o, da Lei no 9.099/1995). 
O recurso de apelação no JECRIM é dirigido à Turma Recursal, sendo interposto no prazo 
de dez dias a contar da ciência da sentença. A petição é escrita e conterá as razões e o pedido, 
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não se aplicando o art. 600, § 4o, do CPP. Para contrarrazoar o prazo é o mesmo, dez dias, art. 
82, §§ 1o e 2o, da Lei no 9.099/1995. 
Embargos declaratórios 
Os embargos declaratórios no JECRIM possuem o prazo de cinco dias, conforme dispõe 
o art. 83 da Lei no 9.099/1995, e poderão ser opostos diante da obscuridade, contradição ou 
omissão contida na sentença ou acórdão. Interrompem a contagem do prazo para os demais 
recursos. 
Recurso especial e recurso extraordinário 
No âmbito do JECRIM, não é cabível recurso especial. Há, inclusive, a Súmula no 203 do 
STJ, negando o cabimento de recurso especial. Tal posicionamento se justifica em razão de o 
art. 105, III, da CF somente mencionar decisões de Tribunais, não sendo o caso das Turmas 
Recursais, por isso a ausência de competência do Superior Tribunal de Justiça para julgamento 
nesse caso. 
Destaca-se que é plenamente cabível recurso extraordinário das decisões das 
Turmas Recusais (Súmula no 640 do STF). 
Habeas corpus 
As turmas recursais julgarão os habeas corpus impetrados contra atos de juízes dos 
Juizados. Porém, o julgamento de habeas corpus contra ato das Turmas Recursais Criminais 
deverá ser realizado pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado ou Tribunal Regional Federal. 
 
14.10. Suspensão condicional do processo 
A suspensão condicional do processo viabiliza a suspensão do processo criminal 
mediante o cumprimento de condições. Embora o instituto esteja previsto no art. 89 da Lei no 
9.099/1995, é aplicável em todos os procedimentos processuais,desde que não haja vedação 
legal. 
A sua aplicação deverá se destinar aos crimes em que a pena mínima prevista ao delito 
não ultrapasse um ano, observando os seguintes requisitos: 
● o acusado não esteja sendo processado por outro crime; 
● não tenha sido condenado por outro crime; 
● a culpabilidade, os antecedentes, os motivos e as circunstâncias do crime 
autorizem a concessão do instituto (demais exigências do art. 77 do CP). 
Aceita as condições contidas na proposta e previstas no art. 89, §§ 1o e 2o, da Lei no 
9.099/1995, o juiz receberá a denúncia e suspenderá o processo pelo período de dois a quatro 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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anos. 
Cuidado! 
Súmula no 536 do STJ e art. 41 da Lei no 11.340/2006. 
A suspensão condicional do processo não se aplica na hipótese de delitos sujeitos ao rito 
da Lei Maria da Penha. 
Em regra, o oferecimento da proposta é feito pelo Ministério Público, no momento do 
oferecimento da denúncia, conforme a lei. Porém, poderá ser feita em momento posterior, nos 
casos de desclassificação ou procedência parcial da acusação, nos termos da Súmula no 337 do 
STJ, e ainda nas hipóteses de emendatio e mutatio libelli (art. 383, § 1o, e 384, § 3o, do CPP). 
O legislador omitiu a possibilidade da suspensão condicional do processo no caso de 
ações penais privadas, todavia a doutrina e jurisprudência admitem a hipótese. O que é matéria 
controvertida é de quem seria a titularidade para o oferecimento da proposta, existindo duas 
posições: 
a) No âmbito do STJ, a legitimidade seria titular da ação, ou seja, do querelante. 
b) Enunciado no 112 do FONAJE: a legitimidade para o oferecimento é do MP. 
Caso não seja oferecido o sursis processual, aplica-se o teor da Súmula no 696 do STF. 
Concurso de crimes – Súmulas no 243 do STJ e no 723 do STF 
a) concurso material: a suspensão condicional do processo somente será possível se a 
soma das penas mínimas não exceder a um ano; 
b) concurso formal e crime continuado: a suspensão somente será possível se o aumento 
mínimo de 1/6 (arts. 70 e 71 do CP), aplicado sobre a pena mínima do crime mais grave, não 
superar o limite de um ano. 
Durante o período de provas, a suspensão condicional do processo poderá ser revogada 
nos seguintes casos: 
● Revogação obrigatória: art. 89, § 3o, da Lei no 9.099/1995 – se, no curso do prazo, 
o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a 
reparação do dano. 
● Revogação facultativa: art. 89, § 4o, da Lei no 9.099/1995 – se o acusado vier a 
ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição 
imposta. 
A consequência da revogação será a retomada imediata do curso do processo e da 
contagem do prazo prescricional. Importante destacar que, durante a suspensão do processo, a 
contagem do prazo prescricional restará suspensa. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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Por fim, expirado o período de provas e cumpridas as condições, o juiz declarará a 
extinção da punibilidade, nos termos do art. 89, § 5o, da Lei no 9.099/1995. 
 
15. Sentença e Coisa Julgada 
Em relação à sentença penal é imprescindível o conhecimento dos arts. 386 e 387 do 
CPP. 
A sentença penal, como regra geral, pode ser absolutória (própria), absolutória imprópria 
ou condenatória. 
 
15.1. Sentença absolutória 
A sentença absolutória própria é aquela que absolve o réu com fundamento no art. 397 
ou 386 do CPP. 
O art. 397 do CPP dispõe sobre a possibilidade de absolvição sumária, ocasião em que, 
após a apresentação da resposta à acusação, se for o caso, o juiz deverá absolver o acusado 
desde logo. 
Atenção! 
Se estivermos diante do Tribunal do Júri, a sentença que absolver sumariamente o réu 
terá fundamento no art. 415 do CPP, e ocorrerá após a instrução probatória, e o juiz, em regra, 
decidirá após a apresentação de memoriais. 
A absolvição após o fim da instrução tem fundamento no art. 386 do CPP, em todos os 
procedimentos, oportunidade em que, analisadas as provas, após a instrução processual, 
considera-se o réu absolvido nos termos do referido artigo. 
Especialmente em relação à possibilidade de absolvição por não existir prova suficiente 
para condenação (art. 386, inciso VII, do CPP), sinaliza-se a utilização do princípio in dubio 
pro reo, ou seja, diante do acervo probatório, existem dúvidas quanto à autoria. 
Absolvido o réu, o juiz determinará sua soltura – se preso estiver – ou mandará cessar 
eventuais medida cautelaras aplicadas. 
Ainda, no art. 386 do CPP, há possibilidade da absolvição imprópria, qual seja aquela 
que reconhece a causa de isenção de pena, sendo uma delas a constante no art. 26 do CP. Se 
diz imprópria porque, embora seja causa de absolvição, conforme se percebe do parágrafo 
único, III, do mesmo dispositivo legal, é aplicada uma medida de segurança. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
85 
 
Se estivermos diante do Tribunal do Júri, a sentença que absolver impropriamente o réu, 
em razão da inimputabilidade, com base no art. 26, caput, do CP, terá fundamento no art. 415, 
inciso IV, do CPP, e deverá ocorrer nos termos do parágrafo único do referido artigo. Ou 
seja, somente se absolverá sumariamente no júri em razão da inimputabilidade com base na 
doença mental se esta for a única tese defensiva. Havendo tese alternativa, o réu deverá ser 
remetido ao plenário, uma vez que há possibilidade de absolvição própria, ou seja, sem aplicação 
de medida de segurança. 
 
15.2. Sentença condenatória 
Não sendo reconhecida nenhuma das hipóteses acima expostas, o juiz proferirá sentença 
penal condenatória, por reconhecer a autoria e materialidade do agente. 
Obs.: Nos crimes de ação pública, ainda que o Ministério Público tenha se manifestado 
pela absolvição, o juiz poderá proferir sentença condenatória, bem como poderá reconhecer 
agravantes, ainda que não tenham sido alegadas – art. 385 do CPP. 
Proferida a sentença condenatória, o juiz realizará a dosimetria da pena, observando o 
sistema de aplicação de pena determinado no art. 387 do CPP (arts. 59 e 68 do CP). 
Ainda, se for o caso, o juiz poderá fixar valor mínimo para reparação de danos, em razão 
de prejuízos sofridos pelo ofendido – art. 387, inciso IV, do CPP. 
Se a sentença condenatória for proferida pelo Conselho de Sentença, ou seja, no 
procedimento do Tribunal do Júri, o juiz, para aplicar a pena, observará o regramento do art. 492 
do CPP. 
Se o condenado tiver respondido o processo segregado, em razão de prisão provisória, 
administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, o tempo transcorrido deverá ser 
detraído da pena definitiva, para fins de fixação do regime prisional – art. 387, § 2o, do CPP. 
Vejamos o julgado abaixo: 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. DETRAÇÃO PENAL. PERÍODO DE 
PRISÃO PROVISÓRIA. CÔMPUTO SOBRE A PENA APLICADA NA SENTENÇA. 
INSTITUTO APLICADO CORRETAMENTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. 
O tempo de prisão provisória será computado na sentença, para fins de determinação do 
regime prisional (art. 387, § 2°, do CPP) ou na fase da execução, quando expedida a guia 
de recolhimento, com o propósito de progressão de regime ou de outros benefícios (art. 
65, III, “c”, da LEP). 2. Em todo caso, a detração incide a posteriori da pena privativa de 
liberdade efetivamente cominada ao réu, conforme o art. 68 do CP. Por isso, nas 
condenações iguais ou superiores a quatro anos de reclusão, o instituto não pode ser 
utilizado para afastar, por vias transversas, a vedação legal à substituição da pena (art. 
44, I, do CP), visto estar relacionado apenas ao saldo ainda a cumprir da sanção e à sua 
individualização executória. 3. Agravo regimental não provido (AgRg no HC no 728.824/MG 
–rel. Min. Rogerio Schietti Cruz – 6ª T., j. 14-6-2022, DJe 21-6-2022). 
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15.3. Coisa julgada 
A garantiade coisa julgada significa atribuir à decisão um efeito imutável e irrevogável. 
Tal efeito é considerado uma garantia – art. 5o, XXXVI, da CF/1988, evitando a prática de bis in 
idem, ou seja, ninguém será julgado mais de uma vez mesmo pelo mesmo fato. A coisa julgada 
é subdividida em duas categorias, a coisa julgada formal e a coisa julgada material. 
Coisa julgada formal gerada por decisões não analisa e nem julga o mérito, não discorre 
sobre o fato processado, é imutável dentro do seu processo, após o trânsito em julgado, por 
óbvio. É um exemplo de coisa julga formal a decisão de impronúncia, a qual não analisa se o 
acusado é inocente ou culpado, arquivando o processo a partir de uma análise indiciária, razão 
pela qual pode haver nova denúncia acerca daquele mesmo fato, se houve novas provas. 
Já a coisa julgada material é aquela decisão que julga o mérito da ação proposta. Na 
oportunidade, o fato é analisado de forma a absolver ou condenar o réu, o que ocorre após o 
trânsito em julgado da sentença penal. Além das sentenças penais, também é exemplo de 
decisão com efeitos de coisa julgada material aquela que declara a extinção da punibilidade. 
Atenção! 
O efeito da coisa julgada é um direito do cidadão, visando impedir a pluralidade de 
denúncias sobre um mesmo fato. A única possibilidade de mitigação do efeito de coisa julgada 
material seria em atenção ao princípio in dubio pro reo, jamais sob argumento do in dubio pro 
societate. Sendo assim, somente pode haver reforma de decisão em favor do réu, razão pela 
qual somente é a revisão criminal para benefício do agente. 
 
16. Recursos em Processo Penal 
16.1. Considerações iniciais sobre recursos em processo penal 
Recurso é o meio processual adequado para impugnar decisões judiciais dentro de uma 
mesma relação jurídica, provocando o reexame das questões. Recorre-se da decisão de um 
julgador/órgão julgador, que será chamado de juízo a quo, e outro órgão jurisdicional apreciará 
o recurso, que, nesse caso, será chamado de juízo ad quem. 
 
16.2. Pressupostos recursais 
Classificam-se em subjetivos e objetivos. 
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a) Pressupostos recursais subjetivos: interesse e legitimidade. 
Não será admitido recurso em processo penal da parte que não tenha interesse na reforma 
da decisão (art. 577, parágrafo único, do CPP). 
Eventualmente é questionado em prova: é possível o réu absolvido recorrer? A resposta 
é sem sentido de que, se existir interesse na alteração dos fundamentos indicados no art. 386 
do CPP, seria possível, por exemplo, buscar alterar a hipótese de absolvição, visando evitar uma 
eventual ação indenizatória no juízo civil. 
Em relação à legitimidade, no processo penal temos o que chamamos de legitimidade 
múltipla, em que o Ministério Público, o querelante, o réu, seu procurador ou defensor poderão 
recorrer. Inclusive, em determinados casos a vítima, ou quem legalmente a represente ou as 
pessoas do art. 31 do CPP, poderá recorrer, ainda que não tenha se habilitado como assistente 
de acusação. Por exemplo, no caso do art. 598 do CPP. 
b) Pressupostos recursais objetivos: previsão legal, adequação e tempestividade. 
O pressuposto recursal da previsão legal corresponde à existência do recurso em matéria 
penal, ou seja, se há previsão na legislação processual penal do recurso em questão. Por 
exemplo, aqui no processo penal não há previsão do chamado recurso de revista, utilizado em 
matéria trabalhista. 
Já a adequação pressupõe que, entre os recursos previstos na legislação, o recurso 
utilizado esteja observando o seu adequado cabimento. 
A tempestividade também é um pressuposto recursal objetivo. Todo recurso deverá 
observar o prazo legal: os prazos são peremptórios e, se não observados, resultam em 
intempestividade, ausência do requisito. 
A contagem do prazo se dá na forma do art. 798 do CPP, excluindo o dia da ciência e 
computando o último. Para tanto, devemos observar as seguintes regras: a) o primeiro dia 
sempre terá que ser um dia útil; b) se o último dia não for útil, como sábado, domingos ou 
feriados, prorroga-se para o próximo dia útil; c) em regra, os prazos não se interrompem, nem 
suspendem; d) a contagem é diferente daquela que se faz no processo civil. 
 
 
 
 
 
 
 
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*Para todos verem: tabela. 
 
TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO SEGUNDA 
 
Intimação 
(prazo: 5d) 
1o dia do 
prazo 
2o dia do 
prazo 
3o dia do 
prazo 
4o dia do 
prazo 
5o dia 
FIM DO 
PRAZO 
 Intimação - - 
1o dia do 
prazo 
Intimação 
(prazo: 5d) 
1o dia do 
prazo 
2o dia do 
prazo 
3o dia do 
prazo 
4o dia do 
prazo 
5o dia 
ÚLTIMO DIA 
DO PRAZO 
FIM DO 
PRAZO 
 
No processo penal, os prazos são contados da ciência, e não da juntada aos autos de 
eventuais mandados, conforme a Súmula no 710 do STF. Da mesma forma, a Súmula no 310 do 
STF reforça a ideia ilustrada na tabela de que, se a intimação ocorrer na sexta, o início da 
contagem se dará somente na segunda, pois é o dia útil subsequente ao da intimação, e o início 
somente poderá ocorrer em dias úteis. 
Importante registrar que a Lei no 14.365/2022 introduziu o art. 798-A no CPP, que dispõe 
sobre a suspensão do curso do prazo processual nos dias 20 de dezembro a 20 de janeiro, 
sendo proibida também a realização de audiências e sessões de julgamento, não se aplicando 
essas disposições aos casos que envolvam réus presos, nos processos vinculados a essas 
prisões; nos procedimentos regidos pela Lei Maria da Penha; e nas medidas consideradas 
urgentes, mediante despacho fundamentado. 
Por fim, de um modo geral, pode-se dizer que a lei prevê diversos prazos diferentes para 
interposição dos recursos em matéria processual penal, observando-se que o prazo mais comum 
é o prazo de cinco dias: 
*Para todos verem: tabela. 
PRAZO RECURSOS – INTERPOSIÇÃO 
48 horas Carta testemunhável 
2 dias Embargos declaratórios no Código de Processo Penal 
5 dias Apelação, recurso em sentido estrito, agravo em execução, embargos declaratórios no 
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JECRIM, recurso ordinário constitucional em habeas corpus 
10 dias Apelação no JECRIM e embargos infringentes e de nulidades 
15 dias Recurso especial e recurso extraordinário, recurso ordinário em mandado de segurança 
 
16.3. Recursos em espécie 
Os recursos processuais penais admitidos no processo penal são os seguintes: 
 
16.3.1. Recurso em sentido estrito (RESE) 
É o recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias, que não tenham caráter 
definitivo ou terminativo. No entanto, é cabível contra decisões que encerram o processo ou 
determinada fase processual, sem julgamento do mérito, como se verá. 
Hipóteses de cabimento 
As hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito estão previstas no art. 581 do 
CPP, podendo, eventualmente, ser adotada interpretação extensiva, desde que não modifique o 
conteúdo da norma. Por exemplo, recurso em sentido estrito contra decisão rejeitou o aditamento 
próprio da denúncia ou queixa. 
Cabe recurso em sentido contra as seguintes decisões: 
Decisão que rejeitar a denúncia ou queixa (art. 581, I, do CPP): as hipóteses de 
rejeição estão no art. 395 do CPP. Em regra, da decisão contrária, ou seja, aquela que recebe a 
denúncia ou queixa, não cabe nenhum recurso, apenas impetração de habeas corpus, ante a 
absoluta falta de previsão legal. Obs.: No caso das infrações penais de competência do Juizado 
Especial Criminal, não cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou 
queixa, mas apelação, com prazo de dez dias (art. 82, caput, da Lei no 9.099/1995). 
Decisão que concluir pela incompetência do juízo (art. 581, II, do CPP): é o caso do 
reconhecimento ex officio da incompetência pelo próprio juiz, que determina a remessa dos autos 
ao juízo competente, nos termosdo art. 109 do CPP. No procedimento do júri da decisão de 
desclassificação do fato para crime não doloso contra a vida (art. 419 do CPP), cabe recurso em 
sentido estrito com base nesse inciso, pois o juiz estará, em última análise, concluindo pela 
incompetência do Tribunal do Júri para julgar a causa. 
Da decisão do juiz dando-se por competente não cabe nenhum recurso, podendo a parte 
prejudicada intentar apenas habeas corpus. 
Decisão que julgar procedente as exceções, salvo a de suspeição (art. 581, III, do 
CPP): o art. 95 do CPP enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, 
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incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada. 
Decisão que pronunciar (art. 581, IV, do CPP): a decisão de pronúncia é uma decisão 
interlocutória mista não terminativa, que encerra uma fase do procedimento, sem julgar o mérito, 
isto é, sem declarar o réu culpado. 
Decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar 
a prisão em flagrante (art. 581, V, do CPP): nessa hipótese, a lei prevê tanto situação favorável 
ao réu quanto desfavorável. Assim, concedida a fiança ou fixado um valor muito baixo, pode o 
Ministério Público recorrer. Negada, cassada ou considerada inidônea, cabe ao acusado 
apresentar o seu inconformismo. 
Decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor (art. 581, VII, do CPP): 
quando houver o quebramento, implicando a obrigação de se recolher à prisão, pode dar ensejo 
à impetração de habeas corpus. 
Decisão que julgar extinta a punibilidade do acusado (art. 581, VIII, do CPP): trata-se 
de sentença terminativa de mérito, isto é, que encerra o processo com julgamento do mérito, 
sem absolver ou condenar o réu. 
Decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade (art. 581, IX, do CPP): é o 
contraponto do inciso anterior, negada a extinção da punibilidade, o processo seguirá seu curso 
normal. 
Decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus (art. 581, X, do CPP): 
dispositivo refere-se à decisão do juiz de primeira instância, da qual, na hipótese de concessão, 
cabe também recurso ex officio (art. 574, I, do CPP). Importante fazer menção que, quando o 
juiz de 1o negar ordem de habeas corpus, cabível recurso no sentido estrito; entretanto se a 
ordem de habeas corpus for denegada no âmbito de Tribunal, será cabível recurso ordinário 
constitucional, como logo mais será explicado. 
Decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena (art. 581, 
XI, do CPP): no caso de a decisão estar embutida em sentença condenatória, cabe apelação. 
Após o trânsito em julgado da condenação, cabe agravo em execução (art. 197 da Lei no 
7.210/1984). Assim, esse dispositivo tem aplicação prejudicada. 
Decisão que anular a instrução criminal no todo ou em parte (art. 581, XIII, do CPP): 
reconhecida essa hipótese, que é típica decisão interlocutória, cabe à parte inconformada ter que 
reiniciar a instrução ou reproduzir determinados atos, impugnar a decisão anulatória pelo recurso 
em sentido estrito. 
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Decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral (art. 581, XIV, do CPP): há autores 
que sustentam a revogação desse inciso, em razão do art. 426, § 1o, do CPP. 
Decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta (art. 581, XV, do CPP): no caso 
da apelação, o juízo de prelibação (admissibilidade) deve ser feito tanto na primeira quanto na 
instância superior. Assim, o juiz a quo pode deixar de receber o apelo (o que equivale a denegá-
lo), se entender não preenchido algum pressuposto recursal objetivo ou subjetivo. 
Nessa hipótese, cabe recurso em sentido estrito contra o despacho denegatório da 
apelação. 
Se o juiz denegar também o recurso em sentido estrito dessa decisão, caberá carta 
testemunhável dirigida ao escrivão (arts. 639 e 640 do CPP). 
Decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial 
(art. 581, XVI, do CPP): as questões prejudiciais estão previstas nos arts. 92 e 93 do CPP. 
Decisão que decidir o incidente de falsidade (art. 581, XVIII, do CPP): o incidente de 
falsidade está previsto nos arts. 145 a 148 do CPP. 
Decisão que recusar homologação ao acordo de não persecução penal (art. 581, 
XXV, do CPP): o acordo de não persecução penal está previsto no art. 28-A do CPP. 
Além das hipóteses previstas no art. 581 do CPP, consta no art. 294 do CTB (Lei no 
9.503/1997) que: em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para 
a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento 
do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em 
decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, 
ou a proibição de sua obtenção. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou 
da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem 
efeito suspensivo. 
Hipóteses revogadas: 
● Art. 581, XII, XVII e XIX a XXIII, do CPP – Essas hipóteses não são mais objeto de 
recurso em sentido estrito, e sim de agravo em execução penal, em virtude do art. 197 da LEP, 
que introduziu recurso específico das decisões do juiz da Vara de Execução Penal. Portanto, 
consideram-se hipóteses tacitamente revogadas. 
● Art. 581, XXIV, do CPP também é hipótese em desuso, pois, com a atual redação 
do art. 51 do CP, o descumprimento da pena de multa não poderá gerar prisão, a não ser dívida 
da Fazenda Pública. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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Prazo 
O prazo para interposição do recurso em sentido estrito é de cinco dias (art. 586 do 
CPP). Já para oferecer as razões e contrarrazões, será de dois dias (art. 588 do CPP). 
Exceções: 
● Prazo de 20 dias, no caso de inclusão ou exclusão de jurado na lista, conforme art. 
581, XIV, do CPP (como já mencionado, há posicionamento que sustenta a revogação desta 
hipótese). 
● Prazo de 15 dias para interposição (dois dias para razões), quando a impugnação 
é feita pelo assistente à acusação não habilitado, nos termos dos arts. 584, § 1o, e 598, parágrafo 
único, do CPP. A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a 
regra disposta na Súmula no 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, 
começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”. 
Competência para o julgamento – art. 582 
A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a decisão, 
para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação. 
As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal de 
Justiça, se da competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da 
competência da Justiça Federal). 
 
Efeitos do recurso em sentido estrito 
O recurso em sentido estrito possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do 
recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou 
reformando-a, conforme dispõe o art. 589, caput, do CPP. 
No tocante ao efeito regressivo do recurso: recebendo os autos, o juiz, dentro de dois dias, 
reformará ou sustentará a sua decisão, mandando instruir o recurso com as cópias que lhe 
parecerem necessárias. 
Se o juiz mantiver o despacho, remeterá os autos à instância superior; se reformá-la, o 
recorrido, por simples petição, e dentro do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida dos 
autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz. 
Em geral, o recurso em sentido estrito não tem efeito suspensivo, salvo nas hipóteses 
previstas no art. 584 do CPP. 
 
16.3.2. Apelação 
É o recurso interposto da sentença definitivaou com força de definitiva, para a segunda 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
93 
 
instância, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação 
parcial ou total da decisão. 
 
Hipóteses de cabimento da apelação – art. 593 do CPP 
Sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular (art. 
593, I, do CPP). 
Cabe apelação nas sentenças definitivas de condenação ou absolvição. São as decisões 
que encerram a relação jurídica processual, julgando o seu mérito, quer absolvendo, quer 
condenando o acusado. De toda sentença condenatória cabe apelação, e de toda absolutória 
também. 
Da sentença de absolvição sumária no júri (art. 416) e daquelas proferidas nos processos 
de competência do juiz singular (art. 397 do CPP), exceto a decisão que declara extinta a 
punibilidade (art. 397, IV, do CPP), como as proferidas nos processos de competência do júri, na 
primeira fase do procedimento (art. 415 do CPP). 
Decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos 
não previstos no capítulo anterior. 
Cabe, ainda, apelação das sentenças que, julgando o mérito, põem fim à relação jurídica 
processual ou ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado. Logo, no caso, 
consistem na hipótese de decisões interlocutórias mistas (definitivas ou com força de definitivas), 
que não integram o rol do art. 581 do CPP, sendo, assim, cabível, na forma residual, portanto, o 
recurso de apelação, previsto no inciso II do art. 593 do CPP. 
Decisões definitivas são aquelas que encerram o processo, incidental ou principal, com 
julgamento do mérito, sem, no entanto, absolver ou condenar. 
Decisões com força de definitivas são aquelas decisões que encerram o processo, sem 
julgamento do mérito (decisão interlocutória mista terminativa) ou uma etapa procedimental 
(decisão interlocutória mista não terminativa). Ex.: decisão de impronúncia (art. 416 do CPP). 
 
Apelação das decisões do júri 
Quando a parte pretender recorrer de decisão proferida no Tribunal do Júri, deve 
apresentar logo na petição de interposição qual o motivo que o leva a apelar, deixando expressa 
a alínea eleita do inciso III do art. 593 do CPP. Posteriormente, no momento de apresentação 
das razões, fica vinculado ao motivo declinado. 
Assim sendo, o Tribunal somente pode julgar nos limites da interposição. Nesse sentido é 
a Súmula no 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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fundamentos da sua interposição”. No caso de apelação das decisões da segunda fase do júri, 
as hipóteses são as seguintes, expostas no art. 593, III, do CPP: 
a) Nulidade posterior à pronúncia 
Por exemplo, alguma das partes suscita em grau de recurso alguma nulidade ocorrida 
após a pronúncia, a fim de anular o julgamento, em busca de um novo. 
b) Sentença do juiz presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos 
jurados 
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz togado 
sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e o 
juiz presidente aplica a pena, de acordo com essa decisão, não podendo dela desgarrar-se. 
c) Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de 
segurança 
Por exemplo, a aplicação de penas muito acima do mínimo legal para réus primários, ou 
excessivamente brandas para reincidentes, sem ter fundamento razoável. Neste caso, o 
Tribunal, ao julgar o recurso, pode alterar a pena. 
d) Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos 
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum elemento 
de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apoia em 
versão mais fraca. Só caberá apelação com base nesse fundamento uma única vez, não 
importando qual das partes tenha apelado. 
Prazo 
O prazo de interposição é de cinco dias, conforme art. 593, caput, do CPP. 
O prazo para razões de apelação e contrarrazões é de oito dias (art. 600 do CPP). No 
caso de contravenção, o prazo para razões e contrarrazões é de três dias quando não for da 
competência do JECRIM. 
No JECRIM, o prazo único é dez dias, devendo ser apresentadas as razões junto com a 
interposição. Salienta-se que é cabível apelação da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa; 
da sentença e da decisão que conceder apelação (arts. 76, § 5o, e 82 da Lei no 9.099/1995). 
Legitimidade 
Podem interpor recurso de apelação o Ministério Público, o querelante (ação penal 
privada), o réu ou seu defensor (art. 577 do CPP) e o assistente de acusação. 
Importante a Súmula no 705 do STF. 
A legitimidade do assistente de acusação está prevista no art. 598 do CPP. Pode ser: a) 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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habilitado nos autos, sendo, portanto, intimado dos atos processuais, podendo, nessa condição, 
interpor recurso no prazo de cinco dias; b) não habilitado nos autos, não sendo até então, 
portanto, intimado dos atos processuais, razão pela qual terá o prazo mais dilatado para interpor 
recurso de apelação, qual seja, 15 dias, nos termos do art. 598, parágrafo único, do CPP. 
A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra 
disposta na Súmula no 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa 
a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”. 
Processamento 
A apelação poderá ser interposta por termo ou petição. Interposta a apelação, as razões 
devem ser oferecidas dentro do prazo de oito dias, se for crime, salvo nos crimes de competência 
do Juizado Especial Criminal, quando as razões deverão ser apresentadas no ato de 
interposição. É obrigatória a intimação do apelante para que passe a correr o prazo para 
oferecimento das razões de apelação. 
Se houver assistente, este arrazoará no prazo de três dias após o Ministério Público. 
Outra peculiaridade é, se o apelante desejar, poderá oferecer as suas razões em segunda 
instância, perante o juízo ad quem (art. 600, § 4o, do CPP). 
Importante registrar que a apresentação tardia das razões de apelação não impede o 
conhecimento do recurso e é considerada mera irregularidade. 
Efeitos da apelação 
São eles: 
Devolutivo: devolve o conhecimento da matéria à instância superior. 
Suspensivo: trata-se do efeito da dilação procedimental, que retarda a execução da 
sentença condenatória. 
Extensivo (art. 580 do CPP): ocorre nos casos de concursos de agentes, quando a 
decisão do recurso interposto somente por um dos corréus beneficia o corréu que não recorreu, 
mas isso somente é possível se a matéria não for de caráter exclusivamente pessoal. 
Não há efeito regressivo no recurso de apelação. 
Vedação à reformatio in pejus 
Embora a apelação permita o reexame da matéria decidida na sentença, o efeito 
devolutivo não é pleno. Quando apenas a defesa recorrer, não é possível haver reforma da 
sentença para agravar a situação, nos termos do art. 617 do CPP. De outro modo, importante 
lembrar que o recurso da acusação tem caráter limitado, não pode o tribunal dar provimento em 
maior extensão contra o apelado, inclusive temos a Súmula no 160 do STF. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
96 
 
A reformatio in pejus pode ser indireta quando ocorre a anulação da sentença ou de 
determinado ato do processo, por recurso exclusivo do réu, e a outra decisão proferida agravar 
a situação do acusado. Ainda que seja uma nova decisão, deverá respeitar a antiga, não 
podendo piorar a situação do réu. 
Assim, caso o réu seja condenado a cinco anos de reclusão, mas obtenha a defesa a 
anulação dessa decisão, quando o magistrado – ainda que seja outro – venha a proferir outra 
sentença, está restrito a uma condenação máxima de cinco anos. 
A proibiçãode reformatio in pejus aplica-se a todos os recursos e ações penais, 
não somente ao recurso de apelação. 
 
16.3.3. Embargos infringentes e de nulidade 
Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir o reexame da matéria decidida 
em segundo grau, por ter havido decisão não unanime desfavorável ao réu, previsto no art. 609, 
parágrafo único, do CPP. 
Importante referir que, quando se tratar de matéria de mérito, o nome que devemos utilizar 
é embargos infringentes; caso a matéria em divergência seja de nulidades, utilizaremos somente 
embargos de nulidade; se porventura a divergência for de matéria de mérito e nulidade, 
utilizaremos o nome completo: embargos infringentes e de nulidade. 
Por exemplo, se no julgamento de uma apelação, dois desembargadores mantiverem a 
sentença e um desembargador proferir voto divergente absolvendo o acusado, caberá embargos 
infringentes. 
Hipóteses de cabimento 
Só são cabíveis embargos infringentes e de nulidades de acórdãos de apelação e recurso 
em sentido estrito. A doutrina e jurisprudência ampliam para possibilidade de acórdãos referentes 
ao agravo em execução, pois o processamento deste recurso segue as regras do recurso em 
sentido estrito. Importante lembrar que não são cabíveis de acórdãos de habeas corpus e revisão 
criminal. 
Prazo 
O prazo para interposição é de dez dias, a contar da publicação do acórdão (art. 609, 
parágrafo único, do CPP). Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído 
com as razões, pois não será aberta vista para essa finalidade. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
97 
 
16.3.4. Embargos de declaração 
Encontram-se previstos nos arts. 382 e 619 do CPP e 83 da Lei no 9.099/1995.Trata-se 
de recurso posto à disposição de qualquer das partes, voltado ao esclarecimento de dúvidas 
surgidas no acórdão, quando configurada ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, 
permitindo, então, o efetivo conhecimento do teor do julgado, facilitando a sua aplicação e 
proporcionando, quando for o caso, a interposição de recurso especial ou extraordinário. 
Ambiguidade: é o estado daquilo que possui duplo sentido, gerando equivocidade e 
incerteza, capaz de comprometer a segurança do afirmado. No julgado, significa a utilização, 
pelo magistrado, de termos com duplo sentido, que ora apresentam uma determinada orientação, 
ora seguem em caminho oposto, fazendo com que o leitor, seja ele leigo, seja ele não leigo, 
termine não entendendo qual o seu real conteúdo. 
Obscuridade: é o estado daquilo que é difícil de entender, gerando confusão e 
ininteligência, no receptor da mensagem. No julgado, evidencia-se a utilização de frases e termos 
complexos e desconexos, impossibilitando ao leitor da decisão, leigo ou não, captar-lhe o sentido 
e o conteúdo. 
Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior, 
referentes ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão 
do julgado. 
Omissão: é a lacuna ou o esquecimento. No julgado, traduz-se pela falta de abordagem 
do magistrado acerca de alguma alegação ou requerimento formulado, expressamente, pela 
parte interessada, merecedor de apreciação. 
Prazo 
Os embargos devem ser interpostos no prazo de dois dias perante o próprio juiz prolator 
da sentença (art. 382 do CPP) ou, no caso dos tribunais (art. 619 do CPP), endereçados ao 
próprio relator do acórdão embargado. No caso de embargos nos Juizados Especiais Criminais, 
o prazo é de cinco dias. 
Efeito interruptivo 
Por analogia ao disposto no art. 1.026 do CPC, os embargos de declaração possuem o 
efeito de interromper o prazo para interposição de recurso. Conforme art. 83, § 2o, da Lei no 
9.099/1995, os embargos de declaração no âmbito do Juizado Especial Criminal também 
possuem efeito interruptivo. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
98 
 
16.3.5. Carta testemunhável 
É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o 
seguimento de recurso em sentido estrito e do agravo em execução (art. 639 do CPP). 
Com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, 
XV, do CPP), não sendo necessária carta testemunhável. 
Procedimento 
A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do despacho 
que denegar o recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento. Não terá efeito suspensivo. 
O requerimento deve ser endereçado ao escrivão, indicando o requerente as peças do 
processo que deverão ser trasladadas. O escrivão dará recibo à parte recorrente da entrega do 
recurso. Este, dentro do prazo máximo de cinco dias, fará a entrega da carta devidamente 
formada com as peças indicadas; o escrivão que se negar a dar o recibo ou deixar de entregar, 
sob qualquer pretexto, será suspenso por 30 dias. 
Na instância superior, o recurso seguirá o rito do recurso denegado. O tribunal mandará 
processar o recurso ou, se a carta estiver suficientemente instruída, julgará diretamente o 
recurso. 
 
16.3.6. Agravo em execução penal 
É o recurso cabível das decisões do juiz da Vara de Execução Penal, nos termos do art. 
197 da Lei no 7.210/1984. É possível encontrar no art. 66 da LEP um rol exemplificativo da 
competência do juiz da Vara de Execução, por exemplo: decidir sobre progressão de regime, 
livramento condicional, saída temporária, entre outros. Logo, dessas decisões o recurso será o 
agravo em execução, que poderá ser interposto pelo Ministério Público ou pelo apenado, 
conforme o interesse de cada parte. 
Prazo 
O prazo para interposição é de cinco dias, conforme se extrai da Súmula no 700 do STF. 
Prazo para razões e contrarrazões é de dois dias (art. 588 do CPP). 
Processamento 
Idêntico ao recurso em sentido estrito, pois na Lei de Execução Penal não há 
processamento específico. Logo, no agravo em execução também é permitido o juízo de 
retratação, nos termos do art. 589 do CPP. 
Obs.: Em regra, o recurso de agravo não possui efeito suspensivo (art. 197 da LEP). 
Todavia, é importante ressaltar que, no tocante às medidas de segurança, somente poderá 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
99 
 
ocorrer a desinternação ou liberação de tratamento ambulatorial após transitar em julgado essa 
decisão (art. 179 da LEP). 
 
16.3.7. Recurso ordinário constitucional em habeas corpus 
É o recurso cabível das decisões denegatórias de habeas corpus proferidas no âmbito 
dos tribunais. 
Cabimento 
Cabe recurso ordinário constitucional ao STF da decisão dos Tribunais Superiores que 
julgar em única instância o habeas corpus, desde que denegatória (art. 102, II, a, da CF). 
Cabe recurso ordinário constitucional ao STJ da decisão denegatória de habeas corpus, 
proferida em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais, ou pelos tribunais dos 
Estados e do Distrito Federal (art. 105, II, a, da CF). 
Prazo 
O prazo para interposição e oferecimento das razões é de cinco dias, conforme art. 30 da 
Lei no 8.038/1990 e Súmula no 319 do STF. 
Obs.: Da mesma forma as decisões denegatórias de mandado de segurança por 
tribunais caberá recurso ordinário em mandado de segurança, no prazo de 15 dias, nos termos 
do art. 33 da Lei no 8.038/1990 e arts. 102, II, e 105, II, da CF. 
 
16.3.8. Recurso extraordinário e recurso especial 
São recursos com caráter constitucional, os quais remetem ao Supremo Tribunal Federal 
ou ao Superior Tribunal de Justiça as decisões proferidas por qualquer tribunal do país. 
O recurso extraordinário é de competência do Supremo Tribunal Federal, o qual analisará 
questões que versem sobre a constitucionalidade da decisão recorrida, com fundamento no art. 
102, III, alíneas, da CF/1988. 
Já o recurso especial é julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, o qual, ao analisar a 
decisão recorrida, dará atenção a eventual afronta à legislação vigente, com fundamento no art. 
105,III, alíneas, da CF/1988. 
Prazo 
Para aferição do prazo dos referidos recursos utiliza-se o Código de Processo Civil, o qual, 
em seus arts. 1.003, § 3o, e 1.030, dispõe que, para interposição, o prazo a ser observado é de 
quinze dias, a contar da intimação do acórdão recorrido. 
O prazo é único, devendo ocorrer a interposição acompanhada das razões. De igual 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
100 
 
forma, considera-se o prazo de quinze dias para apresentação de contrarrazões. 
Atenção! 
Tratando-se de matéria penal, os prazos anteriormente descritos seguem a regra do art. 
798 do CPP, contando-se de forma corrida os dias. 
Processamento 
Interpõe-se os referidos recursos perante o tribunal recorrido, com endereçamento das 
razões à corte correspondente. 
Para que sejam admitidos, é imprescindível que a matéria recorrida tenha sido 
prequestionada, ou seja, que a matéria aventada no recurso extraordinário ou no recurso 
especial tenha sido suscitada e discutida anteriormente. 
Especialmente quanto ao recurso extraordinário, para sua admissão, também é 
necessário que se demonstre a hipótese de repercussão geral da matéria a ser discutida. A 
repercussão geral será considerada se houver questão de interesse do ponto de vista 
econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem o interesse do processo – art. 102, § 3o, 
da CF/1988 c/c o art. 1.035, § 1o, do CPC. 
No que tange ao recurso especial, em 15 de julho de 2022, a partir da Emenda 
Constitucional no 125/2022, passou a ser exigido à admissão do referido recurso a demonstração 
da relevância das questões de Direito federal inconstitucional, ora suscitadas. O impedimento do 
conhecimento do recurso especial interposto, por considerar-se irrelevante a questão suscitada, 
somente poderá ocorrer se houver manifestação nesse sentido de 2/3 dos membros do órgão 
competente – art. 105, § 2o, da CF. Entretanto, conforme o § 3o da CF, entende-se que haverá 
relevância nos casos de ações penais. 
 
17. Ações autônomas de impugnação: Revisão Criminal, 
Habeas Corpus e Mandado de Segurança 
17.1. Revisão criminal 
A revisão criminal é uma ação autônoma de impugnação que, de forma excepcional, tem 
como objetivo modificar a sentença penal condenatória transitada em julgado, relativizando 
assim a coisa julgada, sempre em benefício do réu, sendo vedada a revisão criminal pro 
societate. 
É pressuposto da revisão criminal a existência de sentença penal condenatória transitada 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
101 
 
em julgado. 
Conforme dispõe o art. 621 do CPP, é cabível revisão criminal: 
● Quando a sentença penal condenatória, transitada em julgado, for contrária ao 
texto da lei ou à evidência dos autos; 
● Quando for fundamentada em depoimentos, exames ou documentos 
comprovadamente falsos; 
● Quando, após a sentença penal condenatória transitada em julgado, forem 
descobertas novas provas de inocência ou de causa de diminuição da pena. 
Obs.: A doutrina e a jurisprudência admitem revisão criminal nas hipóteses de sentença 
absolutória imprópria, visto que resultam na aplicação de medida de segurança, uma sanção 
penal. 
A revisão criminal pode ser proposta a qualquer tempo, desde que após o trânsito em 
julgado, até mesmo após a morte do réu (art. 622 do CPP). 
Em regra, é vedada a reiteração de pedido, ou seja, o mesmo réu não pode propor revisão 
criminal mais de uma vez, em relação ao mesmo fato, tendo a mesma causa de pedir (art. 622, 
parágrafo único, do CPP). Todavia, a referida vedação é incabível quando se estiver diante de 
novas provas ou circunstâncias diversas do pedido feito anteriormente. 
Legitimidade 
Pode propor ação de revisão criminal o réu ou o procurador legalmente habilitado, em 
caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 623 do CPP). 
Perceba que o próprio réu pode ingressar com revisão criminal, mesmo que não seja 
advogado. 
Competência 
O art. 624 do CPP dispõe sobre o processamento e julgamento das revisões criminais. 
O Supremo Tribunal Federal será competente para julgar as ações de revisão criminal que 
digam respeito às condenações por ele proferidas. A referida competência estará restrita ao 
mérito, ou seja, o fundamento da revisão deve dizer respeito ao que foi discutido em sede de 
recurso extraordinário (art. 102, I, j, da CF/1988). 
Nessa esteira, é a competência do Superior Tribunal de Justiça, sendo o referido órgão 
competente para julgar as revisões criminais que versarem sobre as condenações por ele 
proferidas, sendo a matéria restrita ao conteúdo discutido em recurso especial (art. 105, I, e, da 
CF/1988). 
Em casos de condenação em segundo grau, o TJ ou TRF que a proferiu será competente 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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para julgar eventual revisão criminal, de igual forma, se o réu tiver sido absolvido em primeiro 
grau e condenado em segundo grau após recurso interposto pelo Ministério Público. 
Efeitos 
Trata-se de uma ação de impugnação excepcional, admitida somente em favor do réu, 
sendo assim, é possível que o Tribunal profira decisão ultra petita, como, por exemplo, decidir 
pela absolvição do réu, ainda que o pedido tenha sido somente de anulação. 
Julgada procedente a revisão criminal, o tribunal poderá alterar a classificação do réu, 
absolvê-lo, modificar sua pena ou anular o processo (art. 626 do CPP). 
Não há possibilidade de decisão que agrave a situação do réu, sendo vedada reformatio 
in pejus (art. 626, parágrafo único, do CPP). Ainda que a decisão tenha anulado o processo e 
tenhamos uma nova tramitação processual e, consequentemente, nova decisão, esta não pode 
ser mais gravosa que a anterior, sob pena de reformatio in pejus indireta. 
É chamado de juízo rescindente aquele que desconstitui a decisão impugnada, quando 
cassa uma decisão. Já aquele que reforma a decisão impugnada, substituindo a anterior, 
reexaminando seu mérito, havendo, ainda, novo julgamento, é chamado juízo rescisório ou 
revisório. 
Havendo decisão absolutória, todos os direitos perdidos pelo réu serão reestabelecidos, 
devendo o tribunal, em caso de absolvição imprópria, impor a medida de segurança cabível (art. 
627 do CPP). 
Por fim, se tiver sido postulado pelo interessado, o tribunal poderá reconhecer o direito a 
uma justa indenização, tendo em vista os prejuízos sofridos (art. 630 do CPP). 
 
17.2. Habeas corpus 
O habeas corpus é uma ação autônoma de impugnação com o fim de garantir o direito à 
liberdade do indivíduo. Embora se encontre no Livro III do Código de Processo Penal, não é 
considerado um recurso, e sim ação impugnativa, com previsão nos arts. 5o, LXVIII, da CF/1988 
e 647 e seguintes do CPP. 
Pressupostos 
Para impetração de habeas corpus é necessária a exposição de fatos que possam 
interferir na liberdade do indivíduo, fatos que devem ser revestidos de violência ou coação. 
O termo violência refere-se ao emprego da força física com finalidade de restringir a 
liberdade de alguém. É o que ocorre, por exemplo, em uma prisão em flagrante numa situação 
não revestida de flagrância. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
103 
 
Já a expressão coação ilegal consiste no constrangimento da liberdade de locomoção por 
meio de ameaça, medo ou intimidação (violência moral). Atos que representem perigo à 
liberdade de alguém. 
De acordo com o art. 648 do CPP, a coação será considerada ilegal quando: 
1. Não houver justa causa; 
2. Alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; 
3. Ordenada por quem não tem competência para fazê-lo; 
4. Houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
5. Não for admitida fiança nos casos em que a lei autoriza; 
6. O processo for manifestamente nulo; 
7. Estiver extinta a punibilidade. 
Espécies 
O habeas corpus pode ser liberatório/repressivo, preventivo ou trancativo/profilático. 
Quando estivermos diante da existênciada restrição de liberdade ilegal, sob fato já 
existente, com coação ou violência evidenciada, o impetrante o fará em caráter 
liberatório/repressivo. 
Existindo evidência de ameaça à liberdade do indivíduo, a impetração do habeas corpus 
deverá ser feita em caráter preventivo, conhecido como salvo conduto, com o fim de prevenir a 
ocorrência de restrição da liberdade. 
Ainda, poderá ser impetrado com o fim de trancar o inquérito ou a ação penal, em caráter 
trancativo/profilático. 
Legitimidade 
Vislumbrada a ilegalidade na privação de liberdade de alguém, qualquer um poderá 
impetrar habeas corpus, inclusive o próprio paciente, e até mesmo o Ministério Público (art. 654 
do CPP). 
Ainda, se no curso do processo juízes e tribunais competentes verificarem que alguém 
sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal, poderão expedir, ex officio, ordem de habeas 
corpus (art. 654, § 2o, do CPP) 
A ação de habeas corpus é judicialmente gratuita (art. 5o, LXXVII, da CF/1988). 
Competência 
A competência para recebimento do habeas corpus será definida da seguinte forma: 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
104 
 
*Para todos verem: tabela. 
AUTORIDADE 
COMPETENTE 
AUTORIDADE COAUTORA 
Juiz de primeira instância Delegado de polícia 
Tribunais de Justiça Juiz de direito ou promotor de justiça. 
TRF Juiz Federal ou contra membros do MPU, MPT, MPF e DF. 
STF 
Tribunal Superior ou autoridade, funcionário público, cujos atos 
estejam sujeitos diretamente àquela jurisdição. 
STJ 
Governador de Estado ou DF, desembargadores do TJ ou DF 
e membros do TRF, TRE e TRT. Ou, aqueles sujeitos à sua 
jurisdição, ministro de Estado ou comandante da Marinha, do 
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da 
justiça eleitoral. 
Turmas recursais Decisão exarada no âmbito do JECRIM. 
 
Recurso 
Súmulas – STF 
 
Súmula no 606 – Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de 
Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. 
Súmula no 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus 
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, 
indefere a liminar. 
Súmula no 692 – Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de 
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, 
nem foi ele provocado a respeito. 
Súmula no 693 – Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, 
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única 
cominada. 
Súmula no 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de 
militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula no 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. 
 
17.3. Mandado de segurança 
Considerações gerais 
Conforme art. 5o, LXIX, da CF e art. 1o, caput, da Lei no 12.016/2009, mandado de 
segurança é uma ação autônoma de impugnação, com status de remédio constitucional, que 
intenta tutelar direito líquido e certo que estiver sendo violado. Na esfera penal, é utilizado de 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
105 
 
forma subsidiária, na impossibilidade de impetração de habeas corpus ou habeas data, bem 
como se não houver recurso ordinário específico. 
Prazo 
Por força do art. 23 da Lei no 12.016/2009, o mandado de segurança tem prazo 
decadencial de 120 dias, contados da ciência do ato impugnado. 
Bem jurídico tutelado 
O mandado de segurança tutela direito líquido e certo prejudicado por autoridade. 
Eventual controvérsia sobre a matéria de direito não impede a concessão do mandado de 
segurança, conforme Súmula no 625 do STF. 
Hipóteses de cabimento no processo penal 
Indeferimento de habilitação do assistente de acusação. 
Trancamento do inquérito policial ou ação penal – que não tratar de delito com pena 
privativa de liberdade. 
Proteção da pessoa jurídica no processo pena – ex.: no processo ambiental com dupla 
imputação, a pessoa jurídica não é dotada de liberdade de locomoção. 
Da determinação do sequestro de bens. 
Para concessão de efeito suspensivo a recurso que não o tenha (Súmula no 604 do STJ 
– O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal 
interposto pelo Ministério Público). 
Para franquear o acesso de advogado a inquérito policial, quando este se ver impedido 
pela autoridade (Súmula Vinculante no 14 do STF). 
Hipóteses em que não caberá 
A Lei no 12.016/2009, em seu art. 5o, dispõe sobre as hipóteses de não cabimento do 
mandado de segurança, são elas: 
● De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, 
independentemente de caução: havendo interposição de recurso administrativo com efeito 
suspensivo, restará prejudicado o conhecimento do mandado de segurança. 
● De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo: Súmula no 
267 do STF – “Não cabe Mandado de Segurança contra ato judicial passível de recurso ou 
correição”. 
Requisitos de admissibilidade 
Ilegalidade ou abuso de poder praticado por uma autoridade (Art. 1o, § 1o, da Lei no 
12.016/2019) 
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Demonstração do direito líquido e certo – que deverá ser provado 
documentalmente, demonstrando a lesão ou ameaça de direito: Não havendo provas 
suficientes, o MS não será admitido, pois não há dilação probatória em sua tramitação. A 
denegação do MS sem julgamento do mérito não impede sua renovação (dentro do prazo 
decadencial). Art. 6o, § 6o, da Lei no 12.016/2019 – O pedido de mandado de segurança poderá 
ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado 
o mérito. 
Comprovação da ilegalidade ou do abuso de poder: não se admite impetração de MS 
de forma preventiva. 
Legitimidade ativa e passiva 
Podem impetrar mandado de segurança o querelante, o assistente de acusação, o 
acusado ou seu defensor, bem como terceiros interessados. 
No processo penal, o Ministério Público poderá impetrar mandado de segurança em 
defesa da sua pretensão acusatória, neste caso, o acusado deverá ser citado como litisconsorte 
passivo (Súmula no 701 do STF). 
A legitimidade passiva refere-se ao impetrado, autoridade que pratica o ato impugnado ou 
da qual se emana a ordem para sua prática, conforme dispõe o art. 6o, § 3o, da Lei no 
12.016/2009. 
Competência: 
*Para todos verem: tabela. 
 
AUTORIDADE 
COMPETENTE 
AUTORIDADE COAUTORA 
STF Atos do Presidente da República, das mesas da Câmara dos Deputados e 
do Senado Federal, do TCU, do PGR e do próprio STF – art. 102, I, d, da 
CF/1988. 
STJ Atos de Ministro do Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, ou do próprio STJ – art. 105 da CF/1988. 
TRF Ato do próprio tribunal ou de juiz federal – art. 108 da CF/1988. 
Tribunais de Justiça Simetria TRF 
Juiz de primeiro grau Atos de autoridade de polícia 
 
Recursos 
Julgado o mandado de segurança, estará sujeito ao duplo grau de jurisdição (art. 14, § 1o, 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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da Lei no 12.016/2009). 
18. Nulidades no Processo Penal 
Nulidade é o vício que contamina determinado ato processual, praticado sem a 
observância da forma prevista em lei, podendo invalidar o ato ou o processo, no todo ou em 
parte. 
 
18.1. Nulidade absoluta e relativa 
Nulidades absolutas são aquelas que devem ser proclamadas pelo magistrado, de ofício 
ou a requerimento de qualquer das partes, pois violam normas de interesse público, como, por 
exemplo, um interrogatório realizado sem a presença de defensor. 
Importante lembrar da Súmula no 160 do STF, segundo a qual é nulo o reconhecimento 
de nulidade não arguida pela acusação em desfavor do acusado. 
Já as nulidades relativas são aquelas que somente serão reconhecidas caso arguidas 
pela parte interessada, demonstrando o prejuízosofrido pela inobservância da formalidade legal 
prevista para ato realizado. 
Se o ato, ainda que produzido de forma irregular, atingiu a sua finalidade, inexiste razão 
para anulá‑lo (art. 563 do CPP). Exige‑se que tenha a parte prejudicada pela nulidade interesse 
no seu reconhecimento. Logo, não pode ser ela a geradora do defeito (CPP, art. 565). 
 
18.2. Alguns princípios referentes às nulidades 
a) Princípio do prejuízo (art. 563 do CPP) – nenhum ato será declarado nulo, se da 
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. 
b) Princípio da tipicidade – em regra todo ato tem sua forma prescrita em lei, a 
inobservância poderá acarretar nulidade. 
c) Princípio da convalidação – trata-se de sanar o ato, aplicável, em regra, aos casos de 
nulidade relativa. Em outros termos, não se declara a nulidade se for possível suprir o vício. 
 
18.3. Nulidades arroladas no art. 564 do CPP 
Vícios referentes à jurisdição e competência 
a) Incompetência: a competência absoluta (em razão da matéria e de foro privilegiado) 
não admite prorrogação; logo, se infringida, é de ser reconhecido o vício como nulidade absoluta. 
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Processo Penal 
 
108 
 
b) Suspeição: se houver suspeição do juiz, caberá às partes, se o próprio magistrado não 
se abstiver de funcionar no feito, argui‑la, nos termos do art. 98 do CPP. Reconhecida a 
suspeição, ficarão nulos todos os atos (probatórios e decisórios), como estabelece o art. 101 do 
CPP. Os motivos legais de suspeição estão elencados no art. 254 do CPP. 
Vícios referentes à ilegitimidade da parte 
Tratando‑se de ilegitimidade do representante da parte, poderão ser sanados antes da 
sentença, com a simples ratificação dos atos processuais (CPP, art. 564, II). 
Falta de atos essenciais ou termos (CPP, art. 564, III) 
Há, no processo, atos considerados essenciais, imprescindíveis para a validade da 
relação processual. São assim considerados porque a omissão (do ato) de qualquer deles é 
nulidade absoluta. São atos estruturais, ou essenciais, os alinhados no inciso III do art. 564 do 
CPP. Faz‑se exceção àqueles elencados nas letras d e e, segunda parte, e, finalmente, g e h 
desse mesmo inciso. O próprio legislador admitiu sanar esses atos, nos termos do art. 572 do 
CPP. O inciso IV do art. 564 do CPP cuida da omissão da formalidade que constitua elemento 
essencial do ato. 
a) Denúncia ou queixa e a representação (art. 564, III, a, do CPP): a falta de denúncia 
ou de queixa impossibilita o início da ação penal, razão pela qual este inciso, na realidade, 
refere‑se à ausência das fórmulas legais previstas para essas peças processuais. Uma denúncia 
ou queixa formulada sem os requisitos indispensáveis (art. 41 do CPP) certamente é nula. 
A falta de representação pode gerar nulidade, pois termina provocando ilegitimidade para 
o órgão acusatório agir. Entretanto, é possível convalidá‑la, se dentro do prazo decadencial. 
b) Exame de corpo de delito (art. 564, III, b): quando o crime deixa vestígios, é 
indispensável a realização do exame de corpo de delito, direto ou indireto, conforme preceitua o 
art. 158 do CPP. 
Assim, havendo um caso de homicídio, por exemplo, sem laudo necroscópico, nem outra 
forma válida de produzir a prova de existência da infração penal, deve ser decretada a nulidade 
do processo. Trata‑se de nulidade absoluta. 
c) Defesa do réu (art. 564, III, c, do CPP): preceitua a Constituição Federal que “aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5o, LV, da CF). 
Nessa esteira, o Código de Processo Penal prevê que “nenhum acusado, ainda que 
ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor” (art. 261 do CPP). Assim, a falta 
de defesa é motivo de nulidade absoluta. 
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Processo Penal 
 
109 
 
Não nomeação de defensor dativo: é caso de nulidade absoluta. 
Ausência de defesa ou deficiência de defesa: Súmula no 523 do STF: “No processo penal, 
a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova 
de prejuízo para o réu”. 
d) Falta de intervenção do Ministério Público (art. 564, III, d, do CPP): é causa de 
nulidade se o representante do Ministério Público não interferir nos feitos por ele intentados (ação 
pública), bem como naqueles que foram propostos pela vítima, em atividade substitutiva do 
Estado‑acusação (ação privada subsidiária da pública) e nas ações privadas. 
e) Falta ou nulidade da citação do réu para se ver processar (ampla defesa e 
contraditório e interrogatório) – art. 564, III, e, do CPP. 
Citação: se o réu não for citado ou se a citação for feita em desacordo com as normas 
processuais, prejudicando ou cerceando o réu, é motivo para anulação do feito a partir da 
ocorrência do vício. Trata‑se de nulidade absoluta. 
A falta ou a nulidade da citação estará sanada desde que o interessado compareça antes 
de o ato consumar‑se (art. 570 do CPP). 
Porém, haverá nulidade insanável se a falta de citação prejudicar a defesa do acusado, 
não sendo possível a convalidação do vício apenas pelo comparecimento do réu ao ato. 
Interrogatório – art. 564, III, e, do CPP. 
O interrogatório, sendo ato fundamental – mesmo que não imprescindível –, deve sempre 
ser realizado quando o acusado estiver presente, em qualquer momento do procedimento, a fim 
de que ele, no exercício de sua defesa pessoal, possa apresentar diretamente a sua versão a 
respeito do fato, influindo sobre o convencimento do juiz. Por isso, o CPP estatui, no art. 564, III, 
e, que há nulidade na falta de interrogatório do réu presente. Cuida‑se de nulidade insanável. 
Concessão de prazos à acusação e à defesa: ao longo da instrução, vários prazos para 
manifestações e produção de provas são concedidos às partes. Deixar de fazê‑lo pode implicar 
um cerceamento de acusação ou de defesa, resultando em nulidade relativa, ou seja, se houver 
prejuízo demonstrado. 
f) Decisão de pronúncia (art. 564, III, f, do CPP) – com a abolição do libelo, a alínea f 
fica restrita à pronúncia. 
g) Intimação do réu para a sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri – art. 564, III, 
g, do CPP. 
Tornou‑se possível a realização do julgamento em plenário do Tribunal do Júri, mesmo 
estando o réu ausente (art. 457). Entretanto, é direito do acusado ter ciência de que se realizará 
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a sessão, podendo exercer o seu direito de comparecimento. Logo, a falta de intimação poderá 
gerar nulidade. 
h) Intimação de testemunhas – art. 564, III, h, do CPP. 
Com a abolição do libelo, as partes poderão arrolar suas testemunhas para Plenário do 
Júri, máximo cinco para cada uma das partes, conforme dispõem os arts. 422 e 423 do CPP. Se 
não forem intimadas e, sem embargo, comparecerem, a nulidade será considerada sanada, nos 
termos do art. 572 do CPP. Não comparecendo, por não terem sido intimadas, a nulidade é 
absoluta. 
i) Instalação da sessão do júri – art. 564, III, i, do CPP. 
Trata‑se de norma cogente, implicando nulidade absoluta a instalação dos trabalhos, no 
Tribunal do Júri, com menos de 15 jurados (art. 463 do CPP). 
j) Incomunicabilidade dos jurados – art. 564, III, j, do CPP. 
É causa de nulidade absoluta a comunicação dos jurados, entre si, sobre os fatos 
relacionados ao processo, ou com o mundo exterior – pessoas estranhas ao julgamento –, sobre 
qualquer assunto. 
k) Inexistência dos quesitos e suas respostas – art. 564, III, k, do CPP. 
Súmula no 156 do STF: “É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, por falta de quesito 
obrigatório”. 
l) Acusação e defesa no julgamento pelo Tribunal do Júri – art. 564, III, l, do CPP. 
m) Ausência da sentença – art. 564, III, m, do CPP. 
n) Recurso de ofício – art. 564, III, n, do CPP. 
Na verdade, cuida-se do duplo grau de jurisdição necessário.Em determinadas hipóteses, 
impôs a lei que a questão, julgada em primeiro grau, seja obrigatoriamente revista por órgão de 
segundo grau. Ex.: a sentença concessiva de habeas corpus (art. 574, I, do CPP). O desrespeito 
a esse dispositivo faz com que a sentença não transite em julgado (Súmula no 423 do STF). 
o) Intimação para recurso – art. 564, III, o, do CPP. 
As partes têm direito a recorrer de sentenças e despachos, quando a lei prevê a 
possibilidade, motivo pelo qual devem ter ciência do que foi decidido. Omitindo‑se a intimação, 
o que ocorrer, a partir daí, é nulo, por evidente cerceamento de acusação ou de defesa, conforme 
o caso. Nos termos do art. 564, IV, do CPP, haverá nulidade por omissão de formalidade que 
constitua elemento essencial do ato. Por exemplo, regularização da falta ou nulidade da citação, 
intimação ou notificação – estabelece o art. 570 do CPP que o comparecimento do interessado, 
ainda que somente com o fim de arguir a irregularidade, sana a falta ou nulidade da citação, 
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intimação ou notificação. 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quórum legal para o 
julgamento – art. 564, III, p, do CPP. 
 
19. Lei de Execução Penal 
19.1. Considerações iniciais 
A execução das penas e medidas de segurança no Brasil é regulada pela Lei no 
7.210/1984 (LEP). A sua finalidade é efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal, 
propiciando condições para harmônica integração social do condenado ou internado. 
A formação do processo de execução criminal (PEC), em regra, se dá quando se está 
diante de uma sentença penal condenatória transitada em julgado. Todavia, antes do trânsito em 
julgado, tem sido admitida a execução penal provisória com frequência em nosso país, nos casos 
em que houver necessidade de se manter a prisão preventiva, mesmo após a sentença 
condenatória. Neste sentido, a Súmula no 716 do STF assegura a possibilidade de progredir de 
regime antes do trânsito em julgado. Da mesma forma, dispõe que, caso haja execução 
provisória, o regime da sentença deverá ser aplicado, por exemplo, se a pessoa foi condenada 
ao semiaberto, deverá ser transferida ao regime menos gravoso, previsto na sentença. 
 
19.2. Competência do juiz da Vara de Execução 
O art. 66 da Lei no 7.210/1984 traz um rol exemplificativo da competência do juiz da Vara 
de Execução. Por exemplo, competirá ao juiz da Vara de Execução aplicar na execução lei penal 
que favorecer o apenado, nos termos da Súmula no 611 do STF e art. 66, I, da LEP, em atenção 
ao art. 5o, LV, da CF. 
A competência na execução penal é determinada pelo local de recolhimento, 
independente da origem da condenação. Por exemplo, condenada por tráfico internacional de 
drogas, está recolhida em penitenciária estadual, o juiz competente para acompanhar a 
execução é um juiz da vara de execução estadual, e não federal. O inverso também acontece, 
alguém foi condenado pela Justiça Estadual e por alguma razão foi transferido para uma 
Penitenciária Federal, o juiz competente será um juiz da Vara de Execução Federal. Isso se dá 
em decorrência da aplicação da Súmula no 192 do STJ. 
 
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112 
 
19.3. Individualização da pena na execução 
A individualização da pena na execução penal deverá observar as regras dos arts. 5o ao 
9o da LEP. 
Os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade. 
O condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado, será submetido ao 
exame criminológico para uma adequada classificação. Já os condenados em regime 
semiaberto poderão ser submetidos ao exame criminológico (art. 8°). 
Esse exame criminológico que a lei está tratando é para o início da execução da 
pena e não para progressão de regime/livramento condicional. 
Além disso, a LEP prevê, em seu art. 9o-A, de forma obrigatória, a identificação do perfil 
genético do condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem 
como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável. 
Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de 
identificação do perfil genético (arts. 9-A, § 8o, e 50, VIII, da LEP). 
 
19.4. Detração penal 
A detração penal é o cômputo na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, 
de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, ou de internação. O instituto está previsto no 
art. 42 do CP. 
A detração penal deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória, para fins 
de fixação de regime prisional, conforme art. 387, § 2o, do CPP. 
 
19.5. Regimes prisionais e modificações durante a execução da pena 
Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou 
quando for aplicada a pena em um acórdão pelo tribunal. Será determinado conforme as regras 
contidas no Código Penal, nos arts. 33, § 2o, e 59 do CP. 
Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a 
determinação do regime será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com 
a nova condenação, conforme art. 111, parágrafo único, da LEP. 
 
19.6. Sistema progressivo: progressão de regime 
A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência 
do regime mais rigoroso para um menos rigoroso mediante a observância de alguns requisitos, 
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113 
 
sendo “inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”, nos termos da 
Súmula no 491 do STJ. 
Para fins de progressão de regime, observa-se a pena total, nos termos da Súmula no 715 
do STF, e não o limite máximo de cumprimento da pena, previsto no art. 75 do CP. 
Desta forma, quem estiver executando pena poderá progredir, ainda que esteja 
aguardando definição de recurso (Súmula no 716 do STF), bastando o preenchimento do 
requisito objetivo (lapso temporal) e subjetivo (bom comportamento), observando as 
especificidades referentes à natureza do delito, vejamos: 
Requisitos para progressão de regime 
O instituto da progressão de regime sofreu profunda alteração com a Lei no 13.964/2019 
– Pacote Anticrime. Vejamos o antigo tratamento legal (aplicável, em regra, ainda aos crimes 
praticados antes do dia 23 de janeiro de 2020): 
*Para todos verem: tabela. 
 
PROGRESSÃO DE REGIME – ANTES DA LEI NO 13.964/2019 
BASE LEGAL ANTERIOR 
À 
LEI NO13.964/2019 
1/6 Primários e reincidentes – crimes comuns 
Antiga redação do Art. 112 da 
Lei no 7.210/1984 
2/5 Primários – crimes hediondos e equiparados Antiga redação do art. 2o, § 
2o, da Lei no 8.072/1990 
3/5 Reincidentes – crimes hediondos e equiparados 
 
A progressão de regime exige o preenchimento de dois requisitos, quais sejam: requisito 
subjetivo e objetivo. Em relação ao requisito subjetivo, foi mantido como requisito para concessão 
da progressão o atestado de bom comportamento carcerário emitido pelo diretor do 
estabelecimento prisional, nos termos do art. 112, § 1o, da LEP. 
Entretanto, no tocante ao lapso temporal, previamente estabelecido para o alcance da 
progressão ao regime mais brando, o legislador optou por estabelecer uma exigência em 
percentual de cumprimento de pena, não mais em formato de fração, restando a seguinte 
previsão na nova redação do art. 112 da LEP: 
 
 
 
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114 
 
*Para todos verem: tabela. 
 
16% da pena Primário Crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou 
grave ameaça 20% da pena Reincidente 
25% da pena Primário Crime cometido com violência à pessoa ou grave 
ameaça 30% da pena Reincidente EM 
40% da pena Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário 
50% da pena 
Se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, 
se for primário, vedado livramentocondicional; 
b) condenado por exercer comando, individual ou coletivo, de organização criminosa 
estruturada para prática de crime hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
60% da pena 
Se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado 
(reincidência específica) 
70% da pena 
Se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado 
morte, vedado o livramento condicional (reincidência específica) 
 
Somente estarão sujeitos aos novos prazos que eventualmente trouxerem um tratamento 
mais gravoso à progressão de regime aqueles que praticarem crimes a partir da data da vigência 
do Pacote Anticrime (Lei no 13.964/2019), qual seja, dia 23 de janeiro de 2020. Neste sentido, 
sempre que a nova lei trouxer algum benefício ao apenado, deverá retroagir. 
Dentro deste contexto, não se pode olvidar a Súmula no 471 do STJ, que assegura a 
aplicação do prazo de 1/6 para todos os crimes, inclusive os hediondos e equiparados, desde 
que praticados antes do dia 29 de março de 2007, haja vista os efeitos atribuídos ao Habeas 
Corpus no 82.959-7/SP, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2006. 
a) Falta grave e progressão de regime 
O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade 
interrompe o prazo para a obtenção da progressão de regime, resultando no reinício da contagem 
do requisito objetivo, que terá como base a pena remanescente, nos termos do art. 112, § 6o, da 
LEP. Trata-se da incorporação do entendimento jurisprudencial, pois o novel parágrafo 
incorporou o teor da Súmula no 534 do STJ. 
b) Progressão de regime especial para mulheres 
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115 
 
Conforme o art. 112, § 3o, da LEP, no caso de mulher gestante ou que for mãe ou 
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime 
são, cumulativamente: 
1) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; 
2) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; 
3) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; 
4) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do 
estabelecimento; 
5) não ter integrado organização criminosa. 
Destaca-se que o cometimento de fato definido como crime doloso ou falta grave, 
conforme dispõe a lei, implica a revogação da progressão de regime diferenciada (art. 112, § 4o, 
LEP). 
c) Tratamento diferenciado para integrantes de organização criminosa – 
reconhecidos expressamente em sentença 
É vedada a progressão de regime ou obtenção do livramento condicional, bem como 
de outros benefícios prisionais, para os casos de integrante de organização criminosa, 
expressamente reconhecido em sentença, ou de condenado por crime praticado por meio de 
organização criminosa, quando houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do 
vínculo associativo, conforme consta no art. 2o, § 9o, da Lei no 12.850/2013. 
d) Progressão para o regime aberto 
A progressão para o regime aberto possui algumas condições específicas, previstas nos 
arts. 114 e 115 da LEP, como, por exemplo, estar trabalhando ou possuir condições de trabalhar 
imediatamente. Neste caso, convém reforçar que a inexistência, por exemplo, de vaga para 
trabalho não autoriza o juiz a suprir essa condição impondo uma pena restritiva de direito, pois 
caracteriza uma afronta à legalidade. Inclusive, há vedação expressa na Súmula no 493 do 
STJ, matéria já cobrada no Exame da OAB. 
e) Exame criminológico e progressão de regime 
O exame criminológico não está previsto como requisito legal para concessão da 
progressão de regime, ou seja, não há menção no art. 112 da LEP acerca da sua exigência. 
Entretanto, é possível que o juiz exija a realização do exame, desde que em decisão motivada, 
nos termos da Súmula no 439 do STJ e Súmula Vinculante no 26 do STF, parte final, pois o início 
desta súmula está prejudicado pela alteração legislativa que permite a progressão de regime 
para esses delitos. 
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f) Progressão de regime e crimes contra Administração Pública 
Nos casos de condenados por crimes contra a Administração Pública, aplica-se como 
requisito para progressão, além do tempo e do comportamento, a reparação do prejuízo gerado 
ao erário, conforme dispõe o art. 33, § 4o, do CP. 
 
19.7. Regressão de regime 
As hipóteses de regressão estão previstas nos arts. 118 e 146-C, parágrafo único, da LEP, 
vejamos: 
O apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (art. 50 a 52 da 
LEP) – art. 118, I, LEP. 
Nestes casos, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado, 
conforme o art. 118, § 2o, da LEP. 
Regressão cautelar: a jurisprudência tem admitido a regressão cautelar, hipótese em que 
se regride o regime antes de ouvir o preso, dispensando a audiência, visto se tratar de medida 
excepcional e emergencial, mas, para a regressão em caráter definitivo, exige-se a oitiva. 
 
Súmula no 526 do STJ – O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de 
fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. 
 
Quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante 
com a nova condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111, parágrafo único, da 
LEP) – art. 118, II, LEP. 
Quando o apenado em regime aberto frustrar os fins da execução ou não pagar, 
podendo, a multa cumulativamente imposta. Tal hipótese deve ser analisada com cautela – 
art. 118, § 1o, LEP. 
A violação comprovada dos deveres inerentes ao monitoramento eletrônico poderá 
ensejar a regressão (art. 146-C, parágrafo único, I, da LEP). 
19.8. Prisão domiciliar 
Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se 
enquadrar em uma das quatro hipóteses do art. 117 da LEP, quais sejam: 
● Condenado maior de setenta anos; 
● Condenado acometido de doença grave; 
● Condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal; 
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● Condenada gestante. 
Conforme a Súmula Vinculante no 56 do STF, a falta de estabelecimento penal adequado 
não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se 
observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE no 641.320/RS, precedente 
representativo da súmula: 
4. Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de 
sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao 
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o 
cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime 
aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a 
prisão domiciliar ao sentenciado (RE no 641320, rel. Min. Gilmar Mendes – Tribunal Pleno – j. 
11-5-2016, DJe 8-8-2016). 
 
19.9. Remição de pena 
A remição, prevista nos arts. 126 a 130 da LEP, é o cômputo na pena dos dias trabalhados 
ou estudados como pena efetivamente cumprida (art. 128 da LEP). A remição pode se dar em 
razão do trabalho ou estudo. 
A remição de pena por trabalho pode ser usufruída por presos no regime fechado ou 
semiaberto. A lei não prevê a hipótese de remição por trabalho no regime aberto, sendo o 
entendimento do STF e STJ de que, diante da ausência de previsão, não deve ser concedido. 
A contagem se dá da seguinte forma: três dias de trabalho equivalem a um dia da pena. 
O trabalho poderá ser realizado internamente ou externamente, a depender do caso específico. 
Neste sentido, a Súmula no 562 do STJ reitera que é “possível a remição de parte do tempo de 
execução da penaquando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha 
atividade laborativa, ainda que extramuros”. 
Já a remição por estudo pode ser usufruída em qualquer regime (fechado, semiaberto ou 
aberto) e, inclusive, quem estiver em livramento condicional. A cada doze horas de estudo 
divididas, no mínimo, em três dias, equivale a um dia da pena. 
Alguns aspectos gerais que devem ser observados para fins de prova são: 
O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará 
a beneficiar-se com a remição. 
O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de um terço no caso de 
conclusão do Ensino Fundamental, Médio ou Superior durante o cumprimento da pena, desde 
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que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. 
A remição é aplicada também aos presos cautelares. 
Forjar acidente de trabalho é falta grave (art. 50 da LEP). 
Possível cumular remição por trabalho e estudo, desde que compatíveis. 
Por fim, destaca-se que o juiz poderá revogar até um terço do tempo remido daquele que 
praticar falta grave durante a execução (art. 127 da LEP). 
 
19.10. Autorizações de saída: permissão de saída e saída temporária 
As autorizações de saída dividem-se em: permissão de saída e saída temporária. 
Permissão de saída 
Em conformidade com a Lei de Execução Penal, poderão obter permissão de saída (arts. 
120 e 121 da LEP), mediante autorização do diretor, os apenados que cumprem pena em 
regime fechado, semiaberto e provisórios, devidamente escoltados, em duas hipóteses: 
1. Falecimento ou doença grave do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou 
irmão (CCADI); 
2. Necessidade de tratamento médico. 
Saída temporária 
A saída temporária (arts. 122 a 125 da LEP), sem vigilância direta, isto é, sem escolta, 
poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em regime semiaberto. 
Destaca-se que a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a 
monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do juiz, não uma obrigação legal. 
Súmula no 520 do STJ. O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional 
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. 
 
Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto deverão preencher 
os seguintes requisitos: 
● Comportamento adequado; 
● Cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, 1/4 para 
reincidentes; 
● Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. 
 
Será concedida por período não superior a sete dias, podendo ser renovadas por mais 
quatro vezes. Logo, faz jus a 35 dias de saída, com intervalo de 45 dias entre as saídas. 
De acordo com o art. 122, § 2o, da LEP, não terá direito à saída temporária o 
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condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte. 
 
19.11. Monitoramento eletrônico 
O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com art. 146-B da 
LEP, poderá ser definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário, nos 
casos de prisão domiciliar e saída temporária no regime semiaberto. 
Em caso de descumprimento das regras da monitoração eletrônica poderá o juiz, ouvidos 
o Ministério Público e a defesa, como consta no art. 146-C, parágrafo único, da LEP: regredir o 
regime prisional; revogar a prisão domiciliar; revogar a saída temporária; ou apenas aplicar uma 
advertência. 
Atualmente, é muito comum a utilização do monitoramento eletrônico nos casos em que 
se autoriza a prisão domiciliar em razão de falta de vagas no sistema prisional. 
 
19.12. Livramento condicional 
O livramento condicional é a liberdade mediante condições. Trata-se da última etapa do 
cumprimento de pena, não se confundindo com progressão de regime, pois o livramento 
condicional não é regime prisional. O instituto é regulado pelos arts. 83 a 90 do CP e arts. 131 
a 146 da LEP. Acrescenta-se o art. 44, parágrafo único, da Lei no 11.343/2006, que traz regras 
específicas para o livramento nos casos de delitos da Lei de Drogas. 
Diferente do que ocorre para progressão de regime, a prática de falta grave não interrompe 
o prazo para obtenção do instituto, como dispõe a Súmula no 441 do STJ. Porém, a prática de 
falta grave nos últimos doze meses obsta o livramento condicional, sendo fator que deverá ser 
observado por ocasião da elaboração do atestado de conduta carcerária. 
A liberdade condicional poderá ser concedida para condenados com pena privativa de 
liberdade igual ou superior a dois anos. 
Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no art. 83 do CP em 
combinação com o art. 112, § 2o, da LEP. São requisitos objetivos e subjetivos. 
Os requisitos subjetivos estão no art. 83, III e IV, e é exigido o bom comportamento 
carcerário atestado pelo diretor, por força do art. 112 da LEP. 
 
Art. 83, inciso III, do Código Penal 
a) bom comportamento durante a execução da pena; 
b) não cometimento de falta grave nos últimos doze meses; 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. 
Art. 83, inciso IV, do CP. Tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano 
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causado pela infração. 
 
No tocante ao lapso temporal, deverá ser observado o enquadramento abaixo: 
 
*Para todos verem: tabela. 
 
REQUISITO OBJETIVO HIPÓTESES CABÍVEIS 
+ 1/3 Não reincidente em crime doloso 
+ 1/2 Reincidente em crime doloso 
+ 2/3 
Condenados por crimes hediondos, tráfico, tortura, terrorismo e tráfico de pessoas 
se enquadram nesta hipótese. Ressaltando que, em caso de reincidência em delitos 
dessa natureza, não será possível a concessão de livramento condicional. 
 
Após concedido, o livramento condicional somente poderá ser revogado obrigatoriamente 
se durante o período de prova for trazida ao processo de execução nova sentença penal 
condenatória irrecorrível por crime praticado antes ou durante o período em que estava em 
liberdade (art. 86 do CP). 
Também é possível que, a critério do juiz, seja revogado o livramento condicional, nos 
termos do art. 87 da LEP, quando descumpridas as condições ou superveniência de condenação 
irrecorrível por crime que não tenha sido determinada pena de prisão ou contravenção penal. 
Portanto, são duas espécies de revogação: obrigatória e facultativa. Se chegar até o final 
do período de provas sem que haja revogação ou suspensão, declara-se extinta a pena (art. 90 
do CP). Se porventura, após o término do período de provas, se descobrirem causas de 
revogação, não poderá afetar a declaração de extinção. 
 
Súmula no 617 do STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional 
antes do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral 
cumprimento da pena. 
 
Os efeitos das diferentes formas de revogação estão previstos nos arts. 88 do CP e 141 
e 142 da LEP. 
Aspectos importantes sobre livramento condicional no tocante ao delito de 
associação ao tráfico (art. 35 da Lei no 11.343/2006): 
O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo – não há previsão na 
Lei dos Crimes Hediondos do referido tipo penal. Logo, para progressão de regime se utiliza o 
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lapso temporal de 1/6 da pena. Porém, o art. 44, parágrafo único, da Lei no 11.343/2006, dispõe 
para livramento condicional deverá ser exigido mais de 2/3 da pena, incluindo o delito de 
associação. 
 
19.13. Regime disciplinar diferenciado 
O regime disciplinar diferenciado foi um dos institutos da execução penal que sofreu 
alterações com o advento do Pacote Anticrime. 
Conforme o art. 52 da LEP, a prática de fato previsto como crime doloso constituifalta 
grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso 
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime 
disciplinar diferenciado, com as seguintes características: 
● Duração máxima de até dois anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova 
falta grave de mesma espécie; 
● Recolhimento em cela individual; 
● Visitas quinzenais, de duas pessoas por vez, a serem realizadas em instalações 
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no 
caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de duas horas; 
● Direito do preso à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol, em 
grupos de até quatro presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; 
● Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações 
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização 
judicial em contrário; 
● Fiscalização do conteúdo da correspondência; 
● Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, 
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. 
Conforme o § 1o do art. 52 da LEP, o regime disciplinar diferenciado também será aplicado 
aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: 
● que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal 
ou da sociedade; 
● sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a 
qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, 
independentemente da prática de falta grave. 
Importante registrar que a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado 
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depende de decisão do juiz. 
19.14. Incidentes da execução penal 
Durante a execução penal poderão ocorrer alguns incidentes, como, por exemplo: 
superveniência de doença mental daquele que está cumprindo pena; a conversão da pena 
restritiva de direito em pena privativa de liberdade diante do descumprimento, entre outras 
possibilidades. 
Conversão da PPL em PRD (art. 180 da LEP) – PPL não superior a dois anos; condenado 
em regime aberto; cumprido pelo menos 1/4; antecedentes e personalidade indiquem. 
Conversão da PRD em PPL (art. 181 da LEP) – ocorrerá na forma do art. 45 do CP. 
Conversão da pena em medida de segurança (art. 183 da LEP) 
Desvio ou excesso de execução (art. 185 da LEP) 
 
19.15. Limite de cumprimento das penas privativas de liberdade 
O limite de cumprimento de pena é o previsto no art. 75 do CP, qual seja, 40 anos. Antes 
da vigência do Pacote Anticrime, o limite previsto era de 30 anos. Trata-se de novatio legis in 
pejus, sendo aplicável somente para aqueles que praticarem crimes a partir da vigência da 
norma. 
No tocante à incidência dos benefícios (direitos), conforme preconiza a Súmula no 715 do 
STF, o limite do art. 75 do CP não é parâmetro ou base de cálculo para os demais direitos em 
sede de execução penal. A súmula refere o lapso temporal previsto antes das alterações do 
Pacote Anticrime, logo deverá ser atualizada, observando o novo limite de 40 anos. Desta forma, 
se o apenado estiver cumprindo uma pena que totaliza 60 anos, será sobre este total que deverá 
ser calculada a viabilidade de concessão de algum direito, e não sobre o limite máximo. 
 
19.16. Graça, indulto e comutação de pena 
São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o art. 107, II, do CP. 
A graça é o perdão individual da pena, perdoa-se a pessoa. É concedida pelo Presidente 
da República, por meio de uma avaliação discricionária. É uma medida de caráter excepcional, 
concedida mediante análise do caso individual. De acordo com o art. 5o, XLIII, não é permitida 
nem a graça nem a anistia para delitos considerados hediondos ou equiparados. 
Já o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade. No entanto, é concedido de 
forma coletiva, Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito 
ao indulto, devendo ser apenas declarado pelo juiz da Vara de Execuções. 
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A comutação de pena, por sua vez, difere-se do indulto por ser o abatimento parcial do 
tempo da pena (prevista em forma de fração), desde que preenchido os requisitos previstos no 
decreto presidencial. 
 
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