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Processo Penal _ Pdf de conteúdo 39 Exame

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Prévia do material em texto

1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO 
 PENAL 
 
Prof.ª Letícia Sinatora Neves 
Prof. Mauro Stürmer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
2 
 
 
Olá! Boas-Vindas! 
 
Este material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de 
qualidade! 
Lembre-se de que o seu sonho também é o nosso! 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
3 
 
 
1ª FASE OAB | 39° EXAME 
Processo Penal 
Prof.ª Letícia Sinatora Neves 
Prof. Mauro Stürmer 
 
 
Sumário 
 
1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal ............................................................ 4 
2. Aplicação da Lei Processual Penal .......................................................................................... 8 
3. Inquérito Policial ..................................................................................................................... 11 
4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ............................................................................ 18 
5. Ação Penal ............................................................................................................................. 21 
6. Competência e Jurisdição ................................................................................................ 28 
7. Provas .................................................................................................................................... 39 
8. Sujeitos Processuais .............................................................................................................. 47 
9. Comunicação dos Atos Processuais das Citações e Intimações ........................................... 49 
10. Prisões ................................................................................................................................. 54 
11. Medidas Assecuratórias Patrimoniais .................................................................................. 60 
12. Das Questões e Processos Incidentes ................................................................................ 65 
13. Procedimentos Penais ......................................................................................................... 70 
14. Juizados Especiais Criminais ............................................................................................... 77 
15. Sentença e Coisa Julgada ................................................................................................... 84 
16. Recursos em Processo Penal .............................................................................................. 86 
17. Ações autônomas de impugnação: Revisão Criminal, Habeas Corpus e Mandado de 
Segurança ................................................................................................................................ 100 
18. Nulidades no Processo Penal ............................................................................................ 107 
19. Lei de Execução Penal ...................................................................................................... 111 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, 
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2023. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
4 
 
1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal 
Prof. Mauro Stürmer 
@prof.maurosturmer 
 
Neste ponto do material serão apresentados, de maneira sucinta e objetiva, os mais 
importantes princípios de Processo Penal, pois, no decorrer do material, dentro de cada ponto 
da disciplina, quando necessário, será feita menção e comentário específicos. 
 
1.1. Princípio da legalidade 
Princípio muito caro ao Direito Penal e Processual Penal, pois ligado diretamente a 
segurança jurídica. No seu viés, é importante ao processo penal, assim está previsto na 
Constituição Federal: art. 5o, II, da CF, que assegura que: “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
 
1.2. Princípio da humanidade 
Art. 5o, III e XLIX, da CF: 
“ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”; 
“é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. 
Garantias processuais de que o processo penal não pode expor o homem a situações 
degradantes e torturante. 
 
1.3. Princípio do devido processo legal 
Art. 5o, LIV, afirma que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal”. 
 
1.4. Imparcialidade do juiz 
O juiz, no processo penal, situa-se entre as partes e acima delas – tendo em vista o seu 
caráter substitutivo. Certo de que ele não vai ao processo em nome próprio, jamais poderá 
haver conflito de interesse entre o Magistrado e a parte. Trata-se de uma característica 
subjetiva do órgão jurisdicional. 
Para isso estipulam-se: 
Proibição dos Tribunais e Juízes de Exceção (art. 5o, XXXVII). 
Dessas regras decorre que ninguém será processado por órgão criado após a ocorrência 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
5 
 
do fato. 
 
1.5. Igualdade processual 
Nada mais é do que um desdobramento do mandamento esculpido no caput do art. 5o de 
nossa Constituição, que nos informa que todos são iguais perante a lei. Assim, em juízo, as 
partes devem ter as mesmas oportunidades. 
Devemos observar, apenas, que tal princípio pode ser atenuado, pois existem situações 
em que a defesa terá algumas prerrogativas processuais que a acusação não possuirá: 
Exemplo: 
Princípio do favor rei. O acusado goza de alguns privilégios em contraste com a 
pretensão acusatória. Exemplos: 
art. 609, parágrafo único (embargos infringentes e de nulidade); 
art. 621 e seguintes (revisão criminal). 
Somente a defesa poderá entrar com embargos infringentes ou com a revisão criminal. 
 
1.6. Contraditório 
*Para todos verem: esquema. 
 
 
1.7. Ampla defesa 
Implica o dever do Estado de proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja 
autodefesa (pessoal) ou técnica (efetivada por profissional do Direito inscrito na OAB). Implica, 
ainda, o fato de que ao Estado cabe prestar assistência jurídica e integral aos necessitados (art. 
5o, LXXIV). 
Decorre, ainda, a necessidade de se observar, como regra, a ordem natural do processo, 
 
 
As partes tem o direito de não apenas produzir provas e de 
sustentar suas razões, mas também de vê-las seriamente 
apreciadas e valoradas pelo julgador. 
 
Dessa forma elas tem o direito de ser cientificadas sobre 
os fatos ocorridos no processo (citações, intimações e 
notificações). 
 
Tal princípio foi mais uma vez prestigiado com a reforma 
de 2008 que proibiu (art. 155 do CPP) a fundamentação da 
decisão com base exclusivamente em elementos 
informativos. 
 
 
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em que a defesa será a última a se manifestar. 
 
1.8. Da ação ou da demanda 
Cabe sempre à parte provocar a prestação da jurisdição, tendo em vista que os órgãos 
jurisdicionais são inertes. 
 
1.9. Garantia contra a autoincriminação 
Art. 5o, LXIII, da CF, com a seguinte redação: “O preso será informado de seus direitos, 
entre os quais o de permanecer calado [...]”. 
Nemo tenetur se detegere 
Ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
 
1.10. Princípio da inocência 
O princípio da inocência revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado culpado 
senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conformeart. 5o, LVII, 
CF/1988). 
 
1.11. Princípio do juiz natural 
Previsto no art. 5o, LIII, da CF/1988, significa dizer que é a garantia de um julgamento 
por um juiz competente. 
Estabelecido por regras objetivas (de competência) previamente previstas no 
ordenamento jurídico. 
Proibição de criação de tribunais de exceção, constituídos a posteriori à infração penal e 
especificamente para julgá-la. 
 
1.12. Princípio da persuasão racional ou convencimento motivado do 
magistrado 
O juiz decide com base nos elementos existentes no processo, mas deve avaliá-los por 
critérios racionais e sempre motivar suas decisões. 
Atenção! 
No Tribunal do Júri vale o sistema do livre convencimento ou íntima convicção do julgador, 
pois os jurados não são obrigados a motivar suas decisões, ou seja, não são obrigados a dizer 
o porquê condenam ou porque absolvem. 
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1.13. Duplo grau de jurisdição 
*Para todos verem: esquema. 
 
1.14. Princípio do promotor natural 
Segundo a Constituição Federal, este princípio refere-se a necessidade de que o 
julgamento somente ocorra pelo juiz previamente investido na respectiva competência. 
 
Art. 5o, LIII, CF – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente. 
 
Segundo o STF, não pode haver designação casuística de um determinado membro do 
MP. Isso irá ferir o princípio do promotor natural. 
 
1.15. Razoável duração do processo 
 Garantia de todos, direito fundamental expresso em nossa CF, a razoável duração do 
processo, foi acrescida no rol do art. 5º pela EC/45. Conforme abaixo se apresenta: 
 
Art. 5, LXXVIII da CF: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
(Incluído pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) 
 
 
 
 
Consiste na possibilidade de revisão, por via recursal, das causas já 
analisadas/julgadas pelo Juiz de primeiro grau. 
 
 
Não é tratado de forma expressa nos textos legais e Constitucional, 
mas decorre da própria organização do Poder Judiciário. 
 
 
Há casos em que o mencionado princípio não é aplicável. 
JULGAMENTO PELO STF. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
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Processo Penal 
 
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2. Aplicação da Lei Processual Penal 
2.1. Conceito de processo penal 
É um conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, 
por meio da aplicação do Direito Penal objetivo. 
É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito 
Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos 
da função jurisdicional e respectivos auxiliares. 
 
2.2. Tipo de processo penal – sistemas 
Atenção! 
Adotamos no processo penal brasileiro o sistema acusatório. 
 
2.3. Lei processual no tempo 
O mais importante artigo sobre esse assunto é o abaixo transcrito: 
 
Art. 2o do CPP. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade 
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
• Ainda que prejudique a situação do réu, ela é aplicável retroativamente; 
• Isso porque é diferente da lei penal (essa sim não retroage para prejudicar o 
acusado). 
 
2.3.1. Tempus regit actum 
Atos processuais praticados sob a égide da lei antiga são considerados válidos e não são 
atingidos pela nova lei processual. 
Normas novas têm aplicação imediata. 
 
2.4. Lei processual e sua interpretação 
Interpretar é o ato pelo qual se extrai da norma o seu exato alcance. 
 
2.4.1. Espécies de interpretação 
Existe um recurso mnemônico que vai ajudar a não esquecer as espécies de 
interpretação: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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“Um (i) sujeito busca um (ii) meio de chegar a um (iii) resultado.” 
Quanto ao sujeito: 
A) Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. 
Exemplo: a própria lei explica do que é funcionário público para fins penais (art. 327 do CP). 
Atenção! 
Esta interpretação vincula os intérpretes. 
B) Doutrinária: feita pelos estudiosos do Direito. 
Atenção! 
A exposição de motivos do CP é interpretação doutrinária e não autêntica. 
C) Judicial: feita pelos órgãos do Poder Judiciário (não é obrigatória). 
 
Cuidado! 
Poderá ter caráter vinculante. Ex.: súmulas vinculantes. 
 
Quanto ao meio 
A) Gramatical / filológica: leva-se em conta o sentido literal das palavras. 
B) Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins no 
ordenamento jurídico. 
C) Sistemática: analisa a coerência da lei com as demais normas do sistema, bem como 
em conjunto com os demais princípios de Direito. 
D) Histórica: analisa as condições e fundamento da origem da norma. Busca investigar a 
sociedade na época da edição da norma. 
E) Progressiva: busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. 
 
Quanto ao resultado 
A) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente ao significado desejado pelo 
legislador. 
B) Restritiva: o legislador disse mais do que desejava dizer, cabendo ao intérprete 
restringir seu significado. 
C) Extensiva: a lei ficou aquém da vontade do legislador (disse menos do que desejava), 
cabendo ao intérprete ampliar seu significado. 
Interpretação analógica 
Muito cuidado! 
Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, 
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pessoal técnico e administrativo; 
É intra legem (dentro da lei). 
O texto traz uma cláusula genérica, após trazer uma fórmula casuística. 
Ocorre, por exemplo, no homicídio qualificado, veja: 
 
Art. 121, § 2° – Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; [...] 
IV – outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. 
 
Muita atenção quando se fala em analogia, pois: 
*Para todos verem: tabela. 
Não é forma de interpretação, mas sim de integração, pois serve para suprir lacunas 
legislativas. 
Nada mais é do que a utilização de lei para outro caso semelhante. 
Fundamento: “Onde está a mesma razão, aplica-se o mesmo direito”. 
 
Espécies de analogia 
In bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei que beneficia o réu. 
In balam partem: consiste em aplicar a um caso concreto uma lei que irá prejudicar o réu. 
Interpretação da norma processual: 
 
Art. 3o do CPP. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
2.5. Imunidades diplomáticas 
Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, 
pessoal técnico e administrativo; 
Admite-se renúncia (pelo Estado); 
Embaixadas (sede diplomática) não são consideradas extensões do território estrangeiro 
(são, porém, invioláveis). 
 
2.6. Imunidades parlamentares 
Material 
Art. 53 da CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
no 35, de 2001). 
 
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Processo Penal 
 
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Processual ou formal 
Garantia quanto à instauração do processo; 
Não ser preso (salvo flagrante delito de crime inafiançável); 
Foro privilegiado; 
Servir como testemunha. 
 
2.7. Imunidades temporárias do Presidente da República 
 Veja o que, expressamente, prevê nossa Carta Política sobre o tema: 
 
Art. 86, § 4o. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser 
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
3. Inquérito Policial 
O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito de punir, mastambém para que o indivíduo possa defender-se deste Estado. A Persecução Penal, ou seja, o 
caminho a ser percorrido pelo Estado para exercer seu direito de punir, é dividido em duas 
etapas. Uma do inquérito policial e outra da ação penal. Aqui trabalharemos a primeira etapa. 
 
3.1. Conceito 
O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo, 
preparatório, inquisitivo e sigiloso, presidido pela autoridade policial, que tem por finalidade reunir 
elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e sua autoria, a fim de 
propiciar a propositura da denúncia ou queixa-crime. 
 
3.2. Natureza jurídica 
Pessoal, sempre que for perguntado: “Qual a natureza Jurídica?” de algum instituto, na 
verdade, o que se deseja saber é: “o que é isso para o Direito”. 
Assim, percebemos que a natureza jurídica do inquérito (o que ele é para o Direito) é de 
um procedimento administrativo – não é processo, pois não se constitui de uma relação 
trilateral (delegado – parte A, parte B contrária – contraditório e ampla defesa), por isso se fala 
em investigado, que pode ser o objeto de uma investigação. 
 
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Processo Penal 
 
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3.3. Espécies de inquéritos 
 Segundo o artigo abaixo, outras autoridades, desde que autorizadas por lei, podem 
investigar. Vejamos: 
 
Art. 4o do CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território 
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades 
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
Cuidado! 
Segundo o STF, o Ministério Público poderá investigar. O fundamento encontrado pela 
Suprema Corte foi a teoria dos poderes implícitos. Tal investigação será instrumentalizada por 
meio de um PIC (procedimento investigatório criminal) e não por meio de inquérito policial. 
 
3.4. Finalidade 
Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal (MP ou ofendido) 
ingresse em juízo. 
3.5. Instauração do IP 
Colegas, estamos diante de um dos pontos mais cobrados em primeira fase. Logo, 
leia com MUITA atenção. 
A forma de início do inquérito irá depender, necessariamente, da espécie de ação 
 
 Policiais 
 Inquérito Policial 
 
Delegados de 
Polícia de Carreira 
– PC ou PF 
 Não policiais 
 
Inquéritos Parlamentares - 
Súmula 397 do STF (crime 
ocorrido na CD ou SF) 
 
Inquéritos Presididos por 
Autoridades Judiciárias ou 
do MP 
 Inquérito Civil – MP 
 
Inquéritos Policiais 
Militares – IPM 
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Processo Penal 
 
13 
 
penal. 
Ler com muita atenção o art. 5o do CPP, explicado abaixo: 
1 – Crimes de ação penal pública incondicionada 
A) De ofício – a autoridade inicia o IP sem a necessidade de que alguém o informe, toma 
conhecimento da infração sem a necessidade da ação penal, a peça inaugural é uma portaria e 
se trata de uma cognição imediata. 
B) Requisição do juiz ou do MP – o delegado age provocado pelo juiz ou pelo MP – a 
peça inaugural pode ser a própria requisição, ou pode ser uma portaria, é uma cognição 
mediata. 
Cuidado! 
É importante saber essa forma de início do inquérito para os casos de HC. Autoridade 
coatora. Perceba que nela a autoridade coatora não será o Delegado, mas sim o juiz ou promotor 
que requisitou a instauração do IP. 
C) Requerimento da vítima ou do seu representante legal – art. 5o, II, CPP 
A peça inaugural pode ser a petição da vítima, ou o delegado inaugura por portaria, trata-
se de uma cognição mediata. 
D) Flagrante – pode ser instaurado mediante prisão em flagrante. 
A peça inaugural é o auto de prisão em flagrante, trata-se de uma cognição coercitiva. 
E) Notícia formulada por qualquer do povo – A notícia pode ser anônima ou 
apócrifa? 
Notícia anônima pode fundamentar a instauração de IP, desde que se apure 
preliminarmente a viabilidade da notícia, investigue antes, realize rápida diligência para 
verificar a veracidade da notícia, se procedente, elabora-se portaria e instaura-se o IP. 
2 – Crimes de ação penal pública condicionada 
 
Art. 5o, § 4o, CPP. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação [Ação Penal Pública Condicionada], não poderá sem ela ser iniciado. 
 
3 – Crimes de ação penal de iniciativa privada 
 
Art. 5o, § 5o, CPP. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
3.6. Características do inquérito policial 
1) Instrumental: o IP tem por finalidade apurar a materialidade da infração penal e indícios 
da autoria. Ele não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para a instauração da futura 
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Processo Penal 
 
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ação penal. 
2) Obrigatório: havendo justa causa, o delegado não pode deixar de instaurar o 
procedimento investigatório, a autoridade não pode deixar de instaurar. 
E no caso de ser requerida a instauração e o Delegado indeferir? Aplica-se o artigo abaixo: 
 
Art. 5o, § 2o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: {...] 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso 
para o chefe de Polícia. 
 
3) Discricionário – os atos de investigação são da análise exclusiva da autoridade 
policial, que estudará sua conveniência e oportunidade; a discricionariedade diz respeito às 
diligências. 
Cuidado! 
No caso de o crime deixar vestígios (não transeunte), o exame de corpo de delito (art. 158 
do CPP) será obrigatório. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer 
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
4) Dispensável – se o titular da ação penal tiver provas da materialidade e indícios da 
autoria por outro meio, o IP é dispensável. 
 
Art. 39. [...] § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, 
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
 
5) Informativo – os elementos colhidos no IP servirão apenas para subsidiar a ação penal; 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
6) Escrito 
 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito 
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
7) Sigiloso 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou 
exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Porém ele não é sigiloso para: 
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Processo Penal 
 
15 
 
• o juiz; 
• o MP – pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo promotor na ação penal – 
Súmula no 234, STJ. 
 
Súmula no 234 – A participação de membro do ministério público na fase investigatória 
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
 
● o advogado – art. 7o, XIV, do EOAB e Súmula Vinculante no 14. 
 
Art. 7, XXI (EAOB) – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, 
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes 
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva 
apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...) 
Art. 7, XIV, da Lei 8.906/1994 (EOAB) – examinar, em qualquer instituição responsável 
por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações 
de qualquer natureza, findos ou em andamento,ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
Súmula Vinculante n° 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito 
ao exercício do direito de defesa. 
 
8) Inquisitivo – não havendo acusado, mas somente suspeito, não se aplica ao IP o 
contraditório. 
Atenção! 
Segundo a doutrina, o contraditório fica postergado (diferido) para ser usado durante a 
ação penal. 
 
9) Indisponível – art. 17 do CPP. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
10) Temporário – é uma garantia constitucional, art. 5o, LXXVIII, CF – duração razoável 
do processo. 
 
3.7. Prazo do IP 
3.7.1. Regra geral 
 
Art. 10 do CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido 
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver 
solto, mediante fiança ou sem ela. 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz 
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Processo Penal 
 
16 
 
competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá 
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas 
no prazo marcado pelo juiz. 
 
Anota aí: 
• Indiciado preso – 10 dias. Improrrogável 
• Indiciado solto – 30 dias. Prorrogável 
 
3.7.2. Prazos especiais 
Lei no 5.010/1966 – prazo de conclusão do IP na Justiça Federal – art. 66: Indiciado 
preso – 15 dias, prorrogado por mais 15 dias; 
Segundo o art. 66, o preso deverá ser apresentado ao juiz para a prorrogação: Indiciado 
solto – 30 dias, prorrogáveis a critério do juiz – segue o CPP. 
Lei no 11.343/2006 – Lei de Drogas 
Indiciado preso – 30 dias, prorrogável por mais 30 dias. 
Indiciado solto – 90 dias, prorrogável por mais 90 dias. 
 
3.8. Vícios no inquérito policial 
Não sendo o inquérito policial um ato do Poder Judiciário, mas sim um procedimento 
administrativo, os vícios que existam nesta fase da persecução penal não acarretam 
nulidade processual. 
Cuidado! 
A irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um ato. É o que ocorre 
com a prisão em flagrante irregular etc. 
 
3.9. Indiciamento 
É o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal, baseado 
em indícios da autoria e prova da materialidade. 
Pergunta: seria possível o indiciamento determinado por um juiz ou promotor? 
O SFT já respondeu e disse que não. 
STF. 2ª T. – HC no 115015/SP – rel. Min. Teori Zavascki – j. em 27-8-2013 (Info 717 do 
STF). 
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica 
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Processo Penal 
 
17 
 
do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. 
 
3.10. Encerramento do inquérito policial 
Previsão legal 
 
Art. 10. do CPP. [...] § 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. 
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. [...] 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos 
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante 
traslado. 
 
Procedimentos no encerramento 
Novo art. 28 do CPP e a suspensão pelo STF: 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos 
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, 
ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão 
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei no 13.964, 
de 2019) 
§ 1o Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do 
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme 
dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 2o Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e 
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela 
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei no 13.964, 
de 2019) 
 
Importante! 
O STF (Min. Luiz Fux) suspendeu o trecho que modificou o art. 28 do CPP e estabeleceu 
regras para o arquivamento de inquéritos policiais. Com a norma, o Ministério Público (MP) 
deveria comunicar à vítima, ao investigado e à polícia no caso de arquivamento do inquérito, 
além de encaminhar os “autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei”. Para Fux, a medida desconsiderou os impactos financeiros no âmbito do MP 
em todo o país. Assim, continuamos utilizando, enquanto a decisão do STF não for revisada, a 
sistemática do revogado art. 28, abaixo transcrito: 
 
Com a suspensão do art. 28 do CPP, em face da decisão acima apresentada, o 
arquivamento na prática continua a ser realizado mediante requerimento (promoção) do 
MP e por decisão judicial. 
 
Assim: 
Se o órgão do Ministério Público, em vez de apresentar a denúncia, requerer o 
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Processo Penal 
 
18 
 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz 
obrigado a atender. 
 
Cuidado com a alteração legislativa: 
 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos 
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de 
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma 
consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. 
(Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 1o Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de 
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei no 
13.964, de 2019) 
§ 2o Esgotado o prazo disposto no § 1o deste artigo com ausência de nomeação de 
defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para 
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação 
do investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 3o Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2o deste artigo, a 
defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não 
estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva 
competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para 
acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativado 
investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 4o A indicação do profissional a que se refere o § 3o deste artigo deverá ser precedida 
de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita 
o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado 
profissional que não integre os quadros próprios da Administração. (Incluído pela Lei no 
13.964, de 2019) 
§ 5o Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos 
interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta 
do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos 
fatos investigados. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 
§ 6o As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados 
às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos 
investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela 
Lei no 13.964, de 2019) 
4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) 
Recentemente incluído no art. 28-A do CPP, vem a reforçar o objetivo do Estado Brasileiro 
de cada vez mais aderir ao Direito Penal negocial. 
Condições para sua implementação. 
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Processo Penal 
 
19 
 
Conforme o art. 28-A do CPP, para que o ANPP venha a ser possível, devem ser 
verificadas, cumulativamente, as exigências abaixo: 
a) não sendo caso de arquivamento, 
b) o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática, 
c) a infração penal ter sido praticada sem violência ou grave ameaça, 
d) pena mínima inferior a quatro anos. 
 
No caso de ter sido proposto o acordo, as seguintes condições alternativamente ou 
cumulativamente devem ser observadas: 
1) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo. 
2) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito do crime. 
3) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à 
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo 
juízo da execução. 
4) Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a 
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens 
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito. 
Além das condições anteriormente apresentadas, outra poderá será indicada pelo MP, 
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
Embora as condições acima estejam preenchidas, a lei processual vedou, 
expressamente, o ANPP em algumas situações, são elas: 
a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, pois 
ela é melhor para o investigado e terá preferência, impedindo a realização do ANPP. 
b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais 
pretéritas. Quanto a ser reincidente, não há dificuldade na compreensão, mas, quanto a ser a 
conduta do agente insignificante, a doutrina critica essa expressão. Porém, para fins de prova, a 
mesma deve ser observada. 
c) ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo. 
d) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra 
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Processo Penal 
 
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a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
 
No tocante à formalização do acordo, necessário mencionar que o juiz dele não 
participa, sob pena de nulidade. Sua participação será apenas na homologação. Assim, tal 
negociação deve ser feita entre o Ministério Público, o investigado e seu Advogado. Importante, 
também, mencionar aqui que a falta da defesa técnica (Advogado) conduz à nulidade do acordo. 
A mencionada homologação do acordo será, necessariamente, feita em uma audiência. 
Nela o Magistrado verificará a voluntariedade do investigado – que necessariamente deverá 
estar presente – e observará a legalidade do acordo. 
No caso de o juiz se negar a homologar o acordo, é possível a interposição de recurso 
em sentido estrito (RESE), na forma do previsto no art. 581, XXV, do CPP. 
Uma vez homologado judicialmente o acordo, este será devolvido ao Ministério Público 
para que o execute no juízo das Execuções. 
Importante mencionar que o legislador pensou na vítima, pois determinou que o acordo, 
uma vez homologado ou descumprido, deverá a vítima ser comunicada. 
No caso de descumprimento do acordo, o MP deverá comunicar o juízo competente e 
posteriormente oferecer a denúncia. Neste caso o MP poderá deixar de oferecer a suspensão 
condicional do processo prevista na Lei do Juizado Especial Criminal. 
Uma vez cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente 
decretará a extinção de punibilidade. 
Por derradeiro, importante não esquecer que celebração e cumprimento do acordo de não 
persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, salvo para que o mesmo 
não seja ofertado novamente no prazo de cinco anos. 
Por ser um assunto novo, a jurisprudência sobre esse instituto ainda é pouca. Todavia, 
para fins de prova, a colacionada abaixo deverá ser observada: 
 
EMENTA: Direito penal e processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Acordo 
de não persecução penal (art. 28-A do CPP). Retroatividade até o recebimento da 
denúncia. 1. A Lei no 13.964/2019, no ponto em que institui o acordo de não persecução 
penal (ANPP), é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre 
a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. 2. O ANPP se esgota na etapa 
pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não homologação 
ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. 
3. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados 
válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a 
retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos 
anteriores à Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 4. Na hipótese 
concreta, ao tempo da entrada em vigor da Lei no 13.964/2019, havia sentença penal 
condenatória e sua confirmação em sede recursal, o que inviabiliza restaurar fase da 
persecução penal já encerrada para admitir-se o ANPP. 5. Agravo regimental a que se 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
21 
 
nega provimento com a fixação da seguinte tese: “o acordo de não persecução penal 
(ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida 
a denúncia. (HC no 191464 AgR – rel. Roberto Barroso – 1ª T. – j. 11-11-2020 – Processo 
Eletrônico DJe-280 – Divulg 25-11-2020 – Public 26-11-2020) 
 
Em resumo: o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes 
da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 
5. Ação Penal 
É o direito subjetivo de pedir ao Estado-Juiz, titular exclusivo do ius puniendi (direito de 
punir), a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. 
 
5.1. Condições da ação penal 
São requisitos que irão subordinar o exercício do direito de ação. 
*Para todos verem: esquema. 
 
Condições genéricas 
1) Possibilidade jurídica do pedido – pedido na ação de estar previsto no ordenamento – 
tipicidade; 
2) Legitimidade para agir – possibilidade de ocupar o polo passivo e ativo da ação; 
3) Interesse em agir (necessidade, utilidade, adequação); 
4) Justa causa. 
Exemplos decondições específicas: 
Representação do ofendido (art. 88 da Lei do JECRIM – Lei no 9.099/1995). 
Requisição do Ministro da Justiça (art. 145 do CP). 
 Espécies 
 Genéricas 
Necessárias em 
todos os tipos de 
ação, para um 
exercício válido de tal 
direito. 
 Específicas 
Presentes apenas em 
determinadas ações. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
22 
 
5.2. Classificação da ação penal 
No processo civil a classificação das ações leva em conta o provimento jurisdicional 
invocado (ação de conhecimento, ação cautelar, ação de execução). 
No processo penal, a classificação se dá não pelo provimento, mas sim pela titularidade 
do sujeito ativo. 
 
Ação Penal Pública: 
1. Incondicionada 
2. Condicionada 
 2.1. Representação 
 2.2. Requisição 
Ação Penal Privada: 
1. Personalíssima 
2. Exclusiva 
3. Subsidiária da Pública 
Regra Geral: art. 100, Código Penal – A Ação penal será pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
5.3. Princípios da ação penal 
Pública: 
● Obrigatoriedade; 
● Indisponibilidade; 
● Oficialidade – o órgão ministerial é uma instituição Oficial – pertencente ao Estado. 
 
Privada: 
● Conveniência e oportunidade; 
● Disponibilidade – poderá desistir da Ação – perdão ou perempção; 
● Indivisibilidade – importantíssima para as hipóteses de renúncia ou perdão do 
ofendido – estudaremos a seguir. 
 
5.4. Ação penal pública 
Ação penal pública – titular é o MP – art. 129, I, CF. 
 
Art. 129, CF/1988. São funções institucionais do Ministério Público: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
23 
 
I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Pode ser classificada como: 
a) Ação penal pública incondicionada 
b) Ação penal pública condicionada 
 
Ação penal pública incondicionada 
Regra no Direito Penal 
Titular – MP 
Não está adstrita ao preenchimento de qualquer condição específica. Bastam as 
genéricas. 
Ação penal pública condicionada: a representação do ofendido. 
Quanto à representação (condição específica da ação penal) não podemos esquecer: 
Manifestação de que tem interesse na persecução penal do agente. 
Natureza jurídica – condição objetiva de procedibilidade. 
Não há formalismo. 
Não vincula o Ministério Público. 
Prazo: decadencial de seis meses. Leia o artigo abaixo: 
 
Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, 
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do 
art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
Retratação da retratação da representação (aqui a vítima autorizou, depois desautorizou 
(voltou atrás) e agora deseja autorizar a persecução penal novamente. Possível? 
Sim, até o prazo decadencial de seis meses. 
Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça 
Natureza jurídica – condição específica objetiva de procedibilidade. 
É ato político. Não vincula o Ministério Público a oferecer a denúncia. 
Prazo – não tem prazo decadencial, porém, o delito está sujeito ao prazo prescricional. 
Hipóteses: 
a) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do país (art. 7o, § 3o, b, do CP). 
b) Crimes contra a honra praticados contra o PR (art. 141, c/c art. 145 do parágrafo único). 
Muita atenção! 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
24 
 
Art. 24, § 2o do CPP. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do 
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 
 
5.5. Ação penal privada 
Classificação: 
Ação penal privada: em alguns casos, o crime atenta a um interesse particular da 
pessoa que o Estado deixa a seu cargo o início da ação penal. A legitimidade é do ofendido 
ou do representante legal. 
Espécies: 
a) Ação penal privada personalíssima – não há sucessão processual, ou seja, 
morrendo o ofendido, estará extinta a punibilidade. Temos apenas um caso em nosso 
ordenamento jurídico (art. 236 do CP) 
 
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou 
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado (somente 
ele pode ingressar com a queixa) e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
b) Ação penal privada exclusivamente privada – há sucessão processual, se o autor 
morrer, o direito de ingressar com a queixa é transmitida aos sucessores. Art. 31 do CPP – CADI 
(cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). 
c) Ação penal privada subsidiária da pública – só é cabível diante da inércia do MP, 
ou seja, se o MP não fizer nada pode se entrar com a queixa subsidiária. 
Observações: 
É possível quando houver inércia do MP 
● Direito fundamental 
 
Prazo para oferecer a denúncia (CPP) – que deve ser cumprido pelo MP (sob pena de 
autorizar a ação penal privada subsidiária): 
● Réu preso: cinco dias. 
● Réu solto: quinze dias. 
 
Poderes do Ministério Público: a ação penal privada subsidiária da pública continua a ter 
natureza jurídica de ação pública (veja o art. 29 do CPP abaixo): 
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Processo Penal 
 
25 
 
Art. 29. do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Ação penal – peças acusatórias 
● Ação Penal Pública: denúncia (capacidade postulatório do Promotor). 
● Ação Penal Privada: queixa-crime (capacidade postulatória do Advogado). 
Institutos previstos apenas para a ação penal privada. 
Aqui veremos a importância do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. 
Atenção! 
Esses institutos não se aplicam à ação penal privada subsidiária da pública, pois nela – 
segundo o art. 29 do CPP – o MP poderá reassumir a titularidade do MP. 
1 – Renúncia 
É um ato unilateral (não depende do outro) do ofendido ou do seu representante 
legal renunciando ao direito de promover a ação penal privada, com a consequente 
extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP). 
Só é cabível antes do início do processo. 
Renúncia concedida a um dos coautores se estende aos demais – em virtude do 
princípio da indivisibilidade. 
 
Art. 49 do CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores 
do crime, a todos se estenderá. 
 
Pode ser: 
Renúncia expressa: é aquela feita por declaração inequívoca. 
 
Art. 50. do CPP. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 
(dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o 
direito do primeiro. 
 
Renúncia tácita: ocorre diante da prática de ato incompatível com a vontade de 
processar. 
O fato de o ofendido receber indenização pelo dano causado pelo crime não implica 
renúncia expressa ou tácita do direito de queixa. 
 
Art. 104 do CP. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa 
ou tacitamente. 
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Processo Penal 
 
26 
 
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato 
incompatível com a vontade de exercê-lo. 
 
 
2 – Perdão – ação penal privada 
Conceito: é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir 
com o andamentodo processo já em curso, perdoando seu ofensor com a consequente 
extinção da punibilidade, o querelante deve aceitar, pois é bilateral. 
O perdão só é cabível após o início do processo e até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. 
Coautores: perdão concedido a um dos coautores, estende-se aos demais 
(indivisibilidade), mas uns poderão aceitar e outros não. 
 
Art. 51 do CPP. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que 
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
(...) 
Art. 55 do CPP. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
 
Perdão poderá ser: 
Processual: quando concedido dentro do processo. Neste caso, a aceitação poderá ser 
expressa ou tácita. Será tácita quando não houver manifestação após três dias da intimação 
(deve constar do mandado de intimação) art. 58, CPP. 
Extraprocessual: neste caso, a aceitação também poderá ser expressa ou tácita. A 
expressa, conforme o art. 59, deverá ser feita por declaração assinada pelo querelado ou por 
seu representante legal (com poderes especiais), já na aceitação tácita ocorrerá quando 
praticar ato incompatível com a intenção de prosseguir com o processo. 
Não confunda com perdão judicial! O perdão judicial é oferecido pelo juiz; o perdão do 
ofendido é concedido pelo ofendido; o perdão judicial é previsto na lei. 
 
Art. 121, § 5o, do CP. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que 
a sanção penal se torne desnecessária. 
 
Perdão e renúncia – naturezas jurídicas 
A renúncia e o perdão107 são institutos que geram a extinção da punibilidade, tudo na 
forma do art 107 do CP 
 
3 – Perempção 
 Conforme art. 107 do CP, a perempção, na forma do artigo abaixo, é causa extintiva da 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
27 
 
punibilidade. 
 
Art. 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal: 
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos; 
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em 
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do 
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
Ação civil – ex delicto 
É aquela oriunda de uma condenação em processo penal no qual o autor busca uma 
indenização em face do dano sofrido pelo crime do qual foi vítima. 
Artigo fundamentais: 
 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a 
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser 
efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem 
prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei no 
11.719, de 2008). 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano 
poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o 
responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso 
desta, até o julgamento definitivo daquela. 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato 
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser 
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material 
do fato. 
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a 
execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a 
seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
28 
 
6. Competência e Jurisdição 
6.1. Conceitos 
Poder atribuído com exclusividade ao Judiciário para decidir um determinado litígio 
segundo as regras legais existentes. 
É o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito 
no caso concreto. 
 
6.2. Jurisdição x competência 
Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma limitação 
daquela. 
Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente 
exercer. 
 
6.3. Características da jurisdição 
Substitutividade: a jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em 
substituição as partes. 
Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciário dever ser 
provocado. 
Exceção: Concessão de HC de ofício. 
Coisa julgada: impossibilidade de decisão judicial ser revista por órgão estranho ao Poder 
Judiciário. 
 
6.4. Princípio do juiz natural 
Quando se busca fixar de maneira correta a competência, temos por objetivo respeitar o 
princípio do juiz natural (princípio de assento constitucional). 
 
Art. 5o da CF. [...] XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
 
Aplicação imediata de lei que altera competência: 
Tenha cuidado com a lei processual penal no tempo, pois, segundo o art. 2o do CPP, ela 
é aplicada imediatamente (ainda que o processo esteja tramitando). Neste caso, o juiz que deixou 
de ser competente encaminha os autos ao que passou a ser. 
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Processo Penal 
 
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6.5. Lei processual que altera as regras de competência 
 
Art. 2o. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
6.6. Competências 
Guia de fixação de competência: Aqui temos “perguntas” que devem ser respondidas para 
fixarmos corretamente a competência. 
• Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função? 
• Competência de jurisdição – qual é a justiça competente? 
• Competência territorial – qual a comarca competente? 
• Competência de juízo – qual a vara competente? 
• Competência interna – qual o juiz competente? 
• Competência recursal – para onde vai o recurso? 
Agora você fará uma leitura com bastante atenção. 
A fixação da competência por prerrogativa da função é aquela que deriva da relevante 
função pública exercida pelo autor da infração. Como regra, ela está prevista na Constituição 
Federal. Ocorre que o STF vem cada vez mais restringindo sua aplicação, tudo em respeito ao 
princípio republicano. Segundo nossa Suprema Corte: 
 
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa 
de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que 
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por 
exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado 
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância 
mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha 
sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta 
com as funções exercidas, também não haverá foroprivilegiado. Foi fixada, portanto, a 
seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
(STF. Plenário. AP no 937 QO/RJ – rel. Min. Roberto Barroso – j. 03-05-2018 – Informativo 
no 900 do STF). 
 
Em resumo: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos 
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
Previsão legal para fixação da competência: 
 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I – o lugar da infração: 
II – o domicílio ou residência do réu; 
III – a natureza da infração; 
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Processo Penal 
 
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IV – a distribuição; 
V – a conexão ou continência; 
VI – a prevenção; 
VII – a prerrogativa de função. 
 
Muito cuidado com essa decisão judicial! 
Crimes contra vida – teoria do esboço do resultado 
Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local 
onde o delito se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de execução 
(no caso de crime tentado), nos termos do art. 70 do CPP. Excepcionalmente no caso de crimes 
contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a 
consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi 
praticada a conduta (local da execução). Adota-se a teoria da atividade. (STF – RHC no 
116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T., Dje 13.8.2013.) 
 
A) Competência pelo lugar da infração 
 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último 
ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será 
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou 
devia produzir seu resultado. 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a 
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 83 do CPP abaixo 
transcrito). 
 
Novidade legislativa abaixo 
 
§ 4o Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de 
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento 
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local 
do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-
se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei no 14.155, de 2021) 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de 
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
Aqui adotamos, como regra, a teoria do resultado, pois a competência será determinada 
pelo lugar da consumação do delito. Sendo este tentado, pelo lugar do último ato de execução. 
Devemos dar muita atenção para os crimes permanentes, aqueles em que a consumação 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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31 
 
se prolonga no tempo, pois nestes casos a competência será firmada pela prevenção (art. 83 do 
CPP, abaixo transcrito). 
Por derradeiro, não se pode esquecer da recente alteração legislativa do § 4o do art. 70, 
pois agora os estelionatos por meio de depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente 
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante 
transferência de valores, a competência será do local de residência da vítima. No caso de termos 
várias vítimas, mais uma vez, adota-se o critério da prevenção (art. 83 do CPP). 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou 
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, 
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, 
e 78, II, c). 
 
B) Competência pelo domicílio ou residência do réu 
Este critério de fixação da competência é subsidiário, ou seja, será utilizado quando não 
conhecermos o local em que o crime foi praticado. No caso de a vítima possuir mais de uma 
residência, o critério será o da prevenção (art. 83 do CPP). No caso de não possuir residência 
fixa (a exemplo de um circense), a competência será o primeiro juiz que tiver conhecimento do 
fato. 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo 
domicílio ou residência do réu. 
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente 
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 
 
Foro de eleição em processo penal 
Nesta espécie de competência é possível que a vítima de um crime de ação privada 
(calúnia, difamação ou injúria, por exemplo) escolha onde irá propor a ação: se no seu domicílio 
ou no local em que o crime foi praticado. 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de 
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
Crimes dolosos contra a vida 
Segundo a Constituição Federal de 1988, os crimes dolosos contra a vida, previstos nos 
arts. 121 a 124 do CP, são de competência do Tribunal do Júri. Veja o dispositivo constitucional: 
 
Art. 5o, XXXVIII da CF – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe 
der a lei, assegurados: 
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a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
 
6.7. Causas de modificação da competência 
Agora que você já leu os dispositivos que determinam a fixação da competência, devemos 
atentar para as situações em que ela poderá ser modificada. É o que ocorre com os casos de 
conexão e continência. 
a) Conexão: 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, 
por várias pessoas reunidas (simultaneidade), ou por várias pessoas em concurso, 
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras 
(reciprocidade); 
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, 
ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; (lógica, objetiva 
e material) 
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares 
influir na prova de outra infração. (instrumental ou probatória). 
 
Conexão intersubjetiva por simultaneidade 
Diante da primeira parte do art. 76 (conexão intersubjetiva por simultaneidade), há 
conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, 
por várias pessoas reunidas” – não há liame subjetivo. 
Exemplo: diversos expectadores de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, 
praticarem depredações no estádio. 
 
Conexão intersubjetiva por concurso 
Pelo art. 76, I, 2ª parte, há conexão se as infrações forem praticadas “por várias pessoas 
em concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. É a hipótese de concurso de pessoas em 
várias infrações. 
Exemplo: quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade. 
 
Conexão intersubjetiva por reciprocidade 
Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias pessoas, 
umas contra as outras”. 
Exemplo: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas em um baile.Conexão objetiva, lógica ou material: art. 76, II 
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Nos termos do art. 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de várias 
infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir 
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”. 
 
Conexão instrumental ou probatória – art. 76, III 
Conforme o art. 76, III, “quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas 
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração”. 
b) Continência: 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (concurso de pessoas – 
cumulação subjetiva) 
II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda 
parte, e 54 do Código Penal. 
 
Continência em razão do concurso de pessoas – Art. 77, I (cumulação subjetiva) 
Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham 
cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado. 
Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos. 
 
Continência em razão do concurso formal de crimes – Art. 77, II (cumulação objetiva) 
Observação: A referência feita aos arts. 51, § 1o, 53 segunda parte e 54 do CP 
atualmente corresponde aos arts. 70, 73 e 74 do CP. 
O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta, o 
agente pratica dois ou mais crimes. 
O art. 73, 2ª parte, refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por 
acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia 
ofender, lesa outra. 
O art. 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), em 
que fora da hipótese anterior, o agente, além do resultado pretendido, causa outro. 
Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência, 
o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados. 
Agora que você entendeu o que é conexão e continência, devemos saber como resolver 
as situações apresentadas. Para tanto, temos que seguir as regras trazidas pelo art. 78 do 
CPP. 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas 
as seguintes regras: 
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34 
 
I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, 
prevalecerá a competência do júri; 
Il – no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as 
respectivas penas forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III – no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV – no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I – no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II – no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, 
sobrevier o caso previsto no art. 152. (doença mental) 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que 
não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido 
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo 
número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo 
relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no 
processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença 
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua 
competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou 
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o 
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo 
competente. 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos 
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram 
perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a 
unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação 
das penas. 
 
Competência por prevenção 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou 
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, 
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, 
e 78, II, c). 
 Atenção! 
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o 
juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver 
residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da 
República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, 
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que 
tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que 
houver tocado. [...] 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, 
dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e 
julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou 
pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
 
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6.8. Competência da Justiça Federal 
A) Órgãos da Justiça Federal 
São órgãos da Justiça Federal, segundo o art. 106 da CF: 
Tribunais Regionais Federais, 
Juízes federais. 
Cuidado! 
O STJ é um Tribunal Nacional – não faz parte da Justiça Federal. 
 
B) Competência da Justiça Militar 
JMU (art. 124 da CF) 
Julga militares e civis, 
Tem somente competência criminal. 
JME (art. 125, § 4o, da CF) 
Julga somente militares dos Estados, 
Julga crimes e questões relacionadas a punições disciplinares militares. 
 
C) Competência criminal da Justiça Eleitoral 
É fixada em razão da matéria, cabendo à Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos 
crimes eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a lei, 
eventual e expressamente, defina como eleitorais. 
Questão: Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida? 
Resposta: O crime eleitoral é julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a 
vida será julgado pelo Tribunal do Júri, porque as competências desses crimes estão 
previstas na CF. 
 
Competência dos TRFs 
I – processar e julgar, originariamente: 
● os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da 
Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério 
Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
● as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes 
federais da região; 
● os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio tribunal ou de 
juiz federal. 
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Competência dos juízes federaisAtenção! 
Juiz federal não julga contravenção penal. Mesmo que ela seja praticada contra bens, 
interesses ou serviços da União. 
Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da CF/88, o 
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] 
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse (BIS) da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, 
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral; 
V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; (Incluído 
pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) 
§ 5o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda 
Constitucional no 45, de 2004) 
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra 
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; [...] 
IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar. 
 
Algumas questões pontuais sobre a competência da Justiça Federal 
1) Processos contra índios: 
 
Súmula no 140 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em 
que o indígena figure como autor ou vítima. 
 
2) Crimes contra sociedades de economia mista e empresas públicas (cuidado!): 
Crime contra sociedades de economia mista: 
BB 
Petrobras 
Súmula no 42 STJ – Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas 
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu 
detrimento. 
 
3) Crimes contra os Correios: 
Exploração direta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (casos de agências 
oficiais): Justiça Federal. 
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Franquias (agências exploradas por particulares mediante o sistema de franquias): Justiça 
Estadual. 
 
4) Fundação Pública Federal – FURG 
Justiça Federal. 
 
5) Bens tombados 
Depende de quem tombou: 
Se tombado pela União – Justiça Federal, 
Se tombado pelo Estado ou Município – Justiça Estadual. 
 
6) Desvio de verba federal por prefeito 
Súmulas nos 208 e 209 do STJ. 
● Verba já incorporada ao patrimônio do Município – o prefeito responde no Tribunal 
de Justiça do Estado. 
● Verba sujeita a prestação de contas junto ao TCU – o prefeito responde no Tribunal 
Regional Federal. 
Cuidado! 
O prefeito responde no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por crime. 
 
7) Crimes contrabando e descaminho 
Em ambos os casos, a competência será da Justiça Federal. 
A questão é saber: se do local que as mercadorias ingressaram no Brasil ou do local da 
apreensão dos bens. A resposta é obtida pela súmula abaixo: 
 
Súmula no 151 do STJ – A competência para o processo e julgamento por crime de 
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da 
apreensão dos bens. 
 
8) Crime cometido contra funcionário público federal em razão de sua função 
Se este funcionário for federal, a Justiça Federal será a competente: 
 
Súmula no 147 do STJ – Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da 
função. 
 
Atenção para o art. 109, IX, da CF! 
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Processo Penal 
 
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IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar; 
 
Navio: é a embarcação apta para a navegação em alto mar; 
Aeronave: é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no 
espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
Atenção para a súmula abaixo! 
 
Súmula no 546 do STJ – A competência para processar e julgar o crime de uso de 
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o 
documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. 
 
Exemplo: falsifico uma Carteira Nacional de Habilitação (que é um documento expedido 
pelo Estado Membro (via Detran). Utilizo para obter um benefício junto ao INSS (que é uma 
autarquia federal). A competência será da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF), pois a União foi 
prejudicada. Não importa aqui que o documento era estadual. 
Atenção especial para a Súmula no 122 do STJ: 
 
Súmula no 122 do STJ – Compete a Justiça Federal o processo e julgamento unificado 
dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 
78, II, “a”, do Código de Processo Penal. 
 
Não esqueça que NUNCA um juiz federal julgará uma contravenção penal: 
As contravenções penais não são processadas e julgadas pela Justiça Federal, conforme 
dispõe a Súmula no 38 do STJ, cabendo à Justiça Estadual a competência, ainda que praticado 
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou entidades autárquicas. 
Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção penal, 
prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo, 
não se aplicando neste caso o teor da Súmula no 122 do STJ. 
 
Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição 
de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades.”. 
 
6.9. Conflito de jurisdição 
Ocorre sempre que, em qualquer fase do processo, um ou mais juízes, 
contemporaneamente, tomam ou recusam tomar conhecimento do mesmo fato delituoso. 
Conflito positivo: quando dois ou mais juízes se julgam competentes para conhecer e 
julgar o mesmo fato; 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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Conflito negativo: quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes para conhecer e 
julgar o mesmo fato. 
 
Processamento 
a) Compete ao STJ os conflitos de competência: 
Entre quaisquer tribunais; 
Entre tribunal e juiz a ele não vinculado; 
Entre juízes vinculados a tribunais diversos. 
b) Compete ao STF os conflitos de competência: 
Entre o STJ e qualquer outro tribunal; 
Entre Tribunais Superiores e qualquer outro tribunal; 
Entre Tribunais Superior entre si. 
c) Compete aos TRFs solucionar conflitos entre: 
Juízes federais a eles vinculados; 
Juiz federal e juiz estadual investido na jurisdição federal. 
d) Na Justiça Militar da União os conflitos devem ser suscitados perante o STM. 
e) Conflitos entre TRE ou juízes eleitorais de Estados diferentes são julgados pelo TSE. 
Se for do mesmo Estado, compete ao TRE. 
 
Muita atenção! 
Entre juiz e tribunal ao qual ele está vinculado não se fala em conflito de jurisdição, é 
resolvido pela hierarquia. 
 
7. Provas 
7.1. Conceito doutrinário 
Elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, dentro de um processo 
estabelecido, visando à formação do convencimento do julgado quanto a atos, fatos e 
circunstâncias que interessam para a decisão da causa. 
Liberdade de provas 
Vige como regra, conforme art. 155 do CPP abaixo transcrito, no processo penal a ampla 
liberdade probatória. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Processo Penal 
 
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Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente

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