Buscar

Ato Administrativo

Prévia do material em texto

Introdução
Este trabalho é sobre ato administrativo: seu conceito; a diferença entre ato administrativo e ato da administração pública; a classificação do ato administrativo; perfeição, validade e eficácia do ato; os requisitos para o ato, como: Forma, finalidade, competência, objeto e motivo; espécies do ato e o controle dos atos administrativos.
Os principais objetivos deste trabalho são, explicar um breve conceito do ato administrativo, abrangendo suas peculiaridades, adquirindo assim, um maior conhecimento sobre o ato administrativo e sua importante função na sociedade.
A Metodologia usada foi a pesquisa em livros de grandes nomes do Direito Administrativo como: Hely Lopes Meirelles, Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella di Pietro, e o auxilio de sites jurídicos .
Ato Administrativo
Conceito:
 É interessante informar que a primeira menção de Ato Administrativo no campo da doutrina foi no Repertório Merlin de Jurisprudência, em 1812 que definiu como ato administrativo a “ordenança ou decisão de autoridade administrativa que tenha relação com a sua função”.
 Ato Administrativo é manifestação/ declaração de vontade unilateral com a finalidade de produzir efeito jurídico praticado pela administração pública, através de um agente público, visando atender o interesse coletivo.
Conceito de Ato administrativo para Hely Lopes Meirelles:
 "Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir; resguardar; transferir; modificar; extinguir e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria."
Para Celso Antônio Bandeira de Mello:
 "Declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes - como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, sujeitas a controle de legitimidade por órgão judicial." 
 Para Maria Sylvia Zanella di Pietro:
"Ato administrativo é uma junção dos seguintes elementos: declaração do Estado, regime jurídico administrativo, produz efeitos jurídicos imediatos, controle judicial.” Com esses elementos ela define o ato administrativo como sendo:
A declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário."
Conceito de Ato administrativo para Hely Lopes Meirelles:
 "Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir; resguardar; transferir; modificar; extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si próprias."
Diante do conceito dos autores citados, vale salientar que Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella di Pietro em seus conceitos frisaram a influência do Poder Judiciário que exerce um controle, dando certo limite ao ato administrativo, enquanto Hely Lopes Meirelles não focou no controle do Poder Judiciário sobre o ato administrativo.
Ato administrativo e Ato da administração:
É importante salientar a diferença entre ato administrativo e ato da administração, para que os dois não se confundam, já que a Administração pública pratica vários atos que não são considerados como atos administrativos.
 Segue as diferenças mais contundentes:
- Atos da Administração Pública: é o gênero dos atos, enquanto Ato Administrativo é a espécie do ato da administração;
- Atos da Administração Pública: falta de manifestação de vontade- ato material- enquanto o Ato administrativo é uma manifestação de vontade;
- Atos da Administração Pública: vontade bilateral- contrato, convênio e consórcios administrativos e Ato Administrativo é vontade unilateral praticada pela administração pública ou por quem lhe faça às vezes.
Atos da Administração Pública, é mais genérico, mais amplo, por ser todo ato praticado pela Administração e o Ato administrativo é apenas uma espécie de ato da Administração Pública.
Classificação do ato administrativo:
Existem diversas classificações para os atos administrativos, dependendo de qual critério o autor adota para dividir as categorias. Para classificar o ato administrativo terei como base o autor Celso Antônio Bandeira de Mello e ao final um breve comentário sobre as divergências na classificação dele e do autor Hely Lopes Meirelles.
A) Quanto à natureza da atividade:
1- Atos de administração ativa: são os que visam a criar uma utilidade pública, constituindo situações jurídicas.
2- Atos de administração consultiva: são os que visam sugerir providências administrativas a serem estabelecidas nos atos de administração ativa.
3- Atos de administração controladora ou atos de controle: são os que visam a impedir, ou permitir a produção ou a eficácia de atos de administração ativa mediante exame prévio ou posterior da conveniência ou da legalidade deles.
4- Atos de administração verificadora: são os que visam a apurar ou documentar a preexistência de uma situação de fato ou de direito.
5- Atos de administração contenciosa: são os que visam a julgar, em um procedimento contraditório, certas situações.
B) Quanto à estrutura do ato:
1- Atos Concretos: são os que dispõem para um único e específico caso e se esgotam em uma única aplicação.
2- Atos abstratos: são os que preveem reiteradas e infindas aplicações, se repetem cada vez que ocorre a reprodução de hipóteses, alcançando um numero indeterminado e indeterminável de destinatários.
C) Quanto aos destinatários do ato:
1- Atos individuais: são os que têm destinatário especificamente determinado.
2- Atos gerais: são os que têm por destinatário uma categoria de sujeitos não especificados por se incluírem em uma situação determinada ou á uma classe de pessoas.
D) Quanto ao grau de liberdade da Administração em sua prática:
1- Atos ditos discricionários e que melhor se denominariam atos praticados no exercício de competência discricionária: são os atos que a Administração pratica dispondo de uma margem de liberdade para decidir-se, pois a lei regulou a matéria de modo a deixar campo para uma apreciação que comporta certo subjetivismo.
2- Atos vinculados: são os que a Administração pratica sem margem de alguma liberdade para decidir-se, pois a lei previamente tipificou o único possível comportamento diante de hipóteses prefiguradas em termos objetivos.
E) Quanto à função da vontade administrativa:
1- Atos negociais ou negócios jurídicos: são os em que a vontade administrativa é, de direito, preordenada à obtenção de um resultado jurídico, sendo ela que cria imediatamente os efeitos jurídicos, embora dentro dos quadros legais.
2- Atos puros ou meros atos administrativos: são os que corresponde a simples manifestações de conhecimento (como uma certidão) ou de desejo (como um voto em órgão colegial), nos quais os efeitos jurídicos descendem diretamente d alei, de tal sorte que o ato nada mais faz que implementar uma condição legal para a deflagração deles.
F) Quanto aos efeitos:
1- Atos constitutivos: são os que fazem nascer uma situação jurídica, seja produzindo-a originariamente, seja extinguindo ou modificando situação anterior.
2- Atos declaratórios: são os que afirmam a preexistência de uma situação de fato ou de direito.
G) Quanto aos resultados sobre a esfera jurídica doas administrados:
1- Atos ampliativos: são os que aumentam a esfera de ação jurídica do destinatário.
2- Atos restritivos: são os que diminuem a esfera jurídica do destinatário ou lhe impõem novas obrigações, deveres ou ônus.
H) Quanto à situação de terceiros:
1- Atos internos: são os que produzem seus efeitos apenas no interior da Administração.
2- Atos externos: são os que produzem efeitos sobre terceiros.
I) Quanto à composição da vontade produtora do ato:
1- Atos simples: são os atos que são produzidos pela declaração jurídica de um único órgão. Os atos simplespodem ser simples singulares- quando a vontade expressada no ato provém de uma só autoridade- e simples colegiais- quando provém do concurso de várias vontades unificadas de um mesmo órgão no exercício de uma mesma função jurídica e cujo resultado final substancia-se na declaração do órgão colegial.
2- Atos complexos: são os que resultam da conjugação de vontade de órgãos diferentes.
J) Quanto à formação do ato:
1- Atos unilaterais: os que são formados pela declaração jurídica de uma só parte.
2- Atos bilaterais: os que são formados por um acordo de vontades entre partes. São os atos convencionais.
K) Quanto à natureza das situações jurídicas que criam:
Classificação defendida por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, de acordo com ela, os atos distinguem-se em:
1- Atos-regra: os que criam situações gerais, abstratas e impessoais e por isso mesmo a qualquer tempo modificáveis pela vontade de quem os produziu, sem que se possa opor direito adquirido à persistência destas regras.
2- Atos subjetivos: os que criam situações particulares, concretas e pessoais, produzidas quanto à formação e efeitos pela vontade das partes, sendo imodificáveis pela vontade de uma só delas e gerando, então, direitos assegurados à persistência do que dispuseram.
3- Atos-condição: os que alguém pratica incluindo-se, isoladamente ou mediante acordo com outrem, debaixo de situações criadas pelos atos-regra, pelo quê sujeitam-se às eventuais alterações unilaterais delas.
Uma diferença notável entre a classificação de Celso Antônio Bandeira de Mello e Hely Lopes Meirelles, é que Celso Antônio B. de Mello explica a Perfeição, validade e eficácia em um subcapítulo diferente, enquanto Hely Lopes Meirelles traz a explicação deles dentro das classificações do Ato Administrativo.
Quanto à discricionariedade e a vinculação:
Essa classificação é de extrema importância e complexidade, por isso está sendo retomada.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello:
" Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de situação igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los, não interfere com apreciação subjetiva alguma.
 Atos "discricionários", pelo contrário, seriam os que a Administração pratica com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão segundo critérios de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que adstrita à lei reguladora da expedição deles."
 
Para Hely Lopes Meirelles:
" Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização, ao passo que "discricionários" são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização."
 
Com base nos conceitos dados pelos autores, me arrisco á uma breve explicação sobre, é possível entender que Atos vinculados, estão vinculados a lei, a qual estabelece uma certa regra para sua realização, enquanto que os Atos discricionários, a lei só estabelece uma margem de escolha, onde valora oportunidade e conveniência, dando certa liberdade dentro da margem estabelecida.
Perfeição, validade e eficácia dos atos administrativos:
O ato administrativo é perfeito, quando completa o ciclo necessário à sua formação, diz que o ato administrativo está perfeito quando os processos para sua formação estão concluídos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, diz que “ato perfeito é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já completou todo o seu ciclo de formação”.
O ato administrativo é válido quando todo seu processo de formação está conforme os requisitos estabelecidos pela ordem jurídica, então validade é a adaptar o ato às exigências normativas.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, quanto a validade do ato administrativo:
"A validade diz respeito à conformidade do ato com a lei: a motivação deve referir-se a motivos reais, a autoridade que assina deve ser a competente, a publicação deve ser a forma exigida para divulgar o ato. O ato pode ter completado o seu ciclo de formação, mas ser inválido e vice-versa."
O ato administrativo é eficaz, quando depois de concluído todo seu processo e conforme os requisitos estabelecidos pela ordem jurídica, a produção dos seus efeitos já esteja disponível, não dependendo de qualquer fator posterior.
Requisitos do Ato Administrativo:
Os requisitos do ato administrativo são seus elementos constitutivos necessários a sua validade. Hely Lopes Meirelles menciona como sendo 5 os requisitos para validade do ato:
1- Forma:
A forma é a exteriorização do ato, sendo um requisito vinculado e imprescindível à sua perfeição. Para Hely Lopes Meirelles, "a inexistência da forma induz a inexistência do ato administrativo".
A forma do ato é a maneira como ele é feito, ou seja, a forma escrita, data, entre outros aspectos exteriores do ato.
Hely Lopes Meirelles diferencia a forma do ato administrativo com o procedimento administrativo:
"A forma é o revestimento material do ato; o procedimento é o conjunto de operações exigidas para sua perfeição. Assim para uma concorrência há um procedimento que se inicia como o edital e se finda com a adjudicação da obra ou do serviço; e há um ato adjudicatório que se concretiza, afinal, pela forma estabelecida em lei. O procedimento é dinâmico; a forma é estática."
2- Finalidade:
A finalidade é a razão pelo qual o ato foi constituído, ou "para quê" ele foi feito, a finalidade de um ato administrativo deve ser sempre uma finalidade pública, ou seja, como razão do ato deve ser sempre atingir o interesse público.
Segundo Hely Lopes Meirelles, a alteração da finalidade da norma explícita ou implícita na lei ou no ordenamento jurídico “caracteriza desvio de poder”, que acarreta a invalidação do ato, por faltar elemento em sua formação, ou seja, “o fim público desejado pelo legislador”.
3- Competência:
A competência é o poder atribuído a um agente público para praticar ou editar os atos administrativos até o limite imposto pela sua autoridade.
Segundo o entendimento de Hely Lopes Meirelles:
"Entende-se por competência administrativa o poder atribuído ao agente da Administração para o desempenho específico de suas funções. A competência resulta da lei e por ela é delimitada. Todo ato emanado de agente incompetente, ou realizado além do limite de que dispõe a autoridade incumbida de sua prática, é invalido por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, qual seja o poder jurídico para manifestar a vontade da Administração."
 - Os três requisitos já citados, foram dispostos dessa maneira á propósito, pois são elementos sempre vinculados, ou seja, a sua realização é regrada pela lei.
4- Objeto:
O objeto seria o resultado do ato administrativo, são os efeitos produzidos de imediato pelo ato.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público”.
5- Motivo:
O motivo seria o que levou a criação do ato administrativo, são as razões que o agente público teve para constituir o ato.
 Segundo Hely Lopes Meirelles, “motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo”.
- Os dois últimos requisitos podem ser vinculados e discricionários, ou seja, podem tanto ser regrados pela lei quantos ter uma margem de escolha conferida pela lei, através da oportunidade e conveniência.
Espécies de Atos Administrativos:
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, dentre os atos administrativos, os mais comuns são a admissão, a concessão, a permissão, a autorização, a aprovação, a licença e a homologação. 
a) Admissão: é o ato pelo qual a administração inclui alguém em estabelecimento governamental para um serviço público.
b) Concessão: é a designação de fórmula pela qual são expedidos atos ampliativosda esfera jurídica de alguém. 
c) Permissão: é o ato pelo qual a administração cede a alguém a prestação de um serviço público ou defere a utilização especial de um bem público.
d) Autorização: ato pelo qual a administração, discricionariamente, faculta o exercício de atividade material, tendo, como regra, caráter precário.
e) Aprovação: é o ato pelo qual a administração, discricionariamente, faculta a prática de ato jurídico ou manifesta sua concordância com ato jurídico já praticado, a fim de lhe dar eficácia.
f) Licença: é o ato vinculado, pelo qual a administração faculta a alguém o exercício de uma atividade, uma vez demonstrado pelo interessado o preenchimento dos requisitos legais exigidos.
g) Homologação: é o ato vinculado pelo qual a administração concorda com o ato jurídico já praticado, uma vez verificada a consonância dele com os requisitos legais condicionadores de sua válida emissão.
Vale observar que a conceituação das espécies de atos administrativos é muito incerta, não existe total concordância entre os autores na identificação das espécies dos atos, preferi ficar com a conceituação de Celso Antônio Bandeira de Mello, a qual parece de mais fácil compreensão e é a divisão de espécies mais usada pelos autores.
Controle dos Atos administrativos:
Invalidação: é a anulação e invalidade, exercidos pela Administração ou pelo Judiciário, quando o ato é ilegítimo e a extinção do efeito é ex tunc, declarado nulo retroage a data de criação ou ex nunc, não retroage, os efeitos são a partir da invalidação.
Revogação: é feita pela Administração, em sua autoridade no exercício de função administrativa, quando há inconveniência ou não há oportunidade e a extinção dos efeitos é sempre ex nunc, não retroage os efeitos são a partir da revogação.
Conclusão:
Neste trabalho abordamos o tema Ato Administrativo, que é uma manifestação unilateral da vontade com a finalidade de produzir efeitos jurídicos manifestados pela administração pública, tendo sempre como motivo o interesse público. Vale ressaltar que Ato Administrativo é uma espécie de ato da administração e os requisitos necessários para que ocorra a validade do ato administrativo, são a: forma, finalidade, competência, objeto e motivo, sem um desses requisitos o ato é passível de anulação. Com isso concluímos que o ato administrativo é de extrema importância para o funcionamento da administração pública, tendo em vista que são eles que garantem que a administração pública manifeste sua vontade através de seus agentes e o poder que a administração exerce. Quanto à importância do ato administrativo à sociedade, se dá na sua finalidade que é adquirir, resguardar, extinguir, modificar, transferir ou declarar direitos e obrigações, sendo assim essencial a existência do ato administrativo para o funcionamento não só da administração pública, mas também da órbita jurídica.

Continue navegando