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© Aldário Bordonalli 1 EE 521EE 521 Introdução à Teoria EletromagnéticaIntrodução à Teoria Eletromagnética Força e Campo Eletrostático Quadro 2 Introdução � Matematicamente, um campo é uma distribuição espacial de uma quantidade escalar ou vetorial, que pode (variante) ou não (estático) ser uma função do tempo. � Em eletrostática, as cargas elétricas (fontes) estão em repouso e os campos elétricos são invariantes no tempo e não há campos magnéticos. � Em magnetostática, as fontes podem ser um imã permanente, um campo elétrico variando linearmente com o tempo ou uma corrente contínua (carga em movimento, principal foco de estudo). Quadro 3 Introdução II � Campos variáveis no tempo: o que acontece se o campo elétrico varia com o tempo? Como isto pode acontecer? E se o campo magnético for variável no tempo, quais as conseqüências? Qual a origem desta variação? � Conceitos que levam a formulação das Equações de Maxwell. Quadro 4 Força e campo eletrostáticoForça e campo eletrostático � Lei de Coulomb e cargas elétricas. � Campo elétrico devido a cargas pontuais e distribuídas (linha, superfície e volume). � Campo elétrico de reta de cargas e plano uniformemente carregado. � Linhas de campo elétrico. Quadro 5 Carga e conservação � Quem nunca observou o efeito de atração posterior ao atrito entre diferentes materiais? � Na natureza, pode-se dizer que tudo e todos tendem a procurar um estado de equilíbrio. � Os materiais, que são compostos por átomos e moléculas, apresentam um comportamento neutro em relação à eletricidade quando em equilíbrio. � Em outras palavras, o somatório de cargas é nulo (princípio de conservação da carga). � Carga: propriedade fundamental da matéria que existe somente em múltiplos positivos ou negativos da carga de um elétron : e = 1,6021892 × 10-19 C � C: unidade que define a carga – coulomb Quadro 6 Atrito e atração � Após o atrito entre corpos, cargas são transferidas de um material para outro, de forma a se quebrar a neutralidade → os corpos passam a possuir carga. � Se um corpo (mais leve) neutro ou com carga de sinal oposto é colocado próximo ao que foi friccionado, observa-se que uma atração passa a existir, ou seja, uma força age de forma semelhante ao que acontece com a gravidade, aproximando-se os corpos ao ponto de contato. � Este fenômeno já era observado desde a Grécia antiga. � Foi um coronel das forças armadas francesas, Charles Coulomb, intrigado por este efeito de atração, que elaborou uma série de experimentos para verificar este fenômeno. © Aldário Bordonalli 2 Quadro 7 Experimento de Coulomb � Coulomb utilizou uma delicada balança de torção que inventou para determinar quantitativamente a força exercida entre dois objetos com determinada carga elétrica estática. � Cargas iguais – repulsão. � Cargas diferentes – atração. http://www.magnet.fsu.edu/education/tutorials/ java/torsionbalance/index.html Quadro 8 Como se acumulava carga?? Quadro 9 Lei de Coulomb � Coulomb estabeleceu que a intensidade da força entre dois objetos pequenos, separados pelo vácuo ou pelo espaço livre, a uma distância grande comparada aos seus tamanhos, é diretamente proporcional à carga de cada um e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles: � F é a força (N), Q1 e Q2 são as quantidades de cargas positivas ou negativas e R é a distância entre as cargas (m). 2 21 R QQkF = Quadro 10 Lei de Coulomb II � A constante de proporcionalidade k é dada por: � A permissividade do espaço livre tem valor dado por: 04 1 piε =k F/m10 36 110854,8 9120 −− ×≈×= pi ε Quadro 11 Lei de Coulomb III � No entanto, como qualquer força, a lei de Coulomb tem caráter vetorial. � Coulomb observou que a força de atração (cargas diferentes) ou repulsão (cargas iguais) age ao longo de uma linha imaginária que une as cargas. � Não esquecer que esta força é mútua (ação e reação): as forças que uma carga exerce sobre a outra são iguais em módulo, de mesmas direções, porém de sentidos opostos. Quadro 12 Lei de Coulomb IV � Sejam Q1 e Q2 duas cargas de mesmo sinal. A força que, por exemplo, Q1 exerce sobre Q2 é dada por: 122 120 21 122 12 21 12 ˆ4 ˆ a R QQ a R QQkF piε == r 12 12 12 12 12 12 12ˆ rr rr R R R R a rr rrr r r − − === © Aldário Bordonalli 3 Quadro 13 Exemplo 1 Considere que uma carga Q1 = 3 × 10-4 C é colocada no ponto (1,2,3) do sistema cartesiano. Já a carga Q2 = -1 × 10-4 C é colocada em (2,0,5). Qual a força exercida por Q1 em Q2? ( ) ( ) ( ) zyx zyx zyxzyx aaaR aaarrR aaaraaar )))r )))rrr )))r)))r 22 352012 502321 12 1212 21 +−= −+−+−=−= ++=++= Resposta: Primeiramente, encontram-se os vetores r1 e r2 e, depois, o vetor R12: Quadro 14 Exemplo 1 (cont.) Assim, o versor a12 na direção do vetor R12 (representa o segmento orientado que vai da carga 1 à carga 2) é dado por: 3 ˆ2ˆ2ˆ 221 ˆ2ˆ2ˆ ˆ 222 12 12 12 zyxzyx aaaaaa R R a +− = ++ +− == r r Aplicando a expressão que determina a força: ( )( ) ( ) N3 ˆ2ˆ2ˆ 30 3 ˆ2ˆ2ˆ 310 36 14 101103 29 44 12 +− −= +− × ×−× = − −− zyxzyx aaaaaaF pi pi r Quadro 15 Intensidade de Campo Elétrico � A intensidade de campo elétrico é definida como sendo a força por unidade de carga que uma carga de teste muito pequena e estacionária sofre quando é colocada numa região (vácuo ou espaço livre) onde um campo elétrico existe. � Em outras palavras, suponha que a carga Q1 esteja em uma posição fixa. Se a posição da carga Q2 é mudada lentamente em torno de Q1, observa-se que haverá sempre uma força atuando na segunda, independente- mente da sua nova posição. � Assim, Q2 está evidenciando a existência de um campo de força!!! Quadro 16 Intensidade de Campo Elétrico II � Se a segunda carga for considerada como uma carga de prova Qp, a força que age sobre ela é dada por: � Escrevendo esta força por unidade de carga, tem-se o vetor intensidade de campo elétrico: p p p p aR QQ F 12 10 1 1 ˆ4piε = r p pp p a R Q Q F E 12 10 11 ˆ 4piε == r r Quadro 17 Intensidade de Campo Elétrico III � O vetor intensidade do campo elétrico, dado em unidades de newtons por coulomb (N/C), que equivale à volt (N.m/C) por metro (V/m), depende apenas da carga Q1 e está dirigido ao longo do segmento que vai desta carga à carga de prova. � Dependendo da geometria do problema sendo analisado, pode ser necessário a adoção de um sistema de coordenadas mais adequado (cartesiano, cilíndrico ou esférico), para simplificar o problema. Quadro 18 Generalizando o vetor E � Seja Q uma carga positiva localizada em um determinado ponto do espaço. � O vetor E calculado em um ponto P do espaço é dado por: RaR QE ˆ 4 20piε = r rr rr R R R R aR ′ − ′− === rr rrr r r ˆ © Aldário Bordonalli 4 Quadro 19 Exemplo 2 � Considere que uma carga q é colocada na origem de um sistema cartesiano. Determine o vetor intensidade de campo elétrico a uma distância (x,y,z) da origem. zyxR zyx zyxzyx a zyx z a zyx y a zyx x R R a azayaxrrR azayaxraaar ˆˆˆˆ ˆˆˆ ˆˆˆˆ0ˆ0ˆ0 222222222 ++ + ++ + ++ == ++=′−= ++=++=′ r r rrr rr Resposta: Como a carga está na origem, temos que o vetor r’ = 0. Portanto, os vetores r e R e o versor aR são dados por: Quadro 20 Exemplo 2 (cont.) zyxr a zyx z azyx y a zyx x a ˆˆˆˆ 222222222 ++ + ++ + ++ = Observar que o versor aR corresponde, exatamente, ao versor ar das coordenadas esféricas, como se devia esperar: Assim, em coordenadas esféricas: r a r qE ˆ 4 20piε = r Quadro 21 Exemplo 3 � No ponto (-0,2; 0; -2,3), determine a intensidade de campo elétrico devido a uma carga Q = 5 × 10-9 C que é colocada no ponto (0,2; 0,1; -2,5). Resposta: Neste caso como a carga não está na origem, deve-se trabalhar com o sistema cartesiano. Primeiramente, encontram-se os vetores r’, r e R, e, depois, o versor aR: ( ) ( ) ( )222 2,01,04,0 ˆ2,0ˆ1,0ˆ4,0 ˆ ˆ2,0ˆ1,0ˆ4,0 ˆ3,2ˆ0ˆ2,0ˆ5,2ˆ1,0ˆ2,0 +−+− +−− == +−−=′−= −+−=−+=′ zyx R zyx zyxzyx azaa R R a azaarrR aaaraaar r r rrr rr Quadro 22 Exemplo 3 (cont.) Assim, a intensidade do campo elétrico é dada por: ( ) ( ) ( )V/mˆ437,0ˆ218,0ˆ873,05,214 458,0 ˆ2,0ˆ1,0ˆ4,0 458,010 36 14 105 29 9 zyx zyx aaaE aaa E +−−= +−− × × = − − r r pi pi Como ficaria o campo elétrico em um determinado ponto se mais de uma carga estivesse sendo considerada???? Quadro 23 Campo de n cargas pontuais � Como ficaria o campo elétrico em um determinado ponto do espaço se mais de uma carga estiver sendo considerada simultaneamente? � Observando-se a lei de Coulomb, chega-se a conclusão que a mesma é linear → assim, a intensidade do campo elétrico devido à contribuição de n cargas pode ser obtido aplicando-se o princípio da superposição, de tal forma que: k k n k k k n k k k k rr rr rr Q a R QE rr rr rr r − − − == ∑∑ == 1 2 01 2 0 4 1 ˆ 4 1 piεpiε Quadro 24 Exemplo 4 Considere que as cargas Q1 e Q2 são colocadas no espaço de acordo com o diagrama apresentado. Determine o vetor intensidade de campo elétrico no ponto P. x y z Q1 Q2 P © Aldário Bordonalli 5 Quadro 25 Exemplo 4 (cont.) Resposta: o diagrama abaixo mostra uma possível solução para o problema apresentado. ( ) ( ) − − + − − = 3 2 22 3 1 11 04 1 rr rrQ rr rrQE rr rr rr rr r piε Quadro 26 Campo devido a cargas distribuídas � Ao considerar uma região do espaço preenchida por um número muito grande de cargas separadas por distâncias infinitesimais, pode-se substituir esta distribuição de cargas pontuais por uma distribuição suave e contínua chamada de densidade volumétrica de carga. � Se um pequeno volume ∆v deste espaço contém uma pequena quantidade de carga ∆Q uniformemente distribuída, a densidade volumétrica de carga (C/m3) pode ser escrita como: v Q v ∆ ∆ =ρ Quadro 27 Densidade volumétrica de carga � Matematicamente, pode-se transformar a contribuição do elemento de carga ∆Q em pontual aplicando-se o limite quando ∆v tende a zero, de maneira que: � A carga total (distribuída uniformemente) é, portanto: dv dQ v Q v v =∆ ∆ = →∆ 0 limρ ∫= volume vdvQ ρ Quadro 28 O campo elétrico e ρv � Considerando-se o que foi apresentado em relação ao campo elétrico de várias cargas pontuais, cada elemento de carga dQ pode ser assumido como uma carga pontual e, portanto, gerar uma contribuição vetorial dE à intensidade total de campo elétrico dada por: RaR dQEd ˆ 4 20piε = r Quadro 29 O campo elétrico e ρv II � Como se assume uma distribuição de cargas, o somatório pode ser substituído por uma integração, de maneira que o campo elétrico total fica: ∫∑∑ =⇒= ∞ = ∞ = R k R k a R dQEa R dQEd ˆ 4 1 ˆ 4 1 2 01 2 01 piεpiε rr ∫∫ ′ − ′ − ′ − == volume v volume v R dv rrrr rrdv R aE 2 0 2 0 4 1 ˆ 4 1 rrrr rr r ρ piε ρ piε Quadro 30 Comentários � Na equação acima, o vetor r liga a origem ao ponto onde o vetor E está sendo determinado. � O vetor r’ liga a origem ao ponto onde se situa o elemento de carga dQ = ρvdv. � A distância entre o elemento de carga e o ponto é dado pelo termo em módulo. � A notação “volume” da integral deve ser considerada como uma integração tripla. ∫ ′ − ′− = volume v dv rr rrE 3 04 1 rr rr r ρ piε © Aldário Bordonalli 6 Quadro 31 Densidade superficial de carga � Se a região de concentração de um número muito grande de cargas separadas por distâncias infinitesimais for uma superfície, pode-se substituir esta distribuição de cargas pontuais por uma distribuição suave e contínua chamada de densidade superficial de carga ρs. � Esta distribuição de carga é importante, pois pode representar aquelas encontradas em linhas de transmissão do tipo fita ou em capacitores de placas paralelas. � Como será visto posteriormente, como a carga eletrostática permanece na superfície de condutores, o conceito de ρs se torna útil no estudo de vários problemas. Quadro 32 O campo elétrico e ρs � De maneira semelhante ao que foi definido em relação à densidade volumétrica de carga, a densidade superficial de carga é dada por: � Assim, assumindo-se um elemento de carga superficial dQ como uma carga pontual, a contribuição vetorial dE à intensidade total de campo elétrico dada por: R s a R ds Ed ˆ 4 20piε ρ = r ds dQ s Q s s = ∆ ∆ = →∆ 0 limρ Quadro 33 O campo elétrico e ρs II � Integrando-se as contribuições pontuais, campo elétrico total fica: ∫= área R s a R ds E ˆ 4 1 2 0 ρ piε r ∫ ′ − ′− = área s ds rr rrE 3 04 1 rr rr r ρ piε Quadro 34 Densidade linear de carga � Pode-se ainda considerar a região de concentração de um número muito grande de cargas separadas por distâncias infinitesimais como sendo uma linha (uma dimensão). � Da mesma forma que anteriormente, esta distribuição de cargas pontuais pode ser substituída por uma distribuição suave e contínua chamada de densidade linear de carga ρl. � Por exemplo, no caso de um feixe de elétrons, se a movimentação dos mesmos é constante e uniforme, pode-se considerar esta situação como de elétrons estacionários com carga distribuída ρl. Quadro 35 O campo elétrico e ρl � Mais uma vez, de maneira semelhante ao que foi definido para densidade volumétrica de carga, a densidade linear de carga é dada por: � Assim, assumindo-se um elemento de carga linear dQ como uma carga pontual, a contribuição vetorial dE à intensidade total de campo elétrico dada por: R l a R dl Ed ˆ 4 20piε ρ = r dl dQ l Q ll = ∆ ∆ = →∆ 0 limρ Quadro 36 O campo elétrico e ρl II � Integrando-se as contribuições pontuais, campo elétrico total fica: ∫= linha R l a R dl E ˆ 4 1 2 0 ρ piε r ∫ ′ − ′− = linha l dl rr rrE 3 04 1 rr rr r ρ piε © Aldário Bordonalli 7 Quadro 37 Exemplo 5 Calcular o campo elétrico num ponto P devido a uma linha de carga reta de comprimento infinito e densidade linear de carga uniforme ρl. . . . P . . . ρl Quadro 38 Exemplo 5 (cont.) � Uma maneira de simplificar a solução de um problema de eletromagnetismo é procurar algum tipo de simetria em relação à origem do sistema de coordenadas a ser adotado. � Com isto, pode-se chegar a conclusões qualitativas, tais como em que coordenadas o campo não varia e/ou quais componentes do campo não estão presentes. � Para o exemplo em questão, por se tratar de uma linha infinita, pode-se adotar a origem de coordenadas sobre a linha de carga, num ponto onde uma reta imaginária,perpendicular à linha e passando por P, corta a linha de carga. � Dada a simetria do problema, que é a de encontrar o campo num ponto P a uma certa distância da linha, o sistema de coordenadas cilíndricas se mostra o mais adequado. Quadro 39 Exemplo 5 (cont.) . . . P . . . ρl x y z Quadro 40 Exemplo 5 (cont.) Tomando-se agora um elemento de carga dQ distante da origem de uma distância L, o elemento de campo dE pode ser determinado segundo o esquema abaixo. ρl dEρ d Quadro 41 Exemplo 5 (cont.) Considerando a simetria relativa ao ponto P, há um elemento de carga dQ distante da origem também de L, em posição simétrica em relação ao primeiro. Assim, pode-se concluir que o campo total deverá existir apenas na direção radial → isto ocorrerá pois haverá o cancelamento das componentes em z devido à simetria dos elementos de carga. Se o ponto for girado em torno do eixo z, a situação continuará se repetindo e apenas a componente radial continua existindo → portanto, não há componente de campo nas direções z e φ. R dEρ dEz dEρ Quadro 42 Exemplo 5 (cont.) R l a R dlEd ˆ 4 20piε ρ = r rrR ′−= rr r ( ) constante== ll z ρρ 22 sin Ld d + =θ 22 LdrrR +=′−= rr r R R aR r r =ˆ dLdl = θρ ρρρ sin ˆ EddE adEEdEd r rr = ==Como há simetria, o campo existe apenas na direção radial, de maneira que: ρl d r’ r dL dEρ aρ © Aldário Bordonalli 8 Quadro 43 Exemplo 5 (cont.) ( ) ( ) ( )mV d aE d E Ld dLdE Ld d Ld dLdE R dLdE l l l l l / 2 ˆ 2 4 4 sin 4 0 0 2/322 0 22222 0 2 0 piε ρ piε ρ piε ρ piε ρ θ piε ρ ρ ρ ρ ρ ρ =∴ = + = ++ = = ∫ ∞+ ∞− r ρl d r’ r dL dEρ aρ Quadro 44 Comentários � A adoção da origem do sistema de coordenadas em relação ao ponto P facilitou a resolução do problema – a solução ficaria bem mais complicada se a origem fosse arbitrária, sem levar a simetria em consideração. � A adoção do sistema de coordenadas cilíndricas também tende a simplificar a solução. � Se a densidade de carga linear não for uniformemente e simetricamente distribuída, componentes de campo na direção z poderão existir. � Apesar da linha de carga infinita não existir fisicamente, os resultados obtidos podem ser aproximados para uma longa linha de carga finita, em pontos próximos (distância muito menor que o comprimento da linha) à linha. Quadro 45 Exemplo 6 Calcular o campo elétrico num ponto P devido a uma superfície plana infinita de cargas com densidade superficial de carga uniforme ρs. . . . P . . . ρs ... ... Quadro 46 Exemplo 6 (cont.) � Para o exemplo em questão, por se tratar de uma superfície plana infinita, pode-se adotar o plano yz como representando a superfície, com o eixo x perpendicular a ela e passando por P. � Se um elemento superficial de carga de comprimento infinito paralelo ao eixo z e espessura dy a uma distância y da origem for considerado, a simetria em z (valem as conclusões da linha infinita de carga) e em y (existe um elemento simétrico em relação à origem com as mesmas dimensões) levam à conclusão de que o campo só poderá existir na direção x. Quadro 47 Exemplo 6 (cont.) Considerando o elemento de carga dQ distante da origem de y, o elemento de campo dE = dEx pode ser determinado segundo o esquema abaixo xˆ dEx Eρ Quadro 48 Exemplo 6 (cont.) � É interessante notar observar que a análise do problema pode partir dos resultados obtidos para a linha de carga infinita → a superfície infinita é formada por um infinito número de linhas de carga infinitas colocadas paralelamente!! � Como a distribuição de cargas é uniforme, sem perda de generalidade, pode-se escrever que: � Portanto, o campo gerado por uma linha de carga contida na superfície e pertencente ao elemento de carga é: dysl ρρ = θ piε ρ piε ρ ρρ cos22 ˆ 00 R dydE R aE sxl =⇒= r © Aldário Bordonalli 9 Quadro 49 Exemplo 6 (cont.) xˆ dEx Eρ ( ) ( ) 0 0 22 0 22 0 0 2 ˆ 2 2 2 cos 2 ε ρ ε ρ piε ρ piε ρ θ piε ρ s x s x s x s x s x xE E dy yx xE yx xdydE R dydE =∴ = + = + = = ∫ ∞+ ∞− r Quadro 50 Comentários � Se o ponto P fosse escolhido no eixo x negativo, o campo seria o mesmo, porém, acrescido do sinal de menos. � O resultado mostra que o campo resultante de uma placa plana infinita é constante em módulo e direção, independentemente da distância do ponto de referência à superfície. � Fica como sugestão resolver novamente o problema, considerando o elemento de carga como um anel cujo centro coincide com a origem do sistema de coordenadas. � O que aconteceria com a intensidade do campo elétrico se uma segunda superfície infinita de densidade uniforme de carga -ρs fosse colocada paralelamente à primeira, a uma distância x = a? Quadro 51 O capacitor de placas paralelas � Como a intensidade do campo independe da distância, a contribuição de cada placa será, em módulo, a mesma!!!! � Para x > a: � Para x < 0: � Para 0 < x < a: 0 2 ˆ 2 ˆ 21 0 2 0 1 =+=−== EEExExE totalss rrrrr ε ρ ε ρ 0 2 ˆ 2 ˆ 21 0 2 0 1 =+==−= EEExExE totalss rrrrr ε ρ ε ρ 0 21 0 2 0 1 ˆ2 ˆ 2 ˆ ε ρ ε ρ ε ρ s total ss xEEExExE =+=== rrrrr Quadro 52 Comentários � O resultado mostra que, quando duas superfícies infinitas de densidades superficiais de carga uniformes e de sinais contrários são colocadas paralelamente uma à outra, a intensidade de campo elétrico resultante é zero para região externa às superfícies e constante no interior, independentemente da distância entre as superfícies. � O resultado aproxima-se daquele obtido para um capacitor de placas paralelas, contanto que as dimensões das placas sejam muito maiores que a separação entre elas e que o ponto de referência esteja bem distante das bordas. � O campo externo de um capacitor real é diferente de zero, porém, na maioria dos casos, desprezível. Quadro 53 Linhas de campo � Por definição, as linhas de campo são linhas tangentes, em cada ponto, ao vetor intensidade de campo elétrico resultante. � Como as análises do campo produzido por diferentes distribuições de carga resultam em equações vetoriais, nem sempre a interpretação do módulo e da distribuição espacial deste campo é uma tarefa simples, como no caso dos exemplos até agora analisados. � Em muitos casos, utilizar um recuso visual para a representação do campo permite uma interpretação mais simples e rápida do mesmo, contanto que se saiba o que se pretende desenhar → o conceito de linhas de campo se torna útil. � Por exemplo, considere o campo produzido por uma linha de carga → das análises feitas, este campo possui direção radial, com intensidade caindo com o inverso da distância. Como ficariam as linhas de campo? Quadro 54 Linhas de campo de uma linha de carga Representação pobre Representação direcional e de intensidade Representação direcional e de intensidade Representação apenas direcional © Aldário Bordonalli 10 Quadro 55 A representação direcional � Como observado, a representação da intensidade do campo pode conter mais detalhes do que se pode imaginar. � No último exemplo, observa-se que houve a preocupação, apenas, de se mostrar a direção do campo. � Foram desenhadas linhas contínuas, partindo da carga e tangentes, em qualquer ponto, ao campo, onde assetas indicam a direção do mesmo. � Estas linhas, representação mais comum das linhas de campo (ou linhas de fluxo ou linhas de direção), podem conter a informação da intensidade do campo se o espalhamento entre as linhas for levado em consideração (espaçamento inversamente proporcional à intensidade). � No exemplo anterior, as linhas ficam mais distantes umas das outras (a intensidade do campo cai) conforme o ponto de referência se afasta da linha de carga. Quadro 56 Linhas de campo de um dipolo ( ) ( )[ ]θθ piε θ sinˆcos2ˆ 4 30 aa R qdE r += r x z θ Quadro 57 Como esboçar as linhas de campo? � Obviamente, o esboço das linhas de campo do exemplo anterior é mais complexo que o mostrado, pois apenas o plano que contém as cargas foi considerado. � Normalmente, esta simplificação é adotada para facilitar a visualização. � Deve-se destacar que duas linhas de campo nunca se cortam pois, se isto acontecesse, na interseção teriam-se duas direções para o campo em um mesmo ponto, o que, pela definição de linhas de campo, seria impossível. Quadro 58 Como esboçar as linhas de campo? � Seja um arco elementar orientado dl de uma linha de campo → a condição de paralelismo entre o vetor campo elétrico e dl (com componentes dy e dx) determina a proporcionalidade entre suas componentes de campo, de maneira que: � Este procedimento permite montar as equações diferenciais para as linhas de campo. == dz E dy E dx E zyx Quadro 59 Exemplo 7 Determinar as linhas de força de uma linha de carga com ρl = 2piε0. ( )mV d aE /1ˆρ= r Neste caso, tem-se que: Em coordenadas cartesianas: 0ˆˆ1ˆ sin1ˆˆ1ˆ cos 1 ˆˆ 1 ˆ =⋅=⋅= =⋅=⋅= =⋅=⋅= zzz yyy xxx aa d aEA d aa d aEA d aa d aEA ρ ρ ρ φ φ r r r ( )mV yx y a yx x aE yx x yx y yxd yx /ˆˆ cossin 2222 2222 22 + + + = + = + = += r φφ Quadro 60 Exemplo 7 (cont.) Assim: Portanto, tem-se que: x dx y dy x y E E dx dy x y =⇒== ( ) Cxy CCCxCxy x dx y dy =∴ =′+=′+=⇒= lnlnlnlnln O resultado acima permite-se traçar as linhas de campo para uma linha de carga infinita no plano xy, ao se variar o valor da constante C. © Aldário Bordonalli 11 Quadro 61 Exemplo 7 (cont.) Quadro 62 Exemplo 8 Determinar a equação das linhas de campo para o campo elétrico: ( )mV y a x aE yx / 1 ˆ 1 ˆ += r Neste caso, tem-se que: ydyxdx y x E E dx dy x y =⇒== =′=−⇒′+=⇒= 222 22 22 CCCyxCyxydyxdx hipérbole Assim: Quadro 63 Exemplo 8 (cont.) C = 1 C = 4 C = 16
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