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ANÁLISE URBANA Professora: Márcia Augusta Pereira Email: marcia.pereira@prof.una.br CIDADE: OBRA E PRODUTO Cidade: Obra e Produto LAHORGUE M. L. (2002) Cidade: obra e produto • o texto explora as relações existentes na/da cidade entre valor de uso e troca, entre obra e produto. • mostra o uso político que freqüentemente é feito da realização de obras públicas por governos municipais, da apropriação do sentimento de pertencimento pelos governantes • indica que o turismo tende a transformar o espaço urbano em valor de troca. Palavras-chave: cidade, valor de uso, valor de troca, obra, produto, pertencimento, turismo. A história da cidade moderna a história da contradição entre valor de uso e valor de troca cidade moderna: formas urbanas desenvolvidas com o advento da industrialização . Valor de Uso & Valor de Troca sociedade atual - fundamentada na produção de mercadorias Sociedade atual fundamentada na produção de mercadorias fabrica proprietários dos meios de produção proprietários da força de trabalho Valor de Troca. Os proprietários da força de trabalho, no processo de trabalho e numa quantidade “x” de tempo, produzem uma determinada quantidade de valor, só passível de realização por meio da troca. Os bens produzidos necessitam serem vendidos para que o ciclo da mercadoria se “feche” e o capital possa se reproduzir e se valorizar. Para serem vendidos os bens produzidos precisam ter Valor de Uso. Mas hoje em dia os valores de uso são criados… Valor de Uso & Valor de Troca Valor de troca o caráter social da atividade de criação de mercadorias fica escondido pelo processo de troca • as coisas são abstraidas de sua possibilidade de uso • os produtos do trabalho social se relacionam entre si como coisas mediadas por outra coisa - o dinheiro. tanto a forma social do produto como a própria participação dos indivíduos na produção dos mesmos se apresenta como algo alheio a eles. A SOCIEDADE como uma teia de relações permeada pela relação monetária A cidade antes do capitalismo era mais obra do que produto ... (Lefebvre 1978) A cidade como centro da vida social e politica, produtor de conhecimento, tecnicas e obras – tinha valor de uso ... nem a cidade nem a terra haviam se transformado em MERCADORIA Depois da industrialização, o espaço urbano passa a viver mais intensamente a contradição entre valor de uso e de troca. A terra como mercadoria • O desenvolvimento do capitalismo foi também um longo processo de transformação na propriedade fundiária • as bases do sistema estão assentadas na existência da propriedade privada e a criação da moderna propriedade fundiária legitimou a posse, transformando a terra em propriedade. A terra: uma mercadoria diferente • não produzida numa fábrica, a terra não pode ser replicada • um proprietário detém sempre um monopólio sobre um pedaço de terreno • seu valor dependente da localização - a localização é uma qualidade configurada pela sociedade como um todo • terrenos mais “valorizados” são aqueles situados onde haja infra-estrutura pronta (água, luz, esgoto), acesso facilitado pela existência de transporte coletivo, proximidade de serviços, legislação que permita a verticalização, em suma, condições que independem do terreno em si O espaço e o tempo “O espaço envolve o tempo. Por mais que se queira omiti-lo, não se deixa dominar. Através do espaço, o que se produz e reproduz é um tempo social.” (LEFEBVRE, 1976:110) Ao comprar um terreno urbano, compra-se uma “distância” ao trabalho, `a escola, aos serviços, ao lazer, aos amigos e familiares, ao comércio… O papel do Estado na constituição do espaço urbano O Estado financia a produção, distribuição e administração da grande maioria dos meios de consumo coletivos, interfere na localização e “valorização” das coisas existentes no espaço urbano: a abertura de vias, o calçamento das mesmas, a presença da distribuição da água, luz e esgoto, a existência de meios de transporte coletivo, etc. O Estado é um dos elementos fundamentais na organização espacial das cidades. A indústria do Turismo • as cidades são vendidas enquanto pontos turísticos -como produtos • o investimento público funciona como estimulador das desigualdades – exemplo: obras que atraem classes mais privilegiadas (mais dinheiro gasto na cidade) e privilegiam o automóvel em vez de transportes coletivos Ao comprar um terreno urbano, compra-se uma “distância” ao trabalho, `a escola, aos serviços, ao lazer, aos amigos e familiares, ao comércio… A terra, uma mercadoria diferente • potencialidades variáveis de uso: como elemento de especulação imobiliária, o terreno pode ser destinado à construção de um edifício comercial, residencial, uma casa, um estacionamento, etc. A princípio, existe uma possibilidade quase infinita de realização do valor de troca da terra (e do espaço) na sociedade. • inúmeros proprietários – propriedade privada pulverizada – mesmo não sendo dono da terra, o usuario pode ser dono da casa ou do apartamento. • dificuldade de controle A configuração dos espaços das cidades tem um componente ANÁRQUICO - exemplo das favelas - Planejamento Urbano e Participação O espaço urbano é um lugar de contradições, diversidade e conflitos sociais. As pressões sociais de grupos ou frações de classe legitimam e dão forma concreta às ações “planejadas”. Só é possível haver planejamento minimamente “respeitado” se este processo acontecer fora dos Gabinetes fechados das Prefeituras e for PARTICIPATIVO. Planejar a cidade deve ser um processo de reconhecimento de interesses e classes sociais diferentes lutando, entre outras coisas, por vantagens locacionais e serviços urbanos. Exercício em grupo Escolham um bairro de Belo Horizonte e analisem-no quanto ao valor de uso e de troca de seus terrenos, considerando os pontos discutidos: • localização • infraestrutura: vias, calçamento, distribuição da água, luz e esgoto, a existência de meios de transporte coletivo • acesso a serviços, comércio, áreas verdes e de lazer • população, organização e participação da comunidade e de outros atores sociais • exemplos de obras como produtos Referência LAHORGUE M. L. Cidade: obra e produto. Geosul, v.17(33). Florianópolis, 2002. Disponível em http://www.journal.ufsc.br/index.php/geosul/ article/viewFile/13786/12656.
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