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Homicidio_Qualificado

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PARTE ESPECIAL: TÍTULO I – CRIMES CONTRA A PESSOA
TEMA: HOMICÍDIO (ART. 121 DO CP)
1. INTRODUÇÃO
No capítulo I do Título I do Código Penal, arts. 121 a 128, foram estabelecidos pelo legislador pátrio os denominados crimes contra a vida, são eles: homicídio; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; infanticídio; e aborto.
O homicídio, por sua vez, é o crime por excelência. É aquele que, sem dúvida, desperta mais interesse, seja em decorrência dos sentimentos que normalmente o envolve (ódio, inveja, rancor, paixão, vingança, crueldade, torpeza, etc.), seja em razão da forma livre que pode ser praticado, seja em virtude da relevância do bem jurídico que protege. Para Nélson Hungria, “o homicídio consiste na mais chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada”.
De acordo com Ricardo Levene: “A história do homicídio é, no fundo, a mesma história do direito penal. Com efeito, em todos os tempos e civilizações e em distintas legislações, a vida do homem foi o primeiro bem jurídico tutelado, antes que os outros, desde o ponto de vista cronológico, e mais que os restantes, tendo em conta a importância dos distintos bens.”
Trata-se, portanto, de um crime clássico, presente em toda e qualquer legislação penal mundial, que bem atende aos fins do Direito Penal, qual seja, ocupar-se tão somente das mais graves lesões aos bens jurídicos mais relevantes para a vida em sociedade, como ultima ratio, sempre que as demais formas de controle social não forem suficientes para tutelar determinado bem jurídico.
2. CONCEITO
Para a doutrina clássica (Hungria, Carmignani, etc.), homicídio é a “eliminação injusta e violenta da vida humana por outro homem”. A crítica que se faz a este conceito é a de que nem sempre há emprego de violência real, isto é, de força física (Ex: veneno, matar com susto pessoa que sabe ser cardíaca, etc.).
Já de acordo com a moderna doutrina (Guilherme de Souza Nucci, Bitencourt, etc.), homicídio consiste na “supressão da vida de um ser humano causada por outro”. Em outras palavras, reside na destruição/eliminação da vida de alguém por outro homem.
3. BEM JURÍDICO PROTEGIDO
Tutela-se o mais importante bem jurídico, a vida humana, cuja proteção é um imperativo jurídico de ordem constitucional (art. 5º, caput, da CF). Tem a vida a primazia entre os bens jurídicos, sendo indispensável à existência de todo e qualquer direito individual. Afinal, sem vida não há personalidade, e sem esta não há que se falar em direito individual à liberdade, à segurança, à igualdade, à propriedade, etc. 
Nessa linha, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), da qual o Brasil é signatário, também elege a vida como direito fundamental do cidadão, afirmando no seu art. 4º que: “toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido por lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.
Vale ressaltar, no entanto, que nenhum direito fundamental é absoluto, já que necessita conviver harmoniosamente com os outros direitos essenciais. A Carta Magna, inclusive, visando atender interesses de Estado, prevê a possibilidade de, em tempo de guerra, haver pena de morte (art. 5º, XLVII, a), assim como é lícita a supressão da vida de alguém quando preenchidos os requisitos legais de alguma excludente de ilicitude, a exemplo do estado de necessidade ou da legítima defesa. O que não se tolera é a arbitrariedade!
No aspecto, cumpre ainda afirmar que o direito penal protege a vida desde a sua formação embrionária, abrangendo tanto a vida intra-uterina quanto a vida extra-uterina. A eliminação da primeira, desde a sua concepção até o início do parto, tipificará o crime de aborto, enquanto que a supressão da segunda, após iniciado o parto, tipificará o crime de homicídio ou de infanticídio. 
4. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, pois o tipo penal não exige nenhuma qualificação especial do agente. Trata-se, portanto, de delito comum.
Sujeito Passivo: Pode ser qualquer ser vivo, nascido de mulher, isto é, o ser humano nascido com vida. Mas, afinal, quando começa a vida?
A velha concepção segundo a qual “não ter respirado é não ter vivido” encontra-se totalmente superada. Inegavelmente, a respiração é a prova por excelência da existência da vida, mas não é a única maneira. Em caso de neonato apnéico, por exemplo, a vida pode se manifestar através de outros sentidos, tais como batimentos cardíacos, movimentos circulatórios, etc.
Modernamente, cotejando o quanto disposto no art. 123 do CP com as lições de Medicina Legal, tem-se entendido que a vida começa com o início do parto, isto é, com o início das contrações expulsivas (rompimento do saco amniótico). 
Nas hipóteses em que o nascimento não se produz de forma espontânea, pelas contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, o começo da vida é determinado pelo início da intervenção cirúrgica, ou seja, pela realização da incisão abdominal.
Nesse contexto, é preciso deixar claro que, antes do início do parto, a eliminação da vida configura o aborto, enquanto que a destruição da vida durante o parto ou após a sua realização caracteriza o crime de homicídio – ou de infanticídio, conforme a situação.
Por outro lado, para a consumação do delito em questão, basta que o sujeito esteja vivo. Não importa o seu grau de vitalidade ou a existência ou não de sua capacidade de sobrevivência. Significa dizer que, para a consumação do crime, é suficiente a existência de vida biológica, a qual pode ser atestada por um mínimo de atividades funcionais que o feto já dispõe antes de vir à luz, como a circulação sanguínea. Em suma, há o crime ainda que o bebê seja monstruoso ou inviável, pois o bem jurídico protegido é a vida, e não a vitalidade.
Cabe salientar, contudo, que, cessada a vida, não mais é possível a ocorrência do crime de homicídio. Trata-se, neste caso, de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP).
A Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), especializou o homicídio no que diz respeito ao seu sujeito passivo, cominando pena de reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta) anos, nas hipóteses de serem vítimas de homicídio o Presidente da República, Presidente do Senado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Supremo Tribunal Federal, conforme se vê da leitura do art. 29.
						
Por fim, frise-se que o nosso Código Penal cuida apenas da eliminação da vida humana por outro homem. Não é admissível, destarte, que o agente seja sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo (suicídio). Afinal, pelo princípio da lesividade (nullum crimen sine iniuria), também conhecido por princípio da ofensividade, o Direito Penal somente deve ser aplicado quando a conduta praticada pelo agente causar uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante de terceira pessoa. Em outras palavras, somente em face de um efetivo ataque a um bem jurídico relevante alheio deve intervir o Direito Penal.
Nessa linha, aquilo que for da própria esfera do agente deverá ser respeitado pela sociedade e, sobretudo pelo Estado, não podendo ninguém ser penalmente punido, por exemplo, por condutas lesivas que não ultrapassem o âmbito do autor (ex: autolesão, tentativa de suicídio, etc.).
5. CLASSIFICAÇÃO
Trata-se de crime comum (aquele que não exige nenhuma qualidade especial do agente); material (exige resultado naturalístico, qual seja, morte da vítima); de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio); comissivo, como regra, e, excepcionalmente, comissivo por omissão (omissivo impróprio - garantidor); instantâneo, mas de efeitos permanentes (cujo resultado “morte” se dá em um único instante); dano (consuma-se com a efetiva lesão a um bem jurídico); unissubjetivo (pode ser cometido por um só agente ou mais); plurisubsistente (vários atos integram a conduta de matar; admite tentativa. Aqui cabe tudo!!!
6. TIPO OBJETIVO E ADEQUAÇÃO TÍPICAO homicídio simples, previsto no caput do art. 121 do Código Penal, cuja pena de reclusão varia de 06 (seis) a 20 (vinte) anos, possui a redação mais compacta/ concisa de todos os tipos penais incriminadores, que diz: matar alguém.
É composto, desse modo, pelo núcleo matar e pelo elemento objetivo alguém. Matar tem o significado de tirar/ceifar a vida; Alguém, como já visto acima, diz respeito ao ser vivo, nascido de mulher. Logo, a conduta típica consiste em eliminar a vida de outrem.
Por se tratar de delito de forma livre, o homicídio poder ser praticado através de diversos meios, os quais podem ser subdivididos em diretos ou indiretos, e materiais ou morais.
São diretos os meios através dos quais se vale o agente para, pessoalmente, atingir a vítima (ex: disparos de arma de fogo, esganadura, golpe de machado na cabeça, etc.). São indiretos os meios que operam mediatamente, mediante outra causa provocada pelo ato inicial do agente (ex: fomentar a ira em um louco ou açular cão bravio para que mate a vítima desejada).
 São materiais aqueles que atingem a integridade física da vítima, de maneira física (ex: disparos de arma de fogo, golpe de punhal, etc.), química (ex: uso de veneno ou de açúcar contra diabéticos, etc.) ou patológica (ex: transmissão de moléstia por meio de vírus ou bactérias, etc). Morais são aqueles que atingem o lado psíquico (ex: susto, medo ou emoção violenta contra vítima que se sabe ser portadora de distúrbio cardíaco). 
7. ELEMENTO SUBJETIVO
O elemento subjetivo constante no art. 121, caput, do CP, é o dolo, seja ele direto ou eventual, o qual consiste na vontade livre e consciente de realizar a conduta descrita no tipo, qual seja, de matar alguém (animus necandi), ou na assunção do risco de produzir o resultado morte. No art. 121, §3º, do CP, admite-se também a modalidade culposa.
8. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação do delito de homicídio ocorre com o resultado morte. E qual o critério adotado para se determinar a morte de alguém? Sempre se considerou a cessação das funções vitais do ser humano (coração, pulmão e cérebro). Após o advento da Lei nº 9.434/97, que dispôs acerca da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, adotou-se a morte encefálica como momento de cessação da vida, devendo, portanto, nos termos do art. 3º, ser constatada e registrada por dois médicos não participantes da equipe de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
Morte encefálica consiste num estado irreversível de cessação do encéfalo e das funções neurais, que inexoravelmente conduzirá à cessação das atividades dos demais órgãos (coração e pulmão), salvo se houver o prolongamento artificial dos batimentos e da respiração. 
Tratando-se de crime material, infração penal que deixa vestígios, o homicídio, para que possa ser atribuído a alguém, exigirá a confecção do indispensável exame de corpo de delito, direto ou indireto, conforme determinam os arts. 158 e 167 do Código de Processo Penal. 
Admite-se perfeitamente a tentativa. Esta se verifica quando, após iniciada a execução do delito, o resultado morte não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do agente. Tem início a execução, por exemplo, quando há o efetivo disparo do projétil, a empunhadura do punhal, o ministro do veneno, etc.
Registre-se que se o sujeito ativo provoca somente lesões corporais na vítima, não alcançando o resultado morte desejado, perfaz-se igualmente o delito de homicídio, sob a forma tentada, e não aquele insculpido no art. 129 do CP. In casu, o fundamental é sempre investigar o dolo do agente.
A pena do homicídio simples é de reclusão de 06 a 20 anos. Existem, contudo, causas que podem privilegiar ou qualificar o crime, interferindo sobremaneira na fixação ou cominação da pena. Senão, vejamos:
9. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (Art. 121, § 1º, CP)
De início, cabe esclarecer que a denominação homicídio privilegiado, apesar de ser tradicional na doutrina e na jurisprudência pátria, revela-se completamente inadequada para tal situação.
O verdadeiro crime privilegiado é aquele cujos limites mínimo e máximo da pena alteram-se para montantes menores do que aqueles cominados no tipo penal básico, o que não ocorre neste caso.
Trata-se o § 1º do art. 121 do CP, em verdade, de causa de diminuição de pena, à medida que comina para esta figura típica a pena do homicídio simples, com uma redução de 1/6 a 1/3.
Do ponto de vista técnico, o verdadeiro homicídio privilegiado é o infanticídio, que tem as penas mínima e máxima alteradas para patamares inferiores ao do homicídio simples, embora, para ele, tenha preferido o legislador construir um tipo autônomo. Assim, formalmente, o infanticídio é crime autônomo, embora materialmente não passe de um homicídio privilegiado propriamente dito.
O homicídio privilegiado a que se refere o § 1º do art. 121 do CP, por sua vez, é aquele cujo grau de censura e reprovação é menor, em função da presença de uma circunstância subjetiva, ensejando na diminuição da pena de 1/6 a 1/3.
 
São duas as hipóteses de causa de diminuição de pena previstas no § 1º do art. 121 do CP, a saber: a) quando o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral; b) quando age sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Embora a lei diga que o juiz pode reduzir a pena, cumpre afirmar que não se trata de faculdade do julgador, mas sim de direito subjetivo do agente em ver diminuída a sua pena, sempre que seu comportamento se ajustar a qualquer uma das duas situações elencadas no referido dispositivo legal. Como se vê, cuida-se de um poder-dever, e não de faculdade do juiz. O intervalo de 1/3 a 1/6 é que é discricionário.
9.1. RELEVANTE VALOR SOCIAL OU MORAL
Relevante valor é aquele importante para a vida em sociedade, a exemplo do patriotismo, lealdade, honestidade, fidelidade, inviolabilidade de intimidade e de domicílio, entre outros. São os motivos nobres e altruístas, havidos como merecedores de indulgência, isto é, de menor censura social.
Relevante valor social: é aquele motivo que atende aos interesses da coletividade. Não interessa tão-somente ao agente, mas sim ao corpo social. Nos exemplos clássicos da doutrina, temos a morte de um traidor da pátria e a morte do chefe do tráfico. Como se vê, a morte de tais pessoas não atende apenas ao interesse individual do autor do crime, mas à coletividade, havendo, nestes casos, certa condescendência social, em face do patriotismo ou do sentimento humanitário. É possível, nesse particular, segundo Rogério Greco, traçar um paralelo com a morte de um político corrupto por um agente revoltado com a situação de total impunidade no país.
Relevante valor moral: é aquele que, embora importante, é considerado levando-se em conta os interesses de ordem pessoal. Em outras palavras, é um valor moral individual, que encontra respaldo na moralidade média, merecendo ser digno de condescendência. São exemplos clássicos apontados pela doutrina o pai que mata o estuprador de sua filha e a eutanásia (homicídio piedoso).
Quando o agente causa a morte do paciente já em estado terminal, que não suporta mais as dores e o sofrimento impostos pela doença que está acometido, impelido por esse sentimento de compaixão, deve ser considerado um motivo de relevante valor moral, impondo-se a redução obrigatória da pena.
Cabe distinguir, nesse momento, eutanásia, ortotanásia e distanásia:
Eutanásia: refere-se ao homicídio piedoso, no qual o agente antecipa a morte da vítima, acometida de uma enfermidade incurável, com o fito de abreviar-lhe dor e sofrimento. Em geral, a eutanásia é praticada a pedido ou com a anuência própria vítima. Nesse caso, o paciente ainda não se encontra desenganado pela medicina. Tem sido chamada de “boa morte, morte serena”.
Ortotanásia: refere-se ao homicídio piedosoomissivo, no qual deixa o médico de utilizar os meios medicamentosos ou artificiais que prolonguem a vida da vítima, portadora de doença incurável e em coma irreversível, já desenganada pela medicina. É chamada por alguns doutrinadores de eutanásia passiva. 
Sob o ponto de vista legal, qualquer dessas formas de matar um paciente, que se encontra em agonia, angustiado por uma doença incurável, é criminosa
 Com base no art. 66 do Código de Ética Médica, vale afirmar que o Conselho Federal de Medicina não entende tal conduta como crime, mas sim como um procedimento ético. Existe, inclusive, um projeto de lei em trâmite no congresso nacional, no qual a ortotanásia ou eutanásia por omissão é vista como causa excludente da ilicitude, incluindo-se no art. 121, o § 4º, com a seguinte redação: “Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou, na sua impossibilidade, de seu ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão”. 
Distanásia: consiste na morte lenta e sofrida de alguém, prolongada de forma artificial pelos recursos que a medicina oferece. É o exemplo daqueles pacientes que são mantidos vivos exclusivamente por meio de aparelhos, sem qualquer chance de sobrevida sem os mesmos. Nesta conduta, não se prolonga a vida, mas o processo de morrer.
9.2. SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA
O art. 28, I, do Código Penal, estabelece de forma categórica que a emoção e a paixão – perturbação afetiva passageira ou duradoura, que altera o psicológico do agente – não excluem a imputabilidade penal.
Com essa redação do dispositivo legal, quis o Código Penal permitir a punição dos chamados crimes passionais, ou seja, aqueles que são motivados por uma intensa paixão ou emoção.
A emoção e a paixão, apesar de não excluírem a culpabilidade, podem funcionar como atenuante genérica (art. 65, III, c, CP) ou como causas de diminuição de pena (art. 121, § 1º, e 129, § 4º, ambos do CP), desde que preenchidos todos os requisitos legais.
Configura a hipótese de homicídio privilegiado quando o agente está dominado (tomado) pela excitação dos sentimentos (ódio, ciúme intenso, amor exagerado, etc), em razão de ter sido injustamente provocado pela vítima, momentos antes de tirar-lhe a vida.
Exige-se, portanto, a presença de 03 (três) requisitos para se caracterizar essa causa obrigatória de redução de pena em relação ao homicídio, a saber:
a) sob o domínio de violenta emoção: cuida-se daquela emoção que provoca severo desequilíbrio psíquico, capaz de eliminar a capacidade de reflexão e de autocontrole do agente, dominando-o por completo. Em outras palavras, é o domínio violento que toma o ânimo do agente.
b) provocação injusta da vítima: a emoção que domina o agente tem que ser desencadeada por ato injusto da vítima. Entende-se por provocação a atitude desafiadora, traduzida em ofensas diretas ou indiretas, insinuações, expressões de desprezo, etc. É indispensável que se trate de um ato objetivamente injusto, contrário ao direito, mas não necessariamente um crime (Ex: marido que flagra esposa transando com outro; um sujeito chama outro de reputação ilibada de ladrão perante toda a sua família e seus colegas de trabalho, ou lhe desfere um soco; mulher que sofre maus tratos pelo marido, etc.). 
c) logo em seguida: trata-se de aspecto temporal que deve ser analisado com objetividade, constituindo algo instantâneo, incontinenti. Significa dizer que a reação emotiva tem que ser imediata, súbita, sob pena de caracterizar vingança.
As duas grandes diferenças entre o privilégio (art. 121, § 1º, CP) e a atenuante (art. 65, III, c, CP) são as seguintes: a) para o privilégio exige a lei que o agente esteja dominado pela violenta emoção, ao invés de meramente influenciado; b) para o privilégio se exige o requisito temporal, o que não ocorre na atenuante.
10. HOMICÍDIO QUALIFICADO
É o homicídio praticado mediante determinadas circunstâncias legais de ordem objetiva ou subjetiva, previstas no § 2º do art. 121, as quais qualificam o crime e elevam os limites mínimo e máximo da pena do homicídio simples de 06 (seis) a 20 (vinte) anos para 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
É considerado crime hediondo (art. 1º, I, da Lei 8.072/90), ensejando situações mais gravosas para o réu ou condenado, tais como: são inafiançáveis; regime inicial de cumprimento de pena deverá ser sempre o fechado; os critérios de progressão de regime são mais rigorosos; são insuscetíveis de anistia, graça ou indulto, etc.
Qualificam o crime os meios, os motivos, os modos de execução e os fins. As qualificadoras que correspondem aos motivos estão previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 121. Aquelas que se referem aos meios utilizados encontram-se previstas no inciso III do § 2º do art. 121. Quanto aos modos como a infração penal é praticada, faz alusão o inciso IV do § 2º do art. 121. Por último, o inciso V do § 2º do art. 121 diz respeito às qualificadoras que cuidam dos fins para o qual o crime foi cometido.
MOTIVOS:
I) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou por outro Motivo Torpe
a) Motivo Torpe: é o motivo repugnante, abjeto, vil, indigno, que causa repulsa excessiva à sociedade. É aquele que contrasta violentamente com a moralidade média ou com o senso ético comum. São exemplos o homicídio praticado com o propósito de receber prêmio de um seguro ou apressar a posse de uma herança; eliminar a vida de um co-herdeiro ou de um credor inoportuno; causar a morte de um marido, para abrir caminho aos amores da esposa; o impulso mórbido de lascívia que conduz o agente a atos de necrofilia.
Note-se que a lei penal, nesse caso, vale-se da interpretação analógica, à medida que estabelece dois exemplos iniciais de torpeza e, em seguida, generaliza, ao afirmar “ou outro motivo torpe”.
Paga ou promessa de recompensa, portanto, são formas específicas de torpeza. Trata-se do homicídio mercenário. A paga é o valor recebido antecipadamente, enquanto a promessa de recompensa consiste na promessa de um pagamento futuro. Prevalece o entendimento, nesse aspecto, segundo o qual a recompensa deve ter, para a configuração da qualificadora, um conteúdo econômico. Parte minoritária da doutrina, no entanto, a exemplo de Rogério Greco, sustenta que a qualificadora deve englobar a recompensa destituída de valor econômico (ex: promessa de obtenção de cargo político, casamento; favores sexuais, etc.). Vale ressaltar, ainda, que o agente responde por esse fato independentemente de receber ou não a recompensa prometida, pois o que é censurável é o motivo. 
Vale salientar que é incabível a aplicação da qualificadora àquele que oferece a paga ou recompensa, já que este atua imbuído de motivação diversa, sendo até mesmo possível que o faça por motivo nobre ou altruísta.
II) Motivo Fútil: é aquele insignificante, flagrantemente desproporcional se comparado com o resultado produzido pelo agente. Enfim, é aquele em que há um abismo entre a motivação e o comportamento extremo levado a efeito pelo agente. São exemplos indicados pela doutrina o cliente que mata o garçom por entregar-lhe o troco errado; o cliente que mata a dona de um bar por não ter lhe vendido fiado; aquele que mata o outro em razão de uma fechada no trânsito.
Cumpre afirmar que o motivo fútil não se confunde com a ausência de motivo. Assim, se o sujeito pratica o fato sem razão alguma (o que é raro), não incide a qualificadora, sendo melhor que responda por outra, como é caso do motivo torpe, face à indiferença e crueldade.
MEIOS:
III) Com o emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, Asfixia, Tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
Por mais uma vez, valeu-se a lei penal da interpretação analógica, isto é, a uma fórmula casuística – veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura --, o legislador fez seguir uma fórmula genérica– ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Visa dar tratamento isonômico a situações iguais.
Meio insidioso: É aquele dissimulado na sua eficiência maléfica, quer dizer, aquele meio enganoso, que constitui uma verdadeira cilada para a vítima. Em outras palavras, é aquele meio usado pelo agente sem que a vítima dele tome conhecimento.
Veneno é o meio insidioso pela sua natureza. Trata-se de um meio usado com perfídia, “na manha”, de maneira dissimulada, isto é, às escondidas. O veneno, portanto, é o paradigma do meio insidioso.
Aníbal Bruno afirma que o uso do veneno é um dos meios de dar morte com dissimulação, à medida que age contra uma vítima indefesa, inconsciente da manobra que vai tirar-lhe a vida. Todavia, se a vítima souber que morrerá pelo veneno, sendo forçada a ingeri-lo, entende-se que neste caso não deve incidir esta qualificadora, mas sim aquela relativa à crueldade.
Veneno, por sua vez, consiste em toda substância que, uma vez introduzida no organismo, altera momentaneamente ou suprime definitivamente as funções vitais do indivíduo.
Meio cruel: É aquele que causa propositalmente um sofrimento excessivo e desnecessário à vítima enquanto viva, isto é, aumenta inutilmente o sofrimento do ofendido, ou revela uma brutalidade fora do comum.
O Fogo é um exemplo clássico de meio cruel, pois mata de forma sabidamente terrível e extremamente dolorosa.
Outro meio inequivocamente cruel de provocar a morte de alguém é a Asfixia, a qual consiste na supressão da respiração da vítima. Dá-se a morte, neste caso, pela falta de oxigênio no sangue. A asfixia pode ser mecânica (enforcamento, estrangulamento, esganadura, afogamento, etc.) ou tóxica, mediante o uso de gases tóxicos asfixiantes.
A Tortura, também, encontra-se no rol dos meios cruéis que qualificam o crime de homicídio. Consiste na provocação de um mal desnecessário, dor, angústia e grave sofrimento físico à vítima, como meio para alcançar a morte desta.
Não se confunde com o delito autônomo de tortura. Quando o agente tortura como meio para atingir a morte alguém, responde pelo homicídio qualificado, ficando absorvido, pela consunção, o crime de tortura previsto na Lei 9.455/97. Todavia, quando o intuito do agente é torturar o ofendido, para dele obter, por exemplo, simplesmente a confissão, responderá pelo crime autônomo previsto no art. 1º, I, a, da Lei 9.455/97. Caso dessa tortura resulte morte, responderá o agente por tortura seguida de morte, isto é, crime qualificado pelo resultado (preterdoloso), tipificado no art. 1º, § 3º, da Lei 9.455/97.
Meio que resulte perigo comum: é aquele que, além de causar dano à vítima, traz perigo a outras pessoas.
Explosivo ou fogo (no caso de incêndio), são meios utilizados pelo agente que podem trazer perigo, também, a um número indeterminado de pessoas. Cite-se, por exemplo, o arremesso de uma granada contra a vítima desejada.
MODOS:
IV) À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
Em relação aos modos, novamente o legislador penal se valeu da interpretação analógica. Usando vários exemplos, termina generalizando a partir do seguinte modelo: “qualquer recurso que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima”. Vejamos, a propósito, os exemplos previstos expressamente em lei:
Traição: é aquele modo que pressupõe deslealdade, violação de confiança. Para Guilherme Nucci, trair significa enganar, ser infiel, de modo que, no contexto do homicídio, é a ação do indivíduo que atinge a vítima por trás (pelas costas), desprevenida, sem ter esta qualquer visualização do ataque. Observe-se que o ataque súbito, pela frente, pode constituir surpresa, mas não traição. 
Emboscada: significa ocultar-se para poder atacar, configurando, na prática, a tocaia. Corresponde ao ocultamento do agente, que clandestinamente aguarda a vítima com o propósito de surpreendê-la e agredi-la. Cuida-se da hipótese de ataque súbito, de inopino, que não permite que a vítima se defenda.
Dissimulação: dissimular é ocultar a verdadeira intenção, agindo de maneira totalmente falsa, hipócrita. No caso do homicídio, o agressor, fingindo carinho ou amizade, aproxima-se da vítima para matá-la. Aqui há uma falsa situação de confiança, enquanto que na traição a confiança é quebrada.
O objetivo de tais qualificadoras é punir de maneira mais severa o agente que, covardemente, mata o ofendido. Outros exemplos apontados pela doutrina e pela jurisprudência que se encaixariam na formula genérica desta qualificadora seria atacar quem está dormindo ou completamente embriagado.
FINS:
V) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime
Infere-se desta qualificadora, portanto, que o homicídio nestes casos deverá ter relação com outro crime, havendo a chamada conexão teleológica (meio/fim) ou conseqüencial (causa/efeito).
Execução: visa o agente, com a prática do homicídio, assegurar o cometimento de outro crime (Ex: mata-se o vigilante de uma loja ou empresa no dia anterior, para que se possa invadi-la, com maior chance de êxito, no dia seguinte).
Ocultação: pratica-se um novo crime, a fim de manter desconhecida a infração penal praticada (ex: marido que mata a única testemunha que o viu enterrar o corpo de sua mulher, também morta por ele; alguém que comete um homicídio e depois esconde o cadáver).
Impunidade: aqui a infração penal já é conhecida, o que se busca é garantir a impunidade do seu autor, isto é, eliminar o conhecimento da autoria do crime (ex: agente que mata testemunha que presenciou o homicídio por ele praticado, cujo corpo fora deixado em local público; homicídio da testemunha que seria capaz de identificar o agente como autor do crime de roubo).
Vantagem: busca-se aqui assegurar, com a morte de alguém, a vantagem obtida com o crime anterior (ex: eliminar o parceiro do crime de roubo, a fim de ficar integralmente com o produto do crime).
11. É POSSÍVEL OCORRER HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO?
Predomina na doutrina e na jurisprudência a admissão da forma privilegiada-qualificada, desde que exista compatibilidade lógica entre as circunstâncias. 
As circunstâncias que provocam o privilégio são de ordem subjetiva (relevante valor social/moral e violenta emoção), enquanto que as qualificadoras do crime podem ser de ordem subjetiva (motivos e fins) ou objetiva (meios e modos).
Desse modo, admite-se a ocorrência de um homicídio privilegiado-qualificado quando concorrerem simultaneamente as circunstâncias legais do privilégio com as qualificadoras de ordem objetiva (art. 121, § 2º, III e IV, CP). A título de exemplo, podemos citar o caso do pai que mata o estuprador da filha mediante o emprego de fogo, veneno ou tortura; assim como aquela situação em que o agente, sob o domínio de violenta emoção, pratica o homicídio disparando tiros de surpresa, pelas costas da vítima; etc.
Logo, o que não se admite é a convivência pacífica entre as qualificadoras de ordem subjetiva com qualquer forma de privilégio, tal como seria o homicídio praticado, ao mesmo tempo, por motivo fútil e por relevante valor moral. São, portanto, incompatíveis, já tendo assim se posicionado, inclusive, o STF.
 12. HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3º, CP)
Trata-se de figura típica cujo elemento subjetivo é a culpa. Aqui, o agente quer atingir um fim lícito, mas atua sem a diligência devida. Logo, realiza homicídio culposo aquele que age com imprudência, negligência ou imperícia (Ex: morte causada por manejar ou limpar arma de fogo carregada, por desrespeitar sinal vermelho, por deixar remédio ao alcance de crianças, etc.). A pena, neste caso, é de 01 (um) a 03 (três) anos de detenção, sendo viável a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais).
Vale dizer que o homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor encontra previsão legal no art. 302 da Lei 9.503/97 (CTB), com pena de 02 (dois)a 04 (quatro) anos de detenção, e suspensão ou proibição do direito de dirigir.
13. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
O § 4º do art. 121 do Código Penal prevê o aumento de 1/3 (um terço) da pena nas seguintes hipóteses:
a) No caso de homicídio culposo: 
	
1) se o homicídio resulta da inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: Tradicionalmente, a doutrina tem entendido que esta causa de aumento não se confunde com a imperícia. Embora ambas pressuponham a qualidade de habilitação para o exercício profissional, cumpre afirmar que, na imperícia, o agente não tem conhecimentos técnicos, enquanto que na agravante ele os possui, mas deixa de empregá-los, por descuido ou leviandade. 
É o caso do médico especialista em cirurgia cardíaca que, por descuido, corta um nervo do paciente, causando-lhe a morte; ou do engenheiro que constrói uma casa com inobservância de regra técnica, a qual mais tarde vem a desabar, causando a morte do proprietário. 
2) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima: embora a omissão de socorro seja prevista como delito autônomo (art. 135 do CP), figura como causa especial de aumento de pena no homicídio culposo. Isso também ocorre com o homicídio e as lesões corporais praticadas na direção de veículo automotor.
Não incide esta causa de aumento quando o socorro é prestado por terceiros, desde que o agente não tenha se recusado a fazê-lo. De igual modo não recairá quando o agente deixar de prestar socorro por correr risco pessoal de morte ou de linchamento por transeuntes, bem como no caso de morte instantânea clara e inconteste da vítima. Se houver dúvida, deve o agressor socorrer o ofendido.
3) se o agente não busca diminuir as conseqüências do delito: trata-se de causa de aumento de pena absolutamente desnecessária e redundante, haja vista que já abarcada pela majorante da omissão de socorro. É o caso do agente que não busca auxílio de terceiros para prestar socorro à vítima, quando impossibilitado de fazê-lo; assim como daquele que deixa de fornecer medicamentos urgentes ao ofendido de parcas condições financeiras.
4) se o agente foge para evitar a prisão em flagrante: essa causa de aumento de pena foi idealizada para os crimes de trânsito, que hoje tem código próprio (Lei 9.503/97). Para Guilherme de Souza Nucci, sua constitucionalidade é bastante duvidosa, pois obriga que a pessoa se apresente voluntariamente à polícia para ser presa. “Ora, se não se exige tal postura do agente de crime doloso, por que haveria de ser exigida do autor de delito culposo, nitidamente mais brando? A Constituição Federal assegura que ninguém é obrigado a se auto-incriminar”.
Atualmente, inclusive, o art. 301 do CTB estabelece que não se imporá a prisão àquele que prestar socorro imediato à vítima nos acidentes de trânsito de que resultar vítima, situação esta que tem levado muitos autores a entender que se deve aplicar analogicamente tal dispositivo legal ao homicídio culposo do CP.
b) No caso de homicídio doloso: se o homicídio é praticado contra pessoa de menor de 14 (quatorze) anos e, com o advento da Lei 10.741/2003, contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos.
14. PERDÃO JUDICIAL
O § 5º do art. 121 do Código Penal prevê hipótese de perdão judicial aplicável ao homicídio culposo. Haverá a extinção da punibilidade, nesta situação, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária (ex: o pai que provoca a morte de seu filho, num acidente fruto de sua imprudência, já teve punição mais do que severa).
A natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial é de declaratória de extinção da punibilidade, não sendo considerada para fins de reincidência.
15. AÇÃO PENAL
A ação penal do delito de homicídio, em qualquer das suas hipóteses (doloso ou culposo; simples, qualificado ou privilegiado), é pública incondicionada.
Frise-se que o homicídio simples, quando praticado em atividade de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, é considerado hediondo. É a única exceção (art. 1º, I, da Lei 8.072/90). 
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