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UM ESTUDO SOBRE TENDÊNCIAS COMPORTAMENTAIS EM UM CONTEXTO MULTIGERACIONAL

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PUC 
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA 
 
 
UM ESTUDO SOBRE TENDÊNCIAS 
COMPORTAMENTAIS EM UM CONTEXTO 
MULTIGERACIONAL 
por 
LUANA MOREIRA DE MATTOS CORDEIRO 
ORIENTADORA: CÉLIA NOVAES 
 
2016.2 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE 
JANEIRO 
RUA MARQUÊS DE SÃO VICENTE, 225 - CEP 22453-900 
RIO DE JANEIRO – BRASIL 
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UM ESTUDO SOBRE 
TENDÊNCIAS 
COMPORTAMENTAIS EM UM 
CONTEXTO MULTIGERACIONAL 
por 
LUANA MOREIRA DE MATTOS CORDEIRO 
 
Monografia apresentada 
ao Departamento de 
Psicologia da Pontifícia 
Universidade Católica do 
Rio de Janeiro (PUC-Rio) 
para a obtenção do Título 
de Psicólogo. 
 
 
Orientadora: Célia Novaes 
 
 
2016.2 
 
 
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Aos meus pais que não mediram esforços 
para me estimular a chegar até aqui. 
Aos meus amigos que sempre me 
auxiliaram nessa trajetória acadêmica. 
Ao meu amor por toda a paciência e 
compreensão durante o processo de escrita. 
 
 
 
 
 
4 
 
À Pontifícia Universidade Católica, seu corpo docente, alunos, funcionários e seu 
ambiente inspirador, multidisciplinar e estimulante. 
À minha orientadora Célia Novaes pela paciência e compreensão durante a elaboração 
desta monografia. 
À minha família por apostar em mim e acreditar sempre no meu potencial. 
Aos meus amigos e a todos que direta ou indiretamente participaram dessa conquista, 
meu muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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"O diploma serve apenas para constituir uma espécie de valor 
mercantil do saber. Isto permite também que os não possuidores 
de diplomas acreditem não ter direito de saber ou não serem 
capazes de saber. Todas as pessoas que adquirem um diploma 
sabem que ele nada lhes serve, não tem conteúdo, é vazio. Em 
contrapartida, os que não têm diploma dão-lhes um sentido 
pleno. Acho que o diploma foi feito precisamente para os que não 
o têm." 
(Michel Foucault) 
 
6 
 
RESUMO 
O presente estudo objetivou identificar os perfis das gerações históricas compreendidas 
em Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z tendo como premissa os 
aspectos políticos, sociais, científicos e econômicos que influenciaram e influenciam 
nas formas de ser em sociedade desses indivíduos. No entanto, optou-se por explorar 
com mais afinco os aspectos comportamentais da Geração Y, pois considera-se que essa 
é uma das mais representativas no mercado de trabalho atualmente. 
O trabalho se propôs explicar de que forma os acontecimentos sociais e históricos 
puderam influenciar as gerações em seus costumes e buscou-se compreender de que 
forma essas tendências comportamentais podem afetar o mercado de trabalho. 
Sendo assim, foi feito um percurso que se iniciou com a definição do conceito de 
gerações históricas, em seguida, buscou-se esmiuçar os principais acontecimentos 
sociais, políticos, científicos e econômicos de cada período, além de relatar e analisar as 
principais tendências comportamentais dos representantes das gerações e o impacto 
dessas tendências nas organizações. 
Palavras-Chave: Gerações Históricas; Geração Y; Revolução Tecnológica; 
Globalização; Psicologia Organizacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 
I - O CONCEITO DE GERAÇÕES HISTÓRICAS................................................10 
II - PERÍODO PÓS 2ª GUERRA – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS................13 
II.1 - OS BABY BOOMERS E A ESTABILIDADE................................................16 
III - OS ANOS 80 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS.........................................20 
III.1 - OS X, OS TÍTULOS E A COMPETITIVIDADE..........................................24 
IV - OS ANOS 90/2000 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS................................27 
IV.1 - OS Y, O PRAZER E A IMPACIÊNCIA.......................................................32 
V- PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS – A GERAÇÃO Z................37 
VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................41 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 O avanço tecnológico está afetando estruturalmente o cenário do trabalho no 
mundo. Novas profissões estão sendo criadas, outras estão sumindo gradualmente do 
mercado e ainda existe a possibilidade de novas profissões, ligadas à sustentabilidade e 
a causas sociais, serem criadas. 
 Não se pode deixar de mencionar, em se tratando de mercado de trabalho, 
tecnologia e globalização, do ser humano que é quem ativa todas essas mudanças nas 
formas de ser e estar nas organizações. Aquele que já está inserido no mercado, busca a 
todo tempo acompanhar as mudanças organizacionais e tecnológicas implementadas e 
se depara com um novo mundo, o mundo conectado, as mídias sociais, as informações 
disponíveis em um clique e, em contrapartida, vê a necessidade de despir-se de um 
antigo convencionalismo e abrir-se para a realidade que se apresenta. O profissional que 
está se inserindo ou que irá se colocar nos próximos anos, já está profundamente 
ambientado com as redes, plataformas, mídias e não conhece o mundo sem a internet. 
Acostumado a adequar-se a rapidez e fluidez de informações, este profissional é, desde 
a infância, estimulado a ser multitarefas, se comunicar, se relacionar e se instruir através 
da rede mundial de computadores, a internet. Sendo assim, qual é o impacto de gerações 
diferentes convivendo juntas? 
 Com base na literatura consultada buscarei investigar características gerais do 
mercado de trabalho, com o desafio de entender brevemente como se encontram as 
relações entre equipes funcionais de diferentes gerações e desvendar as expectativas de 
cada uma delas. Contudo, embora cite e caracterize as gerações Baby Boomer (nascidos 
entre 1946 e 1964), X (nascidos entre 1965 e 1976) e Z (nascidos a partir de 1998), 
escolhi focar a abordagem mais especificamente entre os indivíduos pertencentes a 
geração Y (nascidos entre 1977 a 1997). 
 Sendo assim, o presente trabalho busca compreender as tendências 
comportamentais entre as gerações frente às variáveis do tempo, como eventos 
históricos, políticos, econômicos e tecnológicos. Utilizando o que a literatura do ramo 
contribui no que se refere às formas de ser no período pós-guerra e no que se apresenta 
na contemporaneidade. 
9 
 
 O interesse por parte da psicologia organizacional acerca deste tema se dá pela 
importância desse conhecimento para a área de Recursos Humanos, também chamada 
de Gestão de Pessoas, Gente e Gestão e outras. Afinal, é essa área que se envolve 
diretamente no desenvolvimento de profissionais, no gerenciamento de clima e na 
mediação de conflitos dentro das organizações. Temas esses que vêm se mostrando de 
verdadeira importância para a atração e retenção de talentos nas empresas. 
 Dessa forma, serão citados e articulados autores de vários segmentos do 
conhecimento para embasar a discussão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
I - O CONCEITO DE GERAÇÕES HISTÓRICAS 
 
A teoria das gerações começou a ser estudada por dois teóricos, os historiadores 
William Strauss e Neil Howe (1991), há aproximadamente 25 anos atrás. Segundo eles, 
o conceito de séculoé utilizado para designar o ciclo de quatro gerações, ou seja, 
segundo eles, cada geração se renovaria a cada 22 anos. 
De acordo com os estudos de Strauss e Howe, esse modelo seria semelhante ao 
ciclo de fases da vida, onde de 0 aos 21 anos corresponde a fase da infância, de 22 aos 
43 a jovem idade adulta, de 44 aos 65 a meia idade e de 66 a 87 sendo a idade sênior. 
Cada fase disposta anteriormente diz respeito a um conjunto de papéis sociais 
relacionados a cada faixa etária. O papel social da infância, segundo Strauss e Howe, 
seria o de crescer, aprender, aceitar proteção e cuidados, evitar males e adquirir valores. 
O da jovem idade adulta corresponderia ao de trabalhar, constituir família, servir 
organizações e testar valores. Enquanto o papel social da meia idade seria o de incutir 
valores, ensinar, dirigir organizações e aplicar valores. Já o da idade sênior equivaleria 
ao de supervisionar, aconselhar, transmitir valores e legado geracional. 
Para esses dois teóricos, atributos de personalidade comuns compõem o que eles 
chamam de geração. Estes atributos são determinados pela vivência de um mesmo 
período histórico, valores e comportamentos partilhados e o sentido de pertença a uma 
mesma geração. Sendo assim, crianças nascidas durante um período específico 
compartilhariam entre si vivências histórico-culturais semelhantes, fazendo com que 
dividissem entre elas similaridades e diferenças em relação às crianças de outras 
gerações. 
Dessa forma, é possível observar que determinados acontecimentos da história 
influenciam comportamentos, valores e crenças de pessoas que partilham de uma 
mesma geração. Tal entendimento nos leva a considerar que esse grupo de 
comportamentos advindos de determinados eventos históricos podem ser capazes de 
moldar a percepção dos indivíduos perante a sociedade. (ROBINS, 2002; MOTTA, 
ROSSI, SCHEWE, 2002; IKEDA, CAMPOMAR, PEREIRA, 2008 apud MAURER, 
2013). 
É importante mencionar que a maioria da base teórica que trata sobre o tema de 
gerações tem origem Norte Americana ou Europeia, o que pode limitar parcialmente a 
sua articulação aos contextos da América Latina, tendo em vista a realidade diferente no 
11 
 
que se refere aos eventos históricos importantes, situação demográfica e econômica. 
(CHIUZI; PEIXOTO; FUSARI, 2011 apud MAURER, 2013). 
Para facilitar a compreensão, usaremos aqui um termo chamado ―coorte‖ que é 
utilizado para designar um grupo de indivíduos que têm em comum um conjunto de 
características e que são observados durante um período de tempo com o intuito de 
analisar a sua evolução. A interpretação por coortes pressupõe que pessoas com idades 
diversas podem ter comportamentos diferentes entre si por terem experimentado eventos 
históricos distintos em suas vidas. É importante diferenciar, contudo, que uma geração 
histórica não é o mesmo que uma coorte. Uma geração histórica pode conter mais de 
uma coorte, mas nem todas as coortes fazem parte das gerações históricas, a menos que 
vivenciem eventos históricos importantes em um momento de formação fundamental 
em suas vidas (ROGLER, 2002). 
Sendo assim, o que define uma geração histórica é determinado evento histórico 
em que ela se insere. Já o conceito de geração refere-se tão somente ao tempo e espaço 
que indivíduos dividem entre si. Podemos exemplificar esses conceitos tomando como 
base o advento da geração de Baby Boomers, que teve como marco o período pós-
guerra, trazendo uma nova forma de viver partilhada entre todos aqueles que 
experimentaram essa fase da humanidade. A geração X foi a seguinte, depois a Y e a 
mais recente está sendo chamada de geração Z, porém maiores detalhes acerca das 
gerações, suas características e seus correspondentes adventos históricos serão 
destrinchados nos capítulos seguintes. 
Conforme descreve Rogler (2002), as três proposições históricas necessárias ao 
surgimento de uma geração histórica são: Eventos históricos cataclísmicos, períodos de 
revitalização religiosa tumultuada ou mudanças seculares abruptas. As influências 
originadas desses eventos afetam profundamente as instituições sociais, como a família, 
e desorganizam a vida do jovem. As reações aos eventos históricos podem variar 
conforme a localização do jovem na estrutura social, mas se consolidam em orientações 
estáveis quando as influências institucionais e culturais são focadas na experiência com 
o evento. 
É interesse do autor, ao falar sobre gerações históricas, evitar a sua simplificação 
de tratamento pelo simples agrupamento de pessoas por ano de nascimento, pois pode 
fomentar controvérsias, já que nem todas as pessoas são parte de gerações históricas. 
Hoje em dia, um evento pode mais naturalmente vir a ter uma dimensão global, 
devido às mudanças significativas nas formas de comunicação da atualidade, mas, ainda 
12 
 
assim, não se pode assumir que ele aconteceria da mesma forma para cada nação ou 
região. Afinal, dentro de uma mesma comunidade, existem diferenças sociais marcantes 
que alteram a compreensão dos eventos. 
É importante esclarecer que as pessoas são classificadas em alguma 
geração pelo contexto, porém o comportamento pode se ajustar ao de 
outra geração, ou ser uma mistura do comportamento de duas ou mais, 
desde que o indivíduo consiga acompanhar as transformações dos 
cenários tecnológicos e de mercado que ocorrem na sociedade, por isso 
é possível ver um Baby Boomer com perfil de Geração Y. O que é 
válido é o comportamento, a classificação por período serve como um 
conceito didático necessário para destacar as principais características 
de cada época. (AGUIAR & SILVA, 2013 p3) 
 
Tendo em vista esses pressupostos, serão destrinchadas e analisadas as gerações 
e seus equivalentes acontecimentos históricos, passando pelo comportamento social, 
afetivo e organizacional das mesmas a fim de clarificar suas tendências de atuação e 
seus possíveis efeitos nas relações entre indivíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
II - PERÍODO PÓS 2ª GUERRA – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS 
 
Hobsbawm (1995) ao falar sobre os chamados Anos Dourados do capitalismo, 
ou seja, após o final da 2ª guerra mundial, mostrou como a construção sociopolítica do 
período veio acompanhada de um crescimento econômico sem precedentes. O padrão de 
vida das pessoas, em comparação ao período anterior, havia tido uma melhora 
incontestável. As desigualdades de renda diminuíram e deu-se início a uma fase onde a 
esperança assumia um lugar cativo na economia do mundo, como em nenhuma outra 
época da História do Capitalismo havia ocupado. 
Ainda segundo Hobsbawn, a diminuição das desigualdades não atingiram 
somente os países desenvolvidos, mas também os países subdesenvolvidos que tiveram 
a taxa de natalidade aumentada e o aumento da expectativa de vida. 
 
Durante as décadas douradas não houve fome endêmica, a não ser como 
produto de guerras e loucura política, como na China. Na verdade, à 
medida que a população se multiplicava, a expectativa de vida 
aumentava em média sete anos — e até dezessete anos, se compararmos 
o fim da década de 1930 com o fim da década de 1960 (Morawetz, 
1977, p. 48). Isso significa que a produção em massa de alimentos 
cresceu mais rápido que a população, tanto nas áreas desenvolvidas 
quanto em toda grande área do mundo não industrial. (HOBSBAWN, 
1995 p. 256) 
 
 
Para Zemke (2008, apud BATISTA, 2010 p.34), a geração Baby Boomers foi 
aquela que surgiu com o crescimento populacional do contexto do pós-guerra e que aos 
poucos começou a ocupar o mercado de trabalho na década de 70. A nomenclatura 
―Baby Boomer‖ para os indivíduos nascidosnessa geração se deve a essa grande 
explosão demográfica no período pós-guerra a nível mundial, mas principalmente nos 
EUA e países aliados, período este marcado por um intenso otimismo. 
 
Porém, apesar do clima de otimismo trazido pelo entusiasmo 
desenvolvimentista e produtivista e pela crença na mudança (e 
democratização) social próprios da época, a década de 60 terminou-se, 
como se sabe, com um pipocar de revoltas sociais em que estiveram em 
jogo conflitos raciais, culturais, de classe e entre nações (NOGUEIRA, 
1990 p. 51). 
 
14 
 
Em um âmbito mundial, segundo Santos (2011), os boomers viveram o início da 
Guerra Fria e os conflitos do Vietnã. Com a polarização do mundo em dois blocos de 
países, o Socialismo e o Capitalismo pressionavam-se mutuamente a fim de resolver 
qual seria a ideologia prevalecente. 
Em contrapartida no Brasil, em 1964 foi instaurada a ditadura pelos militares, 
fase esta que durou até 1985. Foi durante a ditadura militar, aproximadamente entre 
1969 e 1973, que tivemos uma fase de grande crescimento econômico, conhecida como 
―milagre econômico brasileiro‖. Nessa fase também, houve a instauração da repressão 
política e da censura, culminando em prisões políticas, tortura e morte de diversos 
ativistas contra a ditadura. Os jovens ―realizavam ações de guerrilha, assaltos e 
sequestros, com intuito de reestabelecer a democracia no país. Muitos destes jovens 
morreram nos conflitos ou foram presos e mortos pela polícia.‖ (SANTOS, 2011 p. 47) 
Economicamente falando, os boomers vivenciaram a reedificação dos países 
destruídos pela Segunda Guerra Mundial considerando a possibilidade de investir no 
desenvolvimento do país no lugar de custear a devastação dos outros. Além disso, a 
Guerra Fria estimulou os países a investirem em infraestrutura e gerar incentivos à 
economia para possibilitar a supremacia do bloco. Houve um rápido desenvolvimento 
tecnológico que ocorreu no período da guerra fria, ocasionado pelo investimento em 
pesquisas no período da Segunda Guerra. Ainda segundo o autor, em 1973 ocorreu a 
chamada ―Crise do Petróleo‖, que impactou fortemente a economia mundial, onde 
membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentaram os 
preços do barril em mais de 300%. 
No Brasil, os boomers puderam presenciar, no fim da década de 50 e 60, 
aspectos organizacionais importantes como a instalação de indústrias de capital 
nacional, como a automobilística e a químicaque foram atraídas por isenções e 
incentivos, além disso mão-de-obra barata e mercado interno consumidor. 
Impulsionados pela implantação de grandes empreendimentos industriais, inúmeros 
profissionais saíram do campo para a cidade, principalmente os produtores e 
assalariados rurais. Alguns com o objetivo de ficar definitivamente na cidade e outros 
ambicionando acumular capital e retornar para o campo. (FLEURY & FISCHER, 
1992). 
Nas empresas estatais e nas empresas de construção civil os sistemas de gestão 
eram modelados segundo os esquemas tradicionais de departamento pessoal. A 
legislação trabalhista era a principal diretriz do sistema, cujas práticas de gestão ainda 
15 
 
eram pouco formalizadas. Além disso, a mão-de-obra era sem qualificação e as relações 
trabalhistas eram destrutivos. (FLEURY & FISCHER, 1992). 
Ainda segundo Fleury & Fischer (1992), a implantação de modelos de 
gerenciamento de recursos humanos mais estruturados só se tornaram uma realidade 
com a entrada de empresas multinacionais no Brasil e eram baseados Taylor e Ford. A 
base formadora desse formato foi a viabilização da administração de cargos e salários, o 
que possibilitou a definição de planos de carreira e formalização das categorias 
hierárquicas das empresas, além da criação da área de treinamento. 
Sobre esse processo transformador das formas de gestão, Sant’anna e Moraes 
(1998) colaboram com o tema afirmando: 
O processo de mudança da forma de gestão se deve ao aumento do nível 
de conscientização dos trabalhadores e à mobilização dos sindicatos. Já 
do ponto de vista das organizações, o aumento da competitividade e a 
exigência do mercado por melhores produtos geraram a necessidade de 
possuírem profissionais mais capacitados e comprometidos 
(SANT’ANNA & MORAES, 1998 apud SANTOS, 2011 p.47). 
 
 De acordo com Fischer (2002, apud SANTOS, 2011), os processos de gestão 
que vigoraram em 60 e 70 eram embasados nas teorias motivacionais e de liderança, 
tendo como referência os teóricos Abraham Maslow e Frederick Herzberg. Segundo o 
autor, estes modelos estruturados a partir de teorias motivacionais e de liderança 
apresentam algumas características como o aumento da interação direta entre empresa e 
trabalhador, busca da satisfação das pessoas e outros fatores como a criação de 
programas para desenvolvimento dos profissionais, práticas para retenção de pessoal e 
diminuição do absenteísmo. 
 O fato das empresas estarem, naquele tempo, inseridas em um contexto de forte 
crescimento econômico e em paralelo de altos níveis de autoritarismo, contribuiu para 
que não ocorressem muitos conflitos pessoais (CASADO, 2007 apud SANTOS 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
II.1 - OS BABY BOOMERS E A ESTABILIDADE 
 
Embora William Strauss e Neil Howe (1991) descrevam a Geração Baby 
Boomer como aquela pertencente ao espaço de tempo entre 1943 e 1960, aqui 
definiremos de acordo com a maior parte da literatura consultada, onde o mais aceito 
para essa geração é a faixa que compreende os nascidos entre 1946 e 1964. Alguns 
autores optam por dividir os Boomers em dois grupos, os ―Primeiros Boomers‖ e os 
―Boomers Posteriores‖. Segundo Strauss e Howe (1991), o critério para essa 
diferenciação é o reconhecimento de que certos eventos históricos perpassam diferentes 
etapas da vida dessas pessoas, como por exemplo, os Primeiros Boomers (1946 a 1954) 
participaram de forma mais ativa de acontecimentos como os assassinatos de JFK, 
Robert Kennedy e Martin Luther King e a ida do homem na lua, sendo esses os eventos 
mais marcantes para os representantes desse primeiro grupo. Já os Boomers Posteriores 
(1955 a 1964) presenciaram Watergate, a Guerra Fria e o aumento da inflação. Além 
disso, outro fator que delimita essa geração é a Guerra do Vietnã. Os Primeiros 
Boomers puderam se alistar para a Guerra, enquanto os Boomers Posteriores não. Logo, 
a experiência dentro de uma única geração foi diretamente afetada pelo evento da guerra 
em particular. Por outro lado, algo que unifica essa geração culturalmente é o advento 
da televisão. Em 1946 foi o ano da comercialização do primeiro aparelho de televisão 
popular, sendo assim todos os eventos descritos acima puderam ser assistidos por 
milhares de pessoas e pode-se concluir que a televisão foi (e é) algo que une 
culturalmente as pessoas. Tal vínculo criado entre os pertencentes dessa geração foi 
importante, pois anteriormente a invenção da televisão, não era possível que as pessoas 
compartilhassem informações, cultura e entretenimento através de uma tela. 
Segundo Tapscott (2010) a televisão transformou a própria juventude num 
grande acontecimento e os Boomers eram crianças quando o interessante era ser criança 
e eram adolescentes quando o interessante era ser adolescente (TULGAN, 2006 apud 
REIS et al, 2013). A própria ideia de conceituar a infância teve seu início no pós-guerra, 
o que pode ter suscitado um sentimento mais forte de identidade e reconhecimento aos 
que viveram esse período da história. 
Os Baby Boomers, por terem sido precedidos pelos chamados ―Veteranos‖, uma 
geração com maior rigidez, são considerados uma geração mais otimista e libertária. Os 
precursores da mensagem de paze do amor são caracterizados como impulsionadores 
de mudanças fortes no contexto político e social mundial, pois redefiniram normas e 
17 
 
direitos civis. Eventos importantes marcaram a época tais como a ―queima‖ de sutiãs (e 
outros utensílios que representavam o feminino) em 1968, onde mulheres se reuniram 
para protestar contra a ditadura da beleza em frente ao teatro onde estava sendo 
realizado o concurso de Miss América; a comercialização de pílulas anticoncepcionais 
em 1960, que marcou um avanço para as mulheres simbolizando maior liberdade de 
escolha para as mesmas; contestações e o advento da contracultura marcando o 
fortalecimento dos movimentos pacifistas, ecologistas, feministas, de organizações não 
governamentais (ONGs), dos defensores de minorias e dos direitos humanos (JESUS, 
2015). 
Um maior interesse em música, artes e cultura também foi característica 
marcante dessa geração onde houve a explosão de toda a rebeldia do Rock’n Roll e a 
busca pela quebra de paradigmas pelos hippies. Um dos slogans desse período ―É 
proibido proibir‖ (no Brasil sendo o nome de uma música do então tropicalista Caetano 
Veloso) traduzia as marcas do hedonismo, do respeito às diferenças, da liberdade sexual 
e da oposição ao consumismo como ideologia da geração. O festival Woodstock 
também foi um marco importante para o mundo sendo tanto um ponto final para a 
insegurança gerada pelo período de guerras como também um início, um período de 
ingenuidade antes da realidade do capitalismo ser retomada.
1
 
No Brasil, em plena ditadura militar, um marco cultural importante para traduzir 
esse cenário de transgressão foi o advento do Tropicalismo, um movimento libertário e 
inovador por excelência, que teve como propulsor o Festival da Música Popular 
Brasileira. Com toda a repressão que circundava esse período, o movimento causou 
rupturas subjetivas na mentalidade da época tanto musicalmente como culturalmente. 
Com canções repletas de críticas sociais e políticas, os representantes desse movimento 
eram Baby Boomers, que por serem contraventores em sua essência, desobedeciam as 
regras vigentes, compunham músicas em oposição a ditadura, faziam protestos e se 
rebelavam com formas diversas de arte. Pelo regime militar ser essencialmente um 
regime repressor, esses Baby Boomers rebeldes foram punidos, presos ou exilados. 
(SANTOS, 2011) 
Uma palavra que define muito bem essa geração é engajamento. Seja ele em 
causas sociais ou mesmo em causas corporativas. No período pós-guerra, o trabalho 
tornou-se o representante de algo sólido para essa geração marcada pela insegurança dos 
 
1
 Tropicalismo e Festival de Woodstock. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia 
Foundation, 2016. 
18 
 
efeitos da guerra. Para eles a segurança no emprego era algo desejado, algo que 
despertaria prestígio entre os seus e por esse motivo confiavam e eram extremamente 
fiéis às suas empresas. 
Para os Baby Boomers a recompensa de todo trabalho árduo e constante viria 
com o acúmulo de experiência que garantiriam a eles um alto posto na companhia 
seguido da tão esperada aposentadoria. Segundo Cavazotte, Lemos & Viana (2012) o 
termo workaholic surge para definir esta geração de trabalhadores, que tinham no 
trabalho a principal fonte de suas realizações pessoais e materiais, apresentando 
inclusive dificuldades no equilíbrio entra vida profissional e pessoal. Dessa forma, 
trabalho não se misturava com vida pessoal, mas, de alguma forma se ligava a ela para o 
alcance de objetivos como ascensão pessoal, status, casamento e estabilidade financeira. 
Hoje em dia, os Baby Boomers ocupam lugares de destaque onde atuam, por 
serem os mais velhos que ainda fazem parte do mundo corporativo, adquiriram toda a 
expertise necessária para ocupar os mais altos postos. São eles os CEOs, presidentes, 
sócios ou superintedentes de suas empresas. Alguns inclusive já estão aposentados ou 
em processo de aposentadoria. Seus valores, pode-se imaginar, são diferentes daqueles 
que atualmente são os mais numerosos no mercado de trabalho, os X e os Y. 
Os Boomers, por terem vivido em um contexto onde se exigia mais constância e 
busca de solidez na carreira, é dito que esses indivíduos têm a tendência de serem 
essencialmente estáveis, mantendo-se fiéis a uma única empresa. Interpreta-se inclusive 
que essa característica traduz, por um lado, profunda determinação e tenacidade e por 
outro lado, um certo convencionalismo e inabilidade desses profissionais em saírem de 
suas zona de conforto, fator que pode ser um complicador na relação com aqueles que 
trabalham hierarquicamente abaixo deles (SANTOS, 2011). 
Filho (2010) ainda colabora que os baby boomers seriam os possíveis 
responsáveis pelo estilo de vida baseado no consumismo, nas conquistas materiais ou 
em algum tipo de poder, como por exemplo, o intelectual. 
De acordo com Comazzetto (2016 p. 147), os principais estudiosos dedicados ao 
tema concordam que os baby boomers representam ―jovens rebeldes que, em sua 
maioria, tornaram-se adultos conservadores, embora não rígidos.‖ 
Tendo em vista o que foi acima mencionado, pode-se entender que os baby 
boomers em um âmbito corporativo são aqueles que valorizam comprometimento e 
fidelidade com a companhia que trabalham, trabalho em equipe, estabilidade no 
19 
 
emprego e a crença de que do sacrifício se obtém o sucesso e de que deve-se primeiro 
investir na realização de obrigações para só depois investir em lazer. 
Em uma escala hierárquica, abaixo desses profissionais, encontram-se os 
pertencentes às gerações X, Y e Z que, revisitando a história e o contexto geracional, 
têm mais acesso à educação, a um mundo mais digital e a um mercado de trabalho 
altamente competitivo. Fatores esses que podem influenciar nas atitudes e nos hábitos 
de jovens e adultos que coabitam o mesmo ambiente corporativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
III - OS ANOS 80 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS 
 
Seguindo numa progressão, a década seguinte ao ―Baby Boom‖, foi a de 80, 
marcada pelo fim da era industrial e início da era tecnológica. Esta última sendo 
intensificada nos anos 90 com a popularidade dos computadores de uso pessoal e da 
internet. Nessa década, eram adolescentes a chamada ―geração X‖. Nascidos entre 1965 
e 1976, os indivíduos da geração X foram adolescentes no período que corresponde aos 
anos 80 e começo dos anos 90. 
Mundialmente falando, os anos 80 foram marcados por muitas guerras e 
conflitos internacionais, como a Guerra do Líbano, a Guerra das Malvinas, o final da 
Guerra Fria seguida da queda do Muro de Berlim. (SANTOS, 2011) 
Diferentemente dos anos 70, que foi um ciclo de grande expansão, a década de 
80 foi chamada pelos economistas de ―A Década Perdida‖ devido à estagnação 
econômica e inflação descontrolada. E tal estagnação aconteceu não só no Brasil como 
se extendeu a toda a América Latina durante os anos 80. Para a maioria dos países, 
crises econômicas, baixo crescimento ou queda no PIB, desemprego e inflação, foram a 
marca econômica dessa década.
2
 
No Brasil, com a instabilidade gerada nos anos 60 e 70 com os chamados ―anos 
de chumbo‖, onde o poder estava com os militares, a década de 80 não teve grandes 
avanços econômicos ao fim da ditadura militar em 1985. Tancredo Neves eleito através 
das eleições indiretas, por motivo de falecimento, não chegou a assumir o posto e quem 
o fez foi o seu vice, José Sarney. Foi um período marcado pelo crescimento da inflação, 
aumento na taxa de juros e desvalorização da moedanacional. (SANTOS, 2011) 
Com a força da mulher no mercado de trabalho e o advento da pílula 
anticoncepcional foi possível constatar a diminuição no número de nascimentos, 
situação contrária a encontrada na geração anterior. O ―Baby Boom‖ dá lugar ao 
chamado ―Baby Bust‖ fazendo com que a geração da década de 80 seja menor do que a 
de seus predecessores ( DWYER, 2009 apud SANTOS, 2011). De acordo com esse 
autor, o acesso a universidade e ingresso no mercado de trabalho foi facilitado por conta 
da diminuição da concorrência para tal. 
Com a recessão econômica houve a necessidade por parte das emnpresas, de 
reverem seus modelos de gestão e o que aconteceu gradativamente foi o aumento no 
 
2
 Década de 1980. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. 
21 
 
foco em resultados, no controle de custos e no excedente de mão-de-obra. (CASADO, 
2007 apud SANTOS, 2011). Houve a substituição do modelo comportamental para a 
adoção de um modelo estratégico de gestão. Ou seja, não dependia diretamente da 
motivação das pessoas para alcance de resultados. O diferencial competitivo seria 
―adequar as políticas internas às exigências do ambiente em que estavam inseridas.‖ 
Nessa época inclusive, devido às práticas de reengenharia e downsizing, aconteceram 
muitos cortes nas empresas, e os jovens da geração X viram seus pais perderem seus 
empregos (FISCHER, 2002; HASS & JASPEN, 2009 apud SANTOS, 2011 p. 51). 
No que se refere à ciência e tecnologia, os contemporâneos dos anos 80, foram 
aqueles que acompanharam a descoberta do vírus da AIDS, o desenvolvimento dos PCs 
(Personal Computers/Computadores Pessoais), dispositivos de audio e vídeo como o 
walkman, o videocassete e o Compact Disc, abreviado como CD. Lançado em 1979, o 
primeiro Walkman foi uma proposta de levar ao consumidor a possibilidade de 
reproduzir seus áudios sem necessidade de conectar ao dispositivo a energia, ou seja, 
essa foi a primeira vez em que o aparelho de reprodução de mídia apareceria em versão 
portátil.
3
 Considerados grandes inovações para a época, o Walkman e o CD foram 
responsáveis por movimentar a indústria fonográfica, aliados ao lançamento da MTV, 
emissora que também foi inaugurada nos anos 80 e tinha como principal propósito 
lançar e exibir videoclipes visando alcançar o público jovem adulto. (SANTOS, 2011) 
Além disso, tal advento tecnológico revolucionou a indústria fonográfica, 
otimizando lucros e flexibilizando as relações entre artistas e produtores: 
 
Para reverter o quadro de déficit, seguindo as orientações das matrizes, 
as empresas transnacionais passaram a adotar um modelo de 
gerenciamento da produção industrial conhecido como acumulação 
flexível, no qual as empresas substituem a estrutura verticalmente 
centralizada de gerência pela em rede ou horizontal. No caso da 
empresa fonográfica, isso significou arrendar boa parte da etapa de 
produção, adotar políticas austeras de gerência de catálogos, além de 
apostar em novas tecnologias que pudessem otimizar os lucros. Assim, 
a maior parte das grandes gravadoras sublocou serviços como gravação, 
prensagem gráficos e distribuição; passou a ter relações empregatícias 
mais ―flexíveis‖ com seus artistas e equipes de produção; adotou a 
tecnologia digitas, particularmente representada na adoção do suporte 
reprodutor compact disc (CD) como seu principal produto. (HARVEY, 
1989; DIAS, 2000; CASTELLS, 2003 apud MARCHI, 2011 p.171) 
 
3
 Em https://canaltech.com.br/materia/geek/walkman-36-anos-relembre-a-evolucao-dos-players-
portateis-de-musica-44301/ Acesso em: 26/10/2016. 
22 
 
 
De acordo com Smola & Sutton (apud SANTOS, 2011) houve uma mudança 
também na estrutura das casas dos jovens, onde tornou-se mais recorrente o fato de 
ambos os pais trabalharem fora e também houve aumento no número de separações. A 
AIDS se tornou uma preocupação dos jovens também durante essa geração, o que 
intimidou a liberdade sexual amplamente defendida pelos Boomers e a MTV
4
 teve forte 
influência na comunicação dos jovens. 
Durante essa geração os recursos tecnológicos se desenvolveram de forma cada 
vez mais acelerada. A começar pela venda dos primeiros vídeo-games e computadores 
pessoais. E, além disso, ainda sobre os avanços tecnológicos, embora não haja um 
consenso sobre a data exata do surgimento da internet, especula-se que ela tenha 
nascido de um projeto de pesquisa militar (ARPA: Advanced Research Projects 
Agency), no período da guerra fria, no final dos anos 50 e início dos anos 60. 
(HAFNER, 1996 apud CARVALHO, 2006). Entretanto, segundo o autor, a internet 
como conhecemos hoje, foi possível um pouco mais tarde a sua criação, 
aproximadamente no início dos anos 80. 
Em 1989, um ambicioso projeto de hipertextos criado por Tim Berners-Lee 
possibilitou dinamizar a passagem de um texto a outro, em um sistema que ficou 
conhecido como World Wide Web – o WWW, que entrou em funcionamento na década 
seguinte.
5
 
Todos os acontecimentos dessa década viabilizaram o início da era tecnológica e 
modificaram as formas relação e interação entre pessoas, sistemas e inclusive no âmbito 
industrial e corporativo, que graças aos avanços tecnológicos e aperfeiçoamento das 
máquinas de produção, puderam ficar mais dinâmicos e automatizados. 
 
Ao longo do tempo, a informação deixou ser um processo local para se 
apresentar em âmbito global. Reconfigurou o tempo e o espaço, 
acelerando as práticas e encurtando as distâncias. Tornou possível um 
novo tipo de sociabilidade, na qual a presença física já não é essencial 
para que haja uma relação, sendo possível interagir com quem quiser, a 
hora que quiser e ser participativo dentro da sociedade por meio de um 
espaço virtual. (KOHN & MORAES, 2007 p 5) 
 
 
4
 Canal de televisão focado na música e no público jovem. 
5
 Em http://www.tecmundo.com.br/web/759-o-que-e-world-wide-web-.htm Acesso em: 26/10/2016. 
23 
 
Ao revisitar a história, podemos perceber que eventos sociais, políticos, 
científicos e tecnológicos tem o poder de moldar comportamentos e afetar a 
subjetividade da sociedade, sugerindo as preferências de cada geração. Tendo em vista 
esses dados, é possível arriscar possíveis modos de atuação dos contemporâneos desse 
contexto. Tal análise, não é algo determinista, mas um exame sobre a inclinação 
comportamental dos contemporâneos de uma década e os saberes que o tornam sujeitos 
de subjetividade singular. Como coloca Foucault: 
 
Eu gostaria de dizer, antes de mais nada, qual foi o objetivo do meu 
trabalho nos últimos vinte anos. Não foi analisar o fenômeno do poder 
nem elaborar os fundamentos de tal análise. Meu objetivo, ao contrário, 
foi criar uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa 
cultura, os seres humanos tornam-se sujeitos. (FOUCAULT, 1995 
p.231) 
 
 
Dessa forma, do contexto dos anos 80, surge o que Robert Capa em 1950 
chamou de Geração X. Seria essa geração desconhecida que nasceu após o Baby Boom 
os ―filhos da revolução tecnológica‖. 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
 Em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1002201128.htm Acesso em: 26/10/2016. 
24 
 
III.1 - OS X, OS TÍTULOS E A COMPETITIVIDADE 
 
Ao contrário do que viveu a geração anterior, uma explosão no número de 
nascidos, chamada ―Baby Boom‖, os contemporâneos do intervalo de tempo entre 1975 
e 1985, aproximadamente, viveram oque foi chamado de ―Baby Bust‖, ou seja, uma 
baixa no índice de natalidade tendo em vista a década anterior. 
Os X são considerados o grupo mais bem educado da história, que deparou-se 
com uma das mais altas taxas de desemprego e de salários reduzidos. São 
comunicadores agressivos extremamente orientados para a mídia. Para eles, o rádio, a 
televisão, o cinema e a Internet são meios comuns de comunicação disponíveis a todos e 
servem para armazenar informações. (GOBBI, 1999 apud TAPSCOTT, 2010) 
A Geração X foi adolescente entre os anos 80 e 90, período onde essa geração 
estaria formando seus pontos de vista e pensamentos e algumas de suas características 
foram marcantes. Segundo Robbins, (2005 apud MALAFAIA, 2011) essa geração foi 
profundamente influenciada pela globalização, por pais e mães mais voltados para suas 
carreiras, pela postura cada vez mais independente das mulheres, pelo surgimento da 
Aids e também dos computadores pessoais. Foram as pessoas da geração Baby Bust, ou 
Geração X, que prolongaram a juventude e quebraram o paradigma de que era 
necessário casar e constituir família. O autor ainda aponta que os X são profissionais 
pouco dispostos a se sacrificar por seus empregadores e valorizam acima de tudo a 
busca de um estilo de vida equilibrado, satisfação no trabalho, família e 
relacionamentos. Além disso, são mais informais no trabalho e trocariam ascensão 
hierárquica ou salário por um estilo de vida mais equilibrado entre o pessoal e o 
profissional. 
De acordo com Kuntz (2009 apud MALAFAIA, 2011), a geração X não é tão 
fiel às organizações quanto foi a geração anterior. Acredita-se que isso pode ter ligação 
com o período de instabilidade econômica e desemprego dos pais que essa geração 
enfrentou. A geração X tem a tendência de ter um plano B de forma a se garantir caso 
algo não saia conforme o planejado. 
Diferentemente da geração Baby Boomer, a geração X não vivenciou guerras 
porém viveu uma crise econômica muito forte entre 1970 e 1980. (CHIUZI et al., 2011) 
Comazzetto (2016) menciona ainda sobre o sentimento de culpa das mulheres, 
devido a ausência do lar, em virtude do trabalho, que se tornou ainda mais presente, em 
comparação a geração anterior, na vida das mulheres. Ele também cita a tendência de 
25 
 
não se esperar estabilidade nos empregos devido ao grande estímulo aos jovens adultos 
dessa geração a também se desempenharem em outras habilidades, ampliando ainda 
mais seus campos de atuação. Essa característica nos permite arriscar uma identificação 
dos X pelo alcance de títulos, fator que incentivaria ainda mais a competitividade entre 
eles. 
A geração X se caracteriza por ser individualista, irreverente e autoconfiante. 
Buscam uma estrutura de trabalho mais flexível e horizontal. Acreditam que somente 
uma estrutura organizacional nesses moldes pode possibilitar a autonomia e a 
flexibilidade que almejam. Além disso, esses profissionais não tendem a exigir 
feedbacks constantes, segundo a autora. (COMAZZETTO, 2016) 
De acordo com Santos (2011), os pertencentes a geração X podem ainda ser 
caracterizados por serem egoístas, não comprometidos, independentes, autônomos e 
questionadores. Buscam estar sempre se atualizando e tem maior intimidade com a 
tecnologia. 
Entretanto, Santos (2011) e Comazzetto (2016) discordam quanto ao apreço por 
receber feedbacks por parte dos representantes da geração X. Para o primeiro autor 
mencionado, eles preferem uma comunicação aberta e gostam de receber feedbacks 
constantes. Já a partir da análise de Comazzetto (2016), esse reconhecimento não seria 
uma exigência por parte dessa geração, que prezaria acima de tudo a autonomia e a 
independência no meio corporativo, se desvencilhando pouco a pouco dos líderes e 
buscando alguma emancipação. 
Washburn (2000, apud CHIUZI et al., 2011) colabora com o tema da geração X, 
mencionando a insegurança como traço de personalidade dentro desse contexto de 
constante modificação. Além do que, eles julgam as experiências mais importantes em 
um comparativo às teorias. Para eles, as teorizações carecem de autenticidade e 
realidade. 
De acordo com Oliveira (2010, apud PEREIRA & BLANES, 2014) as pessoas 
pertencentes a geração X têm a tendência de valorizarem a família, serem 
conservadoras, autoconfiantes, produtivas e pragmáticas. Além disso, no ambiente de 
trabalho costumam cumprir os objetivos sem se preocuparem em demasia com os 
prazos e apreciam o trabalho em equipe. 
Assim como seus antecessores, os X tem algumas dificuldades em aceitar 
mudanças e também são sensivelmente resistentes às novas tecnologias. São pautados 
26 
 
pelo modelo de gestão mais bem definido, com regras claras e costumam se inspirar em 
gestores de ―pulso firme‖. ( OLIVEIRA, 2009 apud PEREIRA & BLANES, 2014) 
Devemos salientar algumas divergências, aqui encontradas, por parte dos autores 
dedicados a investigar esse tema. Além das divergências que possuem no que se refere a 
escala de valores, crenças e atitudes dessa geração, também divergem sobre o período 
de tempo no qual a geração X se insere. Contudo, ainda podemos encontrar muitas 
concordâncias e por esse motivo faz-se necessário um estudo minuncioso acerca dos 
acontecimentos históricos das décadas para refinar as colocações. 
Após ao advento da Geração X, entrou em cena uma nova geração. Altamente 
conectada em novas tecnologias, multitarefas e impaciente, os Y. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
IV - ANOS 90/2000 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS 
 
Nascidos entre 1977 e 1997, os indivíduos da geração Y foram adolescentes no 
período que corresponde aos anos 90 e início dos anos 2000. Para chegarmos até o 
ponto que de fato nos interessa no trabalho, ou seja, as características gerais dessa 
geração, faremos um apanhado dos acontecimentos históricos marcantes desse ciclo. 
Mundialmente falando, o fim da Guerra Fria marcou os anos 90. Com o 
enfraquecimento do socialismo, foi dado o ponto final no período de embates políticos, 
ideológicos e militares promovidos pela busca de hegemonia política dos EUA e da 
União Soviética. O capitalismo foi o regime vitorioso sendo, aos poucos, implementado 
nos países socialistas. Por outro lado, foi iniciada a Guerra do Golfo, onde as forças 
armadas dos EUA invadiram, com o apoio de outros países, o Iraque. Essa guerra 
causou, além de danos irreversíveis ao meio ambiente, como o vazamento de petróleo 
em toda região do Golfo, um prejuízo financeiro alto e mais de 20 mil mortos. Além 
disso, ainda nos anos 90 houve a ratificação do Mercosul, unindo em tratado de livre 
comércio o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. A principal premissa do 
Mercosul era fortalecer as capacidades de cada um dos integrantes do tratado, 
contribuindo para o aprofundamento do processo de integração regional. (SANTOS, 
2011) 
Segundo Santos (2011), no Brasil, a década de 90 começou com instabilidade 
com o Governo Collor, que foi marcado por escândalos políticos. Por conseguinte, após 
forte campanha de mídia, foi criado o movimento ―Caras Pintadas‖ que reivindicava o 
impeachment do então presidente do Brasil Fernando Collor de Mello. Ainda nos anos 
90, no governo seguinte, o de Itamar Franco, o país viveu uma melhor fase econômica e 
crescimento com a instauração do Plano Real, instaurado por Fernando Henrique 
Cardoso, seu então Ministro da Fazenda, em 1994. O Plano Real foi o plano de 
estabilização econômica mais eficaz da história, diminuindo a inflação, aumentando o 
poder de compra da população e equilibrando os setores econômicos brasileiros. Este 
feito contribuiu para que Fernando HenriqueCardoso fosse eleito presidente por duas 
vezes seguidas. 
No Brasil, o presidente Fernando Collor derruba as barreiras comerciais 
e insere o Brasil no contexto da globalização. Fernando Henrique com o 
Plano Real corrige os problemas básicos da economia, como a inflação. 
E o presidente Lula mantém o país no caminho do desenvolvimento 
econômico, passando sem grandes impactos (quando comparado a 
28 
 
economia de outros países) pela grave crise das hipotecas americanas. 
(SANTOS, 2011 p53) 
 
 O fluxo de crescimento da economia no Brasil foi fortemente influenciado pelo 
efeito de transformações estruturais da década de 90. Foram detectadas algumas 
mudanças nessa época, como enuncia Neri et al. (2000, p.1): 
Uma economia fechada ao fluxo de comércio e de capitais 
internacionais, redução da proteção comercial, liberalização dos fluxos 
capitais, redução da presença do Estado como produtor de bens e 
serviços, através do processo de privatização, culminando com um 
programa de estabilização baseado em uma âncora cambial e respaldado 
pela abertura comercial e financeira. 
Em nível macro, essas variações na economia reverberaram no mercado de 
trabalho nas formas de redução do emprego industrial e aumento no número de 
trabalhadores informais, além do crescimento dos setores de comércio e serviços e 
aumento do rendimento real dos trabalhadores. Sendo assim, com essa dispersão do 
setor industrial para os setores de comércio e serviços, houve uma compensação na taxa 
de desemprego, que só voltou a crescer em 1998. (NERI et al., 2000) 
Outro acontecimento importante da década de 90 foi a fundação da empresa 
Google, criadora do site de busca mais popular do mundo, democratizando as 
informações ao grande público, sendo chamada de ―enciclopédia digital‖. 
 
No limiar da década de 1990, com a multiplicação astronômica das 
páginas da web, tornou-se imprescindível o desenvolvimento de 
mecanismos de busca mais arrojados.Correlacionado ao aumento do 
número de páginas, cresciam também os percentuais de internautas e o 
tempo de navegação. É nesse momento, próximo à virada do milênio, 
que surge o buscador Google. (SIQUEIRA, 2013 p. 53) 
 
Para além das inovações no campo dos computadores, muitas das tecnologias 
ligadas exclusivamente ao entretenimento, inventadas na década de 80 foram 
aperfeiçoadas e tornaram-se populares nos anos 90. Para exemplificar, podemos citar os 
videogames. Houve a criação do Playstation, Super Nintendo e o Mega Drive 
29 
 
substituindo os seus antecessores Atari e Sega, que já faziam sucesso entre os jovens da 
geração X.
7
 
Além dos eventos de impacto político e tecnológico, os contemporâneos dos 
anos 90 também puderam assistir alguns eventos de impacto científico, como a primeira 
clonagem de um mamífero. A ovelha Dolly foi clonada a partir da glândula mamária de 
uma ovelha adulta, no ano de 1996 na Escócia, mas a clonagem só foi divulgada na 
mídia em 1997. (SILVA, 2004) 
Olhando pelo aspecto social, a geração Y, graças à internet, teve a possibilidade 
de ter acesso a um grande número de informações, pois cresceu em contato com um 
acelerado progresso da tecnologia. Logo, para essa geração a tecnologia seria algo 
natural. As facilidades ofertadas pelas tecnologias como internet, TV, MP3 Player e 
outros, diminuem a possibilidade e a necessidade de interação direta com outras 
pessoas, reforçando uma das características atribuídas aos jovens da geração Y, o 
individualismo. (CENNAMO & GARDNER, 2008; MARTIN, 2005 apud SANTOS, 
2011) 
Em meados da década de 90 a internet e o celular tiveram seus momentos 
iniciais de difusão. A internet em oposição ao celular, causou (e ainda causa) uma 
grande comoção, por ter revolucionado as formas habituais de trabalharmos, vivermos , 
nos relacionarmos e etc. Já a telefonia celular aconteceu de forma mais tênue e, 
inicialmente, foi tida como a continuidade do telefone fixo, não gerando tanto impacto 
como gerou a internet (CASTELLS, 1996/2000; LÉVY, 1990/1993, NICOLACI-DA-
COSTA, 1998 apud NICOLACI-DA COSTA, 2005). 
De acordo com Castells (2000/2003) entre 1995 e 1997 houve uma rápida 
expansão da internet ao redor do mundo, ou seja, em meados dos anos 90 os jovens da 
geração Y tinham interatividade, relacionamento, estudo, trabalho, prazer e vários 
aspectos da vida facilitados pela distância de um clique. 
Conforme menciona Dwyer (2009 apud SANTOS, 2011) os jovens dessa 
geração estão habituados a recursos tecnológicos como o MP3 Player e a internet, 
também estão familiarizados em assistir talk shows, reality shows e a participarem de 
fóruns, comunidades e discussões onde podem expôr abertamente suas opiniões e onde 
toda e qualquer pessoa pode ser reconhecida e ter seus minutos de fama. Reforçando a 
 
7
 Em http://www.tecmundo.com.br/dicionario/14762-video-games-o-dicionario-de-a-a-z.htm Acesso 
em: 04/11/2016 
 
30 
 
característica de ―isolamento‖ atribuído por muitos autores a essa geração. Pois tais 
aparatos tecnológicos funcionam sem ser necessário o contato pessoal. Contudo, por 
seus pais estimularem frequentemente a expressão de suas opiniões e a participação nas 
decisões importantes da família, eles também tem a tendência de ficarem a vontade 
frente a exposição de suas ideias para outros. Inclusive, segundo Tapscott (2010), a 
geração atual cria seus próprios conteúdos e compartilha informações, ideias e 
tendências a partir de blogs ou vídeos e colaboram com temas pertinentes de interesses 
compartilhados na rede. 
De acordo com Oliveira (2010, p.67) os jovens da geração Y cultivam a 
necessidade de dividir ou compartilhar entre os membros de sua rede, suas rotinas, 
costumes e sua personalidade através das mais variadas expressões. Segundo o autor, 
isso se deve porque os mesmos privilegiam a ação individual no lugar da ação coletiva. 
Dessa forma, querem ser vistos, reconhecidos e notados por serem exatamente quem 
são. 
O fenômeno tecnológico se intensificou a partir da internet móvel, ou seja, a 
partir da criação de aparelhos celulares que dispunham de tecnologia suficiente para 
suportar essa funcionalidade. Para começar, os aspectos mais rudimentares do que seria 
a internet móvel, se apresentaram através da criação do recurso da mensagem de texto 
(SMS). Inclusive, a primeira mensagem de texto foi enviada em 1993, na Finlândia. 
Tecnologia que só foi possível no Brasil anos mais tarde. Além disso, o SMS não era 
tão interessante na época. Havia limite de caracteres para envio da mensagem e para tal, 
era necessário que o celular do destinatário também suportasse essa tecnologia. Como 
por exemplo, um teclado alfanumérico, que também poderia compreender letras além 
dos números. Sendo assim, o SMS ainda era um recurso restrito a poucos. Além dessa, 
outra inovação importante para os aparelhos de telefonia móvel foi a inserção do 
recurso de câmera. Possibilitando aos seus usuários, o registro de toda e qualquer 
informação que quisessem armazenar.
8
 
Nessa corrida evolutiva dos dispositivos tecnológicos, surgiu o chamado 
Smartphone. Estes oferecem ainda mais funcionalidades do que seus antecessores, os 
celulares. Eles trazem, além de ligações e envio de SMS, a tela sensível ao toque, um 
sistema operacional complexo, a internet, que no Smartphone possibilita acesso às 
 
8
 Em: http://www.tecmundo.com.br/celular/2140-historia-a-evolucao-do-celular.htm Acesso em: 
04/11/2016. 
31 
 
redes sociais, jogos em alta definição, músicas, filmes e livros. Tela e durabilidade são 
quesitos que também diferem entre esses dois aparelhostecnológicos.
9
 
Para Tapscott (2010, apud AGUIAR & SILVA, 2013), por terem crescido em 
um ambiente digital,com a interatividade que a internet proporcionou, a Geração Y 
sofreu algumas mudanças em sua maneira de processar as informações. Segundo o 
autor, em virtude da tecnologia, essa geração é mais eficiente na forma de pensar em 
comparação às gerações anteriores (BB e geração X). 
 
Diferentemente da televisão, que é uma mídia difusora unidirecional, a 
internet é uma mídia interativa, assim as crianças têm que procurar as 
informações, em vez de simplesmente observá-las, isso as obrigam a 
desenvolver o raciocínio e as habilidades investigativas. E muito mais, 
elas precisam se tornar críticas para identificar a qualidade, relevância e 
fidedignidade dos sites ou para discernir o que é real e o que é fictício 
no ambiente digital. (TAPSCOTT, 2010, p.33 apud AGUIAR & 
SILVA, 2013 p.5). 
 
De acordo com Carr (2012 apud AGUIAR & SILVA, 2013) a quantidade de 
informações e links que descontinua as mensagens e remetem a outras novas páginas 
faz com que a mente expanda sua capacidade de decisão, classificação, memorização e 
apuração de informações. Em contrapartida, atualmente, as atividades que exigem foco 
e concentração, como a leitura de livros e textos longos, estão em baixa. Sendo assim, 
não seria incorreto afirmar que essa geração, em comparação às anteriores, seria mais 
distraída e superficial. 
Essa forte onda tecnológica, contribuiu com o desabrochar de uma geração 
profundamente ansiosa com a obtenção de satisfação pessoal rápida, ou seja, com prazer 
instantâneo. Além disso, uma outra característica atribuida aos Y por diversos autores e 
atrelada ao prazer a impaciência é a frustração. Aquilo que começou com os filhos da 
revolução tecnológica, ou seja, com os representantes da geração X, teve seu ápice com 
os bebês de 1977 e 1997, ou seja, com os millenials, também chamados de geração Y. 
 
 
 
 
 
 
9
 Em: http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/03/qual-e-diferenca-entre-smartphone-e-
celular-entenda.html Acesso em: 04/11/2016 
32 
 
IV.1 - OS Y, O PRAZER E A IMPACIÊNCIA 
 
O batismo desta geração se deve a um fato curioso. Quando a antiga 
União Soviética exercia forte influência sobre países de regime 
comunista, chegava a definir a primeira letra dos nomes que deveriam 
ser dados aos bebês nascidos em determinados períodos. Nos anos 1980 
e 1990 a letra principal era a Y. Isso realmente não teve muita 
influência no mundo ocidental e capitalista, mas posteriormente muitos 
estudiosos adotaram essa letra para designar os jovens nascidos nesses 
período. Surgia assim o termo Geração Y. (OLIVEIRA, 2011, p.41) 
 
Formada pelos filhos da Geração Baby Boomer e dos primeiros componentes da 
Geração X, a Geração Y, segundo Santos (2011) é também conhecida como a geração 
dos resultados, por terem crescido sob a influência das Tecnologias da Informação e 
Comunicação. 
Esses pais, que foram adolescentes nos anos 70 e 80, sempre estimularam seus 
filhos a valorizarem prestígio profissional e pessoal, incentivando-os a galgar por bons 
lugares no mercado de trabalho. Estimularam seus filhos a fazerem muitos cursos e a se 
diferenciarem enquanto profissionais competitivos. Esse estímulo, segundo Martin 
(2005 apud SANTOS, 2011) fez com que a geração Y se adaptasse em realizar muitas 
atividades ao mesmo tempo, contudo, sem muita profundidade. 
Ao ingressar no mercado de trabalho, o jovem que saiu recentemente da 
graduação, se depara com uma realidade completamente diferente da que foi vendida a 
ele durante seu período de faculdade. De acordo com Chanlat (1996) a imagem que tem 
a sociedade e aquela desenvolvida na academia, pode frustrar quem é novo no contexto 
organizacional. Diferentemente do que essa juventude ouviu ou esperou durante seu 
período de graduação, como um bom ambiente de trabalho, integrador e desafiador, 
muitas vezes encontra um ambiente hostil que reduz as pessoas a meros recursos. 
Sendo assim, frustrados em suas expectativas, os jovens da geração Y procuram 
se destacar fora do trabalho tradicional e, além disso, estão cada vez menos leais às 
empresas que trabalham. Seu comprometimento e lealdade com o negócio, está 
intimamente relacionado ao quão alinhada aos seus valores está essa companhia. Ao 
menor sinal de discrepância entre esses, não há grande temor em deixar a companhia em 
busca de outra que possa preencher essa função. Segundo o autor, isso pode ter a ver 
com o profundo individualismo que vigora na sociedade atual. 
33 
 
De acordo com Santos (2011) a geração Y é íntima com a tecnologia; se adapta 
facilmente às mudanças; é imediatista; espera franqueza de propósitos por parte de seus 
líderes, além de autonomia e reconhecimento. Também possuem forte atração por 
desafios; são individualistas; têm grande compromisso com a própria carreira e são 
acostumados com a diversidade em suas diversas formas de aplicação. 
Por outro lado, Tapscott (2010), baseando suas ideias em outros teóricos, 
identifica algumas características nessa geração, como a superficialidade e a distração; o 
sedentarismo (em virtude da internet e dos videogames); a não valorização da 
privacidade, a insegurança com a vida profissional e dependência dos seus pais por mais 
tempo do que gerações anteriores; são narcisistas e a internet endoça essa característica 
e tem pouca preocupação em guardar memórias, analisar textos mais densos ou escrever 
de acordo com a norma. 
Tais críticas que culminam em uma visão amplamente pessimista por parte do 
autor, fez com que, após vastas pesquisas, Tapscott (2010, p.82) chegasse a oito 
habilidades e características que conseguiu reunir a respeito dos Millenials, que iam 
contra ao que pensavam os outros autores nos quais se embasou inicialmente. Essas 
habilidades foram, por exemplo, a liberdade, a customização, a capacidade de análise, a 
integridade, a cooperação, o entretenimento, a velocidade e a inovação. 
Além dessas características mencionadas por Tapscott, de acordo com a análise 
de Oliveira (2010), a geração Y também busca a informalidade e flexibilidade, ou seja, 
não ligam para hierarquia, estão constantemente em busca de ampliar suas conexões 
com outras pessoas e buscam versatilidade. 
 
Alguns comportamentos caracterizam essa geração com mais 
propriedade, como a necessidade de constante reconhecimento, a opção 
por padrões informais e flexíveis, a individualidade como forma de 
expressão e a busca intensa por ampliação da rede de relacionamentos 
(OLIVEIRA, 2010, p. 64). 
 
A geração Y por estar profundamente familiarizada com tecnologias de 
informação, tem isso refletido em sua postura e suas preferências, ou seja, segundo 
Tapscott (2010) eles não aceitam facilmente o que lhes é oferecido, são mais críticos. 
Inclusive, o próprio conhecimento e a informação, fluem entre as pessoas com maior 
rapidez, graças à internet. Sendo assim, a geração Y, diferentemente dos BB e X, são 
ávidos por informação e não se contentam em esperar pela hora do noticiário para ter 
34 
 
acesso a elas. Eles tem ao seu alcance ferramentas de busca online que permitem a eles, 
em um curto espaço de tempo, a informação que desejam a partir fontes confiáveis. 
Oliveira (2010, p.106) concorda com Tapscott sobre essa fluidez de informações 
entre os indivíduos da geração Y e contribui que eles são mais habilidosos e 
futuramente tendem a ser mais bem informados do que qualquer outra pessoa de uma 
geração anterior. Da mesma forma que ocorre com a geração X que não conheceu uma 
realidade sem energia elétrica, geladeirae televisão, a geração Y não entende como 
pode existir um mundo sem computadores, celulares e internet. 
Ainda falando sobre as formas de informação e comunicação online, a geração Y 
tem hábito em manter conversas à distância através de programas ou sites, e são 
acostumados também com a velocidade, conforme explica Tapscott (2010, p.115): 
 
Estão acostumados a respostas instantâneas, 24 horas por dia, sete dias 
por semana. Os videogames lhes dão feedback instantâneo; o Google 
responde suas perguntas em nanossegundos. Então, eles pressupõem 
que todas as outras pessoas do mundo também reagirão rapidamente. 
Cada mensagem instantânea deve gerar uma resposta instantânea. 
 
Tendo em vista essas tendências de comportamento por parte dos integrantes da 
geração Y, que estão entre o início e o meio
10
 de suas carreiras nas companhias 
atualmente , é fundamental às organizações analisar os impactos dessas mudanças, no 
sentido de entender como gerir essa nova geração e como reter esses talentos, que estão 
cada vez mais preparados e cada vez menos fidelizados às empresas. Afinal, são eles 
que a longo prazo, irão substituir os profissionais mais velhos e além disso, essa é a 
geração que tem o perfil mais alinhado com o contexto e as exigências atuais do 
mercado de trabalho. (SANTOS, 2011) 
O fato de serem altamente familiarizados com as tecnologias, terem um alto 
nível de qualificação, adaptabilidade a mudanças, focados em resultados, flexíveis, 
preocupados com ações voltadas para o campo social, impulsionados por desafios e 
ávidos usuários de redes sociais para instrução, informação e desenvolvimento contínuo 
faz com que sejam profundamente desejados pelas empresas que querem se manter 
competitivas no mercado de trabalho. 
 
10
 Embora não haja total concordância quanto às datas de nascimento das gerações, aqui consideramos 
a faixa de 1977 a 1997. Sendo assim, os mais velhos representantes da geração Y têm em média 39 anos 
e os mais jovens têm hoje 19 anos. Embora algumas outras linhas acreditem que a geração Y 
compreende os nascidos 
35 
 
No entanto, cativar essa geração e fazê-la interessar-se pelo negócio é um 
desafio para as organizações. Segundo o autor, algumas características podem dificultar 
esse processo de encantamento e afastar possibilidades de retenção desse profissional. A 
postura individualista é uma dessas, ou seja, essa geração tende a priorizar os seus 
próprios interesses em relação aos interesses da organização quando essa não 
corresponde aos seus valores. Outra característica é a desvalorização do emprego 
formal, que se liga um pouco a primeira característica mencionada. Pois no 
entendendimento desses indivíduos, existe a necessidade de focar no desenvolvimento 
de sua própria carreira independente da organização aonde esteja atuando. A geração Y 
também é conhecida por esperar por um reconhecimento veloz de suas capacidades e 
habilidades, de forma a se incomodarem quando se percebem se destacando na 
organização, mas em paralelo tem uma ascensão vagarosa na carreira. Além disso, 
também almejam ter clareza nos direcionamentos, precisam saber o objetivo de suas 
ações. De acordo com Santos (2011) esses jovens cresceram sob a influência dos vídeo 
games, onde havia uma missão no início e feedback imediato no decorrer do jogo, logo, 
esse estilo de comportamento pode ter relação com essa vivência. Por último, o 
questionamento ao posicionamento dos gestores é mais uma tendência presente entre os 
Millenials. Conforme foi mencionado anteriormente, talvez em função da abertura de 
diálogo para exposição de suas opiniões dada pelos seus pais (Baby Boomers e 
primeiros representantes da Geração X), houve influência no entendimento de 
hierarquia que têm, algo mais horizontalizado e aberto. 
De acordo com esses apontamentos, as empresas podem pensar em estratégias 
para uma gestão eficaz da geração Y tendo em vista a mudança de posicionamento 
hierárquico da gestão, horizontalizando mais os seus formatos, reconhecendo seus 
colaboradores pelas entregas realizadas e focando nas competências pessoais dos 
profissionais para além do entendimento desses como simples números dentro da 
organização. De uma maneira ou de outra, Santos (2011) sugere que os gestores 
precisarão aprimorar competências de liderança estratégica para desenvolver esses 
jovens. 
Muito ainda se fala sobre a geração Y e uma grande parcela ainda acusa essa 
nova geração de ser superficial, mimada e ansiosa. No entanto, conforme contribui 
Tapscott (2010, p.16) é concebível que haja um comportamento defensivo quando as 
pessoas se vêem ameaçadas pelo novo, afinal, toda mudança vem acompanhada de 
crise. O autor ainda fala sobre os processos de inovações e mudanças históricas, que 
36 
 
comumente são recebidos pela sociedade com frieza e escárnio. Afinal, aquilo que é 
instituído, resiste às mudanças. No entanto, é sabido que novos paradigmas estão 
surgindo com a Geração Y e, para o autor, é inaceitável resistir a isso por medo, 
desconhecimento ou preconceito. 
Conforme foi falado, a geração Y, para alguns autores, compreende aqueles 
nascidos entre 1977 e 1997. No entanto, pouco se fala sobre a geração que, seguindo 
essa linha de raciocínio, é composta por indivíduos que em sua maioria ainda não 
ingressaram no mercado de trabalho, pois os mais velhos representantes dessa geração, 
recém completaram 18 anos de idade. Trata-se da geração Z, a geração dos nativos 
digitais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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V - PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS – A GERAÇÃO Z 
 
Embora ainda não haja um consenso entre os autores sobre o período em que 
nasceu a geração Z, já existem alguns estudos, em sua maioria estrangeiros, que buscam 
analisar essa nova geração, que assim é chamada por conta do termo zapear. Essa 
geração costuma não ater-se a uma só informação por vez, zapeando, ou seja, trocando 
de conteúdos até encontrar algo que atraia seu interesse, mesmo que esse interesse 
também seja fugaz e logo abandonado. (MENDES, 2012) 
A geração Z, também chamada de ―geração sempre on-line‖, está continuamente 
conectada, tendo seu smartphone como uma extensão de seu corpo. Está rodeada de 
tecnologia para satisfazer suas necessidades mais básicas e tem facilidade no manejo de 
diversas ferramentas tecnológicas e redes sociais. Pela facilidade de comunicação e pela 
rápida difusão de figuras de influência como artistas, políticos e outros, essa nova 
sociedade elege diversos modelos sociais para seguir. (MCCRINDLE, 2011) 
Ainda segundo Mccrindle (2011, p. 14-17), essa geração que atualmente está na 
idade escolar e em breve estará ocupando cargos em empresas, pode ser definida a partir 
de 7 fatores, que ele baseou em pesquisas feitas tomando sua base territorial como 
referência, ou seja a Austrália. O primeiro deles, segundo o autor, são as mudanças 
demográficas, pois segundo ele, os impactos do envelhecimento da população 
significariam que a Geração Z vai começar sua carreira em um período de 
envelhecimento da sociedade – ainda sofrendo o impacto dos Baby Boomers – pois a 
população dobrou desde a década de 60. Ou seja, a geração Z irá viver por mais tempo, 
trabalhar por mais tempo e demorar mais para se aposentar. Aliado a isso, haverá pouca 
mão-de-obra ativa para suportar a quantidade de aposentados. O autor toma como base a 
Austrália e estima que em 2050 haverá o total de 2,7 trabalhadores australianos para 
cada aposentado na Austrália. Atualmente, no país, esse número é de 5 trabalhadores 
para cada aposentado. O segundo fatorestá ligado a definição geracional. A geração Z é 
materialmente mais dotada, abarrotada de tecnologia, conectada e formalmente educada 
que o mundo já viu. São internacionalmente conectados e envolvidos através de marcas 
e tecnologias globais, sendo assim, tem uma perspectiva única, que os diferencia 
inclusive da geração anterior, pois essas possibilidades tecnológicas chegou para os 
Millenials um pouco mais tarde do que para os Z. O terceiro fator é relacionado a 
integração digital. De acordo com Mccrindle (2011) a idade que usamos pela primeira 
vez a tecnologia determina como ela poderá ser incorporada em nosso estilo de vida. 
38 
 
Dessa forma, adultos que utilizam a tecnologia para aplicações práticas e funcionais no 
dia-a-dia que anteriormente eram realizadas com algum tipo de tecnologia mais arcaica 
são chamados de consumidores digitais. No entanto, a Geração Z, que está habituada 
com a tecnologia desde a tenra idade, a integrou perfeitamente em quase todas as áreas 
de suas vidas e assim, ficou conhecida como uma geração de integradores digitais. 
Esses integradores digitais estão crescendocem um mundo onde há 5,1 bilhões de 
pesquisas do Google por dia, 4 bilhões de visualizações do Youtube, mais de um bilhão 
de contas ativas do Facebook e mais de 1 milhão de aplicativos na iTunes App Store. O 
quarto fator se refere a uma geração que é norteada globalmente, ou seja, a Geração Z é 
a primeira geração a ser verdadeiramente global. Com a globalização, não só a música, 
os filmes e as celebridades são referências mundiais, mas também a diversidade 
cultural, modas, alimentos, entretenimento on-line, tendências sociais, vídeos e 
memes.
11
 O quinto fator que ajuda a entender a Geração Z é seu envolvimento visual. 
Muitos representantes dessa geração optam por assistir a um vídeo resumindo uma 
problemática a ler um artigo discutindo-o. Assim, em uma era de sobrecarga de 
informação, as mensagens estão cada vez mais baseadas em imagens, sinais e logotipos. 
Por causa da globalização e atentas aos seus efeitos, as marcas optam por se 
comunicarem através das barreiras linguísticas, usando cores e imagens no lugar de 
palavras e frases. O sexto fator é o de já haver um movimento de reforma educacional. 
Além de termos informações do aumento de escolaridade, o autor fala sobre o aumento 
nas taxas de acesso a educação superior e faz uma comparação entre as gerações. Sobre 
a obtenção de grau universitário, ele informa que 1 em cada 4 integrantes da geração X 
tem diploma universitário contra 1 em cada 3 integrantes da geração Y e a previsão é 
de que a geração Z tenha 1 em cada 2 integrantes com grau superior. Além disso, ele 
aponta uma mudança no perfil dos professores que se tornariam aprendizes adaptáveis 
interessados em lecionar conteúdos orientados ao engajamento focado em ambientes 
mais interativos. Ou seja, um professor teria um perfil de facilitador. E finalmente, o 
sétimo fator estaria ligado a uma definição social. A geração Z é, mais do que qualquer 
outra geração, amplamente conectada e moldada por seus pares. Em um estudo feito 
 
11
 Meme é um termo cunhado pela primeira vez pelo Zóologo Richard Dawkins, em seu livro ‘’O Gene 
Egoísta” de 1976. Um meme seria uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro 
ou em outros locais onde a informação possa ser armazenada. Tudo o que é ensinado ou transmitido 
socialmente pode ser um meme. Exemplos de memes: ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, 
valores éticos/morais, lendas, contos, piadas, bordões, religiões, teorias da conspiração, gírias, 
filmes, etc. Meme. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. 
39 
 
pela McCrindle Research, verificou-se que as Gerações Y e Z têm quase o dobro de 
amigos no facebook do que as gerações mais velhas, embora haja um consenso entre as 
gerações sobre a quantidade de amigos próximos, aproximadamente 13. Sendo assim, a 
rede que influencia essas duas gerações é numericamente e geograficamente maior. E 
acima de tudo, é facilitada pela tecnologia. 
Dessa forma, mesmo entendendo que o contexto australiano, em alguns pontos 
pode não fazer sentido para a realidade brasileira, muitos dos pontos salientados por 
McCrindle, podem ser facilmente identificados em uma análise dos efeitos da 
tecnologia no comportamento dos integrantes brasileiros da Geração Z. 
Segundo Mendes (2012) muitas das características da geração Y se repetem e se 
intensificam na geração Z, não é a toa que ele se refere a essa geração como capacitda 
tecnologicamente, orientadas para o novo, altamente multitarefas e ávidos buscadores 
de conhecimentos. A expectativa por parte dos gestores mais conservadores é de que 
alguns comportamentos dessa geração podem prejudicar o andamento de algumas 
práticas organizacionais. De acordo com o autor, um traço marcante dessa geração é o 
imediatismo e a ansiedade. Ou seja, buscam resultados rápidos a partir de suas ações. 
Além disso têm a necessidade de estar constantemente ligados à tecnologia, o que 
poderia resultar em dispersão. 
No entanto, de acordo com o perfil da empresa, a geração Z será bem aceita e 
poderá oferecer inúmeras contribuições, como por exemplo em empresas menos rígidas 
hierarquicamente, que prezem por dinamismo e habilidade com dispositivos digitas. Já 
em empresas com um perfil mais conservador, essa geração pode atrair conflitos, devido 
a formalidade e falta de horizontalidade hierárquica presente que afetaria na qualidade 
do seu trabalho. 
Kullock (2010 apud CARNEIRO, 2011, p.5), todavia, enuncia que configura 
uma geração é um modelo mental e segundo ela, a geração Z ainda não está definida 
pois não há uma forma de detectar diferenças significativas entre os jovens de 15 a 20 
anos e entre os de 20 a 25 anos. Segundo a autora, em alguns anos é possível que 
possamos entender um pouco mais a geração Z e quem sabe assim, fazer projeções mais 
assertivas acerca de seus comportamentos. Então, no seu entendimento, a Geração Z 
ainda é uma continuação da Geração Y, diferente disso seria como antecipar um futuro 
a partir de dados ainda muito rasos e isso seria muito difícil. 
Wiesel (2010 apud CARNEIRO, 2011, p.5), diferentemente de Kullock, diz que 
a geração Y existe sim e caracteriza-a como ―crítica, dinâmica, tecnológica e que irá 
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revolucionar as intenções ecologicamente corretas que vigoram atualmente, em hábito, 
preferência e ação.‖ 
Dessa forma, com tantas incompatibilidades teóricas e discordâncias entre os 
autores, ainda não é possível encontrar uma definição mais assertiva para projetar as 
características da geração Z ou mesmo justificar sua existência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O fato de diferentes gerações estarem convivendo em um mesmo cenário social 
já é conhecido por boa parte das pessoas que são estudiosas desse tema pelo mundo. 
Características tão diversas, que provém de momentos históricos diferentes, são 
importantes serem analisadas em suas vivências, aprendizados e relacionamentos. 
A teoria geracional vem para abarcar as vicissitudes da sociabilidade em um 
contexto multigeracional, ou melhor dizendo, vem para antever tendências e minimizar 
os conflitos geracionais. 
Tendo isso como premissa, esse estudo teve como objetivo investigar as 
características gerais do mercado de trabalho desvendando o perfil e as expectativas de 
cada geração perpassando pelos Baby Boomers, Geração X , Geração Y e as 
expectativas para a Geração Z. Dei um foco especial

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