Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ÁGUA DE POÇO ARTESIANO QUE ABASTECE A POPULAÇÃO RURAL DA COMUNIDADE DE BOM SUCESSO Emily Luvizon* Helena Pazin* Maristela Aparecida Morais Mateus* Stéfani Amanda Ansiliero* Marta Veronica Buss** RESUMO A água em estado potável para consumo pode ser um bem limitado. Controlar o seu uso, e sua qualidade, são questões atuais muito importantes. Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento da qualidade da água do poço da comunidade de Bom Sucesso, situada no interior do município de Iomerê onde não existe sistema de abastecimento de água, sendo este, feito por meio de poço artesiano, retirado do Aquífero Guarani. Portanto, foi avaliada a qualidade da água que abastece as residências do meio rural do município, foram coletadas amostras em três locais específicos, essas amostras passaram por um teste realizado no Laboratório de Microbiologia da Unoesc - Videira, onde foram analisados somente os parâmetros microbiológicos, focado na presença de coliformes totais. Os resultados obtidos foram comparados com as exigências estabelecidas pela Portaria nº 2.914/11 do Ministério da Saúde. Palavras-chaves: Qualidade da água. Poço artesiano. Coliformes totais. Aquífero Guarani. 1 INTRODUÇÃO Um dos bens mais preciosos que possuímos é a água, fonte da sobrevivência humana, a qualidade desta é definida por sua composição química, física e bacteriológica, por isso seu controle é de suma importância, contribuindo para o desenvolvimento das sociedades e a prosperidade das nações, seu manancial pode ser superficial ou subterrâneo, como é o caso do Aquífero Guarani, principal reserva de água doce subterrânea da América do Sul. (SOUSA, 2002). Figura 1, localização do Aquífero Guarani. Estima-se que uma pessoa consome por dia mais de 200 litros de água para atender as necessidades básicas de consumo e higiene, além de 70% do corpo humano ser constituído por água, por isso esta deve ser de qualidade, pois os seres humanos necessitam desta para garantir sua sobrevivência. (AGSOLVE, 2010). Nas cidades em virtude da aglomeração da população, sistemas de captação, tratamento e abastecimento foram implantados para fornecer água em quantidade e qualidade adequada à população. Entretanto, nas áreas lindeiras rurais estes sistemas de abastecimento não existem, desta forma cada família é responsável pela captação e abastecimento para a residência, para os animais e demais usos na propriedade rural. (BICUDO; TUNDISI; SCHEUENSTUHL,2011.) Como a população que reside em áreas rurais sofre com a ausência de abastecimento coletivo, estes usuários buscam outros meios de abastecimento, como os poços artesianos. Normalmente estes mananciais subterrâneos são utilizados como fonte hídrica pelo fato de na maioria das vezes, serem de boa qualidade e possuírem fácil extração (KUNZ; PERAZZOLI; SALOMONI, 2017). Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina (SDS), poço artesiano é uma obra da engenharia geológica que se destinam à captação de água em grande profundidade, tecnicamente chamado de Poço Tubular Profundo (SDS, 2015). Muitas comunidades rurais tem se organizado e construído poços para captar água, de onde após coletada a mesma é bombeada para reservatórios superiores, de onde através de redes de distribuição a água é direcionada em condutos forçados via gravidade até as residências usuárias. A portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 estabelece que estes sistemas coletivos de abastecimento devam ter monitoramento periódico semanalmente, e a desinfecção da água. Neste contexto surgiu o presente trabalho que teve por objetivo coletar amostras do poço de Bom Sucesso – Iomerê, conforme sua localização na Figura 2. Conforme a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro 2011 que “Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”, é preconizada a avaliação microbiológica como indicador de qualidade para às águas de consumo humano (BRASIL, 2011). 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 LOCAL DE ESTUDO Bom Sucesso encontra-se no município de Iomerê, região meio oeste de Santa Catarina, a 400 km de Florianópolis. Conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016), a cidade possui uma área de 114,735 km² e uma população de aproximadamente 2.899 habitantes. 2.2 AMOSTRAGEM O poço da comunidade de Bom Sucesso abastece 15 famílias e possui profundidade de 200 metros. Para fazer a análise foram realizadas coletas de água em três pontos de escolha, diretamente do poço estudado, no reservatório do poço e em uma das residências abastecidas por este. As amostras de água foram condicionadas em frasco âmbar estéreis e transportadas para o Laboratório de Microbiologia da UNOESC - Videira. A determinação do Número Mais Provável de coliformes totais e termo tolerante foram realizados empregando o método Quanti- Tray. 2.3 ENSAIOS ANALÍTICOS Os resultados obtidos foram satisfatórios, porém a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, diz que toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água, esta é de responsabilidade da Secretária de Vigilância em Saúde, que tem como meta promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água para consumo humano, em articulação com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e respectivos responsáveis pelo controle da qualidade da água. Contudo percebe-se que isto não acontece na prática, pois o poço em questão não recebe uma vigilância severa como deveria receber. Conforme a resolução nº 2 de 14 de agosto de 2014, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, a captação de água subterrânea em todo o Estado de Santa Catarina está sujeita ao regime de outorga de direito de uso, a ser emitida pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS, órgão gestor dos recursos hídricos de domínio estadual. No contexto, as águas subterrâneas, sejam elas naturais ou superficiais, são proibidas de serem usadas pelo homem como uma extração de proveito econômico. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Como resultado obteve-se presença de coliformes totais para as três amostras analisadas (Figura 3), indicando que essas águas possuem presença de coliformes totais, porém estão dentro dos parâmetros microbiológicos para o consumo humano e atendendo às exigências da Portaria nº 2.914 de 2011, a qual estabelece ausência de coliformes totais e termo tolerantes. A qualidade da água no poço possui contaminação de 5,2 NMP/100 ml, visto que pode variar conforme o uso do solo ao seu redor, e a manutenção estabelecida, podendo haver infiltrações que alterem os seus parâmetros. No reservatório e na residência, ouve um aumento na contaminação, 6,3 NMP/100 ml e 17,5 NMP/100 ml, respectivamente, provavelmente houve alterações devido às condições da caixa d’água. No caminho percorrido da água desde o reservatório até a torneira da residência, a água teve aumento de contaminação, isso indica que há necessidade de um controle mais rigoroso na limpeza da caixa d’ água. Sabe-se também, que a sua qualidade vai além de parâmetros biológicos, devendo ser levado em conta os seus parâmetros físicos e químicos. (KUNZ; PERAZZOLI; SALOMONI, 2017). 4 CONCLUSÃO As águas subterrâneas são fonte de um importante recurso natural, pois em muitos casos abastecem associedades em maior quantidade do que os rios, porém não possui tratamento adequado visto seu valor. Com a presente pesquisa foi possível estudar o poço encontrado na comunidade de Bom sucesso – Iomerê, e através desta perceber que as águas dos poços artesianos muitas vezes são consumidas sem análises de parâmetros por serem consideradas águas de ótima qualidade, entretanto percebem-se inúmeras controvérsias que retiram da água sua qualidade de potabilidade. Contudo, é necessária uma gestão específica para as água subterrâneas, para que no futuro seu controle seja mais eficaz e existam profissionais habilitados apenas para este fim, para garantir a potabilidade da água para o consumo. Recomenda-se que seja feito um controle semanalmente desse poço e os possíveis meios que podem trazer contaminações, como os materiais largados próximo ao solo e a conscientização por parte da população sobre a importância de lavar a caixa d’água, pois de nada adianta possuir uma água pura e uma caixa d’água cheia de impurezas. REFERÊNCIAS KUNZ, M. A.; PERAZZOLI, M.; SALOMONI, S. P.. Mapeamento e qualidade de poços profundos na área central de Videira – SC. Anuário de Pesquisa e Extensão UNOESC Videira. v.2 p. 1-13, 2017. SANTA CATARINA (Estado). Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS. Cartilha de águas subterrâneas: para usar de forma racional é preciso entender profundamente. p. 20, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 dez. 2011. Seção 1, p. 39-46. SOUSA, T. G. S. Água Potável Garantia de Qualidade de Vida. p 1-16, 2002. SUA PESQUISA, Aquífero Guarani. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/geografia/aquifero_guarani.htm>. Acesso em: 26 de maio de 2017. AGSOLVE, Qual é o consumo ideal de água para uma pessoa por dia. Disponível em:<https://www.agsolve.com.br/noticias/qual-e-o-consumo-ideal-de-agua-para- uma-pessoa-por-dia>. Acesso em: 30 de maio de 2017. PREFEITURA DE IOMERÊ, Disponível em: http://www.iomere.sc.gov.br/turismo/. Acesso em: 31 de maio de 2017. BICUDO, C. E. de M.; TUNDISI, J.G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B.; Águas do Brasil. p. 1-8, 2011. MUNDO EDUCAÇÃO, Águas Subterrâneas. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/Aguas-subterraneas.htm.> Acesso em: 03 de junho de 2017. MINISTÉRIO DA SAÚDE, portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 05 de junho de 2017. Sobre o(s) autor(es): *Acadêmicas do curso de Arquitetura e Urbanismo E-mail: Emily Luvizon - emily_luvizon@hotmail.com Helena Pazin – helena-nena.pazin@hotmail.com Maristela Aparecida Morais Mateus – mapmoraismateus@gmail.com Stéfani Amanda Ansiliero – amandaansilieiro@gmail.com ** Marta Veronica Buss Professora de Gerenciamento Ambiental aplicado à Arquitetura e Urbanismo, Unoesc Videira. E-mail: marta.buss@unoesc.edu.br Figura 1 – Localização do Aquífero Guarani Fonte: adaptado de Wikipédia, disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aq%C3%BC%C3%ADfero_Guarani.png Figura 2 – Localização do Poço Fonte: Google Earth (2016) Figura 3 – Resultado dos Coliformes Totais RESULTADO DOS COLIFORMES TOTAIS (NMP/100 ML) POÇO 5,2 NMP/100 ML RESERVATÓRIO 6,3 NMP/100 ML RESIDÊNCIA 17,5 NMP/100 ML
Compartilhar