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Solos: formação, estrutura e composição 1 – Formação dos solos 1.1 - Aspectos do intemperismo 1.2 - Agentes do intemperismo 1.3 - Fatores influentes no intemperismo 1.4 - Tipos de intemperismo 1.5 – Natureza da formação dos solos 2 – Estrutura e composição dos solos 3 - Bibliografia 1 – Formação dos solos • O intemperismo é o conjunto de processos que ocasiona a desintegração e decomposição das rochas e dos minerais. O intemperismo pode ocorrer por ação de agentes atmosféricos e biológicos. 1.1 – Aspectos do Intemperismo • O intemperismo está presente em toda a área da superfície terrestre e é capaz de decompor e desintegrar qualquer tipo de rocha. � Uma importância fundamental do intemperismo é que este ocasiona a destruição das rochas que formarão outros materiais como os solos, os sedimentos e as rochas sedimentares. 1.1 – Aspectos do Intemperismo • Ao destruir rochas pré-existentes o intemperismo contrubui para a concentração de minerais úteis tais como ouro, prata, platina, etc. Estes minerais podem ficar concentrados mediante a separação dos outros minerais presentes. � A ação da água pode dissolver os minerais da rocha desintegrada e depositá-los em bacias, formando depósitos destes materiais. 1.1 – Aspectos do Intemperismo • Diferentemente da erosão o intemperismo é resultado de agentes imóveis e sua ação se dá em forma de alteração de rocha. A erosão se dá por agentes móveis como vento e água. � O produto final do intemperismo é o regolito ou manto de decomposição que recobre a rocha inalterada, sendo que a espessura do regolito varia de centímetros a metros. 1.2 – Agentes do intemperismo • Os agentes que causam o intemperismo podem ser de origem mecânica ou física e também químicos. • i) Agentes mecânicos • a) variação de temperatura • b) congelamento da água • c) cristalização de sais • d) ação física de vegetais 1.2 – Agentes do intemperismo • ii) Agentes químicos • a) hidrólise • b) hidratação • c) oxidação • d) carbonatação • e) ação química de organismos 1.3 – Fatores influentes no intemperismo Os agentes do intemperismo trabalham em conjunto A contribuição relativa de cada um depende de diversos fatores CLIMA TOPOGRAFIA TIPO DE ROCHA VEGETAÇÃO 1.3 – Fatores influentes no intemperismo • O CLIMA Intemperismo físico Intemperismo químico Predomina em regiões como: Regiões geladas ou desertos Predomina em regiões quentes e úmidas, como: Florestas tropicais 1.3 – Fatores influentes no intemperismo • TOPOGRAFIA Regiões acidentadas topograficamente Regiões acidentadas topograficamente tendem a promover a retirada de solo que protege as rochas expondo-as aos agentes do intemperismo, acelerando sua decomposição. 1.3 – Fatores influentes no intemperismo • VEGETAÇÃO Proteção da rocha pela vegetação A vegetação pode proteger a rocha na medida em que fixa o solo acima desta, protegendo a rocha subjacente da ação de intempéries. 1.4 – Tipos de intemperismo TIPOS DE INTEMPERISMO FÍSICO QUÍMICO Variação de temperatura Congelamento da água Cristalização de sais Ação física de vegetais Hidrólise Hidratação Carbonatação Decomposição químico - biológica 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo físico Ação da variação de temperatura A ação da temperatura se dá por causa de gradientes témicos a que a rocha está submetida. Durante o dia temperaturas chegam a 60 e 70°C, a noite principalmente em regiões áridas a temperatura cai muito. A rocha sofre constante expansão e contração térmica, causando pequenas fraturas que vão aumentando com o tempo até a desintegração. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo físico Congelamento da água A água quando congela aumenta em cerca de 10% de volume e assim exerce pressão nas fendas das rochas onde a água pode se alojar. O congelamento força as paredes das rochas. Este processo de intemperismo é mais intenso quanto maior for o número de repetições, ocorrendo em climas temperados onde a água congela e descongela repetidamente. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo físico Cristalização de sais Decorre da força de cristalização. Águas que circulam no interior das rochas com sais dissolvidos podem evaporar e os sais se precipitam cristalizando-se e exercendo certa pressão na rocha, desintegrando-a. Esta ação é mais comum em regiões costeiras, com a presença de água salgada. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo físico Ação física dos vegetais O crescimento de raízes dos vegetais ao longo de fraturas das rochas pode pressioná-las, causando sua desintegração. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo químico Hidrólise É um dos agentes químicos mais importantes. Neste caso a água dotada de íons penetra finíssimos capilares das rochas e ao se combinarem com íons do mineral da rocha forma novas substâncias, alterando a rocha matriz. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo químico Carbonatação Neste processo de decomposição o CO2 contido na água forma pequena quantidade de ácido carbônico. Este ácido facilita o processo de lixiviação dos minerais das rochas. A combinação de CO2 + H2O forma o H2CO3 que é um forte agente químico. 1.4 – Tipos de intemperismo • Intemperismo químico Decomposição químico - biológica Decorre da ação química de organismos. Organismos ao se fixarem nas rochas produzem secreções químicas. Estas secreções químicas ao reagirem com o material da rocha produzem buracos nesta. Outros organismos ao se fixarem na superfície das rochas produzem uma fina camada de solo que vai aumentando até permitir a fixação de plantas que irão penetrar na rocha, decompondo-a. 1.5 – Natureza da formação dos solos Solo é o material proveniente da decomposição das rochas O tipo de solo depende da rocha matriz e meio transportador, se houver A alteração e decomposição da rocha é gradual, formando horizontes de solo/rocha 2 – Estrutura e composição dos solos • Água no contato das partículas do solo 1 - água adsorvida: está aderida à partícula por forças elevadas. Não é removida por secagem em estufa 2 – umidade higroscópica : secagem em estufa 3 - água capilar: é mantida no solo pela Tensão Superficial (Ts) 4 - água gravitacional : livre nos poros, removida por drenagem. 5 - água de hidratação na estrutura do solo: em geral não é removida do solo (exceto para alguns solos tropicais) 2 – Estrutura e composição dos solos ► Sistema solo-água Souza Pinto (2006) • Quando duas partículas de argila estão muito próximas, na preseça de água, ocorrem forças de atração e repulsão entre elas. As forças de atração devem-se às cargas líquidas negativas que elas possuem. As forças de atração decorrem de forças de Wan der Waals e de ligações secundárias que atraem materiais adjacentes; • Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e às forças entre elas. Considera-se a existência de dois tipos básicos de estrutura: floculada, quando os contatos se fazem entre as faces e arestas, ainda que através da água adsorvida; e dispersa, quando as partículas se posicionam paralelamente face a face. 2 – Estrutura e composição dos solos • Estrutura física dos solos ► Estruturas floculadas A estrutura do solo possui formato chamado de “castelo de cartas”. Podem suportar tensões maiores que quando as partículas estão alinhadas (estrutura dispersa). Com a ruptura desta estrutura o solo perde resistência sob baixas deformações.Estrutura do solo FLOCULADA (em água não salgada) Estruturado solo DISPERSA • Para um mesmo solo e mesmo índice de vazios o solo com estrutura floculada apresentará: →maior resistência; → menor compressibilidade; → maior permeabilidade. 2 – Estrutura e composição dos solos • Estrutura física dos solos ► Estruturas floculadas A presença de água salgada altera a estrutura do solo. Em argilas sedimentares na presença de água salgada a estrutura é bastante aberta, embora haja um relativo paralelismo entre as partículas. Estrutura do solo FLOCULADA (em água salgada) • Obs: O conhecimento das estruturas permite o entendimento de diversos fenômenos observados no comportamento dos solos, como por exemplo, a sensitividade das argilas 2 – Estrutura e composição dos solos ► No caso de solos residuais e de solos compactados, a posição relativa das partículas é mais elaborada. Existem aglomerações de partículas argilosas que se dispõe de forma a determinar vazios de maiores dimensões, como apresentado na figura abaixo. Estrutura de um solo residual, nota-se a presença de micro e macro poros Esta diferença de estrutura é importante para o entendimento de certas propriedades destes tipos de solo, como a elevada permeabilidade observada em alguns solos residuais 2 – Estrutura e composição dos solos ►Observa-se que , em solos evoluídos pedologicamente (já sofreram considerável ação do intemperismo), principalmente em climas quentes e úmidos, aglomerações de partículas minerais se apresentam envoltas por deposição de sais de ferro e alumínio (agentes cimentantes), um aspecto determinante para seu comportamento. ►Os agentes cimentantes aumentam a resistência ao cisalhamento dos solos. 2 – Estrutura e composição dos solos ►Sistema solo-água-ar •Quando o solo não se encontra saturado (todos os vazios não estão preenchidos por água) o ar pode se apresentar em forma de bolhas oclusas (caso exista em pequena quantidade) ou em forma de canalículos intercomunicados, inclusive com o meio externo. O aspecto mais importante com relação à presença do ar é que a água na superfície se comporta como uma membrana. Este comportamento é medido pela tensão superficial da água. •A tensão superficial da água gera uma tensão chamada de sucção. A sucção é responsável por diversos fenômenos referentes ao comportamento do solo, entre eles a ascenção capilar. A sucção aumenta a resistência ao cisalhamento do solo. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) •As partículas resultantes da desagregação de rochas dependem da composição da rocha matriz; •Algumas partículas maiores, dentre os pedregulhos, são constituídas freqüentemente de agregações de minerais distintos. É mais comum, entretanto que as partículas maiores sejam constituídas de um único mineral. O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante resistente à desagregação e forma grãos de siltes e areias. Sua composição química é simples, SiO2, são equidimensionais, como cubos ou esferas, e apresentam baixa atividade (A) superficial. Outros minerais como feldspato, gipsita, calcita e mica, também podem ser encontrados nesse tamanho. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza e dão origem aos argilominerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com dimensão inferior a 2mm. Não só o reduzido tamanho mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com que essas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação aos grãos de silte e areia. • Os argilominerais apresentam uma estrutura complexa. Uma síntese do assunto, que permite compreender o comportamento dos solos argilosos perante a água, é apresentada a seguir, com o exemplo de três dos minerais mais comuns na natureza (a caulinita, a ilita e a smectita ou montmorinolita), que apresentam comportamentos bem distintos, principalmente na presença de água. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • Na composição química das argilas, existem dois tipos de estruturas: uma estrutura de tetraedros justapostos num plano, com átomos de oxigênio que pertencem simultaneamente a ambas. •Alguns minerais-argila são formados por uma camada tetraédrica e uma octaédrica (estrutura de camada 1:1), determinando uma espessura da ordem de 7 Å (1 Angstron = 10-10 m), como a caulinita, cuja estrutura está representada na Figura a seguir. •As camadas assim constituídas encontram-se firmemente empacotadas, com ligações de hidrogênio que impedem sua separação e que entre elas se introduzam moléculas de água. A partícula resultante fica com espessura da ordem de 1.000 Å, sendo sua dimensão longitudinal de cerca de 10.000Å. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • Estrutura de uma camada de caulinita: a) estrutura atômica; b) estrutura simbólica. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • Noutros minerais o arranjo octaédrico é encontrado entre duas estruturas do arranjo tetraédrico (estrutura de camadas 2:1), definindo uma espessura de cerca de 10 Å. Com esta constituição estão as esmectitas e as ilitas, cujas estruturas simbólicas estão apresentadas na Figura a seguir. •Nestes minerais, as ligações entre as camadas se fazem por íons O²- e O²+ dos arranjos tetraédricos, que são mais fracos que a ligações entre camadas de caulinita, em que íons O²+ da estrutura tetraédrica se ligam a OH- da estrutura octaédrica. •As camadas ficam livres, e as partículas, no caso das esmectitas, ficam com a espessura da própria camada estrutural, que é de 10 Å. Sua dimensão longitudinal também é reduzida, ficando com cerca de 1.000 Å, pois as placas se quebram por flexão. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • Noutros minerais o arranjo octaédrico é encontrado entre duas estruturas do arranjo tetraédrico (estrutura de camadas 2:1), definindo uma espessura de cerca de 10 Å. Com esta constituição estão as esmectitas e as ilitas, cujas estruturas simbólicas estão apresentadas na Figura a seguir. •Nestes minerais, as ligações entre as camadas se fazem por íons O²- e O²+ dos arranjos tetraédricos, que são mais fracos que a ligações entre camadas de caulinita, em que íons O²+ da estrutura tetraédrica se ligam a OH- da estrutura octaédrica. •As camadas ficam livres, e as partículas, no caso das esmectitas, ficam com a espessura da própria camada estrutural, que é de 10 Å. Sua dimensão longitudinal também é reduzida, ficando com cerca de 1.000 Å, pois as placas se quebram por flexão. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) •Estrutura simbólica de minerais com camada 2:1; (a) esmectita com duas camadas de moléculas de água, (b) ilita. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • As partículas de esmectita apresentam um volume 10E-4 vezes menor do que as de caulinita e uma área 10E-2 vezes menor. Isto significa que para igual volume ou massa, a superfície das partículas de esmectita é 100 vezes maior do que das partículas de caulinita. •A superfície específica (superfície total de um conjunto de partículas dividida pelo seu peso) das caulinitas é da ordem de 10 m²/g, enquanto que a das esmectitas é de cerca de 1.000m²/g. •As forças de superfície são muito importantes no comportamento de partículas coloidais, sendo a diferença de superfície específica uma indicação da diferença de comportamento entre os solos comdistintos minerais-argila. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) • O comportamento das argilas seria menos complexo se não ocorressem imperfeições na sua composição mineralógica. É comum, entretanto, a ocorrência de um átomo de alumínio, Al³+, substituindo um de silício, Si4+, na estrutura tetraédrica, e que na estrutura octaédrica, átomos de alumínio estejam substituídos por outros átomos de menor valência, como o magnésio, Mg++. Estas alterações são definidas como substituições isomórficas, pois não alteram o arranjo dos átomos, mas as partículas resultam com uma carga negativa. •Para neutralizar as cargas negativas, existem cátions livres nos solos, por exemplo, cálcio, Ca++, ou sódio, Na+, aderidos às partículas. Estes cátions atraem camadas contíguas, mas com força relativamente pequena, o que não impede a entrada de água entre as camadas. A liberdade de movimento das placas explica a elevada capacidade de absorção de água de certas argilas, sua expansão quando em contato com a água e sua contração considerável ao secar. 2 – Estrutura e composição dos solos • Composição mineralógica (adaptado texto Sousa Pinto, 2006) •As bordas das partículas argilosas apresentam cargas positivas, resultantes das descontinuidades da estrutura molecular, mas íons negativos neutralizam estas cargas. Os cátions e íons são facilmente trocáveis por percolação de soluções químicas. O tipo de cátion presente numa argila condiciona o seu comportamento. Uma argila esmectita com sódio absorvido, por exemplo, é muito mais sensível à água do que tendo cálcio absorvido. Daí a diversidade de comportamentos apresentados pelas argilas e a dificuldade de correlacioná-los por meio de índices empíricos. 2 – Estrutura e composição dos solos •Argilas Argilo minerais⇒ os argilo minierais são tipos de argilas com propriedades particulares. São três os principais argilo-minerais: caolinita, ilita e montmorilonita. A caolinita é o mais inerte. Caolinita Ilita Montmorilonita ou Smectita 3 – Bibliografia � Craig, R. F., 2007, Mecânica dos Solos, 7ª Edição, Editora LTC. � Nivaldo, J. C., 1979, Geologia aplicada à engenharia, 2 edição. � Sousa Pinto, C, 2006, Curso básico de mecânica dos solos, editora Oficina de Textos.
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