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FISIOPATOLOGIA E CLÍNICA DAS ALTERAÇÕES METABÓLICAS

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Fisiopatologia E ClíniCa Das 
altEraçõEs MEtabóliCas
Elaboração
André de Souza Mecawi
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 5
introdução ..................................................................................................................................... 7
unidAdE i
PÂNCREAS ENDÓCRINO ...................................................................................................................... 9
CAPítulo 1
INtRODuçãO ......................................................................................................................... 9
CAPítulo 2
SíNtESE E EStRutuRA DA INSulINA .......................................................................................... 11
CAPítulo 3
REgulAçãO DA SECREçãO DE INSulINA .............................................................................. 13
CAPítulo 4
AçõES DA INSulINA ............................................................................................................. 16
unidAdE ii
OBESIDADE........................................................................................................................................ 19
CAPítulo 1
INtRODuçãO ....................................................................................................................... 19
CAPítulo 2
PAtOfISIOlOgIA ................................................................................................................... 20
CAPítulo 3
DIAgNÓStICO, tRAtAmENtO E PROgNÓStICO ...................................................................... 23
unidAdE iii
DIABEtES MELLITUS ............................................................................................................................. 25
CAPítulo 1
INtRODuçãO ....................................................................................................................... 25
CAPítulo 2
DIStúRBIOS mEtABÓlICOS ..................................................................................................... 27
CAPítulo 3
DIABEtES MELLITUS Em CãES ................................................................................................. 29
CAPítulo 4
DIABEtES MELLITUS Em gAtOS ............................................................................................... 35
CAPítulo 5
PROBlEmAS ASSOCIADOS COm A REgulAçãO DO DIABEtES Em 
CãES E gAtOS ...................................................................................................................... 41
unidAdE iV
OutRAS DOENçAS mEtABÓlICAS Em CãES E gAtOS .......................................................................... 42
CAPítulo 1
CEtOACIDOSE DIABétICA (DKA) E EStADO hIPERglICEmICO hIPEROSmOlAR (hhS) ................ 42
CAPítulo 2
SíNDROmE hIPOglICêmICA .................................................................................................. 44
CAPítulo 3
INSulINOmA ......................................................................................................................... 46
CAPítulo 4
OutRAS AltERAçõES INDutORAS DE hIPOglICEmINA ........................................................... 51
rEfErênCiAS .................................................................................................................................... 55
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
A Endocrinologia Veterinária é uma especialidade com destaque crescente nos últimos dez anos 
em decorrência da oferta crescente de testes diagnósticos cada vez mais apurados disponíveis 
em laboratórios de análises clínicas. Por conta disso, faz-se necessário uma capacitação cada vez 
maior do Médico Veterinário para atuar nesse campo de trabalho bem como atualizações contínuas 
desse profissional para lidar com as novas informações e ferramentas disponíveis para combater 
as afecções endócrinas. Desse modo, a especialização do Médico Veterinário em Endocrinologia 
representa um novo campode atuação qualificada e especializada para este profissional, além de 
transmitir maior credibilidade aos proprietários de animais com alterações endócrino-metabólicas.
O metabolismo é o processo que o organismo usa para obter ou produzir energia a partir dos 
alimentos que come. Comida é composta de proteínas, carboidratos e gorduras. Enzimas do sistema 
digestivo quebram os alimentos em seus componentes, que por fim, servem como combustível para 
o organismo, que pode usar esse combustível imediatamente, ou pode armazená-lo em seus tecidos, 
como o fígado, músculos e adiposo.
As desordens metabólicas ocorrem quando as reações bioquímicas envolvidas neste processo 
passam a ocorrer de modo anormal, o que é geralmente acompanho por alterações endócrinas. Essa 
disciplina irá tratar das principais alterações metabólicas em cães e gatos, abordando seus aspectos 
hormonais, fisiopatológicos, diagnóstico e tratamento.
objetivos
 » Compreender os aspectos endócrinos e clínicos de doenças como Diabetes 
Mellitus; Hipoglicemia; Cetose; Dislipidemias; Síndrome metabólica e 
Obesidade, dos animais de companhia.,
9
unidAdE iPÂnCrEAS EndÓCrino
CAPítulo 1
introdução
O pâncreas é um órgão essencial à vida, responsável tanto pela digestão quanto pela homeostase 
de nutrientes. Está localizado na região epigástrica do segmento mesogástrico da cavidade 
abdominal em associação direta com o duodeno e fígado, formando uma unidade funcional única 
(pâncreas-fígado-duodeno). Tem a forma de um V, com a parte inferior do V em contato direto com 
o piloro (Figura 1).
figura 1. localização anatômica do pâncreas.
fonte: <http://bullblogingles.com/2011/09/15/pancreatite/>, acessado em 21/8/2013..
10
UNIDADE I │ PÂNCREAS ENDÓCRINO
Na maioria dos cachorros, o pâncreas tem dois dutos secretores, em conformidade com a sua 
origem de dois diferentes folhetos embrionários, enquanto na maioria dos gatos apenas um duto 
é persistente. Existe grande variação do padrão do sistema de dutos entre espécies. O suprimento 
sanguíneo é feito pelo ramo celíaco e cranial das artérias mesentéricas enquanto a drenagem venosa 
é feita por vasos que terminam na veia porta.
A função endócrina do pâncreas é realizada por diferentes tipos celulares que formam as ilhotas 
de Langerhans ou ilhotas pancreáticas (Figura 2). Num animal adulto as ilhotas constituem 
aproximadamente 1 a 2% da massa pancreática e são distribuídas irregularmente no tecido 
exócrino. Existem quatros tipos celulares principais nas ilhotas: células-β (as mais abundantes) 
que produzem insulina e amilina; células-α que produzem glucagon; células-δ que produzem 
somatostatina; e células-PP que produzem o polipeptídio pancreático. A maioria dos livros diz que 
as células-β estão localizadas no centro das ilhotas, entretanto, diversos estudo têm demonstrado 
uma distribuição diferenciada de acordo com as espécies. Por exemplo, em cães e gatos, elas estão 
localizadas na periferia das ilhotas. Vários outros peptídeos e hormônios foram identificados nas 
ilhotas por técnicas de imunomarcação dentre os quais o TRH, ACTH, AGRP, colecistoquinina, 
gastrina e pancreastatina. Pelo menos alguns desses peptídeos parecem participar da regulação da 
função das ilhotas e células pancreáticas.
figura 2. Ilhotas de langerhans.
fonte: <http://farmaciaminhavida.blogspot.com.br/2013/03/tipos-de-hormonios-insulina-glucagon.html>, acessado em 
21/8/2013.
As ilhotas são ricamente vascularizadas por capilares fenestrados que possuem alta permeabilidade. 
Um sistema portal-acinar faz a comunicação entre o tecido pancreático endócrino e exócrino. 
Assume-se que o sangue flui das ilhotas para os ácinos através desses capilares, levando os hormônios 
produzidos pelo pâncreas endócrino para o pâncreas exócrino com o objetivo de controlar a função 
desta porção pancreática. As ilhotas são inervadas por terminações simpáticas e parassimpáticas 
que influenciam grandemente na liberação dos hormônios pancreáticos. 
11
CAPítulo 2
Síntese e estrutura da insulina
A homeostase da glicose é mantida por um complexo sistema de hormônios regulatórios, dentre 
os quais a insulina é o mais importante. A insulina é o único hormônio que leva à diminuição da 
concentração sanguínea de glicose.
A síntese da insulina começa no retículo endoplasmático rugoso, com a formação da pré-pró-insulina 
(Figura 3), que é convertida em pró-insulina pela remoção de um pequeno fragmento peptídico. 
A pró-insulina é posteriormente processada a insulina pela remoção de outro peptídeo, chamado 
peptídeo C (peptídeo conector). A insulina e o peptídeo C são empacotados e estocados em grânulos 
secretores e são secretados em quantidades equimolares pelo processo de exocitose. Dentro dos 
grânulos, a insulina coprecipita com íons de Zinco para formar hexâmetros e microcristais, mas na 
circulação ela é sempre um monômero. 
figura 3. A estrutura da pró-insulina humana, a molécula precursora da insulina. O peptídeo que conecta a amina 
terminal (Nh2-) da cadeia A na carboxila terminal (-COOh) da cadeia B é chamado de peptídeo de conexão 
(peptídeo C). A pró-insulina é convertida em insulina e peptídeo C e essas duas moléculas são carregadas 
juntas nos grânulos secretores. Quando a célula-β é estimulada, o peptídeo C e a insulina são secretados em 
proporções equimolares. Assim, os níveis de peptídeo C refletem a capacidade funcional das células beta.
fonte: <http://www.medicinanet.com.br/acesso-mobile/?frm=/m/conteudos/acp-medicine/4497/diabetes_melito_tipo_1.
htm>, acessado em 21/8/2013.
A concentração de peptídeo C no plasma é um indicador da função das células-β, mas sua 
mensuração é principalmente usada na medicina humana para objetivos de pesquisa científica. A 
maior parte da pró-insulina é convertida em insulina antes da secreção, não sendo a pró-insulina 
normalmente detectável na circulação. Não se sabe ao certo se níveis elevados de pró-insulina 
em jejum e a relação pró-insulina/insulina ou pró-insulina/peptídeo C podem ser indicadores 
precoces de lesão nas células-β.
12
UNIDADE I │ PÂNCREAS ENDÓCRINO
A insulina consiste em duas cadeias polipeptídicas, uma chamada A, composta por 21 aminoácidos, 
e outra chamada B, composta por 30 aminoácidos, conectadas por pontes dissulfeto. A molécula da 
insulina foi altamente conservada durante a evolução das espécies, apresentando pequenas diferenças 
entre a maioria delas. A insulina canina é idêntica a porcina que, por sua vez, difere em apenas um 
aminoácido da insulina humana. A insulina felina é mais similar a bovina, também diferindo em 
apenas um aminoácido, enquanto essas diferem da insulina canina em três aminoácidos. A insulina 
circulante é quase inteiramente livre (não ligada) com uma meia vida 5-8min, e é metabolizada 
principalmente no fígado e nos rins.
13
CAPítulo 3
regulação da secreção de insulina
A regulação momento a momento da secreção de insulina é essencial para o controle do metabolismo 
de carboidratos, proteínas e lipídeos. O corpo possui um complexo mecanismo que assegura a 
secreção basal de insulina entre as refeições, assim como o aumento da secreção de insulina após 
as refeições. O regulador mais importante da secreção de insulina é a concentração de glicose no 
sangue, o que é feito por um mecanismo de retroalimentação positiva de modo que a glicose estimula 
a produção de insulina (Figura 4).
figura 4. Concentração plasmática de insulina em respostas a glicose, ou açucares que liberam glicose 
(sacarose e palatinose).
fonte: <http://www.espacovolpi.com.br/emagrecimento/manutencao-niveis-regulares-glicemia-insulina.php>, acessado em 
21/8/2013.
A glicose é transportada para o interior das células-β por meio de uma proteína transportadora de 
glicose chamada GLUT-2, o que permite um rápidoequilíbrio entre as concentrações de glicose extra 
e intracelulares. Dentro das células-β, a glicose é metabolizada (ela é fosforilada pela glicoquinase 
levando a produção de piruvato) para produzir ATP. O aumento na relação ATP/ADP é seguido pelo 
fechamento de canais de K+ sensíveis a ATP na membrana das células-β, impedindo que os íons 
K+ saiam das células-β. Por sua vez, isso leva à despolarização da membrana e abertura de canais 
de Ca++ dependente de voltagem. O aumento do Ca++ no citosol é o responsável pela secreção da 
insulina (Figura 5).
14
UNIDADE I │ PÂNCREAS ENDÓCRINO
figura 5: Esquema da secreção de insulina induzida pela glicose.
fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302000000500004&script=sci_arttext>, acessado em 21/8/2013.
A secreção da insulina é bifásica após uma injeção de glicose in bolus. A primeira fase começa 
poucos minutos (entre 5-10 min) e envolve a exocitose da insulina pré-formada. Essa fase é seguida 
por um aumento lento da secreção de insulina, caracterizando a segunda fase que está diretamente 
relacionada à concentração de glicose sanguínea (Figura 6). A administração oral de glicose leva a 
uma secreção de insulina bem maior do que a injeção intravenosa. Esse fenômeno se explica pelas 
ações de hormônios chamados incretinas, dos quais o mais importante é o peptídeo, relacionado 
ao glucacon do tipo 1 (GLP1) e do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose, também 
chamado polipeptídeo inibitório gástrico (GIP). As incretinas são secretadas por células endócrinas 
do trato gastrointestinal em resposta aos nutrientes e são, então, levadas pela corrente sanguínea 
as ilhotas pancreáticas, onde interagem com seus receptores nas células-β amplificando a secreção 
de insulina. Em diversas espécies, o GLP1 possui efeitos adicionais, como a redução da secreção 
de glucagon e estimulação da diferenciação e proliferação das células-β. Entretanto, esses efeitos 
não estão claros em cães e gatos. Adicionalmente, a glicose, outros açúcares, aminoácidos e ácidos 
graxos também estimulam a secreção de insulina. A estimulação pode ser direta ou via incretinas. 
O sistema nervoso autônomo também exerce importante modulação da secreção dos hormônios 
pancreáticos. Em termos gerais, a secreção da insulina é estimulada pelo nervo vago e inibida pelo 
sistema nervoso simpático.
15
PÂNCREAS ENDÓCRINO │ UNIDADE I
figura 6. Secreção bifásica de insulina em resposta a glicose
fonte: <http://www.emv.fmb.unesp.br/aulas_on_line/Endocrinologia/diabetes_mellitus/fisiopatologia.asp>, acessado em 
21/8/2013.
Vários outros hormônios pancreáticos influenciam a secreção da insulina, direta ou indiretamente. 
A amilina é um peptídeo de cadeia simples com 37 aminoácidos que é cossecretado com a insulina. 
Vários efeitos desse hormônio foram demonstrados em humanos e roedores, demostrando sua 
relevância fisiológica e a sua contribuição para regulação do metabolismo de nutrientes. Eles incluem 
a inibição da ingestão alimentar, modulação da secreção de glucagon e retardo do esvaziamento 
gástrico. A amilina e seus metabólitos podem estar diretamente envolvidos no desenvolvimento do 
diabetes melitus do tipo II em felinos e humanos.
Glucagon é um peptídeo de cadeia simples com 29 aminoácidos. Várias evidências apontam que 
distúrbios na secreção desse hormônio também tem uma importante implicação no diabetes 
mellitus. Ele é o principal hormônio catabólico agindo antagonicamente à insulina para manter a 
concentração sanguínea de glicose. Após a ingestão do alimento, a secreção de insulina aumenta 
para conservar a energia e prevenir a hiperglicemia. Conforme o intervalo entre a última refeição 
aumenta, a concentração de glicose diminuí, e o glucagon é secretado com o objetivo de prevenir 
a hipoglicemia, além de mobilizar os estoques de energia. Mudanças na relação insulina/glucagon 
são intensamente controladas pela concentração de glicose no sangue e em menor intensidade 
pela concentração sanguínea de aminoácidos. Existe uma sinalização parácrina entre insulina e 
glucagon, de modo que a insulina inibe a secreção de glucagon e o glucagon estimula a secreção 
da insulina. 
A somatostatina é um peptídeo com 14 aminoácidos que está presente em diversos tecidos. A 
somatostatina pancreática possui efeito inibitório sobre a absorção e digestão de nutrientes e 
motilidade do trato gastrointestinal, além de ser um importante inibidor parácrino da secreção de 
insulina e glucagon. 
Os hormônios mencionados acima possuem efeitos adicionais e a interação entre esses e outros 
hormônios é complexa no controle do metabolismo energético. 
16
CAPítulo 4
Ações da insulina
A insulina regula várias funções metabólicas por meio da sua ligação com seu receptor na membrana 
celular. Esse receptor está distribuído em todo o corpo, sendo encontrado em tecidos nos quais a 
insulina é responsável por mediar a captação de glicose, como músculos e tecido adiposo, assim 
como naqueles em que ela não intercede, como fígado, cérebro, rins e hemácias.
Como os receptores para outros hormônios peptídicos, os receptores para insulina estão ancorados 
na membrana plasmática. Esses receptores são formados por uma proteína tetramérica composta 
por duas subunidades α e duas subunidades β ligadas por pontes dissulfeto. As subunidades 
α são extracelulares e contêm o domínio de ligação da insulina, enquanto as subunidades β são 
responsáveis pela ancoragem do receptor à membrana plasmática. O receptor de insulina pertence 
a um grande grupo de receptores com atividade tirosina quinase. A sua atividade é mediada pela 
transferência de grupamentos fosfato para resíduos de tirosina em alvos proteicos intracelulares.
A ligação da insulina às subunidades a leva à ativação da atividade tirosina quinase das subunidades 
β, o que, por sua vez, causa a autofosforilação do receptor insulínico e promove a atividade catalítica 
desse receptor. As proteínas fosforiladas pelo receptor de insulina são chamadas substratos do 
receptor insulínico (IRS). Elas são mediadores-chave na via de sinalização da insulina e agem 
como acopladores proteicos entre o receptor de insulina e uma complexa rede de sinalizadores 
intracelulares. A desregulação dessa cascata de sinalização leva à resistência à insulina, na qual os 
IRS parecem ser os principais vilões. 
Segundos após a ligação da insulina ao seu receptor, as ações rápidas conhecidas da insulina levam à 
captação de glicose, aminoácidos, K+ e fosfato. Ações intermediárias ocorrem após alguns minutos, 
afetando principalmente o metabolismo de proteínas e glicose, seguindo-se após várias horas de um 
efeito mais tardio, relacionado, principalmente, ao metabolismo de lipídeos.
A glicose é uma molécula polar que não se difunde por meio da membrana plasmática. O seu 
transporte é facilitado em diversos tecidos por uma família de transportadores de glicose (GLUT) 
ou (no intestino e fígado) por transporte ativo secundário acoplado ao sódio. Pelo menos 14 subtipos 
diferentes de GLUT foram identificados em humanos, de acordo com a ordem de seu descobrimento, 
chamados GLUT 1-14. Cada um parece ter um envolvimento em uma tarefa específica. O GLUT 4 é o 
principal transportador responsivo à insulina, sendo muito expresso nos músculos e tecido adiposo. 
A insulina estimula o transporte de glicose nesses dois tecidos, pois leva à translocação de moléculas 
de GLUT 4 de vesículas no citosol para a membrana plasmática, os quais passam a funcionar como 
poros para entrada de glicose. Quando os níveis de insulina diminuem, as moléculas de GLTU 4 são 
rapidamente removidas da membrana plasmática. Em vários outros tecidos, como cérebro, fígado, 
rins e trato gastrointestinal, a captação de glicose é independente da insulina e ocorre por meio de 
outros tipos de GLUT. O mecanismode ação da insulina esta resumido na figura 7.
17
PÂNCREAS ENDÓCRINO │ UNIDADE I
figura 7. mecanismo celular da sinalização do receptor de insulina.
fonte: < http://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/acp-medicine/4497/diabetes_melito_tipo_1.htm>, acessado em 
2/10/2013.
A insulina é o hormônio anabólico mais importante em mamíferos e previne o catabolismo dos 
estoques de nutrientes. A sua principal função é garantir o estoque de glicose, como glicogênio, 
aminoácidos, como proteínas, e ácidos graxos, como triglicerídeos. A insulina facilita a oxidação 
da glicose à piruvato e da lactose por indução de enzimas, como glicoquinase, fosfofrutoquinase 
e piruvato quinase. A insulina promove a síntese de glicogênio por aumentar a atividade da 
glicogênio sintetase. A gliconeogênese é diminuída pela insulina, uma vez que ela promove a 
síntese de proteínas em tecidos periféricos, diminuindo a disponibilidade de aminoácidos para a 
gliconeogênese. Adicionalmente, a insulina diminui a atividade das enzimas hepáticas envolvidas 
na conversão de aminoácidos em glicose.
No tecido adiposo, a insulina promove a síntese de lipídeos e inibe a sua degradação. A insulina 
estimula as enzimas piruvato quinase e acetil-CoA carboxilase, que promovem a síntese de ácidos 
graxos a partir do acetil-CoA. A insulina também aumenta a atividade da lipase lipoproteica, 
uma enzima localizada no endotélio capilar dos tecidos extra-hepáticos que promovem a entrada 
de ácidos graxos para o tecido adiposo. A inibição da lipólise é mediada pela inibição da lipase 
hormônio sensível.
18
UNIDADE I │ PÂNCREAS ENDÓCRINO
A insulina estimula a síntese proteica, bem como inibe a degradação proteica, e assim promove 
um balanço positivo do nitrogênio corporal. O principal antagonista da insulina é o glucagon, que 
age principalmente no fígado para aumentar a gliconeogênese e a glicogenólise e diminue a síntese 
de glicogênio. Ele também é um hormônio cetogênico, uma vez que aumenta a lipólise. Insulina 
e glucagon agem em consonância após a ingestão de proteínas. Ambos são liberados quando 
a concentração de aminoácidos aumenta no sangue. A insulina causa a diminuição da glicose e 
aminoácidos no sangue, ao passo que o glucagon diminu a glicose plasmática, já que estimula a 
gliconeogênese hepática. Essa interação garante o crescimento e sobrevivência em condições de 
dieta quase exclusivamente proteicas e lipídicas. Um resumo das ações da insulina e glucagon pode 
ser encontrado na figura 8.
figura 8. Resumo das ações da insulina e glucagon nos músculos, no fígado e no tecido adiposo.
fonte: < http://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/acp-medicine/4497/diabetes_melito_tipo_1.htm>, acessado em 
2/10/2013.
19
unidAdE iioBESidAdE
CAPítulo 1
introdução
A obesidade é pandêmica em humanos e animais de estimação. Estes distúrbios nutricionais em gatos 
e cães ocorrem quando a entrada de energia – ingestão de alimentos – é maior que o gasto de energia. 
O excesso de energia leva a deposição de triglicerídeos no tecido adiposo. O excesso de suplemento 
de dietas altamente energéticas, que é atualmente oferecido à população de animais de estimação 
levando a um estilo de vida muito sedentário, é a causa mais provável de obesidade nesse grupo.
Atualmente, já se sabe que a obesidade ocorre em um terço a metade da população de cães e 
gatos. É um fator de risco para várias doenças, incluindo artrite, doença cardiovascular, condições 
respiratórias, dermatopatias, doenças do trato urinário e câncer, sendo que, em gatos, ela aumenta 
em muitas vezes o risco do desenvolvimento do diabetes mellitus. São considerados como fatores 
de risco, tanto para cães como para gatos, o gênero, a esterilização e a idade. Em cães, as fêmeas são 
mais propícias a se tornarem obesas, enquanto em gatos, os machos são mais propensos. Observa-se 
a prevalência de obesidade em certas raças de cães, incluindo Labrador, Retriever, Cairn, Terrier, 
Cocker Spaniel, Sachshund e Beagle. Não há prevalência de raça documentada em gatos.
Conforme aumenta o entendimento da fisiologia de cães e gatos e reconhece-se a obesidade como 
uma doença que deve ser registrada e monitorada, espera-se aumentar o progresso na definição dos 
fatores envolvidos em sua patofisiologia e desvendar o seu papel em comorbidades.
20
CAPítulo 2
Patofisiologia
Entender a regulação do apetite é uma parte importante do entendimento e tratamento da 
obesidade. Infelizmente, não há muitos dados originais de estudos com cães e gatos e a maior parte 
do que se sabe sobre a regulação do apetite é deduzido de outras espécies, marcadamente humanos 
e roedores. O apetite é regulado por vários hormônios, bem como por fatores gastrointestinais, pelo 
sistema nervoso central e pelo sistema nervoso autônomo. O principal regulador central do apetite 
é o hipotálamo, que é capaz de perceber estímulos externos. Apenas a colecistocinina, leptina e a 
grelina, fatores periféricos, têm sido estudados em cães e gatos.A colecistocinina, que é secretada 
no duodeno, é um supressor de apetite em cães e também em gatos. A leptina é um hormônio 
sintetizado primariamente em adipócitos diferenciados. A grelina, muitas vezes chamada de 
hormônio da fome, é sintetizada em células produtoras de ácido no estômago e seu efeito estimulador 
de apetite é mediado pelo neuropeptídeo Y e pelo peptídeo relacionado ao agouti (AGRP). Em cães, 
a concentração de grelina plasmática se mostra maior quando a comida é ingerida e diminui após 
a alimentação, principalmente, em cães obesos. Em gatos, observou-se que a grelina, clonada e 
purificada, aumenta com o jejum, mas não há estudos publicados sobre a grelina em gatos obesos.
O peptídeo Y (PYY) medeia o efeito supressor de apetite do dirlotapide (Slentrol, Pfizer) e mitratapide 
(Yarvitan, Janssen), novos agentes usados para o tratamento da obesidade canina. O dirlotapide e 
o mitratapide inibem a proteína transferase de triglicérideo microssomal, o que leva a acumulação 
de lipídeos nos enterócitos. Foi proposto que essa mudança ativa a liberação de PYY, que age como 
um sinal de saciedade.
O desenvolvimento da obesidade leva a marcadas alterações na secreção de insulina e uma 
diminuição na ação da insulina, por exemplo, pelo aumento de sua resistência O mecanismo pelo qual 
o aumento da massa gordurosa causa essas mudanças ainda não está claro. Parece que a resistência 
à insulina precede mudanças na secreção de insulina, pelo menos em gatos. Um estudo recente 
revelou que para cada kg de ganho de peso, aproximadamente 30% da sensibilidade à insulina e 
efetividade da glicose são perdidas. O decréscimo na sensibilidade à insulina está associado com 
a lipólise aumentada no tecido adiposo e uma elevação na concentração de ácidos graxos não 
esterificados no plasma. Sabe-se que esse aumento contribui para a resistência à insulina, não só 
aumentando o consumo da glicose pelo fígado, mas também suprimindo o transporte de glicose 
mediado pelo transportador de glicose sensível à insulina GLUT4. Em gatos obesos, a expressão de 
GLUT4 diminui mesmo quando os valores de hemoglobina glicada continuam normais. Mudanças 
na distribuição subcelular de GLUT4 também foram observadas em cães obesos, provavelmente, 
por causa do aumento na secreção do fator de necrose tumoral de grandes adipócitos, que regula a 
lipoproteína lipase, ácidos graxos não só são depositados em células do tecido adiposo, mas também 
desviadas para células musculares, onde são depositados.
A obesidade também leva a mudanças na secreção de insulina. Em um determinado momento, 
quando a concentração de glicose no plasma em jejum é mantida dentro dos padrões normais, o 
padrão de secreção de insulina já terá mudado em cães e gatos, quando comparados com animais 
21
OBESIDADE │ UNIDADEII
magros, primariamente por conta do aumento na segunda fase da liberação. A resposta das células-β 
é adequada para manter os níveis no jejum, mas não é adequado para manter a tolerância à glicose 
em todos os casos. Em um estudo com cães, a intolerância à glicose foi relacionada ao grau de 
obesidade e não é detectada até que o cão exceda seu peso ideal em aproximadamente 70%. Em 
outro estudo, a tolerância à glicose continuou normal em aproximadamente 30% de gatos obesos 
com um grau similar de obesidade. Nesse estudo, os gatos obesos intolerantes à glicose tiveram uma 
área significantemente maior sob a curva de concentração de insulina durante os últimos 30 minutos 
do teste e menor clearance de glicose quando estavam magros, comparado com os gatos obesos que 
apresentaram clearance normal de glicose. Isso sugere que as anormalidades na ação da insulina, 
ao invés das anormalidades na secreção da insulina, é que já estavam presentes em gatos quando 
eles estavam magros e predispuseram-se a mudanças mais severas quando se tornaram obesos. A 
resistência à insulina persistente em gatos leva eventualmente a um decréscimo na capacidade total 
de secreção de insulina e início do diabetes mellitus. Nesse momento, a secreção de insulina é baixa 
e errática. Não há dados similares para cães.
Em humanos, a obesidade aumenta tanto a secreção de insulina quanto a de pró-insulina e há um 
aumento marcado na relação pró-insulina/insulina quando o diabetes mellitus se desenvolve. Isso 
sugere que a pró-insulina pode ser usada como um indicador e marcador sensível da disfunção das 
células-β. A pró-insulina tem se mostrado ser um marcador para a resistência à insulina, e os níveis 
de pró-insulina em humanos estão relacionados com arteriosclerose e doença cardiovascular. A 
secreção de pró-insulina aumenta também em gatos obesos, mas não se sabe se há uma mudança 
na relação pró-insulina/insulina com o desenvolvimento de diabetes mellitus e, portanto, se a taxa 
pode ser usada como um indicador da doença. Mudanças na secreção de pró-insulina durante a 
obesidade ainda não foram estudadas em cães.
Há outras mudanças hormonais em cães e gatos obesos. Assim como os humanos, gatos e cães 
obesos têm baixas concentrações de adiponectina. A adiponectina é secretada pelo tecido adiposo e 
modula o metabolismo de lipídeos e glicose. Sua concentração é inversamente proporcional a massa 
corporal e positivamente relacionada com a sensibilidade à insulina.
Mudanças no hormônio da tireoide também são observadas na obesidade. Os hormônios da tireoide 
estão envolvidos na regulação da taxa metabólica de descanso (basal), termogênese e lipólise. As 
concentrações e a proporção de T4 livre se mostraram ser significativamente maiores em gatos 
obesos, quando comparados a gatos magros, embora normalmente continuem dentro dos padrões 
normais até o desenvolvimento de obesidade mórbida já em pacientes clínicos. Em gatos, a tiroxina 
livre tem a relação positiva mais forte com os índices de gordura corporal da obesidade, índice 
de massa corporal, circunferência, ácidos graxos não esterificados e leptina. O gasto de energia é 
menor em gatos obesos do que em gatos magros e aumenta com a administração de triiodotirodina, 
sugerindo que hormônio da tireoide está parcialmente envolvido com a baixa produção de calor. A 
tiroxina plasmática total e o T3 total estão mais aumentados em cães obesos do que em cães magros, 
embora continuem dentro dos padrões de referência.
Uma das principais questões relacionadas à progressão da obesidade compensada para o diabetes, 
tanto em cães quanto em gatos (e também em humanos), se refere ao papel do polipeptideo 
amilóide das ilhotas (IAPP), também chamado de amilina, um hormônio cossecretado com a 
22
UNIDADE II │OBESIDADE
insulina. Esse hormônio é o precursor do amilóide das ilhotas, que é formado quando o retículo 
endoplasmático não consegue processar a amilina corretamente, o que leva a formação de fibrilas 
tóxicas e eventualmente deposição de amilóide, com apoptose de células-β que excede a sua taxa de 
regeneração. Em gatos obesos, a secreção de amilina segue o padrão da insulina. Contudo não há 
evidência que isso leve a formação de amiloide em gatos obesos, o que sugere que nem a obesidade 
nem a hiperamilinemia por si só são suficientes para causar a amiloidose na presença de uma massa 
de células betas normais.
Comparados com os magros, gatos obesos têm menor expressão de receptores ativados pela 
proliferação de peroxisoma (PPARs), que são fatores de transcrição envolvidos no metabolismo de 
carboidratos, lipídeos, proteínas e na diferenciação celular. O PPARa está envolvido com a biogênese 
mitocondrial adipocítica e com a regulação pra cima de genes envolvidos com a oxidação de ácidos 
graxos. A baixa expressão sugere que adipócitos de gatos obesos são menos metabolicamente ativos 
do que os de gatos magros. O PPARy é altamente expresso no tecido adiposo e está envolvido 
com a diferenciação de adipócitos. Ele é ativado pelas tiazolidinedionas, drogas que aumentam a 
sensibilidade à insulina em muitas espécies, incluindo gatos. A baixa concentração de PPARy vista 
em gatos obesos confirma a resistência à insulina. Ainda faltam informações sobre a expressão 
de PPAR em cães, embora tenha sido mostrado que o agonista do PPARa, fenofibrato, diminua a 
concentração de colesterol e triglicerídeos nessa espécie.
A obesidade é caracterizada, tanto em gatos quanto em cães, por alterações no metabolismo de 
lipídeos e lipoproteínas. Aumentam a concentração plasmática de ácidos graxos não esterificados 
(NEFAs), que acrescem a síntese de VLDL, e aumentam os triglicerídeos plasmáticos, mudança 
associada principalmente ao aumento no número de partículas de médio e grande porte de VLDL 
que tem sido associadas com doença cardiovascular em humanos. A superprodução de VLDL 
também tem sido associada com a diminuição da expressão de PPARa. A aterogênese e a doença da 
ateria coronária são características da obesidade felina ou diabetes mellitus, e gatos diabéticos não 
estão propensos a ter pressão alta ou complicações como retinopatia ou proteinúria. 
Tem havido descobertas contrastantes relacionados ao colesterol. Em cães obesos, o colesterol 
plasmático se apresenta maior ou igual ao de cães magros e a fração de HDL, que representa o 
colesterol, aumenta em alguns relatos enquanto diminui em outros. Assim como em humanos, a 
hipertensão e a aterosclerose também têm sido relatadas em cães obesos com dieta rica em gorduras, 
sugerindo que a dislipidemia de obesidade é mais importante em cães que em gatos. Em gatos 
recentemente obesos, o colesterol plasmático é aumentado pelo colesterol HDL também alto. Uma 
diminuição significante do HDL colesterol é vista na obesidade de longo prazo em gatos. Entretanto, 
ao contrário dos humanos, cães e gatos têm concentrações muito maiores de HDL do que de LDL 
colesterol e o último continua alto, apesar de uma eventual redução da obesidade.
O tipo de deposição de gordura tem recebido grande atenção na medicina humana porque a gordura 
visceral tem um papel primário na resistência à insulina. A gordura visceral é resistente aos efeitos 
antilipocíticos da insulina e levam a muitas anormalias metabólicas em humanos obesos, como 
extração de insulina hepática reduzida, aumento na gliconeogênese e perturbações no metabolismo 
de lipídeos. Entretanto, a deposição de gordura abdominal em gatos é igualmente dividida entre 
subcutânea e intra-abdominal, independente da dieta. Em cães obesos, resistentes à insulina 
alimentados com uma dieta rica em gorduras, a gordura abdominal subcutânea aumentou mais que 
a gordura visceral, o que argumenta contra o papel primário da deposição de gordura visceral na 
mudança da sensibilidade à insulina em ambas as espécies. 
23
CAPítulo 3
diagnóstico, tratamentoe prognóstico
Há métodos subjetivos e objetivos para avaliar a composição corporal. Uma escala corporal de nove 
pontos é o método mais frequentemente usado em clínicas particulares, mas tem a desvantagem 
de ser subjetivo. Também é difícil avaliar animais que ganharam peso recentemente ou que tem 
pelo longo. Em gatos, uma pontuação entre 1-3 indica um animal desnutrido e cujas costelas estão 
visíveis (1) ou que tenham cobertura de gordura mínima e são facilmente palpáveis (3). A condição 
corporal ideal é (5), que indica um gato bem proporcional cuja cintura é facilmente percebida. Gatos 
sobrenutridos entram no grupo 7-9, dependendo da quantidade de gordura: 7 se as costelas não são 
facilmente palpáveis e nove se não se pode apalpá-las de forma alguma por causa dos depósitos de 
gordura. Em cães, 1-3 indica um animal desnutrido: 1 se há perda de massa muscular e gordurosa e 
3 se as costelas são facilmente apalpáveis. Uma pontuação de 4 ou 5 indica uma condição corporal 
ideal: as costelas são palpáveis e tem alguma cobertura de gordura, a cintura não é facilmente notada 
e o arregaçamento abdominal é evidente. Registros de 6-9 indicam que o cão está sobrenutrido: 6 se 
as costelas são dificilmente apalpáveis, 9 se elas não podem ser apalpadas, não há cintura observável 
e há deposição de gordura em todo o corpo.
Também há métodos objetivos para julgar a obesidade em cães e gatos, alguns requerem equipamento 
especializado, outros não. O índice de massa corporal (BMI) é bem conhecido na medicina humana, 
o qual é amplamente usado para avaliar a adiposidade. Também é calculado em gatos de acordo 
com a fórmula: BMI = peso corporal (kg)/largura corporal (m) x altura corporal (m). Considera-se 
a altura a distância do ombro passando pelo cotovelo até o limite do metacarpo da pata e a largura 
é a distância do ombro até o ísquio tubérculo. O BMI correlaciona-se bem com outros índices de 
obesidade, mas só dentro de populações bem definidas, por causa da grande variação de tamanho 
dentro de população geral de animais de estimação.
A obesidade é avaliada medindo a circunferência corporal ou circunferência imediatamente caudal 
até a última costela e correlaciona-se bem com as medidas de gordura corporal e absormetria de 
raio X duplo (DEXA). A circunferência e o BMI não requerem equipamento especializado. Uma 
avaliação de adiposidade altamente sofisticada é conseguida com o DEXA e ressonância magnética 
de imagem (MRI). O MRI pode prover quantificação exata de depósitos de adipócitos específicos 
dentro do corpo.
Assumindo que a obesidade é a doença primária e não a secundária ao hipotireoidismo ou 
hipercortisolismo, o objetivo do tratamento é diminuir a entrada de energia e aumentar a saída. Isso 
é alcançado pelo manejo da dieta e estilo de vida, e recentemente, a intervenção terapêutica também 
foi disponibilizada para cães. A dieta deve ser concentrada em proteína, o que aumenta o gasto de 
lipídeos e preserva a massa magra tanto em cães como em gatos. Recentemente, foi mostrado que 
uma dieta alta em fibra e alta em proteínas levou a maior redução na ingestão voluntária de comida 
do que as dietas com proteína alta/fibra moderada ou proteína moderada/fibra alta. Como diferentes 
fontes de proteínas e fibras foram usadas para cada uma das três dietas nesse estudo, não está claro 
qual efeito pode ser atribuído a proteínas ou a fibras. A restrição de energia deve ser procedida 
24
UNIDADE II │OBESIDADE
lentamente para evitar o desenvolvimento de lipidose hepática, especialmente em gatos. Uma perda 
de peso entre 1 e 1,5% foi relatada como sendo segura. A eficiência da adição de substâncias como 
ácido linoléico conjugado ou creatina precisa ser avaliado em estudos bem controlados. Há varias 
dietas comerciais para perda de peso disponível para cães e gatos. Essas dietas proporcionam os 
nutrientes necessários apesar da ingestão calórica reduzida. Também há muitos programas de 
computador que podem ajudar donos de gatos e cães a desenvolver um programa de perda de peso 
para seus animais. Os donos de gatos não castrados devem estar atentos que a castração diminui a 
demanda energética e aumenta o apetite.
Muitos donos de animais de estimação acreditam que é mais fácil aumentar o gasto de energia 
em cães do que em gatos, porque cães podem ser levados para passear e muitos cães apreciam 
atividades físicas, como nadar. Gatos de apartamento são mais limitados na atividade, mas os donos 
também podem encorajar o exercício físico, dando brinquedos para o animal e colocando pequenas 
quantidades de comida ao redor da casa ao invés de em um único prato.
O dirlotapide e o miratapide foram recentemente aprovados para tratar cães obesos. Essas 
drogas aumentam a absorção de gordura no intestino pela inibição da transferase de triglicerídeo 
microssomal. A acumulação de lipídeos nos enterócitos aumenta a concentração do peptídeo YY 
no plasma, resultando em saciedade. A dose de dirlotapide é titulada individualmente dentro dos 
valores 0,01-0,2 ml/kg. A solução de mitratapide está disponível em frascos de três tamanhos para 
facilitar a administração da dose na comida de acordo com o peso do cão. O tratamento é feito 
por três semanas e então interrompido por duas semanas para avaliar a demanda nutricional do 
animal. A dieta é combatida de acordo com a demanda e o mitratapide é reiniciado por três semanas 
adicionais. Não há droga similar para uso em gatos no momento.
Para que o tratamento para obesidade seja bem-sucedido, é importante que o veterinário e o 
dono reconheçam que a obesidade é uma doença e terá consequências deletérias para o animal 
se não for tratado. O veterinário precisa monitorar e registrar os índices de obesidade nos check-
ups e apresentar avaliações para o dono durante o curso da perda de peso. Exercício é uma parte 
importante de qualquer programa e beneficiará tanto o animal quanto o dono.
25
unidAdE iiidiABEtES MELLITUS
CAPítulo 1
introdução
Tradicionalmente o diabetes mellitus em cães e gatos foi categorizada mais ou menos de acordo 
com o esquema utilizado em humanos. Entretanto, há muito tempo não se sabe se essa classificação 
é justificável, principalmente por conta da escassez de estudos sobre a etiopatogênese do diabetes 
em animais de companhia. Estudos recentes demonstraram uma similaridade do diabetes humano 
com o diabetes canino e felino. Embora ainda haja muito para se esclarecer, a classificação humana 
pode ser usada para facilitar o reconhecimento e diferenciação das várias formas dessa doença. 
O comitê de especialistas de diagnóstico e classificação de diabetes mellitus da Associação 
Americana de Diabetes, trabalhando em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde, 
definiu o diabete mellitus no seu último relatório de 2008 como um grupo de doenças metabólicas 
caracterizadas pela hiperglicemia resultante do déficit de secreção de insulina, ação insulínica ou 
ambos. O mesmo comitê abandonou o termo usado por anos: Diabetes Mellitus insulino dependente 
ou insulino independente e, desde então, a nomenclatura é baseada no tipo de tratamento ao invés 
da etiologia, resultando em mais confusão do que ajuda. A maioria dos casos de diabetes humano 
pertence a essas duas categorias, agora chamadas de tipo I e II. Isso também é aceito para o diabetes 
em cães, sendo similarmente classificado em tipo I, enquanto o diabetes em gatos é mais próximo 
ao tipo II. O diabetes tipo I, que é responsável por aproximadamente 10% dos casos em humanos, 
é causado pela deficiência absoluta de secreção de insulina devido à destruição autoimune das 
células-β. O marcador dessa doença é a presença de anticorpos relacionados às ilhotas, tais como 
anticorpos anti-ilhota, anti-insulina, anti-GAD e anti-tirosina fosfatase. Existe uma contribuiçãogenética e o processo autoimune é iniciado por fatores ambientais até então mal definidos. A doença 
é tipicamente diagnosticada em adolescentes e crianças, mas também pode ter um desenvolvimento 
lento ou um inicio tardio, com manifestação apenas na vida adulta. Existe um subgrupo do diabetes 
tipo I chamado idiopático, que é herdado sem evidência de envolvimento autoimune. 
O diabetes tipo II, que é idêntico ao que era chamado diabetes mellitus insulino independente, é 
responsável por 90% dos casos de diabetes mellitus em humanos. Ele é caracterizado por dois tipos 
de efeitos: resistência à insulina e disfunção das células-β. Ambos são identificados no diagnóstico, 
embora não se saiba qual é a causa primária. Os principais sítios de resistência são fígado, músculo 
26
UNIDADE III │ DIABETES MELLITUS
e tecido adiposo. A resistência à insulina em humanos tem uma grande base genética e é promovida 
pela obesidade, inatividade física, algumas drogas e altos níveis de glicose. Dentre esses fatores, a 
obesidade é o mais importante. 
A obesidade é uma área de intensa pesquisa, em particular, desde a descoberta de que o tecido 
adiposo é um importante liberador de grandes quantidades de ácidos graxos não esterificados e 
proteínas chamadas adipocinas. Algumas adipocinas, como a adiponectina e leptina, podem 
aumentar a sensibilidade à insulina, enquanto os ácidos graxos não esterificados e citocinas 
pró-inflamatória TNF-a e IL6 induzem ou agravam a resistência à insulina.
A disfunção das células-β é essencial para o desenvolvimento do diabetes tipo II. Uma caraterística 
presente é a perda da primeira fase da secreção de insulina induzida pela glicose. A segunda 
fase também é bloqueada, mas em menor intensidade. As razões para a falência das células-β 
são desconhecidas. Hiperglicemia e hiperlipidemia podem ser danosas (referente a glico e 
lipotoxicidade). Outro fator sugerido é a deposição amiloide nas ilhotas devido à polimerização da 
amilina. Em contraste ao diabete tipo II, o tipo I pode ser manejado facilmente com a administração 
de insulina permanentemente. Além disso, o risco de cetoacidose é muito maior no tipo II. 
A terceira categoria de diabetes refere-se ao diabetes que é desenvolvido em associação a outros fatores 
ou doenças, o que os impede de ser classificados em tipo I ou II. Esse tipo de diabetes é importante 
em cães e gatos. O diabetes pode ser desenvolvido secundariamente a outras disfunções do pâncreas 
exócrino (pancreatite e carcinoma pancreático), hipersecreção de hormônios contrarreguladores 
(hipertireoidismo, hipercortisolismo e hipersomatotropismo) e a administração de glicocorticoides 
e/ou progestágenos. Algumas síndromes genéticas também são incluídas nessa categoria. O nível 
de intolerância a glicose varia muito e a terapia com insulina pode ser necessária ou não. O diabetes 
diagnosticável só se desenvolve nesses indivíduos se eles tiverem susceptibilidade a essa doença. 
Essas doenças associadas devem ser diferenciadas de uma possível coexistência com o diabetes do 
tipo I, como no caso de doenças endócrinas que resultam de processos autoimunes, por exemplo, 
diabetes com hipotireoidismo ou doença de Addison.
A quarta categoria de diabetes mellitus em humanos é o diabetes gestacional, mas não é muito 
importante em cães e gatos. Entretanto, o diabetes associado ao diestro em cães pode ser considerado 
equivalente ao diabetes gestacional em humanos.
27
CAPítulo 2
distúrbios metabólicos
A hiperglicemia é desenvolvida quando a secreção de insulina é ausente ou inadequada ou é 
inadequada por conta da resistência insulínica. Inicialmente, a resistência à insulina pode ser 
compensada por aumento da secreção de insulina, mas em algum momento essa resposta não 
será suficiente. De modo absoluto ou relativo, a insulina possui um efeito pronunciado sobre o 
metabolismo de carboidratos, ácidos graxos e proteínas. A hiperglicemia resulta em parte da redução 
de entrada de glicose nos músculos e tecido adiposo. A absorção intestinal de glicose não é afetada, 
assim como a entrada de glicose no cérebro, rins e hemácias. A segunda e, potencialmente, a mais 
importante causa de hiperglicemia é uma produção excessiva de glicose no fígado via gliconeogênese 
e glicogenólise. O glucagon contribui para o aumento da produção de glicose, assim como hormônios 
relacionados ao estresse. Quando a capacidade renal de absorção de glicose é excedida, a glicose é 
excretada pela urina. Isso resulta em uma diurese osmótica compensada pelo aumento da ingestão 
de água e essa polidipsia pode se tornar severa. A perda de energia pela glicosúria é compensada 
pelo aumento da ingestão alimentar. A estimulação do apetite pelo hipotálamo ocorre devido à 
utilização deficiente da glicose.
O desequilíbrio do metabolismo de lipídeos exerce papel principal no desenvolvimento do diabetes 
e suas complicações, e o diabetes é frequentemente associado a deficiências no metabolismo 
de lipídeos ao invés de carboidratos. O déficit intracelular de glicose e a falta da secreção de 
insulina aceleram o metabolismo de lipídeos. O aumento da disponibilidade de glicerol acelera a 
gliconeogênese hepática. Os níveis elevados de ácidos graxos não esterificados são transportados 
para o fígado também. No fígado, eles sofrem β-oxidação à acetil-CoA. A quantidade de acetil-
CoA pode exceder a necessidade para produção de ATP pela oxidação no ciclo de Krebs. Isso causa 
uma mudança na produção de corpos cetônicos o que, por sua vez, pode resultar em cetoacidose. 
A concentração elevada de ácidos graxos hepáticos também resulta no aumento da síntese de 
triglicerídeos e lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL). As consequências são esteatose 
hepática e hiperlipidemia. 
O metabolismo de proteínas é alterado com a diminuição da síntese de proteínas e aumento da 
proteólise. A alta disponibilidade de aminoácidos também pode levar à aceleração da gliconeogênese 
hepática. As consequências são balanço negativo de nitrogênio, perda de massa muscular e possível 
caquexia. 
Em humanos diabéticos existem complicações severa que podem afetar a qualidade e a expectativa de 
vida. Essas afetam principalmente o sistema vascular (doenças microvasculares e macrovasculares), 
o sistema nervoso e o cristalino. A principal hipótese para explicar essas alterações é baseada no 
aumento da atividade da via do poliol com acúmulo de sorbitol e diminuição do status oxidativo.
As várias complicações crônicas em humanos (nefropatia e doenças cardiovasculares) são raras em 
cães e gatos diabéticos, muito provavelmente por causa do seu menor período de vida. A principal 
complicação em cães diabéticos é a catarata (Figura 9). Estudos recentes demonstraram que a 
28
UNIDADE III │ DIABETES MELLITUS
atividade da enzima aldose redutase no cristalino aumenta, o que por sua vez leva ao acúmulo de 
sorbitol. Uma vez que o sorbitol é hiperosmótico, ele leva ao aumento do influxo de água e estiramento 
e ruptura das fibras do cristalino, alterando a sua permeabilidade. A atividade da aldose redutase é 
baixa no cristalino de gatos velhos o que pode, pelo menos em parte, explicar porque gatos possuem 
quadros de catarata diabética muito menos severos do que cães. 
figura 9. Cão com catarata diabética.
Estudos de microscopia eletrônica de nervos periféricos revelaram que mais de 90% dos gatos 
diabéticos possuem neuropatias similares as encontrada em humanos diabéticos. Embora a 
neuropatia seja raramente reconhecida clinicamente em cães, esse é um problema comum em gatos, 
mas razões para essa diferença ainda são desconhecidas.
29
CAPítulo 3
diabetes mellitus em cães
O diabetes mellitus é uma das doenças endócrinas mais comuns em cães, com prevalência de 
0,3-0,6%. Em muitos cães, a doença é similarao diabetes tipo I em humanos, que é causado pela 
destruição autoimune das células-β em indivíduos geneticamente pré-dispostos. Anticorpos contra as 
células-β e vários componentes das ilhotas (insulina e GAD65) são frequentemente encontrados no 
plasma de cães com diagnóstico precoce de diabetes, sugerindo que esses antígenos estão envolvidos 
neste processo autoimune. A observação que certas raças de cães são pré-dispostas ao diabetes levou 
ao desenvolvimento de estudos genéticos nesse campo. O risco de diabetes é associado com alguns 
haplótipos de antígenos de leucócitos caninos. Uma vez que a maioria dos cães já atingiu meia idade 
(ou já estão idosos) no momento do diagnóstico, o diabetes canino tipo I se parece mais com um 
subgrupo do diabetes tipo I chamado de autoimune latente em humanos adultos.
Cães com diabetes podem ter outras doenças endócrinas concorrentes, possivelmente também com 
uma etiologia autoimune (como hipotireoidismo e doença Addison). Essa combinação é similar à 
síndrome poliendócrina autoimune tipo II em humanos. Humanos que carregam HLA (complexo 
de histocompatibilidade) específico possuem um maior risco de diabetes, uma situação que também 
acontece em cães haploides para DLA (complexo de histocompatibilidade canina).
O diabetes mellitus ocorre ocasionalmente em cães com menos de 12 meses de idade e, provavelmente, 
não é devido a um distúrbio autoimune, mas sim a uma aplasia ou atrofia das células-β. Não há 
evidência do desenvolvimento de diabetes equivalente ao diabetes tipo II humano em cães. Outra 
forma de diabetes (chamada de diabetes secundária) incluí a destruição pancreática devido a 
uma doença aguda ou crônica do pâncreas (pancreatite ou neoplasia pancreática) e resistência à 
insulina devido a influência de outros fatores. Evidências para a pancreatite aguda e crônica foram 
encontradas em 13% dos cães com diabetes mellitus, em um estudo, e em 28% dos cães, num 
outro estudo. Entretanto, a relação causa-efeito ainda não foi esclarecida e, enquanto o diabetes 
é um conhecido fator de risco para pancreatite, a pancreatite também pode ser a responsável pela 
destruição das células-β e o surgimento do diabetes. Também foi aventado que a produção de 
antígenos contra as células-β no processo inflamatório pode estimular a reação imune, que por sua 
vez exacerba a destruição das células-β. A insuficiência pancreática exócrina também pode ser uma 
sequela da pancreatite o que é ocasionalmente observado em cães diabéticos.
O aumento dos níveis de progesterona durante o diestro em cadelas resulta no aumento dos níveis 
circulantes do hormônio do crescimento (GH) proveniente da glândula mamária. Esse é, a princípio, 
um evento fisiológico, mas alguns cães desenvolvem diabetes durante essa fase do ciclo devido às 
ações diabetogênicas do GH. Os sintomas de acromegalia causada pelos efeitos de crescimento do 
GH também são pronunciados nessa fase. Antes do início do desenvolvimento do diabetes, pode ter 
havido sintomas moderados na fase do diestro precedente que não foram devidamente observados. 
A remissão da doença é possível promovida pela castração rápida após o diagnóstico, se as células-β 
remanescentes ainda estiverem funcionais. A intolerância a glicose e o diabetes também podem 
ser induzidos pelos glicocorticoides. Na maioria dos cães com hipercortisolismo, entretanto, a 
30
UNIDADE III │ DIABETES MELLITUS
concentração de glicose é normal ou apenas levemente elevada. O desenvolvimento do diabetes 
desse tipo acontece em aproximadamente 10% dos cães. Do mesmo modo, a administração de 
progestágenos e ou glicocorticoides também pode induzir diabetes, mais frequentemente em gatos 
do que em cães. 
Sinais e sintomas clínicos
O diabetes ocorre normalmente em cães de meia idade e cães mais velhos, com maior frequência 
em animais com mais de 5 anos de idade e raramente em cães com mais de 12 meses. A proporção 
de fêmeas diagnosticadas é entre 50% a 70%, menos em cadelas, provavelmente por causa da maior 
frequência de esterilização precoce e consequente diminuição do diabetes associado ao diestro. 
Samoiedos e várias outras raças como Terrier, Beagles e Poodles têm alto risco de diabetes. O 
Boxer, o Pastor Alemão e o Golden Retriever parecem estar em um grupo de baixo risco. Estudos 
genéticos preliminares sugeriram um componente genético tanto para a susceptibilidade quanto 
para a resistência ao diabetes.
Os quatro sintomas típicos do diabetes mellitus são poliúria, polidipsia, polifagia e perda de 
peso. Esses sintomas são muitas vezes ignorados até que o cão desenvolva cegueira por conta das 
cataratas diabéticas. Aproximadamente 50% dos cães diabéticos desenvolvem catarata dentro dos 
primeiros 6 meses e aproximadamente 70% dentro dos primeiros 12 meses depois do diagnóstico. 
Devido ao risco potencial da uveíte induzida pela catarata, os olhos devem ser monitorados de perto 
durante o curso do diabetes. O risco de ruptura de cápsula parece ser particularmente alto em cães 
com catarata de progressão rápida. O prognóstico que se segue à intervenção cirúrgica preventiva é 
normalmente bom.
Além da catarata, outros sintomas e sinais dependem da duração e da severidade do diabetes e 
possíveis doenças concorrentes como pancreatite ou infecções. Um cão diabético pode ser obeso, de 
peso normal ou magro. A sua pelagem pode ser opaca e a hepatomegalia pode ser palpável. O cão 
com a doença conhecida como diabetes não complicada possui boas condições físicas. Em contraste, 
cães com diabetes complicadas por cetoacidose ou síndrome não cetônica hiperosmolar apresentam 
normalmente letargia, anorexia, polidipsia e vômito.
diagnóstico e tratamento
O diabetes é diagnosticado com base em sintomas e sinais apropriados, hiperglicemia persistente e 
glucosúria. Não existem diagnósticos padrões para o diabetes em cães como existem em humanos 
e, por isso, o nível de glicose no sangue como único indicador para diabetes é impreciso. A maior 
parte dos cães diabéticos não é levada para exame veterinário até que a concentração de glicose 
no sangue excede a capacidade renal de reabsorção de glicose (aproximadamente 10 mmol/l) e, 
portanto poliúria e polidipsia estão normalmente presentes. O estresse de hiperglicemia não é um 
diagnóstico diferencial relevante para cães, como o é em gatos. A concentração de glicose no sangue 
também pode estar elevada por ansiedade e outras doenças, mas essa hiperglicemia é passageira 
ou a sua causa é facilmente diagnosticada. Se a hiperglicemia leve (7-9 mmol/l) persiste em um cão 
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DIABETES MELLITUS │ UNIDADE III
não estressado e que de outra forma não apresentaria esse sintoma, a investigação de doenças que 
causam resistência à insulina, tal como hipercortisolismo, pode ser requerida. A glucosúria por si só 
é insuficiente para o diagnóstico do diabetes, já que a doença também pode ser causada por defeitos 
renais e algumas drogas. A aferição de frutosamina não é necessária para o per se em cães, mas é útil 
no tratamento de longo prazo, e, nas aferições iniciais, fornece um ponto de referência e, portanto, 
é recomendada.
A frutosamina é o produto de uma reação irreversível entre a glicose e o grupo amino de proteínas 
plasmáticas e ela reflete a concentração média de glicose no sangue nas últimas duas semanas 
(aproximadamente). Ela não é afetada pelas mudanças em curto prazo nas concentrações de glicose 
no sangue. Parâmetros de referência diferem pouco entre os laboratórios, estando normalmente 
entre 200-350 mmol/l. Não é incomum que um cão ou gato diabético tenha níveis normais de 
frutosamina no momento do diagnóstico, mas o diabetes de duração muito curta (menor que 5 
dias) ou hipoproteinemia são possíveis causas. Em um cão que foi recentemente diagnosticado com 
diabetes, a frutosaminaé normalmente maior que 400 mmol/l chegando a ser maior que 1000 
mmol/l. A hemoglobina glicada é outro bom indicador de controle metabólico em longo prazo, mas, 
por razões técnicas, é raramente usado na medicina veterinária. O acompanhamento posterior deve 
responder às seguintes questões:
 » Quão severa é a doença? Por exemplo, o diabete cetoácido está presente?
 » Há outras doenças concorrentes, como gastrite, gengivite ou infecção do trato 
urinário? Qual poderia atrapalhar o tratamento do diabete?
 » Há evidências de doenças concorrentes? Qual poderia ter causado o diabetes? 
Drogas diabetogênicas, pancreatite, hipercortisolismo, diestro? 
A hematologia de rotina, bioquímica do plasma ou do soro, urianálise e cultura de urina devem ser 
feitos. Achados comuns incluem estresse no leucograma, hiperlipidemia, elevação leve a moderada 
de alanina amino transferase e fosfatase alcalina, gravidade específica da urina maior que 1,02 apesar 
da poliúria, glicosúria, proteinúria e bacteriúria com ou sem piúria. Pode haver traços de corpos 
cetônicos na urina mesmo em casos de diabetes não complicada. Procedimentos de diagnóstico 
adicionais que podem ser indicados incluem radiografias, ultrassonografia abdominal, mensuração 
da imunoreatividade tripsina-like e imunorreatividade da lipase pancreática canina. Testes para 
hipercortisolismo devem esperar até que o tratamento para o diabetes esteja estabilizado. A 
mensuração das concentrações circulantes de insulina não é útil na maior parte dos casos. 
tratamento
O objetivo da terapia é eliminar os sintomas e sinais do diabetes mellitus e prevenir as complicações 
de curto prazo (hipoglicemia e cetoacidose), dessa forma permitindo ao animal ter uma boa 
qualidade de vida. Não é necessário manter níveis de glicose normal ou próximo ao normal, como 
é o objetivo em humanos, já que a maior parte dos cães e gatos diabéticos sobrevive bem quando a 
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UNIDADE III │ DIABETES MELLITUS
glicemia varia entre 15 mmol/l antes da administração de insulina e 5 mmol/l no momento do nadir 
de glicose (= a menor concentração de glicose no plasma).
O tratamento bem-sucedido requer o compromisso e a motivação do dono e do veterinário, que 
devem seguir um protocolo estrito. O tratamento consiste em terapia de insulina, administração 
de dieta específica, redução de peso corporal se o animal estiver acima do peso, exercícios diários, 
cessação das drogas diabetogênicas e o controle de problemas concorrentes não associados. Todos 
os cães com diabetes devem ser tratados com insulina. Drogas hipoglicemicas orais não são efetivas 
para o controle metabólico, apesar de que inibidores da α-glucosidase ou cromo podem ter efeitos 
auxiliares discretos. 
As preparações de insulina são categorizadas, de acordo com a duração da ação, como curta, 
intermediária e longa. Em cães com diabetes não complicada, o tratamento começa com a insulina 
de ação intermediária, que é derivada de porcos, e insulina tipo lente, licenciada para uso em cães. 
A insulina lente é uma mistura da insulina cristalina amorfa de curta ação (30%) e de longa ação 
(70%). A dose inicial é de 0,25-0,5 U/kg, administrada duas vezes por dia. A administração de 
uma dose maior, uma vez por dia, não é recomendada porque aumenta o risco de hipoglicemia. O 
paciente diabético deve receber refeições de composição e conteúdo calóricos constante, alimentado 
no mesmo horário todos os dias, um pouco antes de receber as doses de insulina. Uma dieta rica 
em fibras é recomendada. Para simplificar o tratamento, dá-se de comer aos cães duas refeições de 
tamanho igual. Para aqueles que estão obesos, as refeições devem ser reduzidas para atingirem 1% 
de redução de peso por semana. Doenças severas concomitantes como pancreatite ou falência renal 
normalmente requerem um regime dietético diferenciado, que tem prioridade sobre o tratamento 
dietético do diabetes. 
Cadelas virgens que desenvolveram diabetes durante o diestro devem ser castradas o mais rápido 
possível, no fim de dois ou três dias de estabilização com insulina. A maior parte permanece 
hiperglicêmica depois da castração e precisam de tratamento com insulina, mas a resistência à 
insulina pode diminuir gradualmente no decorrer de alguns dias ou algumas semanas de tratamento 
e a completa remissão do diabetes pode ser alcançada por meio de monitoramento e ajuste 
apropriado das doses de insulina com atenção e cuidado. Todas as cadelas virgens com diabetes 
deveriam ser castradas, mesmo não havendo relação temporal óbvia entre o diestro e o início do 
diabetes. Embora a remissão do diabetes não seja normalmente alcançada pela castração, essa é 
necessária para prevenir a hipersecreção do GH derivado da glândula mamária durante o diestro 
e subsequente resistência à insulina, assim como a interrupção do tratamento. No exemplo raro, 
no qual a castração não é possível, o uso da aglepristone, antagonista do receptor da progesterona, 
é uma alternativa razoável. A aglepristone pode também ser dada para cães que desenvolveram 
diabetes durante o tratamento com progestágenos. 
Depois do diagnóstico de diabetes, o cão pode ser mantido no hospital por um ou dois dias para 
começar a terapia com a insulina e completar o tratamento. Durante esse tempo, as concentrações 
de glicose no sangue devem ser medidas de 3 a 4 vezes ao longo do dia e a dose de insulina reduzida 
se a concentração sanguínea de glicose cair abaixo de 5mmol/l. Não é necessário aumentar a dose 
de insulina se a glicemia permanecer alta, porque a ação total da insulina desenvolve-se em alguns 
dias. Um dos períodos mais importante no cuidado que o dono deve prestar a um animal diabético é 
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DIABETES MELLITUS │ UNIDADE III
o momento em que o veterinário ou enfermeira ensinam os aspectos técnicos do tratamento. O dono 
precisa poder conseguir preparar a insulina corretamente (rolando lentamente e não balançando), 
carregar a seringa sem bolhas de ar, administrar uma injeção subcutânea na parede lateral do peito, 
saber como lidar com problemas como a dor da injeção ou sangramento e injeção no pelo ao invés 
subcutâneas. O dono precisa reconhecer os sintomas de hipoglicemia, recorrência de poliúria e 
polidipsia e sintomas de cetoacidose diabética e entender que esses sintomas demandam consulta 
no hospital. O dono também deveria saber que a insulina deve ser armazenada no refrigerador, na 
porção mais fria, que a caninsulina é uma U-40 insulina, em contraste com as U-100 insulinas para 
humanos, e que somente a seringa de U-40 deve ser usada.
Normalmente são necessários de dois a três meses para que um controle glicêmico razoável seja 
atingido, mas a supervisão e ajuste de terapia ao longo de toda a vida é quase sempre necessário, 
exames de acompanhamento devem ser feitos um, três, seis, oito e dez a doze semanas depois do 
diagnóstico e então, aproximadamente, a cada quatro meses. Os exames incluem avaliação das 
observações do dono sobre os sintomas, medidas de peso corporal e medidas de concentração de 
frutosamina e glicose. A presença ou ausência de poliúria, polidipsia, polifagia, letargia e perda de 
peso são usadas para avaliar a qualidade do controle metabólico.
A concentração de frutosamina aumenta quando o controle glicêmico piora e diminui quando o 
controle glicêmico melhora. Uma vez que mesmo cães diabéticos bem controlados estão levemente 
a moderadamente hiperglicêmicos ao longo do dia, a frutosamina não atinge níveis completamente 
normais durante a terapia. Assim a descoberta de uma concentração normal de frutosamina 
(especialmente na metade inferior do espectro de referência) deve levantar preocupação sobre 
a possibilidade de longos períodos de hipoglicemia devido à overdose de insulina. Níveis de 
frutosamina entre 350-450 umol/l indicam bom controle metabólico,níveis de 450-550 indicam 
controle moderados e aqueles acima de 500 indicam controle ruim. Níveis altos de frutosamina 
indicam controle pobre, mas não ajudam a identificar a causa e, portanto, todas as possibilidades 
devem ser consideradas: curta duração do efeito da insulina, subdose de insulina, doenças causando 
resistência à insulina e efeito Somogyi.
As medidas de glicose são necessárias para caracterizar o problema e avaliar a ação da insulina. 
Uma única medição é suficiente quando os sintomas do diabetes foram resolvidos e a glicemia está 
entre 10-15 mmol/l no momento da administração de insulina e ainda quando a frutosamina está 
entre 350-450 umol/l. Por um lado, esse quadro indica controle satisfatório e outras aferições não 
são necessárias. Por outro lado, curvas seriadas de glicemia (BCG), para as quais a glicose é medida 
a cada 1-2h, devem ser realizadas em animais com poliúria, polidipsia e perda de peso persistente 
assim como níveis de frutosamina acima de 550 umol/l. A insulina e o alimento são administrados 
em casa e as medições para BGC são iniciadas logo em seguida. As variáveis mais importantes 
avaliadas pelo BGC são a eficácia da insulina, o nadir de glicose e a duração do efeito. A eficácia da 
insulina (diferenças entre a concentração mais alta e mais baixa de glicose no dia) é interpretada 
com referência a concentração mais alta de glicose e dose de insulina. Uma diferença pequena (por 
exemplo 3 mmol/l) é aceitável se a glicemia mais alta for menor que 12 mmol/l mas não é aceitável se 
for maior que 17 mmol/l. Uma diferença de 6 mmol/l deveria indicar eficácia satisfatória da insulina 
em uma animal recebendo uma dose maior que 1,5 U/kg. No último caso, problemas técnicos e fase 
contrarregulatória do efeito de Somogyi também devem ser considerados.
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UNIDADE III │ DIABETES MELLITUS
O nadir de glicose, que deve ser interpretado em seguida, é idealmente 5-8 mmol/l. Um nadir mais 
baixo pode ser cauculado por uma dose muito alta de insulina, redundância excessiva das ações 
da insulina, fala de ingestão de comida e exercícios excessivos. Um nadir de glicose maior que 9 
mmol/l pode ser o resultado de uma dose baixa de insulina, estresse, a fase contrarregulatória do 
efeito Somogyi, além de problemas técnicos por parte dos donos. Em um animal que já está sendo 
tratada com altas doses, a resistência à insulina ainda é uma possibilidade. É muito importante 
identificar a causa, para que se corrija o tratamento. 
A duração do efeito da insulina é definida como o tempo da injeção, passando pelo nadir de glicose 
até que a concentração de glicose retorne a 12-15 mmol/l. Se a duração for menor que 8-10h, 
provavelmente está ocorrendo polidipsia e poliúria e outros sintomas do diabetes; mais do que 14h 
indica um grande risco de poliglicemia ou efeito Somogyi. Pode ser possível melhorar a duração da 
ação manipulando a dieta, mas caso isso não funcione, recomenda-se a mudança da insulina para 
alguma com perfil de ação diferente. 
Dependendo dos resultados do BGC, uma mudança na dose de insulina e às vezes uma mudança na 
preparação da insulina serão necessárias. Como regras, mudanças na dose devem ser da ordem de 
10-25%, mas seguindo hipoglicemia ou efeito de Somoguyi, a dose deve diminuir em 50%. Mudanças 
em intervalos menores que 5-7 dias não devem ser feitas, exceto em caso de hipoglicemia recorrente.
No passado, os BGCs eram realizados, via de regra, em hospitais veterinários, porque a maior parte 
dos donos não conseguia coletar sangue venoso. Mesmo assim, a abordagem era demorada e cara 
e, portanto, provavelmente não era tão realizada quanto deveria ser. Além disso, os resultados 
desses BGCs podem ser influenciados pelo estresse, falta de exercício e diferenças na rotina de 
alimentação. Felizmente, há agora métodos disponíveis para permitir que o dono meça a glicemia 
em casa. Sangue capilar é coletado do ouvido interno do cão usando um dispositivo de punção e 
a glicemia é medida com um medidor de glicose portátil (PBGM). Por outro lado, alguns donos 
podem ser treinados para coletar de um vaso periférico com agulha e seringa. Em qualquer um dos 
casos, o monitoramento caseiro da glicemia pode ser um desafio para os donos e todos os esforços 
devem ser feitos para minimizar as dificuldades técnicas. O dono deve receber acesso rápido ao 
suporte veterinário sempre que for necessário.
Numa clínica de pequenos animais da Universidade de Zurich, o monitoramento em casa não 
começa antes da terceira semana de tratamento. O que permite ao dono se familiarizar com a 
doença e ganhar experiência com a injeção de insulina. Uma vez que o dono esteja confortável 
com o procedimento, ele ou ela mede a concentração de glicose em jejum do animal duas vezes por 
semana e a BGC uma vez por mês. Os primeiros servem para detectar a hipoglicemia matinal e, caso 
seja detectada, os donos são instruídos a contatar a clínica.
Para a determinação do BGC, a glicemia é medida antes da injeção de insulina (jejum) e então a cada 
duas horas até a próxima injeção. A interpretação do BGC segue as mesmas regras das usadas no 
hospital. Pode ser considerado uma variabilidade diária de glicemia devido à diferença na absorção 
de insulina e diferentes níveis de estresse e exercícios. Curvas individuais podem, portanto, não 
refletir uma situação glicemia verdadeira, independente se eles estão no hospital ou em casa. 
Entretanto, uma das maiores vantagens do monitoramento em casa é que ele permite que o BGC 
seja feito frequentemente, o que pode ser de importância particular para animais com dificuldade 
de regular a glicemia ou nos quais a resistência à insulina tem chance de diminuir e que precisam 
de atenção especial.
35
CAPítulo 4
diabetes mellitus em gatos
O diabetes mellitus é uma doença endócrina comum em gatos. O diabetes tipo I parece ser 
bastante raro em gatos, em contraste com o que acontece em cães. Anticorpos contra as célula-β 
e a insulina não são encontrados em gatos com infiltração linfocítica, um marcador da destruição 
imuno-mediada, tendo sido descrito somente em um pequeno número de casos.
Assume-se atualmente que, em aproximadamente 80% dos gatos, a doença se assemelha ao 
diabetes tipo II, baseado em características clínicas e histologia das ilhotas. O diabetes tipo II é 
uma doença heterogênica envolvendo a combinação de bloqueio da ação da insulina (resistência 
à insulina) e falência das células-β. Fatores ambientais e genéticos têm um importante papel no 
desenvolvimento deste tipo de diabetes, mas os fatores genéticos ainda não foram estabelecidos em 
gatos. Os argumentos mais convincentes para a existência de fatores genéticos derivam de estudos 
na Austrália e no Reino Unido com gatos Burmese, nos quais a frequência de diabetes mostrou-se 
4 vezes maior que em gatos domésticos. Fatores de risco adicionais incluem envelhecimento, 
sexo masculino, castração, inatividade física, administração de glicocorticoides e progestágenos e 
obesidade. Assim como em humanos, o fator de risco mais importante em gatos é a obesidade e 
mostrou-se que gatos obesos têm 3,9 vezes mais chances de desenvolver diabetes do que qualquer 
gato com peso normal. Em experimentos com gatos saudáveis uma média de ganho de peso de 1,9 
kg durante o teste de alimentação foi associada com mais de 50% de diminuição na sensibilidade à 
insulina. Gatos machos tendem a ter menor sensibilidade à insulina antes do teste e ganharam mais 
peso do que as fêmeas, o que pode explicar o seu maior risco de diabetes. 
É atualmente aceito que em humanos o tecido adiposo é um órgão endócrino importante, produtor 
de vários fatores que coletivamente são chamados adipocinas que influenciam a sensibilidade à 
insulina. Dentre eles estão a leptina, adiponectina e citocinas pró-inflamatórias como TNF-a e IL-

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