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Dosimetria da Pena Restritiva de Liberdade

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Dosimetria da Pena Privativa de Liberdade
Sistema Trifásico
O Código Penal adotou o sistema trifásico para cálculo da pena privativa de liberdade através do qual o juiz deverá passar por três etapas independentes para determinar a pena concreta a ser aplicada e de acordo com este sistema na 1ª fase serão consideradas as circunstâncias judiciais (artigo 59), a 2ª fase as agravantes e atenuantes de pena (artigo 61, 62, 65 e 66) e na 3ª fase as causas de aumento e diminuição de pena que possuem valor certo e determinado previsto em lei.
 
	1ª fase
	2ª fase
	3ª fase
	- Circunstâncias judiciais
Artigo 59, CP
	- Agravantes 
Artigo 61 e 62 CP
- Atenuantes 
Artigo 65 e 66 CP
	- Causas de aumento
- Causas de diminuição
Parte Geral
Parte Especial
	- Pena base
Qualificadoras (novo mínimo/novo máximo) 
	- não tem valor certo para aumentar ou diminuir
	- tem valor certo 
+ 1/3 – 1/2 – o dobro...
	- Vai ter que ficar entre o mínimo e o máximo previsto em lei
	- Vai ter que ficar entre o mínimo e o máximo previsto em lei
	- a pena pode ficar abaixo do mínimo e acima do máximo
	Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
	Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
II - o desconhecimento da lei; 
III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
	Qualificadoras
As circunstâncias qualificadoras são aquelas que possuem um novo mínimo e um novo máximo previstos na lei. E, portanto devem ser consideradas já na primeira fase da dosimetria para se determinar a pena base. 
Só se qualifica crime uma vez e as demais qualificadoras devem ser consideradas na segunda fase como agravantes, se previstas no artigo 61 e 62 do Código Penal. 
	Observações: 
I - na 1ª fase a pena base deverá respeitar o limite mínimo e máximo previstos em lei sendo que não havendo nenhuma circunstância judicial contrária ao condenado a pena base deve ficar no mínimo legal, porém esta pena base jamais poderá ser estipulada acima do ponto médio, ou seja, a soma do máximo com o mínimo divido por 2. 
II - As circunstancias judiciais estão previstas no artigo 59 do Código Penal, dentre elas estão culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, etc.
III – Antecedentes Criminais
O agente terá antecedentes criminais quando ao ser condenado por determinado crime já exista uma sentença penal condenatória transitada em julgado anterior, sendo que inquéritos policiais, processos em andamento e mesmo sentença de 1ª instância, não geram maus antecedentes. 
Os antecedentes criminais não possuem prazo e jamais deixam de existir 
	Observações:
I – na 2ª fase será levado em conta as agravantes dos artigos 61 e 62 e as atenuantes do artigo 65 e 66, sendo que elas não possuem valor certo para aumentar ou diminuir a pena, porém de acordo com o STF e STJ, este valor será de até 1/6 e sempre respeitam o mínimo e o máximo de pena previstas em lei.
II – a agravante mais importante é a reincidência (artigo 61, I e 63, CP). A atenuante mais importante é a idade do agente entre 18 e 21 anos na data da prática do fato ou maior de 70 anos na data da sentença. 
III – Reincidência
Para que ocorra a reincidência o novo crime deverá ser cometido após o trânsito em julgado do crime anterior. 
IV - Havendo várias agravantes e várias atenuantes a pena deverá seguir aquela que for preponderante, sendo que a reincidência prepondera sobre todas atenuantes aumentando a pena e a idade do autor prepondera sobre todas as agravantes, inclusive sobre a reincidência. Havendo conflito entre agravantes e atenuantes sem preponderância elas vão se anulando mutuamente e a pena sobe ou desce de acordo com as que sobrarem. (artigo 67, CP).
III – o artigo 66 traz a atenuante inominada ou genérica que permite ao Juiz reduzir a pena motivando em qualquer circunstância que considere relevante (exemplo: teoria da coculpabilidade do Estado, quando o Estado por sua omissão causa condição que influi no cometimento do crime. 
	Observações: 
I - As causas de aumento e diminuição, independentemente, se o crime é qualificado ou não poderão determinar que a pena fica acima do máximo ou abaixo do mínimo.
II – Havendo várias causas de aumento e de diminuição há 3 regras que devem ser consideradas:
a)havendo duas ou mais causas de aumento, todas irão incidir sempre sobre o valor de pena da 2ª fase, evitando assim que haja aumento sobre o valor aumentado.
b) havendo várias causas de diminuição a 1ª incide sobre a pena da 2ª fase a 2ª irá incidir já diminuído e assim sucessivamente evitando uma pena “0” ou mesmo negativa. (diminuição em cascata)
c) havendo uma causa de aumento e uma causa de diminuição deve-se primeiro aumentar e incidindo o aumento sempre sobre a pena da 2ª fase, para depois diminuir incidindo a diminuição sobre o valor já aumentado.

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