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Artigo acadêmico - O gerativismo de Chomsky e a capacidade inata da linguagem

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INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO 
CAMPUS SÃO PAULO
ARTIGO ACADÊMICO – INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
O GERATIVISMO DE CHOMSKY E A CAPACIDADE INATA DA LINGUAGEM
SÃO PAULO
2017
O GERATIVISMO DE CHOMSKY E A CAPACIDADE INATA DA LINGUAGEM
OLIVEIRA, Paulo Roberto Nascimento 
Graduando em Letras-Português/IFSP-Campus São Paulo
Prontuário: 1765108
RESUMO
Este artigo busca tratar do gerativismo de Noam Chomsky em confronto a outros estudos de linguagem, questionando a origem da linguagem, teria ela se desenvolvido socialmente ou tem origem inata? Através de um “dispositivo de linguagem”. Uma dimensão não anula a outra, este documento, demonstrado através dos estudos de linguagem citados, apresenta que as duas vertentes complementam-se e contribuem para o desenvolvimento da linguagem.
Palavras-chave: Artigo Científico; Linguística; Linguagem; Sociedade.
ABSTRACT
This article tries to deal with the generalization of Noam Chomsky in confrontation with other studies of languages, questioning an origin of the language, Has it developed socially or is it innate in origin? Through a "language device". One part that is not annulled in the other, this document, demonstrated through the language studies mentioned, is presented as two strands complement and contribute to the development of language.
Keywords: Scientific Article, Linguistic, Language, Society.
1 - INTRODUÇÃO
O gerativismo proposto por Noam Chomsky se contrapõe ao estruturalismo, onde procurava-se entender a língua como uma estrutura, um sistema. Vertente iniciada com o Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure.
Saussure dissertou sobre o signo linguístico, principalmente, que se compõem do significado e significante, mas Saussure esquivou-se de tratar da dimensão diacrônica da língua, colocando o aspecto sincrônico como prioridade. A abordagem saussuriana deu a base para o Círculo linguístico de Praga e o Círculo linguístico de Copenhague que acabaram por ajudar a formular os diversos estudos linguísticos atuais.
Saussure contribuiu para entendermos como é a estrutura da língua, outros procuravam responder outras perguntas, os funcionalistas, por exemplo, queriam saber Para que serve? Mas Chomsky queria saber: Como funciona?
Aproximando-se da psicologia, para explicar a aquisição de linguagem, Chomsky procurou explicar como o ser humano consegue criar e elaborar enunciados, conflitando-se com Bloomfield que entendia essa assimilação como um hábito, uma repetição, portanto, um processo externo. 
2 – ASPECTO SINCRÔNICO COMO PRIORIDADE
O aspecto social e histórico da língua não foi ignorado por Saussure, mas para ele, não compete ao linguista estudá-lo:
“(...) Como essas duas ordens de fenômenos se acham em todas as partes estreitamente ligadas entre si, uma a condicionar a outra, acaba-se por acreditar que não vale a pena distingui-las. (...)” (SAUSSURE, 2006, p. 114)
Portanto, ele não nega a existência do caráter sócio-histórico da língua, mas sim se abstém de entendê-las, pois como já dito, Saussure entende a língua como um sistema, uma estrutura sincrônica.
3 - DIVERGÊNCIAS ENTRE CHOMSKY E BLOOMFIELD
Entendendo um pouco do ponto de vista estruturalista, podemos partir para o ponto central da discussão. Em meados do século XX, um dos estudos centrais da linguagem, era o behaviorismo sustentado principalmente por Leonard Bloomfield, que inspirado em Skinner fundador do behaviorismo, entendia o processo da linguagem humana como simples processo de interação social, ou seja, por meio de repetições, construindo assim um hábito linguístico. Bloomfield argumenta em seu livro Language, de 1933:
“Cada criança que nasce num grupo social adquire hábitos de fala e de resposta nos primeiros anos de sua vida. (...) Sob estimulação variada, a criança repete sons vocais. (...) Alguém, por exemplo, a mãe, produz, na presença da criança, um som que se assemelha a uma das sílabas de seu balbucio. Por exemplo, ela diz doll [boneca]. Quando esses sons chegam aos ouvidos da criança, seu hábito entra em jogo e ela produz a sílaba de balbucio mais próxima, da. Dizemos que nesse momento a criança começa a imitar. (...) A visão e o manuseio da boneca e a audição e a produção da palavra doll (isto é, da) ocorrem repetidas vezes em conjunto, até que a criança forma um hábito. (...) Ela tem agora o uso de uma palavra.” (BLOOMFIELD, 1933, p. 29-30)
De acordo com esse trecho, Leonard Bloomfield exemplifica sua tese do hábito, porém em contrapartida Chomsky argumenta sobre a criatividade na linguagem humana por meio do falante. Recorrendo ao dicionário, para verificar o significado da palavra criatividade será possível ver definições como: capacidade inventiva; originalidade; e criação e outros sinônimos.
Desse modo, Chomsky distingue a linguagem humana da linguagem animal e exemplifica a sua ideia de capacidade inata, para ele, se a linguagem fosse só por repetição, como afirma Bloomfield, não seria possível criar sentenças e enunciados sem ter ouvido-os.
Portanto, para Chomsky o ser humano possui um “dispositivo”, uma capacidade genética que faz o homem usar e compreender a linguagem. Somente o ser humano consegue dominar uma linguagem tão complexa, com capacidade inventiva e interpretativa.
Pensando na capacidade mental do ser humano, Chomsky diz em seu livro Reflexões sobre a linguagem:
“Uma das razões para estudar a linguagem (exatamente a razão gerativista) – e para mim, pessoalmente, a mais premente delas – é a possibilidade instigante de ver a linguagem como um “espelho do espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais instigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie humana” (CHOMSKY, 1980, p. 09)
A gramática gerativa de Noam Chomsky é um marco para a linguística, pois demonstra que não é somente o caráter social que condiciona o aprendizado da linguagem e sua aquisição. Quanto à criatividade, Chomsky ressalta em seu livro Estruturas Sintáticas:
“Doravante considerarei uma linguagem como um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos” (CHOMSKY, 1957, p. 13)
Chomsky afirma assim que, a linguagem é um conjunto infinito de sentenças, que se convertem e se formam por elementos e extensões selecionáveis e, portanto, criativa.
4 – SISTEMA DE REGRAS
Pensando em estabelecer um modelo gerativista, surgiu o que ficou conhecido como Gramática transformacional, que procurava explicar as estruturas sintagmáticas, como se constituem os elementos das sentenças e as aplicações de suas regras.
Na língua portuguesa temos uma certa liberdade quanto à construção de sentenças, como por exemplo: “O estudante comprou o livro” ou “Comprou o livro, o estudante” ou ainda “O livro, o estudante comprou” mas se colocarmos os elementos da sentença em situações e posições aleatórias perde o sentido, exemplo: “ o comprou o livro estudante”.
As sentenças que não possuem sentido claro são chamadas de sentenças agramaticais, que fazem parte da gramaticalidade da língua, ou seja, da sua organização gramatical.
O questionamento que fica estabelecido é: como o falante consegue distinguir essas sentenças? Por que a sentença “o comprou o livro estudante” causa estranhamento? Fica claro que este processo de estranhamento é um processo inconsciente, o que ficou conhecido como competência linguística.
Pensando de tal modo, suponhamos que uma criança de mais ou menos um ou dois anos, ao ver o pai assistindo a um filme onde um carro cai norio, pronuncie a frase: “carro caiu água” tal construção demonstra que desde o início do desenvolvimento do ser humano, a competência linguística também está presente e se desenvolve em conjunto a outros setores do organismo. 
Tal abordagem foi o que possibilitou os estudos da psicolinguística e neurolinguística, que procuram compreender a competência linguística de seus falantes. 
5 – GRAMÁTICA UNIVERSAL
Noam Chomsky também trabalhou com a ideia da gramática universal, que seria o estado inicial da faculdade da linguagem humana, que se baseia em princípios e parâmetros, princípios explicam aspectos comuns a todas as línguas humanas e os parâmetros procuram explicar as particularidades e variações das línguas.
Mais uma vez, usando a aquisição de linguagem como evidência, Chomsky acredita que o ambiente ativa essa estrutura linguística inata na criança, que a faz dominar toda a estrutura linguística da sua língua materna.
Outra evidência empírica que exigiria um “dispositivo biológico” da linguagem, seria o fato de a criança geralmente ouvir frases mais agramaticais do que gramaticais, e mesmo assim desenvolver a linguagem surpreendentemente rápido, com a compreensão mínima do que seria gramatical e não gramatical em poucos anos. 
A gramática universal também explica a aquisição de segunda língua, e que o mesmo processo de aprendizagem acontece, como o da língua materna, seria preciso recorrer a esse dispositivo mental, entendido na gramática universal.
Todos esses processos da gramática universal poderiam encontrar respaldo biológico no gene Foxp2, que aparentemente está ligado ao desenvolvimento da linguagem humana, encontrado em pessoas com distúrbio de fala e articulação, ou na aprendizagem.
Foxp2 também seria responsável por regular a atividade de outro gene, o SRPX2. Tal gene talvez também diferenciaria o ser humano dos nossos parentes mais próximos, os primatas, pois o trato vocal já seria propício para o desenvolvimento da fala, mas mesmo assim, não possuem a capacidade de falar, o que o gene explicaria.
Se os macacos possuem o trato vocal apropriado para a fala, por que ainda não desenvolveram? Por que não seria capaz de imitar o ser humano quando exposto à sua complexa linguagem? As pesquisas apontam que lhe faltam o gene da linguagem; esse fato reforça a ideia do inatismo defendida por Chomsky, todavia, ainda necessita de mais estudos e respaldo científico.
6 – PARÂMETROS E PRINCÍPIOS
Tratando especificamente de parâmetros e princípios, José Luiz Fiorin trata em seu livro Introdução à linguística:
“(...) O trabalho da criança está em escolher, a partir do input, o valor que um determinado parâmetro deve tomar. Por exemplo, assume-se que as sentenças de todas as línguas devam ter sujeito. No entanto, esse sujeito pode ou não ser omitido - esse é o parâmetro que precisa ser marcado. Caso a criança seja exposta a dados do inglês, ela vai marcar o valor do parâmetro como "o sujeito deve ser sempre preenchido", pois é o que acontece nessa língua (lembre-se de que em inglês, sentenças como está chovendo têm um sujeito: it is raining); por outro lado, caso a criança seja exposta ao português, o valor do parâmetro será "o sujeito pode ser omitido". (...)” (FIORIN, p. 221)
Portanto, essa “escolha” se origina de sua estrutura mental linguística em processos inconscientes em que a criança vai captando as leis e as variantes de dada língua, do mesmo modo acontece no aprendizado de uma segunda língua, pois, como já dito, é necessário recorrer a essa estrutura inata para fazer a seleção dos parâmetros e princípios.
As questões que ainda carecem de ser respondidas são: o que inicia esse processo? A partir de sentenças ouvidas ou não ouvidas? Fiorin as coloca como evidência positiva e negativa as sentenças não ouvidas. Outra questão levanta é a frequência da ocorrência para fazer a parametrização; se estão ou não disponíveis todos os parâmetros ou maturam, isto é, se desenvolve durante a aquisição de linguagem; ainda existe outra hipótese, e esta seria a continuísta, que se divide em tendências, uma competência plena ou aprendizagem lexical.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base em todos os estudos citados, é possível afirmar que o caráter social da linguagem existe e também é possível dizer que o ser humano possui sim, uma capacidade inata de compreender e usar criativamente a linguagem o diferenciando da linguagem animal.
Os estudos citados contribuíram para o entendimento da linguagem por outras vias, abrindo muitas lacunas para serem preenchidas pelos estudos linguísticos, mas podemos afirmar que assim como o ser humano é um ser natural e social, a linguagem humana também o é.
O gerativismo contribuiu para entendermos um pouco do processo de aquisição de linguagem, expandindo sua área de estudo, aliando-se a estudos biológicos além de linguísticos. Tudo isso ainda carece de mais estudos, entretanto, as contribuições são visíveis para refletirmos o papel da linguagem, sua estrutura e principalmente como ocorre.
O inatismo é uma hipótese cada vez mais fortalecida com os estudos citados e os que estão por vir, mas sendo ciência, ou seja, se pautando pelo método científico, é passível de questionamento e falseabilidade, outros processos podem explicar, por exemplo, os distúrbios de linguagem e fala, sem atestar uma ideia de dispositivo inato. O objeto deste artigo se ocupava em expor esses processos em contraponto à visão behaviorista, assumindo que as duas vertentes explicam o processo de aquisição da linguagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
2006 - GERATIVISMO. Disponível em: <http://www.professores.uff.br/eduardo/artigos_arquivos/manualdelinguistica_2008.pdf/>. Acesso em 15 de junho de 2017.
COGNIÇÃO E LINGUAGEM: A VISÃO DA GRAMÁTICA GERATIVA. Disponível em: <http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao14/art_09_ed14.pdf/>. Acesso em 15 de junho de 2017.
O gerativismo: a faculdade da linguagem. Disponível em: <http://mosqueteirasliterarias.comunidades.net/o-gerativismo-a-faculdade-da-linguagem/>. Acesso em 18 de junho de 2017.
A hipótese da gramática universal e a aquisição de segunda língua. Disponível em: <periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/download/2325/2274/>. Acesso em 18 de junho de 2017.
'Language Gene' Has a Partner. Disponível em: <http://www.sciencemag.org/news/2013/10/language-gene-has-partner/>. Acesso em 18 de junho de 2017.
Macacos poderiam falar como os humanos. Então, por que não falam?... Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/12/21/macacos-poderiam-falar-como-os-humanos-entao-por-que-nao-falam.htm/>. Acesso em 18 de junho de 2017.

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