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ANA LUIZA SILVA ROCHA LAURA GOMES DE OLIVEIRA REBECA DE ALMEIDA FERREIRA OLIVEIRA A REPÚBLICA – LIVRO I A V Estado, poder, sociedade, instituições e governo sobre a perspectiva de Platão Salvador - BA 2017 ANA LUIZA SILVA ROCHA LAURA GOMES DE OLIVEIRA REBECA DE ALMEIDA FERREIRA OLIVEIRA A REPÚBLICA – LIVRO I AO V Estado, poder, sociedade, instituições e governo sobre a perspectiva de Platão Relatório de análise sobre o livro A República, livro I ao V, junto ao curso de Direito da UCSAL, como forma de obtenção de nota na disciplina Ciência Política, período matutino, orientada pela professora Tatiana Larissa Mendes Sampaio. Salvador, BA 2017 INTRODUÇÃO O relatório aborda sobre o livro ''A república'', escrito por Platão, dos capítulos I ao V, voltado para a análise de a sua forma de governo, estado, poder, instituição e sociedade. O trabalho tem como objetivo apresentar sobre como eram definidos os pensamentos de Platão e suas metodologias, e como seus preceitos influenciam na construção de uma sociedade cada vez mais justa e igualitária. DESENVOLVIMENTO ESTADO O livro ''A república'' redigido por Platão, possui como personagem principal Sócrates, que ao longo da leitura do livro, é possível perceber que começam a surgir vários questionamentos em relação ao seu modo de pensar sobre algumas questões, - como a justiça e a injustiça, por exemplo – havendo diferentes debates sobre estes temas, principalmente envolvendo a formação da vida em sociedade, o que é ser justo e injusto; como a atuação de um pode ser melhor que o outro; formação das cidades, dentre outros requisitos. O Estado, segundo Platão, possui muita influência da justiça, que é de suma importância para a construção de uma organização política e social. Estes aspectos podem ser encontrados com mais consistência nos livro I e II, quando começa a pleitear a partir da página 15, com Sócrates questionando Céfalo sobre qual foi à maior felicidade que ele pode obter através da riqueza, e este lhe diz que foi ter agido com a virtude da justiça. Para Polemarco, na página 17, a justiça serve apenas para fazer bem aos amigos e mal aos inimigos, o que faz com que Sócrates se questione ferozmente sobre os seus preceitos, pois para ele isto seria como roubar, e que quem fazia o mal era o injusto, não o justo. Ao longo das páginas, se tem os pensamentos de Trasímaco, garantindo que a justiça é feita pela vontade dos mais fortes e que as pessoas deviam obedecer aos governantes, como é encontrado na página 26 e 27, com exemplos relacionados a um médico e a um contador. No livro II, é possível perceber um interrogatório sobre a superioridade da justiça em relação a injustiça, onde, Glauco, tenta mostrar a Sócrates que ninguém é justo por vontade própria, e que os injustos conseguem circundar uma situação desfavorável. Platão apresenta um modelo de cidade-estado (polis grega) ideal. A finalidade do estado é o alcance do bem comum, a polis devem trabalhar para que sempre prevaleça o benefício para a sociedade. Havia de ter o predomínio de um estado justo, com cada cidadão exercendo suas habilidades e que não exista o predomínio da melhoria para um único grupo, e sim para a maioria. Para o filósofo, a lei deve ser a fonte soberana para a educação, tanto na formação do estado quanto para os cidadãos; cada habitante deveria ter sua função específica, e nenhum é auto-suficiente, um possui suas necessidades e é preciso que várias pessoas com diferentes funções para supri-las, como é visto na página 56 a 63. O estado precisa ser justo para que se tenha a garantia da paz e da justiça para todos. A felicidade não deve ser momentânea, as pessoas devem sentir- se bem com a ajuda do Estado, que deve suprir as suas emergências. A formação da cidade é feita a partir de quatro espécies de virtude, citado na página 121, sendo elas a: sábia, corajosa, sensata e justa. De acordo com página 115 e 116, a cidade precisa ser unida e suficiente, é indispensável uma educação honesta, servindo de alicerce para a construção de uma sociedade justa. GOVERNO Sucedendo através de diálogos - indagações-, o autor defende a ideia de uma sociedade voltada para o bem comum, causando um misto de informações para o leitor. A base educacional tem como fim preparar os que ia viriam a ser governantes na construção do estado ideal, assim como os governados. Existiam algumas formas de governo, como é citado na página 25, sendo elas a monarquia, democracia e aristocracia. Dando ênfase um pouco mais sobre o real significado de cada uma delas, diz-se que a monarquia é um governo de um só homem - o rei filósofo -, a democracia é quando se destaca o governo do povo e a aristocracia é o governo de alguns. No entanto, quando essas formas de governo não são praticadas da forma correta, a democracia se torna uma tirania, caracterizada por no início se destacar pela forma de governar adequada aos valores e princípios adequados, mas com o passar do tempo, se torna o oposto, germinando a insatisfação do povo. A democracia se torna anarquia, um governo que se contrapõe as ideias presentes na democracia, torna-se mal sucedido; a aristocracia transmuta-se numa oligarquia, dando-se ao contrário ao bem geral. O intelectual conclui que os estados são corrompidos; o topo da sociedade deve ser ocupado pelos filósofos (os governantes), onde a sua virtude é a sabedoria, sucedendo os guerreiros, cuja virtude é a coragem, e em terceiros os lavradores, artesãos e camponeses. É importante lembrar que, a democracia se impõe pela liberdade, a aristocracia pela riqueza e a monarquia utilizava da violência para permanecer no poder. Como for de evitar isso, todos os cidadãos, dentro de um debate ou não, ad diferentes idéias tinham que ser acolhidas, de modo imparcial. Como é citado no livro III, na página 103, o juiz deve ser bom e sábio, não tendo posse do vício, pelo contrário, tendo suas qualidades exacerbadas através da educação. O mesmo não pode ser novo, precisa ter consigo experiências para a compreensão da justiça e da injustiça, apresentando uma alma boa. Como é citado no livro V, da página 146 a 152, foi-se examinado a participação da mulher na sociedade, sendo de forma justa e desempenhando funções para as quais estão aptas a fazer, funções proporcionais ao dos homens, mostrando que a diferença de gênero não implica em inferioridade das mulheres comparada aos homens, em razão disso, a educação deve ser passada igualmente. Os guardiões de Platão eram colocados com bastante poder pelo talento mostrado nos estados e na administração dos mesmos. Para entender o significado de justiça, é utilizado como exemplo o caráter dos governos, que podem ser tirânicos, democráticos ou aristocráticos. Independente da diferença entre seu modo de aplicação, em todos os tipos de governo, indiferente a sua organização, em todos os modos, o seu juízo final é o de concretizar a justiça, sendo ela universal, que se conquista através de ações justas, racionais e universais. Com isso, é substancial haver leis que sejam legais e legítimas, de modo que puna os homens e os beneficiem. SOCIEDADE Para dar início a formação do que se pode denominar sociedade o livro começa a sua abordagem no que tange na definição enquanto justiça e injustiça em seu livro I, não o deixando bastante claro, mas fazendo nas suas entrelinhas uma possível interpretação. Com isso Glauco vem nolivro II conceituar justiça, e a colocando junto à cidade e o indivíduo. Para se existir uma sociedade precisa-se de população, dentro do livro IV vem tratar da cidade como algo feliz, onde todos vivem bem e cultivam o bem. Cita na página 116 uma ideia de contradição à cidade ao falar da relação com Estado em dizer que os guardiões das leis e das cidades não são apenas guardiões de aparência, mas que têm que ser todos que fazem parte da cidade, não apenas os instruídos para isso. Assim, para Sócrates, era recomendável que os guardiões conservassem as proporções das cidades. Importante ressaltar a relação com a educação, Sócrates defendia essa tese, pois se o jovem tivesse acesso à educação se tornaria um adulto instruído e de fácil compreensão. Já se estabelecia naquela época uma forma para as legislações vigentes e o que elas se referiam para que se pudesse viver em sociedade. Sócrates cita no início da página 125, ainda no livro IV, que se a cidade foi bem fundada, o Estado é perfeito, fazendo com que Glauco no momento em diálogo com ele concorde com tal afirmação. Tem-se como organização da sociedade a fundação da cidade, por Sócrates, Glauco e Adimanto. Com isso se traz a noção de justiça em amplo sentido, na relação entre governante e governado, sobre da virtude, sabedoria e coragem das cidades. A todo o momento é feito sempre uma equiparação das comunidades impostas pelos pensadores com o governo, para que se possa obter um entendimento a cerca de tudo que acontece. Já no livro V, abordam de uma forma mais reiterada a questão da formação da comunidade, de seus componentes, mulheres e crianças, da educação, da relação de diferença entre homens e mulheres. Para Sócrates, a mulher e homem possuem a mesma natureza no que concerne à sua aptidão para proteger a cidade, sem esquecer que a mulher é mais fraca e o homem mais forte, citação expressa no livro V página 157. Com isso entende-se a distinção entre ambos, mesmo querendo a sua igualdade, pois biologicamente são diferentes. Tratando em questão também da educação dos filhos, da suas formações enquanto indivíduo e guerreiros de uma comunidade, os papéis que iram seguir e a que iram servir. Ademais, Sócrates busca incessantemente descobrir o que impede as cidades de serem organizadas, e em constante diálogo com Glauco tenta fazer essa definição, passa a fazer busca dessa explicação dentro da ciência, filosofia, porém até o livro V sem muitas respostas. Com isso, o livro até esse ponto busca trazer para os leitores como foram formados naquele tempo um governo, uma cidade e tudo que a cerca. Assim, foi possível abordar a questão da sociedade, buscando esclarecimentos para sua existência e formação dentro do contexto lido a partir de uma ideia de renomados filósofos. INSTITUIÇÕES No livro I, as instituições surgem como forma de organizar o conjunto de característica que forma a polis, que são o governo, poder, sociedade e estado. A partir da página 92, os interlocutores indagam-se quanto a predisposição do governante a exercer sua arte, dado que todo ofício operado advém de uma virtude que lhe favorece a assumir tal função, no entanto, para que recebam algum retorno, de forma que assegure e prescreva o do governado, visando a vontade do mais fraco e não a do mais forte, em razão de que os homens não praticam a justiça porque querem, mas porque tem medo das sanções, que podem se manifestar de forma moral e jurídica, porque sua conduta apenas difere da do injusto apenas por não terem oportunidade. Análoga a esta situação é o mito do anel de Giges, que é comentada no livro II, página 109. Outrossim, é preciso atribuir-lhe um salário aos que consentem em governar, seja dinheiro, seja honra, seja castigo, caso recusem. Desta forma, é embrionária a necessidade de uma instituição que se encarregue em garantir os bons tratos aos governantes, estimulando a governarem. No livro II, a partir da página 121, é discutida complexidade das relações sociais, o papel dos homens, mulheres, de todas as classes e idade, influem tanto no campo econômico da cidade como no político, pois os seguimentos que deram a vida deles e o que fazem ao decorrer de sua vida impactam na gestão da cidade. Desta forma, é necessário de agentes reguladores, como no comércio, por exemplo. Uma exemplificação de que uma área reage na outra é a necessidade dos homens de terem mais pastos e campos para cultivarem seus animais e alimentos, isso é uma linha tênue entre a paz e a guerra em cidades vizinhas. Então é necessário o surgimento de instituições que regule a relação, afim de que não tenha exploração, e, além disso, precisam garantir sua competência e qualidade, de forma que todos os setores da sociedade coexistam de forma que valorizem e evolua a forma como a cidade se encontra, e não a prejudique. Um exemplo são os guardiões, a qual a educação é muito importante, já que através dela que se constituem o corpo e a moral do homem, este tema é desenvolvido no livro III, até a página XX, e mostrando que tudo provem da forma como a educação é estabelecida. Uma educação pobre e irresponsável é ineficaz, além de inútil é perigosa, pois criarão homens com péssima essência. No livro IV, a partir da página 204, a um enfoque que não foi dado no livro I, que é a de legislar as relações no comércio, de compra e venda, trabalhadores e seus ofícios, etc., pois a partir daí, amadurece a ideia de que a cidade é principalmente o seu estado econômico. Isso remete ao que foi dito no parágrafo anterior, que um não existe sem o outro. Então, a cidade ideal, descrita no livro V, sendo das páginas 195 a 213, as quais enfocam nos papeis de gênero, classe social e família na sociedade, cuja mulher é inferiorizada, mas ao mesmo tempo enaltecida, por conta dos seus atributos físicos e intelectuais; também sobre a necessidade dos pais na formação do filho; a importância de um bom suprimento alimentício e educação para fornecer aos filhos; a relevância das crianças verem a guerra como algo necessário, desde cedo mostrando a atenção que se deve dar a defesa da cidade, cultivando ai um nacionalismo. A partir das páginas 222, é fundamental que nenhum homem tenha problemas quanto a posse de riqueza e familiares, garantindo-lhes sua segurança pessoal. PODER Ao decorrer das páginas 84 a 82, do livro I, emerge em meio ao debate sobre o governante e o governado, qual o papel dos dois e quais são seus direitos. Os governantes têm como obrigação não governarem para si e nem tentar obter vantagem ao governar; como se dispôs a governar para todos, não pode ver os seus súditos como meros instrumentos de manipulação, mas sim como meio de auxiliar o seu governo. Atrelado a isto, os governados não podem ser submetidos à injustiça, que se dão através da violência, porque assim irão apoderar-se do bem alheio, e contrariando as condições de existência básica de qualquer ser humano, que é a sua conservação, tendo como conseguinte a punição dos homens com os piores estigmas. Isso é decorrido no começo do livro II, e se dá “fim” por volta da página 112, o qual explana sobre como a sociedade irá se deteriorar por conta das suas necessidades fará de suas vontades a justificativa de cometer delitos (mas não afirma que a justificativa será acatada). Então a única forma de existir uma cidade coesa e unida, é salvaguardando as instituições convencionadas, sobretudo o que tange a educação, que é apto a dizer ou não o que é legal as leis vigentes (livro IV, página No mesmo, mostra-se que a justiça é seu maior bem, porque ao decorrer de todo o livro, de ponto de vista material (influenciando no espiritual)é mais rentável. Contudo, se for analisar no plano moral, não será tão benéfico assim, pois a moral irá se desintregar e tornar-se passível de mais modos de corrupção e degradação da alma. É assegurando a justiça (desenvolvendo suas virtudes e moral) que evitar-se-ão os delitos os quais os homens resistem. No livro IV, a partir da página 206 e com fim aproximadamente nas páginas 222, assenta-se a importância de cultivar nos atenienses as quatro virtudes cardeais, que são a sabedoria, coragem, temperança e justiça, sendo o governante de obrigado a inclinar os homens a apreciação da natureza, das artes, conduzindo a agir conforme seu destino é criado nas cidades, para a construção do caráter do cidadão grego, sendo desta forma, as únicas capazes de conceder a verdadeira felicidade e manter a cidade una. E vinculado ao legislador, é através das 4 virtudes que será legitimados a si a faculdade de governar em prol do bem estar social, concedendo-lhes força e a sabedoria necessária para exercer sua função e garanta a cada um o que lhe é devido por direito. Nas páginas 227 em diante, vê-se mais uma necessidade do legislador, em fazer com que o homem não se contradiga com seus próprios desejos, porque quando as paixões mundanas são mais fortes que a razão, ele se torna vítima da injustiça. Da página 231, pode inferir-se que compete ao poderoso ser um líder, não um ditador, orientando, garantindo as condições básicas para que evoluam, e não ditando, transformando em uma manada de bois, que apenas agem e não reagem ao que acontece ao redor. A partir da página 216 do livro V, é analisada a importância do líder, mostrando que a maior importância para a cidade é que seja bem governada e tenham boas leis, comunhão de interesses representava o maior bem para a cidade, quando comparávamos uma cidade sabiamente organizada ao corpo, na forma como este se comporta em relação a uma de suas partes, no que concerne ao prazer e à dor. Os líderes serão responsáveis por defender a pátria; irão tratar os seus governados como iguais, não acima nem abaixo deles, e através disso, ele contribuirá para a união e harmonia da própria população. Vê-se que isso se estende até a morte; durante a vida é devido lhes fornecer condições básicas de existência, já na morte, tem que lhes garantir também um sepultamento honroso. CONCLUSÃO Mesmo sendo uma obra tão antiga, seu ideal é atemporal, visto que as crises sociais que se dão ao redor do mundo são vinculadas a deturpação do conceito de justiça, traduzindo-se em crises políticas e econômicas, refletindo na condição a qual vive o homem moderno, que é sempre tentado a sua desvirtuação, diante de uma sociedade que cultua a desigualdade social por puro sadismo, e essa estrutura é apenas um reflexo da alienação e ignorância. BIBLIOGRAFIA A análise da sociedade foi através do livro A República, da editora Nova Cultural Latd.; traduzido por Enrico Corvisieri, São Paulo, 2004. A análise de governo e estado foram do livro A República, da editora Martin Claret, traduzido por Pietro Nassetti, São Paulo, 2006. A análise de instituições e poder são do livro A República, da editora Difusão Européia do Livro, Coleção dirigida por Vítor Ramos: Clássicos Garnier, com introdução e notas de Robert Baccou; traduzido por J. Guinsburg, 1º volume, São Paulo, 1965. (Exceto pelo livro V, que foi da reprodução online do livro, em PDF. <http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf>
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