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1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O forehand e o backhand1 são os golpes técnicos mais utilizados em um jogo 
de tênis. São chamados de golpes de base ou golpes de fundo, pois na maioria das 
vezes são executados próximos à linha do fundo da quadra, após o toque da bola 
com o solo. Quando o tênis chegou no Brasil, por volta do início do século XX, o 
forehand foi denominado como golpe de direita, e o backhand como golpe de 
esquerda. Porém, tais denominações podem causar confusões dependendo da 
dominância lateral do tenista. O forehand é o golpe executado do mesmo lado do 
corpo no qual se segura a raquete (MENGA, 1986). No caso do tenista ser canhoto, 
pode gerar incoerência dizer que seu golpe de direita é executado ao lado esquerdo 
de seu corpo. 
Segundo COSTA (1988), forehand e backhand, somados, representam 
aproximadamente 67% dos golpes executados durante um jogo de tênis. Além de 
serem os golpes mais utilizados no tênis, o forehand e o backhand são de difícil 
execução, pois dependem de uma perfeita sincronização temporal entre o 
movimento da raquete e a trajetória da bola. 
O movimento da raquete é controlado pelo tenista, mas a bola, que é 
golpeada pelo adversário, chega na quadra em diferentes velocidades, rotações, 
alturas, distâncias e profundidades, tornando esta sincronização bastante complexa. 
Esta sincronização é ainda mais complexa durante a devolução de saque, situação 
de jogo quando a bola é ainda mais veloz. Ressalta-se que entre os golpes do tênis, 
apenas durante a execução do saque o jogador possui controle total sobre a bola 
antes de golpeá-la (BRAGA NETO, 2003). 
A pesquisa científica na área do esporte consolidou-se nas últimas duas 
décadas. O tênis não tem sido exceção, pois possui um número muito grande de 
praticantes em todo o mundo, vem ganhando popularidade na mídia e existem 
muitos torneios não só amadores, mas também profissionais (GROPPEL, 1986). 
Nos Estados Unidos, a cada ano são realizados mais de dois mil torneios de 
tênis, o que mostra o crescente aumento da popularidade desta modalidade 
 
1
 Optou-se por utilizar os termos em inglês para as técnicas de movimento estudadas, justamente pela incoerência 
2 
 
esportiva, bem como a atenção também cada vez maior dos cientistas (ROETERT & 
ELLENBECKER, 2000). 
O interesse dos pesquisadores especificamente por tênis iniciou-se por volta 
de 1960, com o grande crescimento desta modalidade em várias partes do mundo. 
Estas pesquisas, em um primeiro instante abordaram os aspectos sociológicos da 
modalidade, expandindo-se posteriormente para áreas como controle motor, 
aprendizagem motora, psicologia, medicina esportiva, equipamentos e biomecânica. 
Os estudos que envolvem tênis e biomecânica têm examinado basicamente 
três aspectos: desempenho técnico, estresse físico e equipamentos. O presente 
estudo enquadra-se na melhora do desempenho técnico, o qual é entendido por 
GROPPEL (1986) como sendo a melhor maneira de aumentar a força transmitida à 
bola sem lesionar o executante, ou como melhorar o controle de aspectos 
específicos do movimento para aumentar a eficiência e precisão dos golpes técnicos. 
Estas investigações são conduzidas para produzir um determinado modelo de 
desempenho ou para entender o que ocorre durante o gesto analisado. 
GROPPEL (1984) afirma que a produção de modelos de desempenho é uma 
área na qual o tênis pode receber muitos benefícios da pesquisa biomecânica. 
Muitos pesquisadores têm estudado numerosos tenistas habilidosos, buscando 
identificar nesses, qualidades específicas comuns de desempenho. 
Consideramos as seguintes justificativas para a realização deste estudo: 
• A necessidade de analisar os golpes mais utilizados na modalidade 
esportiva tênis; 
• A pequena quantidade de estudos que investigam os aspectos 
biomecânicos do forehand e backhand; 
• A escassez de estudos que investigam especificamente as diferenças 
entre as possíveis técnicas de forehand (forehand open stance e forehand 
square stance) e backhand (backhand com uma mão e backhand com 
duas mãos); e 
• A partir dos resultados destas investigações, propor implicações práticas 
para a análise destes gestos, auxiliando o ensino da modalidade. 
 
que poderia gerar a utilização dos termos em português. 
3 
 
Consideramos a seguinte hipótese inicial: “As técnica forehand open stance e 
backhand com duas mãos demandam maior utilização dos músculos responsáveis 
pelas ações dos membros inferiores e rotação do quadril, quando comparadas às 
técnicas forehand square stance e backhand com uma mão, respectivamente”. 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 Análise Qualitativa do Movimento 
 
A análise qualitativa dos golpes utilizados no tênis é uma tarefa bastante 
exigente, devido à velocidade, complexidade e natureza dinâmica dos mesmos. 
Treinadores, possivelmente, seriam mais eficientes se integrassem à prática, 
informações científicas utilizando um modelo compreensivo do processo qualitativo 
de análise. 
 O modelo qualitativo de análise de KNUDSON e MORRISON (1997), 
apresentado a seguir, é descrito e ilustrado para vários golpes do tênis. Com este 
modelo, os treinadores podem melhorar a análise qualitativa referente ao jogador, 
descrevendo pontos positivos e negativos, diagnosticando as causas de baixo 
desempenho e assim prescrevendo as possíveis intervenções. 
Os treinadores de tênis têm como objetivo ajudar a melhorar o desempenho 
do tenista. O principal método utilizado para isso é baseado na análise qualitativa 
dos movimentos dos golpes do jogador. 
Muitos treinadores são forçados a desenvolver esta habilidade apenas 
utilizando a sua própria experiência prática, ou seja, fazem uma comparação mental 
entre o golpe tecnicamente correto e o golpe que estão observando, detectam os 
possíveis erros e então executam as correções. No entanto, extensas análises 
qualitativas e pesquisas em ciência do esporte indicam que este método é 
inadequado (HAY & REID, 1988; KNUDSON & MORRISON, 1997; McPERSON, 
1996 e NORMAN, 1975). 
Uma visão interdisciplinar da análise qualitativa exige do treinador contínuos 
estudos ao longo da carreira, sobre a modalidade, o treinamento e as ciências do 
esporte. 
4 
 
O modelo proposto por KNUDSON & MORRISON (1997) é utilizado para 
ilustrar a amplitude da análise qualitativa. Este modelo define a análise qualitativa 
como: “observação sistemática e julgamento introspectivo da qualidade do 
movimento humano com o propósito de fornecer a intervenção adequada para 
melhorar o desempenho”. Esta difícil habilidade pode ser contextualizada nas quatro 
etapas do modelo de tarefas representadas na FIGURA 1, abaixo: 
 
 Projeto 
Intervenção ���� ���� ���� ���� ���� ���� Observação 
 Avaliação/Diagnóstico 
 
FIGURA 1 – Modelo de Análise Qualitativa (KNUDSON & MORRISON, 1997). 
 
 A seguir, a descrição das etapas apresentadas na FIGURA 1: 
• Projeto – o treinador prepara-se para a análise qualitativa, reunindo 
informações sobre a modalidade e sobre o jogador, além de preparar a 
estratégia observacional; 
• Observação – o treinador observa o jogador sob todos os aspectos que 
julga serem relevantes para reunir informações sobre o desempenho; 
• Avaliação/Diagnóstico – é realizada a avaliação dos pontos positivos e 
negativos do desempenho do jogador e também o diagnóstico dos 
problemas referentes aos movimentos dos golpes; e 
• Intervenção – esta tarefa é constituída da intervenção do treinadorem 
quadra e, em seguida, realiza-se novamente a tarefa de observação. 
Portanto, no momento em que o treinador de tênis for projetar a análise 
qualitativa, deverá julgar e integrar fontes de informação, como sua experiência e a 
literatura científica. 
 
É inegável que a experiência é algo insubstituível, uma vez que fornece ricas 
informações a respeito da modalidade, não obstante, os treinadores devem sempre 
adquirir novos conhecimentos, por meio de cursos de formação, congressos de 
atualização, além de manter uma rede de comunicação e compartilhamento entre si. 
5 
 
As lições de experiências profissionais transmitidas pelos treinadores devem ser 
cuidadosamente comparadas com a literatura científica. 
Podemos citar como exemplo de controle das variáveis externas, a colocação 
da bola de tênis em uma posição fixa, sem a necessidade de o tenista realizar 
cálculos de timing antecipatório para golpeá-la. 
As conclusões de uma pesquisa científica são transferíveis para a análise 
qualitativa e para a intervenção. Porém, o controle experimental das variáveis tende 
a limitar a generalização dos resultados em situação de jogo. 
Apesar de ainda escassas se comparadas a outras áreas, nos últimos anos 
ocorreu um importante aumento na quantidade de pesquisas em ciências do esporte 
e também especificamente em tênis, fornecendo mais informações aos treinadores. 
Treinadores devem buscar atualização permanente na capacitação 
profissional, seja na área do movimento humano ou em cursos de formação de 
treinadores. Os esforços cooperativos entre treinadores e ciência do esporte 
melhoraram a eficiência da análise qualitativa e, consequentemente, do ensino da 
modalidade tênis. 
O treinador precisa reunir informações sobre vários aspectos do tênis: golpes, 
equipamentos, métodos de treinamento, regras, tática, entre outros. Todas estas 
informações devem então ser integradas e organizadas. Uma eficiente estratégia 
para integrar tais elementos é o estabelecimento de características básicas. Ou seja, 
características necessárias de um determinado golpe para que este seja executado 
de forma otimizada, com potência e precisão adequadas, e com o mínimo risco de 
lesionar o executante. As características básicas devem ser o principal foco do 
ensino e da análise qualitativa. 
Normalmente, as características básicas são descritas como ações ou 
movimentos. Como exemplo, KNUDSON (1991a) descreve quatro características 
básicas do forehand square stance: 
• Grau de prontidão do jogador em iniciar o golpe; 
• Preparação curta e rápida da raquete; 
• Rotação do quadril e trajetória da raquete em direção à bola; e 
• Finalização adequada do golpe. 
Na fase observacional, é importante lembrar que a percepção visual é 
6 
 
severamente limitada a partir do aumento da velocidade dos segmentos corporais 
envolvidos no movimento. A visão da trajetória da raquete e dos membros superiores 
do tenista em “golpes balísticos” como o saque e o forehand são extremamente 
difíceis. Estas limitações de percepção visual do movimento foram discutidas por 
KNUDSON e KLUKA (1997), os quais concluíram que os observadores devem filtrar 
e utilizar a grande quantidade de informações de forma cuidadosa, planejando uma 
estratégia observacional. 
Uma estratégia observacional bastante utilizada é baseada na organização 
das fases do movimento. A estratégia observacional deve ser planejada de forma a 
simular a situação da natureza do jogo, garantindo que o desempenho seja 
semelhante à competição. Observar o saque de um tenista sem que ele sofra a 
pressão da devolução de saque, por exemplo, pode não ser relevante. 
O número de tentativas também deve ser levado em conta no planejamento 
da estratégia observacional. 
Outro aspecto a ser observado diz respeito ao local do observador. O plano 
ideal é perpendicular ao plano do movimento a ser observado. Normalmente utiliza-
se câmeras de vídeo de alta velocidade para registrar os gestos rápidos que são 
executados no tênis. Desta forma, a posterior análise quadro-a-quadro fica facilitada. 
Ademais, a tarefa da análise qualitativa envolve dois importantes passos: a 
avaliação e o diagnóstico. A avaliação determina o desempenho, identificando os 
pontos positivos e negativos dos movimentos executados pelo tenista. O diagnóstico 
é a identificação das causas do mau desempenho. Estes dois passos são os mais 
difíceis da análise qualitativa, devido à natureza interdisciplinar do movimento 
humano e da necessidade de integrar as ciências do esporte e experiência nas 
tomadas de decisões. 
 
A abordagem tradicional caracteriza-se apenas em detectar algum erro de 
movimento e então corrigi-lo com alguma forma de feedback informacional. Já a 
avaliação significa mais do que detectar diferenças entre o nosso modelo mental de 
movimento e o movimento que o tenista realizou. Uma vez que os pontos positivos e 
negativos foram identificados, o analista deve encarar o desafio de determinar qual 
será a intervenção mais adequada. 
7 
 
Uma abordagem para simplificar o diagnóstico de desempenho na maioria das 
situações de ensino é determinar o nível de importância das características chave do 
golpe, baseando-se na experiência do treinador e na literatura científica. KNUDSON, 
LUEDTKE & FARIBAULT (1994), analisando o saque de tenistas iniciantes, 
propuseram seis características chave em ordem de importância, como mostra a 
TABELA 1: 
TABELA 1 – Diagnóstico do saque no tênis por ordem de importância das características 
chave. (KNUDSON et al.,1994). 
 
Característica Chave Importância 
1. Empunhadura (grip) Determina a trajetória da raquete e a ação do antebraço e 
punho. 
2. Lançamento da bola (toss) Determina o ritmo do golpe e a trajetória adequada da 
raquete. 
3. Preparação do golpe Afeta o ritmo e a velocidade da raquete. 
4. Contato raquete-bola Determina a trajetória da bola. 
5. Finalização do golpe Maximiza a velocidade da raquete. 
6. Apoio dos pés (stance) Afeta o equilíbrio, a precisão e a velocidade da raquete. 
 
Com o intuito de melhorar o desempenho de seus atletas, treinadores de tênis 
encontraram vários caminhos para intervir no processo de aprendizagem. Ressalta-
se que intervenção é mais que oferecer o tradicional feedback informacional ou 
correções. 
Outrossim, mesmo com uma grande quantidade de ferramentas, os 
treinadores devem selecionar cuidadosamente uma única intervenção baseada em 
seu diagnóstico da situação. Esta atitude evita a ocorrência da chamada “paralisia”, 
onde o tenista recebe um grande número de informações e não consegue processá-
las. 
8 
 
As ciências do esporte, com enfoque em aprendizagem motora e pedagogia 
fornecem pesquisas extensivas sobre como os treinadores de tênis devem intervir 
para melhorar o desempenho dos tenistas. Pesquisas sugerem que o feedback 
sobre o movimento atual (conhecimento de desempenho) é uma intervenção mais 
poderosa que a informação de resultado (conhecimento de resultado). De maneira 
mais prática, o tenista deve receber mais informações sobre “como” golpeou a bola, 
em detrimento de “onde” golpeou a bola. 
Portanto, uma eficiente análise qualitativa envolve a integração de 
informações baseadas numa visão mais ampla do processo do que o clássico 
procedimento desenvolvido pelos profissionais que só utilizam como base suas 
próprias experiências práticas. Os técnicos de tênis serão analistas mais eficientes 
se esforçarem-se para utilizar as quatro etapas do modelo de tarefas da análise 
qualitativa (KNUDSON & MORRISON, 1997). 
 
2.2 Descrição da Técnica do Movimento Forehand 
 
A execução ótima de um golpe forehand no tênis tem sido controversa nos 
últimos anos (KNUDSON e BLACKWELL, 2000). A técnica do forehand, assim como 
a de outros golpes no tênis, vem sofrendo mudanças aolongo dos tempos. 
Um dos fatores responsáveis por estas mudanças é o aumento da velocidade 
da bola, devido à evolução dos equipamentos, do treinamento físico específico para 
tenistas, entre outros fatores. 
As raquetes mais leves, com maior área de contato, chamadas de over-size, 
lançam a bola com maior potência, e têm auxiliado tenistas cada vez mais a utilizar o 
forehand open stance, ao invés do clássico forehand square stance (GROPPEL, 
1995). Há pouco mais de uma década, por exemplo, as raquetes mais leves e com 
aros mais rígidos, permitiram os tenistas golpear a bola com maior facilidade, 
aumentando a tendência da utilização do forehand open stance em comparação ao 
forehand square stance2 (KNUDSON, 2006), técnicas que serão descritas 
posteriormente. 
 
2
 Mais uma vez, optou-se por utilizar a denominação dos movimentos em inglês, também para evitar incoerências 
9 
 
HOFER (2004) descreve o conceito de cadeia cinética aplicada ao golpe de 
forehand: na fase de preparação do golpe (backswing), o tenista concentra o peso 
do corpo sobre o pé direito (para tenistas destros), flexiona os joelhos e realiza 
rotação do quadril para trás, posicionando-se de lado para a rede. Então inicia a 
condução da raquete em direção à bola (forward swing) com a extensão dos joelhos. 
Em seguida executa a rotação do quadril para frente e depois a rotação dos ombros. 
O braço e a raquete são os últimos componentes a serem acionados. Ressalta ainda 
o Autor, que a cadeia cinética só será eficiente se respeitar o tempo de cada 
segmento corporal, um após o outro, sincronizando com a velocidade da bola. 
O posicionamento dos pés durante a preparação do forehand é fundamental 
para gerar potência, por meio do apoio, que aumenta o momento de inércia. 
Segundo BOLLETTIERI (1999), durante os jogos competitivos de tênis, identifica-se 
basicamente dois tipos de forehand quanto ao posicionamento dos pés durante a 
fase de preparação do golpe: forehand open stance (FOS) e forehand square stance 
(FSS). A escolha da técnica a ser utilizada determina significativa mudança no estilo 
de jogo do praticante. Existe também na literatura especializada, um terceiro tipo de 
apoio para golpear o forehand, denominado forehand closed stance. Porém esta 
técnica não é recomendada pelos treinadores experientes, podendo ser melhor 
utilizada durante o golpe de backhand (SAVIANO, 2003). 
Durante a execução do forehand open stance3, o tenista posiciona o tronco 
lateralmente, com as pernas paralelas à rede (FIGURA 2A). Normalmente o 
forehand open stance é utilizado quando o tenista não tem tempo suficiente para 
posicionar o pé esquerdo à frente do pé direito (para os tenistas destros). 
Esta técnica tem se tornado uma das grandes mudanças no tênis nos últimos 
anos, pois muitos tenistas profissionais golpeiam a maioria dos forehands com esta 
técnica (HOFER, 2004). Durante muitos anos, este tipo de forehand foi considerado 
por especialistas como um golpe de técnica pobre, mas atualmente é bastante 
utilizado por jogadores de elite (KNUDSON, 2006). De acordo com SAVIANO (2003), 
as vantagens desta técnica são: 
• Melhor utilização da rotação do quadril para gerar potência; e 
 
geradas com a tradução dos termos para o português. 
10 
 
• Recuperação mais rápida para a próxima bola durante um rally (seqüência 
de golpes). 
HOFER (2004) aponta as mesmas vantagens desta técnica e explica: a 
técnica forehand open stance possibilita uma maior geração de potência ao golpe, 
devido à maior utilização da rotação do quadril durante a fase de forward swing. 
Além disso, durante a técnica forehand open stance, a recuperação do 
posicionamento do tenista em relação ao centro da quadra, após o golpe, é 
favorecida. Antes da fase de forward swing ser completada, a concentração do peso 
do corpo entre os pés é transferida lateralmente, posicionando o jogador sempre em 
direção ao centro da quadra. Os pés já estarão paralelos à rede, tornando a 
recuperação mais rápida. 
A recuperação mais rápida para a próxima ação como vantagem do forehand 
open stance é confirmada por um estudo que demonstra o menor tempo de 
recuperação ao centro da quadra após a finalização de um golpe gasto nesta 
técnica, sendo significativamente 4% menor (aproximadamente 0,1s) se comparado 
à técnica forehand square stance (KNUDSON, 2006). 
 
 A B 
FIGURA 2 - Técnicas de posicionamento dos pés para executar o forehand: (A) open 
stance e (B) square stance (BOLLETTIERI, 1999). 
 
De outra forma, o forehand square stance4 consiste em uma fase de 
preparação onde o tenista posiciona o tronco lateralmente, com as pernas 
 
3
 Esta técnica de movimento, em português, é denominada direita aberta. 
4
 Esta técnica de movimento, em português, é denominada direita fechada. 
11 
 
perpendiculares à rede (FIGURA 2B). É uma técnica mais clássica e que exige maior 
tempo de preparação. As vantagens desta técnica de posicionamento dos pés, 
segundo SAVIANO (2003), são: 
• Maior geração de força no sentido antero-posterior; e 
• Maior controle do golpe. 
O forehand square stance é caracterizado por uma transferência da 
concentração do peso do corpo desde o pé de trás para o pé da frente, enquanto o 
forehand open stance é caracterizado pela rotação do quadril mais acentuada 
(HOFER, 2004). 
A seguir, serão apresentadas as técnicas forehand open stance e forehand 
square stance, divididas em cinco fases: preparação (backswing), aceleração 
(forward swing), contato, finalização (follow-through) e recuperação, segundo 
GRABB (2003) e DE MORA (2002). 
 
 
A B 
FIGURA 3 – Fase de preparação, para o (A) forehand open stance (GRABB, 2003) e 
(B) forehand square stance (DE MORA, 2002). 
 
12 
 
Preparação: Esta é a fase também chamada de backswing, onde a raquete é 
conduzida para trás. É caracterizada pela rotação do quadril para trás, posicionando 
o executante lateralmente em relação à rede. Na técnica de forehand open stance, o 
executante posiciona as pernas paralelamente em relação à rede. Já para a 
execução do forehand square stance, as pernas são posicionadas 
perpendicularmente à rede. Em ambas as técnicas, o braço esquerdo (para os 
tenistas destros) é posicionado à frente do corpo para manter o equilíbrio, a cabeça 
da raquete é posicionada acima da altura da cabeça e o apoio dos pés está 
concentrado no pé direito (para os tenistas destros). (FIGURA 3). 
 
 
 A B 
FIGURA 4 – Fase de aceleração, para o (A) forehand open stance (GRABB, 2003) e 
(B) forehand square stance (DE MORA, 2002). 
 
Aceleração: Conhecida também como fase de forward swing. Consiste em 
levar a raquete para frente, ao encontro da bola, principalmente por meio da rotação 
do quadril. Nesta fase, em ambas as técnicas, o braço esquerdo é conduzido mais à 
frente do corpo para facilitar a rotação do quadril, a cabeça da raquete desce à altura 
dos ombros e o peso do corpo continua concentrado no pé direito. (FIGURA 4). No 
presente estudo esta fase será denominada fase pré-impacto. 
 
13A B 
FIGURA 5 – Fase de contato, para o (A) forehand open stance (GRABB, 2003) e (B) 
forehand square stance (DE MORA, 2002). 
 
Contato: Este é a fase em que o executante realiza o contato da raquete com 
a bola. A rotação do quadril posiciona o executante novamente de frente para a 
rede. Normalmente, este contato, para ambas as técnicas, é executado próximo à 
altura da cintura, como mostra a FIGURA 5A. Se o contato entre a raquete e a bola 
for acima desta altura, o tenista pode perder o contato com o solo, como mostrado 
na FIGURA 5B. 
 
 
 A B 
FIGURA 6 – Fase de finalização, para o (A) forehand open stance (GRABB, 2003) e 
(B) forehand square stance (DE MORA, 2002). 
 
 
Finalização: Esta é a última fase da técnica, chamada também de follow-
through. Após o contato com a bola, a raquete sofre uma desaceleração, e com uma 
rotação interna do ombro, esta termina ao lado oposto em que foi realizado o 
contato. A mão esquerda passa a segurar a raquete, para conduzi-la de volta à 
posição inicial. Dependendo da altura de contato e potência imprimida à bola, é 
14 
 
possível ocorrrer uma fase aérea, sem contato dos pés com o solo. (FIGURA 6). No 
presente estudo esta fase será denominada fase pós-impacto. 
 
 
 A B 
FIGURA 7 – Fase de recuperação, para o (A) forehand open stance (GRABB, 2003) 
e (B) forehand square stance (DE MORA, 2002). 
 
Recuperação: É realizada a aterrissagem sobre o pé esquerdo (para os 
tenistas destros), em ambas as técnicas. Esta ação marca o início da fase de 
recuperação do executante em direção ao centro da quadra (FIGURA 7). 
A partir das FIGURAS 3 e 4, observa-se que são as duas primeiras fases que 
caracterizam a técnica de movimento: forehand open stance ou forehand square 
stance. Em função do movimento de preparação é que a posição dos pés modifica-
se para acomodar a rotação do quadril, caracterizando as técnicas. 
Observando as FIGURAS 3 a 7, notamos a realização do movimento de 
condução do pé direito à frente, durante a execução da técnica forehand square 
stance. No início da execução desta técnica, o pé direito posiciona-se atrás do pé 
esquerdo (FIGURA 3B) e posteriormente é conduzido à frente (FIGURA 7B). Esta 
condução não ocorre durante a técnica forehand open stance, onde o pé direito 
inicia a execução da técnica ao lado do pé esquerdo (FIGURA 3A) e termina 
praticamente na mesma posição (FIGURA 7A). 
Além do tipo de preparação, o forehand pode ser classificado quanto à 
rotação transferida à bola, também conhecida como efeito: 
• Flat - rotação mínima; 
• Underspin - rotação gerada por meio do contato entre as cordas da 
raquete e a porção inferior da bola, também é conhecido como slice 
15 
 
(FIGURA 8A); e 
• Topspin - rotação gerada pelo contato entre as cordas da raquete e a 
porção superior da bola (FIGURA 8B). 
 
 
 A B 
FIGURA 8 - Rotações da bola na execução do forehand: (A) underspin e (B) topspin 
(MENGA, 1986). 
 
Durante a evolução técnica pela qual o tênis passou, o saque foi o único golpe 
que teve sua empunhadura (maneira como o executante segura a raquete) mantida. 
Os golpes de forehand e backhand passaram por algumas mudanças. A FIGURA 9 
ilustra as três empunhaduras mais utilizadas no tênis atual para a execução do 
forehand (LEVEY, 2005): 
 
 
 
 
 A B C 
FIGURA 9 – Empunhaduras mais utilizadas para golpear o forehand: (A) eastern 
16 
 
forehand; (B) semi-western e (C) western (LEVEY, 2005). 
 
 
2.3 Descrição da Técnica do Movimento Backhand 
 
O golpe de backhand apresenta duas maneiras de ser executado: com uma 
mão e com duas mãos segurando o cabo da raquete no momento do contato com a 
bola (FIGURA 10). 
 
 A B 
FIGURA 10 – Técnicas para executar o golpe de backhand: (A) com uma mão 
(SHIRAS, 2003) e (B) com duas mãos (ROLLEY, 1999). 
 
Assim como para o forehand, a seguir serão apresentadas as técnicas 
backhand com uma mão (BK1) e backhand com duas mãos (BK2), também divididas 
em cinco fases: preparação (backswing), aceleração (forward swing), contato, 
finalização (follow-through) e recuperação, segundo LANSDORP (2004) e TRABERT 
(1999). 
17 
 
 
 A B 
FIGURA 11 – Fase de preparação, para o (A) backhand com uma mão (LANSDORP, 
2004) e (B) backhand com duas mãos (TRABERT, 1999). 
 
Preparação: Esta é a fase onde a raquete é conduzida para trás, em ambas 
as técnicas de backhand, as duas mãos são utilizadas nesta condução. A diferença 
é que no backhand com uma mão, as mãos estão separadas e no backhand com 
duas mãos estão juntas (FIGURA 16). Nesta fase ocorre a rotação do quadril para 
trás, posicionando o executante lateralmente em relação à rede. (FIGURA 11). 
 
 
 A B 
FIGURA 12 – Fase de aceleração, para o (A) backhand com uma mão (LANSDORP, 
2004) e (B) backhand com duas mãos (TRABERT, 1999). 
 
Aceleração: É a fase em que o executante conduz a raquete à frente, 
18 
 
acelerando-a em direção à bola. Esta condução é realizada principalmente por meio 
da rotação do quadril para frente. Em ambas as técnicas observamos o peso do 
corpo do executante concentrado sobre o pé direito (para tenistas destros). Além 
disso, nas duas técnicas observa-se a descida da cabeça da raquete 
aproximadamente até a linha da cintura. A diferença que observamos entre as 
técnicas durante esta fase, é a maior flexão do quadril e do joelho direito para a 
técnica backhand com duas mãos. Isso se deve à condução da mão esquerda à 
frente, juntamente com a direita, o que não ocorre na execução do backhand com 
uma mão. (FIGURA 12). Na próxima fase ficará mais evidente que as mãos se 
separam durante o backhand com uma mão. 
 
 
 A B 
FIGURA 13 – Fase de contato, para o (A) backhand com uma mão (LANSDORP, 
2004) e (B) backhand com duas mãos (TRABERT, 1999). 
 
Contato: Esta é a fase em que o golpe de backhand é caracterizado quanto à 
utilização das mãos: uma ou duas mãos segurando o cabo da raquete. O contato 
raquete-bola, em ambas as técnicas ocorre próximo à altura da cintura. A rotação do 
quadril nesta fase é diferente entre as técnicas analisadas: no backhand com duas 
mãos, esta rotação é mais pronunciada, onde o executante já está posicionado de 
frente para a rede. Durante o backhand com uma mão, no momento do contato com 
a bola, o executante ainda está posicionado lateralmente à rede. Esta maior rotação 
do quadril durante o backhand com duas mãos, provoca uma maior concentração do 
peso corporal sobre o pé direito (para tenistas destros). (FIGURA 13). 
19A B 
FIGURA 14 – Fase de finalização, para o (A) backhand com uma mão (LANSDORP, 
2004) e (B) backhand com duas mãos (TRABERT, 1999). 
Finalização: Esta é a última fase da técnica, caracterizada pela desaceleração 
da raquete. A rotação do quadril na técnica de backhand com uma mão ainda não 
posiciona o executante de frente para a rede. Por outro lado, esta fase evidencia a 
maior rotação do tronco para a técnica backhand com duas mãos, o que posiciona o 
tenista novamente de frente para a rede. Em ambas as técnicas a cabeça da raquete 
já está posicionada ao lado oposto em que o foi realizado o contato com a bola. 
(FIGURA 14). 
 
 A B 
FIGURA 15 – Fase de recuperação, para o (A) backhand com uma mão 
(LANSDORP, 2004) e (B) backhand com duas mãos (TRABERT, 
1999). 
 
Recuperação: Percebe-se, em ambas as técnicas, que nesta fase o peso do 
20 
 
corpo ainda está concentrado no pé direito (para tenistas destros), servindo como 
apoio para impulsionar o executante de volta ao centro da quadra. (FIGURA 15). 
Durante a execução do backhand é possível imprimir à bola os mesmos tipos 
de rotação citados para o golpe forehand: flat, underspin e topspin. 
A FIGURA 16 ilustra as empunhaduras mais utilizadas atualmente para a 
execução do backhand com uma e duas mãos (LEVEY, 2005): 
 
 
 A B 
FIGURA 16 – Empunhadura mais utilizada para golpear o (A) backhand com uma 
mão e (B) backhand com duas mãos (LEVEY, 2005). 
 
Vale ressaltar que a empunhadura utilizada para executar o backhand com 
uma mão é chamada de eastern backhand e para golpear o backhand com duas 
mãos é chamada de continental na mão dominante e eastern forehand na mão não-
dominante. 
Há aproximadamente duas décadas, notava-se que a maioria dos tenistas do 
sexo masculino utilizava o backhand com uma mão, e a maioria dos tenistas do sexo 
feminino utilizava o backhand com duas mãos. Atualmente, apenas entre os 
praticantes do sexo feminino observa-se a maior prevalência em golpear o backhand 
com duas mãos. Com base no ranking da ATP (Associação dos Tenistas 
Profissionais), verifica-se que nos últimos anos aumentou o número de tenistas do 
sexo masculino adeptos da técnica backhand com duas mãos. 
21 
 
Na última década as vantagens e desvantagens em golpear o backhand com 
uma ou duas mãos têm sido bastante discutidas entre os técnicos de tênis, porém 
com pouquíssimo respaldo científico. 
A dúvida entre golpear o backhand com uma ou duas mãos é muito freqüente 
entre os tenistas durante a fase de desenvolvimento da técnica. Porém, poucos são 
os treinadores capazes de declarar com autoridade as vantagens e desvantagens 
específicas de cada técnica (REID, 2006). 
2.4 Características Dinâmicas do Forehand e do Backhand 
 
Alguns estudos foram realizados relacionando dinamometria e tênis. Esta 
interface foi realizada utilizando-se de uma grandeza de medida da dinâmica, a força 
de reação do solo (FRS). Segundo DJATSCHKOW (1967), a força muscular é 
responsável por colocar em equilíbrio o sistema, atuando contra a FRS que age 
sobre o centro de gravidade do indivíduo. NIGG, DEMOTH e NEUKOMM (1981) 
afirmam que os picos de força podem ser alterados por variáveis como, por exemplo, 
tipo de calçado e velocidade do movimento. 
A partir dos fenômenos determinantes da sobrecarga do aparelho locomotor 
passamos a interpretar as variáveis, dentro do domínio da biomecânica, que possam 
ser controladas com a natureza do movimento, principalmente os aspectos da 
estrutura externa da técnica de execução do movimento, que interferem, em última 
análise, na determinação e controle da sobrecarga mecânica (AMADIO, 1989). Entre 
esses parâmetros externos da estrutura do movimento com influência na 
quantificação da sobrecarga mecânica, destacamos, portanto a FRS. 
De acordo com STUCKE (1984), podemos considerar como atuantes as 
componentes da ação tridimensional da FRS que ocorre durante a fase de apoio ou 
contato. Portanto, com o auxílio da dinamometria, podemos interpretar as respostas 
de comportamentos dinâmicos dos movimentos a serem analisados. 
Os estudos de VAN GHELUWE e HEBBELINCK (1986) compararam as três 
componentes da FRS registradas durante a execução do forehand, obtidas em 
quatro fases (preparação, aceleração, contato e finalização), obtendo os seguintes 
resultados: 
22 
 
• FRS vertical – os principais picos ocorreram próximos à fase de contato 
com a bola; 
• FRS antero-posterior - é baixa, impulsiona o corpo do executante para 
frente no final da fase de preparação e continua na fase de aceleração, 
projetando o corpo novamente à frente. Esta força é cessada logo antes 
do contato entre a raquete e a bola; e 
• FRS médio-lateral - é insignificante. 
 
FIGURA 17 – Componentes dinâmicas do forehand. As linhas verticais representam 
os instantes: início da aceleração da raquete e contato da raquete 
com a bola (VAN GHELUWE & HEBBELINCK, 1986). 
 
Este estudo mostra, portanto, que as forças executadas pelo corpo sobre as 
superfícies da quadra são relativamente pequenas, tendo maior destaque a 
componente vertical. Observa-se, entretanto, que o estudo não apresenta o 
dimensionamento quantitativo para a grandeza física avaliada. 
A FIGURA 18 mostra o padrão típico de carga na base do dedo indicador 
23 
 
durante um golpe de forehand. Estudos mostram que jogadores habilidosos 
aumentam a força de preensão logo antes do contato, aproximadamente 50 ms. O 
pico de carga na mão após o contato pode variar bastante, entre uma e 70 libras. 
 
FIGURA 18 – Padrão da força aplicada na base do dedo indicador durante um golpe 
de forehand utilizando-se a empunhadura eastern (KNUDSON, 
2001b). 
 
AKUTAGAWA e KOJIMA (2005) compararam a FRS entre a execução do 
backhand com uma mão e backhand com duas mãos. Para todos os tenistas 
analisados (tenistas destros), em ambas as técnicas foi observada a mudança de 
concentração do peso do corpo desde o pé de esquerdo até o pé direito durante a 
fase de aceleração, como mostra a FIGURA 19. 
 
24 
 
FIGURA 19 – Curvas da FRS vertical geradas pela plataforma de força, para as 
técnicas: backhand com uma mão (BK1) e backhand com duas mãos 
(BK2). (AKUTAGAWA & KOJIMA, 2005). 
Os picos de força vertical normalizados pelo peso corporal não foram 
significativamente diferentes entre as duas técnicas: 
• BK1: 1,14 ± 0,19 N.kg-1 (pé direito) e 0,83 ± 0,15 N.kg-1 (pé esquerdo); e 
• BK2: 1,23 ± 0,14 N.kg-1 (pé direito) e 1,00 ± 0,08 N.kg-1 (pé esquerdo). 
 Observa-se ainda neste estudo, que em ambas as técnicas, durante a fase de 
aceleração, a componente vertical da FRS referente ao pé direito (pé da frente) 
apresentou considerável aumento, e referente ao pé esquerdo (pé de trás) 
apresentou queda. 
 
2.5 Características Eletromiográficas do Forehand e Backhand 
 
 Eletromiografia (EMG) é o termo que expressa o método de registro da 
atividade elétrica de um músculo quando este realiza contração. Ela apresenta 
inúmeras aplicações, notadamente na clínica médica para diagnóstico de doenças 
neuromusculares; na reabilitação, na reeducação da ação muscular (biofeedback 
eletromiográfico); na anatomia, com o intuito de revelar a ação muscular em 
determinados movimentos; e na biomecânica no sentido de servir como ferramenta 
indicadora de alguns fenômenos (AMADIO & DUARTE, 1996). 
A EMG agrupa procedimentos de medição da atividade elétrica muscular. Ela 
requer um sistema de coleta de sinais elétricos,através de eletrodos do tipo agulha, 
fio ou de superfície, e o eletromiograma é o resultado de sua coleta. O conjunto de 
sinais coletados pela EMG é influenciado por muitas variáveis e de interpretação 
complexa; porém, fornecem indicadores para habilidades atléticas, níveis de 
contração muscular, períodos de atividade muscular e sinergias envolvidas em um 
movimento (MOCHIZUKI, 2001). 
Uma das características do desempenho de um indivíduo de alto nível técnico 
é que os músculos responsáveis pela execução do movimento exibam uma 
seqüência específica e uma ordem temporal de ativação muscular, isto é, 
apresentam um alto grau de controle na cadeia muscular atuante. A melhora do 
25 
 
desempenho ocorre devido a um aumento do controle e economia da execução. 
Os músculos envolvidos apresentam uma contração pré-movimento, e 
supostamente necessitariam de um menor tempo para atingir o pico da atividade. A 
determinação da específica ordem seqüencial e temporal pode ser importante como 
indicador de nível de aprendizado motor de atletas. Essa análise qualitativa do sinal 
eletromiográfico é uma das formas mais simples de se estudar EMG. Após tratar o 
sinal eletromiográfico, podemos realizar outras operações com esse sinal, como o 
cálculo do RMS e obtenção do valor integrado deste sinal, conhecido como iEMG 
(MOCHIZUKI, 2001). 
A principal função dos músculos durante os golpes técnicos de base (forehand 
e backhand) é a estabilização do cotovelo, antebraço e punho, sendo a região do 
punho a de maior atividade (MORRIS, JOBE, PERRY, PINK & HEALY, 1989). 
O tênis tem sido caracterizado como uma modalidade esportiva onde os 
jogadores respondem continuamente a estímulos que exigem uma rápida resposta 
(GROPPEL, 1986). Além disso, é uma modalidade que requer elevados níveis de 
força repetitiva. Em uma hora de jogo, o tenista chega a golpear a bola entre 350 e 
380 vezes dependo do tipo de piso em que o jogo é realizado (SKORODUMOVA, 
1998). 
RIVAS & ROMERO (2003) afirmam que em nível motor, os aspectos mais 
importantes são: qualidades coordenativas e agilidade. Já em nível neuromuscular, 
as qualidades mais importantes são: a velocidade de reação, a velocidade de 
aceleração e o desenvolvimento da potência muscular para membros superiores e 
inferiores. BARBANTI (2003) confirma que a potência é um fator determinante no 
rendimento esportivo de um tenista. 
O tênis é uma modalidade na qual se joga em grande velocidade e utiliza-se 
de contrações musculares de alta intensidade a cada golpe realizado. Os golpes 
requerem em curtos períodos de tempo, elevados níveis de ações musculares que 
acabam sendo repetitivos ao longo do jogo. Isso demonstra que potência e 
resistência muscular são imprescindíveis à sua prática. Em comparação aos 
jogadores de nível técnico médio, os jogadores de elite possuem uma coordenação 
neuromuscular mais eficiente e conseguem manter durante um maior tempo o pico 
de força em curtos períodos de ativação (MOYSI, 2002). 
26 
 
A UNITED STATES TENNIS ASSOCIATION, ROETERT, E.P. e 
ELLENBECKER, T.S. (1998) relacionaram as principais demandas físicas 
necessárias para o sucesso de um tenista: agilidade, velocidade, flexibilidade e 
equilíbrio. ROETERT, GARRETT, BROWN & CAMAIONE (1992) observaram altos 
índices de correlação da agilidade e velocidade com desempenho em tênis, quando 
comparadas a outras capacidades físicas. 
Ainda que a força dos membros superiores mereça atenção especial para 
conquistar potência nos golpes e prevenir lesões, técnicos devem incluir no 
programa de condicionamento físico, uma significativa quantidade de exercícios de 
força para membros inferiores e também treino de resistência (BERGERON, 1988). 
PERRY, WANG, FELDMAN, RUTH & SIGNORELI (2004) conseguiram notar 
uma significante e positiva relação entre as variáveis força de flexão/extensão do 
joelho e pico de torque interno/externo do ombro com a velocidade da bola durante a 
execução do saque. Afirmam que a produção de força no tênis começa nos 
membros inferiores e é transferida até os membros superiores, com a extensão do 
cotovelo e do ombro, para finalmente chegar à cabeça da raquete. 
No tênis, velocidade e resistência dos membros inferiores são de extrema 
importância, tanto para deslocamentos quanto para as execuções técnicas (RIVAS & 
ROMERO, 2003). 
Os principais músculos dos membros inferiores envolvidos na prática do tênis 
são: o m. tríceps surral, m. quadríceps e m. glúteo. Deve-se levar em conta que 
nesta modalidade, a musculatura dos membros inferiores é muito ativa, envolvendo 
ações como corridas, mudanças de direção, saltos, entre outras (MOYSI, 2002). 
Além de conhecimentos específicos sobre as demandas musculares no tênis, 
segundo CHANDLER (1995), a prescrição individual de exercícios específicos para 
tenistas depende de uma série de fatores, incluindo: nível inicial de condicionamento 
físico, metas, histórico de lesões e nível técnico. 
 
 
2.5.1 Atividade Muscular na Execução do Forehand 
 
Os primeiros estudos eletromiográficos de músculos dos membros superiores 
27 
 
que abordaram o forehand são conflitantes: SLATER-HAMMEL (1949) concluiu que 
o forehand possui “ativações musculares não balísticas” e ANDERSON (1970) 
concluiu que o forehand possui “ativações musculares balísticas”. 
Alguns anos depois, outros estudos (ELLIOTT, MARSH & OVERHEU, 1989 e 
TAKAHASHI, ELLIOTT & NOFFAL, 1996) mostraram a existência de dois tipos de 
coordenação para o forehand. A técnica de forehand utilizada pelos tenistas de elite 
indica que os segmentos corporais do membro superior são utilizados em tempos 
diferentes para gerar velocidade na raquete. Porém, tenistas não experientes 
demonstram golpear o forehand utilizando todos os segmentos do membro superior 
ao mesmo tempo. Com base nestas observações, estes Autores classificaram o 
forehand em dois tipos: forehand multisegmentar e forehand unisegmentar. 
O estudo de VAN GHELUWE e HEBBELINCK (1986) associa a 
eletromiografia ao forehand, discorrendo acerca de importantes indicadores deste 
gesto. O estudo consiste em uma análise eletromiográfica de nove grupos 
musculares que exibiram uma grande atividade durante a fase de aceleração, exceto 
o m. tríceps braquial, e em alguns tenistas o m. infraespinhal e o m. flexor curto do 
polegar. Isto também ocorreu para a fase de contato, exceto para o m. tríceps 
braquial, m. pronador redondo, m. peitoral maior e m. deltóide. 
Outro estudo bastante interessante é o de RYU, McCORMICK, JOBE, 
MOYNES e ANTONELLI (1988), onde foram obtidos registros eletromiográficos de 
oito grupos musculares relacionados ao ombro, durante três fases do forehand 
(preparação, aceleração e finalização). Os resultados foram expressos através da 
porcentagem de ativação em relação a um teste de CMVM (contração muscular 
voluntária máxima), executado para cada músculo. Este estudo não considerou a 
fase de espera ou inicial, já que durante esta não ocorre ação dominante que seja de 
interesse para interpretação. Durante a fase de preparação, todos os músculos 
analisados apresentaram atividades mínimas (entre 0% e 15% da CMVM) e baixas 
(entre 16% e 30% da CMVM). O m. infraespinhal apresentou atividade baixa na fase 
de aceleração e moderada (entre 31% e 60% da CMVM) na fase de finalização. Os 
músculos supraespinhal, deltóide e grande dorsal tiveram atividades baixas e 
mínimas nas três fases. Os músculos que exibiram atividade alta (maior que 60% da 
28 
 
CMVM) na fase de aceleração foram: m. bíceps braquial, m. subescapular, m. 
peitoral maior e m. serrátil anterior. Na fase de finalização, a atividade dos músculos 
bíceps braquial, serrátil anterior e subescapular desceram para o nível moderado e a 
atividade do m. peitoral maior desceu para o nível baixo. 
Especialistas em tênis e profissionais da medicinaesportiva têm sido 
indagados sobre a relação do uso mais freqüente do forehand open stance e o 
aumento da incidência de lesões no braço e nas costas por excesso de treinamento. 
Porém este papel cabe à área da biomecânica, onde se destacam algumas recentes 
pesquisas, que mostram as vantagens e os riscos de lesões para cada técnica de 
forehand (KNUDSON, 2006). 
Profissionais da medicina esportiva supõem que as forças musculares do 
tronco são maiores no forehand open stance se comparado ao forehand square 
stance (CHU, 1996 e ROETERT, ELLENBECKER, CHU & BUGG, 1997). 
Terapeutas que tratam de tenistas reportaram um aumento no número de distensões 
dos músculos abdominais, e atribuem isso ao aumento do uso da técnica forehand 
open stance (CHU, 1996). 
Um dos conceitos discutidos no campo da medicina esportiva é a capacidade 
com que a musculatura mais interna do abdômen, da coluna e do quadril tem para 
manter o controle e suporte da coluna, enquanto os movimentos específicos do tênis 
são realizados. Sabe-se que essa falha na estabilidade é potencial risco para lesões 
devido à sobrecarga sofrida pelos músculos mais externos (GRESSNER, 2002). 
A musculatura abdominal mais externa também é importante devido às suas 
múltiplas funções que agem conjuntamente aos músculos mais internos. Algumas 
dessas funções são: estabilização do corpo durante os golpes e deslocamentos, 
potencialização do movimento de rotação do quadril no momento do golpe e 
prevenção de lesões da coluna vertebral. A coluna vertebral é bastante 
sobrecarregada quando as musculaturas abdominais e dorsais não são fortalecidas 
(KNUDSON & BLACKWELL, 2000). 
Segundo os Autores BRODY (1995) e GROPPEL (1995), a suposta grande 
ativação dos músculos do tronco e dos membros superiores durante o forehand 
open stance, pode aumentar o risco de lesões por excesso de treinamento. 
29 
 
Também poderá ocorrer um desequilíbrio de forças entre os músculos flexores 
e extensores do tronco (CHANDLER, 1995). Este desequilíbrio de forças suporta a 
discussão de que exercícios suplementares de força devam ser inseridos nos 
programas específicos de condicionamento físico para tenistas a fim de evitar lesões 
(CHANDLER, ELLENBECKER & ROETERT, 1998). Estes programas têm enfatizado 
o treinamento dos músculos do tronco, especificamente exercícios de rotação do 
quadril (CHANDLER, 1995; GROPPEL & CONROY, 1986 e ROETERT et al., 1992). 
A rotação do quadril e a ação dos membros inferiores são importantes 
elementos durante os movimentos de golpear com potência, como por exemplo, 
bater um pênalti na modalidade esportiva hockey ou na rebatida do baseball. Nos 
livros de ensino do tênis, também tem sido afirmado que a rotação do quadril é uma 
importante fonte de potência dos golpes de fundo de quadra: forehand e backhand 
(ELLIOTT, 2000). 
EARLY (1995) demonstrou que as rotações de quadril são as fontes mais 
significativas de potência durante os golpes de fundo de quadra, suportando as 
afirmações de GROPPEL (1992). 
BAHAMONDE (1999) reportou a relação entre rotação do quadril e velocidade 
da raquete: o desenvolvimento de uma ótima rotação do quadril é um dos elementos 
mais importantes do forehand e backhand, e existe uma alta correlação entre esta 
rotação e a velocidade da raquete. 
KNUDSON e BLACKWELL (2000) compararam em 14 tenistas colegiais de 
alto nível técnico, a atividade muscular do tronco entre o forehand open stance e o 
forehand square stance. Os músculos analisados foram: m. reto abdominal, m. 
oblíquo externo e m. eretor espinhal. Os dados eletromiográficos foram normalizados 
pela CMVM, e a média calculada durante duas fases do movimento: aceleração 
(fase pré-impacto) e finalização (fase pós-impacto). As análises mostraram efeitos 
significativos quanto ao sexo, músculo e fase do forehand. Não foram encontradas 
diferenças significativas nas ativações musculares entre o forehand open stance e o 
forehand square stance, ao contrário do que os experientes técnicos de tênis 
acreditavam, afirmando que o forehand open stance requer maiores ativações dos 
músculos do tronco, quando comparado ao forehand square stance. Para todos os 
30 
 
músculos analisados, a média normalizada foi significativamente maior na fase de 
aceleração se comparada à fase de finalização. A atividade eletromiográfica média 
do m. eretor espinhal foi significativamente maior se comparada às atividades dos 
músculos reto abdominal e oblíquo externo. Os valores de pico das médias 
normalizadas do m. eretor espinhal aproximaram-se e ocasionalmente excederam 
100% da CMVM, enquanto os valores de pico do m. reto abdominal e m. oblíquo 
externo foram mais baixos e não excederam 100% da CMVM. As FIGURAS 20 e 21 
ilustram os resultados deste estudo: 
 
FIGURA 20 – Momento do contato raquete-bola (linha vertical) e curvas do sinal 
eletromiográfico durante a execução da técnica de forehand open 
stance (KNUDSON & BLACKWELL, 2000). 
31 
 
 
FIGURA 21 – Momento do contato raquete-bola (linha vertical) e curvas do sinal 
eletromiográfico durante a execução da técnica de forehand square 
stance (KNUDSON & BLACKWELL, 2000). 
 
Os resultados deste estudo são compatíveis com os reportados por QUINN 
(1986), que observou o desequilíbrio, onde os músculos extensores do tronco são 
mais ativos que os músculos flexores do tronco. A intensa ativação do m. eretor 
espinhal durante a execução do forehand, pode contribuir para o aumento da 
incidência de lesões na região lombar (HAINLINE, 1995) e para explicar a força 
extensora acima da média observada em tenistas (ROETERT, McCORMICK, 
BROWN & ELLENBECKER, 1996). 
A maior média normalizada encontrada na fase aceleração pode ser explicada 
por KOMI, KANEKO e AURA (1993): devido às ativações musculares menos 
intensas para desacelerar a raquete ou ao sinal eletromiográfico da atividade 
muscular excêntrica menos intenso em comparação à atividade muscular 
32 
 
concêntrica. 
Estudos eletromiográficos do forehand square stance realizados por NG, 
KIPPERS e RICHARDSON (1998), observaram baixas ativações dos músculos 
abdominais (< 25% da CMVM) e altas ativações do m. eretor espinhal (60% da 
CMVM). 
O estudo de KNUDSON e BLACKWELL (2000) alerta que a grande ativação 
dos músculos das costas durante as duas técnicas de forehand é semelhante à 
encontrada em estudos de eletromiografia com outros golpes no tênis. 
É possível inferir que mesmo execuções moderadas dos movimentos de 
forehand, requerem fortes contrações dos músculos em torno do cotovelo e ombro, 
portanto sobrecarregando essas articulações (VAN GHELUWE & HEBBELINCK, 
1986). 
MOYSI (2002) indica ainda os principais músculos dos membros superiores e 
do tronco envolvidos no golpe de forehand: 
• Fase concêntrica: m. peitoral maior, m. deltóide anterior, m. bíceps braquial 
e m. rotador interno do ombro; e 
• Fase excêntrica: m. grande dorsal, m. deltóide médio e m. serrátil anterior. 
Não existem estudos suficientes sobre eletromiografia dos músculos do tronco 
para as técnicas de forehand open stance e forehand square stance que ajudem a 
entender melhor as diferenças entre estas técnicas. São necessários mais dados 
para sustentar objetivamente a evidência da hipótese de que ocorre uma maior 
ativação dos músculos do tronco durante a técnica forehand open stance em 
comparação com a técnica forehand square stance (KNUDSON e BLACKWELL, 
2000). 
A partir desta revisão de literatura, podemos observar que todos os músculos 
citados participam ativamente, em maior ou menor grau, da execução do forehand, 
principalmente na fase de aceleração (pré-impacto). 
Assim, entre os estudos citados, verifica-se que o forehand é um gesto que 
envolve um grande número de grupos musculares, e, portanto, deve ser tratado com 
bastante atenção em sua análise, dada a complexidade estruturale funcional 
observada pela eletromiografia. 
33 
 
Ainda, vale ressaltar que não foram encontrados na literatura, estudos que 
investigaram a ação de músculos dos membros inferiores durante a execução do 
forehand. 
 
2.5.2 Atividade Muscular na Execução do Backhand 
 
GIANGARRA, CONROY, JOBE, PINK e PERRY (1993) analisaram a 
atividade de cinco grupos musculares ao redor do cotovelo, comparando tenistas 
competitivos que utilizavam a técnica backhand com uma e duas mãos. Os músculos 
analisados foram: três músculos extensores do punho, um músculo flexor do punho 
e um músculo pronador do antebraço, todos do membro superior dominante do 
tenista. Na técnica backhand com duas mãos, foram observadas atividades mais 
intensas no m. flexor radial do carpo durante a fase de preparação, e no m. pronador 
redondo durante a fase de aceleração. 
Quanto ao movimento de extensão do punho, o backhand apresenta 
atividades eletromiográficas mais antecipadas, mais intensas e com maior duração 
quando comparado ao forehand. Além disso, o backhand com uma mão requer 
maiores ativações dos músculos extensores do punho, se comparado ao backhand 
com duas mãos (BAUER & MURRAY, 1999). 
Os estudos de WEI, CHIANG, SHIANG e CHANG (2006) compararam as 
acelerações da raquete, punho e cotovelo, além das atividades eletromiográficas dos 
músculos flexores e extensores do punho em dois grupos, divididos por nível de 
habilidade técnica: iniciantes e avançados. O estudo verificou os parâmetros 
descritos acima em três diferentes fases do backhand, como mostra a FIGURA 22. 
 
34 
 
 
FIGURA 22 – Curvas de aceleração da raquete, punho e cotovelo, e sinal 
eletromiográfico dos músculos extensores e flexores do punho, 
para três fases da técnica backhand com uma mão: T1= fase de 
aceleração, T2= fase de contato e T3= fase de finalização (WEI et. 
al., 2006). 
 
 Os resultados mostram que o comportamento dos registros de aceleração e 
EMG são diferentes entre os tenistas iniciantes e avançados: 
• Fase de aceleração: A raquete apresenta apenas aceleração, sem vibração 
significativa. Os tenistas avançados mantêm os registros de atividade 
muscular dos músculos extensores e flexores próximos do nível máximo. 
No entanto, os tenistas iniciantes aumentam significativamente sua 
atividade flexora, do nível sub-máximo ao nível máximo, e aumentam a 
atividade extensora do nível máximo ao nível supra-máximo; 
• Fase de contato: A raquete apresenta vibração significativa, e esta foi 
35 
 
transferida simultaneamente para o cotovelo e punho do executante. Os 
tenistas iniciantes demonstraram ativações significativamente maiores dos 
músculos extensores quando comparados aos tenistas avançados. As 
atividades dos músculos flexores são semelhantes para ambos os grupos; 
e 
• Fase de finalização: As vibrações na raquete, punho e cotovelo são 
atenuadas vagarosamente. Nesta fase foram encontradas as maiores 
diferenças entre os grupos. Os sinais eletromiográficos dos músculos 
extensores e flexores mostraram reduções de até 50% da CMVM nos 
tenistas avançados. Porém, no grupo de tenistas iniciantes, os sinais de 
EMG mantiveram-se próximos ao nível máximo. 
Portanto, este estudo concluiu que os tenistas iniciantes transferem maior 
quantidade de vibração para o punho e cotovelo quando comparados aos tenistas 
avançados. As maiores atividades musculares extensoras e flexoras do punho para 
os tenistas iniciantes foram observadas na fase de contato e finalização. Os tenistas 
avançados soltam o cabo da raquete imediatamente após o contato com a bola, 
auxiliando na redução da transmissão do impacto para o cotovelo. O controle da 
força de preensão da mão é considerado fator crítico na redução da transmissão do 
impacto para o cotovelo. 
MOYSI (2002) indicou os principais músculos do membro superior e do tronco 
envolvidos nas técnicas de backhand com uma e duas mãos: 
• Backhand com uma mão: m. rombóide maior, m. rombóide menor, m. 
trapézio médio, m. deltóide posterior, m. deltóide médio, m. rotador externo 
do ombro, tríceps braquial e m. serrátil anterior; 
• Backhand com duas mãos – braço dominante: m. rombóide maior, m. 
rombóide menor, m. trapézio médio, m. deltóide posterior, m. deltóide 
médio, m. rotador externo do ombro, tríceps braquial e m. serrátil anterior; e 
• Backhand com duas mãos – braço não-dominante: m. peitoral maior, 
deltóide anterior e m. rotador interno do ombro. 
 
Em comparação com o forehand, percebemos que o golpe backhand 
36 
 
apresenta-se fracamente descrito na literatura, sem estudos que abordem a 
atividade dos músculos do tronco. Novamente nota-se a ausência de estudos que 
investigaram os músculos dos membros inferiores. 
 
2.6 Características Cinemáticas do Forehand e Backhand 
 
KNUDSON (1991b) estudou a interação das cordas da raquete durante o 
contato com a bola e suas conseqüências em relação aos membros superiores do 
tenista. O local de destino da bola golpeada pelo tenista é determinado por um 
instante muito breve em que a bola está em contato com as cordas da raquete. O 
tempo de contato entre a bola e as cordas da raquete é um acontecimento muito 
breve, durando entre 4 e 8 ms (0,008s). A onda de choque provocada por esta 
colisão alcança a mão do jogador entre 1 e 2 ms mais tarde. 
A FIGURA 23 mostra os resultados esquemáticos, a partir de imagens de alta 
velocidade, do movimento do punho durante os golpes de forehand e backhand. Os 
rápidos movimentos de flexão do punho (forehand) e extensão do punho (backhand 
com uma mão) geram grandes cargas nos músculos do antebraço. Sabe-se também 
que as ações excêntricas destes músculos geram forças que são consideradas uma 
das principais causas do mecanismo de lesões e dores musculares no tênis. 
 
 
FIGURA 23 – Esquema do movimento de flexão e extensão do punho próximo ao 
contato raquete-bola durante os golpes de forehand e backhand, 
(KNUDSON, 1991b). 
 
No início do século XX, os instrutores de tênis acreditavam que durante o 
golpe de forehand, o tronco do executante posicionava-se de frente para a rede. 
37 
 
Algumas décadas mais tarde, as fotografias de alta velocidade mostraram que havia 
considerável rotação do quadril durante este golpe. 
Então, a técnica que passou a ser ensinada pelos instrutores foi o forehand 
square stance, onde o tenista deveria executar a rotação do quadril com a ajuda do 
deslocamento dos pés, posicionando-se de lado para a rede. A técnica de forehand 
square stance era muito útil, pois auxiliava a produzir velocidade nas pesadas 
raquetes de madeira utilizadas naquela época. 
Os estudos com forehand open stance e square stance têm sido limitados à 
cinemática dos golpes (KNUDSON & BAHAMONDE, 1999). 
Pesquisadores em tênis acreditam que a técnica forehand open stance 
apresenta o momento angular gerado pelos ombros e quadril facilitado, se 
comparado à técnica forehand square stance (GROPPEL, 1994). Por outro lado, 
GROPPEL (1995) sugere que o forehand open stance não utiliza de maneira 
eficiente a cadeia cinética dos membros inferiores, podendo sobrecarregar os 
membros superiores. 
Estudos de AKUTAGAWA & KOJIMA (2005) compararam cinematicamente as 
duas técnicas de backhand. Verificou-se que a velocidade da cabeça da raquete 
logo antes do contato com a bola e o tempo médio da fase de preparação do golpe 
não apresentaram diferenças significativas entre as duas técnicas: 
• Velocidade da cabeça da raquete: 18,8 ± 2,0 m/s no backhand com uma 
mão e 18,9 ± 3,7 m/s no backhand com duas mãos; e 
• Tempo médio da fase de preparação: 0,52 ± 0,14 s no backhand com uma 
mão e 0,46 ± 0,10 s no backhand com duas mãos. 
 
 
 
 
 
3 OBJETIVOS 
 
38 
 
3.1 Objetivo Geral 
 
O objetivo deste estudo é descrever as característicasbiomecânicas quanto 
aos aspectos definidos por parâmetros dinâmicos e eletromiográficos, baseados em 
variáveis e músculos relacionados experimentalmente em função da utilização de 
duas diferentes técnicas para a execução dos golpes forehand e backhand. 
 
3.2 Objetivos Específicos 
 
Os objetivos específicos: 
 
• Verificar a hipótese de que as técnicas forehand open stance e backhand 
com duas mãos demandam maior ativação muscular quando comparadas 
com as técnicas forehand square stance e backhand com uma mão, 
respectivamente; e 
• Descrever as características dinâmicas, eletromiográficas e cinemáticas 
relacionadas com os membros inferiores durante a execução destas técnicas, 
não apresentadas na literatura especializada. 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Seleção da Amostra Experimental 
 
A amostra foi composta por dez indivíduos do sexo masculino que possuiam 
pelo menos dez anos de prática na modalidade esportiva tênis. 
Todos os sujeitos foram informados sobre os propósitos e procedimentos 
adotados durante a coleta de dados. Esta amostra foi determinada através da 
técnica de backhand utilizada pelos indivíduos, sendo recrutados cinco indivíduos 
adeptos da técnica backhand com uma mão e cinco indivíduos adeptos da técnica 
backhand com duas mãos. 
Vale ressaltar que a amostra foi determinada em função da utilização do golpe 
backhand, pois os tenistas experientes utilizam exclusivamente uma das técnicas 
39 
 
descritas anteriormente. Ao contrário, para o golpe forehand, os tenistas experientes 
executam ambas as técnicas: forehand open stance e forehand square stance. 
Os sujeitos da amostra foram voluntários intencionalmente relacionados e que 
assinaram Termo de Consentimento Após Informação, para a participação nesta 
pesquisa (ANEXO I). 
Foram levantados ainda, os seguintes dados antropométricos acerca dos 
indivíduos da amostra: estatura e massa corporal. Fez parte das condições para 
seleção da amostra, a verificação da integridade do sistema osteo-mio-articular dos 
voluntários, observada através de exame de anamnese ortopédica (ANEXO II). 
Os critérios de inclusão na amostra foram: 
• Indivíduos com pelo menos dez anos de prática na modalidade estudada; 
• Indivíduos do sexo masculino; e 
• Participantes de competições em nível nacional nos últimos cinco anos. 
 O critério de exclusão da amostra foi: 
• Indivíduos que apresentaram algum acometimento de membros 
superiores ou inferiores que pudesse comprometer a execução dos golpes 
forehand ou backhand. 
 
4.2 Protocolo de Aquisição de Dados 
 
Os indivíduos, após prévio aquecimento e familiarização com o ambiente, 
executaram os gestos de forehand (open stance e square stance) e backhand (com 
uma mão e com duas mãos) sobre o espaço no qual foi montada a plataforma de 
força. 
Foram realizadas 40 coletas de dados para cada indivíduo, onde cada um 
executou dez tentativas para cada uma das quatro técnicas descritas. Portanto, o 
indivíduo adepto da técnica backhand com uma mão também executou a técnica 
backhand com duas mãos, e vice-versa. 
Este número de coleta de dados buscou a reprodutibilidade do 
comportamento a ser analisado. O intervalo entre as tentativas foi de 
aproximadamente dois minutos, tempo estimado para evitar fadiga ou cansaço 
40 
 
muscular nos sujeitos da amostra. O intervalo de registro de dados foi de oito 
segundos para cada tentativa, tempo necessário para o executante subir na 
plataforma de força e executar a técnica determinada, conforme comprovados nos 
pré-experimentos. 
A seguir, tem-se a representação esquemática dos diferentes procedimentos 
metodológicos empregados neste estudo, destacando-se a importância de suas 
interdependências para o desenvolvimento da análise e, portanto, para o estudo da 
complexa estrutura dos movimentos analisados, relativamente ao forehand e 
backhand, segundo as diferentes técnicas de execução. 
 
41 
 
 
 
FIGURA 24 - Fluxograma dos instrumentos e procedimentos metodológicos 
adotados na coleta experimental. 
 
 
PROTOCOLO EXPERIMENTAL 
Amostra 
n=10 
Condições 
Amostrais 
Delineamento 
Amostral 
• Seleção de Voluntários 
• Anamnese Ortopédica 
• Termo de Consentimento 
 
 
• Tipos de Movimento 
 
Eletromiografia Cinemetria Dinamometria 
• Curvas Médias da 
FRS; 
• Pico da FRS; 
• Impulso. 
 
• Envoltórios Lineares; 
• RMS. 
• Instante de contato 
raquete-bola; 
• Fase pré-impacto; 
• Fase Pós-impacto; 
• Ângulo de flexão dos 
joelhos no contato; 
• Variação Angular. 
Registro e Aquisição 
de Dados/Sinais 
Análise e 
Processamento 
 de Dados/Sinais 
• Conversor A/D 
• Trigger Sincronizador 
• Amplificador dos Sinais 
• Tratamentos Matemáticos 
• Tratamentos Estatísticos 
 
Relatórios, Resultados, Tabelas e Gráficos 
 
42 
 
4.3 Sistemas de Medição 
 
4.3.1 Dinamometria 
 
 A dinamometria é o conjunto de métodos experimentais que medem os 
parâmetros dinâmicos do movimento. A dinâmica é o estudo das causas físicas 
(força e energia) de um movimento. A Biomecânica busca compreender como estas 
causas físicas agem no corpo humano. As forças aplicadas no corpo humano podem 
ser subdivididas em internas e externas. As forças internas são as forças exercidas 
pelos elementos do sistema sobre outros elementos do mesmo sistema. No corpo 
humano, as forças internas são aquelas originadas da interação entre as estruturas 
biológicas internas do corpo. As forças musculares que atuam nas articulações, 
tendões e ligamentos são exemplos de forças internas. As forças externas são 
aquelas resultantes da interação do corpo humano com corpos externos ao sistema. 
Para o corpo humano temos como exemplo, a força de reação do solo (FRS) sobre o 
aparelho locomotor e a força de gravidade (MOCHIZUKI, 2001). 
Para medir as variáveis relacionadas à FRS foi utilizada uma plataforma de 
força, concebida com base em transdutores de força do tipo piezoelétrico, da marca 
Kistler AG (tipo 9287 A), com superfície de medição de 600 x 900 mm. 
A plataforma de força possibilita a mensuração da força de reação produzida 
por determinado movimento durante a fase de contato com o solo, a partir dos 
transdutores de força, que medem os sinais elétricos proporcionais à deformação 
produzida em seus transdutores. Estes sinais são enviados por intermédio de cabos 
e interruptores a um amplificador de sinais tipo 9865 B (amplificador de cargas de 8 
canais Kistler AG), amplificador de soma e divisão que são programados 
automaticamente, de modo que se possa obter, a mensuração tridimensional 
(vertical, antero-posterior e médio-lateral) da FRS. 
Para a realização deste estudo, a plataforma foi parcialmente gerenciada por 
um conversor analógico/digital (A/D) e programa de funções AqDados 7.02 (Lynx 
tecnologia eletrônica LTDA.), que realizou a aquisição, análise e armazenamento 
dos dados de pesquisa. 
43 
 
Fy3
Fz
Fx3
4
3
Fy2
Fy1
Fy4
Fy
Ty
ay
Fx1
Fx
Fx2
Fx4
x
y
ax
Fz1
Fz2
Fz4
Fz3
az
F z
b
b
a
a
 
Onde: 
F = força de reação resultante 
Fy n = força de reação no eixo y medida pelo transdutor n 
Fx n = força de reação no eixo x medida pelo transdutor n 
Fz n = força de reação no eixo z medida pelo transdutor n 
Fy, Fx, Fz = componentes vertical, antero-posteriol e médio-lateral da FRS
 
 
FIGURA 25 - Definição dos sinais e parâmetros necessários ao cálculo das variáveis 
relacionadas à FRS (adaptado de Kistler Instrumente AG, 1993). 
 
Para a aquisição dos dados de FRS, os sujeitos analisados executaram os 
golpes de forehand e backhand com apenas um pé sobre a plataforma de força. 
Metade das tentativas foi realizada com o pé direito sobre a plataforma e metadedas 
tentativas com o pé esquerdo sobre a plataforma. 
O posicionamento dos pés sobre a plataforma, seguindo as técnicas 
avaliadas, está demonstrado nas FIGURAS 26A, 26B, 26C e 26D, e foi detalhado 
aos sujeitos da amostra através de esquema ilustrado no ANEXO XI. 
44 
 
 
 A B 
 
 
 C D 
FIGURA 26 – Padrão do posicionamento dos pés para a aquisição de dados na área 
da plataforma de força. (A) forehand open stance; (B) forehand square 
stance; (C) backhand com uma mão e (D) backhand com duas mãos. 
 
4.3.2 Eletromiografia 
 
O sistema de eletromiógrafo utilizado tem o nome comercial de EMG 1000 
(Lynx tecnologia eletrônica LTDA.). Os sinais eletromiográficos foram adquiridos por 
intermédio deste equipamento, que amplifica, filtra e digitaliza até 12 canais de 
entrada analógica. Estas entradas estão divididas em oito canais para sinais 
eletromiográficos e quatro entradas para instrumentação. Cada canal 
eletromiográfico possui um amplificador diferencial (Rejeição de Modo Comum 
45 
 
>100dB; Condição: sinal senoidal 10Vpp, 60Hz) com ganho fixo de valor nominal 
1000, impedância de entrada de 10.000 MOhms típico, um filtro passa alta 
Butterworth de 1ª ordem (atenuação abaixo da freqüência de corte de 20dB/década) 
com freqüência de corte em 1Hz e um filtro passa-baixa Butterworth de 2ª ordem 
(atenuação acima da freqüência de corte de 40dB/década) com freqüência de corte 
em 1000 Hz. 
Os sinais devidamente amplificados e filtrados foram digitalizados por um 
conversor A/D de 16 bits de resolução com faixa de entrada programável. Para o 
presente estudo esta faixa foi programada em +/-5V. Uma vez digitalizados, os sinais 
passaram por filtros digitais passa alta Butterworth de 1ª ordem e passa baixa 
Butterworth de 2ª ordem com freqüências de corte selecionáveis. Para este estudo 
estes filtros foram programados para 20 e 500Hz, respectivamente. 
A comunicação com o microcomputador foi feita através de interface de rede 
ETHERNET 10Mbits/s e suportado pelo programa AqDados 7.02 (Lynx tecnologia 
eletrônica LTDA.). O Módulo é alimentado com 12VDC através da rede elétrica 
utilizando um adaptador universal 90-240V AC 60Hz. 
A taxa de amostragem é a mesma para todos os canais e programável. Neste 
estudo foi utilizada a freqüência de amostragem igual a 1000 Hz. 
 
 
 
FIGURA 27 - Sistema de eletromiógrafo EMG 1000. Marca (Lynx tecnologia 
eletrônica LTDA.). 
 
46 
 
Existem controvérsias quanto ao tipo de eletrodo a ser utilizado e aos 
procedimentos para o seu posicionamento. É de interesse da comunidade científica, 
que trabalha com EMG de superfície, que padrões para estes quesitos sejam 
propostos a fim de proporcionar a comparação mais fidedigna entre estudos 
semelhantes. Neste sentido, o projeto SENIAM (Surface EMG for a Non-invasive 
Assessment of Muscle) tem apresentado recomendações de configuração e 
posicionamento dos eletrodos, com base em um levantamento de artigos publicados 
entre 1991 e 1996, num total de 114 artigos (HERMENS, FRERIKS, DISSELHORST-
KLUG & RAU, 2000; MERLETTI, 2000). 
Com relação à configuração física do eletrodo recomenda-se a utilização de 
eletrodos ativos. Estes são confeccionados com um amplificador diferencial muito 
próximo dos eletrodos de captação e têm por finalidade minimizar o ruído do sinal, 
incorporado na interface de transmissão, que é composto por baixas amplitudes. 
Entre os tipos de eletrodos citados anteriormente, ARAÚJO (1998) afirma que 
os eletrodos de superfície são utilizados correntemente em estudos do movimento 
humano, e apresentam a vantagem de não serem invasivos, além de não 
comprometerem o deslizamento dos diversos tecidos entre si (tela subcutânea, 
fáscias superficiais e musculares), fenômeno que ocorre naturalmente no 
movimento. 
Portanto, foram utilizados eletrodos de superfície, ativos, bipolares e 
diferenciais (EMG System Inc.) compostos por duas barras paralelas de prata pura, 
cada uma com 1 cm de comprimento, 1 mm de largura e distanciadas 1 cm entre si. 
Estes eletrodos são acoplados a um molde de poliuretano de 20 mm de largura, 33 
mm de comprimento e 5 mm de espessura, ligado a um cabo coaxial de 1,5 m de 
comprimento (FIGURA 28). 
O sinal é pré-amplificado no eletrodo diferencial com ganho de 20x e razão do 
modo comum de rejeição > 100 dB; valor descrito na literatura como mínimo aceito 
para a eletromiografia de superfície (WINTER, 1991). 
Antes de passar pelo conversor A/D, o sinal analógico é mais uma vez 
amplificado (ganho 100x), desta vez não no próprio eletrodo, mas em um 
amplificador conectado ao eletrodo através de um cabo de 150 cm conectado à uma 
extensão de 3 m. Portanto, houve um ganho final de 2000x no sinal eletromiográfico 
47 
 
original. 
 
 
 
FIGURA 28 – Eletrodo de superfície. Marca EMG System Inc., (conforme descrição no 
texto p. 48). 
 
O comportamento da atividade muscular foi representada através de 
Envoltórios Lineares, que fornecem o padrão médio em função da duração do golpe 
em diferentes tentativas e indicam qualitativamente a coordenação temporal da 
atividade muscular durante o movimento. A representação por Envoltórios Lineares 
(FIGURA 29) é recomendada por muitos estudos, dentre eles o de ARSENAULT, 
WINTER, MARTENIUK e HAYES (1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
EM
G
 
(U
.
A.
)
Tempo (s)
 
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
EM
G
 
(U
.
A.
)
Tempo (s)
 
 A B 
 
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
EM
G
 
(U
.
A.
)
Tempo (s)
 
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
EM
G
 
(U
.
A.
)
Tempo (s)
 
 C D 
FIGURA 29 – Etapas do tratamento matemático do sinal eletromiográfico para a 
elaboração dos envoltórios lineares. (A) sinal EMG bruto; (B) sinal 
EMG retificado e ajustado à linha base referência; (C) sinal EMG 
retificado (cinza) e sinal filtrado com freqüência de corte de 5 Hz 
(preto) e (D) envoltório linear. O sinal refere-se à ativação do m. 
eretor espinhal esquerdo durante uma tentativa da técnica forehand 
open stance. 
 
A distribuição da atividade muscular durante as diferentes fases do forehand e 
backhand foi analisada a fim de se identificar características específicas. Estas 
variáveis foram descritas temporalmente em termos das seguintes fases dos golpes: 
aceleração (pré-impacto), contato e finalização (pós-impacto). Vale ressaltar que a 
fase de preparação foi descartada da análise, pois estudos mostram que nesta fase 
as atividades são mínimas ou baixas (RYU et. al, 1988). 
49 
 
Os dados eletromiográficos também foram tratados para a obtenção do RMS 
(Root Mean Square) das fases de aceleração (pré-impacto) e finalização (pós-
impacto) dos golpes, com o intuito de obter parâmetros sobre a intensidade das 
ativações musculares. 
Foram registradas as atividades elétricas de seis músculos: m. eretor espinhal 
direito (EEdir.), m. eretor espinhal esquerdo (EEesq.), m. reto femoral direito (RFdir.), 
m. reto femoral esquerdo (RFesq.), m. gastrocnemio lateral direito (GLdir.) e m. 
gastrocnemio lateral esquerdo (GLesq.). 
A seleção do m. eretor espinhal foi baseada em

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