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RESUMO - Direito Penal I - Prof. Murilo Buchmann - 2º BI (Outro Modelo)

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Direito Penal I – 2º Bimestre 
Interpretação da Norma Penal – meios ou espécies de interpretação 
1) Quanto a quem realiza a interpretação (exegeta) → quanto as fontes 
 Interpretação Autênticas (legislativo) → procede do próprio legislador 
o ex. art 327 Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública 
 Interpretação Doutrinária → escritores/comentadores do texto penal 
o ex. 155§ 4º I (coisa alheia – posse x propriedade) 
 Interpretação Judicial → produto da atividade judiciante (juiz ou tribunal) 
o Uma decisão ordinária não vincula outras decisões 
 Interpretação Jurisprudencial → decisões reiteradas em um mesmo sentido 
2) Quanto aos meios empregados 
 Interpretação Gramatical (sintática, literal) → deve-se recorrer a palavra da lei 
o ex. art. 121, 155 
 Interpretação Lógica (teleológica) → indação da vontade do legislador objetivada na lei 
o Qual o bem jurídico tutelado 
o Motivos que fizeram nascer o preceito 
o Elementos: 
 sistemático – confronto com outras leis ou 
disposições (ex. art. 157§3º, em primeiro plano o 
patrimônio e em segundo a vida) 
 rubrica – delimita o preceito (nome) 
 histórica – trabalhos, projetos, exposição de 
motivos, etc. (art. 121 §2º IV) 
3) Quanto ao resultado 
 Declarativa → a lei reflete a sua vontade 
o Ex. art. 141 III 
 Restritiva → restringe o alcance das palavras 
o Ex. art. 28 I e II 
o Se interpreta restritivamente considerando estados não patológicos, sob pena de confrontar 
com o art. 26 
 Extensiva → para fazer as palavras corresponderem com a vontade da lei, amplia-se seu alcance 
o Ex. art. 130 – abrange o próprio contágio 
o Ex. art. 159 – sequestrar pode ser arrebatar, levar, e também reter 
4) Interpretação progressiva (evolutiva, adaptativa) 
 É a adequação da lei as necessidades do presente – ex. art. 26 
Título I 
Capítulo I 
 
Rubrica 
Art. 
... 
Art. → se refere apenas ao 
que antecede 
Capítulo II 
 
 
5) Interpretação analógica 
 Estabelece uma fórmula casuística (exemplo) e depois uma fórmula genérica (que engloba outros 
casos) – ex. arts. 171, caput, 121, §2º, I, III e IV 
6) Analogia (diferente de interpretação analógica) 
 Aplicação de um preceito de lei a um caso não regulado por essa lei 
Aplicação da lei penal (em relação ao tempo, ao espaço e às pessoas que exercem determinada função) 
1) Eficácia da lei penal no tempo 
 Sanção – ato presidencial (aprovação) 
 Promulgação – divulgação do texto da lei através de procedimentos solenes 
 Publicação – eficácia ou obrigatoriedade 
o Art, 1º LINDB 
o “Vacatio legis” – tempo de vacância da lei, tem dupla finalidade: 
 Adaptação 
 Conhecimento 
 Revogação – extinção da lei 
o Parcial – derroação 
o Total – abrogação (ex. art, 240, 219) 
o Expressa 
o Tácita 
 Hipóteses de conflito de leis penais no tempo 
o Novatio Legis Incriminadora – um indiferente penal passa a ser considerado crime por noa 
norma → aplica-se o artigo 1º do CP (princípio da legalidade nullum crimen, nulla poena 
sine lege) 
o Abolitio Criminis – fato que é considerado crime deixa de existir como tal mediante nova lei 
→ aplica-se o artigo 2º do CP (a lei penal mais benéfica para o réu retroage) 
 Os efeitos do crime (BO, IP, ação penal, reicidência, surcis) serão cessados, conforme 
previsto no artigo 103 III 
 Ex. art 217, 219, 220, 240 
o Novatio Legins in Pejus – nova lei prejudica o réu → não retroage, art 5º, XL, CF 
 Ex. sanção mais severa (em quantidade, qualidade, na execução, etc.); exclusão de 
circunstâncias atenuantes; inclusão de circunstâncias majorantes – aumento fixo ou 
variável na pena – ou qualificadoras – estabelece mínimo e máximo de pena. 
o Novatio Legis in Mellios – a nova lei é benéfica para o réu → sempre retroage 
 Ex. sanção mais branda (em quantidade, qualidade, na execução, etc.); inclusão de 
circunstâncias atenuantes; exclusão de circunstâncias majorantes – aumento fixo ou 
variável na pena – ou qualificadoras – estabelece mínimo e máximo de pena. 
 Leis temporárias – prazo de vigência pré determinado pela própria lei 
 Leis excepcionáis – condicionam a eficácia da lei às condições que as criaram 
o Ex. guerra, epidemia, etc. 
 
 
 Normas penais em branco – possuem preceitos ou sanções indeterminadas .: precisam de 
complemento 
o Ex. lei de droga, art. 150 
o Eventual mudança desse preceito não vincula a eficácia da lei penal 
 Crime continuado – se dois crimes ou mais do mesmo tipo penal são cometidos pela mesma pessoa 
em um período menor do que 30 dias 
o Nesse caso se aplicará a pena mais severa 
o Se algum dos crimes for alterado por lei nova a pena mais severa ainda será aplicada se o 
crime foi cometido com dolo 
o Ex. art. 71 
 Crime permanente – a consumação do crime se alonga no tempo 
o Ex. art. 148, sequestro 
o Em caso de lei nova que altere a pena aplica-se a pena da lei mais nova 
 Combinação de lei – é vedado ao magistrado combinar leis 
o Ex. aplicar 2 anos da pena de um crime + 4 anos da pena de outro 
 Tempo do crime 
o Teoria do resultado – considera-se praticado o crime no momento de seu resultado 
 Ex. momento do pagamento do resgate em crime de sequestro 
o Teoria mista (ubiquidade) – considera-se tempo do crime o momento da ação ou da omissão 
ou do resultado 
 Ex. no momento do sequestro ou do pagamento do resgate 
o Teoria da atividade** - considera-se tempo do crime o momento da ação ou da omissão, 
ainda que seja outro o momento do resultado 
 Adotado pelo artigo 4º do CP 
 Ex. o tempo do crime se da no momento do tiro e não no momento da morte no 
hospital 
2) Aplicação da lei penal no espaço 
 Princípios – a aplicação é feita através de princípios, em regra, pelo prícipio da territorialidade e, 
como exceção, pelos demais 
Art. 3º CP – São chamadas de ultra ativas → são autorevogáveis e considera-se que sua eficácia não é afetada 
pelo fim de sua vigência, quanto a retroatividade da lei mais benéfica, para garantir segurança jurídica. 
o Princípio da Territorialidade (art. 5º caput, CP) → fundamentado pela soberania do 
Estado (possui como exceção casos vinculados por tratados internacionais ou pelos 
seguintes princípios) 
“Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional” 
O território pode ser: 
 Material (geográfico) 
 Jurídico (onde o Brasil exerce sua soberania): 
 Montanhas – linha das cumeradas, ou linha divisória entre os países 
 Rios – no rio que fica dentro do território de um só país a jurisdição será 
daquele país; já no rio que fica no território de dois ou mais países pode se 
adotar a teoria da divisão por uma linha imaginária ou pela profundidade 
 Lago – segue a mesma lógica da divisão do rio 
 Mar territorial – até 12 milhas da costa é considerado território brasileiro, a 
diante é considerado alto mar (lei 8617/93) 
 Navios e aeronaves públicos brasileiros – art. 5º §1º,1ª parte “Para os efeitos 
penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem” 
 Navios e aeronaves públicos estrangeiros – aplica-se o princípio da 
bandeira 
 Navios e aeronaves privados brasileiros – art. 5º, §1º, 2ª parte “as aeronaves 
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar” possuem 
competência brasileira e subsidiáriamente se em território estrangeiroa 
altoridade correspondente negar ou mostrar desinteresse de aplicar sua lei 
 Navios e aeronaves privados estrangeiros – art. 5º, §2º, 2ª parte “É também 
aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial 
do Brasil” 
o Princípio de defesa/de proteção/real (art.7º, I) → nacionalidade do bem jurídico 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeir os crimes: a) contra a vida ou a liberdade 
do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) 
de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil” 
o Princípio da nacionalidade/da personalidade 
 Ativa (art. 7º, II, b) → quem praticou o crime foi brasileiro 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes: b) praticados por 
brasileiro” 
 Passiva (art. 7º, §2º e 3º) → quem sofreu o crime for brasileiro 
“§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi 
negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça” 
“§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que 
foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) 
não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável.” 
o Princípio da universalidade (art. 7º, II, a) → crime concebido como mal universal 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes: a) que, por tratado ou 
convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;” 
o Princípio da representação/da bandeira (art. 7º, II, c) → é subsidiária 
“Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes: c) praticados em aeronaves 
ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí 
não sejam julgados.” 
 Lugar do Crime 
o Teoria da Atividade → lugar da ação ou omissão 
o Teoria do Resultado → lugar do evento 
o Teoria da Intenção → local no qual se pretendia obter o resultado 
o Teoria da ubiquidade/mista/da unidade** → o lugar do crime é o lugar da ação ou omissão 
ou o lugar da consumação 
 Se o crime ocorreu, sob alguma das duas hipóteses, em território brasileiro, a 
competência para julgá-lo será do Brasil 
 Adotado pelo artigo 6º do Código Penal 
 
 
 
 
 
3) Lei Penal em relação as pessoas que exercem determinada função 
 Imunidades diplomáticas – chefes de Estado estrangeiros não serão julgados pelo Brasil (art. 5º, CF 
“sem prejuízo a tratados internacionais”) 
o Ex. Furc, OEA, ONU, etc. 
ITER CRIMINIS (caminho do crime) 
1º fase – interna (cogitatio) 
2º fase – externa Atos internos e preparatórios são, em regra, impuníveis 
i) Atos preparatórios 
ii) Atos de execução A lei, em regra, pune apenas os atos de execução 
iii) Atos de consumação 
o Famíliares também são protegidos 
o Côncules não possuem essa proteção 
 Imunidades Parlamentares 
o Material → opiniões palavras e votos de parlamentares não serão objeto de crime dentro de 
sua circunscrição 
 Senadores Em todo o Brasil 
 Deputado federal (art. 53, caput, CF) 
 Deputado estadual – dentro do estado (art. 27, §1º, CF) 
 Vereadores – dentro do município (art. 29, VIII, CF) 
o Formal → parlamentares possuem prisão, processo e foro privilegiados 
 Art. 53 §4º 
 Art. 102, I, b 
Conflito A parente de Normas Penais (resolvido através de princípios) 
1) Princípio da Especialidade** – se uma norma é especial em relação a outra, ou seja, possui um 
elemento especializante (comparação in abstrato), se aplica a norma especial 
**Principal princípio para resolver esse conflitos 
Ex. art. 123 → especial → em relação ao art. 121 
art. 157§3º → especial → em relação ao art. 121§2º, V 
art. 155 → especial → em relação ao art. 150 
art. 155 → especial → em relação ao art. 163 
tipos derivados → especial → em relação aos tipos simples 
2) Princípio da Subsidiariedade – a norma subsidiária está incluida na principal 
Ex. art. 147 → subsidiária → em relação aos arts. 157, 158, 213 
art. 163 → subsidiária → em relação ao art. 155, §4º, I 
3) Princípio da Consmação (ou absorção) –um crime é meio, etapa, fase dede preparação ou execução 
de outro crime (uma é mais abrangente do que a outra) 
Ex. Crime do art. 121 → absorve → crime do art. 127 
Crime do art. 155 → absorve → crime do art. 150 
Crime consuado → absorve → crime tentado 
4) Princípio da Alternatividade – se a norma prevê várias condutas o a gente responderá por apenas uma 
(não é aceito como um princípio para resolver esse tipo de conflito por todas as doutrinas) 
Ex. art. 122, 180, etc. 
Classificação das infrações penais 
1) Contravenção penal (crime anão) 
2) Crime (delito) 
 Classificação dos crimes 
Tipo penal simples – “caput” do 
artigo 
Tipo penal derivado ou qualificado 
– possui um aumento com mínimo e 
máximo 
Tipo penal majorante – possui um 
aumento percentual (fixo ou 
variável) 
o Crime doloso – art. 18, I 
o Crime culposo – art. 18, II 
o Crime preterdoloso 
o Crime comissivo: fazer do agente 
o Crime omissivo: se omitir quando a norma penal impõe o dever de agir 
 Omissivo próprio: integralmente omisso (ex. art. 269) 
 Omissivo impróprio: comissivo por omissão (ex. art. 13, §2º) 
o Crimeinstantâneo: se consuma no omento (ex. homicídio) 
o Crime permanente: se estende no tempo (ex. sequestro) 
o Crime de dano: exige um dano a outrem 
o Crime de perigo concreto: coloca um todo em perigo (ex. crime de incêndio) 
o Crime de perigo abstrato ou presumido: (art. 282) 
o Crime material ou de resultado: (ex. homicídio) 
o Crime formal: (ex. sequestro) 
o Crime de mera conduta: não há resultado (ex. art. 150) 
o Crime unisubjetivo: envolve uma pessoa, um agente 
o Crime plurisubjetivo: envolve mais de um agente 
o Crime comum: qualquer um pode praticar 
o Crime próprio: existe uma qualidade especial do agente (ex. infanticídio) 
o Crime de ação única: (ex. homicídio; furto) 
o Crime de ação multipla: (ex. receptação) 
o Crime de ação livre: o método é de livre escolha (ex. homicídio) 
o Crime de forma vinculada: os métodos são previstos pelo legislador (ex. curandeirismo?) 
o Crime de tipo penal fechado: definição completa 
o Crime de tipo penal aberto: não é bem definido (ex. culposos) 
Crime C 
1) Conceito 
 Formal → conduta proibida por ameaça de pena 
 Material → violação de bem protegido juridicamente (através do direito penal) 
 Analítico 
o Conduta típica e antijurídica 
o Conduta típica, antijurídica e culpável 
2) Conduta – ação ou omissão consciente dirigida a determinada finalidade (conduta humana) 
 Características 
o Comportamento humano 
o Conduta corporal externa 
o Voluntaridade 
o Motivação ou absteção corporal 
 Formas de conduta → ação ou omissão Teorias da conduta 
o Causal – é naturalístca, implica em modificação causal no mundo exterior 
o Final – a ação humana é exercício de ação formal 
o Social – a ação causa um resultado socialmente relevante 
 Ausência de ação ou omissão 
o Coação física – irresistível (art. 22) 
o Movimentos reflexos – movimento corpóreo é determinado por estímulos do sistema nervoso 
(ex. ataque epilético) 
o Estados de inconsciência (ex. hipinóse e sonambulismo) 
 Coação 
o A coação física afasta a conduta 
o A coação moral afasta a culpabilidade 
3) Sujeitos do crime 
 Passivo → aquele que sofre o crime (vítima), protegida nos títulos do CP 
 Ativo → aquele que pratica o crime (réu) 
 Objeto jurídico → aquilo protegido pelo direito material 
 Objeto material → coisa corpórea que pode se transportar e eventualmente a pessoa

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