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Aspectos históricos da implantação do Curso de Medicina em Feira de Santana

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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
ASPECTOS HISTÓRICOS DA IMPLANTAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA EM FEIRA DE SANTANA 
 
 “O que vale na vida não é o ponto de partida e 
 sim a caminhada. Caminhando e semeando, no 
 fim terás o que colher”. 
 Cora Coralina (1889-1985) 
 
Dr. João Batista de Cerqueira 
Professor Adjunto de Urologia da UEFS 
 
I Introdução 
 
 Os registros iniciais em prol da implantação de uma Faculdade de Medicina em 
Feira de Santana remontam à década de 60 do século passado. Naquela época, em nossa 
cidade, o Dr. Fernando Pinto de Queiroz, advogado e professor, ensinava a disciplina 
Organização Social e Política Brasileira (OSPB) no Colégio Padre Ovídio e no Instituto de 
Educação Gastão Guimarães além de atuar em entidades comunitárias a exemplo da Santa 
Casa de Misericórdia e Lions Clube do qual foi fundador e seu primeiro presidente, Dr. 
Geraldo Leite exercia atividade médica em um laboratório de patologia clínica e atuava no 
magistério como professor da disciplina de Biologia no Curso Científico do Colégio 
Santanópolis e o Dr. Wilson da Costa Falcão, médico e ex-provedor da Santa Casa de 
Misericórdia, exercia mandato parlamentar na condição de Deputado Federal. 1 
 Em 1968, com apoio da Associação Educacional Desembargador Filinto Bastos 
fundada e presidida por Dr. Fernando Pinto sob a orientação do Dr. Wilson Falcão, foi 
constituído um Grupo de Trabalho encarregado de elaborar um projeto para a implantação 
de uma Faculdade de Medicina em nossa cidade. O Grupo era composto pelos Drs. Geraldo 
Leite, Ruy Machado da Silva, professor de Clínica Médica e Plínio Garcez de Sena, 
professor de Neurologia, ambos, docentes da Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal da Bahia, instituição de ensino na qual os três profissionais foram contemporâneos 
quando estudantes da graduação em medicina. 2 
 A primeira reunião ordinária, realizada a convite do Dr. Geraldo Leite, aconteceu no 
dia 6 de julho de 1968 tendo como local a residência do mesmo, situada em Salvador onde 
atuava como professor Assistente de Parasitologia na Escola Baiana de Medicina e Saúde 
Pública. Na reunião, o anfitrião foi escolhido como secretário do grupo de trabalho e foram 
sugeridos nomes de professores que atuavam na Escola Baiana de Medicina e Faculdade de 
Medicina da UFBA para serem contatados e convidados a assumirem a docência na futura 
Faculdade de Medicina de Feira de Santana. 3 
 
 
 
 Fac-símile da Ata da primeira reunião do Grupo de Trabalho 
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 Naquela época, através de articulação do Dr. Wilson Falcão o projeto, na instância 
federal, era apoiado pelo Dr Epílogo de Campos, ex-deputado Federal pelo estado do Pará, 
autor da Lei que criou a Universidade Federal daquele estado e membro do Conselho 
Federal de Ensino Superior. 4 
 
 
 
 
 Fernando Pinto e Wilson Falcão em depoimento na UEFS 
 tendo ao lado o então Pró-reitor de Ensino de Graduação 
 Sérgio Tranzilo França 
 
 
 Durante o período no qual se dedicaram, voluntariamente, ao projeto os membros da 
comissão fizeram contatos e visitas a Faculdades de Medicina na Bahia e em outros estados 
objetivando conhecer experiências pedagógicas. Através da ajuda do então Prefeito 
Municipal Dr. João Durval Carneiro, Dr. Ruy Machado visitou a Faculdade de Medicina de 
Campina Grande, estado Paraíba, e Dr. Plínio Garces visitou a Faculdade de Medicina da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com ajuda do Dr. Wilson Falcão, Dr Geraldo 
Leite viajou para a capital federal para visitar a Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal de Brasília. 5 
 Após a conclusão dos trabalhos, o projeto do curso foi apresentado pelo Dr. Geraldo 
Leite e pelo Dep. Wilson Falcão ao Governador do estado, Dr. Luiz Viana Filho, em uma 
audiência realizada no dia 26 de novembro de 1969.6 Na audiência, após análise da 
conjuntura e diante das dificuldades encontradas e do preconceito quanto a proposta de 
implantar um curso médico em uma cidade do interior da Bahia, o Governador Luiz Viana 
Filho decidiu, então, criar uma universidade sendo a sugestão festivamente recebida e de 
imediato acatada pelos presentes. 
 
 
 Geraldo Leite João Durval Luiz Viana Filho 
 
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Compromisso assumido, promessa cumprida. Apenas dois dias após a audiência, foi 
editado pelo executivo estadual o Decreto n.º 21.583, de 28 de novembro de 1969, que 
autorizava a Secretaria da Educação e Cultura do Estado “a promover os meios para a 
instalação e funcionamento da Fundação Universidade de Feira de Santana”. O decreto foi 
então encaminhado para a Assembléia Legislativa do Estado, votado, aprovado e 
transformado na Lei Estadual n.º 2.784, sancionada pelo Governador Luiz Viana Filho, no 
dia 24 de janeiro de 1970, em uma solenidade realizada no Salão do Júri do Fórum 
Desembargador Felinto Bastos. 
 Os acontecimentos seguintes se sucederam de forma concatenada. Em 27 de abril de 
1970, foram nomeados os membros do Conselho Diretor da Fundação Universidade 
Estadual de Feira de Santana; em 1972, a Faculdade de Educação, implantada em 10 de 
abril de 1968, foi incorporada à Fundação e, finalmente, em 27 de abril de 1976, é 
publicado o Decreto Federal n.º 77.469 que autorizava o funcionamento da Universidade 
Estadual de Feira de Santana (UEFS) sendo, então, realizada a aula inaugural no dia 31 de 
maio de 1976.7 
 Após a autorização do Conselho Federal de Educação (CFE), foram iniciadas as 
atividades de ensino de graduação com a implantação dos cursos, em nível de licenciatura e 
bacharelado, na sequência que se segue: 1976, Letras; 1980, Ciências Econômicas, 
Administração e Ciências Contábeis; 1981, Enfermagem; 1984, Engenharia Civil; 1992, 
História; 1994, Pedagogia, Odontologia, Geografia, Matemática e Ciências Biológicas; 
1997, Física e Educação Física; 1998, Direito, Letras Vernáculas e Habilitação em Língua 
Espanhola e em 1999, Ciências Farmacêuticas e Engenharia de Alimentos.8 
 
 
II O renascer da utopia 
 
 Passaram-se os anos, a UEFS cresceu e se consolidou como um centro emergente de 
conhecimento, formando profissionais em nível de excelência, irradiando suas ações para 
as regiões do recôncavo, do semi-árido baiano e ganhando projeção nacional como um 
novo e promissor centro universitário. Os profissionais egressos dos seus cursos de 
graduação e pós-graduação, cada vez mais, ocupavam espaço no mercado de trabalho 
contribuindo para o desenvolvimento regional e melhorando a qualidade de vida e os 
indicadores econômicos e sociais. 
O sonho inicial, entretanto, permanecia adormecido e, somente em 1995, seria 
novamente despertado. 
Na época, vivíamos os últimos cincos anos do século XX, do II milênio da era 
cristã. Na UEFS, já atuávamos no magistério como professor de Anatomia, após obtermos 
aprovação em um concurso público realizado em 1984. Na vida pública, no mesmo 
período, exercíamos o mandato parlamentar com Vereador na Câmara Municipal pelo 
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). 
Conhecíamos bem a realidade social da qual participávamos. Ainda jovem 
ingressamos, como voluntário, no Centro de Estudos do Menor (CEM) organização 
mantida com verbas da UNICEF e noMovimento de Organização Comunitária (MOC). Já 
graduado em medicina, atuamos no movimento Renovação Médica, assumimos, na defesa 
da classe, a bandeira do cooperativismo de trabalho médico e participamos ativamente da 
implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) que deu origem ao 
atual Sistema Único de Saúde (SUS). 
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Em razão das atividades vivenciadas, passamos a conhecer, razoavelmente bem, as 
carências da coletividade quanto à assistência a saúde, às dificuldades da classe médica em 
melhorar e ampliar seus conhecimentos para melhor servir a população e a frustração dos 
nossos jovens por terem que sair de Feira para Salvador, para outros estados brasileiros ou 
até para outros países na busca de realizar o sonho de tornarem-se médico. Nossa juventude 
pagava um alto preço devido aos parcos investimentos governamentais na educação 
médica, a carência de vagas nos cursos existentes e o pequeno número de escolas de 
medicina na Bahia. 
A situação era, socialmente, injusta e politicamente vergonhosa, senão vejamos: Das 
102 escolas médicas brasileiras, apenas duas localizavam-se na Bahia. O estado de São 
Paulo com 24, Rio de Janeiro com 16, Minas Gerais com 11, Rio Grande do Sul com 10 e o 
Paraná com seis detinham 66% das escolas de medicina em nosso país. A realidade era, 
deveras, uma ofensa à história da Bahia que foi o berço do ensino médico no Brasil, quando 
em 1808, ainda no período colonial, D. João VI implantou a Escola de Cirurgia, primeira 
escola de Medicina brasileira e que, cerca de 200 anos depois, possuía apenas a Faculdade 
de Medicina da Universidade Federal da Bahia, fundada em 1808 e a Escola Baiana de 
Medicina, fundada em 1952.9 
 Conhecedor dessa realidade em nível estadual e nacional, o exercício dos 
consecutivos mandatos de Dirigente do Sistema Unimed nos permitiu manter intercâmbio 
científico e de políticas de saúde com lideranças da área médica e universitária de quase 
todo o Brasil, analisamos a conjuntura com dois colegas médicos, professores da UEFS, 
também idealistas e sonhadores por uma boa causa. 
Dr. Antonio César de Oliveira, docente de Fisiologia e Dr. Renato Pires Freitas, 
docente de Anatomia eram dois profissionais já com grande participação na defesa dos 
interesses da coletividade e que já atuavam na Educação Médica como preceptores da 
Residência Médica, do Hospital Geral Clériston Andrade. Após análise da conjuntura, a 
seguir, demos início à nova mobilização em prol da implantação do curso de medicina, já 
agora, na Universidade Estadual de Feira de Santana. Começamos a nos movimentar após 
elaborar um planejamento estratégico sobre as ações a serem desenvolvidas. 
 
 
 
 César Oliveira João Batista Renato Pires 
 
 
Inicialmente, na condição de Vereador autor, inclusive, da Lei que criou o Conselho 
Municipal de Saúde, redigimos um requerimento solicitando à Reitoria da UEFS que 
realizasse estudos técnicos objetivando implantar o curso de medicina. Discutido em sessão 
da Câmara Municipal, realizada no dia 28 de março de 2005, o requerimento, que recebeu o 
número 210/95, foi aprovado pela unanimidade dos Edis presentes àquela sessão.10 
 
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Em seguida, após aprovação do Requerimento 210/95, na condição de médico 
urologista do Instituto de Urologia e Nefrologia e professor de Anatomia da UEFS, 
redigimos e publicamos um artigo no Jornal Feira Hoje com o título “Medicina na UEFS” 
no qual manifestávamos a alegria pelo 19º aniversário da Universidade, ao tempo em que, 
clamávamos e argumentávamos quanto à necessidade social da implantação do curso de 
medicina.11 
 
 
 
 Fac-símile do artigo no Jornal Feira Hoje 
 
 
Finalmente, na condição de liderança na classe médica, buscamos apoio de 
representantes das entidades da classe e de organizações da área da saúde que, convencidos 
do acerto da iniciativa, concordaram em subscrever um manifesto público em apoio à 
implantação do curso médico na UEFS. O documento, acompanhando de uma cópia do 
Requerimento 210/95 da Câmara Municipal, foi entregue pelos representantes das 
entidades à Reitora Profa Anaci Bispo Paim, em audiência, acontecida no dia 16 de agosto 
de 1995. 
O manifesto, transcrito a seguir, foi subscrito por Dr. Hercules Braga, Delegado do 
Conselho Regional de Medicina, Dr. Getúlio da Silva Barbosa, Secretário e Presidente do 
Conselho Municipal da Saúde, Dra. Jucinalva Costa, Presidenta Regional da Associação 
Baiana de Medicina, Dr. João Carlos Lopes Cavalcante, Presidente da Unimed, Dr. João 
Batista de Cerqueira, pela Câmara Municipal de Vereadores, devidamente autorizado pelo 
então Presidente José Flantildes Ribeiro de Oliveira e Dr. Renato Pires Freitas 
representando a Comissão de Educação Médica Continuada (CEMEC).12 
 
 
 
Getúlio Barbosa Hercules Braga João Carlos Jucinalva Costa 
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MANIFESTO 
 
As entidades, que a este subscrevem, conscientes do seu papel junto à 
comunidade, tornam público o seu apoio e o seu compromisso com a 
implantação do curso de Graduação em Medicina na Universidade Estadual 
de Feira de Santana. 
O estágio de desenvolvimento do nosso Município, aliado a sua 
privilegiada localização geográfica e seu papel de liderança em todo o 
interior do nosso Estado, particularmente na micro-região; o conceito da 
nossa Universidade no seio do ensino universitário, a função e necessidade 
social de Médicos integrados aos anseios e carências de toda nossa 
população, credencia-nos a pleitear a implantação do curso de Graduação 
em Medicina, historicamente comprometido com a melhoria da qualidade de 
vida do Homem. 
A Universidade Estadual de Feira de Santana, no ano em que 
comemora sua maioridade, não pode deixar de assumir esta 
responsabilidade para com a sua História, dando este passo mais que 
decisivo para a sua consolidação, assumindo definitivamente a vanguarda 
do ensino universitário no âmbito estadual. 
 
 
 O ano seguinte, 1996, foi um ano eleitoral marcado por um clima de confronto 
ideológico, disputas políticas na comunidade universitária e eleição para os poderes 
legislativo e executivo em nível estadual e federal. A conjuntura não era favorável, até 
porque, estavam envolvidos no projeto alguns profissionais e professores da UEFS de 
reconhecida militância na oposição ao governo do Estado. Durante o período continuamos 
a ministrar as aulas da disciplina de Anatomia para alunos dos cursos de Enfermagem, 
Ciências Biológicas e Odontologia com os quais discutíamos a proposta e demonstrávamos 
a nossa convicção da viabilidade do projeto e sua necessidade social. 
 
 
 
 Conceição Costa Carlito Nascimento Florentino Pinto João Barberino 
 
 
 Cerca de dois anos se passaram depois da entrega do requerimento e do manifesto. 
Em julho de 1997, finalmente, recebemos a boa notícia dando conta da disposição da 
Reitora Profa Anaci Paim em nomear uma comissão para promover os estudos técnicos e 
elaborar o projeto para implantação do curso de medicina. A intenção foi materializada com 
a nomeação da Comissão, através da portaria 447/97, de 16 de julho de 1997.13 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009A comissão nomeada, de caráter interdepartamental e multiprofissional, era 
composta por professores que ministravam disciplinas básicas e profissionalizantes na área 
da saúde além de um professor do curso de Economia com larga experiência na elaboração 
de projetos. A composição da comissão está contida no quadro 1, conforme abaixo 
destacado: 
 
 
Quadro 1. Composição da Comissão 
Prof. Antonio César de Oliveira Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Carlito Lopes Sobrinho Dep. de Saúde 
Prof. João Batista de Cerqueira Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. João Luis Barberino Mendes Dep. de Saúde 
Profa. Maria da Conceição O. Costa Dep. de Saúde 
Prof. Renato Pires Freitas Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Florentino Carvalho Pinto Dep. de Ciências Sociais Aplicadas 
 
 
 
III O projeto do curso 
 
 Após a publicação da portaria, a Reitora Profa Anaci Paim convocou aos membros 
da comissão e deu-lhes posse em uma audiência realizada na reitoria. Na oportunidade foi 
marcada a primeira reunião de trabalho a ser realizada na sala de reuniões do Departamento 
de Ciências Sociais Aplicadas. Nessa reunião, por indicação dos presentes, fomos escolhido 
para coordenar e o Prof. Florentino Pinto indicado para secretariar o grupo de trabalho. No 
mesmo encontro, foi definido o calendário de reuniões ordinárias e elaborado o cronograma 
de atividades. 
 O trabalho de elaboração do projeto demorou cerca de dois anos. Durante esse 
período foram consultados projetos pedagógicos e realizadas visitas a diversas instituições 
a exemplo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), por sugestão da Reitora Anaci 
Paim, e pelo fato de que, recentemente, a UESPI havia implantado um curso de medicina. 
Fizemos a viagem a Teresina na companhia do colega e amigo Dr. Renato Pires 
conhecendo, durante a visita, as instalações físicas utilizadas nas atividades didáticas, o 
projeto pedagógico do curso, além de nos inteirarmos das dificuldades enfrentadas na 
implantação de um curso médico em uma universidade estadual e situada na Região 
Nordeste. 
Retornamos de Teresina, felizmente, bastante estimulados a assumir o desafio em 
Feira. Ficamos estimulados pelo exemplo de dedicação e disposição que observamos nas 
pessoas do Coordenador do Curso de Medicina da UESPI, Dr. Eurípides Soares Filho do 
Reitor, Prof. Jônathas de Barros Nunes e do Governador do estado, Dr. Francisco de Assis 
de Morais Souza, conhecido como Mão Santa, que nos ciceroneou na visita ao prédio no 
qual eram desenvolvidas as atividades teóricas do curso e ao Hospital Getúlio Vargas. 
 Durante cerca de dois anos, os membros da comissão além de manterem suas 
atividades de ensino na UEFS, dedicaram-se também à formatação do projeto. Para 
execução dos trabalhos a comissão contou com o apoio dos técnicos da UEFS Carlos 
Eduardo C. de Oliveira, Marcone Símplicio e Franklin Roselvet de Sá além de Carla 
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Barbosa Sampaio, secretária do Instituto de Urologia e Nefrologia de Feira de Santana 
(IUNE). 
 Concluído o trabalho, exatamente no dia 26 de julho de 1999, dia dedicado à 
Senhora Santana no calendário católico, o projeto do curso foi encadernado em três 
volumes, cujos conteúdos textuais estavam concatenados na forma que se segue: o volume I 
continha o memorial descritivo referente aos aspectos históricos e legais da implantação da 
UEFS e sobre as instalações físicas e de apoio acadêmico que dispunha a universidade. No 
volume II era descrito o projeto pedagógico e o conteúdo curricular proposto para o curso. 
E, finalmente, o volume III continha, de forma descritiva, o acervo bibliográfico disponível 
na Biblioteca Central Julieta Carteado. 14 
Após essa etapa, foi marcada uma audiência com a Administração Superior e, 
formalmente, entregues os volumes que compunham o Projeto do Curso de Medicina da 
Universidade Estadual de Feira de Santana. 
 
 
IV Encaminhamentos administrativos iniciais 
 
 Tão logo o Projeto do curso foi entregue à Administração Superior, começou o 
périplo de apresentações da proposta em diferentes datas e fóruns. 
O primeiro deles aconteceu no dia 17 de setembro de 1999, quando, na 
oportunidade, o projeto foi apresentado no Seminário Estadual realizado na Escola 
Aristides Novis, em Salvador. O evento “Novas Escolas Médicas? Necessidades e 
Tendências da Formação do Médico” promovido com o objetivo de ampliar a discussão na 
sociedade civil sobre a necessidade de novas escolas médicas no estado, era patrocinado 
pelo Conselho Estadual de Saúde e Superintendência de Educação e Comunicação em 
Saúde da Secretaria de Saúde do Estado pasta, que à época, tinha como Secretário o Prof. 
José Maria de Magalhães Neto. 
No Seminário, representando a Comissão da UEFS, fizemos a apresentação e defesa 
pública do projeto na sessão plenária que contou com as presenças da Reitora Profa Anaci 
Paim, do professor Renato Pires e do Dr. Tarcísio Suzart Pimenta Júnior então deputado 
estadual, professor licenciado da UEFS para exercício parlamentar, membro do Conselho 
Estadual de Saúde e defensor da implantação do curso. 
 
 
 
 Anaci Paim Tarcísio Pimenta Ildes Ferreira 
 
 
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Também no seminário foi apresentado, por um Professor da Universidade Luterana 
do Rio Grande do Sul que assessorava a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), o 
projeto do curso daquela universidade coirmã. 
As discussões que se seguiram às apresentações dos projetos, principalmente 
levadas a efeito por representantes de entidades de classe da área da saúde, expuseram, 
claramente, a miopia política e social de alguns representantes, inclusive da classe médica 
que, na defesa de bandeiras eminentemente corporativa, não enxergavam o real significado 
para a educação e para a assistência da população carente, da implantação de cursos 
médicos em universidades públicas. Percebia-se que as barreias ideológicas e 
corporativistas, nas quais se enclausuravam alguns dirigentes de entidades faziam com que, 
equivocadamente, a proposta de um curso médico em uma escola pública fosse colocada no 
mesmo patamar dos cursos de escolas privadas ou particulares. 
O segundo momento, também na esfera estadual, aconteceu no dia 27 de novembro 
do mesmo ano, quando a Reitora Profa Anaci Paim apresentou o Projeto na Câmara de 
Educação Superior do Conselho Estadual de Educação. 
Finalmente, no dia 1º de dezembro de 1999, o projeto foi apresentado pelo Professor 
Renato Pires Freitas, em Sessão especial na Câmara Municipal de Vereadores, convocada 
através de requerimento de autoria do Vereador pelo PMDB e professor da UEFS, Ildes 
Ferreira de Oliveira.15 
 
 
V Sinal verde nas instâncias governamentais 
 
 A sorte estava lançada. Sabíamos que muito ainda teríamos que esperar, mas 
confiávamos no empreendedorismo e na capacidade de articulação da Reitora Profa Anaci 
Paim. 
Um novo ano começou e, com ele, uma notícia alvissareira. A boa nova dava conta 
do parecer favorável à implantação do curso, datado de 16 de janeiro de 2000 e exarado 
pelo Prof. Milton de Almeida Rabelo, Conselheiro da Câmara de Educação Superior do 
Conselho Estadual de Educação.16 No documento encontra-se registrado: 
 
 
...“Conforme foi explicado neste Parecer Prévio, a título de 
considerações iniciais, a UEFS, no meu entendimento, possui todas as 
possibilidades para implantar o citado curso em tela, pelas razões que 
enumero: 
a) possui suporte docente, que poderáser acrescido e ampliado; 
b) sua proximidade com Salvador irá favorecer bastante a estrutura 
de seu corpo docente; 
c) em suas Clínicas Particulares, a cidade de Feira de Santana já 
vem praticando uma Medicina de Ponta, já há algum tempo; 
d) o Hospital Clériston Andrade, já foi disponibilizado pela 
Secretaria de Saúde do Estado para servir como campo de 
estágio para os futuros alunos, inclusive transformando-se em 
Nosocômio Universitário.” 
 
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No segundo semestre do mesmo ano, outra boa notícia: na reunião do Conselho 
Estadual de Saúde (CES), realizada no dia 6 de julho, com 24 votos favoráveis, 6 
abstenções e 1 voto contra, foi aprovado o parecer do Conselheiro Prof. Dr. Maurício Lima 
Barreto reconhecendo a necessidade social e favorável ao projeto. Nessa reunião, mais uma 
vez, a defesa do projeto do curso foi feita com veemência pelo então Deputado Estadual Dr. 
Tarcisio Pimenta.17 Destaca o parecer: 
 
 
...“Por fim, conclamamos os dirigentes da UEFS, que tem 
demonstrado compromisso para com o desenvolvimento desta importante 
Universidade e sensibilidade para colocá-la na vanguarda da busca de 
soluções para os problemas regionais, que atentem ao fato de que, a partir 
da promulgação da Constituição de 1988, inicia-se um imenso esforço de 
construção no país, de um sistema de Saúde condizente com as necessidades 
e aspirações do povo brasileiro”... 
 
 
 E, continua o parecer, chamando particularmente a atenção para as 
responsabilidades do Estado, frente à aprovação do Projeto do curso: 
 
 
“A aprovação desta proposta significa que este Conselho e os órgãos 
deliberativos e executivos do SUS no Estado, e em especial das regiões de 
abrangência da UEFS, tem o compromisso de apoiar esta Universidade 
neste momento único. Somente este esforço conjunto poderá garantir ensino 
inovador e adequado às necessidades regionais e mais do que isto garantir 
que os futuros médicos encontrem suporte e meios para utilizarem seus 
conhecimentos em benefício da população desta mesma Região.” 
 
 
Após a aprovação do parecer do Prof. Maurício Barreto foi assinada pelo Secretario 
Prof. José Maria Magalhães e publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 9 de julho, a 
Resolução CES: No 005/2000 que reconhecia a necessidade social da implantação do curso 
de Medicina na UEFS. 18 
As recomendações do Prof. Mauricio Barreto referentes às adequações no projeto 
pedagógico eram, na sua maioria, embasadas nos estudos do Projeto da Comissão 
Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM), cujo volume final 
denominado “Transformando a educação médica brasileira” era do nosso conhecimento, 
pois estivemos presentes, representando a UEFS, no lançamento do título que foi realizado 
no Salão Nobre da sede do Conselho Federal de Medicina, em Brasília. 
 O projeto CINAEM representa um marco na educação médica brasileira. 
Desenvolvido entre os anos de 1990 a 1998, com a participação de 76 escolas de medicina 
e 11 entidades da Classe Médica, foi o mais democrático e abrangente estudo realizado no 
Brasil sobre o tema. O diagnóstico sobre a educação médica nas escolas brasileiras não 
deixava dúvidas sobre a necessidade de mudanças, senão vejamos o que afirma, sobre as 
escolas, o relatório final do projeto: 19 
 
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“Escolas médicas com um papel tímido em termos de produção de 
novos conhecimentos (pesquisa) e prestação de serviços (extensão): 
consequentemente formando médicos inadequados às demandas sociais” 
 
 
 Os conteúdos e conclusões do Projeto CINAEM, oriundos de oficinas nas quais 
participarão formuladores de políticas públicas e pensadores da educação abriram novos 
horizontes para as escolas médicas brasileiras que, majoritariamente, utilizavam o modelo 
pedagógico desenvolvido, a partir de estudos realizados no Canadá e Estado Unidos pelo 
Prof. Abraham Flexner, publicados em 1910, portanto, no início do século XX. 
Para os membros da Comissão, as posições oficiais do Conselho Estadual de 
Educação e do Conselho Estadual de Saúde foram verdadeiras injeções nos ânimos do 
grupo e, principalmente, o parecer do conselheiro Prof. Mauricio Barreto soou como uma 
senha para a liberdade criativa do grupo, vez que, as sugestões do parecer apontavam, 
exatamente, na direção de novas experiências pedagógicas. 
De igual maneira, a análise da conjuntura política e administrativa realizada pelos 
membros da Comissão de elaboração do Projeto, após a posição dos órgãos colegiados 
estaduais, não deixavam dúvidas quanto a aliança estabelecida entre as lideranças e forças 
políticas que dominavam o Governo do Estado e a Administração Superior da UEFS, 
objetivando viabilizar o projeto do novo curso. 
Outro acontecimento festejado pelos membros da Comissão de Elaboração do 
Projeto foi o parecer exarado pelo Prof. Dr. Sérgio Antonio Moassab Melhem, Assistente 
Doutor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual de São Paulo (USP) 
e Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Em visita a UEFS, a 
convite da Reitora Anaci Paim, reuniu-se com a Comissão para inteirar-se da proposta e, 
posteriormente, elaborar um parecer sobre o Projeto do Curso da UEFS. Três parágrafos do 
documento de seis páginas exarado pelo professor, estão abaixo reproduzidos.20 
 
 
...“A presente Comissão, que já chegou a caminhos nunca antes 
trilhados, sem se dar conta da importância e magnitude do seu trabalho, tem 
todas as condições, em conjunto principalmente com a Pró-reitoria de 
Graduação, com os Departamentos da área e sob a orientação geral da 
Magnífica Reitora, de continuar na sua missão de implantar o Curso 
Médico da UEFS”... 
...”O ensino médico no Brasil sempre foi polêmico, desde a 
formulação do currículo e o seu desenvolvimento, até o perfil 
profissiográfico dos seus formandos e o suporte hospitalar adequado. 
No entanto, um aspecto não mudou: O Curso deve ser centrado no 
aluno, apoiado no professor, e ter como alvo a comunidade, de forma que os 
conhecimentos não desçam a minúcias não fundamentais para a formação 
do médico. 
Parabéns e boa sorte.” 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
Após essa atividade, a Comissão voltou a viver em compasso de espera que somente 
seria interrompido no final do ano de 2001. No dia 12 de novembro daquele ano, em Sessão 
Especial na Câmara de Vereadores, o Projeto do curso, apresentado pela Reitora Profa 
Anaci Paim e pelo Prof. Renato Pires, voltaria a ser discutido. Ao final, após avaliação dos 
edis presentes à Sessão Especial, convocada através de requerimento de autoria do 
Vereador José Cerqueira Neto, representante do Partido dos Trabalhadores (PT) na Casa 
Legislativa foi redigida uma moção de apoio à implantação do curso que foi subscrita pela 
unanimidade dos vereadores. 21 e 22 
 
 
 
 José Neto Maurício Barreto Sérgio Melhem 
 
 
VI 2002: o ano das decisões 
 
Começou o ano de 2002 e, com ele, a notícia de que a UESC faria vestibular para o 
curso de medicina já no primeiro semestre. Na UEFS, continuávamos defendendo a 
implantação do curso nas aulas de Anatomia e ocupando espaço na mídia impressa, 
publicando artigos, nos quais, reafirmávamos as nossas convicções quanto à implantação 
do curso e o grande benefício social que todos teriam com o projeto. Os contatos com a 
Administração Superior tornaram-se esparsos e, inclusive, algunsdos professores da 
Comissão de Elaboração do Projeto estavam de licença das atividades acadêmicas. 
Felizmente, ainda no primeiro trimestre, os fatos começaram a acontecer num ritmo 
mais acelerado. Creditamos essa situação à postura da nova Pró-reitora de Ensino de 
Graduação, Profª Elma Lígia Pires Leal Liberal, que, no exercício da função, passou a 
imprimir um novo ritmo aos acontecimentos. Em um dos muitos encontros de trabalho com 
a Profª Elma Pires, fomos autorizados, em nome da Administração Superior a estabelecer 
contato com Dirigentes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no estado do Paraná, 
ou com a Faculdade de Medicina de Marília, no estado de São Paulo, objetivando celebrar 
um convênio de assessoria para implantação do curso de medicina na UEFS. 
Encarregado da missão, mais uma vez, valemos-nos da amizade e ajuda de amigos 
dirigentes do Sistema Unimed para alcançarmos o objetivo. Dessa feita, usamos o 
conhecimento com o Dr. Mauri Aparecido Raphaelli, Diretor da Unimed Seguradora e ex-
presidente da Unimed de Londrina para chegarmos aos dirigentes da UEL. Mediante essa 
ajuda, estabelecemos um contato fraterno e receptivo com o Prof. Dr. João Carlos 
Thomson, ex-Reitor e, naquele momento, Coordenador do Colegiado de Medicina da UEL. 
Sensível ao nosso pleito, imediatamente foi agendada uma visita à Londrina, que aconteceu 
no dia 30 de abril e foi realizada na companhia do Prof. Renato Pires Freitas. 
Na proveitosa visita à Universidade Estadual de Londrina fomos recebidos pelo 
Reitor Prof. Pedro Alejandro Gordon, conhecemos o espaço didático utilizado pelo curso de 
91 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
medicina, o Laboratório de Habilidades e o Hospital da Universidade que, anteriormente, 
foi um sanatório especializado no tratamento de tuberculose, cedido em comodato pelo 
Governo do Estado do Paraná para a UEL e transformado em um moderno Hospital 
Universitário. 
Logo a seguir, o Prof. Thomson e a esposa professora Zuleika vieram a Feira de 
Santana, sendo recebidos pela Reitora Profª Anaci Paim para discutir os termos e celebrar o 
convênio de assessoria entre a UEL e a UEFS objetivando a implantação do curso de 
medicina. Juntos visitamos as instalações da UEFS, os Hospitais D. Pedro de Alcântara, 
Unimed, EMEC e Clériston Andrade, além de Unidades de Saúde da rede Municipal. No 
período, graças à eficiência da administração pública, o Prof. Thomson recolheu as 
melhores impressões da nossa universidade e da nossa cidade. 
Os fatos continuaram a acontecer, rapidamente, e o curso começava a ganhar corpo. 
No dia 9 de maio, a Reitora Profa Anaci Paim publicou a Portaria 589/2002 nomeando a 
Comissão de Operacionalização da Implantação do Curso que, como propunha a Comissão 
de Elaboração do Projeto, era de caráter interdepartamental, multiprofissional e composta, 
exclusivamente, por professores da UEFS, conforme quadro abaixo: 23 
 
 
Quadro 2. Professores da Comissão de Operacionalização 
Prof. Antonio César de Oliveira Dep. de Ciências Biológicas 
Profa Eliane Elisa de S. Azevedo Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. João Batista de Cerqueira Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Luiz Eugenio P. F. de Souza Dep. de Saúde 
Profa Maria da Conceição O. Costa Dep. de Saúde 
Profa Maria da Luz Silva Dep. de Saúde 
Prof. Renato Pires Freitas Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Vicente Deocleciano Moreira Dep. de C. Humanas e Filosofia 
 
 
 
 
Maria da Luz Silva Vicente Moreira 
 
 
A reunião de posse dos membros da Comissão aconteceu no dia 15 de maio, no 
Gabinete da Reitora Profª Anaci Paim. Na oportunidade, fomos escolhidos para coordenar 
os trabalhos do novo grupo que teria a missão de fazer uma revisão no projeto inicial, 
discutir o modelo pedagógico, indicar a infra-estrutura necessária e sensibilizar os docentes 
da UEFS para que se engajassem na proposta do curso. 24 
92 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
Na primeira reunião ordinária, democraticamente, o grupo foi divido em 
subcomissões, ficando cada uma delas com tarefas específicas a serem desenvolvidas 
dentro de um cronograma estabelecido. Na subcomissão de Infraestrutura, ficaram 
responsáveis os professores Antonio César Oliveira e Renato Pires Freitas; na subcomissão 
de Planejamento Didático os Professores Vicente Deocleciano Moreira e Maria da Luz 
Silva e na subcomissão de Recursos Humanos, os professores Eliane Elisa de S. Azevedo e 
João Batista de Cerqueira. Como não se fizeram presentes à reunião os professores Luiz 
Eugênio P. F. de Souza e Maria Conceição O. Costa, não foram inicialmente designados 
para nenhuma subcomissão. Posteriormente, com o andamento dos trabalhos, os mesmos 
foram incorporados às atividades. 25 
Majoritariamente, o grupo estava motivado para a missão. Os trabalhos da 
Comissão de Operacionalização se desenvolveram ao longo de 7 meses, sendo realizadas 
um total de 20 reuniões. A partir da décima segunda, além dos membros da Comissão foi 
admitida a participação da acadêmica da UEFS, Laura de Carvalho, representando nas 
atividades, oficialmente, o Diretório Central dos Estudantes. Nesses encontros, todos os 
aspectos e providências relativas à implantação do curso a ser oferecido no processo 
seletivo do primeiro semestre do ano de 2003 foram debatidos e encaminhados conforme se 
segue: 
 Os membros da subcomissão de Infraestrutura providenciaram, com ajuda de 
técnicos da própria UEFS, a planta baixa do prédio a ser construído para as atividades 
didáticas do curso; elaboraram um pré-projeto de utilização do Hospital Clériston Andrade, 
nas atividades de internato dos alunos e visitaram a Universidade Estadual de Santa Cruz 
que, ainda em setembro, voltaria a ser re-visitada, agora, por um conjunto maior de 
professores envolvidos com o projeto do curso na UEFS; 
Os membros da subcomissão de Recursos Humanos elaboraram a lista de 
professores a serem capacitados no modelo pedagógico da Aprendizagem Baseada em 
Problemas (APB) e a professora Eliane Azevedo apresentou a proposta de implantação de 
um Mestrado Interinstitucional a ser realizado, mediante convenio da UEFS com o 
Programa de Pós Graduação em Medicina e Saúde da Faculdade de Medicina da UFBA; 26 
Os membros da subcomissão de Planejamento Didático organizaram o I Curso de 
Capacitação Docente no modelo pedagógico da Aprendizagem Baseada em Problemas 
(APB) a ser ministrado pelos professores da Universidade Estadual de Londrina. A 
primeira etapa, que foi realizada nos dias 5, 6 e 7 de agosto, teve como instrutores os 
professores Rosa Elisa Carvalho Linhares e João Carlos Thomson. A segunda etapa do 
curso de capacitação foi realizada nos dias 21 e 22 de outubro e teve como instrutor o Prof. 
Olavo Franco Ferreira Filho; 
 
 
Elma Pires Liberal João Carlos Thomson 
 
93 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
Finalmente, no dia 18 de setembro, o Projeto revisado a quatro mãos, com 
contribuições de quase todos os membros da Comissão de Operacionalização, contendo as 
propostas de criação do Departamento de Medicina, do Hospital Universitário, implantação 
do Mestrado Interinstitucional com a UFBA e prevendo um único acesso anual para um 
total de 30 vagas, oferecidas no processo seletivo, foi entregue à Reitora Profª Anaci Paim 
para tramitação nas instâncias internas da UEFS. 
Naquela época, o clima na UEFS era tenso frente à iminente implantação do curso. 
Precisávamos ser ágeis para desmontar as intrigas e desfazer as meias verdadesespalhadas 
pelo campus e, de forma corajosa e democrática, levar a questão ao debate público, vez 
que, nem sempre os adversários do Projeto agiam claramente. 
Logo no dia 19 de setembro, comparecemos a uma Assembléia Geral Universitária, 
convocada pelas entidades representativas dos segmentos da UEFS, sendo, na oportunidade 
a proposta apresentada e debatida com a pequena platéia presente ao evento. 
Um outro passo foi dado diante dos fatos e do clima reinante. Para discutir a 
proposta e debater o Projeto, a Comissão organizou e realizou um outro evento. Após 
convocação divulgada através de cartazes afixados em todos os prédios do campus 
universitário foi realizado, no dia 2 de outubro, o “Seminário sobre o curso de Medicina”, 
aberto tanto para a comunidade universitária quanto para aqueles que se interessassem pelo 
tema. 
Internamente, a tramitação do projeto, nas instâncias acadêmicas, seguia seu curso 
normal. No dia 6 de novembro, na 56ª Reunião Extraordinária da Câmara de Graduação do 
CONSEPE, foi aprovado o parecer do Prof. Djalma Boaventura de Souza; no dia 4 de 
dezembro, na 124ª Reunião Extraordinária do CONSEPE, foi aprovado o parecer do Prof. 
Geraldo Belmonte, presidente da Comissão para estudos da viabilidade orçamentária de 
implantação do curso médico e, finalmente, no dia 9 de dezembro, foi aprovado na 47ª 
reunião Ordinária do CONSU o parecer favorável exarado pelo Prof. Dagoberto da Silva 
Freitas. Às aprovações no CONSEPE e CONSU seguiram-se, respectivamente as 
Resoluções CONSEPE 97/2002 e CONSU 07/2002. 27, 28, 29, 30 
Um último ato administrativo ainda aconteceria em 2002. No dia 16 de dezembro, 
atendendo indicação da maioria dos membros da comissão de Operacionalização da 
Implantação do Curso de Medicina, a magnífica Reitora Profa Anaci Bispo Paim assinou e 
fez publicar a Portaria 1630/2002, que nomeava a nossa pessoa para o cargo de 
Coordenador de Colegiado, Pró-Tempore, do Curso de Medicina da UEFS. 31 
A nomeação da coordenação do Colegiado representou o sopro de vida do Curso de 
Medicina. Após a posse no Gabinete da Reitora começamos as discussões no sentido de 
organizar o grupo de professores que, inicialmente, poderiam compor o órgão. Os nomes 
naturais eram dos professores que participaram das diferentes etapas pelas quais tramitou o 
projeto do curso ou daqueles que se colocaram na defesa do Projeto. Após avaliações e 
consultas chegamos ao grupo inicial, formado por 12 (doze) professores de três 
Departamentos distintos, conforme registra o quadro 3 abaixo destacado: 32 
 
 
 
 
 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
Quadro 3. Composição inicial do Colegiado do Curso de Medicina 
Profª Ana Mayra A. de Oliveira Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Antonio César de Oliveira Dep. de Ciências Biológicas 
Profª Célia Maria C. dos Santos Dep. de Ciências Biológicas 
Profª Eliane Elisa de S. Azevedo Dep. de Ciências Biológicas 
Profª Elma Ligia Pires Liberal Dep. de Saúde 
Prof. João Batista de Cerqueira Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. João Luís Barbareino Mendes Dep. de Saúde 
Prof. Luiz Eugenio P. F. de Souza Dep. de Saúde 
Profª Maria da Conceição O. Costa Dep. de Saúde 
Profª Maria da Luz Silva Dep. de Saúde 
Prof. Renato Pires Freitas Dep. de Ciências Biológicas 
Prof. Vicente Deocleciano Moreira Dep. de C. Humanas e Filosofia 
 
 
 
 
 Ana Mayra Célia Carneiro 
 
 
Concluída a composição do Colegiado, continuamos na luta por recursos e espaço 
físico para as atividades didáticas. Seguindo orientação da Administração Superior foram 
elaborados os projetos dos Laboratórios de Morfofunção, Habilidades Profissionais, 
Anatomia e Informática que somadas ao projeto de Acervo Bibliográfico perfaziam cerca 
de R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais). Esses recursos foram aplicados pela 
Administração Superior na compra de equipamentos a serem utilizados nas atividades 
didáticas do curso e teve como fonte de financiamento a Fundação de Amparo à Pesquisa 
do Estado da Bahia (FAPESB). 33 
 Registramos, com gratidão, a ajuda significativa e valiosa prestada durante todo o 
período pelas funcionárias da Pró-reitoria de Ensino de Graduação Elciene Alves Ferreira 
de Oliveira, Diana Marques Cerqueira, Márcia Cristina de Lima Marques e Maria Cristina 
Morais Lima; pela Profa Maria da Conceição Oliveira Lopes, responsável pela revisão do 
texto do Projeto do Curso, e pelo Sr. Lenio Lins que, por mais de um semestre, ajudou com 
dedicação a Comissão e que, a seguir, tornou-se, por nomeação o primeiro secretário 
acadêmico do Colegiado do Curso. 
 
 
 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
VII Manifestos escritos em apoio ao Projeto 
 
Ao longo dos anos, através dos quais tramitou o projeto, muitos apoios foram 
recebidos em prol da implantação do curso. Em 1999: da Loja Maçônica 16 de Julho, 
assinado pelo Venerável Edward dos Santos e datado de 29 de novembro; da Loja 
Maçônica “Conde de Saint Germain”, assinado pelo Venerável Pedro Carlos de Amorim e 
datado de 30 de novembro; do SEBRAE, datado de 30 de novembro e assinado pelo Dr. 
Ângelo Mário de Carvalho e Silva; do CIFS – Centro das Indústrias de Feira de Santana, 
datado de 2 de dezembro e assinado por Manoel Cordeiro Neto; da Loja Maçônica 
“Harmonia Luz e Sigilo”, assinado pelo Venerável Álvaro Bastos Leite e datado de 6 de 
dezembro; da Loja Maçônica “Segredo Força e Aliança”, assinado pelo Venerável Ebener 
Cosme Deiró Filho e datado de 13 de dezembro; do Grande Oriente Estadual, assinado pelo 
Grão Mestre João Café Filho, datado de 15 de dezembro; Requerimento da Câmara 
Municipal de Vereadores de Feira de Santana de autoria do Vereador José Cerqueira Neto, 
assinado por todos os vereadores e datado de 15 de dezembro; do Lions Club Feira de 
Santana, datado de 20 de dezembro e assinado por Itamar Ribeiro de Souza; do Conselho 
Municipal de Saúde, assinado pelo Secretário Municipal da 
saúde Dr. João Batista de Cerqueira e datado de 21 de dezembro de 1999. No ano 2000: do 
Senhor Carlos Matos, datado de 13 de maio e da Assembléia Legislativa da Bahia, datado 
de 16 de maio e assinado pelo Deputado Estadual Fernando de Fabinho. 34 
 
 
 
 Ângelo Mário Fernando de Fabinho Manoel Cordeiro 
 
 
 
VIII 2003: os primeiros passos 
 
 Composto o Colegiado do curso, continuamos a caminhada. Logo em fevereiro, 
seria realizado o processo seletivo quando, pela primeira vez, a UEFS iria oferecer vagas 
para o curso de Medicina. 
 As inscrições para o concurso vieram a confirmar uma convicção de todos que 
estavam, direta ou indiretamente, envolvidos com o projeto. A concorrência atingiu a marca 
histórica de 106,17 candidatos inscritos por vaga oferecida. Os números confirmavam a 
grande demanda reprimida existente, decorrente da imensa vontade da nossa juventude em 
cursar medicina. 
 O processo seletivo foi realizado entre os dias 23 e 25 de fevereiro e o resultado e a 
matrícula dos aprovados foi realizada no mês de março. Registre-se que embora as 
matrículas dos primeiros calouros do curso tenham sido logo realizadas, somente no mês de 
julho, as aulas do semestre 2003.1 seriam iniciadas em função do atraso no calendário da 
96 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
universidade. Nesse intervalo de tempo, de forma acelerada, foram desenvolvidas todas as 
ações possíveis visando preparar a estrutura a ser utilizada pelos alunos do curso.Corríamos contra o tempo e contra a burocracia da máquina estatal. 35 
 Outra frente de trabalho e preocupações era a proposta de implantação do curso de 
Mestrado Interinstitucional a ser viabilizado através de um convênio da UEFS com o 
Programa de Pós Graduação em Medicina e Saúde da Faculdade de Medicina da UFBA. A 
proposta que foi apresentada à Comissão de Operacionalização, pela professora Eliane 
Elisa de S. Azevedo, espelhada em um projeto similar desenvolvido pelo Programa da 
UFBA em convênio com o estado do Acre, após discussão na Comissão de 
Operacionalização, foi encaminhada à Reitora Profa Anaci Paim que, de imediato, 
manifestou apoio à proposição. 
 Os entendimentos continuaram e, após uma visita do professor José Tavares 
Carneiro Neto à Comissão de Operacionalização para facilitar os encaminhamentos 
necessários à celebração do convênio, foi indicada a Profa Dra. Maria da Luz Silva para 
representar a UEFS junto ao Programa da UFBA. Acompanhávamos o andamento da 
proposta buscando, tão somente, facilitar os encaminhamentos junto à Administração 
Superior da UEFS. 
 Posteriormente à visita, foi recebida por meio eletrônico a proposta de convênio 
encaminhada pela Profa. Ângela Dias, que atuava como secretária acadêmica do Programa 
da UFBA. Imediatamente, levamos a cópia do documento à Pro-reitora Profa Elma Pires 
Liberal que, de imediato, encaminhou à Reitora Profa Anaci Paim para as providências 
cabíveis. 
 Passaram-se algumas semanas após o recebimento da proposta do convênio. Um 
certo dia, em uma audiência com o Dr. Helder Alencar, Procurador Jurídico da UEFS, 
fomos alertados sobre algumas particularidades contidas na proposta: a primeira era relativa 
ao preço estipulado para o convênio, cerca de R$ 460.000,00 (quatrocentos e sessenta mil 
reais), referente a cada ano de contrato. A segunda era a indicação de que um mesmo 
professor da UFBA, no caso em tela, o professor José Tavares Carneiro Neto, deveria 
ocupar duas funções, recebendo, a quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) relativo a cada 
uma exercida e, finalmente a terceira era a exigência de que a UEFS assumisse os custos do 
aluguel e manutenção de uma casa no distrito de Cavunge, na cidade de Ipecaetá, mantida, 
até então, segundo informações, com recursos do Programa de Pós-graduação em Medicina 
e Saúde da UFBA. 
 Alertados sobre os fatos, dirigimo-nos à professora Eliane Elisa S. de Azevedo que, 
inteirada do assunto, mostrou-se surpresa e até indignada com a proposta de dupla 
remuneração. Na oportunidade, ficou de conversar com o Prof. José Tavares Carneiro Neto, 
no momento ausente da Bahia ministrando aula do Programa no Acre, para logo a seguir 
conversarmos com a Reitora Profa Anaci Paim. 
 Já no dia seguinte, aconteceu a audiência sobre o assunto. Participamos da reunião 
que foi coordenada pela Reitora Profa Anaci Paim, na companhia da Profa Eliane Elisa S. 
de Azevedo e do Dr. Helder Alencar. A conversa que transcorreu em um clima de 
cordialidade, infelizmente, teve um desfecho decepcionante. Embora no dia anterior a Profa 
Eliane Elisa S. de Azevedo tenha se mostrado até indignada com parte dos fatos, para nossa 
surpresa, na reunião assumiu a defesa integral da proposta fazendo inclusive as contas de 
quanto a UEFS poderia economizar e se beneficiar, mesmo pagando a quantia proposta 
pelo Programa da UFBA. 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
 O impasse estava formado. Felizmente, outros canais foram abertos objetivando 
implantar o Mestrado em Medicina e Saúde. Por fim, no dia 21 de janeiro de 2003, em 
solenidade, na reitoria da UFBA, foi assinado o convenio 01/2003, entre a UEFS 
representada na oportunidade pela Reitora Profa Anaci Paim, Pró-reitora Profa Elma Pires 
Liberal e a Profa Dra. Maria da Luz Silva e a UFBA representada pelo Reitor Prof. Naomar 
Monteiro de Almeida Filho, pelo Prof. Raymundo Paraná Filho, Coordenador do Curso de 
Pós-Graduação em Medicina e Saúde e a pela Profa Ângela Dias que substituía o Prof. José 
Tavares Carneiro Neto, ausente à cerimônia. 
 O convênio discutido e negociado pelos representantes mais graduados das duas 
Universidades diferia, em muito, da proposta encaminhada inicialmente à UEFS. O valor 
anual pactuado no convênio era de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais), não era 
previsto pagamento por acúmulo de função no desenvolvimento do Programa, tampouco 
qualquer custo com a manutenção de imóvel. Infelizmente o convenio 01/2003 nunca saiu 
do papel. Mesmo buscando-se respostas para os fatos, nunca houve qualquer manifestação 
por parte do Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde da Faculdade de Medicina 
da UFBA. 36 
 
 
 
 
 Fac-símile do convenio 01/2003 
 
 
 
 
 
 Um último registro: Ainda no primeiro semestre de 2003, antes mesmo que se 
iniciassem as aulas no Curso de Medicina, no Colegiado do Curso, recebemos uma 
correspondência da lavra da Profa Eliane Elisa S. de Azevedo dando conta de que não tinha 
disponibilidade para atuar como docente no curso de Medicina. 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
IX Festas em data histórica 
 
 As providências referentes a infra-estrutura necessária ao funcionamento do curso 
foram sendo encaminhadas. A essa altura a Profa Anaci Bispo Paim havia renunciado à 
Reitoria da UEFS para assumir a Secretaria de Educação do Estado. No seu lugar assumiu a 
Reitoria o Prof. José Onofre Gurjão Boavista da Cunha que, infelizmente, nunca tinha sido 
um entusiasta pelo Projeto do Curso sendo, inclusive, o único voto contra a aprovação e 
implantação imediata do curso na ocasião da reunião do CONSEPE. 
 No dia 14 de julho, dia da queda da Bastilha na Revolução Francesa que mudou a 
história da Humanidade, aconteceu a Aula Inaugural. Num gesto de gratidão, a palestra 
intitulada “O Ensino Médico na Bahia” foi proferida pelo ex-governador e Secretário de 
Indústria e Comercio do Estado da Bahia, Dr. Otto Roberto Mendonça de Alencar, o 
mesmo que, quando no cargo de Governador do Estado, havia hipotecado o seu apoio à 
Administração Superior da UEFS para viabilizar o projeto. Prestigiaram a solenidade 
presidida pelo Reitor Prof. José Onofre, o Prefeito do Município José Ronaldo de Carvalho, 
o Secretário de Saúde do Estado José Antonio Rodrigues, o Prof João Carlos Thomson da 
UEL e a ex-reitora e então Secretária de Educação do Estado, Profa Anaci Bispo Paim. 38 
 
 
 
 Mesa da cerimônia: João Batista, Milton Rabelo, Tarcísio Pimenta, 
 José Ronaldo, Otto Alencar, José Onofre, Anaci Paim, José Rodrigues. 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
 
 Auditório do CUCA: Lideranças da comunidade, professores, alunos 
 e servidores da UEFS na cerimônia da aula inaugural. 
 
 
 
X Momentos mágicos 
 
 No dia 15 de julho, terça-feira, às 14 horas, na Sala Multiuso do Colegiado do Curso 
de medicina, localizada no CAU I, na companhia dos professores amigos Antonio César 
Oliveira e Renato Pires Freitas abrimos, oficialmente, as atividades didáticas do curso. Na 
sala, muito mais do que um grupo de jovens alunos, alguns ainda imberbes, com exceção de 
um que nasceu em Aracaju, todos baianos e, na sua maioria, nascidos na região. Era um 
momento mágico, cenário da realização de um sonho coletivo que simbolizava a vitória de 
um ideal, sonhado por muitos, mas que Deus, na sua infinita generosidade, permitia que 
vivêssemos e testemunhássemos aqueles instantes que ficariam para semprenas nossas 
lembranças. Abaixo a relação dos 26 alunos que participaram dessa primeira atividade 
didática do curso de Medicina da UEFS: 
 
 
 
Bruno Alexandre de Oliveira, Bruno Araújo e Araújo, Cícero de Alencar 
Marinho Filho, Circe Chagas de Oliveira, Cláudio Ribeiro Bello, 
Daniel Fonseca Rohrs, Daniel Vicente da Silva, Elisana Maria Santos 
Caíres, Emmanuelle Souza Vasconcelos, Fabrício Nery Marques, 
Giovani Milfont Galende, Hugo Mignac Mendes, João Paulo Kerckhof, 
José Leonam Silva Batista, Júlia Paula Ramos Lessa, Jurema Amâncio 
Mascarenhas, Karina de Paula Bastos Santos, Karla Andrade Castro, 
Luciana Nunes Sampaio, Luiz Henrique Borges Ribeiro, Mateus 
Santana do Rosário, Michelle Matias Bezerra de Oliveira, Patrick 
Harrison Santana Sampaio, Polyana Evangelista Lima, Tairone dos 
Santos de Oliveira e Tais Dantas Sarmento. 
 
100 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
 Por fim, no dia 18 do mês de outubro, dia do Médico, quando do encerramento da Ia 
Semana de Medicina da UEFS, saboreamos outro momento de alegria, emoção e 
agradecimentos: Devidamente outorgada pelo Colegiado do Curso de Medicina, 
simbolizando o reconhecimento e a gratidão de todos pelo exemplo de vida e disposição 
para a luta em prol da coletividade, de forma solene, foi entregue a Medalha “Amigo do 
Curso de Medicina” a Dr. Wilson da Costa Falcão, Dr. Plínio Garcez de Sena, in memória, 
representado no ato pela viúva Profa Consuelo Pondé de Sena e pelo filho Dr. Eduardo 
Ponde de Sena e a Profa Anaci Bispo Paim. Por problemas de saúde não compareceram ao 
evento os Professor Ruy Machado da Silva e Geraldo Leite, que, ao lado de dois dos 
condecorados na solenidade, nos momentos iniciais e devidamente autorizados pelo Dr. 
Fernando Pinto de Queiroz, deram largada nessa bela página da história feirense. 39 
 
 
 
 
 Wilson Falcão Geraldo Leite Plínio Garcez 
 
 
XI A luta continua 
 
 O curso de medicina está, somente, no início da sua caminhada. Na história da 
implantação dos cursos de graduação da UEFS não existe registro de que um evento tenha 
sido tão democrático e exaustivamente debatido. 
 Quando da implantação, o grupo sabia das responsabilidades que estava a assumir 
diante da comunidade, decorrente da grandiosidade da proposta e a maioria dos membros 
tinha consciência que um conjunto significativo de forças conspirava a favor do projeto. 
Era a história a oferecer a oportunidade às pessoas certas, no lugar certo e na hora certa e, 
em nome da utopia e da esperança, não podíamos deixar de aproveitar aquele momento 
ímpar. 
 A adoção, pelo curso, do modelo pedagógico da Aprendizagem Baseada em 
Problemas (APB) foi um marco da posição de vanguarda da UEFS. A opção significou que 
a universidade permanecia aberta e receptiva a novas ferramentas pedagógicas capazes de 
impulsionar o espírito criativo e transformador que deve nortear a vida acadêmica. 
 Na esfera governamental foi deveras grandioso o que realmente significou a 
implantação de um curso de medicina em uma universidade pública. A autorização para 
implantar e manter o projeto ultrapassava os limites da universidade significando, na 
verdade, uma profunda mudança na visão política do Governo do Estado que, de forma 
direta, dois séculos após a criação na Bahia da primeira Escola de Medicina, ainda no 
período do Brasil colonial, passava a assumir a responsabilidade de formar profissionais em 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
medicina objetivando atender melhor as carências da população, na área da assistência a 
saúde. 
 Passados os primeiros cinco anos, no entanto, estamos ainda aquém do que, 
realmente, precisamos para termos um curso de graduação nas condições ideais de pleno 
funcionamento. Torna-se necessário que projetos inicialmente acoplados à implantação do 
curso a exemplo da fundação do Departamento de Medicina, do Hospital Universitário, do 
Núcleo de Educação Médica, da ampliação do quadro docente, da pós-graduação em 
Medicina e da construção do prédio para abrigar as atividades do curso sejam priorizados 
dentro da política de investimentos e desenvolvimento da Universidade. 
 É notório que o sucesso de qualquer projeto, em prol do bem comum, depende de 
todos. No caso específico do curso de medicina da UEFS, esse objetivo somente será 
plenamente alcançado com o compromisso e dedicação de alunos, colaboradores, 
professores e dirigentes coletivamente envolvidos, de forma direta ou indireta, com os 
objetivos do projeto. 40 
 
 
 
 João Batista de Cerqueira 
Prof. Adjunto de Urologia da UEFS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
 
XI Referências 
 
1. SANTOS, DC. Depoimento ao autor. Feira de Santana, em 5 de dezembro de 2008; 
 
2. QUEIROZ, FP. Depoimento ao autor. Feira de Santana, em 14 de fevereiro de 2009; 
 
3. LEITE, G. Ata da primeira reunião ordinária do Grupo de Trabalho encarregado da 
organização docente da Faculdade de Medicina de Feira de Santana. Salvador, 1968; (texto 
não publicado); 
 
4. FALCÃO, WC. Depoimento ao autor. Salvador, em 05 de janeiro de 2007; 
 
5. LEITE, G. Reminiscências. Feira de Santana: UEFS, 2007; 
 
6. LEITE, G. Depoimento ao autor. Feira de Santana, em 4 de março de 2009; 
 
7. QUEIROZ, FP. “A criação da UEFS - Um depoimento repetido”. Conferencia realizada 
no dia 31 de maio de 2008 na Solenidade de comemoração pela passagem do 32º 
aniversario de fundação da UEFS; 
 
8. CERQUEIRA, JB et cols. Projeto do Curso de Medicina. Volumes I. Feira de Santana: 
UEFS, 1999; 
 
9. CERQUEIRA, JB. Et cols. Projeto do Curso de Medicina. Edição revisada. Feira de 
Santana: UEFS, 2002; 
 
10. Arquivo pessoal: Requerimento número 210/95 da Câmara Municipal de Vereadores. 
 
11. Jornal Feira Hoje. Edição de 31 de maio de 1995. Feira de Santana. 
 
12. Arquivo pessoal: Manifesto Público das Entidades Feirenses. 
 
13. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Portaria 447/97, de 16 de julho de 1997. 
 
14. CERQUEIRA, JB et cols. Projeto do Curso de Medicina. Volumes I, II e III. Feira de 
Santana: UEFS, 1999; 
 
15. Jornal Diário da Feira. Edição de 30 de novembro de 1999. Feira de Santana 
 
16. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Parecer de 16 de janeiro de 2000. 
 
17. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Ata da reunião do Conselho Estadual de 
Saúde realizada no dia 6 de julho de 2000. 
 
18. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Resolução CES: No 005/2000 dia 9 de 
julho de 2000. 
103 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
 
19. Projeto CINAEM. Transformando a Educação Médica Brasileira. Brasília, 1998. 
 
20. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Parecer do Professor Dr. Sérgio Antonio 
Moassab Melhem. 
 
21. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Requerimento 162/99 da Câmara 
Municipal de Vereadores. 
 
22. Jornal Folha do Estado. Edição de 13 de novembro de 2001. Feira de Santana 
 
23. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Portaria 589/2002, de 9 de maio de 2002. 
 
24. Livro de Atas da Comissão de Operacionalização da Implantação do Curso de 
Medicina. Ata da reunião de instalação realizada no dia 15 de maio de 2002. 
 
25. Livro de Atas da Comissão de Operacionalizaçãoda Implantação do Curso de 
Medicina. Ata da reunião do dia 22 de maio de 2002. 
 
26. Livro de Atas da Comissão de Operacionalização da Implantação do Curso de 
Medicina. Ata da reunião do dia 29 de maio de 2002. 
 
27. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Ata da 56a Reunião Extraordinária da 
Câmara de Graduação do CONSEPE realizada no dia 9 de dezembro de 2002. 
 
28. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Ata da 124a Reunião Extraordinária do 
CONSEPE realizada no dia 6 de novembro de 2002. 
 
29. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Ata da 47a Reunião Ordinária do CONSU 
realizada no dia 9 de novembro de 2002. 
 
30. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Resoluções: CONSEPE 97/2002 e 
CONSU 07/2002. 
 
31. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. Portaria 1630/2002, de 16 de dezembro 
de 2002. 
 
32. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
33. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
34. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
35. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
36. Arquivo da UEFS. Convenio 01/2203 de 21 de janeiro de 2003. 
 
104 
 
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano VI – No 6 - 2009 
37. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
38. Arquivo do Colegiado do Curso de Medicina. 
 
39. Arquivo pessoal. Programação da I Semana de Medicina da UEFS. 
 
40. CERQUEIRA, JB et cols (ORG.). Projeto para Reconhecimento do Curso de Medicina. 
Feira de Santana: UEFS, 2008;

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