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Princípios da Administração Pública

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Sobre 
os autores
FÁBIO GOLDFINGER
Promotor de Justiça do Ministério Público Estadual/MS. Assessor Especial do Procurador-Geral de 
Justiça de MS. Pós-graduado no Curso de Investigação Criminal, Constituição e direito de defesa da 
rede LFG. Autor de obras pela Editora Juspodivm.
LEANDRO BORTOLETO
Mestre e bacharel em direito pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. Coordenador e professor de 
Direito Administrativo no curso de especialização em Direito Público da Escola Superior de Direito – 
ESD, em Ribeirão Preto. Professor de Direito Administrativo na graduação e na pós graduação em direito 
do Centro Universitário Estácio Uniseb. Professor de Direito Administrativo nos cursos Ênfase, Eu Vou 
Passar e Proordem. Analista Judiciário (Oficial de Justiça Avaliador Federal) na Justiça Federal. Autor e 
coordenador de livros jurídicos. Ex-oficial de justiça no TJ SP.
www.leandrobortoleto.com.br
Facebook: Leandro Bortoleto
Facebook – grupo Direito Administrativo com Leandro Bortoleto
Instagram, Twitter e Periscope: @profbortoleto
LUÍS FELIPE CIRINO
Doutorando, Mestre e Graduado em Direito pela USP. Professor em cursos preparatórios e de pós-graduação 
em Ribeirão Preto/SP, Campinas/SP, São Paulo/SP e Goiânia/GO. Advogado em Ribeirão Preto/SP.
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 QUESTÕES
 ` CF, art. 37, caput
 ` Lei nº 9.784/99, art. 2º
II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-
TIVO
01. (FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Ana-
lise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é 
falso ou verdadeiro: 
( ) Tocando ao Poder Judiciário atuação precipua-
mente jurisdicional, não lhe é imposta a observân-
cia dos princípios da Administração Pública.
 COMENTÁRIOS.`
“Errado”. A função administrativa, em regra, está 
a cargo do Poder Executivo, contudo, os demais Pode-
res, Legislativo e Executivo, também podem exercer, 
em função atípica, o desempenho de função adminis-
trativa, ou seja, os agentes dos três poderes poderão 
praticar atos administrativos. Por esta razão, todos os 
princípios inerentes à Administração Pública devem ser 
aplicados aos três poderes, inclusive o Poder Judiciário.
02. (MPE-SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Os 
princípios da Administração Pública podem ser clas-
sificados em onivalentes, comuns a todos os ramos 
do saber; plurivalentes ou regionais, que informam os 
diversos setores em que se dividem determinada ciên-
cia; setoriais, comuns a um grupo de ciências, informan-
do-as nos aspectos em que se interpenetram; e mono-
valentes, que se referem a um só campo do conheci-
mento. 
 COMENTÁRIOS.`
› Nota do Autor: Trata-se de uma questão bem 
específica, que requer o conhecimento de princípios 
mencionados por Cretella Júnior.
“Errado”. Atenção ao erro! O examinador inverte 
os conceitos dos princípios plurivalentes e dos prin-
cípios setoriais. Segundo José Cretella Junior1 os prin-
cípios podem ser classificados em: a) onivalentes ou 
universais são princípios comuns a todos os ramos do 
saber, como por exemplo, o princípio da identidade e 
da razão suficiente; b) plurivalentes ou regionais são 
princípios comuns a um grupo de ciências, informan-
do-as nos aspectos que a interpenetram, como, por 
exemplo, o princípio da causalidade, aplicável às ciên-
cias naturais e o princípio do alterum nom laedere (não 
prejudicar outrem), aplicáveis às ciências naturais e às 
ciências jurídicas; c) monovalentes são só princípios que 
se referem a um só campo do conhecimento; d) seto-
riais são princípios que informam os diversos setores 
em que se divide determinada ciência, como por exem-
plo, na ciência jurídica existem princípios que informam 
o Direito Processual, Direito Penal, Direito Tributário etc. 
03. (MPE-PB – Promotor de Justiça – PB/2011) Sobre 
o regime jurídico administrativo, julgue as seguintes 
assertivas: 
I. Como corolário do princípio da supremacia do inte-
resse público, é vedada a renúncia total ou parcial 
de poderes ou competências atribuídas à Adminis-
tração.
II. O princípio da impessoalidade tem a extensão de 
permitir que se reconheça a validade de ato admi-
nistrativo praticado por funcionário irregularmente 
investido no cargo ou função pública.
III. A nova interpretação da norma administrativa tem 
aplicação retroativa, desde que se trate de fazer 
prevalecer o sentido normativo que melhor atenda 
ao fim público a que se dirige a norma.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
1 In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26 
ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 63.
Capítulo II – 
Princípios da 
Administração Pública
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 Fábio Goldfinger • Leandro Bortoleto • Luís Felipe Cirino 28
c) Apenas I e III estão erradas.
d) Apenas II está errada.
e) (Abstenção de resposta- Seção VIII, item 11, do 
Edital do Concurso).
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “b”. Estão corretos os 
itens I e II.
Item I: Correto. O princípio da supremacia do inte-
resse público sobre o privado possui como corolário, nos 
termos do art. 2º, parágrafo único da Lei nº 9.784/99, a 
vedação da renúncia total ou mesmo parcial dos pode-
res ou competências inerentes a Administração Pública.
Item II: Correto. O princípio da impessoalidade 
tem previsão expressa no art. 37, caput, da CF. O prin-
cípio da impessoalidade possui duplo significado, um 
em relação aos administrados e o outro em relação à 
própria Administração. No primeiro significado, veda-se 
ao agente público praticar atos para satisfazer seu inte-
resse pessoal ou mesmo de terceiros, ou seja, a máquina 
pública somente poderá ser utilizada para a satisfação 
dos interesses públicos. Em seu segundo significado, 
todos os atos e provimentos administrativos são impu-
táveis não ao funcionário público que os pratica, mas 
sim ao órgão ou entidade administrativa da Adminis-
tração Pública. O princípio da impessoalidade ainda se 
aplica no reconhecimento da validade de atos prati-
cados por funcionários irregularmente investidos no 
cargo ou função, sob a fundamentação de que os atos 
administrativos praticados são do órgão e não do fun-
cionário público que o praticou.
Item III: Errado. Dispõe o art. 2º, parágrafo único, 
inc. XXXIII, da Lei nº 9.784/99, que a “interpretação da 
norma administrativa da forma que melhor garanta 
o atendimento do fim público a que se dirige, vedada 
aplicação retroativa de nova interpretação”.
04. (TRF 4 – Juiz Federal Substituto 4ª região/ 2010) 
Dadas as assertivas abaixo sobre funções estatais e prin-
cípios informadores do regime jurídico administrativo, 
assinale a alternativa correta. 
I. No Brasil as atividades estatais básicas estão distri-
buídas entre Poderes independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, 
vocacionados ao desempenho, respectivamente, 
das funções normativa, judicial e administrativa, 
estando esta última concentrada no Executivo, o 
qual a exerce precipuamente, mas sem exclusivi-
dade. 
II. Em decorrência, dentre outros, dos princípios 
da legalidade, da indisponibilidade do interesse 
público e da impessoalidade, o gestor da coisa 
pública tem com ela uma relação de administração, 
de modo que seu agir está atrelado à finalidade 
cogente, mesmo quando admitido juízo discricio-
nário na prática do ato administrativo. 
III. Conquanto não previsto explicitamente no artigo 
37, caput, da Constituição Federal, o princípio da 
razoabilidade informa o regime jurídico administra-
tivo brasileiro, prestando-se como balizador para a 
verificação da higidez da ação administrativa, nota-
damente quando esta tem características discricio-
nárias. 
IV. Estabelece a Constituição Federal que a administra-
ção pública direta e indireta de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípiosobedecerá ao princípio da publicidade, 
havendo possibilidade de instituição, pela via legis-
lativa, de restrições ao acesso a autos de processo 
administrativo. 
V. As funções estatais estão sujeitas à rígida obser-
vância de diretriz fundamental, que, encontrando 
suporte teórico no princípio da proporcionalidade, 
veda os excessos normativos e as prescrições irra-
zoáveis do Poder Público, prestando-se o referido 
princípio (da proporcionalidade), nesse contexto, 
para inibir e neutralizar os abusos do Poder Público 
no exercício de suas funções, qualificando-se como 
parâmetro de aferição da higidez dos atos pratica-
dos por agentes públicos. 
a) Estão corretas apenas as assertivas I, IV e V. 
b) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV. 
c) Estão corretas apenas as assertivas I, II, III e IV. 
d) Estão corretas apenas as assertivas I, III, IV e V. 
e) Estão corretas todas as assertivas.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “e”. Todos os itens 
estão corretos.
Item I: Correto. As funções do Estado são dividi-
das em: a) função legislativa; b) função jurisdicional; e c) 
função executiva. A função legislativa é aquela exercida 
pelo Poder Legislativo, cuja função precípua é a elabora-
ção de leis. A função jurisdicional é exercida pelo Poder 
Judiciário, cuja função essencial é a resolução de confli-
tos de interesses, ou seja, o julgamento de processos. 
A função executiva ou também denominada de função 
administrativa é aquela exercida pelo Poder Executivo, 
que compreende, basicamente, na prestação do serviço 
público, a intervenção, o fomento e a polícia. Contudo, 
segundo explana a doutrina, todos os Poderes exercem 
todas as funções, seja de modo principal (considerado 
atividade típica), seja de modo acessório (considerado 
atividade atípica). Assim, a título de exemplo, o Senado 
Federal exerce a função típica de legislar, e como função 
atípica o de julgar os crimes de responsabilidade do Pre-
sidente da República, conforme se vê do art. 52, inc. I, da 
CF, além de exercer também, de forma atípica, funções 
administrativas, como por exemplo, realizar concursos 
públicos para a nomeação de seus agentes, promover 
licitações para a compra de materiais necessários para 
desenvolver a sua atividade.
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Capítulo II – Princípios da Administração Pública 29
Item II: Correto. No poder discricionário o agente 
tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de 
conveniência e oportunidade, pois se houver alternati-
vas, o administrador poderá optar por uma delas, esco-
lhendo, de acordo com seus entendimentos, preservar 
o melhor do interesse público. Contudo, a liberdade do 
administrador é subordinada à lei, a discricionariedade 
possui limites legais, não poderá o administrador reali-
zar escolhas sem critérios ou diferente dos parâmetros 
estabelecidos em lei.
Item III: Correto. O princípio da razoabilidade 
impede que a Administração Pública pratique um ato 
administrativo de forma despropositada, arbitrária, ou 
seja, serve para que se possa exercer um controle de 
proibição de excessos.
Item IV: Correto. O princípio da publicidade 
encontra previsão constitucional no art. 37, caput, da CF, 
e também no art. 5º, incisos XXXIII; XXXIV e LXXIV, da CF, 
tendo como objetivo que o administrado tenha conhe-
cimento do que está sendo feito com seus direitos, além 
de em algumas hipóteses a publicidade funcionar como 
condição de eficácia (Exemplo: art. 61, parágrafo único 
da Lei de Licitações). O princípio da publicidade alcança 
toda a atividade estatal, para que a Administração 
Pública possa divulgar oficialmente seus atos e propi-
ciar conhecimento a seus próprios agentes. As exceções 
ao princípio da publicidade possuem contornos consti-
tucionais e podem ser admitidas nos casos expressos na 
própria CF: a) art. 5º, inc. X, da CF, nos casos de inviolabi-
lidade da intimidade, vida privada e da honra; b) art. 5º, 
inc. XXXIII, da CF, quando as informações forem impres-
cindíveis para a segurança da sociedade e do Estado e 
c) art. 5º, inc. LX, da CF, ocasião em que a publicidade 
poderá ser restrita nos casos de defesa da intimidade 
ou o interesse social exigir. O princípio da publicidade 
constitui um princípio meio, pois é através dele que se 
efetivam outros valores eleitos constitucionalmente. 
Exemplo: direito de informação, direito de controlar e 
fiscalizar os atos da administração, isonomia etc.
Item V: Correto. O princípio da proporciona-
lidade é uma faceta do princípio da razoabilidade. 
O princípio da proporcionalidade é um princípio do 
direito Constitucional que foi transportado para o 
Direito Administrativo. De acordo com a doutrina majo-
ritária, influenciados pela doutrina germânica, a pro-
porcionalidade é inerente ao Estado de Direito. Embora 
não consagrado expressamente em nossa Constituição, 
é integrante do nosso sistema constitucional na quali-
dade de princípio implícito. O princípio da proporcio-
nalidade se divide em: adequação, necessidade e pro-
porcionalidade em sentido estrito. O primeiro estuda 
se o meio é capaz de alcançar ou fomentar o resultado; 
o segundo estuda se existem outros meios que podem 
ser utilizados para que não se restrinja um direito fun-
damental e se tais meios são suficientes e o terceiro diz 
que a restrição do direito fundamental deve ter um peso 
suficiente para que tal restrição seja proporcional. Em 
suma, o princípio da proporcionalidade obriga que 
a Administração Pública atue com equilíbrio entre os 
meios utilizados e os fins a serem alcançados, levando-
se em conta os padrões comuns da sociedade e sempre 
em cada caso concreto. 
05. (PUC – PR – Juiz de Direito – PR/2014) No que ser 
refere aos princípios da Administração Pública, analise 
as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I. De acordo com o que expresso no caput do artigo 
37 da Constituição Federal, com a redação da 
Emenda Consti tucional nº. 19/1998, a administra-
ção pública direta e indireta de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabi-
lidade e eficiência.
II. A constatação de um ato interno viciado torna 
inafastável pela Administração, do que se extrai 
dos princípios da le galidade e da autotutela, a 
sua anulação.
III. A Constituição Federal de 1988 autoriza restrições 
pontuais e transitórias ao princípio da legalidade.
IV. Os princípios fundamentais que decorrem da deno-
minada bipolaridade do direito administrativo e 
ditos universais ou onivalentes são os princípios da 
legalidade e da moralidade.
a) Apenas a assertiva III está correta.
b) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
c) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
d) Apenas a assertiva IV está correta.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “a”. O Item III está 
correto.
Item I: Errado. O art. 37, caput, da CF, de acordo com 
a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98 
prevê que a administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência. Não se esqueça da palavra LIMPE para asso-
ciar aos princípios constitucionais expressos no caput 
do art. 37.
Item II: Errado. A anulação administrativa funda-
menta-se nos princípios da autotutela e o princípio da 
legalidade. Contudo, há entendimento doutrinário que 
sustenta a possibilidade da Administração Pública, de 
forma discricionária, reduzir a extensão dos efeitos da 
anulação se a modulação for a melhor solução para a 
defesa do interesse público e a segurança jurídica. 
Ainda não se anula o ato administrativo se houver a 
possibilidade de convalidação ou aindase decorrido o 
prazo legal para tanto.
Item III: Correto. São exceções ao princípio da 
legalidade: a) a medida provisória (art. 62 da CF); b) o 
estado de defesa (art. 136 da CF); e c) estado de sítio (art. 
137 a 139 da CF).
Livro 1.indb 29 18/05/2017 12:30:38
 Fábio Goldfinger • Leandro Bortoleto • Luís Felipe Cirino 30
Item IV: Errado. Segundo José Cretella Junior2 os 
princípios podem ser classificados em: a) onivalentes ou 
universais, são princípios comuns a todos os ramos do 
saber, como por exemplo, o princípio da identidade e da 
razão suficiente; b) plurivalentes ou regionais, são prin-
cípios comuns a um grupo de ciências, informando-as 
nos aspectos que a interpenetram, como por exemplo 
o princípio da causalidade, aplicável às ciências natu-
rais e o princípio do alterum nom laedere (não prejudi-
car outrem), aplicáveis às ciências naturais e às ciências 
jurídicas; c) monovalentes, são só princípios que se refe-
rem a um só campo do conhecimento; d) setoriais, são 
princípios que informam os diversos setores em que se 
divide determinada ciência, como por exemplo, na ciên-
cia jurídica existem princípios que informam o Direito 
Processual, Direito Penal, Direito Tributário etc. Nota-se 
que os princípios da legalidade e da moralidade não se 
enquadram na classificação de princípios onivalentes 
ou universais.
06. (UFPR – Juiz de Direito Substituto-PR/ 2012) 
Em relação ao regime jurídico administrativo, assinale a 
alternativa correta.
a) O princípio constitucional da supremacia do inte-
resse público é um dos princípios gerais da Admi-
nistração Pública expressos no caput do artigo 37 
da Constituição Federal.
b) O princípio da supremacia do interesse público não 
admite ponderação com outros princípios constitu-
cionais dado o seu caráter absoluto.
c) A supremacia do interesse público é princípio 
oposto ao da indisponibilidade dos interesses 
públicos pela Administração.
d) O princípio constitucional da supremacia do inte-
resse público é princípio estruturante do regime 
jurídico administrativo brasileiro, tendo correspon-
dência à ideia de existirem prerrogativas especiais 
aos atos administrativos (o que é típico do sistema 
da Civil Law).
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “d”. O princípio da 
supremacia do interesse público sobre o privado per-
mite que a Administração Pública, representando o 
interesse público, emita, nos termos da lei, os denomi-
nados atos de império (poder extroverso), de forma 
a constituir terceiros em obrigações mediantes os atos 
unilaterais. São atos de império aqueles em que a Admi-
nistração impõe coercitivamente ao administrado, 
unilateralmente, obrigações, ou ainda restringe ou con-
diciona exercícios de direitos ou atividades privadas. 
2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª 
ed. São Paulo: Atlas, 2001.p. 63.
São fundados no princípio da supremacia do interesse 
público sobre o privado todos os poderes especiais de 
que dispõe a Administração Pública para a realização de 
seus atos administrativos, necessários para consecução 
dos fins que o ordenamento jurídico lhe impõe, como 
por exemplo, os atributos dos atos administrativos da 
exigibilidade e da autoexecutoriedade.
Alternativa “a”: Errada. O princípio da suprema-
cia do interesse público não possui previsão no art. 37, 
caput, da CF. 
Alternativa “b”: Errada. O princípio da supremacia 
do interesse público sobre o privado não possui um 
caráter absoluto, devendo haver ponderação junto 
aos outros princípios, de forma que o Estado não atue 
de modo abusivo no exercício de suas prerrogativas. 
Alternativa “c”: Errada. O princípio da supremacia 
do interesse público sobre o privado possui ligação (e 
não oposição) com o princípio da indisponibilidade do 
interesse público. 
07. (Vunesp–Juiz Substituto–SP/ 2009) Um dos 
aspectos primordiais do Direito Administrativo brasi-
leiro é o de ser um conjunto
a) de princípios e normas aglutinador dos poderes 
do Estado de maneira a colocar o administrado em 
relação de subordinação hierárquica a tais poderes.
b) de princípios e normas que não alberga a noção de 
bem de domínio privado do Estado.
c) instrumental de princípios e normas que regula 
exclusivamente as relações jurídicas administrati-
vas entre o Estado e o particular.
d) de princípios e normas limitador dos poderes do 
Estado.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “d” (responde as 
demais alternativas). Como o direito administrativo, 
do ponto de vista científico, é um setor de estudo den-
tro do direito, este possui objeto próprio de estudo, 
bem como princípios. Este conjunto de normas e princí-
pios regentes tem por finalidade organizar, estabelecer 
meios de ação, formas e relação jurídica da Administra-
ção Pública entre as pessoas que a compõem e os admi-
nistrados, ou mesmo entre seus próprios componentes. 
A atuação da Administração Pública está inserida, pri-
mordialmente, no Poder Executivo, sendo esta dotada 
de atribuições para exercer a atividade administrativa 
com repercussão imediata na coletividade, como sua 
atividade inerente e típica. Toda a atuação da Adminis-
tração Pública deve estar pautada, primeiramente, pela 
Constituição Federal, donde regra-se e vincula grande 
parte da atividade administrativa e depois pela Lei, vez 
que o princípio vetor da Administração Pública é o prin-
cípio da legalidade.
Livro 1.indb 30 18/05/2017 12:30:38
Capítulo II – Princípios da Administração Pública 31
08. (Vunesp – Defensor Público – MS/2014) A 
expressão regime jurídico-administrativo é utilizada 
para designar
a) os regimes de direito público e de direito privado a 
que pode submeter-se a Administração Pública.
b) o conjunto das prerrogativas e restrições a que está 
sujeita a Administração Pública e que não se encon-
tram nas relações entre particulares.
c) as restrições a que está sujeita a Administração 
Pública, sob pena de nulidade do ato administra-
ti vo, excluindo-se de seu âmbito as prerrogativas 
da Administração.
d) as prerrogativas que colocam a Administração 
Públi ca em posição de supremacia perante o par-
ticular, excluindo-se de seu âmbito as restrições 
impostas à Administração.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “b”: A resposta desta 
alternativa exclui as demais. O regime jurídico-admi-
nistrativo poderá ser compreendido como um conjunto 
de normas e princípios que incidem sobre as relações da 
Administração Pública com os particulares, em que haja 
em favor destas prerrogativas e restrições especiais. As 
prerrogativas e restrições especiais são privativas do 
Estado, sem espécie paralela no particular, com a fina-
lidade de gozar de uma supremacia frente ao particular 
para que se possa atender ao interesse público. Com 
uma posição de supremacia, o Estado poderá impor o 
interesse público quando em conflito com um interesse 
particular. As restrições especiais impostas ao Poder 
Público possuem a finalidade de impedir que o admi-
nistrador persiga outra finalidade que não o interesse 
público.
09. (Institutocidades – Defensor Público – 
AM/2011) No campo do Direito Administrativo, a rela-
ção jurídico-administrativa: 
a) É regida pelo princípio do pacta sunt servanda, não 
havendo casos em que a Administração Pública 
pode modificar, unilateralmente, um contrato pre-
viamente assinado entre as partes.
b) Submete a Administração Pública à vontade exclu-
siva dos governantes, pois cabe a estes apontar os 
rumos que a Administração Pública deve seguir.
c) Deve sempre estar vinculada à finalidade pública, à 
vontade do administrador e à vontade das pessoas 
públicas.
d) Implica em uma predominância da propriedade 
pública sobre a propriedade privada, ainda que a 
propriedade privada esteja a serviço de um inte-
resse público.
e) Implica em atuação de ofício naconsecução e pro-
teção dos interesses públicos contidos na esfera de 
competências atribuídas pela lei ao administrador.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “e”. Esta alternativa 
deve ser divida em três partes. A “atuação de ofício” 
consiste na clássica frase de Seabra Fagundes “admi-
nistrar é aplicar a lei, de oficio”. “Na consecução e 
proteção dos interesses públicos” demonstra que o 
interesse público coloca a administração em um pata-
mar superior aos particulares, justamente para perse-
guir o bem comum. “Esfera de competência pela lei 
ao administrador” diz respeito ao âmbito de atuação 
da Administração, que embora possa ter discricionarie-
dade, na verdade, segundo os ensinamentos de Celso 
Antonio são atos praticados no exercício de competên-
cia discricionário. Esta é a relação jurídico-administra-
tiva que se impõe. 
Alternativa “a”, errada. Dispõe o artigo 58, inc. I 
da Lei 8.666/93: “O regime jurídico dos contratos admi-
nistrativos instituído por esta Lei confere à Administra-
ção, em relação a eles, a prerrogativa de: I – modificá-
-los, unilateralmente, para melhor adequação às finali-
dades de interesse público, respeitados os direitos do 
contratado”.
Alternativa “b”, errada (responde, também, a 
alternativa “c”). Embora os governantes que geren-
ciem a Administração, esta se submete primeiramente 
ao interesse público primário, pois finalidade é atingir o 
bem social de toda a comunidade. 
Alternativa “d”, errada. Não pode o administra-
dor, em nome do interesse público, mas em desrespeito 
ao princípio da legalidade, lesionar direitos e garantias 
de terceiros. Se a administração causar dano ao particu-
lar que atende os requisitos legais deverá indenizar, pois 
a Constituição garante o direito de propriedade. 
10. (ESAF – MTE – Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) 
O regime jurídico-administrativo ampara-se, entre 
outros, no princípio da supremacia do interesse público. 
Esse princípio protege o patrimônio público. Desse 
modo, assinale, no rol abaixo, o único instituto que se 
aplica, conforme o regime jurídico-administrativo, ao 
patrimônio público.
a) desafetação
b) usucapião
c) hipoteca
d) penhora
e) arresto
 COMENTÁRIOS.`
› Nota do Autor: o regime jurídico administrativo 
é o conjunto de princípios que atribuem à Adminis-
tração Pública, em um extremo, prerrogativas e, no 
outro, sujeições. Dentre os que diversos princípios que 
o compõem, há dois que são considerados chamados 
Livro 1.indb 31 18/05/2017 12:30:38
 Fábio Goldfinger • Leandro Bortoleto • Luís Felipe Cirino 32
de pedras angulares ou pedras de toque3 do direito 
administrativo, quais sejam, o princípio da supremacia 
do interesse público e o princípio da indisponibili-
dade do interesse público. 
Alternativa correta: letra “a” (responde a todas 
as demais alternativas). Em razão do regime jurídico 
administrativo, os bens públicos são impenhoráveis, 
imprescritíveis e relativamente inalienáveis. Desse 
modo, não podem ser objeto de usucapião, penhora, 
arresto e hipoteca, excluindo-se as alternativas de “b” 
a “e”. Quanto à inalienabilidade, os bens públicos, em 
regra, não podem ser alienados, pois são bens fora do 
comércio, salvo se houver a desafetação. Bem público 
afetado é aquele que está em uso para uma finalidade 
pública específica como, por exemplo, servir de sede 
para determinado órgão público e, ao contrário, bem 
público desafetado é aquele não está sendo usado 
para nenhum fim público, a exemplo de imóvel público 
desocupado. Pela afetação, o bem público domini-
cal passa a ser bem público de uso especial e, nessa 
condição, é inalienável por determinação expressa do 
art. 100 do Código Civil e, de outro lado, com a desa-
fetação passa para a categoria dominial e, portanto, 
pode ser alienado. Todavia, registre-se que não basta 
a desafetação para a alienação de imóvel, pois, além 
disso, conforme o art. 17 da Lei nº 8.666/93, deve haver 
interesse público demonstrado, avaliação prévia, licita-
ção e, se for imóvel da administração direta, autarquia 
e fundação pública, autorização legislativa e, ainda, no 
caso de imóvel da União, há a necessidade de autoriza-
ção do Presidente da República, permitida a delegação 
ao Ministro de Estado da Fazenda, o qual pode fazer a 
subdelegação, conforme o art. 23 da Lei nº 9.636/98.
11. (ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal / 2005) 
Tratando-se do regime jurídico-administrativo, assinale 
a afirmativa falsa.
a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo 
não se tolera que o Poder Público celebre acordos 
judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa auto-
rização legislativa.
b) O regime jurídico-administrativo compreende um 
conjunto de regras e princípios que baliza a atua-
ção do Poder Público, exclusivamente, no exercício 
de suas funções de realização do interesse público 
primário.
c) A aplicação do regime jurídico-administrativo auto-
riza que o Poder Público execute ações de coerção 
sobre os administrados sem a necessidade de auto-
rização judicial.
d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda 
que de mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao 
regime jurídico-administrativo, a despeito de sua 
horizontalidade.
3 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-
nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.
e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a ela-
boração de atos normativos administrativos, bem 
como a execução de atos administrativos e ainda a 
sua respectiva interpretação.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “b”. O regime jurídi-
co-administrativo é um conjunto de princípios que 
impõem prerrogativas e sujeições à Administração 
Pública. O interesse público primário é o interesse 
público propriamente dito; é o interesse da coletivi-
dade; está estabelecido na Constituição Federal. O inte-
resse público secundário é o interesse do ente estatal 
(União, Estados, etc.); é o interesse individual do Estado, 
como pessoa jurídica4. Entretanto, na atuação admi-
nistrativa os princípios são de obediência obrigatória, 
independentemente da espécie de interesse público.
Alternativa “a”: de acordo com o princípio da 
indisponibilidade do interesse público, o administra-
dor público não pode renunciar ao interesse público 
porque é indisponível. Todavia, tal regra pode ser 
excepcionada pela lei, pois, em tese, a lei corporifica o 
interesse público. Nesse sentido, são exemplos de dis-
positivos legais que autorizam a realização de acordo 
em processos judiciais o art. 10, parágrafo único, da Lei 
nº 10.259/01 (autoriza os “representantes judiciais da 
União, autarquias, fundações e empresas públicas fede-
rais” a conciliar, transigir ou desistir nos processos de 
competência dos Juizados Especiais Federais) e a Lei nº 
9.649/97 (com a redação dada pela Lei nº 11.941/09) con-
cedeu poder ao Advogado-Geral da União e aos dirigen-
tes máximos das empresas públicas federais para auto-
rizarem a realização de acordos ou transações em juízo, 
ou, ainda, o não ajuizamento de ações, dependendo do 
valor a ser cobrado. Inovações legislativas mais recentes 
apontam para uma maior abrandamento dessa concep-
ção como, por exemplo, a pela Lei nº 13.129/15 para per-
mitir de forma ampla o uso da arbitragem pela Admi-
nistração Pública, a Lei nº 13.140/15 que “dispõe sobre 
a mediação entre particulares como meio de solução 
de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos 
no âmbito da administração pública” e, ainda, o Novo 
Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15) ao prever em 
seu art. 174 que “a União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios criarão câmaras de mediação e conci-
liação, com atribuições relacionadas à solução consen-
sual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I – dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da 
administração pública;II – avaliar a admissibilidade dos 
pedidos de resolução de conflitos, por meio de concilia-
ção, no âmbito da administração pública; III – promover, 
quando couber, a celebração de termo de ajustamento 
de conduta”.
Alternativa “c”: o regime jurídico administrativo 
caracteriza-se pela coexistência, de um lado, das prer-
rogativas e, de outro, das sujeições. Por isso, o uso das 
4 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito admi-
nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65-66.
Livro 1.indb 32 18/05/2017 12:30:38
Capítulo II – Princípios da Administração Pública 33
expressões bipolaridade do direito administrativo5 ou 
binômio6 do direito administrativo. Desse modo, em 
relação às prerrogativas, é possível a Administração, por 
exemplo, apreender mercadoria, interditar estabeleci-
mento, desapropriar, instituir servidão, requisitar bens 
e, para tanto, não necessita da intervenção do Poder 
Judiciário, podendo fazê-lo por seus próprios meios 
(autoexecutoriedade). Por outro lado, deve agir, sem-
pre, sem se afastar do interesse público e respeitando 
os direitos fundamentais. Nesse sentido, é possível, 
dependendo da situação, que seja necessária a ordem 
judicial para se efetivar a medida adotada como, por 
exemplo, no caso de uma apreensão a ser realizada em 
uma residência, na qual o morador se recusa a permitir 
o ingresso, fazendo-se necessária ordem judicial para o 
ingresso na casa, nos termos do art. 5º, XI, da Constitui-
ção Federal.
Alternativa “d” (responde a alternativa “e”): 
o regime jurídico administrativo aplica-se a todo ato 
administrativo, seja na sua elaboração, execução ou 
interpretação, devendo haver obediência aos princípios 
da Administração Pública em todas essas etapas. Assim, 
aplica-se à Administração Pública como um todo, por 
força, inclusive, do art. 37, caput, da Constituição Fede-
ral. Desse modo, seja na relação entre a Administração 
e o administrado, seja na relação interna da Adminis-
tração, os princípios da Administração Pública devem 
ser sempre efetivados. Mesmo no caso de pessoas de 
direito privado existentes na Administração Pública, 
que são regidas pelo direito privado, o regime jurídico 
administrativo aplica-se para derrogar parte das normas 
privadas.
12. (ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal / 2003) 
O estudo do regime jurídico-administrativo tem em 
Celso Antônio Bandeira de Mello o seu principal autor 
e formulador. Para o citado jurista, o regime jurídico-ad-
ministrativo é construído, fundamentalmente, sobre 
dois princípios básicos, dos quais os demais decorrem. 
Para ele, estes princípios são: 
a) indisponibilidade do interesse público pela Admi-
nistração e supremacia do interesse público sobre 
o particular.
b) legalidade e supremacia do interesse público.
c) igualdade dos administrados em face da Adminis-
tração e controle jurisdicional dos atos administra-
tivos.
d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública 
e finalidade pública dos atos da Administração.
e) legalidade e finalidade.
5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. 
ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.
6 Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Bandeira de 
Mello (Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2010. p. 56).
 COMENTÁRIOS.`
› Nota do Autor: esse tipo de questão exige aten-
ção porque ocorre a cobrança do conhecimento de 
um autor em específico. Por isso mesmo, o candidato 
deve se atentar aos temas principais de cada autor 
mais cobrados em provas. Por exemplo, ainda sobre a 
classificação dos atos administrativos cobra-se muito a 
posição tradicional do professor Hely Lopes Meirelles. 
E, sem dúvida, sobre regime jurídico administrativo, 
Celso Antônio Bandeira de Mello é o grande expoente 
brasileiro.
Alternativa correta: “a”. O regime jurídico-ad-
ministrativo é um conjunto de princípios que impõem 
prerrogativas e sujeições à Administração Pública. 
Entretanto, a Administração Pública só pode exercer a 
autoridade que lhe é inerente se for para buscar o inte-
resse público, ou seja, somente pode usar suas prer-
rogativas em prol do interesse público e apenas para 
isso, o que significa, também, que nunca é permitido se 
afastar de tal tarefa. Em razão dessa submissão ao inte-
resse público, surgem as chamadas pedras angulares ou 
pedras de toque7 do direito administrativo, quais sejam, 
o princípio da supremacia do interesse público – pelo 
qual, em caso de conflito, o interesse público deve se 
sobrepor ao interesse privado – e o princípio da indis-
ponibilidade do interesse público – em razão dele, a 
atividade administrativa nunca deve se afastar do inte-
resse público. Desses dois princípios decorrem todos os 
demais que integram o regime jurídico administrativo. 
13. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária 
– TRE-MS/2013) Em relação ao objeto e às fontes do 
direito administrativo, assinale a opção correta.
a) O Poder Executivo exerce, além da função adminis-
trativa, a denominada função política de governo—
como, por exemplo, a elaboração de políticas públi-
cas, que também constituem objeto de estudo do 
direito administrativo.
b) As decisões judiciais com efeitos vinculantes ou efi-
cácia erga omnes são consideradas fontes secundá-
rias de direito administrativo, e não fontes principais.
c) São exemplos de manifestação do princípio da 
especialidade o exercício do poder de polícia e as 
chamadas cláusulas exorbitantes dos contratos 
administrativos.
d) Decorrem do princípio da indisponibilidade do inte-
resse público a necessidade de realizar concurso 
público para admissão de pessoal permanente e as 
restrições impostas à alienação de bens públicos.
e) Dizer que o direito administrativo é um ramo do 
direito público significa o mesmo que dizer que seu 
objeto está restrito a relações jurídicas regidas pelo 
direito público.
7 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-
nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.
Livro 1.indb 33 18/05/2017 12:30:38
 Fábio Goldfinger • Leandro Bortoleto • Luís Felipe Cirino 34
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “d”. O princípio da 
indisponibilidade do interesse público impõe limi-
tes à atuação administrativa. Estabelece sujeições a 
que se submete o administrador público e representa a 
proibição da renúncia ao interesse público, a impos-
sibilidade de se dispor do interesse público. De fato, não 
é possível alguém renunciar ou dispor de algo que não 
lhe pertence. Isso é o que acontece na gestão pública, 
porque o administrador tem o dever de administrar, 
observando com fidelidade o interesse público e 
não seus interesses pessoais ou de terceiros. Nesse sen-
tido, é incompatível com esse princípio, por exemplo, 
a renúncia a uma multa, sem a respectiva previsão 
legal, a alienação de imóvel público sem a observân-
cia da legislação e, ainda, a contratação sem a reali-
zação de concurso público, exceto nos casos expressa-
mente admitidos pelo ordenamento.
Alternativa “a”. A Administração Pública em sen-
tido amplo abrange tanto a função administrativa 
quanto a função política, incluindo tanto os órgãos 
governamentais quanto os órgãos administrativos e, 
por sua vez, a Administração Pública em sentido estrito 
refere-se, exclusivamente, à função administrativa. É 
somente no último sentido que se inclui o objeto de 
estudo do Direito Administrativo. 
Alternativa “b”. A jurisprudência – que são as 
decisões judiciais reiteradas sobre determinado 
assunto – colabora em muito para a evolução do direito 
administrativo. A jurisprudência, em regra, tem caráter 
orientador, mas há casos em que a jurisprudência 
tem força vinculante, isto é, em que a decisão deve ser 
obrigatoriamente seguida. Assim, por terem, para todos 
os fins, efeitos símiles aos da lei propriamente dita, as 
decisõesvinculantes podem ser consideradas fontes 
primárias do direito administrativo.
Alternativa “c”. Pelo princípio da especialidade, 
que decorre dos princípios da legalidade e da indispo-
nibilidade do interesse público, sempre que possível, 
é melhor que seja criada uma entidade específica 
para desempenhar uma atividade determinada8. 
São exemplos de manifestação do princípio da supre-
macia do interesse público o exercício do poder de 
polícia e as chamadas cláusulas exorbitantes dos con-
tratos administrativos.
Alternativa “e”. O objeto do Direito Administrativo 
não está restrito a relações jurídicas regidas pelo direito 
público, aplicando-se, inclusive, a relações jurídicas de 
direito privado, como ocorre, por exemplo, em relação 
às empresas públicas e sociedades de economia mista, 
pois são regidas pelo direito privado, com as derro-
gações próprias do direito público. Tais entidades da 
administração indireta são objeto de estudo do Direito 
Administrativo.
8 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São 
Paulo: Saraiva, 2011. p. 111.
14. (Analista Judiciário – Área Judiciária TRE/PE 
2011 – FCC) No que concerne às fontes do Direito Admi-
nistrativo, é correto afirmar que: 
a) o costume não é considerado fonte do Direito 
Administrativo.
b) uma das características da jurisprudência é o seu 
universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende 
a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a universa-
lizar-se.
c) embora não influa na elaboração das leis, a dou-
trina exerce papel fundamental apenas nas deci-
sões contenciosas, ordenando, assim, o próprio 
Direito Administrativo.
d) tanto a Constituição Federal como a lei em sen-
tido estrito constituem fontes primárias do Direito 
Administrativo.
e) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudên-
cia, ela sempre obriga a Administração Pública.
 COMENTÁRIOS.`
Alternativa correta: letra “d”. Como é inerente 
a um Estado de Direito, a principal fonte normativa do 
Direito é a lei, que deve ser considerada em seu sentido 
amplo, abrangendo todas as espécies de atos legisla-
tivos. A lei, no sentido empregado, é a principal fonte 
de direito administrativo, pois nos atos legislativos é 
que está presente, ao menos em tese, o real interesse 
público. Assim, são fontes primárias do Direito Admi-
nistrativo a Constituição Federal, as Emendas à Cons-
tituição, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do 
Distrito Federal e dos Municípios, as leis complementa-
res, ordinárias e delegadas, as medidas provisórias, os 
decretos legislativos e as resoluções legislativas.
Alternativa “a”. Muito embora haja divergência 
doutrinária se o costume é ou não fonte de direito admi-
nistrativo, prevalece a corrente que o entende como tal. 
O costume é a prática reiterada, uniforme, de um com-
portamento que é considerado uma obrigação legal. 
Não pode ser confundido com a praxe administrativa 
– que, por ser a simples rotina administrativa, não cons-
titui fonte do direito administrativo.
Alternativa “b”. Ao contrário do contido na alter-
nativa, uma das características da jurisprudência é o 
nacionalismo, porque enquanto “a doutrina tende a uni-
versalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, 
pela contínua adaptação da lei e dos princípios teóricos 
ao caso concreto. Sendo o Direito Administrativo menos 
geral que os demais ramos jurídicos, preocupa-se dire-
tamente com a Administração de cada Estado, e por isso 
mesmo encontra, muitas vezes, mais afinidade com a 
jurisprudência pátria que com a doutrina estrangeira”9.
9 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. 
ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 47.
Livro 1.indb 34 18/05/2017 12:30:38
 Fábio Goldfinger106
Capítulo II – 
Princípios da Administração Pública
 DICAS
Fábio Goldfinger
II.1. REGIME JURÍDICO
• Princípios – conceito – alicerces da ciência e deles 
decorrem todo o sistema normativo.
 ` Atenção! Os princípios administrativos são aplicáveis aos três 
Poderes e a toda Administração Pública, direta ou indireta.
• Principais funções dos princípios: 
FUNÇÃO HER-
MENÊUTICA
A utilização do princípio como ferramenta de 
esclarecer o conteúdo do dispositivo analisado.
FUNÇÃO IN-
TEGRATIVA
Suprir lacunas em caso de ausência expressa 
de regra.
• Categorias de princípios que incidem sobre o 
direito administrativo: 
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípios funda-
mentais
- são os que estão expressos na Cons-
tituição Federal de forma explícita ou 
implicitamente.
Princípios gerais - são as proposições básicas aplicadas de forma integral do sistema jurídico.
Princípios do 
direito público
- são princípios jurídicos que informam 
o Direito Público
Princípios gerais 
do direito admin-
istrativo
- são proposições que se aplicadas à 
execução das atividades da adminis-
tração pública.
Princípios seto-
riais do direito 
administrativo
- são princípios informativos de especi-
ficidades do Direito Administrativo. 
• Princípios fundamentais: 
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípio da 
segurança 
jurídica
- garantia de previsibilidade no emprego 
do poder
Princípio 
republicano
- regime político em que define o espaço 
público em que são caracterizados e 
identificados interesses públicos.
Princípio 
democrático
- forma de governo adotada por um Estado 
em que se sobressai a vontade popular.
Princípio da 
cidadania
- cidadão é identificado como o protago-
nista político do Estado.
Princípio da 
dignidade da 
pessoa humana
- postulado da supremacia do Homem 
sobre suas próprias criações.
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípio da 
participação
- possibilidade aos cidadãos de escolhe-
rem quem governa e como governa.
• Princípios gerais: 
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípio da 
Legalidade - submissão do agir à lei. 
Princípio da 
Legitimidade
- informa a relação entre a vontade geral 
do povo e as suas expressões políticas, 
administrativas e judiciárias.
Princípio da 
Igualdade
- igualdade de todos perante a lei e a 
vedação de discriminação.
Princípio da 
Publicidade
- ciência dos atos e a submissão dos mes-
mos ao controle.
Princípio da 
Realidade
- as ações da Administração deverão ter 
condições objetivas de serem efetiva-
mente cumpridas em favor da socie-
dade à que se destinam.
Princípio da 
Responsabili-
dade
- diversas competências para agir são 
atribuídas aos órgãos, entes ou agentes 
do Estado, sendo que cada uma delas 
gera uma responsabilidade.
Princípio da 
Responsividade
- é a reação governamental, que deve ser a 
normalmente esperada e exigida, ante a 
enunciação da vontade dos governados.
Princípio da 
Sindicabilidade
- possibilidade jurídica de submissão de 
qualquer lesão de direito ou ameaça de 
lesão à algum tipo de controle.
Princípio da San-
cionabilidade
- possibilidade de aplicação de sanções 
administrativas.
Princípio da 
Ponderação
- método para a solução de aparentes 
conflitos principiológicos.
• Princípios gerais do Direito Público: 
PRINCÍPIOS APONTAMENTO
Princípio da 
Subsidiarie-
dade
- prescreve o escalonamento de respon-
sabilidade de atribuições entre entes 
ou órgãos, em função da complexidade 
do atendimento dos interesses da socie-
dade.
Princípio da 
Presunção de 
Validade
- os atos administrativos gozam de presun-
ção de validade até a prova em contrário.
Princípio da In-
disponibilidade 
do Interesse 
Público
- nas relações tipicamente públicas, o 
interesse público e, com isso, prioriza 
seu atendimento sobre os demais inte-
resses, em determinadas condições.
Livro 1.indb 106 18/05/2017 12:30:46
Capítulo II – Princípios da Administração Pública 107
PRINCÍPIOS APONTAMENTO
Princípio do 
Devido Proces-
so da Lei
- submissãoestrita as exigências formais 
de obediência a rigorosas sequencias 
dos atos que devam ser praticados pelo 
Estado, constitucionalmente inafastáveis 
sempre que atinja a liberdade ou os bens 
de uma pessoa.
Princípio da 
Motivação
- enunciar as razões de fato e de direito 
que autorizam ou determinam a prática 
de um ato jurídico.
Princípio da De-
scentralização 
- repartição do exercício estatal entre 
diversas entidades e órgãos de criação 
constitucional e legal.
Princípio do 
Contraditório - oitiva da parte contrária.
• Princípios gerais do Direito Administrativo: 
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípio da 
Finalidade
- consiste no atendimento finalístico do 
interesse público.
Princípio da 
Impessoalidade
- a Administração Pública não pode dis-
tinguir onde a lei não o fez; não pode 
perseguir interesses pessoais; e o 
Estado não pode atuar em seu benefí-
cio, mas sim no da sociedade.
Princípio da 
Moralidade 
Administrativa 
- o administrador não pode administrar 
mal: a) desvio de finalidade pública; b) 
atos sem finalidade; e c) ineficiência 
grosseira.
Princípio da Dis-
cricionariedade
- permissão legal ao administrador 
público para que este possa fazer a 
necessária integração casuística para 
satisfazer a necessidade pública.
Princípio da Con-
sensualidade
- privilégio do consenso para atingir de 
forma mais célere e menos dispendiosa 
o interesse público. 
Princípio da 
Razoabilidade
- adequar a medida para atender o 
resultado pretendido; necessidade da 
medida; proporcionalidade, entre os 
inconvenientes resultantes da medida 
e o resultado a ser alcançado. 
Princípio da Pro-
porcionalidade
- justo equilíbrio entre os sacrifícios e 
os benefícios resultantes da ação do 
Estado.
Princípio da 
Executoriedade 
ou da 
autoexecutorie-
dade
- possibilidade jurídica da Administra-
ção aplicar a execução da vontade con-
tida na lei, de modo direto e imediato, 
empregando seus próprios meios exe-
cutivos, incluindo a coerção.
Princípio da 
Continuidade
- veda a solução de continuidade nas 
atividades a serem desenvolvidas pelo 
Estado, salvo se houver previsão legal.
Princípio da 
Especialidade
- determina que cada órgão, ente ou 
agente, possua um campo ou setor 
de administração que lhe é próprio, 
visando os fins nele especificados.
PRINCÍPIOS APONTAMENTOS
Princípio 
Hierárquico
- visa à coordenação e a subordinação dos 
entes, órgãos e agentes entre si e à distri-
buição escalonada de suas funções.
Princípio 
Monocrático 
- a vontade do Estado é assimilada a von-
tade expressada no agente competente 
(poder exercido unipessoalmente).
Princípio do 
Colegiado - criação e atuação de órgãos coletivos.
Princípio da 
Disciplina
- existência de um sistema sancionatório 
direto e imediato, aplicado executo-
riamente, em razão da hierarquia, sem 
necessidade prévia decisão judicial.
Princípio da 
Eficiência
- melhor realização possível da gestão 
dos interesses públicos, para satisfazer 
os administrados com o menor custo 
possível para a sociedade.
Princípio da 
Economicidade
- relacionado com o aspecto financeiro 
da Administração Pública.
Princípio da 
Autotutela
- dever da Administração Pública con-
trolar seus próprios atos quanto à 
legalidade e à adequação ao interesse 
público.
• Princípios setoriais do Direito Administrativo 
– são aqueles que informam de forma específica 
dentro de determinados temas (dentro) do direito 
administrativo. 
• O Direito Administrativo possui dois princípios dos 
quais derivam todos os demais princípios e normas 
do Direito Administrativo, estes conhecidos como 
supraprincípios ou superprincípios: 
SUPREMACIA 
DO INTERESSE 
PÚBLICO SOBRE 
O PRIVADO
Há a presunção de que toda a atuação do 
Estado esteja pautada pelo interesse público, 
de onde se extrai das leis, Constituição Fede-
ral e da manifestação da “vontade geral”.
INDISPONIBILI-
DADE DO INTER-
ESSE PÚBLICO
Os agentes públicos devem atuar não 
segundo a sua vontade, mas sim do modo 
determinado pela legislação.
II.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EX-
PLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Cinco são os princípios de direito administrativos 
expressos no art. 37, caput, da CF: 
L Legalidade
I impessoalidade
M Moralidade
P Publicidade
E Eficiência
Á�PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Princípio da legalidade pública ≠ legalidade privada
Livro 1.indb 107 18/05/2017 12:30:46
 Fábio Goldfinger108
LEGALIDADE PÚBLICA LEGALIDADE PRIVADA
Atuação dos agentes públicos Atuação dos particulares
Administração só pode fazer 
o que estiver permitido pela 
lei ou por ela determinado
O particular pode fazer tudo 
o que não estiver proibido 
em lei
Implicitamente o que a lei 
não proíbe está proibido
Implicitamente o que a lei 
não proíbe é permitido
O silêncio da lei é proibição O silêncio da lei é permissão
• Princípio da juridicidade: por este princípio os 
agentes públicos não devem respeitar apenas a 
Lei, mas também a todos outros instrumentos nor-
mativos existentes na ordem jurídica, ampliando, 
assim, o conteúdo tradicional do princípio da lega-
lidade. É o que se convencionou denominar de 
bloco da legalidade: 
BLOCO DA LEGALIDADE
 ` Constituição Fedral, 
Emendas Constitucio-
nais, 
Constituições Estaduais 
e Leis Orgânicas.
 ` Costumes e Princí-
pios gerais de direito.
 ` Medidas Provisórias, 
decretos legislati-
vos, resoluções e 
atos administrativos 
normativos, como 
os regimentos e 
decretos.
 ` Tratados e Conve-
ções Internacioanis
• Princípio da Legalidade: a Administração Pública 
somente poderá praticar condutas autorizadas em lei.
EXCEÇÕES AO
PRINCÍPIO DA 
LEGALIDADE
Medida Provisória (art. 62 da CF)
Estado de Defesa (art. 136 da CF)
Estado de Sítio (art. 137 da CF)
• Significado de operacionalização do princípio da 
legalidade pelo francês Eisenmann: 
a) a Administração só pode editar medidas que não sejam 
contrários à lei;
b) a Administração só pode editar atos e medidas que uma 
norma autoriza;
c) somente são permitidos atos cujo conteúdo seja conforme 
a um esquema abstrato fixado por norma legislativa;
d) a Administração só pode realizar atos ou medidas que a 
lei ordena fazer.
Á�PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
• Princípio da impessoalidade – há duas vertentes 
para a explicação deste princípio: 
a) Toda a atuação da Administração Pública deve 
ser voltada ao interesse público, deve ter como 
finalidade a satisfação ao interesse público;
b) Vedação da promoção pessoal pelo agente 
público, às custas da Administração Pública.
• O art. 37, §1º, da CF prevê a proibição expressa da 
promoção pessoal do agente público.
Á�PRINCÍPIO DA MORALIDADE
• Princípio da Moralidade é um requisito de validade 
do ato administrativo;
• O art. 85, inc. V, da CF, prevê que é crime de respon-
sabilidade os atos do Presidente da República que 
atentem contra a probidade administrativa.
• Princípio da Moralidade: 
Dever de atendimento e res-
peito aos padrões éticos de
- boa-fé
- decoro
- lealdade
- honestidade
- probidade
 ` Atenção! A moral administrativa é diferente da moral 
comum, pois aquela torna possível a invalidação de atos 
administrativos que ofendem ao princípio da moralidade.
• O Princípio da Moralidade possui referência de 
padrões de comportamentos a serem observados 
pelos agentes públicos nos seguintes diplomas 
legais, entre outros: art. 2º, parágrafo único, inc. 
IV, da Lei nº 9.784/99; art. 166 da Lei nº 8.112/90; 
Decreto nº 1.171/94 (Código de Ética Profissio-
nal do Servidor Público Federal) e o Decreto nº 
6.029/2007 (Sistema de Gestão Ética Poder Exe-
cutivo Federal).
• O Princípio da Moralidade possui também um 
viés dirigido aoadministrado, pois este tam-
Livro 1.indb 108 18/05/2017 12:30:46
Capítulo II – Princípios da Administração Pública 109
bém é um dever imposto ao administrado (art. 
4º, inc. II, da Lei nº 9.784/99). 
Á�PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
• O Princípio da publicidade apresenta também 
duas acepções: 
a) Exige que o ato administrativo seja publicado 
em um órgão oficial como requisito de eficácia 
dos atos administrativos que devam produzir 
efeitos externos e dos atos que impliquem em 
ônus ao patrimônio público;
b) Exige a transparência na atuação administrativa.
• Decorrem do Princípio da publicidade: o direito de 
petição aos Poderes Públicos; e o direito à obtenção 
de certidões em repartições públicas (art. 5º, inc. 
XXXIV, “a” e “b”, respectivamente).
• Princípio da publicidade: dever de divulgação dos 
atos oficiais. 
Exceções ao princípio da publicidade
HIPÓTESES FUNDAMENTO LEGAL
Segurança do Estado Art. 5º, inc. XXXIII, da CF
Segurança da sociedade Art. 5º, inc. XXXIII, da CF
Intimidade dos envolvidos Art. 5º, inc. X, da CF
• São finalidades da publicidade dos atos adminis-
trativos: 
 ` Exteriorizar a vontade 
da Administração 
Pública divulgando 
seu conteúdo para 
conhecimento público
 ` Permitir que se 
realize o controle de 
legalidade
 ` Tornar exegível o 
conteúdo do ato 
administrativo
 ` Produzir uma reação 
de efeitos do ato 
administrativo
Á�PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
• Princípio da Eficiência – é um dos princípios 
expressos do art. 37 da CF, e traduz-se na ideia de 
que a Administração Pública deve agir de modo 
rápido e preciso, produzindo resultados que satis-
façam a população.
• Características do Princípio da Eficiência: 
Características do Princípio da eficiência
direcionar a efetividade do bem comum;
imparcialidade da atuação administrativa;
neutralidade
transparência nas ações administrativas;
participação;
aproximação entre a sociedade e os serviços públicos;
desburocratização;
busca da qualidade.
• Regras constitucionais que expressam a aplicação 
do princípio da eficiência pelo Poder Público: 
 ` Reconhecimento 
Expresso do Pirncípio 
da eficiência (art. 37, 
caput, da CF)
 ` Escola de governo 
(art. 39, §1º, da CF) 
 
 
 ` Introdução do 
Contrato de Gestão 
(art.37, §8º, da CF)
 ` Avaliação Periódica 
de desempenho do 
servidor público 
(art. 41, §1º, inc.III, 
da CF)
Emenda 
Constitucional 
nº 19/98
• Cuidado! É errônea a interpretação de que em 
nome da eficiência, a legalidade deverá ser sacrifi-
cada, pois deve haver a busca da eficiência, dentro 
da legalidade.
II.3. DEMAIS PRINCÍPIOS DA ADMINIS-
TRAÇÃO PÚBLICA 
• Princípio da Supremacia do Interesse Público 
sobre o privado – é um princípio do direto público 
em geral, implícito, que decorre das instituições 
adotadas no Brasil, onde se presume que toda a 
atuação do Estado esteja pautada pelo interesse 
público, de onde se extrai das leis, Constituição 
Federal e da manifestação da “vontade geral”.
• Princípio da proporcionalidade: proibição de exa-
geros no exercício da função administrativa. Des-
dobramento da proporcionalidade pela doutrina 
alemã: 
Adequação: aptidão para atingir a finalidade
Necessidade ou 
exigibilidade: utilização de meios menos restritivos
Proporcionalidade 
em sentido estrito
Proporção entre a finalidade e o meio 
utilizado
Livro 1.indb 109 18/05/2017 12:30:46
 Fábio Goldfinger110
• Princípio da Finalidade: as prerrogativas públicas 
não devem ser utilizadas para atingir fins diversos 
dos previstos nas leis. O princípio da finalidade pos-
sui dois aspectos: 
FINALIDADE 
GERAL
Proibição da utilização das prerrogativas 
públicas para interesses diversos daqueles 
previstos em leis.
FINALIDADE 
ESPECÍFICA
Proibição da prática de atos administrativos 
em hipóteses diferentes das previstas em lei.
• Princípio da confiança legítima ou da segurança 
jurídica em sentido subjetivo: exige do Estado 
uma atuação leal e coerente do Estado, de maneira 
a proibir comportamentos administrativos contra-
ditórios.
• Exclusão do princípio da proteção à confiança: 
Excluem o princípio da 
proteção à confiança
má-fé do particular
mera expectativa de direito do 
beneficiado
• TEORIAS RELACIONADAS AO PRINCÍPIO DA SEGU-
RANÇA JURÍDICA: 
Teoria da autovincu-
lação ou autolim-
itação
a Administração Pública não poderá 
promover alterações repentinas no 
seu padrão decisório.
Teoria dos atos 
próprios ou venire 
contra factum 
proprium
a Administração Pública está proi-
bida de adotar um comportamento 
contraditório com a postura por ela 
antes assumida.
Teoria do 
prospective 
overruling
a mudança de orientação juris-
prudencial dos Tribunais somente 
poderá ser aplicada a casos futuros, 
vedando-se a aplicação retroativa da 
nova interpretação.
• Princípio da motivação – pelo princípio da moti-
vação a Administração Pública deverá indicar os 
fundamentos de fato e de direito de suas decisões.
• O motivo e a motivação não se confundem. O 
motivo são as circunstâncias de fato ou de direito 
que autorizam ou determinam a prática de algum 
ato certo, enquanto a motivação é a exposição dos 
motivos feita pela autoridade administrativa, inte-
grando a formalização do ato.
• O art. 50 da Lei nº 9.784/99 prevê algumas hipó-
teses em que os atos administrativos deverão ser 
necessariamente motivados.
• Princípio da autotutela. Este princípio dispõe 
que a Administração deverá velar pela legalidade, 
conveniência e oportunidade dos atos que pratica, 
através do controle de legalidade (anulação de atos 
ilegais) e o controle de mérito (revogação de atos 
inoportunos e inconvenientes).
• Princípio da Hierarquia. Através deste princí-
pio caracteriza-se uma relação de coordenação e 
subordinação entre os órgãos da Administração 
Pública, decorrendo, assim, algumas prerrogativas, 
como: a) rever os atos dos subordinados; b) delegar 
ou avocar competências; c) punir subordinados.
• Princípio da continuidade dos serviços públi-
cos. A prestação do serviço público deverá ser 
ininterrupta, ou seja, o serviço público não poderá 
parar.
• Princípio da presunção de legitimidade. Pelo 
fato da atuação administração ocorrer de acordo 
com a lei e com o direito, presume-se que todo o 
ato administrativo seja legal.
• Na presunção de legitimidade a presunção é rela-
tiva, pois admite-se prova em contrário.
  SÚMULAS
II.1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA
1.1. SÚMULA DO STF
• Súmula nº 636: “Não cabe recurso extraordinário 
por contrariedade ao princípio constitucional da 
legalidade, quando a sua verificação pressuponha 
rever a interpretação dada a normas infraconstitu-
cionais pela decisão recorrida”.
• Súmula nº 346: “A Administração Pública pode 
declarar a nulidade dos seus próprios atos”.
• Súmula nº 473: “A Administração pode anular seus 
próprios atos quando eivados de vícios que os tor-
nem ilegais, porque deles não se originam direitos; 
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou opor-
tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressal-
vada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
  INFORMATIVO APLICÁVEL
 ` STF – Concurso público e restrição à tatuagem
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição 
a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em 
razão de conteúdo que viole valores constitucionais. Com base 
nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento 
a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionali-
dade de proibição, contida em edital de concurso público, de 
ingresso em cargo, emprego ou função pública para candida-
tos que possuam tatuagem. No caso, o recorrente fora excluído 
de concurso público para provimento de cargo de soldado da 
polícia militar por possuirtatuagem em sua perna esquerda. 
De início, o Tribunal reafirmou jurisprudência no sentido de 
que qualquer restrição para o acesso a cargo público constante 
em editais de concurso dependeria da sua específica menção 
em lei formal, conforme preceitua o art. 37, I, da CF (“os cargos, 
empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que 
preencham os requisitos estabelecidos em lei”). Desse modo, 
revelar-se-ia inconstitucional toda e qualquer restrição ou 
requisito estabelecido em editais, regulamentos, portarias, se 
não houver lei que disponha sobre a matéria. No caso concreto, 
não existiria lei no sentido formal e material no ordenamento 
jurídico local que pudesse ser invocada para a existência da 
Livro 1.indb 110 18/05/2017 12:30:47
Capítulo II – Princípios da Administração Pública 111
restrição editalícia que motivara a exclusão do recorrente do 
certame. Sob outro enfoque, a mera previsão legal do requisito 
não levaria ao reconhecimento automático de sua juridicidade. 
O legislador não poderia escudar-se em pretensa discriciona-
riedade para criar barreiras arbitrárias para o acesso às funções 
públicas. Assim, seriam inadmissíveis e inconstitucionais restri-
ções ofensivas aos direitos fundamentais, à proporcionalidade 
ou que se revelassem descabidas para o pleno exercício da 
função pública objeto do certame. Toda lei deveria respeitar os 
ditames constitucionais, mormente quando referir-se à tutela 
ou restrição a direitos fundamentais, pois os obstáculos para 
o acesso a cargos públicos deveriam estar estritamente rela-
cionados com a natureza e as atribuições das funções a serem 
desempenhadas. Além disso, não haveria qualquer ligação 
objetiva e direta entre o fato de um cidadão possuir tatuagens 
em seu corpo e uma suposta conduta atentatória à moral, aos 
bons costumes ou ao ordenamento jurídico. A opção pela 
tatuagem relacionar-se-ia, diretamente, com as liberdades de 
manifestação do pensamento e de expressão (CF, art. 5°, IV e 
IX). Na espécie, estaria evidenciada a ausência de razoabilidade 
da restrição dirigida ao candidato de uma função pública pelo 
simples fato de possuir tatuagem, já que seria medida flagran-
temente discriminatória e carente de qualquer justificativa 
racional que a amparasse. Assim, o fato de uma pessoa possuir 
tatuagens, visíveis ou não, não poderia ser tratado pelo Estado 
como parâmetro discriminatório quando do deferimento de 
participação em concursos de provas e títulos para ingresso 
em carreira pública. Entretanto, tatuagens que representas-
sem obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que 
pregassem a violência e a criminalidade, discriminação de raça, 
credo, sexo ou origem, temas inegavelmente contrários às ins-
tituições democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a fun-
ção pública. Eventual restrição nesse sentido não se afiguraria 
desarrazoada ou desproporcional. Essa hipótese, porém, não 
seria a do recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 
14 por 13 cm. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que negava 
provimento ao recurso. Pontuava que o tribunal de justiça local, 
ao examinar os elementos probatórios, não teria claudicado na 
arte de proceder. Apontava que o acórdão recorrido não confli-
taria com a Constituição. RE 898450/SP, rel. Luiz Fux, 17.8.2016. 
(RE-898450)
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