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Apostila Direito Constitucional II -2014-1 (Feevale)

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1 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE DIREITO CONSTITUCIONAL II 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR 
 
IGOR RAATZ 
 
UNIVERSIDADE FEEVALE 
 
 
 
 
NOVO HAMBURGO, 2014/01 
 2 
AULA 1 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ..................................................................................8 
 
AULA 2 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ......................................................................................10 
1 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO ...............................................................11 
2 FORMAS DE ESTADO.............................................................................................11 
2.1 Estado unitário (ou simples) ........................................................................12 
2.2 Estado composto.........................................................................................12 
2.2.1 União pessoal e união real....................................................................13 
2.2.2 Confederação .......................................................................................13 
3 O FEDERALISMO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA .........................................................14 
4 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESTADO FEDERAL .................................................15 
4.1 Soberania e autonomia................................................................................15 
4.2 Existência de uma Constituição Federal......................................................16 
4.3 Repartição de competências previstas constitucionalmente .......................16 
4.4 Participação dos Estados-membros na vontade federal .............................18 
4.5 Inexistência de direito de secessão.............................................................19 
4.6 Conflitos: o papel da Suprema Corte e a intervenção federal. ....................19 
4.7 Requisitos para a manutenção do Estado Federal......................................20 
5 CONCEITO ABRANGENTE DE ESTADO FEDERAL.......................................................20 
6 POR QUE OS ESTADOS ASSUMEM A FORMA FEDERAL? ............................................20 
7 AUTONOMIA DOS ENTES FEDERATIVOS ..................................................................21 
9 TIPOS DE FEDERALISMO ........................................................................................22 
9.1 Ferderalismo por agregação e por desagragação.......................................22 
9.2 Federalismo dual, de integração e de cooperação......................................23 
9.3 Federalismo centrípeto, centrífugo e equilibrado.........................................25 
 
AULA 3 
UNIÃO FEDERAL......................................................................................................28 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................29 
2 COMPETÊNCIAS ....................................................................................................29 
2.1 Competências legislativas exclusivas..........................................................29 
2.2 Competências legislativas privativas ...........................................................30 
2.3 Competência legislativa para estabelecer diretrizes gerais .........................31 
2.4 Competências administrativas ou materiais ................................................31 
2.5 Competência tributária da União .................................................................31 
3 LEIS NACIONAIS E LEIS FEDERAIS ...........................................................................32 
4 BENS DA UNIÃO....................................................................................................32 
 
AULA 4 
ESTADOS-MEMBROS ................................................................................................35 
1 ASPECTOS GERAIS ...............................................................................................36 
2 AUTO-ORGANIZAÇÃO ............................................................................................36 
2.1 Princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII, a, b, c, d, e) .....................37 
2.2 Princípios constitucionais extensíveis..........................................................38 
2.3 Princípios constitucionais estabelecidos......................................................38 
3 SEPARAÇÃO DE PODERES E PRINCÍPIO DA SIMETRIA................................................39 
 3 
4 AUTOLEGISLAÇÃO ................................................................................................41 
5 AUTOGOVERNO ....................................................................................................42 
6 DO PODER LEGISLATIVO ESTADUAL ......................................................................43 
6.1 Processo legislativo estadual ......................................................................44 
7 PODER EXECUTIVO ESTADUAL ..............................................................................45 
8 AUTOADMINISTRAÇÃO...........................................................................................46 
9 REGIÕES METROPOLITANAS ..................................................................................46 
 
AULA 5 
MUNICÍPIOS.............................................................................................................48 
2 AUTO-ORGANIZAÇÃO ............................................................................................50 
2.1 Composição das Câmaras Municipais ........................................................50 
2.2 Estatuto dos vereadores..............................................................................50 
2.3 Responsabilização dos Prefeitos.................................................................51 
3 AUTOLEGISLAÇÃO ................................................................................................52 
4 AUTOGOVERNO ....................................................................................................54 
5 AUTOADMINISTRAÇÃO...........................................................................................54 
6 FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA.........................................................54 
7 CRIAÇÃO, FUSÃO E DESMEMBRAMENTO..................................................................55 
 
AULA 6 
DISTRITO FEDERAL, TERRITÓRIOS E INTERVENÇÃO FEDERAL .....................................57 
1 DISTRITO FEDERAL ...............................................................................................58 
2 TERRITÓRIOS .......................................................................................................59 
3 INTERVENÇÃO FEDERAL ........................................................................................60 
3.1 Entes passíveis de intervenção federal .......................................................63 
3.2 Procedimento ..............................................................................................63 
 
AULA 7 
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988.....................................66 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................67 
2 COMPETÊNCIA GERAL DA UNIÃO............................................................................68 
2.1 Possibilidade de delegação.........................................................................68 
3 COMPETÊNCIA RELATIVA AOS PODERES RESERVADOS DOS ESTADOS .......................70 
4 COMPETÊNCIA COMUM MATERIAL DA UNIÃO, DOS ESTADOS-MEMBROS, DO DISTRITO 
FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS (COMPETÊNCIAS CONCORRENTES ADMINISTRATIVAS).......71 
5 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE ...........................................................72 
6 COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS.............................................................................757 INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE LEI FEDERAL E ESTADUAL ...............................76 
8 COMPETÊNCIA PRIVATIVA OU EXCLUSIVA ................................................................76 
9 CONFLITOS JURÍDICOS NO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO........................................77 
 
AULA 8 
PROVA 1.................................................................................................................79 
 
AULA 9 
PODER LEGISLATIVO: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO ...............................................83 
1 ASPECTOS GERAIS ...............................................................................................84 
 4 
2 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO.............................................................................84 
3 FUNÇÕES .............................................................................................................86 
4 CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO FEDERAL .....................................................87 
5 MESAS DIRETORAS...............................................................................................88 
6 COMISSÕES PARLAMENTARES...............................................................................88 
6.1 Classificação ...............................................................................................89 
6.2 Comissão Representativa do Congresso Nacional .....................................90 
7 ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL ..............................................................90 
8 FUNÇÃO DE FISCALIZAÇÃO ....................................................................................90 
8.1 Aspectos gerais ...........................................................................................90 
8.2 Tribunal de Contas ......................................................................................91 
8.2.1 Composição do Tribunal de Contas......................................................92 
8.2.2 Ministério Público junto ao Tribunal de Contas .....................................93 
8.2.3 Tribunal de Contas dos Estados, Distrito Federal e Municípios............93 
8.3 Funções e competências do Tribunal de Contas.........................................94 
8.3.1 Competência fiscalizadora ....................................................................94 
8.3.2 Competência judicante..........................................................................95 
8.3.3 Competência sancionatória...................................................................95 
8.3.4 Competência consultiva ........................................................................96 
8.3.5 Competencias informativa.....................................................................96 
8.3.6 Competência corretiva ..........................................................................96 
 
AULA 10 
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO ............................................................98 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................99 
2 COMPOSIÇÃO DA CPI .........................................................................................100 
2.1 As CPIs como direito das minorias parlamentares ....................................101 
3 REQUISITOS PARA A CRIAÇÃO DA CPI ..................................................................101 
3.1 Requerimento ............................................................................................101 
3.2 Fato determinado ......................................................................................102 
3.3 Prazo certo ................................................................................................103 
4 CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS DA CPI................................................................104 
5 PODERES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO .................................105 
5.1 Aspectos gerais. ........................................................................................105 
5.2 Fundamentos dos poderes das CPIs ........................................................106 
5.3 Testemunhas e indiciados .........................................................................106 
5.4 Poderes cautelares....................................................................................107 
5.5 Diligências e requisição de documentos....................................................108 
5.6 Limites aos poderes da CPI.......................................................................109 
6 CPI NO ÂMBITO ESTADUAL ..................................................................................110 
7 CPI no âmbito municipal...............................................................................110 
 
AULA 11 
ESTATUTO DOS PARLAMANTARES ..........................................................................112 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................113 
2 IMUNIDADE MATERIAL (INVIOLABILIDADE)..............................................................114 
3 IMUNIDADE FORMAL ............................................................................................115 
4 PRERROGATIVA DE FORO ....................................................................................117 
 5 
5 INCOMPATIBILIDADES ..........................................................................................117 
6 PERDA DO MANDATO...........................................................................................118 
7 DEPUTADOS ESTADUAIS E DISTRITAIS...................................................................120 
8 ESTATUTO DOS PARLAMENTARES MUNICIAIS.........................................................121 
 
AULA 12 
PROCESSO LEGISLATIVO E ESPÉCIES LEGISLATIVAS ...............................................122 
1 FUNÇÃO LEGISLATIVA.........................................................................................123 
2 PROCESSO LEGISLATIVO .....................................................................................123 
2.1 A iniciativa .................................................................................................123 
2.1.1 Iniciativa comum (concorrente) ...........................................................124 
2.1.2 Iniciativa reservada .............................................................................124 
2.1.3 Iniciativa privativa de órgãos do Judiciário..........................................124 
2.1.4 Iniciativa privativa do Ministério Público..............................................124 
2.1.5 Iniciativa privativa da Câmara dos Deputados, do Senado e do Tribunal 
de Contas da União .....................................................................................125 
2.1.6 Iniciativa privativa do Presidente da República...................................125 
2.2 Discussão ..................................................................................................126 
2.3 Votação .....................................................................................................127 
2.4 Sanção ou veto..........................................................................................128 
2.5 Promulgação e publicação ........................................................................130 
3 NOTAS SOBRE AS ESPÉCIES LEGISLATIVAS ...........................................................131 
3.1 Lei ordinária...............................................................................................131 
3.2 Lei complementar ......................................................................................131 
3.3 Leis delegadas ..........................................................................................131 
3.3.1 Controle da delegação legislativa .......................................................1333.4 Medidas provisórias...................................................................................134 
3.4.1 Notícia de história ...............................................................................134 
3.4.2 As medidas provisórias na Constituição Federal de 1988. Natureza 
jurídica .........................................................................................................135 
3.4.3 Efeitos .................................................................................................135 
3.4.4.............................................................................................................136 
3.4.5 Pressupostos da medida provisória ....................................................136 
3.4.6 Apreciação dos pressupostos da urgência e da relevância ................136 
3.4.7 Limitações de conteúdo à medida provisória ......................................137 
3.4.8 Medida provisória – conversão em lei ou rejeição. A medida provisória 
no Congresso Nacional................................................................................141 
3.4.8.1 O prazo para apreciação da medida provisória ............................143 
3.4.8.2 Aprovação total da medida provisória ..........................................144 
3.4.8.3 Aprovação da medida provisória com emendas...........................144 
3.4.8.4 Não conversão da medida provisória em lei.................................145 
3.4.9 Possibilidade de os Estados e o Distrito Federal editarem medidas 
provisórias....................................................................................................147 
 
AULA 13 
PODER EXECUTIVO................................................................................................149 
1 ASPECTOS GERAS ..............................................................................................150 
2 ELEIÇÃO E MANDATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ...........................................152 
 6 
3 REELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA .........................................................152 
4 VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, SUBSTITUIÇÃO E VACÂNCIA .............................153 
5 ORDEM DE SUCESSÃO E VACÂNCIA DOS CARGOS DE PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA ...........................................................................................................154 
6 MINISTROS DE ESTADO .......................................................................................156 
6.1 Considerações gerais ................................................................................156 
6.2 Requisitos especiais para o exercício de determinados cargos e sua 
compatibilidade com o cargo de Ministro de Estado .......................................157 
6.3 Exercício de cargo de Ministro de Estado por parlamentar e quebra de 
decoro .............................................................................................................159 
7 ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ......................................................161 
7.1 Direção da Administração Federal ............................................................161 
7.2 Expedição de regulamento........................................................................161 
7.3 Relação com o Congresso Nacional e atuação do processo legislativo....163 
7.4 Atribuições no plano das relações internacionais......................................165 
7.5 Atribuições concernentes à segurança interna, preservação da ordem 
institucional e da harmonia das relações federativas ......................................166 
7.6 Nomeação de juízes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais 
Superiores .......................................................................................................166 
 
AULA 14 
RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ...............................................168 
1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES..........................................................................169 
2 CRIMES DE RESPONSABILIDADE: CONCEITO ..........................................................169 
2.1 Procedimento ............................................................................................170 
2.2 Renúncia ao mandato no processo de crime de responsabilidade ...........171 
3 PROCESSO CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA POR CRIME COMUM ..................172 
4 COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DOS GOVERNADORES DOS ESTADOS ................172 
4.1 Perda do mandato do governador .............................................................173 
4.2 Subsídios do governador do Estado..........................................................173 
5 CONSELHO DA REPÚBLICA ..................................................................................174 
6 CONSELHO DE DEFESA .......................................................................................174 
 
AULA 15 
PROVA 2...............................................................................................................176 
 
AULA 16 
PODER JUDICIÁRIO ................................................................................................179 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................180 
2 GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO ......................................................................181 
3 GARANTIAS E LIMITAÇÕES DOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO...........................184 
4 ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E COMPETÊNCIAS ...............................................187 
4.1 Supremo Tribunal Federal .........................................................................187 
4.1.1 Competências do Supremo Tribunal Federal......................................192 
4.1.2 Competências implícitas .....................................................................195 
4.1.3 O Supremo Tribunal Federal e as súmulas vinculantes......................196 
4.1.3.1 Requisitos formais da súmula vinculante, revisão e cancelamento
.................................................................................................................197 
 7 
4.1.3.2 Obrigatoriedade e limites objetivos e subjetivos da súmula 
vinculante .................................................................................................199 
4.1.3.3 Súmula vinculante e reclamação constitucional ...........................200 
4.2 Superior Tribunal de Justiça ......................................................................203 
4.2.1 Considerações gerais .........................................................................203 
4.2.2 Competência.......................................................................................203 
4.2.3 Competência recursal do Superior Tribunal de Justiça.......................205 
4.3 Tribunal Superior do Trabalho e Justiça do Trabalho................................209 
4.3.1 Tribunais Regionais do Trabalho e juízes do trabalho ........................210 
4.4 Tribunal Superior Eleitoral e Justiça Eleitoral ............................................211 
4.4.1 Competência.......................................................................................212 
4.5 Superior Tribunal Militar e Justiça Militar ...................................................215 
4.6 Tribunais Regionais Federais e juízes federais .........................................217 
4.6.1 Competência.......................................................................................218 
4.6.2 Competência dos Tribunais Regionais Federais.................................220 
4.7 Tribunais de Justiça estaduais, juízes estaduais e justiça Militar ..............221 
 
AULA 17 
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ............................................................................223 
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................2242 MINISTÉRIO PÚBLICO ..........................................................................................224 
2.1 Notícia de história......................................................................................224 
2.2 Características básicas do Ministério Público............................................225 
2.3 Princípios institucionais .............................................................................226 
2.4 Garantias e vedações................................................................................227 
2.5 A organização do Ministério Público..........................................................227 
2.6 O Ministério Público estadual ....................................................................228 
2.7 O Ministério Público da União ...................................................................228 
2.8 Competências do Ministério Público..........................................................229 
3 OUTRAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ............................................................230 
3.1 Advocacia ..................................................................................................230 
3.2 Advocacia pública......................................................................................231 
3.3 Defensoria Pública ....................................................................................231 
 
 8 
Aula 1 – Apresentação da disciplina 
 
Ementa da disciplina 
Aborda a Organização do 
Estado, com enfoque na 
estrutura federativa brasileira; 
analisa a Organização dos 
Poderes do Estado (legislativo, 
executivo e judiciário). 
Objetivos 
Desenvolver a compreensão crítica do aluno a 
respeito do significado e importância do Direito 
Constitucional. Tal estudo visa, ainda, a 
promover o conhecimento da Constituição 
Brasileira de 1988 e de sua importância no 
sistema pátrio. Ao mesmo tempo, a abordagem 
dos temas apontará as tendências normativas, 
jurisprudenciais e doutrinárias relevantes nos 
temas a serem analisados. 
Estratégias de Ensino 
- Aulas expositivas acerca dos conteúdos propostos no programa de ensino 
- Abordagem dos conteúdos a partir do método maiêutico, dando-se ênfase para 
o pensamento prático-problemático das questões propostas 
- Abordagem dos conteúdos a partir do método zetético, dando-se primazia para 
as perguntas e reflexões críticas acerca dos assuntos tratados na disciplina 
- Abordagem fenomenológica dos temas propostos, buscando a compreensão 
dos fenômenos estudados a partir de uma desconstrução e reconstrução dos 
aspectos dogmáticos relacionados à disciplina 
- Leituras semanais de textos de apoio relativos à matéria estudada 
- Resolução periódica de problemas relativos à matéria estudada 
 
Avaliações 
Serão realizadas três provas escritas, contendo questões dissertativas e 
objetivas. Cada uma delas valerá 10 ponto, e serão realizadas nas seguintes 
datas: 
 
 
 
 
 
 
* O aluno que, porventura, não fizer a prova por motivos relevantes, declinados 
prévia ou preteritamente ao professor, poderá fazer uma prova especial, a ser 
realizada em outra turma, impreterivelmente, até a entrega da correção da prova 
pelo professor. 
 
* Além das provas, espera-se do aluno a leitura prévia do conteúdo da disciplina 
todas as semanas. Faculta-se ao aluno apresentar um fichamento (resumo) do(s) 
texto(s) base correspondente(s) a cada uma das aulas, no qual deverá ser 
indicado o(s) texto(s) trabalhado(s) e seus aspectos essenciais (não há limite de 
páginas). O fichamento deverá ser manuscrito. Cada fichamento valerá 0,2 pontos 
- Prova 1: 22/04/2014 – Conteúdo: Aulas 2 a 7 
- Prova 2: 10/06/2014 – Conteúdo: Aulas 9 a 14 
- Trabalho: 24/06/2014 – Conteúdo: Aulas 16 e 17 
 
 9 
na nota da prova relativa ao seu conteúdo. Não serão recebidos fichamentos após 
a aula em que houver sido realizada a prova. 
 
Bibliografia Básica 
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio 
Mártires. Curso de direito constitucional. 6. ed. rev. atual. São Paulo, SP: Saraiva, 
2011. 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 37. ed., 
rev. e atual. São Paulo, SP: Saraiva, 2011. 
NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª ed. rev. e atual. Rio de 
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. 
 
 10 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
Nesta aula serão estudados os elementos que caracterizam a organização do 
Estado brasleiro Para tanto, será analisado o conceito de estado e as principais 
formas de Estado, com a análise da diferenças entre as principais expressões do 
estado unitário e do estado composto. Será dada ênfase ao conceito de 
confederação e de federação, bem como analisadas as possíveis classificações 
pertinentes ao tem da repartição de competências. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 11 
1 Elementos constitutivos do Estado 
A doutrina tradicional aponta três elementos constitutivos do Estado: I) 
povo, II) território; e III) governo soberano e independente, ou ainda, poder 
político, segundo alguns1. 
O povo é o elemento humano, cujo conceito abrange tanto aqueles que se 
acham no território como fora deste, no estrangeiro, mas presos a um 
determinado sistema de poder ou ordenamento normativo, pelo vínculo de 
cidadania. Nesses termos, o conceito de povo se confunde com o de cidadão. 
Cabe diferenciá-lo, todavia, do conceito de população, que engloba todas as 
pessoas presentes em um território em dado momento, incluindo-se estrangeiros 
e apátridas. Importante ainda distinguir o conceito de nação, que é usado para 
identificar os que nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e 
costumes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico 
de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais 
coletivos. 
O território é a base geofísica de exercício do Poder Político, bem como o 
limite jurídico de atuação por parte do Estado. É dentro do território de um país 
que se verifica a máxima efetividade da sua ordem jurídica, por se tratar do 
espaço onde a soberania é exercida. 
O governo, por sua vez, em sentido lato representa o conjunto de órgãos 
estatais realizadores das funções por intermédio das quais o Estado objetiva os 
seus determinados fins2. 
 
2 Formas de Estado 
As formas de Estado são diferenciadas a partir da distribuição espacial do 
poder político. Utilizando como critério o modo como o poder político é distribuído 
dentro de um território, os Estados costumam ser classificados em unitário ou 
compostos3. 
 
1
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 695. 
2
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 696. 
3
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 696. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 12 
 
2.1 Estado unitário (ou simples) 
Os Estados unitários (ou simples) têm como característica a centralização 
política e o monismo de poder. Existe apenas um centro de poder político 
responsável pela produção de normas jurídicas a serem observadas 
indistintamente por todo o território. Como conseqüência dessa unidade na 
produção normativa, verifica-se, a priori, a existência de um único órgão 
legislativo situado no Poder Central. 
Em grande parte dos Estados unitários, no entanto, ocorre uma 
descentralização político-administrativa. A descentralização administrativa visa 
assegurar uma relativa autonomia regional ou local com vistas a executar ou gerir 
algumas competências outorgadas pelo Poder Central. Na descentralização 
política, não apenasa execução das decisões políticas é descentralizada, mas a 
própria autonomia de governo e elaboração de leis. 
De acordo com o grau de centralização, o Estado unitário pode ser 
subdividido nas seguintes espécies: I) Estado unitário puro, no qual a absoluta 
centralização do poder o torna praticamente inviável, não havendo, desse modo, 
precedentes na história; II) Estado unitário descentralizado administrativamente, 
modelo adotado na maior parte dos países; e III) Estado unitário descentralizado 
política e administrativamente, como ocorre na Espanha, França e Portugal. 
As descentralizações recebem denominações diversas a depender do país, 
como departamentos (França), provinciais (Uruguai e China), comunidades 
autônomas (Espanha), Comunas (Itália) etc4. 
 
2.2 Estado composto 
O Estado composto é uma forma de Estado mais complexa, com várias 
exteriorizações ao longo da história, que emerge a partir da reunião de duas ou 
mais entidades políticas em um mesmo território. É possível inventariar quatro 
espécies de Estado Composto: I) união pessoal; II) união real; III) confederação; e 
IV) federação. 
 
 
4
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 697. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 13 
2.2.1 União pessoal e união real 
A união pessoal e a união real têm como características comuns a forma 
monárquica de governo e a convergência da linha dinástica de dois ou mais 
Estados soberanos em uma só pessoa. 
A distinção seminal entre elas reside na intensidade do vínculo formado 
entre os Estados soberanos. Na união pessoal, os Estados conservam sua 
soberania no plano interno e no plano internacional. O que os une, a rigor, é a 
ligação física com a pessoa do soberano. É caso da Inglaterra e Escócia, sob o 
governo de Jaime I (de 1603 até 1625), e de Espanha e Portugal, sob o governo 
de Felipe D´Áustria e Castela e Aragão (1516 até 1555)5. 
Na união real, os vínculos entre os Estados são mais intensos e definitivos. 
Em razão disso, verifica-se a existência de apenas uma pessoa jurídica de direito 
público internacional, na qual cada um dos Estados preserva sua autonomia 
administrativa6. 
 
2.2.2 Confederação 
A confederação consiste em uma associação de Estados nacionais 
soberanos, firmada por intermédio de um trato internacional, com vistas a 
estipular tarefas e objetivos comuns, como a garantia da segurança interna, a 
defesa do território confederal, além de outras expressamente pactuadas. 
Com efeito, a confederação exterioriza uma pessoa jurídica de Direito 
Público com seus membros dotados de soberania. Como consectário, os Estados 
titularizam o direito de secessão, podendo romper seus vínculos com os demais 
Estados ou simplesmente retirar-se de tal associação. Decorre desta 
característica o fato de que o vínculo existente entre os Estados em uma 
confederação é mais fraco que aquele que liga os entes autônomos em uma 
federação. 
Aos Estados é reservado, como corolário de sua soberania, o direito de 
nulificação, segundo o qual podem opor-se livremente às decisões do Parlamento 
 
5
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 697. 
6
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 698. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 14 
confederal, conhecido como Dieta. O Congresso Confederal é o único órgão 
comum a todos os Estados confederados, os quais possuem Poderes Executivo e 
Judiciário próprios. Por fim, os cidadãos em uma Confederação, detêm a 
nacionalidade dos respectivos Estados aos quais pertencem7. 
 
3 O federalismo em perspectiva histórica 
O federalismo tem as suas primeiras origens nos Estados Unidos. Surgiu 
como resposta à necessidade de um governo eficiente em vasto território, que, ao 
mesmo tempo, assegurasse os ideais republicanos que vingaram com a 
revolução de 1776. 
Para garantir a independência então conquistada, as antigas colônias 
britânicas firmaram um tratado de direito internacional, criando uma confederação, 
que tinha como objetivo básico preservar a soberania de cada antigo território 
colonial. 
Cada entidade componente da confederação retinha a sua soberania, o 
que enfraquecia o pacto. As deliberações dos Estados Unidos em Congresso nem 
sempre eram cumpridas, e havia dificuldades na obtenção de recursos financeiros 
e humanos para as atividades comuns. Além disso, a confederação não podia 
legislar para os cidadãos, dispondo, apenas, para os Estados. Com isso não 
podia impor tributos, ficando na dependência da intermediação dos Estados 
confederados. As deliberações do Congresso, na prática, acabavam por ter e 
eficácia de meras recomendações. Não havia, tampouco, um tribunal supremo, 
que unificasse a interpretação do direito comum aos Estados ou que resolvesse 
juridicamente diferenças entre eles. 
A confederação estava debilitada e não atendia às necessidades de 
governo eficiente comum do vasto território recém-libertado. A propósito de 
aprimorar a união entre os Estados redundou na original fórmula federativa, 
inscrita pela Convenção de Filadélfia de 1787 na Constituição elaborada, 
conforme se vê do próprio preâmbulo da Carta, em que se lê: “nós, o povo dos 
Estados Unidos, a fim de formarmos uma União mais perfeita...”. 
 
7
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 698. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 15 
Os antigos Estados soberanos confederados deixaram de ser soberanos, 
mas conservaram a sua autonomia, entregando a uma nova entidade, a União, 
poderes bastantes para exercer tarefas necessárias ao bem comum de todos os 
Estados reunidos. Passaram, por outro lado, a compor a vontade da União, por 
meio de representantes no Senado8. 
 
4 Características básicas do Estado Federal 
 
4.1 Soberania e autonomia 
A soberania, no federalismo, é atributo do Estado Federal como um todo. 
Os Estados-membros dispõem de outra característica – a característica da 
autonomia, que não se confunde com o conceito de soberania. 
A autonomia importa, necessariamente, descentralização do poder. Essa 
descentralização é não apenas administrativa, como, também, política. Os 
Estados-membros não apenas podem, por suas próprias autoridades, executar 
leis, como também é-lhes reconhecido elaborá-las. Isso resulta em que se 
perceba no Estado Federal uma dúplice esfera de poder normativo sobre um 
mesmo território; sobre um mesmo território e sobre as pessoas que nele se 
encontram, há a incidência de duas ordens legais: a da União e a do Estado-
membro. 
A autonomia política dos Estados-membros ganha mais notado relevo por 
abranger também a capacidade da autoconstituição. Cada Estado-membro tem o 
poder de dotar-se de uma Constituição, por ele mesmo concebida, sujeita embora 
a certas diretrizes impostas pela Constituição Federal, já que o Estado-membro 
não é soberano. 
É característico do Estado federal que essa atribuição dos Estados-
membros de legislar não se resuma a uma mera concessão da União, traduzindo, 
antes, um direito que a União não pode, a seu talante, subtrair das entidades 
federadas; deve corresponder a um direito previsto na Constituição Federal9. 
 
8
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 779. 
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 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada.São Paulo: Saraiva, 2013. p. 780. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 16 
 
4.2 Existência de uma Constituição Federal 
A Constituição Federal atual como fundamento de validade das ordens 
jurídicas parciais e central. Ela confere unidade à ordem jurídica do Estado 
Federal, com o propósito de traçar um compromisso entre as aspirações de cada 
região e os interesses comuns às esferas locais em conjunto. A Federação gira 
em torno da Constituição Federal, que é o eu fundamento jurídico e instrumento 
regulador10. 
O fato de os Estados-membros se acharem unidos em função de uma 
Constituição Federal, e não de um tratado de direito internacional, desgina fator 
diferenciador do Estado Federal com relação à confederação. 
Alguns autores sustentam, ainda, que a Constituição Federal deve ser 
rígida e que o princípio federalista deve ser cláusula pétrea, para prevenir que a 
União possa transformar a Federação em Estado unitário. 
É a Constituição Federal que explicitará a repartição de competências 
entre a ordem central e as parciais11. 
 
4.3 Repartição de competências previstas constitucionalmente 
Como no Estado Federal há mais de uma ordem jurídica incidente sobre 
um mesmo território e sobre as mesmas pessoas, impõe-se a adoção de 
mecanismos que favoreça a eficácia da ação estatal, evitando conflitos e 
desperdício de esforços e recursos. A repartição de competências entre as 
esferas do federalismo é instrumento concebido para esse fim. 
A repartição de competências consiste na atribuição, pela Constituição 
Federal, a cada ordenamento de uma matéria que lhe seja própria. 
As constituições federais prevêem, ainda, uma repartição de rendas, que 
vivifica a autonomia dos Estados-membros e os habilita a desempenhar as suas 
competências. Para garantir a realidade da autonomia dos Estados – e o mesmo 
vale para o Distrito Federal e para os Municípios – a Constituição regula, no 
 
10
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 780. 
11
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 781. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 17 
capítulo sobre o sistema tributário nacional, a capacidade tributária das pessoas 
políticas e descreve um modelo de repartição de receitas entre elas. Estados e 
Municípios participam das receitas tributárias por meio de fundos (art. 159, I, da 
CF) e de participação direta no produto da arrecadação de outras pessoas 
políticas (art. 157, 158 e 159, II, da CF). Dessa forma, propicia-se que Estados e 
Municípios com menor arrecadação possam, preservando a sua autonomia, 
enfrentar as demandas sociais que superam as receitas obtidas por meio dos 
tributos e da sua própria competência. Trata-se, também, de meio de proporcionar 
(781) melhor equilíbrio socioeconômico regional, atendendo-se ao propugnado 
pelo art. 3º., III, da Constituição. Esse quadro de opções estruturais insere o Brasil 
na modalidade cooperativa do Federalismo, afastando o país, sob este aspecto, 
do modelo clássico de Estado Federal. 
Vale observar que a Constituição brasileira dispõe também sobre 
repartição de receitas oriundas de impostos federais, favorecendo não somente 
os Estados, como, igualmente, aquinhoando os Municípios (art. 159, da CF). A 
Emenda à Constituição n. 55/2007 chega a especificar o momento (primeiro 
decêndio do mês de dezembro de cada ano) para a entrega do percentual devido 
ao Fundo de Participação dos Municípios. 
O modo como se repartem as competências indica que tipo de federalismo 
é adotado em cada país. A concentração de competências no ente central aponta 
para um modelo centralizador (também chamado centrípeto); uma opção pela 
distribuição mais ampla de poderes em favor dos Estados-membros configura um 
modelo descentralizador (ou centrífugo). Havendo uma dosagem contrabalançada 
de competências, fala-se em federalismo de equilíbrio. 
No direito comparado, as formulações constitucionais em torno da 
repartição de competências podem ser associadas a dois modelos básicos – o 
modelo clássico, vindo da Constituição norte-americana de 1787, e o modelo 
moderno, que se seguiu à Primeira Guerra Mundial. 
O modelo clássico conferiu à União poderes enumerados e reservou aos 
Estados-membros os poderes não especificados. 
O chamado modelo moderno responde às contingências da crescente 
complexidade da vida social, exigindo ação dirigente e unificada do Estado, em 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 18 
especial para enfrentar crises sociais e guerras. Isso favoreceu uma dilatação dos 
poderes da União com nova técnica de repartição de competências, em que se 
discriminam competências legislativas exclusivas do poder central e também uma 
competência comum ou concorrente, mista, a ser explorada tanto pela União 
como pelos Estados-membros. 
Outra classificação dos modelos de repartição de competências cogita das 
modalidades de repartição horizontal e de repartição vertical. 
Na repartição horizontal não se admite concorrência de competências entre 
os entes federados. Esse modelo apresenta três soluções possíveis para o 
desafio da distribuição de poderes entre as órbitas do Estado Federal. Uma delas 
efetua a enumeração exaustiva da competência de cada esfera da Federação; 
outra, discrimina a competência da União deixando aos Estados-membros os 
poderes reservados (ou não enumerados); a última, discrimina os poderes dos 
Estados-membros, deixando o que restar para a União12. 
Na repartição vertical de competência realiza-se a distribuição da mesma 
matéria entre a União e os Estados-membros. Essa técnica, no que tange às 
competências legislativas, deixa para a União os temas gerais, os princípios de 
certos institutos, permitindo aos Estados-membros afeiçoar a legislação às suas 
peculiaridades locais. A técnica da legislação concorrente estabelece um 
verdadeiro condomínio legislativo entre União e Estados-membros13. 
 
4.4 Participação dos Estados-membros na vontade federal 
Para que os Estados-membros possam ter voz ativa na formação da 
vontade da União – vontade que se expressa sobretudo por meio das leis -, 
historicamente, foi concebido o Senado Federal, com representação paritária, em 
homenagem ao princípio da igualdade jurídica dos Estados-membros. 
A existência de um Senado, composto por meio de representação paritária 
dos Estados-membros, serve, também, de contrapeso para o prestígio dos 
Estados mais populosos na Câmara dos Deputados. 
 
12
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 781. 
13
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 782-783. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 19 
Observa-se, entretanto, um afastamento das câmaras altas dos Estados 
federais dessa primitiva intenção motivadora da sua criação. Na medida em que 
os partidos, que são nacionais, galvanizam os interesses políticos, passam a 
deixar em segundo plano, também, os interesses meramente regionais, em favor 
de uma orientação nacional sobretudo partidária. 
Os Estados-membros participam da formação da vontade federal, da 
mesma forma, quando são admitidos a apresentar emendas à Constituição 
Federal14. 
 
4.5 Inexistência de direito de secessão 
Na medida em que os Estados-membros não são soberanos, é comum 
impedir que os Estados se desliguem da União – no que o Estado Federal se 
distingue da confederação. É freqüente, nos textos constitucionais, a assertivade 
ser indissolúvel o laço federativo (caso do art. 1º., da Constituição de 1988)15. 
 
4.6 Conflitos: o papel da Suprema Corte e a intervenção federal. 
Uma vez que não há o direito de secessão na fórmula federativa, os 
conflitos que venham a existir entre os Estados-membros ou entre qualquer deles 
com a União necessitam ser resolvidos para a manutenção da paz e da 
integridade do Estado como um todo. Assumindo feição jurídica, o conflito será 
levado ao deslinde de uma corte nacional, prevista na Constituição, com 
competência para isso. 
Falhando a solução judiciária ou não sendo o conflito de ordem jurídica 
meramente, o Estado Federal dispõe do instituto da intervenção federal, para se 
autopreservar da desagregação, bem como para proteger a autoridade da 
Constituição Federal. 
A intervenção federal importa a suspensão temporária das normas 
constitucionais asseguradoras da autonomia da unidade atingida pela medida16. 
 
14
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 783. 
15
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 783. 
16
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 783. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 20 
 
4.7 Requisitos para a manutenção do Estado Federal 
Conforme Marcelo Novelino, baseado na lição de Michel Temer, ao lado 
das características essenciais, existem requisitos para a manutenção de um 
Estado Federal, tais como a rigidez constitucional, a imutabilidade da forma 
federativa e a existência de órgãos encarregados de exercer o controle de 
constitucionalidade das leis17. 
 
5 Conceito abrangente de Estado Federal 
À vista dessas características essenciais do Estado Federal é possível 
estabelecer um conceito amplo desse ente. 
É correto afirmar que o Estado Federal expressa um modo de ser do 
Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado) em que se divisa uma 
organização descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida 
sobre uma repartição de competências entre o governo central e os locais, 
consagrada na Constituição Federal, em que os Estados federados participam 
das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. No Estado 
Federal, de regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um 
mecanismo de intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade 
física e da identidade jurídica da federação18. 
 
6 Por que os Estados assumem a forma federal? 
Os Estados assumem a forma federal tendo em vista razões de geografia e 
de formação cultural da comunidade. Um território amplo é propenso a ostentar 
diferenças e desenvolvimento de cultura e de paisagem geográfica, 
recomendando, ao lado do governo que busca realizar anseios nacionais, um 
governo local atento às peculiaridades existentes. 
 
17
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 700. 
18
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 783. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 21 
O federalismo tendo a permitir a convivência de grupos étnicos 
heterogêneos, muitas vezes com línguas próprias, como é o caso da Suíça e do 
Canadá. Atua como força contraposta a tendências centrífugas. 
O federalismo, ainda, é uma resposta à necessidade de se ouvirem as 
bases de um território diferenciado quando da tomada de decisões que afetam o 
país como um todo. A fórmula opera para reduzir poderes excessivamente 
centrípetos. 
Aponta-se, por fim, um componente de segurança democrática presente no 
Estado federal. Nele o poder é exercício segundo uma repartição não somente 
horizontal de funções – executiva, legislativa e judiciária -, mas também vertical, 
entre Estados-membros e União, em benefício das liberdades públicas19. 
 
7 Autonomia dos Entes Federativos 
A autonomia consiste na capacidade de autodeterminação dentro de certos 
limites constitucionalmente estabelecidos. Em seu aspecto primordial, significa a 
edição de normas próprias – do grego autos (próprio) + nomos (norma). 
Noção característica dos Estados nos quais o ordenamento jurídico é 
dividido em domínios parcelares, a autonomia pressupõe uma zona de 
autodeterminação (propriamente autônomo) restringida por um conjunto de 
limitações e determinantes jurídicas extrínsecas (heterônomo) 
Diferencia-se, portanto, do conceito de soberania, compreendida como 
uma capacidade de autodeterminação incondicionada por determinantes jurídicas 
à vontade do povo. Não é correto afirmar, portanto, que a União é detentora do 
atributo da soberania, apesar de exercê-lo externamente em nome do Estado 
Federal. Enquanto ente central que se diferencia dos entes regionais e locais, a 
União representa o Estado Federal no exterior, tento em vista que o chefe do ente 
central e do ente global é o mesmo (Presidente da República). No entanto, ao 
atuar como ente global no plano externo, suas competências são distintas 
daquelas que lhe foram atribuídas para atuar como ente central no plano interno. 
Neste, assim como ocorre em relação aos demais integrantes do pacto federativo, 
 
19
 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 784. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 22 
a União possui apenas autonomia, sendo suas competências delineadas no texto 
constitucional. 
A autonomia das entidades federativas pode ser desdobrada em quatro 
predicados: I) autogoverno; II) auto-organização; III) autoadministração; e IV) 
autolegislação. 
O autogoverno consiste na capacidade conferida aos entes federativos 
para escolher os representantes de seus poderes Executivo e Legislativo. 
Auto-organização é a capacidade de cada ente federativo de elaborar suas 
Constituições – no caso dos Estados – ou Leis Orgânicas – no caso dos 
Municípios e do Distrito Federal. Neste particular, não se deve olvidar a 
singularidade do caso brasileiro que atribui aos Municípios a condição de ente 
federativo, inovação introduzida pela Constituição de 1988. 
A autoadministração refere-se à capacidade conferida aos entes 
federativos para gerir, de forma autônoma, as competências constitucionais que 
lhes forem outorgadas, da maneira que melhor lhes aprouver, desde que não 
ponham em risco o pacto federativo. Relaciona-se, portanto, com a execução 
fática das competências constitucionalmente atribuídas. 
Autolegislação consiste na competência para editar as próprias leis, dentro 
dos limites delineados pela Lei Fundamental20. 
 
9 Tipos de federalismo 
O federalismo costuma ser classificado a partir de critérios diversos, sendo 
que, muitas vezes, uma mesma denominação é utilizada para designar diferentes. 
A seguir serão analisadas algumas das classificações mais conhecidas. 
 
9.1 Ferderalismo por agregação e por desagragação 
Quanto ao surgimento ou quanto à origem, o federalismo classifica-se em 
federalismo por agregação e federalismo pode desagregação (por segregação) 
Nesta classificação, o critério utilizado é o tipo de movimento responsável 
pelo surgimento do Estado Federal. 
 
20
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 701. 
Aula 2 – Organizaçãodo Estado 
 
 23 
O federalismo por agregação surge quando Estados soberanos cedem 
uma parcela de sua soberania para formar um ente único (movimento centrípeto). 
Estes Estados-membros passam, assim, a ser dotados de autonomia. O Estado 
resultante da extinção de Estados soberanos agregados como entes autônomos 
também é denominado Estado perfeito ou por associação ou por aglutinação. 
Podem ser mencionados, como exemplo de federalismo centrípeto, os modelos 
norte-americano, alemão e suíço, cujo nome oficial (Confederação Helvática) 
ilustra bem a origem de seu federalismo. 
Quando a federação é fruto de descentralização política de um Estado 
Unitário (movimento centrífugo), surge um federalismo por segregação ou 
desagregação, do qual se originam Estados denominados de imperfeitos ou por 
dissociação. Estes são os casos, por exemplo, do Estado brasileiro, do Estado 
belga e do Estado austríaco. 
A federação brasileira resultou de um movimento de desagregação, no 
qual as províncias foram transformadas em Estados-membros unidos de forma 
indissolúvel pelo Decreto nº. 1, de 15-11-1889, que também instituíra a República. 
A primeira Constituição a consagrar o federalismo foi a Constituição Republicana 
de 189121. 
 
9.2 Federalismo dual, de integração e de cooperação 
Quanto à repartição de competências o federalismo classifica-se em 
federalismo dual (dualista), federalismo de integração e federalismo de 
cooperação 
O critério adotado para a distinção entre o federalismo dual, o de 
integração e o de cooperação é a forma de distribuição das competências entre 
os entes federados. 
O federalismo dualista (ou dual) caracteriza-se pela repartição horizontal 
de competências constitucionais entre a União e os Estados, estabelecendo-se 
uma relação de coordenação, como no federalismo clássico norte-americano dos 
 
21
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 702. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 24 
séculos XVIII e XIX22. Neste modelo a distribuição de competências se dá de 
maneira estanque, inexistindo áreas de atuação comuns ou concorrentes entre os 
entes.Aos Estados-membros são atribuídas as competências remanescentes. 
Trata-se de um modelo de federação consentâneo com o Estado Liberal, em que 
a atuação estatal é bastante reduzida. Com efeito, essa separação absoluta de 
competências somente se torna viável com pouca intervenção e regulação 
estatal, sobretudo nos domínios sociais e econômicos. Neste particular, o 
federalismo dual obstaculizaria a atuação mais intensa em tais setores, 
respeitando o laissez-faire econômico. 
O federalismo de integração tem como nota característica a sujeição dos 
Estados federados à União. Adota-se uma relação de subordinação entre os 
entes federativos, decorrente do fortalecimento do poder central. Embora 
nominalmente federação, este modelo em muito se aproxima do Estado Unitário 
descentralizado, na medida em que existe essa relação de dependência e de 
subordinação dos entes regionais em face da União. 
Na tentativa de minorar as dificuldades advindas da distribuição de 
competências em um Estado Federal e de estabelecer uma “fórmula geral” para 
melhor cooperação entre os entes federativos, desenvolveu-se a noção de um 
federalismo de cooperação ou cooperativo. A idéia de competências verticais é 
veiculada pelo exercício coordenado das competências, sob a tutela da União, 
com o objetivo de tornar mais eficiente o desempenho das tarefas públicas, por 
meio da colaboração entre as pessoas estatais. Este modelo se justifica a partir 
de uma alteração de paradigma acerca da atuação do Estado. A atitude 
absenteísta, típica do Estado Liberal, cede passagem para uma atuação 
intervencionista, característica do Estado de Bem-Estar social ou Estado 
Providência. Neste novo paradigma, o Estado pasa a atuar em áreas que até 
então não lhe competiam, como legislar sobre relações de trabalho, sobre o 
domínio econômico e social etc. Como conseqüência, e ante a complexidade as 
novas atribuições estatais, o federalismo de cooperação estabelece áreas de 
 
22
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 703. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 25 
atuações comuns e concorrentes entre as suas entidades, de modo a concretizá-
las, ao menos idealmente, de maneira satisfatória23. 
 
9.3 Federalismo centrípeto, centrífugo e equilibrado 
Quanto à concentração do poder, classifica-se em federalismo centrípeto 
(centralizador), federalismo centrífugo (descentralizador) e federalismo 
equilibrado. 
Esta classificação diferencia o tipo de federalismo a partir da análise da 
maior ou menor concentração de poder no ente central (União) ou entes 
periféricos (Estados-membros)24. 
O federalismo centrípeto (ou centralizador) se caracteriza pelo 
fortalecimento do poder central decorrente da predominância de atribuições 
conferidas à União. A tendência de centralização verificável nas federações 
decorre da convivência entre o princípio unitário e o princípio federal, haja vista 
que esta forma de Estado é, simultaneamente, um Estado e uma federação de 
Estados. 
O federalismo descentralizador (ou centrífugo) é resultante de uma reação 
à centralização excessiva do ente central com a finalidade de preservar o poder 
atribuído aos Estados-membros, conferindo-lhes maior autonomia financeira, 
administrativa, política e jurídica. 
O federalismo de equilíbrio prioriza a conciliação entre integração e 
autonomia, unidade e diversidade. Busca-se uma relação mais harmoniosa e 
equânime por meio de uma repartição equilibrada de competências entre o ente 
central e os entes periféricos. 
No que se refere ao perfil da federação brasileira, embora a Constituição 
de 1988 tenha atribuído maior grau de autonomia aos Estados-membros, muitos 
consideram persistir um federalismo afetado pela excessiva centralização 
espacial do poder em torno da União25. 
 
23
 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 703. 
24
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25
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MÉTODO, 2013, p. 704. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
 26 
 
d) quanto à homogeneidade na distribuição de competências: federalismo 
simétrico (homogêneo) e federalismo assimétrico (heterogêneo) 
Sob o ponto de vista interno, as designações simetria e assimetria costuma 
ser empregadas com referência à homogeneidade fática e jurídica dos entes 
federativos de mesmo grau. 
A simetria fática se revela quando há a ocorrência de uma homogeneidade 
na realidade subjacente ao ordenamento jurídico, sobretudo em aspectos 
relacionados à cultura, à língua e ao desenvolvimento entre regiões. É o que 
ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos da América, paradigma de federalismo 
simétrico26. 
A simetria jurídica ocorre quando se verifica a existência de um equilíbrio 
na distribuição de competências entre os entes federativos pela Constituição. O 
grau de autonomia conferido a um deles em nada se difere do atribuído aos 
demais entes do mesmo grau. Assim, os entes de um mesmo nível possuem 
idêntico regime jurídico. 
Na assimetria cada unidade federada possui características que 
diferenciam seu relacionamento para com o sistema federal e para com os 
demais entes da federação. 
A assimetria fática decorrente de aspectos socioculturais ou econômicos 
requer uma adaptação jurídicado sistema federativo às diversidades empíricas. 
Países nos quais o multiculturalismo é um traço social marcante – como Suíça e 
Canadá – necessitam de uma boa dose de assimetria jurídica para acomodar os 
interesses de realidades tão heterogêneas. Por essa razão, algumas regiões 
possuem mais autonomia do que outras. Do mesmo modo, a assimetria no plano 
econômico e social impõe uma relativa assimetria no tratamento jurídico, a fim de 
que as desigualdades existentes possam ser minimizadas. 
Sob o prisma da ordem interna, a Constituição brasileira de 1988 adotou 
um federalismo simétrico, na medida em que atribuiu o mesmo regime jurídico 
aos entes federativos de mesmo grau dentro de sua esfera de atuação. Nesse 
sentido, os Estados-membros foram dotados das mesmas competências (CF, art. 
 
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 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 704. 
Aula 2 – Organização do Estado 
 
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25), assim como ocorreu em relação aos Municípios (CF, art. 30). É possível 
identificar, no entanto, regras assimétricas em dispositivos que reconhecem as 
diferenças e buscam o equilíbrio ou a diminuição das desigualdades regionais 
(CF, art. 3º., III; 43; 151, I, e 159, I, c)27. 
 
 
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 NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
MÉTODO, 2013, p. 706. 
 
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Aula 3 – União Federal 
 
Nesta aula estudaremos a União Federal. Serão abordadas suas principais 
características, suas competências, a diferenças entre leis nacionais e federais, 
bem como os bens de tal ente federativo. 
 
Aula 3 – União Federal 
 
 
 29 
1 Considerações gerais 
A União é uma pessoa jurídica dotada de capacidade política existente 
apenas em Estados federais. Criada a partir de uma aliança entre Estados, possui 
competência para atuar tanto em nome próprio (e.g., emissão de moeda), como 
em nome da federação (e.g., maner relações com estados estrangeiros, declrar 
guerra ou celebrar paz). Nesse sentido, pode-se falar na existência de um ente 
global, represenatnte do Estado Federal, e de um ente central, em contraposição 
aos entes locais, ambos titularizados pela Uniõa. A União é uma pessoa jurídica 
de direito público interno que não se confunde com a República Federativa do 
Brasil. Esta é pessoa jurídica de direito público internacional formada pela união 
dos Estados, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 1º). A União, assim como os 
demai entes que compõem a federação brasileiras, possui apenas autonomia. No 
plano internacional, porém, exerce as atribuiçoes decorrentes da soberania do 
Estado brasileiro28. 
 
 
2 Competências 
A competência consiste na capacidade jurídica de agir atribuída aos entes 
estatais, seja para editar normas primárias capazes de inovar o ordenamento 
jurídico (competências legislativas), seja para executar atividades de conteúdo 
individual e concreto, previstas na lei, voltadas à satisfação do interesse píublico 
(competências administrativas). A Constituição de 1988 atribui à União 
competências legislativas exclusivas, privativas, concorrentes e para estabelecer 
diretrizes gerais. 
 
2.1 Competências legislativas exclusivas 
A competência exclusiva, segundo o entendimento da doutrina tradicional, 
é aquela atribuída a apenas um determinado ente de federação e que se 
caracteriza por ser indelegável e não admitir competência suplementar. 
Não obstante a Constituição enunciar expressamente como exclusivas 
apenas as competências do Congresso Nacional a serem regradas mediante 
 
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MÉTODO, 2013, p. 722. 
Aula 3 – União Federal 
 
 
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decreto legislativo (CF, art. 49), também são desta espécie as matérias de 
competência da União a serem regulamentadas por lei (CF, art. 48), bem como as 
competências da Câmara dos Deputados (CF, art. 51) e do Senado (CF, art. 52), 
regulamentáveis por resolução29. 
 
2.2 Competências legislativas privativas 
Diversamente, a competência privativa pode ser objeto de delegação. 
Inspirada no modelo germânico, a Constituição permitiu que a União, por lei 
complementar, autorize os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias de sua competência privativa (CF, art. 22, parágrafo único). 
Nada obstante isso, caso inexista lei complementar por parte da União 
autorizado os Estados-membros e o Distrito Federal a legislar sobre questões 
específicas, a Suprema Corte declara a inconstitucionalidade da norma estadual 
ou distrital, ao fundamento de usurpação de competência da União 
(inconstitucionalidade formal orgânica). 
Nesse sentido, o STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que 
instituíra a obrigatoriedade de instalação de cinto de segurança em veículo de 
transporte coletivo, tendo em vista que trânsito e transporte sõa matérias 
integrantes da competência legislativa privativa da União (CF, art. 22, XI)30. 
Por entender ser matéria típica de Direito Civil (art. 22, I), o STF também 
declarou a inconstitucionalidade de lei do Estado de Pernambuco que fixava data 
do vencimento das mensalidades escolares31. 
 
Competências legislativas concorrentes 
A competência concorrente é aquela que pode ser execida 
simultanemaente por mais de um ente federativo. 
No caso da competência legislativa concorrente atribuída à União, Estados 
e Distrito Federal (CF, art. 24), cabe à União estabelecer as normas gerais (CF, 
 
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Aula 3 – União Federal 
 
 
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art. 24, §1º.). Outrossim, foi atribuída à União a competência para estabelecer 
normas gerais sobre: I) organização, efetivos, material bélico, garantias, 
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares 
(CF, art. 22, XXI); e II) licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, empresas públicas e sociedades de economia mista 
(CF, art. 22, XXVII). 
 
2.3 Competência legislativa para estabelecer diretrizes gerais 
Inspirada no direito alemão, a competência atribuída a União para 
estabelecer leis de diretrizes gerais encontra-se espalhada pelo texto 
constitucional (CF, art. 21, XX e XXI; CF, art. 22, IX e XXIV; CF, art. 174, §1.º, e 
CF, art. 182). A finalidade de uma lei de diretrizes gerais é apontar e delimitar as 
alternativas a serem adotadas para a regulação de determinadas matérias. Desse 
modo, as leis de diretrizes gerais não são, em princípio, aplicáveis diretamente 
aos casos concretos, por necessitarem de uma lei específica (estadual, distrital ou 
municipal) para a regulação das hipóteses traçadas por elas. 
 
2.4 Competências administrativas ou materiais 
A competência administrativa pode ser definida como a capacidade de 
execuçao das atividades de conteúdo individual e concreto, previstas na lei, 
voltadas à satisfaçaõ do interesse público. A sistemática de repartição de 
competências administrativas seguiu fielmente o modelo dualista norte-
americano, adotado como base o princípio da execução direta pela pessoa 
competente para legislar sobre o tema. 
Dentre as competências enumeradas,a União possui competências 
administrativas comuns com os demais entes da Federação (CF, art. 23) e 
exclusivas (CF, art. 21)32. 
 
2.5 Competência tributária da União 
 
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Aula 3 – União Federal 
 
 
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A União possui as seguintes competências tributárias: a) exclusiva (CF,art. 
153); b) residual, podendo instituir, mediante lei complementar, impostos não 
cumulativos e que não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos 
discriminados na Constituição (CF, art. 154, I); c) extraordinária, no caso de 
guerra externa ou de sua iminência (CF, art. 154, II); e, d) concorrente, para a 
instituição de taxas e contribuições de melhoria (CF, art. 145, II, e III)33. 
 
3 Leis nacionais e leis federais 
Parte da doutrina faz uma distinção entre leis nacionais e federais. 
As leis nacionais expressam a vontade da Federação, aplicando-se a todos 
os entes estatais, como ocorre com boa parte do Código Tributário Nacional (Lei 
5.172/1966) ou com o Código civil (Lei 10.406/2002)34.Elas alcançam todos os 
habitantes do território nacional e outras esferas da Federação35. 
As leis federais, por sua vez, exteriorizam a vontade da União, enquanto 
pessoa jurídica de direito público interno, como no caso do Regime Jurídico dos 
Servidores Públicos Civils da União (Lei 8.112/1990) e a Lei do Processo 
Administrativo Federal (Lei 9.784/1999)36.Estas incidem sobre os jurisdicionados 
da União, com os servidores federais e o aparelho administrativo da União37. 
 
4 Bens da União 
A União tem bens próprios, definidos na Constituição federal (art. 20)38. 
Os bens públicos pertencentes à União podem ser agrupados em três 
categorias. Os de uso comum são aqueles que permitem o livre acesso e a 
utilização de todos. Os bens de uso especial destinam-se à utilização da 
Administração Pública e ao funcionamento do governo fedeal. Por sua vez, 
 
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MÉTODO, 2013, p. 734-735. 
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MÉTODO, 2013, p. 734-735. 
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 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 785. 
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MÉTODO, 2013, p. 734-735. 
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 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 785. 
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 MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 8ª 
ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 785. 
Aula 3 – União Federal 
 
 
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dominicais (ou dominiais) são os bens passíveis de alienação, porquanto têm 
natureza jurídica semelhante à dos bens privados. Não são afetos a uma 
atividade pública, enm são de uso comum do povo. 
As terras dovolutas são bens públicos dominicais e somente pertencerão à 
União quando indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, definidas em lei (CF, art. 20, II). Do contrário, as terras devolutas 
pertencerão aos Estados-membros, salvo se tiverem sido trespassadas aos 
Municípios. O Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União está 
disciplinado pela Lei 6.383/1976. 
Outro relevante conceito é o de faixa de fronteira, a qual se estende até 
150 quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres (CF, art. 20, §2º.). A 
regulamentação deste espaço está disciplinada na Lei 6.634/1976. 
Algumas definições dos bens da União encontram-se previstas na Lei 
8.617/1993, a saber: 
I) mar territorial: compreende uma faixa de 12 milhas marítimas de 
largura, medidas a partir da linha de baixa mar do litoral 
continental insular, tal como indicada nas cartas náuticas da 
grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (art. 1º); 
II) zona contígua: compreende uma faixa que se estende das 12 às 24 
mulhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que 
servem para medir a largura do mar territorial (art. 4º) 
III) zona econômica exclusiva: compreende uma faixa que se estende 
da 12 a 200 milhas máritimas, contadas a partir das linhas de base 
que servem para medir a largura do mar territorial (art. 6º.); 
IV) plataforma continental: compreende o leito e o subsolo das áreas 
submarinas que se estendem além do seu mar terriotiral, emt oda 
a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até 
o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 
duzentas milhar marítimas das linhas de base, a partir das quais 
se mede a largura do mar terriotiral, nos casos em que o bordo 
exterior da margem continental não atinja essa distância (art. 11). 
Aula 3 – União Federal 
 
 
 34 
 
No tocante à plataforma continental e à zona econômica exclusiva, são 
bens da União apenas os recursos naturais que neles se encontram39. 
 
 
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MÉTODO, 2013, p. 736. 
 
 
 35 
Aula 4 – Estados-membros 
 
Nesta aula serão estudados os Estados-membros. Analisaremos as princpais 
características dos Estados membros, bem como os elementos principais de sua 
autonomia. Nessa perspectiva, será estudado o princípio da simestria, bem como 
os aspectos do Poder Legislativo e do Poder Executivo em âmbito estadual.
Aula 4 – Estados-membros 
 
 
 36 
1 Aspectos gerais 
Os Estados têm governo e bens próprios, desempenhando as funções dos 
três poderes estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário40. 
Na federação, oes Estados-membros participam do exercício da soberania 
e concorem para a formação da vontade do Estado Federal, que é o ente 
soberano e único com reconhecimento na ordem jurídica internacional. As 
competências titularizadas pr esses entes fedeativos são atribuídas diretamenet 
pela constituição, diversamente do que ocorre nos Estados unitários, nos quais a 
esfera de autonomia é determinada pelo ente central. 
A Constituição de 1988 atribuiu aos Estados-membros capacidade de auto-
organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração41. 
 
2 Auto-organização 
O poder constituinte originário, ao adotar a opção federalista, confere aos 
Estados-membros o poder de auto-organização das unidades federas. Estas, 
assim, exercem um poder constituinte, que não se iguala, entretanto, ao poder 
constituinte originário, já que é criatura deste e se acha sujeito a limitação de 
conteúdo e de forma. 
O poder constituinte do Estado-membro é, como o de revisão, derivado, 
por retirar a sua força da Constituição Federal, e não de si próprio. A sua fonte de 
legitimidade é a Constituição Federal. 
No caso da Constituição Federal em vigor, a previsão do poder constituinte 
dos Estados acha-se no art. 25 (“os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”) 
e no art. 11 do ADCT. Sendo um poder derivado do poder constituinte originário, 
não se trata de um poder soberano, no sentido de poder dotado de capacidade de 
autodeterminação plena. O poder constituinte dos Estados-membros é, isto sim, 
expressão da autonomia desses entes, estando submetido a limitações, impostas 
heteronomamente, ao conteúdo das deliberações e à forma como serão tomadas.

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