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Artigo Teoria da Contabilidade (traduzido)

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Resumo 
Apesar da crescente importância do Brasil, houve pouca documentação sobre o desenvolvimento da contabilidade e sobre as influências formativas significativas envolvidas. Este artigo explora as influências significativas na contabilidade brasileira e o caminho para a adoção de Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS). Várias influências importantes são enfatizadas: a teoria da equidade da escola de contabilidade italiana no início do século XX; O nascimento da profissão de contabilidade brasileira em 1931 e a associação de contadores certificados em 1946; O impacto do comércio dos EUA e da contabilidade americana na década de 1950; E as altas taxas de inflação ocorridas desde o início da década de 1960. A contabilidade brasileira moderna teve seu início na década de 1970 com o desenvolvimento do mercado de ações, as reformas do sistema financeiro e a diminuição das influências fiscais na contabilidade. O processo de globalização e a necessidade de contabilidade brasileira para convergir com a contabilidade internacional levaram à decisão de adotar as IFRS em 2007.
Introdução
O Brasil é uma das economias emergentes de mais rápido crescimento do mundo. Espera-se que ultrapasse tanto a Grã-Bretanha quanto a França até 2050 e passar para o quarto lugar no ranking das economias mundiais (PWC, 2011). Como um dos países do BRIC (a sigla da mídia do Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é um jogador cada vez mais importante no cenário econômico mundial - como evidenciado pela recente adesão ao G-20. Até o início dos anos 90, era visto como uma economia que possuía recursos enormes, mas que não possuía estrutura para proporcionar sucesso a longo prazo. A inflação há muito tempo fora de controle, mas as medidas tomadas na década de 1990 superaram essas dificuldades. Neste ambiente de estabilidade econômica e com a inflação sob controle, houve uma grande mudança na Mercados de capitais brasileiros com forte desenvolvimento institucional e regras para melhorar a governança corporativa. Para apoiar o desenvolvimento dos mercados de capitais, a decisão foi tomada para se afastar de um sistema de relatório financeiro nacional e global. A convergência gradual das normas contábeis brasileiras com as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) começou em 2006 para intermediários financeiros sob a supervisão do Banco Central e em 2008 para empresas públicas com prazo de 2010 para convergência total. Em janeiro de 2010, foi assinado um Memorando de Entendimento entre os órgãos contábeis brasileiros relevantes e o International Accounting Standards Board (IASB), que confirmou o final de 2010 como data-alvo para a convergência total.2 Apesar da crescente importância do Brasil, tem Foi pouca documentação de como a contabilidade se desenvolveu e sobre as influências formativas significativas envolvidas. Este artigo procura retratar o desenvolvimento da contabilidade No Brasil, nomeadamente as influências significativas que ocorreram no século 20 e o caminho para a adoção de IFRS. Está organizado da seguinte forma. "As influências significativas que levam à seção de contabilidade brasileira moderna identificam os principais impulsionadores do desenvolvimento contábil: nos primeiros anos do século 20, a influência da teoria da equidade da escola de contabilidade italiana na contabilidade brasileira; O nascimento da profissão de contabilidade moderna em 1931 e a formação em 1946 da associação de contabilistas certificados (Conselho Federal de Contabilidade); A mudança no pensamento contábil na década de 1950 como conseqüência do comércio com os EUA; As elevadas taxas de inflação ocorridas desde o início da década de 1960, que levaram a contribuições brasileiras para métodos contábeis de inflação. A seção "Contabilidade brasileira na área moderna" explora a contabilidade moderna do Brasil, que tem início na década de 1970, com o desenvolvimento do mercado de ações e as reformas do sistema financeiro. Neste período houve uma diminuição da influência tributária na contabilidade e uma influência aumentada da escola americana de contabilidade. Em 2005, o processo de globalização e a necessidade de práticas contábeis brasileiras para convergir com a contabilidade internacional levaram à decisão de adotar as Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS) emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Na última seção do trabalho, as principais conclusões do estudo são apresentadas.
As influências significativas que levaram à moderna contabilidade brasileira 
A influência italiana no pensamento contábil brasileiro 
No final do século XIX, havia necessidade de introduzir contabilidade para gestão de negócios associada ao forte desenvolvimento econômico que estava ocorrendo em São Paulo, especialmente como um Consequência da expansão da indústria do café e seu efeito multiplicador nas atividades urbanas. Foram criadas novas escolas que ofereciam um diploma de contabilidade que certificava profissionais de contabilidade: em 1894, Escola Politécnica de São Paulo e em 1902, a Escola Prática de Comércio (Rodrigues, Schmidt, Fonseca e Santos, 2011). Neste novo contexto acadêmico, Francisco D'Áuria (1884-1958) foi responsável pela introdução do pensamento contábil italiano no Brasil. Em 1912, foi publicada a primeira edição da Revista Brasileira de Contabilidade (em junho de 1922, substituída pela Revista Paulista de Contabilidade). Este Diário foi inspirado pelo Jornal Italiano de Contabilidade e foi uma iniciativa de Horace Berlinck, Carlos Carvalho Costa Sampaio e Francisco D'Áuria (Sá, 2008). Na época, a contabilidade brasileira foi influenciada pelos teóricos da equidade italiana para quem a contabilidade não era apenas uma área profissional que visa dar o valor justo e verdadeiro de ativos e passivos, mas uma ciência, com suas próprias leis e princípios, e um objetivo de estudar e interpretar os ativos líquidos. O foco da teoria da equidade da escola italiana era doutrinário e teórico. Além disso, nesse período foram criados vários órgãos contábeis (Ricardino, 2000). Eles eram importantes para iniciar uma profissão de contabilidade organizada. Em 1921, o Instituto Paulista de Contabilidade (Instituto Paulista de Contabilidade) e o Instituto Brasileiro de Contabilidade foram fundados em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Em 1924, realizou-se o primeiro congresso contabilístico brasileiro no Rio de Janeiro, e o tema principal foi a profissionalização da contabilidade (De Rocchi, 2007). Em 26 de junho de 1926, através do decreto 17390, conhecido como Regulamento Souza Reis, foi aprovado um novo regulamento do imposto de renda. É considerado o evento mais importante na história do imposto sobre o rendimento no Brasil e esteve em vigor durante o período mais longo, até sua substituição em 1976. Também marcou o primeiro passo no processo de legislação tributária impactando as práticas contábeis no Brasil (Assis, 1998, p. 30), outra influência da contabilidade europeia ou continental em que as regras contábeis são influenciadas por impostos e baseadas em leis (Nobes & Parker, 2004). Corporatismo e nascimento da profissão moderna de contabilidade no Brasil. A Revolução Brasileira de 1930 levou Getúlio Vargas ao poder. Ele governou o Brasil até 1945, primeiro como presidente provisório (1930-1934), então como presidente constitucionalmente eleito (1934-1937) e, finalmente, como ditador do Estado Novo pseudo-fascista (Estado Novo) (1937-1945) (Bak, 1983, página 255). Vargas voltou ao poder em 1951, quando começou um novo termo de 3 anos. O presidente '' corporatist3 '', presidente Vargas, considerou a responsabilidade do novo regime se unir aos elementos do trabalho e da produção e coordenar, através do governo, o treinamento de técnicos contábeis para o Brasil que "nós realmente precisamos" (Vargas, 1938 , Pág. 106). O compromisso de Vargas com a industrialização e a substituição de importações criou um impulso para o desenvolvimento da contabilidade. Contadores mais realizados
também eram necessários para ajudar o governo federal a supervisionar a cobrança de impostos. Por conseguinte, considerou-se necessário regular a profissão contábil. Isso aconteceu em 9 de julho de 1931, mediante a publicação do decreto 20158 no Diário Oficial da União (que também reformou estudos comerciais técnicos). O governo emitiu regulamentos profissionais que forneceram o quadro para o estabelecimento e monitoramento de uma profissão de contabilidade certificada. Para se tornar um contador certificado, era necessário ter graduado de uma escola autorizada com diploma validado pela Superintendência do Ensino Comercial (Título III do decreto 20158). A prática profissional dos contadores foi subsequentemente regulada por uma rede de conselhos federais e regionais patrocinados por profissionais, criados em 1946.
A consciência da necessidade de gerar informações contábeis confiáveis ​​surgiu. Na década de 1930, o governo Vargas procurou regular os preços dos serviços públicos (Bastos, 2006, página 258). Seu nacionalismo econômico visava o desenvolvimento de setores econômicos básicos e determinou que os preços deveriam ser estabelecidos ao custo, ou seja, considerando custos operacionais incluindo depreciação (Bastos, 2006, p.258). Isso foi importante para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil, uma vez que requer mais contabilistas profissionais. Em 1932, o decreto 21033 exigia que os livros e documentos contabilísticos fossem assinados por um contador certificado para lhes conferir status legal. Para satisfazer o aumento resultante da demanda por contabilistas, este decreto também estabeleceu diferentes caminhos para a certificação. O registro como contador certificado na Superintendência do Ensino Comercial pode ser alcançado através da graduação de uma escola autorizada; Aprovando exames para se qualificarem como guarda-livros; Ensino de contabilidade nas escolas de comércio; Publicação de estudos contábeis considerados importantes pelo Conselho Consultivo de Educação Comercial (Conselho Consultivo do Ensino Comercial); E atuando como profissionais contábeis que assinaram documentos contábeis antes de 9 de junho de 1931. Vargas iniciou o processo de padronização de relatórios financeiros em 1937 com a aprovação de padrões para as Ferrovias do Brasil (De Rocchi, 2007). O Decreto 1168 de 1939 tornou obrigatória a apresentação anual do balanço patrimonial, em 31 de dezembro, por todas as empresas que pagam imposto sobre o rendimento. Isso padronizou a data de entrega de informações anuais (Rodrigues et al., 2011). O Brasil então enfrentou um período de crescimento econômico. O número de empresas de fabricação aumentou de 13.336 em 1920 para 40.983 em 1939 e para 82.164 em 1949.4 Eles operavam basicamente em alimentos e bebidas, madeira e papel, móveis, têxteis, roupas e calçados, produtos de minerais não metálicos e indústrias metalúrgicas. Em 1939, o Brasil exportou principalmente para os EUA, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Japão e Argentina.5 Várias das novas empresas comerciais e industriais criadas na época eram corporações de responsabilidade limitada. Neste contexto de expansão, uma nova lei de sociedades anônimas foi emitida pelo decreto 2627 em 1940. No entanto, esta lei pode ser atribuída não só às necessidades econômicas desse período, mas também ao fato de o pensamento contábil brasileiro estar se desenvolvendo como resultado de fortes influências europeias, especialmente a escola de pensamento em contabilidade italiana (Sá, 2008). Este decreto foi baseado em Francisco D'Áuria Documento apresentado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade em 1924 (Sá, 2008) .6 Pela primeira vez, foram criadas várias regras para padronizar os procedimentos de relatório financeiro para avaliação de ativos e verificação da distribuição de lucros, criação de reservas, E para novos padrões de publicação de balanços e demonstrações de ganhos e perdas. Essas regras foram fundamentais para a padronização de relatórios financeiros no Brasil. Eles influenciaram o ensino e práticas contábeis por 35 anos (antes de serem substituídos em 15 de dezembro de 1976 com outra lei de sociedades anônimas, 6404). Ao longo deste período, várias mudanças foram feitas pelo Governo para melhorar a legislação sem alterar sua filosofia básica com o objetivo de melhorar a cobrança de impostos. Por exemplo, o decreto 4178 de 1942 definiu o conceito de lucro real e listou os documentos necessários e as demonstrações contábeis necessárias para suportar o cálculo do imposto de renda. As práticas contábeis estavam intimamente ligadas às regras de impostos com pouca escolha contábil. A preocupação com a padronização não se restringiu ao setor privado. No mesmo ano, o decreto 2416 estabeleceu normas para a elaboração dos relatórios financeiros dos estados e das regiões. Determinou o formato dos balanços no setor público. Além de estabelecer a ligação entre contabilidade financeira e orçamentação, este decreto consolidou vários conceitos importantes em termos de orçamento (por exemplo, a necessidade de calcular o custo dos serviços). Também forneceu orientação para o controle de recursos antecipados no orçamento por função. Mais tarde, foi melhorado em 1964 quando a lei 4320 foi emitida. No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, várias áreas do conhecimento, incluindo a contabilidade, foram reconhecidas como exigindo um diploma universitário (Rodrigues et al., 2011). Em setembro de 1945, o decreto 7988 estabeleceu o primeiro diploma universitário em ciência contábil e atuarial, um bacharelado em ciência contábil. Foi um diploma de 4 anos que incluiu cursos especiais em contabilidade geral, contabilidade industrial e agrícola, contabilidade de seguros, contabilidade governamental, contabilidade bancária e auditoria. Em 1946, foi criada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de São Paulo e foi oferecido o primeiro grau de bacharel em ciências atuariais e contábil (Martins, Ricardino e Silva, 2006). A primeira unidade de pesquisa em contabilidade apareceu ao mesmo tempo (Iudícibus, 2006). Em 1946, várias outras universidades brasileiras também responderam à nova legislação criando o diploma de bacharel em contabilidade. Em 27 de maio de 1946, o decreto 9295 criou o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) em todos os estados (Schmidt, 2000). Estes conselhos, que ainda existem, são responsáveis ​​pela aplicação dos requisitos legais para a profissão contábil. Eles têm uma ampla responsabilidade de supervisão. A criação de conselhos profissionais credenciados pelo governo era comum a muitas profissões. Esses conselhos derivaram da política do governo brasileiro após o "Novo Estado" de criar agências oficiais para regular e supervisionar a prática de profissões. Isso fazia parte de uma política mais ampla de credenciar (e tornar oficial) instituições que representam profissões de modo que só poderia haver uma instituição representativa por jurisdição. Este decreto também estabeleceu o perfil dos contadores profissionais: os contadores (contadores) devem possuir um diploma de contabilidade da universidade; Técnicos de contabilidade (técnicos de contabilidade) devem ter um diploma de escola comercial (ensino médio); Os guardas de livros (guarda-livros) não precisavam ter nenhuma educação contábil, apenas uma experiência prática. Durante o período dos regimes populistas democráticos (1945-1964), as principais mudanças contábeis foram motivadas pela legislação sobre o imposto de renda, contribuindo para a evolução do processo legal e pragmático na contabilidade brasileira. Este é o caso, por exemplo, do decreto 24239 de 1947, que se referiu a alguns procedimentos contábeis já mencionados no decreto 2627, como a redefinição do lucro real, a introdução da reavaliação de ativos e o "menor custo ou mercado" '' Regra. A contabilidade era necessária para suportar o cálculo do imposto devido. Em 1951, Vargas foi eleito e continuou a enfatizar a forma como a contabilidade poderia
apoiar as atividades do governo (Vargas, 1951, página 156).
A influência americana na contabilidade brasileira 
De 1955 a 1963, com a adoção do "Plano Targets" do presidente Juscelino Kubitchek, o Brasil experimentou um período de forte crescimento no PIB. EUA foi o parceiro mais importante e, no final da década de 1950, a educação contábil na Universidade de São Paulo tornou-se influenciada pelo modelo norte-americano, partindo da teoria da contabilidade da equidade italiana, que tinha sido fundamental no treinamento de contadores e em legislação há mais de 30 anos. A introdução da indústria automobilística no Brasil no final da década de 1950 consolidou o uso das práticas contábeis americanas. As empresas internacionais e a auditoria de empresas multinacionais que proliferaram no país tornaram-se influentes. Neste novo ambiente econômico, surgiu uma mudança no pensamento contábil. No entanto, a resistência ao novo paradigma era inevitável, já que o antigo paradigma estava enraizado nos profissionais através da educação formal e da experiência profissional (Shortridge & Smith, 2009). No período do '' Plano de metas '' houve uma mudança intensa. Em 1958, a lei 3384 estabeleceu o perfil atual dos contadores profissionais: contabilistas (contadores) e técnicos contábeis (técnicos de contabilidade); A categoria de guarda-livros (guarda-livros) deixou de existir. Os contadores deveriam ser incluídos na categoria de técnicos contábeis. A profissão contábil também adaptou seus graus acadêmicos. Em 1960, foi criado o Conselho Federal de Educação (CFE). Em 1962, o parecer da CFE 397 mudou a educação contábil. Estes estudos foram classificados como treinamento básico e treinamento profissional. Os cursos de contabilidade (contabilidade geral, contabilidade comercial, contabilidade de custos, auditoria e análise de balanço) foram concentrados essencialmente na formação profissional. A educação contábil mudou novamente em 1963 com um novo parecer da CFE, que determinou os requisitos mínimos e o número de anos de ensino de profissões regulamentadas. Além disso, em 1961, a educação pós-graduada em contabilidade foi introduzida (lei 4024). Os anos de mandato do presidente Goulart (1961-1964) foram marcados por uma alta inflação, estagnação econômica e a crescente influência de elementos políticos radicais. As forças armadas, alarmadas por esses desenvolvimentos, realizaram um golpe em 31 de março de 1964. A justificativa para esse golpe foi a crença dos militares de que a mudança era necessária na sociedade brasileira devido ao nível de corrupção no país e à ameaça de um comunista governo. Os presidentes militares que governaram o país como ditadores de 1964 a 1985 quebraram a tradição populista-corporativa que dominou o país nos 30 anos anteriores. Todos os partidos políticos, exceto dois, foram banidos e os sindicatos foram suprimidos. A mídia estava estritamente controlada. No final da década de 1960 e início da década de 1970, o governo militar tornou-se ainda mais repressivo. No entanto, o golpe militar de 31 de março de 1964 trouxe ao Brasil um período de grande crescimento econômico (conhecido como o "milagre econômico brasileiro"), especialmente entre 1969 e 1973, durante a presidência do general Emílio Garrastazu Médici. As exportações para os EUA aumentaram de 101 milhões de dólares em 1938 para 1,7 trilhão de dólares em 1974, enquanto no mesmo período as importações aumentaram de 71 milhões de dólares para 3,4 trilhões de dólares.8 Como conseqüência da importância do comércio com os EUA, as influências americanas em Contabilização reforçada na década de 1960 e expandida na década de 1970 (Sá, 2008). Este novo momento político também trouxe uma nova fase no desenvolvimento da contabilidade brasileira. Em 1964, o professor José da Costa Boucinhas da Universidade de São Paulo (USP), a mais importante universidade brasileira, introduziu um novo método de ensino contábil. Boucinhas levou a mudança de orientação longe do ensino didático da Contabilidade Geral. Ele adotou o método americano, baseado no livro "Princípios da Contabilidade", publicado em 1957 por Finney e Miller. Por causa dessa mudança, a influência das escolas europeias de pensamento contábil, particularmente a italiana, foi substituída por influências americanas. A escola americana, ao contrário da teoria da equidade da escola de contabilidade italiana, foi conduzida pelo "pragmatismo", buscando o desenvolvimento de princípios contábeis para regular a prática contábil com construção teórica limitada. Uma conseqüência direta do isomorfismo americano foi o desenvolvimento de um manual denominado Contabilidade Introdutória (1971) de vários professores do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da USP. Este livro tornou-se uma referência para muitos acadêmicos brasileiros, com um novo foco no treinamento contábil para profissionais de contabilidade no Brasil, e foi uma importante fonte normativa.
A contribuição do Brasil para a contabilização da inflação
Uma das principais causas do golpe militar de 1964 foi a incapacidade do governo civil de controlar a inflação. Um dos objetivos do novo governo foi resolver as distorções econômicas causadas pela inflação e reduzir a taxa de inflação que estava causando séria economia e recessão. O período de 1964 a 1976 foi importante para o desenvolvimento da contribuição brasileira para a chamada '' escola de indexação ''. Uma das medidas adotadas pelo governo para resolver o problema das distorções causadas pela inflação foi a criação de um sistema mais abrangente de indexação da inflação. Em 16 de julho de 1964, o governo federal emitiu a lei 4357 que tornava obrigatória a indexação de ativos de longo prazo. Utilizando um índice de correção monetária, o valor contábil dos ativos de longo prazo foi aumentado como resultado da reavaliação, o aumento foi reconhecido no patrimônio líquido sob o título de "saldo da correção monetária". Mais tarde, foi transferido para capital social, depois de aprovado pelos acionistas. Consequentemente, a despesa de depreciação aumentaria. Como os objetivos desta lei estavam claramente relacionados ao direito tributário, foi recebido com muita reserva e crítica. No entanto, trouxe ao Brasil contabilizar a solução, pelo menos em parte, das enormes distorções causadas pela inflação nos relatórios contábeis. Em 1965, os mercados de capitais foram regulados no Brasil, de acordo com a lei 4728. O artigo 2º estabeleceu que o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil se comprometem a desempenhar suas funções legais em matéria financeira e financeira. Mercados de capitais, a fim de facilitar o acesso à informação sobre os títulos negociados publicamente. O Artigo 4 declarou que o Banco Central poderia examinar os livros e registros contábeis das instituições financeiras e das empresas. Sempre que necessário, as empresas podem ser obrigadas a fornecer mais informações e explicações ao Banco Central. Esta lei também criou o papel de "auditor independente". No entanto, a regulamentação dos auditores independentes foi adiada até 1972, quando foi introduzida como Resolução 220 do Banco Central do Brasil. O envolvimento do governo no desenvolvimento da contabilidade também ocorreu através de regulamentos fiscais, uma vez que um conjunto de livros foi preparado para fins de relatórios financeiros e impostos. Um exemplo desta intervenção foi o decreto 58400 de 10 de maio de 1966, que consolidou e regulou o imposto de renda. Por este decreto, foi possível estabelecer a provisão para recebíveis incobráveis ​​com base em uma porcentagem do crédito do cliente (3%). Em termos práticos, esse limite de 3% foi utilizado pela maioria dos profissionais de contabilidade no Brasil, independentemente de o valor representado ou não ter ocorrido a perda média em créditos incobráveis. Em 1967, o decreto 61083 aumentou a confusão que já existia entre muitos profissionais contábeis, entre contabilidade financeira e contabilização fiscal. Este decreto autorizou que, em diversas circunstâncias,
a depreciação acelerada possa ser utilizada. Neste momento, a base para o cálculo do imposto de renda era o lucro contábil. Não houve registros específicos para fins de imposto de renda. Este procedimento causou distorções contábeis, o que levou a manipulação de lucro com o objetivo de diminuir a conta do imposto de renda. Isso resultou em que os valores líquidos de propriedade, planta e equipamento diminuíram. Em 1968, o Governo Federal emitiu o decreto 401, que permite a reavaliação de terrenos e edifícios usando o valor justo. Tais reavaliações aumentaram os ativos e o patrimônio líquido correspondentes. A partir de 1968, as empresas podiam deduzir do lucro líquido um montante para manutenção do capital de giro (que foi calculado pela multiplicação da taxa de inflação do período pelo capital de giro). Este débito no lucro líquido representou um crédito em uma conta de reserva que foi posteriormente incorporada no capital. Em 1969, o governo emitiu o decreto 433, limitando a dedução do lucro líquido (e do imposto de renda correspondente) até um máximo de 20%. Além disso, este procedimento contábil foi proibido se a empresa tivesse perdas.
Contabilidade brasileira na área moderna
A diminuição da influência tributária na contabilidade e o aumento da influência da contabilidade americana
A história moderna de contabilidade no Brasil teve seu início nos anos setenta, com o desenvolvimento do mercado de ações e as reformas do sistema financeiro (Niyama & Silva, 2005). Essas reformas levaram a uma separação progressiva das regras fiscais das regras contábeis, de acordo com o modelo americano de contabilidade. Em 1972, a contabilidade brasileira foi encorajada pelo Banco Central do Brasil pela emissão da Resolução 220, que incluiu a Circular 178 e 179. A Circular 178 determinou o registro dos auditores independentes no Banco Central do Brasil, afirmando que apenas contadores (contadores) pode ser registrado. As empresas listadas devem publicar demonstrações financeiras auditadas por auditores independentes. A Circular 179 estabeleceu os Princípios e Padrões de Contabilidade Geral, e fez a expressão Princípios Contábeis Geralmente Aceitos '' oficial '' no Brasil. Logo depois, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321-72, começou a adotar o conceito de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos. Esses princípios contábeis não foram definidos. Como conseqüência, eles foram estabelecidos em educação de graduação, que foi fortemente influenciada pela escola americana de contabilidade (Niyama & Silva, 2005). A Resolução 220 do Banco Central do Brasil estabelece atividades contábeis padronizadas para empresas de capital aberto e a atividade de auditores independentes. As normas contábeis emitidas através da Circular 179 foram influenciadas pelas práticas contábeis corporativas nos Estados Unidos da América (Niyama & Silva, 2005). Eles foram divididos em padrões de contabilidade, critérios de avaliação de medição, depreciação e amortização, critérios gerais de reservas e provisões, critérios gerais de classificação do balanço e critérios gerais para apresentação gráfica do balanço e demonstração de resultados. Essas regras unificaram os procedimentos contábeis da maioria das empresas brasileiras, mesmo aquelas que não foram negociadas em bolsas de valores. Além disso, o Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução CFC 321-72, adotou com algumas modificações os padrões e procedimentos de auditoria desenvolvidos pelo Instituto de Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). O IBRACON foi composto principalmente de auditores independentes de grandes empresas de auditoria multinacionais, especialmente empresas americanas. Esses padrões e procedimentos de auditoria foram divididos em: Separação clara entre contabilidade para empresas e contabilização de impostos; 
Melhoria na classificação do balanço das contas: as contas de ativos no balanço foram classificadas em ordem decrescente de liquidez, como nos EUA; 
Melhoria do método de reavaliação com valor de mercado; 
introdução do método da equivalência patrimonial na avaliação de investimentos financeiros; 
E melhoria dos mecanismos de indexação.
Comparando esta lei com a estrutura da lei 2627 (emitida em 1940), foram introduzidas mudanças significativas nas demonstrações financeiras no Brasil. Embora isso tenha representado um grande avanço na década de 1970, de acordo com o governo brasileiro também foi uma progressão natural, dada a nova realidade econômica do país, o processo de globalização da economia mundial, a abertura dos mercados de capitais globais, os fluxos de capital substanciais Entrando no país e o crescente número de empresas brasileiras que buscam fontes de financiamento no exterior. Seguindo a mesma tendência que nos EUA, o governo federal decretou a lei 6385, em 7 de dezembro de 1976, disciplinar e monitorar as atividades do mercado de ações. Esta lei também criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), utilizando regulamentos similares aos que foram utilizados para criar a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) da US. A CVM emitiria regulamentos a serem aplicados a empresas públicas relacionadas a diversas questões, tais como o relatório de gestão, demonstrações financeiras, normas contábeis, relatórios e pareceres de auditores independentes, a natureza da informação que deve ser divulgada e a freqüência de divulgação. Em 1977, o decreto-lei 1598 adaptou as regras do imposto de renda à lei das novas empresas. Devido a esta lei tributária, não só as empresas públicas, mas todas as empresas foram obrigadas a seguir a lei das empresas 6404/76. Em 1981, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu a Resolução CFC 529-81. Estas Normas de Contabilidade Brasileiras (NBC) regulamentadas, enquanto a Resolução CFC 321-72 apenas aprovou os padrões e procedimentos de auditoria. As normas de contabilidade brasileiras foram classificadas como técnicas e profissionais. O aspecto técnico forneceu conceitos contábeis e um conjunto de regras ou critérios contábeis, enquanto a característica profissional estabeleceu regras de procedimento profissional (regras de conduta). A adoção foi obrigatória de acordo com o Artigo 3 da Resolução CFC 529-81, que afirmou que o incumprimento das Normas Contábeis Brasileiras, adotadas pelo CFC, constituía uma violação material no Código de Ética Contabilística Profissional. NBC Technical-1 (normas técnicas contábeis brasileiras, nº 1), emitido pela CFC Resolution 530-81, estabeleceu, pela primeira vez no Brasil, Princípios Fundamentais de Contabilidade. Estes princípios foram considerados necessários para harmonizar os princípios contábeis prevalecentes no Brasil. A Resolução CFC 530-81 afirmou que os princípios deveriam ser chamados de "fundamental" e não apenas "geralmente aceitos", pois eram obrigatórios. Os Princípios Contábeis Fundamentais, conforme determinado pelo CFC para o Brasil, foram os seguintes:
entidade de negócios;
Qualificação e quantificação de ativos e passivos (deve ser diferenciado não só em física, mas também em termos monetários);
Expressão monetária;
Princípio de competência;
Oportunidade (registros contábeis devem ser preparados imediatamente);
Formalização de documentos contábeis (contabilidade os documentos devem ser mantidos corretamente);
Definições contábeis (as definições contábeis devem ser em português claro);
Equitativo (os registros contábeis devem ser independentes de conflito de interesses);
Preocupação;
Periodicidade (a informação contábil deve ser preparada para os mesmos períodos);
prudência;
consistência;
Informações (todos os fatos importantes devem ser divulgados a todos festas interessantes);
Atos e fatos aleatórios (contingências devem ser divulgadas em demonstrações financeiras); 
Correção monetária; e Integração (as entidades dependentes devem integrar suas demonstrações financeiras com as da empresa-mãe).
Novas contribuições do Brasil para a contabilização da inflação
Como nos períodos anteriores, o Brasil experimentou
altas taxas de inflação na década de 1980. Em 1984, a inflação atingiu 235%. Para abordar os efeitos da alta inflação na informação contábil, o Brasil exigiu a adoção do método contábil de poder de compra constante (CPPAM) na elaboração de demonstrações financeiras complementares de empresas públicas. Este requisito foi estabelecido pela Instrução CVM nº 64, de 19 de maio de 1987; E determinou os critérios básicos para a conversão de contas no âmbito da CPPAM e consolidou os procedimentos a serem adotados na elaboração de demonstrações financeiras complementares. Esta Instrução CVM foi uma das contribuições mais importantes para a escola brasileira de correção monetária.9 Na década de 1990, o Brasil era uma democracia turbulenta. Em 1989, Fernando Collor de Mello foi eleito por voto direto como primeiro presidente, depois do regime militar. Collor foi o 32º presidente da República Federal do Brasil, cargo que ocupou desde o dia 15 de março de 1990 até seu impeachment em 29 de dezembro de 1992. Sua administração iniciou o processo de privatização de várias empresas governamentais. O principal objetivo do programa de privatização foi destacar o compromisso com as reformas orientadas para o mercado (Pinheiro, 1994). Durante o governo de Collor, o Brasil experimentou um período de inflação muito alta. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação brasileira em 1990 foi de 1621%. Os anos seguintes também mantiveram altos níveis de inflação. Em 1991, a inflação foi de 473%; Em 1992, era 1119%; Em 1993, era 2477%; E em 1994, era 916%. Em 1992, a inflação exigiu a publicação da Instrução CVM 191 relacionada à indexação monetária. Esta nova Instrução estabeleceu os critérios para a elaboração de relatórios financeiros usando um método de contabilidade de poder de compra constante e apresentou os seguintes requisitos: 
A Unidade Monetária Contábil - UMC), a ser utilizada pelas empresas públicas na elaboração de demonstrações financeiras utilizando o método contábil do poder de compra constante;
Cálculo da variação diária do UMC. Um Diário da Unidade de Referência Fiscal deve ser usado, uma vez que foi visto refletir com precisão a taxa de inflação brasileira;
Os ativos e passivos monetários decorrentes de operações pré-estabelecidas devem ser descontados a valor presente utilizando a taxa de juros nominal média publicada diariamente pela Associação Nacional de Bancos de Investimentos (ANBID);
Ganhos e perdas gerados ao converter itens monetários em valor presente devem ser registrados na demonstração do resultado;
Os itens não monetários devem ser registrados pelo valor presente na data de aquisição ou produção; e
As reversões de ajustes para o valor atual devem ser registradas na demonstração do resultado
Essas contribuições da escola brasileira de correção monetária para métodos de contabilidade de inflação foram reconhecidas internacionalmente. Iudícibus (1966) escreveu seu Ph.D. Tese sobre o tema. Dois anos depois, ele escreveu outro trabalho sobre a aplicação da contabilidade de custo atual para inventários (Iudícibus, 1968). Martins (1979) contribuiu para a escola brasileira de correção monetária considerando vários aspectos da renda e alavancagem financeira no Brasil. Mas, talvez os trabalhos mais conhecidos a nível internacional sejam de Doupnik (1986, 1996), Doupnik e Salter (1997). Doupnik (1986) sugere que a contabilização da inflação é um dos tópicos mais controversos no relatório financeiro e traça a evolução da contabilidade da inflação utilizada no Brasil por três períodos: antes de 1964, 1964-1976 e 1976-1986. A FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (1994) também mostra como aplicar o método de contabilidade de compra constante em empresas brasileiras. Com o impeachment do presidente Collor em 29 de dezembro de 1992, Itamar Franco tornou-se presidente. Ele governou o Brasil até 1º de janeiro de 1995. Em 1993, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a resolução CFC 750, alterando os princípios contábeis fundamentais. O artigo 3 do CFC 750 determinou que os novos princípios poderiam ser os seguintes: entidade comercial, preocupação, oportunidade, registro do valor original na data da transação, correção monetária, princípio de competência e prudência. Este regulamento estabeleceu (no Artigo 8, Item III, Seção V) que a atualização não representa uma nova avaliação, mas apenas o ajuste dos valores originais para uma determinada data, aplicando o poder de compra constante da moeda nacional em um determinado período. O cenário inflacionário brasileiro na primeira metade da década de 1990 começou a mudar com a introdução do programa brasileiro de estabilização econômica, chamado Real10 Plan (Plano Real). Isso começou em 27 de fevereiro de 1994 com o ministro das Finanças, Fernando Henrique Cardoso. Plano Real criou uma moeda não monetária, a Unidade Real de Valor ('' URV ''), cujo valor foi fixado em aproximadamente um dólar americano. Todos os preços foram cotados nessas duas moedas, Cruzeiro Real e URV. Até 1 de julho de 1994, este plano econômico havia estabilizado a inflação com a introdução da nova moeda, o Real. O Brasil teve uma taxa de inflação anual superior a 750% no primeiro semestre de 1994, mas inferior a 18% no segundo semestre. O sucesso do Plano Real ajudou o ministro Fernando Henrique Cardoso a ser eleito presidente do Brasil em 1º de janeiro de 1995. Ele governou o Brasil até janeiro de 2003, quando Lula da Silva foi eleito. Em 1995, a taxa de inflação anual caiu para 22,41%. Como resultado desta importante redução, de acordo com a Lei 9249/95, artigo 4, o Governo Federal já não exigiu a atualização de ativos permanentes (imobilizado) e patrimônio líquido. Isso encerrou o desenvolvimento da escola brasileira de correção monetária.
A convergência dos PCGA brasileiros para as IFRS
À luz da crise financeira nos EUA, o Conselho de Normas de Contabilidade Financeira (FASB) reconheceu que havia algumas áreas de US GAAP que poderiam ser melhoradas. Em 2002, o FASB e o IASB emitiram um Memorando de Entendimento denominado "Acordo Norwalk" (Gornik-Tomaszewski, 2005). O mundo entendeu que as diferenças entre US GAAP e IFRS seriam reduzidas até tal ponto que podem ser reconhecidas como equivalentes. Em 3 de outubro de 2005, a CVM emitiu a Deliberação 488. Isso iniciou o processo de convergência da contabilidade brasileira com os padrões internacionais de contabilidade. Espera-se que a mudança aumente a transparência e a segurança das informações financeiras e diminua os custos associados ao acesso às fontes externas de financiamento externo. As empresas multinacionais precisariam apenas preparar um conjunto de contas. O artigo 177, parágrafo 5, estabeleceu que as normas emitidas pela CVM deveriam ser desenvolvidas de acordo com as normas contábeis internacionais adotadas nos principais mercados internacionais de valores mobiliários. Embora os regulamentos da CVM sejam aplicados apenas a empresas públicas, as normas contábeis internacionais (IAS / IFRS) logo se tornaram importantes para as demais entidades brasileiras. A Deliberação 488 forneceu apoio importante para a publicação da lei 11638, que argumentou que a comparabilidade entre todas as entidades contábeis era importante. Assim, a primeira década do século XXI trouxe mudanças profundas nos relatórios financeiros brasileiros. Uma alteração importante ao direito das empresas ocorreu em 2007 com a publicação da lei 11638. Embora a lei 10303 já tenha modificado alguns artigos da lei das empresas em 2001, especialmente com o estabelecimento de mecanismos de proteção para acionistas minoritários, a lei 11638 reconheceu um novo conjunto De normas contábeis no Brasil: Normas internacionais de contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Além de introduzir mudanças estruturais nas demonstrações financeiras, a lei 11638 criou novas regras contábeis para o imposto de renda. O artigo 177, parágrafo
2, afirmava que as determinações da legislação tributária podem levar à utilização de diferentes métodos e critérios contábeis e tributários. O cumprimento das obrigações tributárias não eliminou a obrigação de preparar demonstrações financeiras de acordo com o direito das empresas. Com esta nova legislação, o Brasil definitivamente e finalmente separou a contabilidade da lei tributária. As empresas tiveram que adotar critérios de direito tributário, mas também tiveram de realizar entradas contábeis adicionais / diferentes para relatórios financeiros. Juntamente com essas mudanças na legislação contábil, o Conselho Federal de Contabilidade decidiu criar o Comité de Pronunciamentos Contábeis - CPC, através da Resolução CFC 1055 de 19 de outubro de 7 de outubro de 2005. O CPC prepara e emite pronunciamentos técnicos sobre procedimentos contábeis E divulgação, levando em consideração a convergência das normas contábeis brasileiras com os padrões internacionais. Os pronunciamentos técnicos, orientações e interpretações devem ser endossados ​​pelas entidades legais aplicáveis ​​e pelo CFC para ter um efeito legal completo. O CPC é composto pelas seguintes entidades:
ABRASCA - A Associação Brasileira de Empresas Cotadas.
APIMEC - Associação Brasileira de Analistas de Mercado de Capitais e Profissionais de Investimento.
BMF & BOVESPA - O Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo.
CFC - Conselho Federal de Contabilidade.
IBRACON - O Instituto de Auditores Independentes do Brasil.
FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisa em Contabilidade, Finanças e Ciências atuariais.
O CPC é independente de suas entidades fundadoras. Visa envolver empresas brasileiras e comitês de regulamentação no processo de convergência internacional de padrões contábeis; Concentrar a emissão de normas contábeis nas mãos de uma entidade apenas em vez de várias entidades, como aconteceu no passado; E fornecer a devida representação de todos os principais interessados ​​no processo de definição padrão (preparadores, auditores, usuários, analistas, acadêmicos e o governo). Cada entidade fundadora nomeia dois membros e vários órgãos governamentais são observadores permanentes (sem direito a voto), incluindo o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Receita Federal (Secretaria da Receita Federal) e o Brasil Supervisor de Seguros (Superintendência de Seguros Privados). Duas entidades do setor privado também possuem status de observador permanente: a Federação Brasileira de Bancos - FEDRABAN e a Confederação Brasileira da Indústria de Manufatura (Confederação Nacional da Indústria - CNI). Em março de 2006, o Banco Central do Brasil estabeleceu que os intermediários financeiros sob sua supervisão deveriam publicar contas consolidadas em plena conformidade com as IFRS até dezembro de 2010. A Comissão de Valores Mobiliários e a Supervisão de Seguros do Brasil emitiram sentenças similares em 2007. Finalmente, em 2007, o Congresso brasileiro emitiu uma nova legislação que altera o direito da empresa exigindo que as empresas listadas e todas as grandes empresas orientadas para o lucro (conforme definido) adotem as IFRS de forma progressiva, ou seja, nas contas individuais a partir de 1º de janeiro de 2008. O primeiro pronunciamento do CPC foi o Quadro conceitual para a elaboração e apresentação de demonstrações financeiras. Este foi baseado no documento do International Accounting Standards Board (IASB) e é usado como fonte de conceitos básicos e fundamentais na preparação e interpretação de pronunciamentos técnicos e na elaboração das demonstrações financeiras das empresas. Desde a publicação deste pronunciamento em 2007, foram emitidas mais de 40 normas técnicas. A internacionalização da contabilidade no Brasil está sendo abordada não apenas pelas empresas listadas e grandes, mas também pelas pequenas e médias entidades (com base na IFRS para PMEs), conforme aprovado pela Resolução CFC 1255 de 10 de dezembro de 2009. Com esta norma, a contabilidade O sistema de todas as empresas brasileiras convergirá com as IFRS emitidas pelo IASB. Em 28 de janeiro de 2010, o IASB assinou um Memorando de Entendimento com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Comité de Procedimentos Contábeis (CPC). Estabelece "princípios para a cooperação futura com o objetivo de apoiar a adoção das IFRS no Brasil e promover o engajamento CPC no processo internacional de estabelecimento de padrões contábeis" (p.6). A convergência foi necessária devido à crescente integração econômica e financeira global do Brasil, tornou necessário melhorar a divulgação financeira das empresas brasileiras. Os três órgãos concordaram em acelerar o ritmo do processo de convergência, expandir a adoção de IFRS no Brasil e trabalhar em estreita colaboração com os reguladores, a fim de facilitar o endosso total das IFRS. Eles compartilham a visão de que fornecer informações internacionalmente comparáveis ​​aos mercados de capitais irá melhorar a tomada de decisões, atrairá investidores e diminuirá o custo do capital, o que torna a alocação de recursos econômicos mais eficiente.
Conclusões
O desenvolvimento do relatório financeiro no Brasil tem sido influenciado pela evolução econômica, social e política do país. Tradicionalmente, pelo menos até 1972, a contabilidade brasileira também foi fortemente influenciada pela legislação tributária. Nos últimos anos, os padrões de órgãos governamentais como o Banco Central do Brasil, a Comissão de Bolsa de Valores (CVM), bem como a Agência de Supervisão de Seguros foram influentes (Niyama & Silva, 2005). No Brasil, a contabilidade sempre teve seu processo evolutivo vinculado ao interesse do governo. Mesmo a decisão de convergir para IFRS foi determinada pelo governo (ou seja, a Comissão de Valores Mobiliários é uma agência federal administrada por um presidente e quatro diretores nomeados pelo presidente do Brasil). A inércia, pelo menos até recentemente, das associações contábeis brasileiras sobre esta questão, explica em parte o porquê do governo tomou a iniciativa. No momento, o Brasil, de acordo com muitos outros países, decidiu adaptar o IAS / IFRS ao contexto brasileiro. Com a criação do Comité dos Pronunciamentos Contabéis (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) pelo Conselho Federal de Contabilidade, o país iniciará uma nova era. Nesta nova era, parece que a contabilidade não será subordinada às leis tributárias e a profissão contábil brasileira poderá estabelecer regras contábeis adaptadas do modelo IASB. A contabilidade brasileira será livre para adotar novas perspectivas independentes, embora associadas ao IASB. Como aconteceu com a Turquia, também é possível concluir que, além dos fatores econômicos, sociais e políticos, fatores externos influenciaram o desenvolvimento da contabilidade no Brasil (Çuruk & Cooke, 2005). Nos primeiros anos do século 20, a contabilidade européia foi influente (principalmente através da escola de contabilidade italiana); Com o aumento do comércio entre EUA e Brasil, nos anos cinquenta, o modelo americano de contabilidade começou a ser dominante. Esta separação entre estudiosos (escola de italiano) e pragmatistas (escola americana) criou dois grupos distintos no Brasil: os seguidores dos conceitos padrão americanos (que são a maioria dos contadores brasileiros) e alguns seguidores restantes da teoria da equidade da contabilidade italiana escola. A escola doutrinal italiana de pensamento contábil foi substituída pela contagestão pragmática baseada em regras americanas. A insatisfação com o quadro teórico existente levou à introdução de uma nova escola de pensamento. Como a Escola italiana foi enraizada ao longo de décadas, ainda é possível encontrar resistência (Shortridge & Smith, 2009) e vários seguidores da teoria da equidade da contabilidade podem ser encontrados. No momento, considerando a crescente integração econômica e financeira global do Brasil, a convergência dos GAAP nacionais com as IFRS foi considerada de extrema importância para melhorar a divulgação financeira das
empresas brasileiras. A contabilidade baseada em princípios do IASB parece ser mais apropriada no novo contexto econômico da globalização da economia brasileira. No entanto, espera-se que a aceitação do novo paradigma (como o anterior) levará tempo, sua assimilação exigirá "a reconstrução da teoria prévia e a reavaliação do fato anterior, um processo intrinsecamente revolucionário que é raramente completo por um Homem solteiro e nunca durante a noite "(Kuhn, 1970, citado por Shortridge & Smith, 2009).

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