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ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 1 A R Q U IT E T U R A D E IN T E R IO R E S I M Ó D U L O I 2 0 1 3 .1 Esta apostila tem como objetivo o aprendizado de técnicas, e todos os conhecimentos necessários ao aprendizado da arte de projetar espaços residenciais bonitos e agradáveis para se viver. ISECENSA Prof.: Lílian P. Faria 7º PERÍODO 2013.1 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 2 1. INTRODUÇÃO Assim como na moda os estilos mudam a cada estação, na decoração os estilos mudam conforme as mudanças culturais e socioeconômicas de uma sociedade. O surgimento de um novo estilo de decoração não ocorre automaticamente com o desaparecimento de outro, é preciso alguns anos para que ocorra essa transformação, pois a sociedade não absorve tão rapidamente essas mudanças. Afinal, mudar de estilo de morar não é o mesmo que “trocar de roupa”. O estilo de uma decoração envolve uma série de fatores como cultura, história, estética, técnica e funcionalidade. 2. HISTÓRIA Ao longo do tempo os estilos de arquitetura de interior foram se alterando em função dos desejos e necessidades da sociedade. A demanda por novidades é sempre uma constante, porém existe um tempo de observação e aceitação das pessoas aos novos estilos de se morar. Destacaremos nesta apostila, os movimentos e estilos mais importantes que ocorreram no mundo e no Brasil. 2.1. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial de 1845, no século XIX foi um marco na história mundial devido à introdução das máquinas no processo produtivo em todos os ramos econômicos, assim como no design de móveis e utensílios do lar. Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial favoreceu o surgimento dos “designers”, pois houve a substituição dos produtos artesanais, mais clássicos e tradicionais pelos produtos mecanizados. Portanto eram necessários profissionais que criassem os produtos a serem confeccionados nas indústrias. Desta forma, no final do século XIX e início do século XX predominou o sistema de produção em massa visando maior produtividade, tendo em vista o crescimento do poder aquisitivo da classe média neste período. 2.2. ARTS AND CRAFTS (Artes e Ofícios) Em reação ao consumismo e a criação de produtos em massa, considerada por alguns intediantes, surgiu o movimento Arts and Crafts liderado por William Morris e C. R. Ashbee. Este movimento buscava a volta do produto artesanal e personalizado. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 3 Características: móveis em madeira local de linhas simples, com pés retos com poucos entalhes nas extremidades; dobradiças em ferro ou cobre na sua forma bruta; painéis de madeira em cores sólidas; piso de madeira; um tapete por cômodo; decoração sem desordem. Essa simplicidade e fidelidade aos materiais locais, fez com que o movimento Arts and Crafts fosse considerado a semente do movimento moderno., apesar de não ter conseguido grande avanço pelo fato de ter produzido peças inacessíveis economicamente pela maioria da sociedade. Podemos citar como um de seus seguidores, o arquiteto e californiano Frank Loyd Wright. Frank Loyd Wright Um apaixonado pela natureza que enxergava sua arquitetura e decoração com uma arte única. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 4 2.3. ART NOUVEAU Quase que simultaneamente ao movimento Arts and Crafts, surgiu o movimento Art Nouveau considerado o primeiro movimento moderno ocorrido de 1890 a 1914, quando eclodiu a 1ª Gerra Mundial. Art Nouveau nasceu na França com o objetivo de adotar uma linguagem desconectada da história e voltada para a união da pintura, escultura e decoração como uma só arte, ou seja, a União das Artes. 1º MOMENTO – William Morris e Goudi 2º MOMENTO – Linha Reta Como seguidor deste movimento temos o arquiteto e disigner escocês Charles Renni Mackintosh que desenvolveu uma versão do movimento com influência retilínea. Cadeiras curvas feitas por Michael Tonet (1900) e cadeira reta criada por Charles Rennie. Características: estilo rebuscado, ornamentação irregular e assimétrica; desenhos orgânicos com referência às curvas da natureza, pés de cadeiras em forma de hastes vegetais com decoração floral; cores em tons pastéis; papel de parede com motivos exóticos e temas vegetais e florais; luminárias em ferro e vitrais em forma de corpo de mulher em bronze dourado, cristal, vidro e ferro; piso de parquet com tapetes de flores; jogos de sofazinho e duas poltronas de encosto arredondados (influência do Art Nouveau no Brasil); Mesas sinuosas ornadas em marfim, madrepérola, madeiras exóticas, Vidor pintado e pedras semipreciosas – Influência oriental; Armários com muitos espelhos, de formato assimétrico, laqueados de preto ou com detalhes em madrepérola. Charles Renni Mackintosh Sutileza, austeridade, rigor e simplicidade estrutural ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 5 2.4. ART DÉCO Com temas exóticos astecas, maias e africanos, surgiu no período entre guerras (1918 – 1939), o movimento Art Déco que substituiu as curvas do Art Nouveau pelas linhas retas e as cores patéis pelas vibrantes, em busca da simplicidade, utilidade e economia. Surgido após a 1ª Guerra, em função da urgência de reconstrução das cidades, acompanhou as novas necessidades da população e absorveu os novos materiais que foram descobertos e desenvolvidos pelas indústrias. Neste período as peças de design precisavam ser rápidas, funcionais e produzidas em grande escala e os artistas começam a projetar para as indústrias. 2.5. DE STIJL (STYLE – ESTILO) Paralelamente ao Art Déco surgiu na Dinamarca em 1917, o movimento chamado De Stijl que vigorou até 1931. Inserido também no cenário do entre-guerras, buscava formas simples e abstratas em todas as expressões de arte, inclusive na arquitetura. O nome do movimento era também o nome de um jornal publicado pelo pintor, designer e escritor Theo van Doesburg para difundir sua idéia de simplificar a arte. Um dos seguidores de movimento De Stijl foi o arquiteto e disigner Gerrit Rietveld criador da cadeira Red-Blue e da Rietveld Schroder House, única residência puramente nesse estilo. De Stijl influenciou movimentos, outros estilos e escolas como a Bauhaus. Características: Móveis maciços em linhas geométricas, simples e retas com terminações em curvas suaves; Painéis de madeira em cores sólidas ou empapeladas ou paredes totalmente nuas; Pisos de parquet com acabamento polido; Tapetes geométricos; Mesas de centro em conjunto com estofados; Sofás e cadeiras baixos com encosto e braços curvos recobertos por veludo, couro; Uso de lacas, metais e pedras.Características: Formas geométricas de ângulos retos; Cores primárias associadas ao preto, branco e/ou cinza; Assimetria. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 6 Gerrit Rietveld ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 7 2.6. BAUHAUS – Beleza a serviço da praticidade A escola Bauhaus foi criada em (1919 – 1933) Berlim na Alemanha pelo então diretor Walter Gropius, arquiteto e disigner. 1º A principio a escola Bauhaus estava voltada para a pintura e para a escultura, visando um aprendizado ligado a criação e execução de produtos artesanais. 2º Em 1923 a escola se voltou para a industrialização crescente e começou a buscar produtos mecanizados, funcionais e práticos. Materiais como cromados, ferro, plásticos, couro, aço e vidro foram usados em larga escala, por serem mais maleáveis. O designer húngaro Marcel Breuer foi “chefe” da carpintaria da escola e criou a primeira cadeira feita com ferro tubular. O arquiteto alemão Ludwing Mies Van der Rohe foi o segundo diretor da escola até 1933, quando esta foi fechada pelos nazistas em função das idéias comunistas de Walter Gropious. Infelizmente a escola, enquanto aberta, não alcançou seu objetivo de tornar as peças em massa acessíveis. Ludwing Mies Van der Rohe ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 8 2.7. ESTILO INTERNACIONAL Após o fechamento da escola Bauhaus, muitos de seus seguidores foram para os Estados Unidos onde encontraram mais liberdade para se expressar. O movimento moderno se estabeleceu em todo o mundo com as características: minimalista, atemporal, globalizado e funcional. Os trabalhos de alguns arquitetos de vários países, que seguiram essa linguagem foram reconhecidos como formadores de um novo estilo nomeado Estilo Internacional. Durou de 1932 a ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 9 1945 e teve como alguns de seus protagonistas os arquitetos Mies Van de Rohe, Walter Gropious e Le Corbusier. O arquiteto franco-suíço Charles-Edouard Jeanneret, conhecido como Le Corbusier começou em 1928 a se interessar pelo design de móveis e criou peças tubulares famosas como sua chaise longue e a poltrona cubo.. Le Corbusier Em busca da estética “purista”, apesar de não seguidor da Bauhaus, segue a funcionalidade e limpeza de estilo em suas peças. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 10 2.8. DÉCADA DE 1950 Na década de 1950, as pessoas haviam se cansado de tanta funcionalidade, e partiram em busca de espaços mais amplos e modernos, espaços com algum diferencial. Esse diferencial veio com o avanço da tecnologia do pós-guerra, que permitiu a criação de novos tipos de vidro, borrachas e plásticos trabalhados com formas e cores variadas. Os móveis se tornaram mais leves e ousados. Cadeira “tulipa” 1955 subverteu a idéia tradicional dos pés palito. Criada pelo visionário designer finlandês Eero Saarinen que customizou suas peças com personalidade e ousadia tridimensional. Cadeira Diamante – jogo de formas e flexibilidade do aço cromado. Criação do ítalo americano Harry Bertoia, em 1952, que acreditava que o espaço, a forma e o uso dos materiais eram tão preciosos quanto a funcionalidade de um móvel. Características: Acessórios, luminárias e móveis trabalhados em formas abstratas ; Cores vivas associadas ao preto ou cinza; Móveis em madeira clara e pés palito com estofados em almofadas soltas; Móveis em plástico oriundo da Itália, Estados Unidos e Escandinávia; Madeiras no interior das casas pintadas em tinta esmalte creme brilhante; Cromado presente em quase todas as peças do mobiliário aos eletrodomésticos. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 11 2.9. DÉCADA DE 1960 (final) Apogeu do plástico com peças em mobiliário inflável criando um estilo alegre e irreverente = LÚDICO – dialogam com a POP ART. Quando uma garrafa de coca-cola adquiriu status de obra de arte, pelo simples fato de alguém mudá-la de lugar (da geladeira para o museu), aconteceu algo novo no nosso cotidiano. Em primeiro lugar libertou todos os objetos da sua função convencional ou utilitária. Em segundo, criou, pelo simples deslocamento, uma aura em torno das coisas mais banais, abrindo infinitas possibilidades. Esse movimento ficou conhecido como POP-ART e tem levado às últimas e imprevisíveis conseqüências a arte ocidental. Esse movimento diz que tudo é relativo. Almofada “Sacco” – criada em 1968 pelos designers Piero Gatti, Cesare Paolini & Franco Teodoro. “Sacco” de vinil cheio de bolinhas de poliestireno semi expandido. Adapta-se a qualquer posição do seu utilizador. Cadeira empilhável (Panton) – criada por Verner Panton (1926 - 1998), arquiteto e designer dinamarquês, e trabalhada em formas sinuosas e cores fortes foi o primeiro projeto de design a usar o plástico sem emendas. Começou a ser produzida em escala em 1967. Características: Cores fortes; Piso de madeira coberto por tapetes; Paredes brancas; Assento modular possibilitando formação de vários conjuntos de sofás; Móveis coloridos e arrojados. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 12 2.10. MINIMALISMO (1970-1990) Nos vários campos de atividade do design (como a programação visual, o desenho industrial, assim como na arquitetura) o minimalismo tornou-se uma linha de pensamento quase predominante durante o século XX. A arquitetura moderna, especialmente a produzida por arquitetos como Mies van der Rohe, buscava formas simples e ausência de adornos e objetos supéfulos, sendo resumida na expressão "Menos é mais". Atualmente, arquitetos que procuram recuperar o projeto moderno como Álvaro Siza, Paulo Mendes da Rocha, Luis Barragan, Tadao Ando, entre outros, são ditos "minimalistas". A arquitetura e o design minimalistas propõem, em geral, um jogo de volumes e formas que esteja reduzido às suas configurações não mais que essenciais a suas funções. Entretanto, o uso do termo "minimalista" é considerado polêmico, sendo recusado por muitos dos considerados minimalistas. O Minimalismo, que se desenvolveu no final dos anos 60 prolongando-se até à década de 70, apresenta a tendência para uma arte despojada e simples, objectiva e anónima. Recorre a poucos elementos plásticos e compositivos reduzidos a geometrias básicas, procura a essência expressiva das formas, do espaço, da cor e dos materiaisenquanto elementos fundadores da obra de arte. Embora tenha começado na pintura, a Arte Minimalista conheceu o seu maior desenvolvimento na escultura. Os escultores usam normalmente processos e materiais industriais, como aço, plástico ou lâmpadas fluorescentes, na produção de formas geométricas, explorando as relações espaciais e a capacidade de a escultura interagir com o espaço envolvente, apostando na experiência corporal do próprio espectador. Características: Cores suaves; Poucos móveis no ambiente; Espaços vazios com visual simples e limpo; Uso de arandelas, mas ausência de muitos adornos; Cortinas simples como as persianas horizontais. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 13 2.11. HI-TECH OU HIGH-TECH O estilo high-tech explodiu nos anos 80. Abandonando os materiais naturais se voltou somente para materiais artificiais utilizados nas indústrias. Contra o rústico, rejeitava a idéia de espaço unicamente confortável, mas sim surpreendente através de combinações de elementos e materiais não usuais. Esse estilo trouxe para a decoração, materiais emprestados das linhas de montagem: borracha, aço, vinil e plástico. Imagem ao lado de cozinha hight-tech, projeto recente do arquiteto Glen Finch, em residência paulista. Características: Visual industrial com tendência minimalista; Cores vivas; Poucos móveis no ambiente; Piso em concreto aparente, carpete, emborrachados ou cerâmicos sem desenhos; Muito metal em todo o ambientes desde o piso até eletrodomésticos; Cortinas simples como as persianas horizontais e verticais; Tubulação hidráulica e elétrica aparente, assim como a superestrutura. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 14 Cada vez mais as casas tendem a ser plugadas na tecnologia. Entra ano e sai ano, os arquitetos aproveitam os avanços tecnológicos para tornar nossa vida mais fácil e prazerosa. Os aparelhos eletrônicos modernos caminham para acabar com o estigma da fragilidade. 2.12. PÓS-MODERNO (início da década de 90) = ECLÉTICO E FUNCIONAL. Inaugurou releituras e reinterpretações de outros estilos. O estilo pós-moderno surgiu para questionar os ideais modernistas. De acordo com os novos arquitetos e designers da época, o estilo modernista era frio, impessoal, abstrato e inexpressivo. Surgiu com mais força na Itália, buscando introduzir elementos históricos no contexto contemporâneo, de uma forma sofisticada, inteligente e “brincalhona”. O Pós-moderno é a releituras de outros estilos. Ecletismo e funcionalidade estão entre as palavras de ordem e teve sua origem no movimento Memphis. Na Itália houve em 1981 a formação de um grupo de designers chamado Memphis, liderado pelo designer Ettore Sottsass. O grupo era ousado, e impactou o mundo com móveis audaciosos e até mesmo fora de escala. Utilizava revestimentos plásticos coloridos imitando materiais naturais como o mármore. Memphis fora reconhecido então como movimento focado na criação de móveis que na maioria das vezes questionavam os conceitos de sentar, guardar coisas, etc. Abaixo Ettore Sottsass e ao lado sua famosa estante para livros “Calton” de 1981. Características: Utilização de colunas e motivos gregos; Cores harmoniosas e fortes; Visual semelhante ao desenho animado. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 15 3. UM POUCO DO DESIGN BRASILEIRO 3.1. Década de 1920 A história das artes no Brasil teve a “Semana 22” como um importante marco. O único designer a participar do evento foi o suíço John Graz (1891-1980), que se manteve em destaque como único designer de móveis no país até 1930. Espaço e poltrona John Grazz Em 1923 começou a trabalhar como decorador em parceria com o arquiteto russo Gregori Warchavchik. Warchavchik vê os prédios como máquinas de morar. Para ele, o "detalhe é inútil e absurdo". Por isso suas linhas retas, criando espaços livres e objetivos. Ao lado cadeira criada por Warchavchik. Características: Estilo Art Déco; Espaços com grande variedade de elementos entre caixilhos, vitrais, luminárias, móveis, pisos, etc; Iluminação indireta e superfícies cromadas. JOHN GRAZ GREGORI WARCHAVCHIK ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 16 3.2. Década de 1930 e 1940 Joaquim Tenreiro nasceu no ano de 1906 em Melo (Portugal) e faleceu em Itapira (SP) em 1992. Filho de um marceneiro, aos nove anos começou a mexer com ferramentas na oficina do pai, ajudando-o em pequenos trabalhos e adquirindo assim, desde pequeno, a habilidade artesanal e a familiaridade com a madeira. Tenreiro já conhecia o Brasil. Trazido pelos pais, viveu aqui em dois períodos, dos 3 aos 7 anos e, depois, dos 19 aos 20 anos emigrando mais tarde de vez para o Rio de Janeiro, onde a princípio ganhou a vida como carpinteiro. Surgiram, então, os móveis inteiramente concebidos, projetados e executados por ele, e admiráveis pela sobriedade e beleza da forma e pela sábia utilização das preciosas madeiras brasileiras, combinadas entre si, ou a têxteis especialmente criados por artistas plásticos de renome. Para realizar tais móveis, Tenreiro debruçou-se atavicamente sobre a sua ancestralidade lusitana, responsável em séculos pelo surgimento de tantas obras- primas de singeleza e funcionalidade, e não em jornais e livros estrangeiros. Cadeira três pés de 1947, executada com cinco tipos de madeira – imbuia, pau-marfim, jacarandá, roxinho e mogno. Ao lado a linda mesa de pau-marfim com tampo de mosaico, criada em 1949, que deixa nítida a influência das raízes portuguesas no trabalho do artista. Terneiro é considerado por alguns autores como o “pai” do mobiliário brasileiro. Características: Design adaptado ao clima tropical; Peças limpas e funcionais; Grande utilização de madeiras brasileiras e palha. JOAQUIM TERNEIRO (1906-1992) ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 17 3.3. Década de 1950 O Design brasileiro deslanchou mesmo por volta dos anos 50, e o arquiteto Sérgio Rodrigues foi um dos seus maiores aliados. Nasceu em 1927 (hoje com 80 anos) no Rio de Janeiro, tornou- se um grande designer de móveis, e foi pioneiro em tornar o design nacional conhecido mundialmente com uma linguagem própria e bem brasileira. Seu diferencial era móveis com formas mais ousadas e com mais funcionalidade. Em 1953 criou a loja Móveis Artesanal Paranaense, a 1° loja de arte e mobiliário moderno em Curitiba em sociedade com os irmãos Hauner (designers italianos). Em 1954 foi convidado para chefiar o departamento de criação de arquitetura de interiores da Forma S/A. (São Paulo) recém-inaugurada. Fundou em 1955 a indústria Oca, nome que define uma intenção: retomar o espírito da simplicidade da casa indígena, integrar passado e presente na cultura material brasileira. Acima Estrado Mucki,de 1958 e ao lado a poltrona Diz de 2002. No topo da página o arquiteto encontra-se sentado em uma de suas peças reconhecidas mundialmente, a Poltrona Mole. SERGIO RODRIGUES ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 18 Chegando ao Brasil, insatisfeita com os móveis existentes no mercado, decidiu criar todas as peças de composição de sua decoração. Acreditava que os móveis deveriam ter coerência com o momento em que são criados. Famosa cadeira Bowl de Lina Bo Bardi, criada em 1951. O arquiteto Paulo Mendes da Rocha também se destacou nos anos 50 desenvolvendo um trabalho de repercussão internacional da arquitetura e do design brasileiro. Em 1957, criou a poltrona paulistano (imagem ao lado) que apresentava em sua composição leve uma única barra de ferro e uma única peça de tecido formando o encosto e o assento. O arquiteto continuou sua trajetória de sucesso, vindo a ser o segundo brasileiro, depois de Oscar Niemeyer, a ganhar o prêmio norte-americano Pritzker, o mais importante em arquitetura. O Pritzker existe desde 1979 e já foi dado a arquitetos como Frank O. Gehry, Álvaro Siza, Luís Barragan e Tadao Ando, entre outros. 3.4. Década de 1960 Com Golpe Militar de 64 e o AI-5 (Ato Institucional) em 1969, a cultura e a arte brasileira foi muito reprimida no país, se destacando mais no exterior onde encontrou mais liberdade de expressão. Nos anos 60 os designers e arquitetos buscavam um estilo mais intelectual, minimalista e gráfico. O arquiteto Bernardo Figueiredo o lado do mexicano Aurélio Martinez Flores foram importantes ícones do design brasileiro nesse período. Ao lado cadeira em jacarandá e palhinha dos anos 60 de Bernardo Figueiredo. LINA BO BARDI (1915-1992) PAULO MENDES DA ROCHA BERNARDO FIGUEIREDO ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 19 Essa poltrona, que reúne a inusitada mistura de madeira nobre com lona de caminhão, criada pelo fantástico arquiteto mexicano Aurélio Martinez Flores. Cadeira Recurva de Espaldar Alto, 1949 Joaquim Tenreiro Jacarandá e palhinha Coleção Jones Bergamin/RJ 3.5. Década de 1970 Nesta década no Brasil, ocorreu o nascimento de novas escolas de arquitetura formando novos designers. Neste momento o mundo inteiro já estava totalmente voltado para a globalização. Neste período temos como destaque o arquiteto Oscar Niemeyer. Oscar Niemeyer inicia a sua incursão no design de móveis em 1971. "O problema que encontrei no equipamento dos edifícios é que, muitas vezes, o mobiliário, o arranjo interno, prejudica completamente a arquitetura", diz o arquiteto no livro Móvel moderno no Brasil, de Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, ao explicar o porquê do interesse em projetar mobiliário: considera-os parte fundamental da composição arquitetônica. AURÉLIO MARTINEZ FLORES OSCAR NIEMEYER ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 20 Na mesma publicação, Niemeyer revela ainda que prevê em seus projetos os espaços destinados aos grupos de móveis e, se colocados de maneira indevida, todo o projeto é prejudicado. "Às vezes eles não estão de acordo com a arquitetura, e o ambiente se faz sem a unidade que a gente gostaria. Por isso é que eu comecei", diz, e segue, "todos os móveis estão presos ao princípio de que são complemento da arquitetura e devem ser atualizados e modernos como a própria arquitetura". 3.6. Década de 1980 Neste período no Brasil, houve uma grande exaltação dos móveis estrangeiros através da importação de produtos oriundos da Europa e dos Estados Unidos. A produção brasileira se voltou para a reprodução de ícones estrangeiros como a cadeira Wassily (foto ao lado) e a chaise longue de Le Corbusier. 3.6. Década de 1990 Em final dos anos 80 e durante os anos 90 surgiram várias oficinas e lojas de fabricação de mobiliário nacional. O Design deste período foi marcado pelo principio de móveis mais funcionais que bonitos, mais práticos do que teóricos. Podemos citar como designers dessa época Carlos Motta, Ruy Otake e os irmãos Campana. Características: Design mais próximo da arte que da funcionalidade; Grande multiplicidade de tendências. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 21 Imagens de projetos com influencia brasileiras, escandinavas e norte- americanas. Os dois viveram sua infância e adolescência em Brotas; já formados, foram para São Paulo, onde iniciaram sua carreira artística; nestes quase 20 anos, viajaram pelo mundo todo, fazendo exposições pessoais e coletivas, workshops, palestras, cursos, ganharam inúmeros prêmios, tem suas obras expostas nos principais museus do mundo e são hoje, sem dúvida, reconhecidos pela crítica especializada, como designers de maior criatividade do século XXI. Sem dúvida os irmãos Campana abriram portas para a criatividade brasileira. Poltrona Pedaços feita com pedaços de madeira inspirada nas favelas brasileiras. Poltrona cone 1997 – aço inox e policarbonato, uma de suas obras mais recentes. CARLOS MOTTA IRMÃOS CAMPANA (FERNANDO E HUMBERTO) Campana) ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 22 Poltrona Bola Poltrona Sushi IV Chair 3.7. Atualidade – Século XXI A globalização vem se fortalecendo ainda mais em todos os setores das artes e tecnologias. Surgiu então uma decoração impessoal e muitas vezes sem raízes culturais. Por tanto é possível ver residências extremamente parecidas interiormente em diferentes paízes. Atualmente estamos entrando na era da Arquitetura Cibernética criada pelo arquiteto britânico James Law. É uma arquitetura flexível e altamente mutável, pois busca quebrar conceitos pré- estabelecidos sobre o uso costumeiro de elementos do design de interior, tornando-os multifuncionais. Como exemplo desse estilo temos a cama que vira sofá, e o projeto do edifício residencial computadorizado em Dubai. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 23 4. ESTILOS DE DECORAÇÃO De acordo com Vera Fraga Leslie em seu livro LUGAR COMUM “Auto – Ajuda” de decoração e estilo; o Estilo é uma forma particular ou distintiva de expressão artística, característica de um indivíduo, povo ou período. “Ter estilo é criar uma narrativa pessoal que ultrapasse as fronteiras da casa.” Vera diz que, antes de mais nada, um projeto de decoração deve: livrar-se das prisões históricas, ter a audácia de assumir um compromisso moral com o seu tempo; ser prático, ter ordem, dependendo do ponto de vista ou da perspectiva; desfrutar da liberdade de comprar qualquer tecido e ter a criatividade de transformá-lo em veludo azul. “Criar é tirar partido das carências pessoais e históricas. É fazer com que os objetos transcendam o seu valor de uso, criando uma linguagem. Um sentido que vai além da puraostentação de status, na busca das mais sutis e delicadas posições diante da vida. Quando não se aceita um sentido definido a partir do que é “in or out”, tem-se a estética da contradição.” A revolução industrial e as exigências da vida moderna substituíram esses móveis de “estilo” pela funcionalidade dos móveis encaixáveis e dobráveis, nos quais a forma segue a função. As madeiras foram trocadas por fórmicas e outros materiais sintéticos. Aquele velho e bom móvel antigo tem agora outra função. É uma citação, uma memória – objeto que só permanecerá vivo na companhia do novo. “Nossa casa não é uma instalação nem um cenário, entretanto podemos eleger certos objetos, prontos e prosaicos, como um ícone ou uma escultura. O mais genial dessa idéia é que ela não custa nada.” “Nenhum objeto possui valor absoluto, mas um valor relativo, que será dado por você, no contexto da sua casa, não importa de onde vem, Londres ou Paraguai.” Vera Fraga Leslie Como vimos, o conceito de morar não é absoluto, é mutável conforme os avanços tecnológicos, econômicos, políticos e culturais de um povo. Observe as imagens a seguir que mostram a evolução do conceito de Quarto no Brasil de 1970 até o ano 2000. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 24 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 25 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 26 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 27 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 28 4.1. DECORAÇÃO JAPONESA Sobriedade, simplicidade e naturalidade são as 3 chaves da decoração japonesa. O interior japonês é sóbrio e ordenado. As casas japonesas não estão obstruídas por muitos objetos decorativos. A diferença do modelo de decoração interior ocidental, é que a decoração japonesa privilegia a vida simples com os móveis essenciais. A característica principal da concepção japonesa dos interiores é a simplicidade e a pureza das coisas. Devido à falta de espaço, os japoneses se servem da técnica da paisagem artificial, que dá uma sensação de liberdade e de espaço. Outra característica do estilo tradicional é o fato dos japoneses se sentarem no chão, em tatames. Umas almofadas sobre os tatames proporcionam comodidade extra. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 29 Os elementos orientais estão presentes nos ambientes em cerâmicas, mobiliário, luminárias, biombos e ofurôs. Já os tatames, revestimentos de palha de arroz e junco, são encontrados nos ambientes mais típicos. Os móveis baixos, onde quase tudo é feito próximo ao chão, as cores fortes como o vermelho e o preto, o bambu, os futons e os papéis utilizados na produção de divisórias e luminárias caracterizam esse estilo. E é claro a madeira, o ponto alto da arquitetura japonesa. Entre os atributos da decoração japonesa, a assimetria tem um papel importantíssimo. A simetria representa para eles o estancamento, contrariamente à assimetria, que é criativa. Nenhum interior japonês poderá considerar-se como tal sem um Ikebana, um arranjo floral tradicional do Japão. Esse pequeno arranjo dá uma sensação de equilíbrio ambiental. O número de flores ou de ramos utilizados é sempre impar. A cultura oriental teve um boom na virada do século com a valorização do estilo zen, à busca da qualidade de vida. Atualmente as pessoas estão usando o toque oriental em ambientes de meditação e áreas externas. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 30 4.2. DECORAÇÃO ÁRABE Os tapetes e tecidos desempenharam um papel essencial na cultura islâmica. Na época em que prevaleceu o nomadismo, as tendas eram decoradas com estas peças. À medida que os muçulmanos se tornaram sedentários, sedas, brocados e tapetes ganharam status de decoração em palácios e castelos, bem como nas mesquitas, nas quais os crentes ajoelham-se sobre tapetes, pois não devem ficar em contato com a terra. Uma rica diversidade de estilos e o uso de técnicas eficazes marcaram as artes visuais islâmicas, essencialmente decorativas e coloridas. Os arabescos eram utilizados tanto na arquitetura quanto na decoração de objetos. A produção de cerâmicas, vidros, a ilustração de manuscritos e o artesanato de madeira ou metal também foram muito importantes na cultura islâmica. A cerâmica é uma das primeiras artes decorativas muçulmanas, principalmente a decoração da louça de barro em esmalte, uma das mais admiráveis contribuições do Islã para esta arte. A ilustração de manuscritos é igualmente muito reverenciada nos países árabes, especialmente a pintura em miniatura, no período posterior às invasões dos mongóis (1220-1260). Da mesma forma a caligrafia teve seu papel de destaque como motivo decorativo, uma vez que a palavra escrita é considerada pelos muçulmanos como uma revelação divina. A pintura islâmica é expressa por meio de afrescos e miniaturas. Infelizmente, poucas pinturas sobreviveram ao tempo em bom estado. Elas eram em geral empregadas na decoração das paredes dos palácios ou de edifícios públicos. Seus temas abrangiam episódios de caça e do cotidiano da corte. Almofadas cômodas e confortáveis, mesas baixas e bandejas de cobre são alguns elementos que compõem este tipo decoração. Sentados no chão, os árabes sentem uma comodidade igual como sentir no sofá. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 31 Sejam do tipo que sejam, os tapetes são elementos indispensáveis para criar um ambiente caloroso e confortável. Poder-se sentar para tomar um chá ou para comer… poder falar com os hóspedes relaxadamente… podem contrariar o frio do chão… Os tapetes são muito funcionais. E mais, muito decorativos! Mas muito mais que um elemento de decoração, os tapetes podem ser também elementos significativos, pelas suas cores e confecção. Na decoração árabe, as cores são as seguintes: rosa caramelo, verde anis, vermelho profundo, laranja vitaminado, azul turquesa. As cores mais vivas do arco-íris são necessárias para este estilo de decoração. Esta paleta explosiva de cores enriquece todo o tipo de lantejoulas e bordados dourados ou prateados. Agora vamos passar para outro tópico importante: os materiais. Móveis em cores vivas, cadeiras de Marajá ou espelhos de ferro forjado também serão ideais para este tipo de decoração. Inseridos nesse contexto encontramos todo o tipo de elementos prateados ou dourados: cadeiras, espelhos, mesas rasas, etc. 4.3. DECORAÇÃO INDIANA Do país das divindades, dos tecidos coloridos, dos temperos picantes e da delicadeza no olhar chegam objetos carregados de simbologia e de boas vibrações. A casa agradece sempre que passa a abrigar uma peça cujo significado é importante para o morador, como uma cabeça de Buda, uma estátua de Shiva ou até mesmo um pórtico entalhado. O resultado é um ambiente que emana serenidade e criatividade. Turquesa e vinho, entre outras cores intensas, também remetem à atmosfera Indiana e podem ser traços mais suaves da presença dessa influência étnicana decoração. Vasos, copos, tecidos, incenses, móveis e objetos de evocação hindu também trazem ares da índia sem transformar a casa num cenário excessivamente típico. Peças pequenas usadas de forma pontual facilitam inclusive a mudança de estilo. ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 32 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 33 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 34 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 35 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 36 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 37 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 38 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 39 4.2. DECORAÇÃO FRANCESA ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 40 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 41 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 42 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 43 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 44 ISECENSA - Curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo ARQUITETURA DE INTERIORES I 45
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