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Direito_no_antigo_Egito_e_na_antiga__Índia_com_TED_2013


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5. O DIREITO NO ANTIGO EGITO E NA ANTIGA ÍNDIA.
Nestes povos, que também viviam no Oriente Próximo como os moradores da Mesopotâmia e os hebreus, vamos perceber que na formação de seu direito haverá uma forte influência da religião. As normas de direito tinham sua justificação no princípio da revelação divina. O direito se origina num plano superior. Não haverá a noção de responsabilidade política pela decisão legislativa. 
5.1.Egito
5.1.1 Introdução: Localização – Organização Política, religiosa e Social
Situado numa região deserta do norte africano, onde raramente chovia o Egito jamais teria existido se não fosse o Rio Nilo. Esse rio, providencialmente alaga periodicamente as suas margens, e, ao voltar para o seu leito normal, deixa uma camada de húmus fertilizante que torna as terras muito apropriadas para o cultivo. Isto muito contribuiu para o surgimento de uma das mais prósperas civilizações da antiquidade.
A regularidade deste ciclo, por ser previsível e estável, irá ter repercussão na crença e mentalidade deste povo, uma vez que se trata de um povo de credo politeísta, sendo comum a associação entre divindades e fenômenos da natureza. Por isso os habitantes do Egito antigo associavam estes acontecimentos à passagem do tempo, acabando por associá-lo ao rito da imortalidade através do culto ao deus Osíris. 
Além disto, o povo egípcio consideravam alguns animais como seres sagrados, inclusive, prestavam culto a estes animais; dentre eles temos as víboras, crocodilos, vacas, gatos, etc. Este culto era porque, o instinto animal, a regularidade cíclica das funções da vida animal apresentavam ao povo como misteriosa manifestação e símbolos de seres superiores. O mais célebre foi o boi Ápis, que era adorado no templo de Serápium como encarnação do deus Osíris. Temos ainda o falcão Hórus e o cão Anúbis.
A organização política egípcia era baseada em um sistema teocrático (forma de governo em que a autoridade é emanada dos deuses ou de Deus). O faraó era apresentado pelos sacerdotes como uma divindade encarnada, era a um só tempo: governante, sacerdote, juiz e guerreiro. Ele detinha todos os poderes do Estado, envolvendo, a administração, religião, justiça e guerra. Considerado um semideus, o faraó era o senhor absoluto. Inclusive acreditavam ser ele imortal. 
A classe dos sacerdotes foi paulatinamente estabelecendo um regime de Estado teocrático, em que detinha uma grande parcela de poder nas mãos, gozava de privilégios e isenções tributárias, possuindo um terço do solo egípcio.
Destarte, na verdade o faraó apesar de ser senhor absoluto, interpretava o querer da casta sacerdotal, a qual de fato detinha os poderes sem limites. O regime egípcio era uma monarquia com aristocracia, ou seja, o poder real limitado pelo colégio sacerdotal.
O avanço intelectual e organizacional do reino era demonstrado através do fato do rei governar com os seus funcionários. Os chefes de departamentos de administração formavam um verdadeiro “Conselho de Ministros”, presidido pelo vizir, uma espécie de chanceler. Os funcionários eram agrupados em departamentos específicos, como finanças, registros, domínios, obras públicas, irrigação, culto, intendência militar etc. Como hoje, os funcionários eram remunerados e podiam ascender todos eles às mais altas funções, seguindo uma rigorosa carreira administrativa.
A sociedade egípcia era estratificada rigidamente em quatro classes: 1. Classe sacerdotal; 2. os guerreiros; 3. os escribas, 4. os artífices e camponeses.
As terras do Egito, um terço era do faraó, outro terço da classe sacerdotal e o restante pertencia aos guerreiros. Estes constituíam a nobreza reinante.
Direito Egípcio
Existe uma carência de fontes do Direito Egípcio antigo, diferentemente do que ocorre com o direito das cidades da Mesopotâmia. Nenhum texto legal deste período chegou ao conhecimento do homem moderno. 
5.1.2.1 Leis
Os egípcios acreditavam numa lei reguladora e organizadora dos sistemas das coisas, numa noção de eterna ordem das coisas e do Universo. 
A aplicação do direito deveria estar estribado no princípio da justiça que é simbolizada pela figura de uma deusa, de nome maat. Acreditava-se que as leis egípcias tinham sido criadas pelo deus Thot, sendo promulgadas pelo Faraó, o que contribuiu para que os costumes fossem substituídos pelo direito escrito, tornando este a principal fonte do direito egípcio.
5.1.2.2. Organização Judiciária 
Os tribunais eram organizados pelo Faraó. O processo era, em partes, escrito. Prova disso, é que junto a cada tribunal encontrava-se uma chancelaria, encarregada da conservação dos atos judiciários e dos registros do estado civil. 
No Egito havia um tribunal supremo formado por trinta juízes, dez de cada uma das cidades mais importantes, ou seja, de Heliópolis, Tebas e Mênfis, e todos sacerdotes.
5.1.2.3. Direito civil e penal
Infelizmente poucas leis nos chegaram do Egito Antigo. No entanto, são inúmeros os fragmentos de contratos, testamentos, decisões judiciais e atos administrativos encontrados até o momento. Temos ainda uma grande quantidade de referências indiretas às normas jurídicas em textos sagrados e em textos literários.
O direito dos contratos era bastante desenvolvido, sendo conservados documentos que atestam a existência de atos de venda, de arrendamento, de doação, de fundação, etc. Os contratos eram celebrados livremente entre os cidadãos, e obrigatoriamente deveriam ser escritos.
Alguns crimes eram punidos com a morte: o parricídio, o perjúrio, o homicídio; o falso testemunho era punido como a mesma pena do crime de que falsamente se acusava; o aborto e o infanticídio eram punidos com vexações públicas; o furto era punido com maior benevolência.
5.1.3. Conclusão
O antigo Egito teve, certamente, além dos costumes locais, eventuais coleções de leis ou de procedimentos emanadas da autoridade central. Mas nenhum documento que se compare aos “códigos” descobertos na Mesopotâmia foi até o presente momento foi encontrado.
Todavia, não se pode negar que tiveram um direito extremamente evoluído, sendo em vários pontos comparado ao direito romano, que ira surgir muito tempo depois.
5.2. Índia
5.2.1. Introdução: localização e povo
País localizado na Ásia Meridional possui uma geografia que no passado dificultou o contato com outros povos. Ao norte encontra-se a mais alta cadeia de montanhas do mundo, o Himalaia, e pelos outros pontos cardeais há os mares, o que propiciava o isolamento dos povos que lá habitavam.
Há mais de 2500 a.C. a região do vale do rio Indo já era habitada por povos com relativa cultura, como os dravidianos, que ocupavam o sul e já praticavam o cultivo do arroz.
Por volta de 1500 a. C., um povo de origem ariana cujo berço eram as estepes da Rússia, vindo por meio do Irã (terra dos arianos) na época chamada de Pérsia, chegou à Índia e encontrou vários povos, em diferentes níveis de evolução. Passou então a dominá-los pelo direito e principalmente pela religião. 
5.2.2. Religião
Datam desta época 4 grandes livros, atestando os costumes e as crenças dos arianos. São os Vedas, que significa “a soma de todos os conhecimentos”, o saber. Esta religião sobrevive na Índia até os dias de hoje com as religiões importadas.
O Primeiro Veda tem um só parágrafo que institui as castas. Foi principalmente a necessidade de consolidar o poder que levou os arianos a instituir o regime de castas, o mais rígido da humanidade, que divide as pessoas em classes sociais específicas, não havendo de modo algum mobilidade social. Quem nasce em determinada casta nela morrerá, tendo de exercer as funções que estão a ela predeterminadas.
Segundo o vedismo, a reencarnação determina toda a vida da pessoa na terra, por isso nesta premissa esta baseada toda a estrutura da vida social e a legislação deste povo. Para eles reencarnar em uma situação boa ou ruim na próxima vida dependia intimamente de ser bom ou não na vida presente. Se uma pessoa fosseboa durante sua vida, poderia vir em uma casta melhor na próxima encarnação; se fosse ruim viria em uma casta inferior.
Esta certeza dava à forma da sociedade um molde que não poderia ser facilmente rompido, visto que, se um indivíduo estava em situação precária por ser de uma casta inferior, isto se devia exclusivamente à responsabilidade dele próprio e de sua conduta na vida anterior;da mesma maneira não havia como se rebelar contra as pessoas das castas superiores, à medida que estas fizeram efetivamente por merecer em suas vidas passadas. 
5.2.3. Sociedade
A sociedade hindu é dividida em castas e, mesmo hoje – depois da influência de outros povos, outras religiões-nas regiões onde o hinduismo permanece a estrutura de castas persiste inalterada. O sistema de castas não admite mudanças (ao menos em vida); o nascimento determina a casta que o indivíduo pertencerá por toda a sua existência. 
Temos as seguintes castas: 
A dos brâmanes( casta superior, formada basicamente por líderes espirituais, médicos, administradores), a dos Ksatryas (guerreiros), os Varsyas(comerciantes) e a dos Sudras(casta inferior, formada de pastores, agricultores, pedreiros,empregados em geral). 
Além destas castas que constam na origem do sistema, a miscigenação formou incontáveis subclasses e castas. A derradeira delas era é a dos parias ou chandalas – resto - (sapateiros, os limpa-fossas, curtidores). Aqueles que exerciam funções que lidavam com restos humanos ou de animais. Eram os sem castas, considerados tão indignos que a simples sombra do seu corpo bastava para tornar impura a alma da pessoa por ele alcançada.
A mistura de castas é visto como algo hediondo, isto porque esta divisão foi feita na criação do mundo, quando dos membros superiores do deus Brahma saíram as castas superiores, e dos membros inferiores as castas inferiores. 
5.2.4. O Direito
O direito hindu é o direito da comunidade religiosa brâmane, também chamada hinduísta. O temor ariano de desaparecer fez com que tivessem aversão à mistura de raças. Caracteriza-se por um sentido impositivo voltado para as castas inferiores, pairando sobre elas esta terrível sentença: o respeito às leis é garantia da não transformação do homem, após a morte, em animal abjeto ou planta daninha. Assim, segundo a concepção hindu, o transgressor da lei será duplamente punido: pela justiça terrena e pela justiça divina.
Segundo Jonh Gilissen afirma que não encontramos a palavra “direito” em sânscrito, conforme o sentido dado pelos Ocidentais, o que melhor corresponde à nossa noção de direito é o dharma. O dharma é um conjunto de regras de conduta que o homem deve seguir em razão de sua condição na sociedade, isto é, o conjunto de obrigações impostas ao homem, por derivar da ordem natural das coisas. 
5.2.4.1.O Código de Manu
Cerca de mil anos após os Vedas, varias regras jurídicas vigentes na Índia antiga foram compiladas e publicadas sob a denominação de Código de Manu. Foi atribuído a Manú, personagem mítico, considerado "Filho de Brama e Pai dos Homens".
Escrito em sânscrito e elaborado entre o século II a.C. e o século II d.C., o Código de Manu é a legislação mais antiga da Índia.
Este Código aborda toda espécie de assunto desde os puramente legais até os religiosos, receitas de cozinha e regras sobre como se vestir. Cada casta deveria usar determinada cor de roupa. Ele exemplifica a situação do direito nos povos que não chegaram a distinguir a ordem jurídica dos demais planos da vida social.
Da premissa de que a humanidade passa por quatro grandes fases, que marcam uma progressiva decadência moral dos homens, os idealizadores do código julgavam a coação e o castigo essenciais para se evitar o caos na sociedade.
A aplicação do direito, dependia da condição da casta.
Esse código objetivou favorecer a casta brâmane, que era formada pelos sacerdotes, assegurando-lhes o comando social. Um exemplo que revela a superioridade dessa casta:" Se um homem achasse um tesouro deveria ter dele apenas 10% ou 6%, conforme a casta a que pertencesse. Se fosse um brâmane, teria todo o tesouro, e se fosse o rei, apenas 50%."
5.2.4.Conteúdo do Código de Manu
Segundo o código os sacerdotes ocupavam uma casta superior na hierarquia social.
Neste código há uma série de ideias sobre valores, tais como: Verdade, Justiça e Respeito. 
1. Testemunhas:
Os dados processuais que versam sobre a credibilidade dos testemunhos atribuem validade diferente à palavra dos homens, conforme às castas que pertencem.
Uma testemunha não pode, de maneira alguma ficar calada, pois isto é considerado equivalente a um falso testemunho.
Como no exemplo: 
Art.13. É preciso ou não vir ao Tribunal ou falar segundo a verdade: o homem que nada diz ou profere mentira, é igualmente culpado”.
Dos meios de prova – capítulo 2: “somente homens dignos de confiança, isentos de cobiça podem ser escolhidos para testemunhas de fatos levados a juízo, sendo tal missão vedada para as castas inferiores”. 
O artigo 49 estabelece, coerentemente, quais os indivíduos que são impedidos de testemunhar:
“nenhum infeliz acabrunhado pelo pesar, nem ébrio, nenhum louco, nenhum sofrendo de fome ou sede, nenhum fatigado em excesso, nenhum que está apaixonado de amor, ou em cólera, ou um ladrão”. 
Assim, por exemplo, o hindu que estiver tomado por amor a uma mulher não merecia credibilidade em seu depoimento. Isso também se justifica pelo fato de que, segundo o Código, o testemunho de enamorados ou tomados pelo ódio não seriam imparciais em seus julgamentos.
Especificamente às mulheres, o artigo 50 da lei brâmica, quanto à testemunha feminina, estabelecia: “mulheres devem prestar testemunho para as mulheres”:
Mais:
Dos deveres da mulher e do marido – artigo 45: “uma mulher está sob a guarda de seu pai durante a infância, sob a guarda do deu marido durante a juventude, sob a guarda de seus filhos em sua velhice; ela não deve jamais conduzir-se à sua vontade”. 
É interessante completar que apesar do rigor moral, convencionalizado por ser oriundo do espírito dogmático da cultura sacerdotal, há inserção no código de disposições 'inusitadas' para os padrões ocidentais, que versam sobre a falta de descendentes. Os artigos 471 e 472, autorizavam o conúbio (ligação) da esposa com um cunhado ou com um outro parente, desde que o reprodutor a procurasse, discretamente, à noite.
2. Casamento
Nesta sociedade muitas crianças já nasciam “prometidas em casamento” e, especificamente no caso da mulher, esta não era uma escolha pessoal, até mesmo porque, na maior parte das vezes, elas casavam-se ainda muito criança segundo indica o Código de Manu:
“Art.505. É a um mancebo distinto, de exterior agradável e da mesma classe, que um pai deve dar sua filha a casamento, segundo a lei. Embora ela não tenha chegado ainda à idade de oito anos em que a devam casar”. 
Art.511. Um homem de trinta anos deve desposar uma rapariga de doze que lhe agrade; um de vinte e quatro, uma de oito; se ele acabou antes seu noivado, para que o cumprimento de seus deveres de dono da casa não seja retardado, que ele se case logo”.
3. Adultério e tentativa de adultério
Amplamente tratado no Código de Manu, a sua punição visava justamente uma das grandes finalidades do hinduísmo - evitar a mistura das classes sociais. O estupro era colocado entre os artigos que tratavam do adultério. 
Art.518. Que uma fidelidade mútua se mantenha até a morte, tal é em suma, o principal dever da mulher e do marido”.
Em vista disto o código discorre detalhes sobre o que seria ou poderia ser considerado adultério:
Art.354. Ter pequenos cuidados com uma mulher, mandar-lhe flores e perfumes, gracejar com ela, tocar em seus enfeites ou nas suas vestes, sentar-se com ela no mesmo leito, são considerados pelos sábios como as provas de um adultério”.
A pena de morte era a pena aplicada neste tipo de crime, atirando as pessoas aos cães ou queimando-as em cima de uma cama.
5.2.4.4.OfensasFísicas
Estas seguem o princípio da pena do talião, principalmente se o agressor for de casta inferior.
“Art.276. De qualquer membro que se sirva um homem de baixo nascimento para ferir um superior, esse membro deve ser mutilado
5.2.4.3.Furto e roubo
O código explicita a diferença entre os dois delitos:
“Art.329. A ação de tirar uma coisa com violência, à vista do proprietário, é um roubo; em sua ausência é furto, do mesmo modo que o que nega ter recebido”.
5.2.4.5. Homicídio e Autodefesa
No código de Manu há a possibilidade de não haver pena, nem culpa, no caso de homicídio em legítima defesa. Mesmo que a vítima seja um Brâmane.
“Art.347. Um homem deve matar, sem hesitação, a quem se atire sobre ele para assassiná-lo, se não tem nenhum meio de escapar, quando, mesmo fosse seu direito, ou uma criança ou um ancião; ou ainda um Brâmane muito versado na Escritura Santa”.
Art.348. Matar um homem que faz uma tentativa de assassinato em público ou em particular não faz ninguém culpado de assassinato: é o furor nas presas do furor”.
Conclusão
O direito hindu reflete o vínculo de uma comunidade a determinada religião. Com a ampliação do princípio de territorialidade do direito, busca-se cada vez mais a instituição de um direito nacional, cuja aplicação esteja desvinculada de uma ligação religiosa. Este direito passa a ser chamado de direito indiano em oposição ao direito hindu, tornando-se mais autônomo em relação à religião. 
5.2.3. LIVROS DO CÓDIGO DE MANU
Livro Primeiro - Descreve a apresentação e o pedido das leis compiladas pelos Maharqui (os dez santos eminentes) dirigido a Manu; a criação do mundo; a hierarquia celeste e humana; a divisão do tempo; o alternar-se da vida e da morte, em cada ser criado; e, a explicação das regras para que possam ser difundidas. 
Livro Segundo - Institui quais sejam os deveres que devem cumprir os homens virtuosos, os quais são inatacáveis tanto pelo ódio quanto pelo amor, e as obrigações e a vida prescrita para o noviciado e a assunção dos sacramentos para os Brâmanes, sacerdotes, membros da mais alta casta hindu. 
Livro Terceiro - Estipula normas sobre o matrimônio e os deveres do chefe da família; trazendo descrições minuciosas sobre os inúmeros costumes nupciais; o comportamento do bom pai frente à mulher e aos filhos; a obrigação de uma vida virtuosa; a necessidade de excluir pessoas indesejáveis, como, por exemplo, os portadores de doenças infecciosas, os ateus, os que blasfemam, os vagabundos, os parasitas, os dançarinos de profissão, etc. do meio familiar; as oblações que devem ser feitas aos deuses, etc. 
Livro quarto - Ratifica, como de fundamental importância, o princípio de que qualquer meio de subsistência é bom se não prejudica, ou prejudica o menos possível, os outros seres humanos, e ensina de que maneira, honesta e honrosa, se pode procurar como e do que viver. 
Livro Quinto - Indica quais os alimentos que devem ser preferencialmente consumidos para ter uma vida longa e quais normas de existência devem ser seguidas para a purificação do corpo e do espírito; eleva simbolicamente a função do trabalho e determina normas de conduta para as mulheres, que devem estar sempre submetidas ao homem (pai, marido, filho ou parente e, na falta, ao soberano). 
Livro Sexto - Regula a vida dos anacoretas (religioso contemplativo) e dos ascetas (praticantes); de como tornarem-se, conhecendo as escrituras, cumprindo sacrifícios e abandonando as paixões humanas. 
Livro Sétimo - Determina os deveres dos reis e confirma as normas de sua conduta, que deve ter como objetivo proteger com justiça todos aqueles que estão submetidos ao seu poder. O Código se ocupa não só das relações internas, como também das externas, e dita regras de diplomacia para os embaixadores do rei e da arte da guerra quando for preciso recorrer às armas. O princípio romano “se queres a paz prepara-te para a guerra” (si vis pacem para bellum), já é aplicado aqui, quando diz que o rei, cuja armada mantém-se eficiente e constantemente em exercício, é temido e respeitado pelo mundo inteiro. 
Livro Oitavo e Nono - contêm normas de direito substancial e processual, como também as normas de organização judiciária. A justiça vem do rei, que deve decidir pessoalmente as controvérsias que podem ser resumidas nos dezoito títulos do Livro Oitavo e nos três do Livro Nono. 
Livro Oitavo: Parte Geral: I – Da Administração da Justiça – Dos Ofícios dos Juízes; II – Dos Meios de Provas; III – Das Moedas; Parte Especial: IV – Das Dívidas; V – Dos Depósitos; VI – Da Venda de Coisa Alheia; VII – Das Empresas Comerciais; VIII – Da Reivindicação da Coisa Doada; IX – Do não Pagamento por Parte do Fiador; X – Do Inadimplemento em Geral das Obrigações; XI – Da Anulação de uma Compra e Venda; XII – Questões entre Patrão e Servo; XIII – Regulamento dos Confins; XIV – Das Injúrias; XV – Das Ofensas Físicas; XVI – Dos Furtos; XVII – Do Roubo; XVIII – Do Adultério. 
Livro Nono: XIX – Dos Deveres do Marido e da Mulher; XX – Da Sucessão Hereditária; XXI – Dos Jogos e dos Combates de Animais; Disposições Finais. 
Livro Décimo - Regula a hierarquia das classes sociais, a possibilidade do matrimônio e os direitos que têm os filhos nascidos durante sua vigência e estabelece normas de conduta para aqueles que não conseguem, por contingências adversas, viver segundo as prescrições e as exigências de sua própria casta. 
Livro Décimo Primeiro – Enumera uma longa série de pecados e faltas e estabelece as penitências e os meios para se redimir. 
Livro Décimo Segundo - Enfoca a recompensa suprema das ações humanas. Aquele que faz o bem terá o bem eterno nas várias transmigrações de sua alma; o que faz o mal receberá a devida punição nas futuras encarnações. As transmigrações da alma são detalhadamente previstas e descritas. Tanto em bem quanto em mal, até que a alma chegue à perfeita purificação e, em consequência, possa ser reabsorvida por Brahma. 
Em síntese, podemos dizer sem medo de errar, além de injusto o Código de Manu era obscuro e impregnado de artificialismo.
QUESTIONÁRIO 
DIREITO EGÍPCIO E INDIANO ANTIGO
1. Como estes povos elaboraram o seu direito.
2. Qual a contribuição do Rio Nilo para aparecimento da civilização egípcia?
3. Como era a organização política e administrativa no Egito antigo?
4. Quais as classes que compunham a sociedade egípcia?
5. Quais são as fontes do Direito Egípcio?
6. Que tipo de lei os egípcios acreditavam que existia na natureza?
7. Com os egípcios entendiam a justiça?
8. Qual era a organização judiciária existente nesta época no Egito?
9. Fale um pouco do Direito penal e civil do Antigo Egito 
10. Os egípcios elaboraram algum código como os povos da Mesopotâmia? Onde encontramos suas leis?
11. Onde está localizada a Índia e como é sua geografia?
12. Quais os povos que irão habitar esta região? E como lá neste período se deu o domínio de um sobre o outro?
13. Qual a religião que irá predominar na Índia neste período? 
14. Em qual premissa está baseada a estrutura da vida social dos indianos? E qual a explicação dada para ela?
15. Na Índia foi implantado o sistema de castas. Por quê? Quais eram as castas e quem as compunha? 
16. Que tipo de Direito irá predominar na Índia neste período e qual era o seu papel?
17. Quem é o autor do Código produzido na Índia e qual é o seu conteúdo?
18. Como era valorada a prova testemunhal no Código de Manu?
19. Como se dava o casamento entre os indianos?
20. Como os indianos tratavam o crime de adultério e sua tentativa?
21. Nos crimes de ofensas físicas eram a aplicadas penas baseadas em que princípio e de acordo com o quê?
22. Havia diferença no Código de Manu entre furto e roubo? Qual?
 
23. O homicídio e a auto-defesa tinha o mesmo tratamento no Código de Manu?
Questões Fechadas
24. Em qual dos povos da antiguidade oriental se diz que a lei atende mais aos interessesde uma casta – a sacerdotal- do que aos princípios de uma legislação proclamada pelo poder público?
	a) babilônicos
	b) hebreus;
	c) gregos;
	d) egípcios;
25. O direito caracteriza-se por um sentido impositivo voltado para as castas inferiores, pairando sobre elas esta terrível sentença: o respeito às leis é garantia da não transformação do homem, após a morte, em animal abjeto ou planta daninha. Assim, segundo a concepção deste direito, o transgressor da lei será duplamente punido: pela justiça terrena e pela justiça divina.
a) O direito hinduísta;
b) O direito egípcio;
c) O direito babilônico;
d) O direito mulçumano.
26. Estas leis representam historicamente uma primeira organização geral da sociedade sob forte motivação religiosa e política. Elas exemplificam a situação do direito nos povos que não chegaram a distinguir a ordem jurídica dos demais planos da vida social. Este Código é o:
a) Código de Hammurabi;
b) Código de Ur-Nammu;
c) Código de Manú
d) Código de Eshunna.
27. O direito era aplicado de acordo com a honra das pessoas e dependia da condição da casta? O código objetivou favorecer uma casta. Qual era?
a) sudras;
b) varsyas;
c) ksatryas;
d) brâmane.
28. No Direito Egípcio em razão da existência de inúmeros atos de venda, de arrendamento, de doação, de fundação era bastante desenvolvido, o direito:
a) criminal;
b) social;
c) processual
d) contratual.